30.04.2013 Views

Testamento e inventário do preto forro vitoriano Ramos - Nucleo de ...

Testamento e inventário do preto forro vitoriano Ramos - Nucleo de ...

Testamento e inventário do preto forro vitoriano Ramos - Nucleo de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e quinze se fun<strong>do</strong>, com suas colunas <strong>de</strong> pedra e cal, na rua Direita <strong>do</strong><br />

Açougue, o qual prédio comprei a Luiza Bernarda, <strong>de</strong> que também tenho o<br />

competente título. Possuo e sou senhor <strong>de</strong> quatro escravos, cujos nomes<br />

são os seguintes: Manoel, moçanbique, Francisca, bijago, Antônio e Joana<br />

Maria, filhos da dita Francisca. Possuo um Santo Cristo <strong>de</strong> ouro, com o<br />

peso <strong>de</strong> vinte oitavas, pouco mais ou menos, e um par <strong>de</strong> fivelas <strong>de</strong> ligas<br />

também <strong>de</strong> ouro, com o peso <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze oitavas e meia; um par <strong>de</strong> botões <strong>de</strong><br />

punhos <strong>de</strong> ouro, com o peso <strong>de</strong> oito oitavas, com pouca diferença; outro<br />

par <strong>de</strong> fivelas <strong>de</strong> ligas, <strong>de</strong> ouro, com peso <strong>de</strong> oito oitavas; <strong>do</strong>is talheres <strong>de</strong><br />

prata sem facas e um baú com toda a roupa que nele se achar, nova e<br />

velha; além <strong>do</strong>s ridículos e mesquinhos móveis <strong>de</strong> minha casa, <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong><br />

sabe a minha caseira e primeira testamenteira e cuja <strong>de</strong>scrição em solene<br />

juramento confio. Tenho contraí<strong>do</strong> algumas dívidas que aqui confesso (...).<br />

Devo ao senhor José Nunes <strong>do</strong>s Santos, a quantia <strong>de</strong> setenta e nove mil,<br />

duzentos e setenta e cinco réis, para cuja segurança lhe empenhei quatro<br />

varanda, colar e duas peças <strong>de</strong> fitas, que são pertencentes a minha primeira<br />

testamenteira, que é a verda<strong>de</strong>ira senhora <strong>de</strong>les; são <strong>de</strong> ouro e bem<br />

assim lhe empenhei o par <strong>de</strong> fivelas <strong>de</strong> ligas com oito oitavas <strong>de</strong> ouro que<br />

acima já fiz menção. Devo ao senhor Fernan<strong>do</strong> Antônio da Silva a quantia<br />

<strong>de</strong> cento e setenta e três mil, cento e sessenta réis, dívida que lhe se <strong>de</strong>u seu<br />

irmão, quan<strong>do</strong> se partiu <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>; porão em po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> dito senhor<br />

Fernan<strong>do</strong> Antônio, por segurança da dívida os penhores seguintes: o Santo<br />

Cristo, os botões e as fivelas <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze oitavas <strong>de</strong> ouro, <strong>de</strong>scritas atrás.<br />

Tenho mais algumas dívidas e quero que a minha primeira testamenteira<br />

proceda em seu pagamento da forma seguinte: sobre as que ficam confessadas,<br />

e cujos cre<strong>do</strong>res ficam <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s, remi-los logo, pon<strong>do</strong> em praça,<br />

a quem mais <strong>de</strong>r, o chão da Rua <strong>do</strong> Açougue; e se não chegar o seu valor,<br />

ven<strong>de</strong>rá alguma peça <strong>de</strong> ouro para pagá-las; remi<strong>do</strong>s que sejam os penhores,<br />

metê-los-a no monte. Sobre as outras porém, que não cabe aqui nomeálas,<br />

se ela, minha dita testamenteira, não souber plenamente <strong>de</strong>las, serão<br />

pagas com justificação ou juramento <strong>do</strong>s cre<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> fi<strong>de</strong>dignos, e<br />

para sua satisfação que <strong>de</strong>vam ser procedidas das solenida<strong>de</strong>s que ficam<br />

ditas, faz-se-a quinhão nas peças <strong>de</strong> ouro e prata que para tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>vem<br />

chegar. Pelo que pertence a este (...) só me lembro que Antônio Teles, escravo<br />

que foi <strong>de</strong> Bernar<strong>do</strong> Prego, me <strong>de</strong>ve a quantia <strong>de</strong> vinte mil réis, não<br />

tenho recibo <strong>de</strong> dívida, portanto à sua consciência encarrego essa dívida.<br />

Declaro que é minha última vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar forra e livre <strong>de</strong> to<strong>do</strong> cativeiro a<br />

minha escrava Joana Maria Marques, filha <strong>de</strong> minha escrava Francisca<br />

Bijagó, gozará <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o instante <strong>de</strong> minha morte e lhe<br />

faço esta esmola pelo amor <strong>de</strong> Deus e pelo bem que lhe quero; viverá contu<strong>do</strong><br />

até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze anos em companhia da minha primeira<br />

210<br />

<strong>Testamento</strong> e <strong>inventário</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!