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Formação de Professores: a parceria escola ... - Unirevista

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<strong>Formação</strong> <strong>de</strong> <strong>Professores</strong>: a <strong>parceria</strong> <strong>escola</strong>-universida<strong>de</strong> e os estágios <strong>de</strong> ensino.<br />

Dimair <strong>de</strong> Souza França<br />

projeto curricular, fixando-se na análise do ensino em oposição à análise do professor), além <strong>de</strong> se constituir<br />

em um momento <strong>de</strong> socialização (apren<strong>de</strong>r a se comportar como professores).<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, essa ativida<strong>de</strong> é essencial e precisa ser realizada continuamente, pois que a<br />

aprendizagem da docência se faz na interação entre professores e futuros professores, num processo<br />

permanente <strong>de</strong> conhecimento e reconhecimento do fazer docente, em que ambos partilham formas <strong>de</strong> ser e<br />

<strong>de</strong> estar na profissão, construídas no dia-a-dia da sala <strong>de</strong> aula e no contato direto com os alunos em seu<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

Entretanto, em que consiste a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação dos estágios <strong>de</strong> ensino? Os professores da <strong>escola</strong><br />

básica se apóiam em uma vaga noção do que seja o estágio, tendo como referência a sua vivência como<br />

estagiário. Na maioria das vezes, enten<strong>de</strong>m que o estágio requer a sua colaboração para com o aluno<br />

estagiário, abrindo as portas <strong>de</strong> sua sala <strong>de</strong> aula e reproduzindo situações que acredita serem válidas para a<br />

aprendizagem profissional, porque foi assim na sua prática.<br />

Normalmente, o professor em exercício se encarrega <strong>de</strong> “<strong>de</strong>finir”, ele próprio, o que <strong>de</strong>ve ou não ser feito, o<br />

como fazê-lo e, principalmente, <strong>de</strong>terminar o rumo que essa prática <strong>de</strong>verá seguir. Porém, durante o tempo<br />

que os alunos estagiários permanecem em suas salas, muitas vezes eles não saem da condição <strong>de</strong><br />

“observadores” (França, 2005).<br />

Essa situação parece caracterizar, por um lado, as concepções dos docentes que vêem o<br />

estágio como observação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los (Monteiro, 2000), como tem sido até bem pouco tempo, quando se<br />

dispõem a <strong>de</strong>sempenhar a tarefa <strong>de</strong> orientação sem, contudo, provocar interrupção ou transtornos em sua<br />

prática docente. Por outro lado, po<strong>de</strong> também estar sinalizando para a questão da disponibilida<strong>de</strong> (<strong>de</strong> tempo,<br />

<strong>de</strong> espaço, conhecimento disponível, entre outros) para inserir o futuro professor nas primeiras experiências<br />

com o ensino.<br />

Sendo assim, é preciso abordar a questão da responsabilida<strong>de</strong> formativa do “professor tutor”. Essa questão,<br />

especialmente, não tem sido muito discutida em nossa realida<strong>de</strong>. Os professores que recebem os alunos<br />

estagiários não têm muita clareza sobre o que fazer com esses alunos. Talvez porque <strong>de</strong>sconheçam tal<br />

responsabilida<strong>de</strong>. Talvez porque não se dispõem a realizar tal tarefa, por se constituir em uma tarefa a mais<br />

na sua tão <strong>de</strong>svalorizada função docente.<br />

Isso porque, mais do que consentir que o futuro professor permaneça observando a aula e o trabalho do<br />

professor, é preciso <strong>de</strong>monstrar disposição para introduzir esse estagiário nas ativida<strong>de</strong>s que lhes são<br />

próprias. Significa aceitar e querer ensinar algo que já domina e que faz e refaz constantemente. Significa,<br />

também, abrir portas, mostrar caminhos, dialogar, superar os erros, compartilhar os acertos...<br />

E essa tarefa não é tão simples quanto possa parecer. É preciso abrir mão <strong>de</strong> uma rotina estabelecida para<br />

construir novas práticas que incluam os novos aprendizes do ofício. Construir toma o sentido <strong>de</strong> superação<br />

das práticas estabelecidas em função da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significar para o futuro professor esse saber fazer<br />

docente e, ao mesmo tempo, re-significar para si próprio um ato que se faz e se refaz continuamente.<br />

É um contínuo, em que o conhecimento se faz experiência e a experiência se faz conhecimento, mediado<br />

pelo trabalho docente. É o professor que constrói a sua práxis e o futuro professor que apreen<strong>de</strong> o<br />

significado <strong>de</strong>ssa práxis do professor que está no exercício da prática profissional, para tomá-la como<br />

referência para a construção <strong>de</strong> sua prática, ainda que provisória.<br />

É nesse espaço que a formação prática precisa ser redimensionada, visando aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s<br />

formativas dos futuros professores, num contexto <strong>de</strong> mudança permanente em que não cabe mais a<br />

fragmentação e a parcelarização das ativida<strong>de</strong>s docentes. Como assinala Azzi (1999), o trabalho docente é<br />

um trabalho inteiro e é como tal que precisa ser compreendido pelos futuros professores bem como pelos<br />

profissionais responsáveis por essa formação.<br />

UNIrevista - Vol. 1, n° 2: (abril 2006)<br />

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