Edição 75 - Revista Algomais
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74 > > junho 2012<br />
Francisco Cunha<br />
franciscocunha@revistaalgomais.com.br e twitter.com/cunha_francisco<br />
As Prioridades do próximo prefeito<br />
Convidado pelo Observatório do<br />
Recife (ODR) para fazer a palestra sobre<br />
o Recife que Precisamos no lançamento<br />
local do programa nacional Plataforma<br />
Cidades Sustentáveis (www.<br />
cidadessustentaveis.org.br) na sede<br />
da Ordem dos Advogados do Brasil –<br />
Pernambuco, em 15 de maio passado,<br />
tive a oportunidade de falar sobre o<br />
que está sendo discutido e que servirá<br />
de insumo para o documento que<br />
o ODR entregará ao próximo prefeito<br />
do Recife. Depois da apresentação, os<br />
representantes presentes dos partidos<br />
PCB, PMDB, PSOL, PP, PSDB, PTB, PPS,<br />
DEM e PDT aderiram à plataforma formalizando<br />
a sua disposição de promover<br />
a participação da sociedade civil<br />
na criação de políticas públicas, prestando<br />
contas regularmente das ações<br />
desenvolvidas.<br />
Disse que a cidade encontra-se<br />
perigosamente à beira de um colapso,<br />
prestes a perder a sua “alma” e tornarse<br />
igual a qualquer outro lugar ruim,<br />
sem personalidade própria – na realidade,<br />
um “não lugar”. Que urge agir<br />
logo. Em resumo, falei das seguintes<br />
prioridades inadiáveis para o próximo<br />
prefeito:<br />
1. Restabelecimento imediato do<br />
Planejamento de Longo Prazo que há<br />
décadas não é praticado no Recife.<br />
Todo o desmantelo atual deve-se à<br />
falta de planejamento, 30 anos atrás.<br />
É fundamental que o próprio prefeito<br />
tome para si a coordenação<br />
deste esforço absolutamente<br />
essencial para o<br />
futuro da capital.<br />
2. Retomada do Controle<br />
Urbano, principalmente<br />
aquele “do lote<br />
para fora”, inteiramente<br />
perdido pela administração<br />
pública municipal (basta<br />
olhar a situação das calçadas,<br />
da fiação nas ruas e<br />
do trânsito na cidade). A<br />
proposta de impacto é a<br />
criação da secretaria das calçadas para,<br />
no espaço de um ano, devolver a civilização<br />
às calçadas recifenses, onde hoje<br />
tudo pode.<br />
3. Enfrentamento do Travamento<br />
da Mobilidade com a priorização dos<br />
modais coletivos, a pé e bicicleta e,<br />
não apenas, como é feito hoje quase<br />
que com exclusividade, do modal automóvel.<br />
4. Recuperação do Centro da Cidade,<br />
em especial dos Bairros de Santo<br />
Antônio e São José em estado de<br />
desmoralizante abandono. A proposta<br />
de impacto é trabalhar intensamente<br />
para a transformação do centro do<br />
Recife, por extensão de Olinda, em Patrimônio<br />
da Humanidade (ver a propósito<br />
matéria com o arquiteto José Luiz<br />
da Mota Menezes nesta edição).<br />
5. Revitalização do Rio Capibaribe,<br />
hoje depositário, no Recife, da maior<br />
parte do esgoto in natura da<br />
capital (menos de um terço<br />
do esgoto é coletado e apenas<br />
cerca de 8% é tratado). O<br />
rio transformou-se na “cloaca<br />
magna” da cidade e é essencial<br />
resgatá-lo como referência sentimental<br />
do mesmo modo que<br />
são o Sena para Paris, o Tâmisa<br />
para Londres, o Tevere para<br />
Roma etc.<br />
Além disso, será preciso ter<br />
metas ousadas e cidadãs para:<br />
Saúde (atingimento de uma<br />
atenção básica exemplar); Segurança<br />
(radicalização do conceito de segurança<br />
cidadã com participação ativa do<br />
município); Educação (implantação do<br />
horário integral e da excelência no ensino<br />
fundamental); Saneamento (universalização<br />
da coleta e do tratamento<br />
do esgoto e do lixo); Meio Ambiente<br />
(alcance do mínimo recomendado de<br />
área verde por habitante); Desenvolvimento<br />
Econômico (definição das principais<br />
vocações econômicas da cidade<br />
e máximo incentivo para o seu florescimento<br />
no horizonte de 30 anos).<br />
Tudo isso para que o próximo<br />
prefeito, com responsabilidade redobrada,<br />
posso evitar que o pior<br />
cenário se materialize no Recife,<br />
considerando que o tempo para isso<br />
é demasiadamente exíguo, com certeza<br />
menor do que os quatro anos<br />
da próxima gestão.