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Aromatizantes - Engarrafador Moderno

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Ingredientes<br />

28<br />

<strong>Aromatizantes</strong>: sensações<br />

que conquistam clientes<br />

É fundamental<br />

que as bebidas e os<br />

alimentos tenham<br />

um sabor agradável<br />

para que possam<br />

ser consumidas.<br />

Mas engana-se<br />

quem pensa que<br />

o sabor é o único<br />

artifício de conquista.<br />

Os aromas<br />

também atuam como<br />

protagonistas neste jogo<br />

de atrair e aguçar<br />

as sensações.<br />

Responsáveis<br />

por cerca de 90%<br />

do que sentimos<br />

de cheiro e gosto<br />

nos alimentos<br />

a presença deste<br />

ingrediente também é<br />

fundamental para o<br />

segmento de bebidas<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


Eles já estão presentes na<br />

indústria de bebidas, laticínios,<br />

confeitarias, culinária,<br />

carnes, tabaco, farmacêutica,<br />

higiene bucal, cosmética entre outras,<br />

sempre despertando uma sensação<br />

olfativa agradável capaz de<br />

conquistar os sentidos.<br />

Mas não pense que aromatizante<br />

é assunto contemporâneo. Os aromas<br />

sempre estiveram ligados a<br />

nossa história, porém suas aplicações<br />

foram mudando ao longo dos<br />

tempos. Nos primórdios da civilização<br />

eles eram utilizados como ferramenta<br />

de avaliação, ou seja, o<br />

aroma tinha como função indicar se<br />

um alimento estava estragado ou<br />

não, distinguir plantas e ervas noci-<br />

Fevereiro/09<br />

Larissa Florencio<br />

Fotos: divulgação<br />

vas das comestíveis, além de outras<br />

funções ligadas à sobrevivência.<br />

Quase todas as civilizações antigas<br />

relatam a presença de substâncias<br />

aromatizantes como óleos,<br />

essências e perfumes em cultos, rituais<br />

religiosos e até na cosmética.<br />

Também no início do século passado<br />

este ingrediente ganhou bastante<br />

destaque atuando na perfumaria e<br />

agregando luxo e sensualidade às<br />

fragrâncias.<br />

Com o passar do tempo e com<br />

a evolução tecnológica, principalmente<br />

no setor de bebidas e alimentos,<br />

os aromatizantes ganharam<br />

uma nova função: potencializar a<br />

qualidade sensorial destes produtos.<br />

Atualmente, os condimentos aro-<br />

matizantes exercem a mesma importância<br />

que os macronutrientes<br />

(proteínas, gorduras e carboidratos),<br />

e micronutrientes (vitaminas e minerais),<br />

sendo considerados como<br />

componentes essenciais para a alimentação<br />

humana.<br />

A utilização de aromas difere-se<br />

dos demais aditivos, uma vez que os<br />

aromatizantes precisam ser percebidos<br />

pelos consumidores, pois são<br />

responsáveis pela caracterização<br />

do produto a ser ingerido. Sua utilização<br />

está diretamente ligada ao<br />

prazer de beber e comer, satisfazendo<br />

diferentes gostos, entre eles<br />

os paladares mais requintados ou<br />

até contribuindo para mascarar sabores<br />

indesejáveis.<br />

29


Ingredientes<br />

30<br />

Laboratório de bebidas da Duas Rodas Industrial<br />

Como grande parte do sabor de<br />

um alimento é diretamente influenciado<br />

pelo seu aroma, atualmente em<br />

meio a um mercado tão competitivo<br />

e com grande diversidade de opções<br />

a indústria precisa estar bem preparada,<br />

pois são os diferenciais que<br />

vão garantir o sucesso e aceitação de<br />

um produto por parte do consumidor.<br />

Entendendo as<br />

características<br />

Os aromatizantes estão inseridos<br />

na categoria de aditivos alimentares.<br />

Segundo a Agência Nacional<br />

da Vigilância Sanitária (Anvisa), um<br />

aditivo alimentar é qualquer ingrediente<br />

adicionado intencionalmente<br />

aos alimentos, sem propósito de nutrir,<br />

com o objetivo de modificar as<br />

características físicas, químicas, biológicas<br />

ou sensoriais, durante a fabricação,<br />

processamento, preparação,<br />

tratamento, embalagem, acondicionamento,<br />

armazenagem, transporte<br />

ou manipulação.<br />

No Brasil, a utilização de aditivos<br />

alimentares é regulamentada<br />

pela Anvisa e toda a aprovação do<br />

uso destes aditivos é baseada em<br />

normas internacionais.<br />

Segundo definição da agência os<br />

aromas ou aromatizantes são substâncias<br />

capazes de conferir ou intensificar<br />

o sabor dos alimentos.<br />

Hoje em dia o que há de mais atual<br />

nesse assunto consta na Resolução<br />

RDC nº 2 de 15 de janeiro de 2007,<br />

que aprova o Regulamento Técnico<br />

sobre aditivos aromatizantes e classifica<br />

os aromas em duas categorias:<br />

os naturais e os sintéticos.<br />

De acordo com a resolução "os<br />

aromas naturais são os obtidos exclusivamente<br />

por métodos físicos,<br />

microbiológicos ou enzimáticos, a<br />

partir de matérias-primas aromatizantes<br />

naturais", já os sintéticos são<br />

"compostos quimicamente definidos,<br />

obtidos por processos químicos",<br />

compreendendo os aromatizantes<br />

idênticos aos naturais e os artificiais.<br />

A resolução define ainda os aromas<br />

idênticos aos naturais como substâncias<br />

quimicamente obtidas por síntese<br />

e isoladas por processos químicos<br />

a partir de matérias-primas de origem<br />

animal, vegetal ou microbiana que<br />

apresentam uma estrutura química<br />

idêntica às substâncias presentes nas<br />

referidas matérias-primas naturais<br />

(processadas ou não). E os artificiais<br />

como compostos químicos obtidos por<br />

síntese, que ainda não tenham sido<br />

identificados em produtos de origem<br />

animal, vegetal ou microbiana, utilizados<br />

em seu estado primário ou preparados<br />

para o consumo humano.<br />

Os compostos aromáticos correspondem<br />

a uma faixa ampla de substâncias<br />

presentes naturalmente nos<br />

alimentos e bebidas sintetizadas em<br />

laboratório. Segundo Edilene Adell,<br />

mestre em Engenharia de Alimentos<br />

e professora da Escola de Engenharia<br />

Mauá, as substâncias aromáticas<br />

que são voláteis e por conseqüência<br />

possuem baixo peso molecular, conferem<br />

aroma e contribuem sensivelmente<br />

para o sabor das bebidas e<br />

alimentos. "Quando adicionadas aos<br />

alimentos e bebidas, essas substâncias<br />

podem ser responsáveis pela<br />

criação de novos sabores, podem reforçar,<br />

substituir ou mascarar os aromas<br />

presentes nos produtos em<br />

questão", explica.<br />

“Quando adicionadas aos<br />

alimentos e bebidas, essas<br />

substâncias podem ser<br />

responsáveis pela criação<br />

de novos sabores, podem<br />

reforçar, substituir<br />

ou mascarar os aromas<br />

presentes nos produtos<br />

em questão, Edilene Adell,<br />

mestre em engenharia<br />

de alimentos<br />

”<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


Ingredientes<br />

“Os aromas são enviados<br />

prontos para serem acrescentados<br />

na formulação de nossos clientes”,<br />

Joseane Satler Leoni, gerente de<br />

marketing da Duas Rodas Industrial<br />

32<br />

Casas de aromas<br />

Na antiguidade eram os redutos<br />

ou as casas dos alquimistas que desenvolviam<br />

os aromas. Hoje em dia,<br />

o termo 'casa de aroma' é conhecido<br />

no mercado para designar as indústrias<br />

que fabricam fragrâncias.<br />

Marcado por alto desenvolvimento<br />

tecnológico, o setor de aromas<br />

apresenta um crescimento significativo<br />

tanto no Brasil quanto no<br />

mundo e mostra-se cada vez mais<br />

imprescindível na fabricação da<br />

maioria das bebidas e alimentos.<br />

O mercado demonstra estar<br />

aquecido para este segmento e segundo<br />

dados da Associação Brasileira<br />

da Indústria e Comércio de Ingredientes<br />

e Aditivos para Alimentos<br />

(Abiam), os aromatizantes são<br />

responsáveis por grande parte do<br />

faturamento do setor. "Estimamos<br />

que em 2008 nosso mercado situouse<br />

na ordem de 2 bilhões de reais,<br />

sendo os aromas responsáveis por<br />

cerca de 40% a 50% deste montan-<br />

te", resume Helvio Tadeu Collino,<br />

presidente da Abiam.<br />

Edilene Adell comenta que com<br />

a grande oferta de alimentos e bebidas,<br />

o aroma muitas vezes é a<br />

chave da diferenciação. "Ele precisa<br />

mexer com o emocional do<br />

consumidor. E esse é um grande foco<br />

das casas de aroma, entender<br />

como as moléculas aromáticas interferem<br />

na percepção das características<br />

sensoriais e emocionais<br />

dos indivíduos", diz.<br />

Mas, não é só por intermédio da<br />

indústria alimentícia que o segmento<br />

de aromas vem enriquecendo seu<br />

faturamento, geralmente uma empresa<br />

produtora de aromas também<br />

fornece para outras áreas, como:<br />

farmacêutica, higiene, cosmética,<br />

tabaco, entre outras, o que garante<br />

um amplo mercado de atuação.<br />

Por dentro da indústria<br />

Já diz a máxima popular que 'a<br />

primeira impressão é a que fica' e<br />

com os aromas não é diferente. Muitas<br />

vezes o sentido do olfato pode se<br />

antecipar ao da visão como agente<br />

detonador de apetite ou aguçador de<br />

sensações, portanto é fundamental<br />

que o aroma seja percebido de forma<br />

positiva pelo consumidor.<br />

Para atingir esse objetivo a indústria<br />

de aromas tem trabalhado<br />

incansavelmente na busca de satisfazer<br />

diversos gostos desenvolvendo<br />

novidades que caracterizam, melhoram,<br />

padronizam, reconstituem e<br />

mascaram aromas e sabores.<br />

O avanço da tecnologia tem permitido<br />

a obtenção de aromas cada<br />

vez melhores a custo menores. Atualmente,<br />

o que mais se busca são<br />

aromas que tenham uma duração<br />

maior no produto, e muitas vezes para<br />

que isso aconteça, a liberação do<br />

aroma precisa ocorrer aos poucos.<br />

De acordo com Edilene Adell,<br />

nesse caso, uma tecnologia que está<br />

sendo bastante desenvolvida no<br />

Brasil e no mundo são os aromas<br />

encapsulados. "Dependendo do tipo<br />

de produto também pode ser desejável<br />

uma 'explosão de sabor' e a<br />

tecnologia existente atualmente nos<br />

permite controlar bem esse processo",<br />

assegura.<br />

Há mais de 80 anos atuando no<br />

setor de ingredientes para alimentos,<br />

a Duas Rodas Industrial desenvolve<br />

aromas líquidos e em pó; naturais,<br />

idênticos aos naturais e artificiais;<br />

pastosos; lipossolúveis e hidrossolúveis;<br />

microencapsulados e de diluição<br />

instantânea.<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


Segundo Joseane Salter Leone,<br />

gerente de marketing da empresa, os<br />

tipos mais utitilizados pela indústria de<br />

bebidas são os aromas em pó, líquidos<br />

e hidrossolúveis. "Os aromas são<br />

enviados prontos para serem acres-<br />

“ Estimamos que<br />

em 2008 nosso mercado<br />

situou-se na ordem de<br />

2 bilhões de reais, sendo<br />

os aromas responsáveis<br />

por cerca de 40% a 50%<br />

deste montante,<br />

Helvio Tadeu Collino,<br />

presidente da Abiam<br />

Fevereiro/09<br />

”<br />

centados na formulação de nossos<br />

clientes. Além disso, esses produtos<br />

seguem a dosagem sugerida pela<br />

Duas Rodas, de acordo com o briefing<br />

do produto final no qual o cliente<br />

deseja utilizá-los", explica.<br />

Joseane enfatiza ainda que a empresa<br />

também atua em uma categoria<br />

que está em alta atualmente:<br />

os bioaromas, obtidos pela fermentação<br />

de fungos, bactérias e leveduras,<br />

que têm como diferencial a classificação<br />

como ingrediente natural.<br />

Para que os fabricantes de bebidas<br />

possam incrementar ainda<br />

mais as sensações de sabor, odor e<br />

coloração de seus produtos a Duas<br />

Rodas também oferece em seu<br />

portfólio: turvadores, desidratados<br />

de frutas e vegetais, extratos naturais,<br />

blends preparados, sucos concentrados<br />

e purês.<br />

Quando questionada a respeito<br />

de como são feitos os estudos das<br />

preferências dos brasileiros antes<br />

do lançamento de produtos, Joseane<br />

33


Ingredientes<br />

"Mantemos nosso foco nos aromas<br />

citrus, responsáveis por 60% dos<br />

sabores de bebidas, mas também<br />

desenvolvemos novos produtos",<br />

Alfredo Vitorino de Almeida, gerente<br />

da Business Unit Flavors and<br />

Emulsion da Döhler América Latina<br />

informa que a empresa utiliza ferramentas<br />

de pesquisas e também<br />

faz uma análise constante do portfólio<br />

dos clientes, estudando cada nicho<br />

de mercado e cada região, além<br />

de basear-se em produtos oferecidos<br />

pela mídia, porém sempre acompanhando<br />

as tendências mundiais do<br />

mercado de alimentos e bebidas.<br />

A centenária empresa Irmãos<br />

Fraccaroli & Cia que também atua<br />

no setor de ingredientes está presente<br />

no mercado desenvolvendo aromas<br />

naturais, feitos a partir do óleo essencial<br />

da fruta e idênticos ao natural,<br />

produzidos a partir de misturas de<br />

matérias-primas aromáticas, ésteres.<br />

Segundo Shyrlei Barbato, gerente<br />

de desenvolvimento da empresa,<br />

devido ao menor custo agregado e<br />

maior estabilidade nos processos industriais<br />

os aromas idênticos ao natural<br />

são os mais procurados pela<br />

indústria de bebidas.<br />

Quanto às tendências e lançamentos<br />

a empresa avisa que está<br />

investindo fortemente neste ramo.<br />

"Nossas novidades são águas aromatizadas<br />

e os preparados líquidos para<br />

34<br />

refrescos, que nós já estamos fornecendo<br />

em base completa para nossos<br />

clientes, com o aroma, suco natural<br />

da fruta, corante e acidulantes<br />

em um só produto", explica Shyrlei<br />

Barbato ao comentar que os produtos<br />

podem ser personalizados dependendo<br />

da preferência do cliente.<br />

Desde 1990 atuando com a proposta<br />

de se tornar uma empresa especializada<br />

em ingredientes para a<br />

indústria alimentícia, de bebidas, farmacêutica<br />

e petfood a Vogler Ingredients<br />

demonstra que está alinhada<br />

com as tendências de mercado. A<br />

empresa fornece aromas naturais,<br />

idênticos ao natural e artificiais em<br />

forma líquida, em pó e emulsões.<br />

De acordo com Maria José Leal,<br />

coordenadora técnica da Vogler, a<br />

empresa possui novidades em aromas<br />

e indica que lançamentos estão<br />

por vir. "Já temos coleção para<br />

atender as necessidades dos fabricantes<br />

de refresco em pó, refrigerantes,<br />

sucos, néctares, bebidas alcoólicas<br />

e ainda há expectativas de<br />

lançamentos", adianta Maria, ao<br />

complementar dizendo que a Vogler<br />

estuda as preferências por região do<br />

Brasil antes de lançar seus produtos.<br />

Por meio de pesquisas com clientes,<br />

realização de painéis de avaliação,<br />

pesquisas de mercado e troca de<br />

informações com a rede global, o<br />

grupo Döhler também avalia as preferências<br />

dos consumidores antes de<br />

lançar um produto no mercado.<br />

Focada no segmento de ingredientes,<br />

a Döhler possui um amplo<br />

portfólio de aromas, incluindo os naturais<br />

FTNF - from the name fruit<br />

e FTNJ - from the name juice, além<br />

dos naturais idênticos, fornecidos<br />

em forma líquida, em pó, emulsões,<br />

concentrados ou até diluídos, dependendo<br />

da aplicação, logística e<br />

necessidade de cada cliente.<br />

Segundo Alfredo Vitorino de Almeida,<br />

Gerente da Business Unit<br />

Flavours and Emulsions da Döhler<br />

América Latina, as tendências observadas<br />

pela empresa na indústria<br />

de bebidas são os aromas cítricos,<br />

que contém ingredientes derivados<br />

de frutas com essas características,<br />

como por exemplo a laranja, limão,<br />

tangerina, além do destaque para os<br />

aromas de cola e guaraná. "Mantemos<br />

nosso foco nos aromas citrus,<br />

responsáveis por 60% dos sabores<br />

de bebidas, mas também desenvolvemos<br />

novos produtos nos sabores<br />

laranja e cola, além dos mais recentes<br />

lançamentos: guaraná, frutas vermelhas<br />

e frutas tropicais. Para o segmento<br />

de bebidas e produtos lácteos<br />

atualmente trabalhamos com aromas<br />

tipo chocolate branco, preto, caramelo,<br />

baunilha e café", destaca Alfredo.<br />

Com relação a inovações, o gerente<br />

adianta que em breve a empresa trará<br />

novidades para o mercado.<br />

Tendências e inovações<br />

Uma outra tendência presente<br />

neste segmento é a busca por aromas<br />

sintéticos com características<br />

mais próximas dos naturais, conseguindo<br />

com isso reduzir o custo dos<br />

produtos, uma vez que os aromas<br />

naturais são bastante caros. Além<br />

disso, a busca por novos aromas,<br />

que remetam a diferentes sensações,<br />

tenham uma boa compatibilidade<br />

com os produtos independentemente<br />

de serem em pó ou líquidos,<br />

continua sendo um dos principais objetivos<br />

da indústria das sensações.<br />

Segundo Edilene Adell, os aromas<br />

para bebidas alcoólicas também estão<br />

em alta, especialmente, no Brasil devido<br />

à chegada da lei seca. "Algumas<br />

indústrias desenvolveram novas opções<br />

de bebidas com teor alcoólico<br />

reduzido reforçadas com aroma de alguma<br />

bebida alcoólica", conclui Edilene<br />

ao citar como exemplo os aromas<br />

de caipirinha e vodca.<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


Filtração<br />

20<br />

Ultrafiltração e modernos carvões ativados são os processos<br />

mais indicados para filtração de sucos, uma vez que e não interferem<br />

no sabor, aparência, e garantem mais estabilidade à bebida<br />

Na indústria de bebidas, cada<br />

produto novo tem suas<br />

características particulares<br />

e, conseqüentemente, necessita<br />

de processos de fabricação específicos.<br />

No caso dos sucos, a fruta<br />

escolhida, o tipo de moagem e as<br />

características desejadas para o<br />

produto final são fatores que influenciam<br />

diretamente no tipo de filtração<br />

necessário. Ultrafiltração e os<br />

modernos carvões ativados têm sido<br />

bastante utilizados neste segmento.<br />

"Atualmente, não existe uma<br />

tecnologia única e uniforme que<br />

possa ser usada em todas as apli-<br />

Diferentes processos<br />

características dos<br />

Danilo Gonçalves<br />

Fotos: divulgação<br />

cações, os equipamentos e processos<br />

são desenvolvidos praticamente<br />

personalizados", afirma Romero<br />

Martins, engenheiro químico e consultor<br />

da MC Sistemas de Filtração.<br />

O surgimento de novos produtos<br />

sempre impulsiona o desenvolvimento<br />

de tecnologias específicas ou<br />

a utilização de diferentes processos<br />

derivados de uma tecnologia já<br />

existente, que sirvam para essa nova<br />

aplicação.<br />

A filtração é o processo que confere<br />

qualidade - brilho - da bebida,<br />

além de ser capaz de remover partículas<br />

indesejáveis, resultantes dos<br />

processos de produção<br />

e transporte,<br />

e material microbiológico, eventualmente<br />

contido no suco.<br />

Normalmente, sucos de frutas<br />

com polpa fibrosa, por exemplo a<br />

framboesa, necessitam de processos<br />

de filtração mais simples se comparados<br />

a outros tipos. Atualmente,<br />

existe no mercado uma diversidade<br />

de sucos de laranja em caixinha que<br />

passam por processos mais simples<br />

de filtração (como a peneiração)<br />

também, uma vez que a característica<br />

destes produtos é ter gomos da<br />

fruta. "A aplicabilidade da filtração<br />

se dá conforme a característica do<br />

produto", explica Martins.<br />

"Para sucos, a filtração pode ter<br />

diferentes funções", afirma Luis<br />

Fernando Peffi Ferreira, professor<br />

do curso de Engenharia<br />

Química do Centro Universitário<br />

da FEI (Fundação Educacional<br />

Inaciana). "Estas funções vão<br />

desde a separação da matéria fibrosa<br />

em suspensão (com filtros de<br />

tela ou de linha, até filtros prensa)<br />

até a possibilidade da utilização de ultrafiltros<br />

para realizar a pasteurização<br />

a frio do suco, ou seja, sem causar<br />

alterações que ocorrem pelos<br />

processos tradicionais", completa.<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


garantem<br />

sucos<br />

Fevereiro/09<br />

Evolução conforme<br />

necessidade do mercado<br />

Ao falarmos de evolução dos processos de filtração,<br />

é nítido que os processos mais comuns já estão consolidados.<br />

Neste sentido, o desenvolvimento e evolução da<br />

filtração por meio de membranas de ultrafiltração é o que<br />

ganha cada vez mais espaço na indústria. A partir deste<br />

processo, entre outras vantagens, a indústria vem conseguindo<br />

otimizar a logística de transporte do produto. "A<br />

ultrafiltração é capaz de concentrar um suco e transformálo<br />

em um xarope, o que diminui o volume", comenta Romero<br />

Martins. "Assim, quando o suco chega a seu destino<br />

onde vai ser processado, acrescenta-se água", expõe.<br />

"A utilização de filtros tangenciais, que diminuem<br />

problemas de entupimento do meio filtrante, assim como<br />

tecnologias de microfiltração e ultrafiltração utilizando<br />

membranas são novos métodos observados na indústria",<br />

afirma o professor da FEI. "Há sempre o desenvolvimento<br />

de novos meios filtrantes com os filtros tipo<br />

bolsas e bags", completa.<br />

Ainda que em um ritmo lento, a crescente utilização<br />

dos processos de filtração para sucos, seja para clarificar,<br />

pasteurizar ou retirar material indesejado da bebida,<br />

é resultado do crescente apelo dos consumidores<br />

brasileiros por alimentos minimamente processados.<br />

O suco de laranja pasteurizado e refrigerado é um<br />

dos mais consumidos no Brasil. "Até por isso, o desenvolvimento<br />

de tecnologias nacionais não é grande porque<br />

ainda a maior parte é criada fora", afirma Roberta<br />

Guedes, gerente de vendas de carvão ativado da Norit<br />

do Brasil. "Ainda não temos um perfil de vendas em<br />

larga escala de sucos de outros sabores", complementa<br />

o consultor da MC Sistemas.<br />

Ainda assim, o processo de pasteurização do suco<br />

de laranja, mesmo sendo utilizado em altas temperaturas<br />

por curto período de tempo, altera ligeiramente as características<br />

organolépticas do suco, resultando em um<br />

produto com sabor diferente do suco fresco. Daí, a necessidade<br />

da utilização dos processos de separação por<br />

21


22<br />

membranas na produção deste tipo de bebida, especificamente<br />

na etapa de pasteurização, pois a ultrafiltração<br />

pode operar em baixas temperaturas.<br />

Entre as vantagens em utilizar a ultrafiltração como<br />

processo alternativo à pasteurização está a não alteração<br />

das características organolépticas do suco, que resultaria<br />

em um produto com sabor diferente ao do suco<br />

fresco, o que não acontece quando se trabalha com a<br />

ultrafiltração.<br />

Novos produtos, novos processos<br />

Apesar da lentidão e do aspecto cultural de consumo<br />

do brasileiro, o mix das linhas de suco tem aumentado<br />

gradativamente no Brasil. Sucos de cupuaçu, graviola,<br />

acerola, maçã e pêra já são vistos no mercado. Em vista<br />

disso, o processamento de sucos de fruta inclui vários<br />

passos, entre os quais a filtração é um deles.<br />

Os métodos convencionais de filtração são baseados<br />

em filtros de folha de pressão ou filtros de discos<br />

rotativos, quase sempre dependendo do uso de auxiliares<br />

de filtração.<br />

Nos dias de hoje, a ultrafiltração se transformou na<br />

tecnologia mais moderna nesta indústria. Suas principais<br />

vantagens são alta eficiência de clarificação/filtração,<br />

estabilidade microbiana e a não necessidade de uso de<br />

auxiliares de filtração. Atualmente, no mundo todo, mais<br />

de 50% das plantas de sucos de frutas usam ultrafiltração<br />

em seus processos.<br />

A Norit do Brasil disponibiliza várias tecnologias<br />

para o processo de filtração, entre elas o carvão ativado.<br />

Especialmente em sucos de maçã e de uva, o carvão<br />

ativado em pó é usado para remoção de cor, correção<br />

de sabor e odor e, em casos específicos, remoção<br />

de resíduos de pesticidas e toxinas de fungos. Geralmente,<br />

o carvão ativado é misturado ao xarope a ser tratado,<br />

deixado em contato por certo período de tempo (de<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


Filtração<br />

30 a 60 minutos) e depois filtrado.<br />

A ultrafiltração do xarope de suco<br />

contendo carvão ativado em pó<br />

é aplicada em um número crescente<br />

de casos. Como resultado, exigências<br />

específicas se aplicam à distribuição<br />

de tamanho das partículas do<br />

carvão ativado em pó. A Norit desenvolveu<br />

novos produtos para a<br />

aplicação: Norit CA UF e DX 4 PT.<br />

Esses graus apresentam alta eficiência<br />

de remoção e nenhum impacto negativo<br />

no tempo de vida das membranas<br />

ou no desempenho da filtração.<br />

24<br />

Processos especiais<br />

Na produção de sucos de maçã<br />

e pêra, é necessário retirar uma<br />

substância, que pode deixar a bebida<br />

com uma coloração escura indesejada.<br />

Para retirar a patulina das<br />

bebidas, foi desenvolvido um pro-<br />

cesso que combina carvão ativado<br />

com filtração por membrana. "Trata-se<br />

de um processo físico, em que<br />

incorpora-se o carvão no suco e<br />

“(..) a filtração pode ter<br />

diferentes funções que vão<br />

desde a separação da matéria<br />

fibrosa em suspensão (...)<br />

até a possibilidade da<br />

utilização de ultrafiltros<br />

para realizar a pasteurização<br />

a frio do suco (...)",<br />

Luis Fernando<br />

Peffi Ferreira, da FEI<br />

”<br />

quando o líquido é filtrado para<br />

retirada do carvão, este leva a<br />

patulina", explica Roberta Guedes,<br />

da Norit.<br />

A patulina é uma toxina produzida<br />

por fungos que podem se desenvolver<br />

nas frutas durante o armazenamento.<br />

Segundo Roberta,<br />

este problema ocorre em certas<br />

áreas geográficas, como por exemplo,<br />

África do Sul e América do Sul.<br />

"Por isso a tecnologia foi trazida para<br />

o Brasil", justifica a gerente.<br />

Obviamente, a prioridade chave<br />

dos processadores de sucos é focada<br />

em se evitar o desenvolvimento de<br />

fungos nas maçãs. Em cima disso, o<br />

carvão ativado em pó é usado para remover<br />

traços de patulina do xarope.<br />

Outra aplicação bastante interessante<br />

oferecida pela empresa é uma<br />

linha de carvões ativados especiais<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>


26<br />

visando a produção de menor porte.<br />

A tecnologia, batizada de Bentonorit,<br />

é formada por carvões que são<br />

produzidos com o formato de peletes<br />

cilíndricos de 3 mm, que podem<br />

ser dosados sem problemas de formação<br />

de pó. "No caso dos pequenos<br />

produtores, este tipo de aplicação<br />

auxilia inclusive na limpeza do<br />

local aonde será realizado o processo",<br />

detalha Roberta.<br />

Em contato com a maioria das<br />

soluções aquosas, em questão de<br />

segundos o pelete dispersa-se em<br />

pó. Dispensar o equipamento dosador<br />

de pó, tornando seu manuseio<br />

mais simples e limpo, é tida como<br />

a principal vantagem do produto.<br />

Apesar de não ser considerado<br />

um suco propriamente dito, a água<br />

de coco também exigiu da Engefiltro,<br />

representante da multinacional<br />

americana Pall, um processo especializado<br />

para um de seus clientes.<br />

Isso porque a extração da bebida<br />

era feita no Nordeste e transportada<br />

em grandes quantidades para São<br />

Paulo, o que aumentava muito a<br />

carga microbiana. "Apenas a pasteurização<br />

não eliminava o material<br />

indesejado", explica Alexandra Ca-<br />

margo, gerente de vendas da área<br />

de bebidas da empresa no Brasil.<br />

Em vista deste problema, a Engefiltro<br />

desenvolveu para este cliente<br />

um processo de filtração com<br />

placas em que foi possível diminuir<br />

ainda mais a presença de carga microbina<br />

no produto final.<br />

Uma outra aplicação observada<br />

por Alexandra na área de sucos é a<br />

filtração por cartuchos. Porém, esta<br />

possui uma limitação quanto ao número<br />

de material sólido presente na<br />

bebida. "Este processo funciona muito<br />

bem no caso de clarificação de<br />

sucos de maçã e uva", exemplifica.<br />

Na opinião de Luis Fernando<br />

Peffi Ferreira, da FEI, toda tecnologia<br />

por si só está em constante<br />

mutação e não é diferente com a<br />

tecnologia de filtração. Atualmente,<br />

a ultrafiltração já tem sido utilizada<br />

no lugar da pasteurização tradicional.<br />

Segundo ele, novas tecnologias<br />

de clarificação, como a utilização de<br />

processos enzimáticos para eliminação<br />

da pectina, podem requerer novos<br />

processos de filtração. "Muitas<br />

vezes, o desenvolvimento é só a<br />

aplicação de tecnologias existentes<br />

em novos processos", diz.<br />

<strong>Engarrafador</strong><br />

<strong>Moderno</strong>

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