28.04.2013 Views

Edição 21 - Revista Jurídica In Verbis

Edição 21 - Revista Jurídica In Verbis

Edição 21 - Revista Jurídica In Verbis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERARES SOBRE AS OIMENSÓES JURÍDICAS DO REGiME DE QUOTAS NA EDUCACAO E O<br />

PRINCIPIO OA IGUALOADE<br />

seqüéncia do poder económico. Segundo, a Constituicao, ao estabelecer principios<br />

e normas básicas que viabilizam o cumprimento do artigo terceiro e das condicóes<br />

básicas ao bem estar social, deixa ao legislador ordinario e ao governo a incum<br />

bencia de regular os meios necessários para tanto. Agora, na prática, essa funcao<br />

sofre "desvíos extremos", a ponto de ocorrer, muitas vezes, a omissáo do legislador<br />

e/ou governador. Além do mais, há, aínda, a insuficiencia dos recursos destinados<br />

aos direitos sociais, lembrando que estes "só existem quando leis e políticas sociais<br />

os garantam" (CANOTILHO, 2003, p. 470).<br />

Assim, considerando que esses direitos sao regras cuja fragilidade gera<br />

incertezas jurídicas quanío á sua aplicagáo, a ponto de "cómodamente se atribuir<br />

a escusa evasiva da programaticidade como expediente fácil para justificar o des-<br />

cumprimento da vontade constitucional" (BONAVIDES, 2003, p.245), os entes go-<br />

vernamentais deixam de prestar os servícos sociais que Ihes impós a Constrtuicáo<br />

Federal. <strong>In</strong>clusive, a este respeíto, o próprio Supremo Tribunal Federal játeveopor-<br />

tunidade de se manifestar, posicionando no sentindo de que<br />

É preciso assínalar, neste ponto, por relevante, que o direíto á<br />

educacjo - que representa prerrogativa constitucional defe<br />

rida a todos (CF, art. 205), notadamente as crianzas (CF, arts.<br />

208, IV, e 227, "caput") - qualifica-se como um dos direitos so-<br />

ciais ma¡s expressivos, subsumindo-se á nogáo dos direitos de<br />

segunda geracao (RTJ 164/158-161), cujo adímplemento im-<br />

poe, ao Poder Público, a satisfazlo de um dever de prestadlo<br />

positiva, consistente num "faceré", pois o Estado dele só se<br />

desíncumbírá criando condit;óes objetivas que propiciem, aos<br />

titulares desse mesmo direito, o acesso pleno ao sistema edu<br />

cacional, inclusive aoatendimento, emcrecheepré-escola, "as<br />

enancas de zero a seis anos de idade" (CF, art. 208, IV).!<br />

Ademáis, a Constituícao aínda estabeleceu o principio segundo o qual os<br />

direitos fundamentáis, inclusive os da segunda geracao, teriam aplicabilidade ¡me<br />

diata, o que tornaría ainda mais evidente que a educacao nao pode estar vinculada<br />

a "promessa ¡nconseqüente", isto é, nao pode estar situada no campo hipotético<br />

de que um dia o Estado garantirá sua aplicacao. Assim, surge o questionamento de<br />

como o Estado deve proceder para tornar o ensíno realmente um direito de todos,<br />

efetivando-o de tal modo que o torne meio de igualizacao entre os cidadaos e nao<br />

meio de aumento das distorcóes sociais.<br />

É nesse ponto que se apresenta a política de quotas como "medida de<br />

efetívac.áo apta a cumprir com essa incumbencia estatal", ao garantir a determi<br />

nados cidadaos privilegios para terem acesso ao sistema educacional, geralmente<br />

através da reservas de vagas, seja no ensino medio e fundamental, seja no ensino<br />

superior.<br />

■STF-RE472707-5P, Reí. Min. Celso de Mello, DJ 04 demarco de 2006, PP-00110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!