Formação de Professores: a parceria escola ... - Unirevista
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<strong>Formação</strong> <strong>de</strong> <strong>Professores</strong>: a <strong>parceria</strong> <strong>escola</strong>-universida<strong>de</strong> e os estágios <strong>de</strong> ensino.<br />
Dimair <strong>de</strong> Souza França<br />
responsabilização da <strong>escola</strong> pela formação prática dos futuros professores sem que a mesma tenha tido<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir essa questão <strong>de</strong> forma abrangente e, conseqüentemente, o <strong>de</strong>sconhecimento por<br />
parte dos profissionais da <strong>escola</strong> <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> formativa. Esse parece ser o “nó” do estágio<br />
atualmente.<br />
Isso porque, até então, o professor da <strong>escola</strong> básica não teve uma participação efetiva nesse processo. Seu<br />
papel sempre se restringiu em ce<strong>de</strong>r o espaço da sua sala <strong>de</strong> aula para os estagiários, para que ali<br />
pu<strong>de</strong>ssem fazer suas observações e dar sua aula <strong>de</strong> regência, em cumprimento às exigências do curso <strong>de</strong><br />
formação.<br />
Agora lhe é solicitado “compartilhar o processo formativo dos futuros professores” mediante<br />
as mudanças introduzidas na formação <strong>de</strong> professores através das reformas em curso na realida<strong>de</strong><br />
educacional brasileira, sem que ao menos tenha sido ouvido nesse processo. São medidas adotadas <strong>de</strong><br />
“cima para baixo” e que caem exatamente nas mãos dos professores da <strong>escola</strong> básica sem maiores<br />
esclarecimentos a respeito.<br />
Por isso, mais do que “aceitar”, seria preciso “querer” ensinar aos futuros professores como<br />
lidar com o ensino <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras inserções na sala <strong>de</strong> aula. Seria preciso, também, criar mecanismos<br />
que permitissem a esses profissionais <strong>de</strong>stinar um tempo <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional para essa tarefa<br />
particularmente importante para a formação prática dos futuros professores.<br />
Essa idéia <strong>de</strong> aplicação, tributária do tecnicismo, que fragmenta o trabalho do professor, acaba<br />
fragmentando também a prática <strong>de</strong> estágio em etapas estanques que não permitem aos futuros professores<br />
compreen<strong>de</strong>r as dimensões do processo <strong>de</strong> ensinar, reduzindo essa prática, quase sempre, a tarefas<br />
<strong>de</strong>scontextualizadas que geram freqüentemente muitas críticas à <strong>escola</strong>, aos professores, ao ensino e ao<br />
trabalho docente.<br />
No que se refere ao papel do professor supervisor <strong>de</strong> estágio, é preciso ter muito cuidado e discernimento<br />
quanto ao alcance <strong>de</strong>ssa tarefa. A tarefa <strong>de</strong> supervisão <strong>de</strong> estágio não po<strong>de</strong> colidir com a atuação do<br />
professor em exercício em seu campo próprio <strong>de</strong> trabalho: a sala <strong>de</strong> aula da <strong>escola</strong> básica. É o professor da<br />
sala que está capacitado a atuar nesse espaço, é ele quem domina os conhecimentos necessários ao bom<br />
andamento do ensino na sua sala <strong>de</strong> aula, é ele quem conhece cada criança que tem sob sua<br />
responsabilida<strong>de</strong> e a quem <strong>de</strong>ve fazer apren<strong>de</strong>r.<br />
A tarefa <strong>de</strong> supervisão dos estágios <strong>de</strong> ensino precisa, então, estar restrita ao espaço que lhe é próprio, qual<br />
seja, o <strong>de</strong> orientar e encaminhar os futuros professores para a prática <strong>de</strong> ensino a fim <strong>de</strong> que se efetive o<br />
contato com a realida<strong>de</strong> da <strong>escola</strong> e da sala <strong>de</strong> aula e possa, <strong>de</strong> fato, vir a conhecer esse espaço <strong>de</strong> atuação<br />
<strong>de</strong> forma direta e realista. E, principalmente, <strong>de</strong> colaborar com o processo <strong>de</strong> re-elaboração dos saberes<br />
inerentes à docência dos futuros professores no sentido <strong>de</strong> mediar esse processo <strong>de</strong> apropriação dos<br />
conhecimentos produzidos historicamente, a partir da inserção na <strong>escola</strong> básica para aí conhecer a realida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ensino.<br />
E a partir daí, coor<strong>de</strong>nar suas ações, dando aos futuros professores o suporte necessário para que tenham<br />
conhecimento e condições <strong>de</strong> interagir com os professores em exercício, com os alunos, com a comunida<strong>de</strong>,<br />
com os pais, enfim, com a <strong>escola</strong>, e possam, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>sempenhar, sob orientação e acompanhamento do<br />
professor da sala, as ativida<strong>de</strong>s inerentes ao ensino <strong>de</strong> forma a cumprir a<strong>de</strong>quadamente a finalida<strong>de</strong> do<br />
estágio que é a aprendizagem da docência.<br />
Aos professores tutores cabem a outra parte <strong>de</strong>ssa tarefa: a inserção do futuro professor na realida<strong>de</strong> da<br />
sala <strong>de</strong> aula, permitindo que exerça, sob sua orientação, progressivamente, o ato <strong>de</strong> ensinar em suas<br />
variadas dimensões ou facetas: coor<strong>de</strong>nar a sala, gerir o tempo <strong>de</strong> aprendizagem, gerir a matéria, etc. Essa<br />
tarefa, específica do professor tutor, não po<strong>de</strong> ser realizada pelos professores supervisores <strong>de</strong> estágio, no<br />
UNIrevista - Vol. 1, n° 2: (abril 2006)<br />
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