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Artigo - Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral

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<strong>Artigo</strong> Original<br />

Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />

Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia<br />

bariátrica<br />

Eating binge in patients un<strong>de</strong>ergoing baryatric surgery<br />

Compulsion alimenticia en pacientes sometidos a cirugia bariatrica<br />

Unitermos:<br />

Cirurgia bariátrica. Obesida<strong>de</strong> mórbida. Compulsão<br />

alimentar periódica.<br />

Key words:<br />

Bariatric surgery. Morbid obesity. Eating binge disor<strong>de</strong>r.<br />

Unitérminos<br />

Cirugía bariátrica. Obesidad mórbida. Compulsión<br />

alimenticia periódica.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Patrícia Miranda Farias<br />

CEP 79021-032 – Rua Praia <strong>de</strong> Itaparica nº36<br />

Bairro Autonomista - Campo Gran<strong>de</strong> – MS<br />

Telefone e Fax: (067) 3356-1193 ; (067) 9902-0762<br />

patmiranda_nut@hotmail.com<br />

Submissão<br />

02<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008<br />

Aceito para publicação<br />

6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009<br />

1. Nutricionista; Pós-Graduação Lato Sensu em<br />

<strong>Nutrição</strong> Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho –<br />

Campo Gran<strong>de</strong> – MS.<br />

2. Nutricionista; Doutora em Saú<strong>de</strong> Pública, Professora<br />

do curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Nutrição</strong><br />

Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho.<br />

3. Nutricionista; Doutora em Ciência dos Alimentos,<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do curso <strong>de</strong> Especialização em<br />

<strong>Nutrição</strong> Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho.<br />

RESUmo:<br />

Introdução: A cirurgia bariátrica é importante opção terapêutica para obesida<strong>de</strong> mórbida<br />

<br />

compulsão alimentar é empregada a ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica),<br />

permitindo observar a magnitu<strong>de</strong> das mudanças do comportamento em cada paciente, em<br />

diferentes momentos, durante o tratamento para perda do peso. objetivo:<br />

que po<strong>de</strong>m contribuir para a presença/ausência da compulsão alimentar em pacientes<br />

<br />

perda <strong>de</strong> peso e o acompanhamento prévio psicológico e nutricional. métodos: A amostra foi<br />

constituída <strong>de</strong> 30 pacientes, sendo 27 (90%) do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino,<br />

com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 40 anos (variando <strong>de</strong> 21 a 61 anos) submetidos à cirurgia bariátrica<br />

tipo Fobi-Capella. Resultados: Observou-se que, após o procedimento cirúrgico, o IMC<br />

<br />

relação ao inicial, encontrou-se 25 (83,3%) dos pacientes sem CAP e 5 (16,8%) com CAP.<br />

Observou-se que quanto maior o tempo <strong>de</strong> orientação nutricional pré-operatória (r= 0,443;<br />

p= 0,014) e pós-operatória (r= 0,639; p= 0,000) e orientação psicológica pré-operatória<br />

(r= 0,408; p= 0,025) maior foi a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso. Conclusão: Os fatores<br />

aqui citados não tiveram relação com a compulsão alimentar e sim correlação entre eles.<br />

AbStRACt:<br />

Introduction: Bariatric surgery is a major therapeutic strategy for morbid obesity and is<br />

consi<strong>de</strong>red the most effective treatment for long-term weight control. The Binge Eating Scale<br />

(BES) is used to measure eating binge and to assess behavior changes in patients at different<br />

time points during weight loss management. objective: To i<strong>de</strong>ntify contributing or preventive<br />

factors to the occurrence of eating binge in patients un<strong>de</strong>rgoing bariatric surgery based on<br />

pre- and post-operative anthropometric measures, weight loss, and previous psychological<br />

and nutritional evaluation. methods: The study sample comprised 30 patients who un<strong>de</strong>rwent<br />

Fobi-Capella bariatric surgery, of which 27 (90%) were females and 3 (10%) males with mean<br />

age of 40 years (range: 21–61 years). Results: Postoperatively, their mean pre-operative<br />

BMI dropped by 66.3%, mean excess weight loss was 33.4% compared to baseline, and<br />

eating binge episo<strong>de</strong>s were seen in 5 (16.8%) but not in 25 patients (83.3%). It was found<br />

that the longer the pre-operative (r= 0.443; p= 0.014) and post-operative (r= 0,639; p= 0,000)<br />

nutritional counseling and pre-operative psychological counseling (r= 0.408; p= 0.025), the<br />

greater the patients’ weight loss. Conclusions: The factors <strong>de</strong>scribed here did not have<br />

<br />

Introdución: La cirugía bariátrica es una importante opción terapéutica para la obesidad<br />

<br />

evaluar la compulsión alimenticia se emplea la ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsión Alimenticia<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

137<br />

Patricia Miranda Farias 1<br />

Cristiane A. S. Furtado 1<br />

Graciane Morales 1<br />

Luana Caroline dos Santos 2<br />

Vanessa Coutinho 3


INTRODUÇÃO<br />

O transtorno <strong>de</strong> compulsão alimentar periódica (TCAP) caracteriza-se<br />

pela ocorrência <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> compulsão alimentar<br />

(ECA) 1 pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses,<br />

associados a características <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle 2-6 sobre o que<br />

ou o quanto se come por período <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>limitado (até duas<br />

horas) 7 e não acompanhados <strong>de</strong> comportamentos compensatórios<br />

dirigidos para perda <strong>de</strong> peso 1 . Destaca-se que esse quadro ainda<br />

<br />

<br />

8<br />

De acordo com Grilo 9 , os episódios compulsivos po<strong>de</strong>m variar<br />

quanto à hora em que costumam ocorrer com perda <strong>de</strong> controle,<br />

à hora sem esta perda e/ou perda <strong>de</strong> controle sem o consumo <strong>de</strong><br />

uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos. Durante os episódios <strong>de</strong><br />

compulsão alimentar, o indivíduo apresenta um sentimento <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> controle sobre o seu comportamento alimentar, ingere<br />

gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimento mesmo estando sem fome, come<br />

mais rapidamente do que o normal até sentir gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto<br />

físico 9 . Em geral, esses episódios ocorrem escondidos das <strong>de</strong>mais<br />

pessoas <strong>de</strong> seu convívio e se caracterizam por um sentimento <strong>de</strong><br />

embaraço, causado pela quantida<strong>de</strong> exagerada <strong>de</strong> alimento consumido<br />

9 , e são sucedidos por um mal-estar psicológico, e intenso<br />

<br />

<br />

do que as pessoas obesas sem compulsão alimentar 10 .<br />

A prevalência do transtorno <strong>de</strong> TCAP na população geral<br />

encontra-se em torno <strong>de</strong> 0,7% a 4%1.<br />

A CAP (Compulsão Alimentar Periódica) ocorre em indivíduos<br />

com peso normal e em indivíduos obesos11. Em obesos que<br />

procuram programas para controle <strong>de</strong> peso, foram observadas<br />

frequências em torno <strong>de</strong> 30% para TCAP e 46% para CAP,<br />

estando o TCAP associado a sintomas psicopatológicos em geral,<br />

especialmente à <strong>de</strong>pressão e maior gravida<strong>de</strong> da obesida<strong>de</strong> .<br />

As pessoas que apresentam o transtorno do comer compulsivo<br />

têm ataques bulímicos repetidos, mas não evi<strong>de</strong>nciam as medidas<br />

patológicas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> peso que os pacientes com bulimia<br />

nervosa utilizam, como os comportamentos compensatórios<br />

(vômitos, abuso <strong>de</strong> laxativos, exercício físico excessivo) que<br />

suce<strong>de</strong>m o episódio bulímico 12 .<br />

Patricia Miranda Farias<br />

Periódica), que permite observar la magnitud <strong>de</strong> los cambios <strong>de</strong>l comportamiento en cada<br />

paciente, en diferentes momentos, durante el tratamiento para pérdida <strong>de</strong> peso. objetivo:<br />

-<br />

<br />

post operatorio, pérdida <strong>de</strong> peso y seguimiento previo psicológico y nutricional. métodos:<br />

La muestra fue constituida por 30 pacientes, <strong>de</strong> los cuales 27 (90%) <strong>de</strong>l sexo femenino y<br />

3 (10%) <strong>de</strong>l sexo masculino, con edad promedio <strong>de</strong> 40 años (variando entre 21 y 61 años)<br />

sometidos a la cirugía bariátrica tipo Fobi-Capella. Resultados: Se observó que <strong>de</strong>spués<br />

<strong>de</strong>l procedimiento quirúrgico, el IMC preoperatorio promedio se redujo en 66,3%, la pérdida<br />

<strong>de</strong>l exceso <strong>de</strong> peso promedio fue <strong>de</strong> 33,4% en relación al inicial, se encontró 25 (83,3%)<br />

<strong>de</strong> los pacientes sin CAP y 5 (16,8%) con CAP. Se observó que mientras mayor el tiempo<br />

<strong>de</strong> orientación nutricional preoperatorio (r= 0,443; p= 0,014) y post operatorio (r= 0,639; p=<br />

0,000) y orientación sicológica preoperatorio (r= 0,408; p= 0,025), mayor fue el porcentaje<br />

<strong>de</strong> pérdida <strong>de</strong> peso. Conclusión: Los factores aquí citados no tuvieron relación con la<br />

compulsión alimenticia, pero sí importancia <strong>de</strong> correlación entre ellos.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

138<br />

<br />

<br />

nos países industrializados, sendo que a obesida<strong>de</strong> mórbida<br />

<br />

2 , sendo<br />

consi<strong>de</strong>rada uma doença crônica multifatorial com consequências<br />

nefastas para a saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos 13 . De um<br />

modo geral, o obeso mórbido tem um longo histórico <strong>de</strong> tentativas<br />

<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> peso, algumas das quais sob a orientação <strong>de</strong><br />

técnicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, consistindo na sua maior parte numa dieta e/ou<br />

14 . Apesar <strong>de</strong>stes regimes terapêuticos proporcionarem<br />

uma redução <strong>de</strong> peso numa fase inicial, estes não são<br />

<br />

maioria dos pacientes obesos recupera em pouco tempo o peso<br />

perdido 5 , chegando a níveis ainda mais altos que os anteriores 14 .<br />

<br />

frustração face a estes regimes <strong>de</strong> tratamento são partilhados<br />

por quase todos os obesos que, <strong>de</strong>ste modo, continuam a ganhar<br />

peso 15 . Obesos comedores compulsivos po<strong>de</strong>m constituir uma<br />

subcategoria entre a população obesa, apresentando níveis<br />

mais elevados <strong>de</strong> psicopatologia, especialmente a <strong>de</strong>pressão e<br />

transtorno <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, uma gravida<strong>de</strong> maior e início mais<br />

precoce da obesida<strong>de</strong>, um percentual maior <strong>de</strong> sua vida gasto<br />

com dietas e prejuízo no funcionamento social e ocupacional 16.<br />

<br />

importante opção terapêutica para esta doença, e é consi<strong>de</strong>rada a<br />

17 . A cirurgia<br />

<br />

<br />

18 .<br />

No tratamento cirúrgico da obesida<strong>de</strong> têm-se empregado<br />

<br />

<br />

17 . Esta<br />

é consi<strong>de</strong>rada “padrão ouro” e tornou-se o procedimento mais<br />

realizado no tratamento da obesida<strong>de</strong> mórbida em todo mundo 19 .<br />

O índice <strong>de</strong> perda pon<strong>de</strong>ral atinge em média 30% no primeiro ano,<br />

com redução gradual no <strong>de</strong>correr dos anos e aumento da recidiva,<br />

<br />

ou consumo <strong>de</strong> alimentação ina<strong>de</strong>quada 20 .


que continue a comer compulsivamente, precipitando complicações<br />

médicas, não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado sucesso terapêutico, ou<br />

mentais<br />

foram negligenciadas 18 .<br />

Para avaliar os episódios <strong>de</strong> compulsão alimentar é empregada<br />

a ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica),<br />

permitindo observar a magnitu<strong>de</strong> das mudanças do comportamento<br />

em cada paciente, em diferentes momentos, durante o<br />

tratamento para perda do peso e, também, ampliar o conhecimento<br />

das inter-relações entre CAP, sintomas psicopatológicos<br />

e alterações <strong>de</strong> peso 3 <br />

pacientes obesos com CAP e, principalmente, no planejamento<br />

<strong>de</strong> estratégias terapêuticas a<strong>de</strong>quadas e na avaliação sequencial<br />

do tratamento, tendo em vista que esse subgrupo <strong>de</strong> pacientes<br />

obesos parece apresentar uma evolução clínica diferenciada<br />

dos obesos sem CAP 3 .<br />

Consi<strong>de</strong>rando o exposto, o objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi i<strong>de</strong>n-<br />

<br />

da compulsão alimentar em pacientes submetidos à cirurgia<br />

<br />

operatório, perda <strong>de</strong> peso e o acompanhamento prévio psicológico<br />

e nutricional.<br />

MÉTODOS<br />

A amostra foi composta por 30 pacientes, sendo 27 (90%)<br />

do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino. A ida<strong>de</strong> média<br />

foi <strong>de</strong> 40 anos (variando <strong>de</strong> 21 a 61 anos ± 10,13) submetidos à<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

termo <strong>de</strong> consentimento livre e esclarecido.<br />

Aplicou-se a ECAP 3 <br />

<br />

ou psicológica antes e após a cirurgia, avaliação antropométrica<br />

e informações referentes ao pré-operatório. A avaliação antropométrica<br />

atual foi realizada a partir da aferição do peso utilizando-<br />

<br />

<br />

21 .<br />

<br />

<br />

menor ou igual a 17 são consi<strong>de</strong>rados sem CAP; com pontuação<br />

entre 18 e 26 são consi<strong>de</strong>rados com CAP mo<strong>de</strong>rada; e aqueles<br />

com pontuação maior ou igual a 27, com CAP grave.3<br />

<br />

<br />

<br />

estão apresentados na forma <strong>de</strong> média e <strong>de</strong>svio padrão para as<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

O projeto foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da<br />

<br />

<br />

Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

139<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

<br />

(90%) do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino. O predomínio<br />

<strong>de</strong> mulheres (90%) na amostra provavelmente <strong>de</strong>corre<br />

do fato <strong>de</strong>ssas procurarem mais o tratamento para o controle da<br />

<br />

dos pacientes na amostra. Os achados foram próximos aos <strong>de</strong><br />

22 <br />

<br />

sobretudo os graus <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong>. No pré-operatório obteve-se<br />

tório<br />

para 46,67% (n= 14). No Brasil, estima-se que 26,5% das<br />

mulheres e 22% dos homens tenham excesso <strong>de</strong> peso, 11,2% das<br />

mulheres e 4,7% dos homens têm obesida<strong>de</strong> leve e mo<strong>de</strong>rada e<br />

que 0,5% das mulheres e 0,1% dos homens apresentam obesida<strong>de</strong><br />

<br />

resultados encontrados não condizem com esse estudo.<br />

<br />

(p


Patricia Miranda Farias<br />

tabela 1- Média e <strong>de</strong>svio padrão da ida<strong>de</strong> e características antropométricas <strong>de</strong> pacientes submetidos a cirurgia bariátrica.<br />

Variáveis Homens mulheres total p-value<br />

nutricional pós-operatória maior foi a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />

<br />

maior o tempo <strong>de</strong> orientação psicológica pré-operatória maior foi<br />

a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso (r= 0,408; p= 0,025).<br />

n= 3 n= 27 n= 30<br />

Ida<strong>de</strong> (anos) 35 ± 8,9 40,9 ± 10,2 40,3 ± 10,1 NS<br />

Peso Pré (kg) 150,7 ± 21,38 119,22 ± 16,80 122,4 ± 19,42 *0,005<br />

Altura Pré (m) 1,77 ± 0,06 1,60 ± 0,06 1,62 ± 0,08 *0,000<br />

IMC** Pré (kg/m2) 47,23 ± 7,03 46,63 ± 7,71 46,69 ± 7,53 NS<br />

Peso Pós (kg) 105,4 ± 18,33 77,91 ± 14,04 80,66 ± 16,44 *0,004<br />

Altura Pós (m) 1,77 ± 0,06 1,60 ± 0,06 1,62 ± 0,08 *0,000<br />

IMC** Pós (kg/m2) 33,57 ± 6,52 30,64 ± 5,74 30,93 ± 5,77 NS<br />

*Teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt<br />

**Índice <strong>de</strong> Massa corporal<br />

tabela 2 - Média e <strong>de</strong>svio padrão da perda <strong>de</strong> peso, % <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso e tempo <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />

Variáveis Homens mulheres total<br />

Correlação do tempo <strong>de</strong> cirurgia com o percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />

peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />

<br />

n= 3 n= 27 n= 30<br />

Perda <strong>de</strong> peso (kg) 45,3 ± 6,5 41,31 ± 18,97 41,71 ± 18,09<br />

Percentual <strong>de</strong> perda peso (%) 30,20 ± 4,24 33,80 ± 12,82 33,44 ± 12,24<br />

Tempo <strong>de</strong> cirurgia (meses) 16,0 ± 11,53 18,22 ± 14,37 18,00 ± 13,96<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

140<br />

Correlação do índice <strong>de</strong> massa corporal com o percentual <strong>de</strong> perda<br />

<strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />

tório<br />

com o percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos<br />

<br />

r= 0,639; p= 0,000.


- Correlação da orientação nutricional no pós-operatório com o<br />

percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />

<br />

orientação nutricional prévia e no pós-operatório a média <strong>de</strong><br />

<br />

Com relação à orientação psicológica prévia, a média foi <strong>de</strong> 11,03<br />

<br />

4,82) no pós-operatório.<br />

31 , o intuito do aconselhamento<br />

nutricional no período pré-operatório é o aumento do potencial<br />

<strong>de</strong> sucesso no pós-operatório e objetiva promover perda <strong>de</strong> peso<br />

inicial, reforçar a percepção do paciente <strong>de</strong> que a perda <strong>de</strong> peso é<br />

<br />

erros e transtornos alimentares, promover expectativas reais <strong>de</strong><br />

perda <strong>de</strong> peso, preparar o paciente para a alimentação no pós-opera-<br />

<br />

32 , somente o acompanhamento nutricional<br />

a<strong>de</strong>quado garante o sucesso da cirurgia, evitando complicações<br />

<br />

A maioria dos pacientes 73,3% (n= 21) não teve orientação<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

associado à obesida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser fundamental para o sucesso do<br />

procedimento cirúrgico 33 . O papel do psicólogo é o <strong>de</strong> avaliar se<br />

<br />

lo quanto à compreensão <strong>de</strong> todos os aspectos <strong>de</strong>correntes do<br />

pré e pós-cirúrgico 34 .<br />

De acordo com Coutinho35, a avaliação <strong>de</strong>sses pacientes no<br />

pré e pós-operatório <strong>de</strong>ve ser realizada por uma equipe multidisciplinar<br />

composta por endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas,<br />

pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões.<br />

Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

141<br />

A média do escore da ECAP foi <strong>de</strong> 9,57 (± 6,8), sendo que o<br />

escore até 17 é sem CAP. Observa-se que não teve diferença (p=<br />

0,086) entre homens e mulheres na média do escore, talvez pela<br />

<br />

escore <strong>de</strong> 17 como ponto <strong>de</strong> corte para que se obtenha sensibilida<strong>de</strong><br />

<br />

por uma entrevista clínica 33 <br />

CAP entre as mulheres (p= 0,064). Na amostra total, obtivemos<br />

16,7% (n= 5) <strong>de</strong> pacientes com CAP e 83,3% (n= 25) sem CAP.<br />

A partir <strong>de</strong> uma anamnese pré-operatória, a presença <strong>de</strong> um<br />

transtorno alimentar <strong>de</strong>ve forçosamente levar a um seguimento<br />

vamento<br />

do mesmo, pois a prevalência <strong>de</strong> tais transtornos é maior<br />

<br />

<strong>de</strong> complicações é cerca <strong>de</strong> quatro vezes maior35-37. Uma das<br />

<br />

<br />

a prevalência <strong>de</strong> CAP po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 27% a 47% 38 .<br />

Greeno et al. 39 <br />

<strong>de</strong> indivíduos sem CAP e também como ferramenta para rastrear<br />

pacientes com graves problemas <strong>de</strong> CAP. Uma melhora do<br />

comportamento alimentar po<strong>de</strong> ocorrer precocemente, após a<br />

operação, mas o retorno dos transtornos alimentares em pacientes<br />

<br />

<br />

o procedimento cirúrgico 37 .<br />

-<br />

<br />

<strong>de</strong> mudanças comportamentais, alimentares e <strong>de</strong> exercícios, com<br />

sionais<br />

da saú<strong>de</strong>31. Na avaliação pré-cirúrgica, é importante<br />

pesquisar a presença <strong>de</strong> Transtorno da Compulsão Alimentar<br />

Periódica, o qual tem uma prevalência maior entre obesos<br />

mórbidos4-6. Este transtorno po<strong>de</strong> permanecer ativo, comprometendo<br />

o resultado pós-cirúrgico. 40<br />

CONCLUSÃO<br />

Consi<strong>de</strong>rando o objetivo proposto, conclui-se que os pacientes<br />

da amostra estudada tiveram no pré-operatório média <strong>de</strong> obesi-<br />

<br />

<br />

<br />

nutricional no pré e pós-operatório e orientação psicológica<br />

no pré-operatório houve maior porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso<br />

<br />

reduzida, os fatores aqui citados não tiveram relação com a CAP<br />

e sim correlação entre eles.<br />

<br />

<br />

transtorno no pré-operatório.<br />

REFERÊNCIAS<br />

-


adaptação para o português da escala <strong>de</strong> compulsão alimentar<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

p.40-6.<br />

<br />

image evaluations in obese females with binge eating disor<strong>de</strong>r.<br />

<br />

sing<br />

the features of eating disor<strong>de</strong>rs in patients with binge eating<br />

<br />

<br />

O. Binge eating disor<strong>de</strong>r in Brazilian women on a weight-loss<br />

<br />

<br />

<br />

Artmed; 2003.<br />

<br />

<br />

2 ed., pp. 178-82, 2002.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

operation for weight control, and the transected ban<strong>de</strong>d gastric<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

obesity. Geneve 3-5, 1997.<br />

<br />

<br />

Local <strong>de</strong> realização do trabalho: <br />

Patricia Miranda Farias<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />

142<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Nacional <strong>de</strong> Alimentação e <strong>Nutrição</strong>, Brasília,1991.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

pacientes. Brasília med. 2002.<br />

<br />

U. Changes in bone mineral content after surgical treatment of<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Araujo DE, et al. Transtorno periódico da compulsão alimentar<br />

periódica em uma população <strong>de</strong> obesos mórbidos candidatos<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

P. Prevalence of binge eating disor<strong>de</strong>r, obesity, and <strong>de</strong>pres-


<strong>Artigo</strong> Original<br />

<br />

Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong>: análise dos requerimentos energéticos e<br />

<br />

<strong>Enteral</strong> Nutrition Therapy: analysis of energy and nutritional requirements<br />

Terapia <strong>de</strong> Nutrición <strong>Enteral</strong>: análisis <strong>de</strong> la energía y los requerimientos nutricionales<br />

Unitermos<br />

<strong>Nutrição</strong> enteral. Estado nutricional. Necessida<strong>de</strong>s<br />

energética-proteica.<br />

Key words:<br />

<strong>Enteral</strong> nutrition. Nutritional status. Energetic and<br />

protein needs.<br />

Unitérminos<br />

Nutrición enteral. Estado nutricional proteico-energética.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Vanessa Taís Nozaki<br />

Rua Campos Sales 45, ap.804, zona 07 –<br />

CEP: 87020-080 - Maringá-PR.<br />

Tel: 44-33018553/44-91398561.<br />

E-mail: vanessa.tais@bol.com.br<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 02/07/2008<br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 18/03/2009<br />

1 - Nutricionista e mestre em Ciências da Saú<strong>de</strong> pela<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá<br />

2 - Docente do mestrado em Ciências da Saú<strong>de</strong> da<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá e doutora<br />

em Ciências Biológicas pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo<br />

3 - Mestre em Ciências da Saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Maringá<br />

REsUmo<br />

Introdução: Existe importância no estudo da a<strong>de</strong>quação das dietas hospitalares na terapia<br />

nutricional enteral, pois há relação com o estado nutricional e o prognóstico do paciente.<br />

objetivos<br />

terapia nutricional enteral. métodos: O estudo foi realizado com 72 pacientes, com ida<strong>de</strong><br />

entre 20 e 90 anos, ambos os gêneros, internados em 4 hospitais gerais. As prescrições<br />

e ofertas energéticas foram avaliadas por meio <strong>de</strong> prontuários médicos <strong>de</strong> cada paciente,<br />

os requerimentos <strong>de</strong>sses nutrientes foram calculados por calorimetria indireta. Avaliou-se<br />

<br />

Prega Cutânea Tricipital e a Área Muscular do Braço. Resultados:<br />

<br />

<br />

<br />

prescrições energéticas estavam em 1593,5 ± 481 Kcal/dia e a média das recomendações<br />

2138,4 ± 406,1 Kcal/dia. Conclusão: As prescrições e a infusão <strong>de</strong> calorias não atingiram<br />

as recomendações propostas e <strong>de</strong>tectou-se <strong>de</strong>snutrição nos pacientes.<br />

AbstRACt<br />

Introduction: There are studies important in keeping with of hospital diets in the enteral nutrition<br />

terapy, as there association with the nutrition state and the patient prognosis. methods:<br />

The study was perceived with 72 patients males and females, with 20 and 90 years old,<br />

interned at the four hospital. The prescriptions and bargain energy was available through<br />

medical dossier each patient, the dossiers of nutrients were calculated from indirect calormetry.<br />

<br />

Results:<br />

<br />

<br />

recommendation 2138,4 ± 406,1 kcal/day. Conclusions: The prescription and the infusion of<br />

<br />

RESuMEN<br />

Introducción: Hay importancia en el estudio <strong>de</strong> la a<strong>de</strong>cuación <strong>de</strong> las dietas <strong>de</strong>l hospital en<br />

terapia <strong>de</strong> nutrición enteral, porque hay relación con el estado nutricional y el pronóstico <strong>de</strong>l<br />

paciente. objetivos: Analizar la energía y los requerimientos nutricionales <strong>de</strong> los pacientes<br />

en terapia <strong>de</strong> nutrición enteral. métodos: El estudio se realizó con 72 pacientes, con eda<strong>de</strong>s<br />

comprendidas entre los 20 y 90 años, ambos sexos, ingresados en 4 hospitales generales.<br />

Las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energía y ofertas fueron evaluadas a través <strong>de</strong> los registros médicos<br />

<strong>de</strong> cada paciente, las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estos nutrientes fueron calculados por calorimetría<br />

<br />

Masa Corpórea, Prega cutis Tricipital Dystrophy Espacio y el brazo. Resultados: En el<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />

143<br />

Ms.Vanessa Taís Nozaki 1<br />

Dra. Rosane Marina Peralta 2<br />

3


INTRODUÇÃO<br />

A escolha a<strong>de</strong>quada da terapia nutricional ao paciente<br />

enfermo auxilia no tratamento clínico, melhora o prognóstico<br />

e evita complicações 1 . Existe também uma relação direta com<br />

o estado nutricional do paciente 2 .<br />

A <strong>de</strong>snutrição é frequentemente observada em hospitalizados<br />

3,4 e está relacionada tanto com as patologias como com<br />

a prescrição dietética aplicada. Este estado nutricional po<strong>de</strong><br />

afetar a evolução clínica do paciente 5 , aumentando o tempo <strong>de</strong><br />

permanência hospitalar 6 , incidência <strong>de</strong> infecções 7 , aumento da<br />

morbi-mortalida<strong>de</strong> 8,9 e outras complicações 9 .<br />

No Brasil 1,2 e <strong>de</strong>mais países da América Latina 9,10 , a <strong>de</strong>snutrição<br />

hospitalar se faz presente. Este fato se comprova na<br />

pesquisa realizada com 4000 pacientes pelo Inquérito Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) 1 . A pesquisa<br />

revelou que 48,1% dos pacientes apresentavam-se <strong>de</strong>snutridos<br />

e que, <strong>de</strong>stes, 12,5% eram <strong>de</strong>snutridos graves. Com relação à<br />

terapia nutricional, apenas 7,3% dos pacientes recebiam algum<br />

tipo <strong>de</strong> tratamento nutricional e 6,1 % <strong>de</strong>stes foi por <strong>Nutrição</strong><br />

<strong>Enteral</strong> 1 . Outro estudo realizado na América Latina com mais<br />

<strong>de</strong> 9000 pacientes mostrou que cerca <strong>de</strong> 50% dos pacientes<br />

estavam <strong>de</strong>snutridos, <strong>de</strong>stes 11% apresentavam estado grave<br />

e foi utilizado em apenas 8,8% dos internados algum tipo <strong>de</strong><br />

terapia nutricional 9 .<br />

Além dos países menos <strong>de</strong>senvolvidos, a <strong>de</strong>snutrição po<strong>de</strong><br />

ser encontrada em locais como Estados Unidos, União Europeia<br />

e Reino Unido, como <strong>de</strong>monstrou uma pesquisa realizada<br />

no período <strong>de</strong> 1970 a 1990 na qual <strong>de</strong>tectou-se em 50% dos<br />

hospitalizados algum nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição 11 . Muitos trabalhos<br />

<strong>de</strong>monstram incidência <strong>de</strong> risco nutricional em outros países<br />

da América do Norte e da Europa 12 <br />

o tratamento dietoterápico a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong> melhorar o estado<br />

clínico do paciente, evitar <strong>de</strong>snutrição e diminuir complicações 1 .<br />

Por todos esses motivos, sabe-se que o uso da terapia<br />

nutricional enteral é bastante indicado em inúmeros casos,<br />

principalmente porque a nutrição enteral mantém a integrida<strong>de</strong><br />

da mucosa intestinal 13 <br />

e reduz infecções 14 .<br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição e também possui ação direta no processo da pato-<br />

<br />

na encefalopatia hepática e em outras doenças do trato digestório<br />

12 . Outros benefícios são evi<strong>de</strong>nciados na administração da<br />

NE, como fornecimento <strong>de</strong> nutrientes completos, utilização do<br />

sistema porta, reforço na barreira da mucosa intestinal e redução<br />

na formação <strong>de</strong> bactérias oportunistas no intestino <strong>de</strong>lgado 15,16 .<br />

<br />

do tempo <strong>de</strong> internação 17 .<br />

A prescrição dietética da NE precisa ser direcionada às<br />

Ms.Vanessa Taís Nozaki<br />

-<br />

<br />

<br />

energía fueron a 1593,5 ± 481Kcal/dia y el promedio <strong>de</strong> recomendaciones 2138,4 ± 406,1<br />

kcal / día. Conclusión: Los requisitos y la aportación <strong>de</strong> calorías no llegó a las recomendaciones<br />

propuestas, y se encontró con la malnutrición en los pacientes.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />

144<br />

necessida<strong>de</strong>s nutricionais <strong>de</strong> cada paciente e ao seu estado<br />

nutricional 18 . É necessário haver preocupação com a evolução do<br />

tratamento durante a internação, essa progressão precisa atingir<br />

as necessida<strong>de</strong>s gradativamente até que o paciente consuma<br />

quantida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> nutrientes. No entanto, observa-se que<br />

<br />

<strong>de</strong> nutrientes 18-21 .<br />

Este estudo teve como objetivo analisar os requerimentos<br />

cional<br />

enteral.<br />

MÉTODOS<br />

Este estudo foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Maringá (UEM) (Registro número 203/2004)<br />

e todos os pacientes ou responsáveis assinaram o termo <strong>de</strong><br />

consentimento e livre esclarecido. Fizeram parte da amostra<br />

72 pacientes em uso <strong>de</strong> terapia nutricional enteral (TNE),<br />

internados em quatro hospitais gerais, sendo três na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Maringá (PR) e outro no município <strong>de</strong> Sarandi-Paraná (Brasil).<br />

Os critérios <strong>de</strong> inclusão foram: ida<strong>de</strong> igual ou maior que 18<br />

anos; em uso <strong>de</strong> NE entre o quinto e o décimo dia <strong>de</strong> evolução<br />

(tempo recomendado para que a terapia já tenha alcançado as<br />

necessida<strong>de</strong>s nutricionais); o uso apenas <strong>de</strong> NE total (excluindose<br />

pacientes com nutrição oral e/ou parenteral).<br />

Pacientes com e<strong>de</strong>ma e/ou impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aferição das<br />

medidas antropométricas foram excluídos da amostra.<br />

Os dados analisados foram: sexo, ida<strong>de</strong>, diagnóstico clínico,<br />

prescrição dietética, oferta da dieta, volume da dieta/dia, calorias/dia,<br />

tempo <strong>de</strong> evolução da dieta, tempo para iniciar o TNE,<br />

período <strong>de</strong> internação, evolução clínica (óbito e alta), uso <strong>de</strong><br />

NE após alta.<br />

Utilizou-se para cálculo do gasto energético basal (GEB) as<br />

equações propostas por Harris e Benedict 22 e para o gasto energético<br />

total (GET) optou-se pelos fatores <strong>de</strong> lesão e ativida<strong>de</strong><br />

propostos por Long et al. 23 .<br />

Os dados referentes à antropometria foram coletados no<br />

cional<br />

<strong>de</strong>sses pacientes o Índice <strong>de</strong> Massa Corpórea (IMC), a<br />

Prega Cutânea Tricipital (PCT) e a Área Muscular do Braço<br />

(AMB). Foram aplicados para os pacientes <strong>de</strong> 18 a 65 anos os<br />

parâmetros propostos por Frisancho 24 , nos quais os pontos <strong>de</strong><br />

corte adotados foram consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados entre os percentis<br />

15 a 75 para a PCT e acima do p15 para AMB. Para avaliar o<br />

<br />

Saú<strong>de</strong> (OMS) 25 . Para os pacientes acima <strong>de</strong> 65 anos adotou-se<br />

os parâmetros <strong>de</strong> Chumlea et al. 26 , em que foram consi<strong>de</strong>rados<br />

a<strong>de</strong>quados os pacientes que apresentaram IMC e PCT entre os<br />

percentis 5 a 95 e para o AMB acima do percentil 5.<br />

Para analisar os dados foram aplicados “Teste t Stu<strong>de</strong>nt”


p


uma prescrição energética abaixo da recomendação, entretanto no<br />

grupo <strong>de</strong> Óbitos, houve 50% com a prescrição energética abaixo<br />

<strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação calórica (em relação à recomendação). No<br />

grupo NE, observou-se que 57% tiveram uma prescrição entre<br />

60% a 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação e apenas 30,7% tiveram a<strong>de</strong>quação<br />

que 100%. No grupo NO, 47,9% tiveram calorias prescritas acima<br />

<strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação, no entanto, também foi o maior grupo com<br />

a prescrição abaixo <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação (30% da amostra).<br />

FIGURA 1<br />

Observando-se a infusão das dietas enterais (Figura 2),<br />

po<strong>de</strong>-se averiguar que 40,90% dos pacientes do grupo <strong>de</strong> Óbitos<br />

consumiram menos que 50% das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminadas<br />

ou do Gasto Energético Total (GET). No grupo <strong>de</strong> NE 43,47%<br />

consumiram 51% a 70% do GET e NO 33,33% consumiram<br />

também 51% a 70% do GET.<br />

FIGURA 2<br />

Houve uma correlação mo<strong>de</strong>rada entre a prescrição energética<br />

e o estado nutricional, <strong>de</strong>tectado por meio das variáveis PESO<br />

e AMB. Dessa forma, acredita-se que quanto menor a energia<br />

<br />

Com relação à evolução do tratamento, levou-se em consi<strong>de</strong>-<br />

<br />

com NE) e também as alterações nas prescrições do volume e das<br />

calorias prescritas <strong>de</strong> NE. Po<strong>de</strong>-se averiguar que das prescrições<br />

<br />

primeiro ao último dia <strong>de</strong> utilização da TNE, po<strong>de</strong>ndo constatar que<br />

não houve evolução nesse tratamento. Das prescrições (45,83%)<br />

que aumentaram o valor calórico no <strong>de</strong>correr do tratamento, apenas<br />

30,3% (10 hospitalizados) atingiram as recomendações.<br />

DISCUSSÃO<br />

Na amostra estudada observou-se que o período médio <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

Couto et al. 19 encontraram um período <strong>de</strong> internação médio <strong>de</strong> 13<br />

20 utilizaram a terapia nutricional enteral<br />

Ms.Vanessa Taís Nozaki<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />

146<br />

21 .<br />

No estudo em questão <strong>de</strong>tectou-se alta correlação entre os<br />

períodos <strong>de</strong> internação e <strong>de</strong> utilização da NE, pois quanto mais<br />

<br />

Talvez pelo fato <strong>de</strong> que quanto maior o período <strong>de</strong> internação,<br />

maior também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco nutricional e consequentemente<br />

eleva-se o tempo da utilização da nutrição pela<br />

via enteral. Watanabe et al. 17 comprovaram que a NE diminui o<br />

tempo <strong>de</strong> internação, quando a mesma é iniciada precocemente<br />

(até 72 horas após a lesão) 27 . No entanto, constatou-se nessa<br />

pesquisa que o tempo médio para introdução da NE após a lesão<br />

<br />

<br />

que os pacientes estavam com peso aquém <strong>de</strong> outros trabalhos.<br />

Vasconcelos & Tirapegui 16 <br />

28 29 . O IMC<br />

<br />

mesmo assim um gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> pacientes apresentou baixo<br />

peso 37% e em maior prevalência no gênero feminino. Petros &<br />

Engelmann 28 encontraram apenas 6,9% com IMC abaixo <strong>de</strong> 18,5<br />

30 <br />

e Vasconcelos & Tirapegui 16 21 também<br />

encontraram gran<strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, sendo 17,6% <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>snutrição leve, 11,8% mo<strong>de</strong>rada e 26,5% grave.<br />

A <strong>de</strong>snutrição também esteve presente nas mulheres <strong>de</strong><br />

acordo com a PCT e dos avaliados, 55,55% estavam <strong>de</strong>snutridos,<br />

sendo mais representativo nos homens, quando analisada a<br />

AMB. Dessa forma, po<strong>de</strong>-se perceber que a <strong>de</strong>snutrição hospitalar<br />

foi bastante encontrada nesse estudo, já que a maioria das<br />

mulheres <strong>de</strong>monstrou perda <strong>de</strong> gordura corporal e os homens<br />

<strong>de</strong> massa muscular, sendo essas as principais características da<br />

<strong>de</strong>snutrição protéico-energética 31 . Esse dado é <strong>de</strong> suma importância,<br />

pois na maioria dos prontuários médicos não havia dados<br />

relacionados à antropometria e em 100% dos casos o estado<br />

nutricional dos pacientes não apareciam anotados. Caso esses<br />

dados fossem <strong>de</strong> conhecimento da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o tratamento<br />

nutricional po<strong>de</strong>ria ser alterado e adaptado aos riscos nutricionais.<br />

Figura 1. A<strong>de</strong>quação energética das prescrições por grupo <strong>de</strong> pacientes Figura 2. A<strong>de</strong>quação energética da dieta infundida em relação<br />

às necessida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas.<br />

Óbitos: indivíduos falecidos<br />

NE: indivíduos que estavam com <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong><br />

NO: indivíduos em <strong>Nutrição</strong> Oral<br />

NO: indivíduos que estavam com <strong>Nutrição</strong> Oral<br />

NE: indivíduos em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong>


18 . É<br />

muito importante que sejam adotados métodos rotineiramente<br />

ciation<br />

for <strong>Parenteral</strong> and <strong>Enteral</strong> Nutrition (BAPEN) recomenda<br />

que todos os pacientes sejam avaliados na admissão hospitalar<br />

e em intervalos frequentes durante o período <strong>de</strong> internação 32 .<br />

A prescrição médica foi avaliada e comparada às recomendações<br />

energéticas dos pacientes. Na análise <strong>de</strong> energias, foi encon-<br />

<br />

<strong>de</strong>monstrando que realmente houve ina<strong>de</strong>quação na prescrição <strong>de</strong><br />

calorias. Gentona et al. 30 <br />

energética em comparação aos cálculos <strong>de</strong> recomendações e em<br />

diversos estudos esse fato também foi observado 19,20 .<br />

<br />

se por avaliar quantos pacientes tiveram óbito na internação, alta<br />

hospitalar com a alimentação por via enteral (NE) e também os que<br />

obtiveram alta com nutrição oral (NO). Os óbitos foram presentes<br />

em 30,55% dos indivíduos, sendo consi<strong>de</strong>rada uma mortalida<strong>de</strong><br />

<br />

al. 20 encontraram 29% , Silva et al. 21 30% e, em outro estudo, o<br />

índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> foi menor 21% 16 . Alta com <strong>Nutrição</strong> Oral<br />

neste estudo foram <strong>de</strong> 37,5% e em dois estudos <strong>de</strong>tectou-se 18% 20<br />

e 26,6% 21 . Alta com continuida<strong>de</strong> da terapia nutricional enteral foi<br />

20 .<br />

As prescrições <strong>de</strong> aporte calórico foram avaliadas entre os<br />

<br />

uma prescrição acima <strong>de</strong> 80% do GET, seguida do grupo <strong>de</strong> NO<br />

(47,8%). Adam et al. 33 <strong>de</strong>tectaram que 75% a 96% das prescrições<br />

dos pacientes estavam entre 76% a 102% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação do GET.<br />

Outros <strong>de</strong>tectaram valores em torno <strong>de</strong> 78% a 90% do GET 34 .<br />

O percentual <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação da dieta infundida em relação<br />

<br />

NO teve o maior consumo <strong>de</strong> calorias em relação aos <strong>de</strong>mais<br />

grupos (> 90% do GET), <strong>de</strong>monstrando que provavelmente essa<br />

correta prescrição e administração das energias possibilitaram<br />

um prognóstico melhor. Em contrapartida, nenhum paciente do<br />

grupo <strong>de</strong> óbitos consumiu dieta com valores calóricos maiores<br />

que 90% do GET. Diversos estudos existem focando a infusão<br />

<strong>de</strong> calorias. Na maioria <strong>de</strong>stes observa-se consumo energético<br />

entre 65% a 80% do proposto 19,20,34 . Há bastante discussão<br />

em torno da quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> energias que <strong>de</strong>vem ser<br />

ofertadas ao paciente, principalmente o hospitalizado grave.<br />

Alguns autores seguem a linha <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ocorrer uma hiperalimentação<br />

e o prognóstico do paciente po<strong>de</strong> não ser o melhor.<br />

Outros estudos apontam que é necessário suprir as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> energia, conforme calculado pelas equações propostas por<br />

Harris e Benedict 22 , Couto et al. 19 e McClave et al. 34 ou por 25<br />

20,34 . Uma das suposições para que se ofereça<br />

uma dieta normocalórica ou hipercalórica é para que se possa<br />

prevenir catabolismo protéico em pacientes graves 19 . Uma das<br />

consequências da baixa ingestão <strong>de</strong> calorias é a <strong>de</strong>snutrição e<br />

todas as implicações que a mesma possa acarretar ao hospitalizado<br />

6 . Entretanto, a teoria <strong>de</strong> que uma baixa oferta <strong>de</strong> energia<br />

seria necessária para evitar o aumento da termogênese e da<br />

35 . Po<strong>de</strong>-se supor, também, que o<br />

paciente não tolere consumir o total <strong>de</strong> energia proposto por<br />

diversas complicações clínicas 20 <br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />

147<br />

houve melhor prognóstico nos pacientes com consumo <strong>de</strong> 35%<br />

a 65% das recomendações 19 .<br />

As <strong>de</strong>ficiências nas prescrições <strong>de</strong> calorias po<strong>de</strong>m ser<br />

pelos motivos citados acima e também pela própria falta <strong>de</strong><br />

conhecimento das necessida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong> cada paciente e do<br />

estado nutricional dos mesmos 2 . Nesse caso, po<strong>de</strong>-se dizer que<br />

exista negligência nas prescrições nutricionais 19 . A falta <strong>de</strong><br />

conhecimento sobre as necessida<strong>de</strong>s nutricionais ocorre, pois<br />

<br />

nas disciplinas <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> 15,36 . Spain et al. 37 <strong>de</strong>tectaram que a<br />

prescrição <strong>de</strong> energia aumentou <strong>de</strong> 66% para 82% do GET com<br />

<br />

<br />

médicas po<strong>de</strong> ocorrer por escassez <strong>de</strong> conhecimento e falta <strong>de</strong><br />

estabelecimento <strong>de</strong> rotinas nas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

CONCLUSÃO<br />

<br />

maiorias das prescrições não estavam condizentes com os<br />

<br />

<br />

uma frequência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição mostrou-se presente, principalmente<br />

em gordura corporal, avaliada por meio da PCT (em<br />

mulheres) e no gênero masculino na massa magra, analisada<br />

por meio da AMB.<br />

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<strong>Artigo</strong> Original<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Unitermos<br />

<br />

<br />

Key words:<br />

<br />

<br />

Unitérminos<br />

<br />

<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Data <strong>de</strong> submissão: <br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: <br />

1 - Nutricionista da EMTN do Hospital Esperança/PE;<br />

Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pela UFPE;<br />

Especialista em Alimentos Funcionais na Prática<br />

Clínica pela CVPE.<br />

2 - Coor<strong>de</strong>nadora e Nutricionista da EMTN/HC/UFPE;<br />

Doutora e Mestre em <strong>Nutrição</strong> pela UFPE;<br />

Especialista em Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong> e<br />

<strong>Parenteral</strong> pela SBNPE; Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />

Clínica pela ASBRAN.<br />

3 - Nutricionista Resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Doenças Infecto<br />

e Parasitárias do Hospital das Clínicas/UFPE.<br />

REsUmo<br />

objetivo<br />

métodos<br />

<br />

<br />

Resultados<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Conclusão<br />

<br />

AbstRACt<br />

objective<br />

methods<br />

<br />

<br />

<br />

Results<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Conclusion<br />

<br />

REsUmEn<br />

objetivo<br />

métodos<br />

<br />

<br />

<br />

Resultados<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

149


INTRODUÇÃO<br />

O câncer é uma doença crônico-<strong>de</strong>generativa conhecida<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros relatos da humanida<strong>de</strong>, sendo mais estudada<br />

no último século 1 . Dados epi<strong>de</strong>miológicos publicados<br />

pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer (INCA) mostraram 466.730<br />

casos para o ano <strong>de</strong> 2008, sendo 18.040 em Pernambuco, e a<br />

Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) estima que, até o ano<br />

2020, aproximadamente 20 milhões <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> câncer<br />

surgirão a cada ano, sendo que 70% <strong>de</strong>stes portadores estarão<br />

vivendo em países com menos <strong>de</strong> 5% dos recursos <strong>de</strong>stinados<br />

a controlar a doença 2 .<br />

Portadores <strong>de</strong> neoplasias apresentam, frequentemente, o<br />

estado nutricional (EN) comprometido, levando a consequências<br />

negativas para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sobrevida, nas quais a perda<br />

<strong>de</strong> peso e a <strong>de</strong>snutrição constituem achados comuns em aproximadamente<br />

80% dos pacientes durante o curso da doença 3 .<br />

A <strong>de</strong>snutrição possui causas multifatoriais associadas à própria<br />

doença e/ou tratamento e, quando associada às manifestações<br />

metabólicas, é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> caquexia 4,5 .<br />

O diagnóstico e tratamento da <strong>de</strong>snutrição tornam-se primordiais<br />

à medida que esta se associa com a maior frequência <strong>de</strong><br />

complicações, menor velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cicatrização, maiores taxas<br />

<strong>de</strong> infecção, maior morbimortalida<strong>de</strong> em menor período <strong>de</strong><br />

tempo, contribuindo para uma maior permanência hospitalar e<br />

dispêndio <strong>de</strong> recursos 5 .<br />

Neste sentido, a avaliação nutricional (AN) torna-se uma<br />

<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>snutrição e/ou <strong>de</strong>ficiência específica <strong>de</strong><br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição e auxiliar na monitorização da a<strong>de</strong>quação da Terapia<br />

Nutricional (TN) empregada 6 .<br />

Dentre as formas <strong>de</strong> TN, a Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong><br />

(TNE) tem se tornado a mais utilizada no cuidado <strong>de</strong> pacientes<br />

hospitalizados 7 , muitas vezes responsável pela melhora no<br />

curso e prognóstico <strong>de</strong> indivíduos com ingestão alimentar oral<br />

ina<strong>de</strong>quada e/ou <strong>de</strong>snutrição 8 .<br />

Consi<strong>de</strong>rando a elevada incidência da DEP em pacientes<br />

oncológicos e a utilização frequente da TNE como intervenção<br />

<br />

<br />

complicações, <strong>de</strong> forma a manter ou recuperar o estado nutri-<br />

<br />

<br />

câncer submetidos à TNE internados no Hospital das Clínicas<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco (HC/UFPE).<br />

MÉTODOS<br />

Este estudo foi caracterizado como transversal, envolvendo<br />

pacientes adultos, <strong>de</strong> ambos os sexos, com diagnóstico <strong>de</strong> câncer<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Conclusión<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

150<br />

sob TNE exclusiva por um período <strong>de</strong> 7 a 10 dias, internados<br />

nas enfermarias <strong>de</strong> clínica médica e cirúrgica do HC/UFPE,<br />

após aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética para Pesquisa em Humanos<br />

da UFPE. Foram excluídos do estudo pacientes terminais; sem<br />

diagnóstico histológico; com terapia nutricional parenteral ou<br />

que receberam nutrição enteral em internamentos recentes e<br />

aqueles sem condições <strong>de</strong> tomadas das medidas antropométrica<br />

<strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> referência internacional.<br />

Os pacientes foram submetidos à avaliação antropométrica, por<br />

<br />

(IMC) segundo WHO 9 , Circunferência Muscular do Braço (CB),<br />

Circunferência Muscular Braquial (CMB), Prega Cutânea do<br />

Tríceps (PCT) e Percentual <strong>de</strong> A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> Peso (%PP) pelos<br />

critérios <strong>de</strong> Blackburn & Thornton 10 . Todas essas aferições foram<br />

<br />

O peso corporal do paciente foi aferido após 7-10 dias <strong>de</strong> uso<br />

da NE, utilizando-se uma balança calibrada (Filizola), com capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 150 kg e precisão <strong>de</strong> 100 g, estando o paciente em pé,<br />

no centro da base da balança, <strong>de</strong>scalço e com roupas leves. Para<br />

<br />

posicionando o indivíduo em pé, <strong>de</strong>scalço, com os calcanhares<br />

<br />

As circunferências e PCT foram obtidas com paquímetro da<br />

inextensível, em<br />

centímetros com precisão <strong>de</strong> milímetros através das técnicas<br />

<strong>de</strong> medição proposta por Lohman et al. 11 , utilizando-se a média<br />

<strong>de</strong> três aferições.<br />

Em relação aos parâmetros bioquímicos, foram utilizadas as<br />

dosagens séricas <strong>de</strong> albumina (Valor Referência (VR): 3,5 a 5,2<br />

g/dl), hemoglobina (VR: 12 a 18 g/dl) e hematócrito (VR: 36% a<br />

<br />

mg/dl), creatinina (VR: 0,7 a 1,3 mg/dl, homens; 0,6 a 1,1 mg/dl,<br />

mulheres), sódio (VR: 136 a 145 mEq/L), potássio (VR: 3,5 a 5,1<br />

mEq/L), utilizadas na rotina do serviço e dosadas no HC/UFPE.<br />

Os pacientes receberam TNE exclusiva mediante qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> impedimento do consumo a<strong>de</strong>quado das necessida<strong>de</strong>s<br />

nutricionais diárias, na presença do trato gastrointestinal funcionante,<br />

iniciando com um volume <strong>de</strong> 100 ml quando localização<br />

gástrica e 50 ml se na posição nasoenteral por fase, sendo administrada<br />

<strong>de</strong> forma gravitacional e intermitente (3/3 horas). A<br />

dieta oferecida foi industrializada, líquida ou reconstituída, com<br />

oferta calórico-protéica <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s individuais<br />

e recomendações propostas por Bloch & Charuchas 12 .<br />

A análise dos dados foi realizada por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

estatística <strong>de</strong>scritiva e inferencial; com a <strong>de</strong>scritiva compreen<strong>de</strong>ndo<br />

distribuições absolutas e percentuais e a inferencial, teste<br />

<strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> proporções ou <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>, teste Quiquadrado<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência ou o teste Exato <strong>de</strong> Fisher quando<br />

as condições para utilização do teste Qui-quadrado não foram


<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> variâncias foi realizada utilizando-se o teste<br />

<br />

RESULTADOS<br />

A amostra foi constituída <strong>de</strong> 39 pacientes, todos com critérios<br />

<strong>de</strong> inclusão na pesquisa, com ida<strong>de</strong>s variando entre 29 e<br />

59 anos e média <strong>de</strong> 50,20 ± 8,05 anos, havendo predomínio do<br />

sexo masculino (69,2%).<br />

Quanto à localização do tumor, observou-se que 64,1%<br />

acometiam o trato gastrointestinal, prevalecendo as neoplasias<br />

<strong>de</strong> esôfago (35,9%) e estômago (25,6%).<br />

tabela 1<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

tabela 2<br />

<br />

medidas total Desnutrição<br />

Antropométricas n %<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

151<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se as características da dieta, 51,5% (20)<br />

utilizaram dieta hipercalórica/hiperprotéica, 6,1% (2) receberam<br />

dieta normocalórica/normoprotéica, 27,3% (11) normocalórica/<br />

<br />

9,1% (4) dieta semi-elementar.<br />

Durante o período avaliado, observou-se que apenas 20,5%<br />

apresentaram alguma intercorrência do trato gastrointestinal<br />

(TGI), e, <strong>de</strong>ntre elas, a diarréia, constipação e náusea foram as<br />

mais comuns e apresentaram a mesma frequência (25%).<br />

<br />

UFPE-2006)<br />

Tabela 2 - Prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição segundo diferentes<br />

medidas antropométricas (HC/UFPE-2006).<br />

Tabela 3 - Associação das medidas antropométricas segundo<br />

o sexo (HC/UFPE-2006).<br />

Tabela 4 - Parâmetros bioquímicos segundo o sexo (HC/<br />

UFPE-2006).<br />

Tabela 5 – A<strong>de</strong>quação da dieta <strong>de</strong> acordo com o sexo (HC/<br />

UFPE-2006).<br />

DISCUSSÃO<br />

Os dados obtidos mostraram um predomínio <strong>de</strong> indivíduos<br />

do sexo masculino (69,2%), com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50,2 anos. Men<strong>de</strong>s<br />

et al. 13 e Pérez et al. 14 <br />

homens, 61,9% e 77,8% respectivamente, ao estudarem TNE<br />

em pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> câncer, po<strong>de</strong>ndo ter relação<br />

com a maior exposição aos fatores <strong>de</strong> risco.<br />

Em relação à localização do tumor, as neoplasias que<br />

envolvem o TGI foram as mais observadas, predominando<br />

as <strong>de</strong> esôfago (35,8%) e estômago (25,6%), o que po<strong>de</strong> ser<br />

<br />

escolha nessas situações e pelo fato da pesquisa ter sido realizada<br />

num local <strong>de</strong> referência para essas afecções em Pernambuco.<br />

Diferentemente, Wu & Liu 15 , investigando TNE em pacientes<br />

neoplásicos com envolvimento do TGI, encontraram maior<br />

percentual <strong>de</strong> câncer em localização gástrica (52,8%).<br />

tabela 3 <br />

medidas Antropométricas masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />

média ± DP(1) média ± DP(1) média ± DP(1)


Diversos estudos <strong>de</strong>monstram a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<br />

nestes pacientes com percentuais variados <strong>de</strong> incidência, 30%<br />

a 90% dos casos 16 , <strong>de</strong> forma que se torna relevante o conhecimento<br />

<strong>de</strong>ssa incidência em nossa realida<strong>de</strong>. Dias 17 e Waitzberg 18<br />

observaram um percentual entre 30% e 50% <strong>de</strong> DEP em câncer<br />

<strong>de</strong> cabeça e pescoço na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Enquanto Melo et<br />

al. 19 , utilizando o IMC para estabelecer o EN, encontraram 72%<br />

<br />

(57,6%); porém <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que o IMC, mesmo sendo<br />

um parâmetro bastante utilizado pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção das<br />

medidas e baixo custo, sofre interferência <strong>de</strong> diversos fatores<br />

incluindo os distúrbios hidroeletrolíticos e estágio da doença.<br />

A <strong>de</strong>snutrição <strong>de</strong> grau mo<strong>de</strong>rado esteve presente em 28,7% e a<br />

grave em 17,2% dos pacientes oncológicos, <strong>de</strong>ntre uma amostra<br />

<strong>de</strong> 235 pessoas estudadas por Wu & Liu 15 , on<strong>de</strong> todos se encontravam<br />

submetidos à TNE. Em estudo multicêntrico realizado<br />

por Grau & Bonet 20 , utilizando uma amostra <strong>de</strong> 544 pacientes<br />

com diferentes diagnósticos e submetidos à TNE, apenas 18,2%<br />

apresentaram algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição. Este achado reforça o<br />

fato <strong>de</strong> que as neoplasias se encontram entre as patologias que<br />

mais causam <strong>de</strong>pleção nutricional.<br />

<br />

tabela 4<br />

Parâmetros bioquímicos masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />

média ± DP(1) média ± DP(1) média ± DP(1)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

tabela 5 <br />

Variável masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />

média ± DP(1) média ± D(1)P média ± DP(1)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

152<br />

Em 2006, Maio et al. 21 , <br />

13 pacientes com neoplasia <strong>de</strong> cabeça e pescoço, observaram<br />

valores abaixo da referência para esses parâmetros em 53,8%<br />

<br />

<br />

e com valores semelhantes, atingindo 71% e 75% dos pacientes,<br />

<br />

quanto adiposas importantes.<br />

A avaliação laboratorial contribui no diagnóstico da DEP<br />

subclínica ou marginal, permitindo a correção <strong>de</strong> problemas<br />

nutricionais em estágios iniciais. Entretanto, na neoplasia<br />

<br />

<br />

da massa tumoral e alterações hormonais consequentes do<br />

tratamento ou síndromes paraneoplásicas 22 . Os testes mais<br />

utilizados nos gran<strong>de</strong>s centros são: a dosagem plasmática <strong>de</strong><br />

transferrina, pré-albumina, proteína transportadora <strong>de</strong> retinol,<br />

e creatinina urinária. No entanto, estas possuem alto custo<br />

<br />

hospitalar <strong>de</strong> órgãos públicos, a albumina sérica é bastante<br />

utilizada frente ao reduzido custo 16 . O número <strong>de</strong> trabalhos com


23 e<br />

Peréz et al. 14 uma albumina baixa em pacientes oncológicos com<br />

TNE, sendo <strong>de</strong>monstrado valores <strong>de</strong> 1,7 g/dL e 2,48 g/dL. Em<br />

concordância com estes resultados, observou-se, nos pacientes<br />

<br />

homens (2,86 g/dL) quando comparado com as mulheres (3,01<br />

<br />

estas diferenças. A terapia antineoplásica po<strong>de</strong> acarretar diversas<br />

alterações, <strong>de</strong>ntre elas as bioquímicas, sendo comum a anemia e<br />

a <strong>de</strong>snutrição protéica 24 , sugerindo ser uma possível causa <strong>de</strong>ssas<br />

alterações neste estudo. A glicemia elevada, observada em 30,6%<br />

<br />

<br />

doenças metabólicas, sendo ainda questionado o cumprimento do<br />

<br />

Analisando-se o tipo da dieta empregada, segundo Alva et<br />

al. 23 , as fórmulas semi-elementares foram as mais utilizadas<br />

(40%), seguidas das hipercalóricas (44,4%). Peréz et al. 14<br />

<br />

seguidas das ricas em fibras (10,1%) e fórmulas padrões<br />

(normocalóricas/normoprotéicas) (5,7%). Os dados <strong>de</strong>ste estudo<br />

mostraram maior utilização <strong>de</strong> dieta com característica hipercalórica/hiperprotéica<br />

(51,5%) e <strong>de</strong> fórmula padrão (27,3%),<br />

enquanto que 9,15% necessitaram <strong>de</strong> dieta oligomérica e apenas<br />

calóricas/hiperprotéicas<br />

po<strong>de</strong>rá ser explicado pela necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> serem atingidas as necessida<strong>de</strong>s nutricionais estimadas, visto<br />

que pacientes oncológicos necessitam <strong>de</strong> um aporte calórico e<br />

lismo<br />

próprio da doença.<br />

As necessida<strong>de</strong>s calórico-protéicas foram <strong>de</strong> 2149,5 Kcal e<br />

92,05 g <strong>de</strong> proteínas para o sexo masculino e <strong>de</strong> 1947,5 Kcal e<br />

83,4 g <strong>de</strong> proteína para o sexo feminino, com média <strong>de</strong> 2088,3<br />

Kcal e 94,5 g <strong>de</strong> proteína, corroborando com os achados <strong>de</strong> Alva<br />

et al. 22 , que observaram uma oferta <strong>de</strong> 2434,0 Kcal e a<strong>de</strong>quação<br />

<strong>de</strong> 100% das calorias e <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> proteínas. Ao se analisar a<br />

a<strong>de</strong>quação da dieta do presente trabalho, <strong>de</strong>tectou-se que toda a<br />

amostra recebeu aporte a<strong>de</strong>quado para cobrir suas necessida<strong>de</strong>s<br />

ciado<br />

pelo reduzido número <strong>de</strong> complicações ocorridas (20,5%).<br />

Por outro lado, Melo et al. 19 , em estudo prospectivo <strong>de</strong> pacientes<br />

com TNE no pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> cabeça e pescoço,<br />

<br />

proteínas, com a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> 70,9% e 75,1% respectivamente.<br />

A TNE é consi<strong>de</strong>rada uma das melhores alternativas <strong>de</strong><br />

provisão <strong>de</strong> nutrientes, porém <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a frequência<br />

<strong>de</strong> complicações mencionadas na literatura. Dentre elas<br />

estão as gastrointestinais, as mecânicas e as metabólicas 25 .<br />

As gastrointestinais incluem a constipação, náuseas, vômitos,<br />

distensão abdominal e diarréia, consi<strong>de</strong>rada a principal <strong>de</strong>las,<br />

sendo responsável por 5% a 30% das intercorrências. Uma das<br />

causas mais frequentes <strong>de</strong> diarréia refere-se ao uso <strong>de</strong> algumas<br />

medicações, hipoalbuminemia, contaminação da fórmula enteral<br />

e infusão rápida da dieta, intolerância a algum componente da<br />

fórmula ou infecção da dieta e/ou equipo 7,26 .<br />

No que se refere a essas manifestações, apenas 25% dos<br />

pacientes apresentaram diarréia, com igual incidência para a<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

153<br />

constipação e náusea; provavelmente pelo número reduzido<br />

da amostra. Deve-se consi<strong>de</strong>rar que a administração da dieta<br />

<br />

na ocorrência <strong>de</strong> diarréia. Esta também foi a intercorrência<br />

mais observada por Dantas & Paiva 27 , acometendo 16% dos<br />

pacientes, seguindo-se da estase gástrica (5%), constipação<br />

(1,2%) e vômitos (1,2%). Um maior percentual <strong>de</strong> pacientes<br />

(69%) sem alterações foi observado por Melo et al. 19 , estando<br />

em concordância com o presente estudo (79,5%).<br />

<br />

<br />

dietoterápico a<strong>de</strong>quados aos sintomas, catabolismo da doença<br />

e necessida<strong>de</strong>s individuais, visto que a TNE é comumente<br />

empregada no pré-operatório, pós-operatório ou ainda no curso<br />

da doença, como a melhor forma <strong>de</strong> prover nutrientes para a<br />

manutenção ou recuperação do estado nutricional.<br />

CONCLUSÃO<br />

O EN dos pacientes adultos oncológicos, principalmente<br />

do estômago e esôfago, que receberam TNE por 7-10 dias,<br />

mostrou-se variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do parâmetro antropomé-<br />

<br />

<br />

bioquímico não mostraram relação com o sexo, <strong>de</strong>vendo-se ser<br />

atribuídas à DEP, terapêutica empregada e progressão tumoral.<br />

Estes dados constaram uma baixa freqüência <strong>de</strong> intercorrências<br />

<br />

nos resultados positivos da TN, associado ainda à a<strong>de</strong>quada<br />

oferta calórico-protéica.<br />

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Local <strong>de</strong> realização do trabalho: ????????????????????????????????<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />

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26. Echenique M, Correia MITD. Avances em suporte nutricional <strong>de</strong>l paciente crítico.<br />

Rev Bras Nutr Clin. São Paulo. 1998;13(3):221-7.


Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />

<strong>Artigo</strong> Original<br />

Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem<br />

em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />

diarréias após treinamento.<br />

Analysis of registration of stools by the nurses team in patients on enteral nutrition (EN): reduction of re-<br />

gistration of diarrhea after training course.<br />

Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição<br />

enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />

Unitermos<br />

Diarréia. <strong>Nutrição</strong> enteral. Equipe <strong>de</strong> enfermagem.<br />

Registros.<br />

Key words:<br />

Diarrhea. <strong>Enteral</strong> nutrition. Nurses. Registration.<br />

Unitérminos<br />

Diarrea. Nutricíon enteral. Equipo <strong>de</strong> enfermería.<br />

Registros.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

nononononononononononononono<br />

nononononononononononononono<br />

nononononononononononononono<br />

nononononononononononononono<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 13/07/2009<br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 03/09/2009<br />

1 - Nutricionista da EMTN do Hospital Esperança/PE;<br />

Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pela UFPE;<br />

Especialista em Alimentos Funcionais na Prática<br />

Clínica pela CVPE.<br />

2 - Coor<strong>de</strong>nadora e Nutricionista da EMTN/HC/UFPE;<br />

Doutora e Mestre em <strong>Nutrição</strong> pela UFPE;<br />

Especialista em Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong> e<br />

<strong>Parenteral</strong> pela SBNPE; Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />

Clínica pela ASBRAN.<br />

3 - Nutricionista Resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Doenças Infecto<br />

e Parasitárias do Hospital das Clínicas/UFPE.<br />

REsUmo<br />

objetivo: Comparar os registros <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados, submetidos<br />

à nutrição enteral (NE), antes e após treinamento da equipe <strong>de</strong> enfermagem. métodos:<br />

Foram avaliados os registros <strong>de</strong> diarréia realizados pelas equipes <strong>de</strong> enfermagem, para<br />

estes pacientes, durante 30 dias em dois momentos, antes (G1) e após (G2) treinamento,<br />

<br />

imagens <strong>de</strong> evacuações e mudança na forma <strong>de</strong> registro, com padronização das anotações<br />

(o número <strong>de</strong> evacuações e a quantida<strong>de</strong> estimada). O intervalo entre as coletas foi <strong>de</strong> um<br />

ano. Resultados: No G1 foram observados 40 pacientes (71±17anos; 52,5% homens),<br />

com registro <strong>de</strong> diarréia em 15 pacientes; 1,66+3,2 dias <strong>de</strong> diarréia/paciente. Com base<br />

<br />

<br />

+13,3 anos; 54,1% homens). Foram relatados<br />

+0,27 dias <strong>de</strong> diarréia/paciente. No G1, o número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia foi maior<br />

<br />

entre os dias interpretados pelos técnicos como diarréia e os dias efetivos <strong>de</strong> diarréia entre os<br />

dois grupos (p=0,001). Conclusão: Os autores <strong>de</strong>monstram que a padronização <strong>de</strong> registros<br />

e treinamento da equipe contribuiu para redução <strong>de</strong> diagnósticos equivocados <strong>de</strong> diarréia.<br />

AbstRACt<br />

objective: Adult patients hospitalized, on EM, compare the registration of diarrhea, before and<br />

methods: The registration of diarrhea from<br />

the nurses team were evaluated during 30 days on two moments, before (G1) and after (G2)<br />

<br />

of stools and change on the registrations form (orientation to register the number of stools and<br />

Results: G1 40 patients<br />

were observed (71±17yo; 52,5% male); with registration of diarrhea in 15 patients; 1,66+3,2<br />

<br />

<br />

++0,27<br />

days of diarrhea/patient. G1 had more effective diarrhea days than on the G2, however without<br />

statistic difference. There were statistic difference between the number of patients reported with<br />

diarrhea by the nurses and the effective days of diarrhea on the two groups (p=0,001). Conclu-<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />

155<br />

Magali Kumbier 1<br />

Carla Costa 1<br />

Ana Lia Barreto 1<br />

Ana Rozélia Ramos <strong>de</strong> Abreu 1<br />

Dânia Gonzáles 1<br />

José Vicente Spolidoro 1


INTRODUÇÃO<br />

Diarréia é uma complicação frequente em pacientes em<br />

nutrição enteral (NE), com uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sequelas clínicas<br />

negativas. Em pacientes internados em centro <strong>de</strong> terapia intensiva<br />

<br />

oferta nutricional, início <strong>de</strong> nutrição parenteral e aumento do<br />

período <strong>de</strong> permanência na CTI 1 . Estas diarréias po<strong>de</strong>m causar<br />

alteração <strong>de</strong> líquidos e eletrólitos e a prescrição <strong>de</strong> drogas anti-<br />

2 . Estes fatores levam a estresse<br />

adicional ao paciente e aumentam o custo dos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 3 .<br />

A incidência <strong>de</strong> diarréia em pacientes recebendo NE varia <strong>de</strong> 2% 4<br />

a 95% 5 . Esta gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> resultados é <strong>de</strong>vida a dois principais<br />

fatores: primeiro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a patogênese da diarréia inclui muitas<br />

<br />

<br />

<br />

6 .<br />

Os autores enten<strong>de</strong>m que um trabalho que envolva educação<br />

réia<br />

em pacientes em nutrição enteral, po<strong>de</strong> permitir uma melhora<br />

<br />

por diarréia nestes pacientes. Em estudo (não publicado) realizado<br />

<br />

<strong>de</strong> enfermagem interpretava e anotava se havia ou não diarréia e<br />

<br />

<br />

eram uniformes entre os técnicos <strong>de</strong> enfermagem.<br />

ObjeTIvO geRal<br />

Comparar o registro <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados<br />

no CTI (Centro <strong>de</strong> Terapia Intensiva) adulto e unida<strong>de</strong><br />

neurológica (C1), submetidos à NE, antes e após treinamento<br />

da equipe enfermagem.<br />

Magali Kumbier<br />

sion:<br />

course for the nurses team and the establishment of the pattern of registration.<br />

REsúmEn<br />

objetivo: Comparar los registros <strong>de</strong> diarréa por el equipo <strong>de</strong> enfermeria, en pacientes adultos<br />

internados submetidos a NE, antes y <strong>de</strong>spues <strong>de</strong> su entrenamiento. métodos: Fueron avaliados<br />

los registros <strong>de</strong> diarrea realizados por los equipos <strong>de</strong> enfermería, para estes pacientes durante<br />

30 dias en dos momentos, antes (G1) y <strong>de</strong>spués <strong>de</strong>l entrenamiento (G2), que constaba en<br />

<br />

líquidas por dia), imagenes <strong>de</strong> evacuaciones y cambios en la forma <strong>de</strong> registrar los episodios,<br />

con padronizacion <strong>de</strong> las anotaciones (el número <strong>de</strong> evacuaciones y la cantindad estimada).<br />

El intervalo <strong>de</strong> tiempo entre los dos registros, G1 y G2, fue <strong>de</strong> un año. Resultados: En G1 se<br />

observo 40 pacientes (71±17 años; 52,5% hombres), con registro <strong>de</strong> diarrea en 15 pacientes;<br />

<br />

efectivamente diarrea. Los técnicos en enfermeria <strong>de</strong>scribieron 65 dias/diarrea, pero utilizando<br />

<br />

<br />

G1 el número <strong>de</strong> dias efectivos <strong>de</strong> diarrea fue mayor que en G2, pero sin diferencia estadística.<br />

<br />

por los técnicos como diarrea y los dias efectivos <strong>de</strong> diarrea entre los dos grupos (p= 0,001).<br />

Conclusion: La padronizacíon <strong>de</strong> los registros y el entrenamiento <strong>de</strong>l equipo contribuye para<br />

la reducíon <strong>de</strong>l numero <strong>de</strong> diagnósticos equivocados <strong>de</strong> diarrea.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />

156<br />

ObjeTIvO secUNDáRIO<br />

<br />

MÉTODOs<br />

<br />

<strong>de</strong> sinais vitais pelas equipes <strong>de</strong> enfermagem, relativos aos<br />

pacientes internados com NE na CTI adulto e C1 durante 30<br />

dias em dois momentos: antes (G1) e após (G2) treinamento.<br />

<br />

<br />

<br />

fezes como FL (fezes líquidas); FSL (fezes semi-líquidas); FP<br />

(fezes pastosas) ou FN (fezes normais); registrar o número <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

sem qualquer resíduo sólido. Quando havia grumos em fezes<br />

ainda com gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquidos, eram <strong>de</strong>nominadas<br />

como fezes semi-líquidas. Fezes pastosas seriam quando elas<br />

não eram formadas, mas <strong>de</strong>ixavam conteúdo, não sendo completamente<br />

absorvidas nas fraldas e fezes normais quando eram<br />

formadas. As fezes pastosas, nestes pacientes em NE, não eram<br />

<br />

evacuação <strong>de</strong> fezes líquidas ou semi-líquidas pelo menos três<br />

vezes por dia 7 . A partir do treinamento, os técnicos <strong>de</strong> enfer-<br />

<br />

<br />

ência<br />

<strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>, o intervalo entre as coletas foi <strong>de</strong> um ano.<br />

ResUlTaDOs<br />

Tabela 1 – Dados dos grupos 1 e 2<br />

No G1, dos 15 pacientes interpretados como tendo diarréia


Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />

<br />

nição<br />

<strong>de</strong> diarréia estabelecida, consi<strong>de</strong>ramos que efetivamente<br />

ocorreu diarréia em 10/15 pacientes. Os técnicos <strong>de</strong>screveram<br />

65 dias com diarréia, mas esta efetivamente ocorreu em 18 dias.<br />

No G1 o número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia foi maior que<br />

no G2, mas sem diferença estatística (p=0,5). A única diferença<br />

<br />

técnicos como diarréia e os dias efetivos <strong>de</strong> diarréia entre os<br />

dois grupos (p=0,001).<br />

DIscUssÃO<br />

<br />

recuperar a nutrição em pacientes internados e ambulatoriais 2,8 .<br />

É a forma <strong>de</strong> terapia nutricional preferencial, utilizada com o<br />

objetivo <strong>de</strong> oferecer suporte nutricional a pacientes que têm<br />

<br />

em manter ingestão oral a<strong>de</strong>quada.<br />

Frequentemente a nutrição enteral é responsabilizada pela<br />

ocorrência <strong>de</strong> diarréia, promovendo a diminuição ou troca da<br />

dieta. No entanto, na maioria das vezes não é a dieta a causa<br />

<strong>de</strong> diarréia, visto que as dietas utilizadas normalmente são<br />

<br />

Diarréia é a mudança na frequência, consistência e quan-<br />

<br />

líquidas três ou mais vezes ao dia, ou quantida<strong>de</strong>s maiores ou<br />

iguais a 500 ml <strong>de</strong> fezes por dois dias consecutivos 9 .<br />

gado<br />

em estudo prospectivo com 29 pacientes masculinos<br />

iniciando NE 10 -<br />

<br />

dia), que resultaram numa incidência <strong>de</strong> 72% <strong>de</strong> pacientes,<br />

<br />

dia) que resultaram em incidência <strong>de</strong> 21%. A incidência<br />

também variou positivamente com o número <strong>de</strong> dias em<br />

que o paciente foi monitorado 11 <br />

<br />

<br />

tabela 1 – Dados dos grupos 1 e 2<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />

157<br />

GRUPO 1<br />

(n=40)<br />

GRUPO 2<br />

(n=37)<br />

Duração do estudo (dias) 30 30 NS<br />

Total <strong>de</strong> pacientes internados em NE 40 37 NS<br />

Média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (anos) 71+17 NS<br />

Sexo masculino 21 20 NS<br />

Tempo <strong>de</strong> internação médio (dias) 15,5 +10,2 11,3+9,1 NS<br />

<br />

Número <strong>de</strong> pacientes com registro <strong>de</strong> diarréia pelos técnicos <strong>de</strong> enfermagem 15 6 P=0,001<br />

Média <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> diarréia por paciente segundo os técnicos <strong>de</strong> enfermagem 1,66+3,2 P=0,001<br />

10 6 NS<br />

Número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia 9 NS (P=0,5)<br />

Média <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia por paciente 0,475+1,11 0,243+0,6 NS (P=0,5)<br />

a Dados expressos em média + <strong>de</strong>svio padrão ou “n” ou “%”.<br />

utilizadas. Assim, o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> baseia este diagnóstico<br />

na opinião subjetiva do profissional <strong>de</strong> enfermagem<br />

que acompanha o paciente.<br />

Uma pesquisa com 35 enfermeiros, médicos e nutricionistas<br />

<br />

<br />

<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fezes (p = 0.048), não houve absoluta concordância<br />

quanto à importância <strong>de</strong>stas características entre os diferentes<br />

11 . Em<br />

inspeção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 59 amostras <strong>de</strong> fezes, duas enfermeiras<br />

diferentes concordaram na presença ou ausência <strong>de</strong> diarréia em<br />

-<br />

<br />

<br />

faz com que se entenda que seria melhor <strong>de</strong>screver as fezes que<br />

interpretar o diagnóstico <strong>de</strong> diarréia.<br />

Assim, os autores realizaram treinamento para a equipe <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

os registros dos técnicos <strong>de</strong> enfermagem superestimavam a<br />

presença <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados no CTI<br />

adulto e unida<strong>de</strong> neurológica (C1), submetidos à NE. Após<br />

<br />

<br />

líquidas no mínimo três vezes por dia, evi<strong>de</strong>nciou um número<br />

-<br />

<br />

passou a fazer parte das rotinas <strong>de</strong>ste hospital.<br />

cONclUsÃO<br />

Os autores <strong>de</strong>monstram que a padronização <strong>de</strong> registros e<br />

treinamento da equipe evita que pacientes sem diarréia possam<br />

ser manejados como tal.<br />

ReFeRÊNcIas<br />

1. Montejo JC. <strong>Enteral</strong> nutrition-related gastrointestinal complications in critically


of the Spanish Society of Intensive Care Medicine and Coronary Units. Crit Care<br />

Med. 1999; 27(8):1447–53.<br />

2. Bowling TE. The Sir David Cuthbertson Medal Lecture. <strong>Enteral</strong>-feedingrelated<br />

diarrhoea: proposed causes and possible solutions. Proc Nutr Soc.<br />

1995;54(2):579–90.<br />

3. Dobb GJ. Diarrhea in the critically ill. Intensive Care Med. 1986;12(3):113-5.<br />

4. Cataldi-Betcher EL, Seltzer MH, Slocum BA & Jones KW. Complications occurring<br />

during enteral nutrition support: a prospective study. JPEN J Parenter <strong>Enteral</strong><br />

Nutr.1983;7(6):546–52.<br />

5. DeMeo M, Kolli S, Keshavarzian A, Borton M, Al-Hosni M, Dyavanapalli M, et<br />

<br />

Am J Gastroenterol. 1998;93(6):967–71.<br />

Magali Kumbier<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />

158<br />

<br />

in tube-feeding studies? Clinical Nurs Res. 2003;12(2):174–204.<br />

<br />

Editora Atheneu, 3º edição – V. 1, 2000.<br />

8. Hill SA, Nielsen MS & Lennard-Jones JE. Nutritional support in intensive care<br />

units in England and Wales: a survey. Eur J Clinl Nutr. 1995;49(5):371–8.<br />

<br />

2004.<br />

<br />

patients – what a mess! Am J Clin Nutr. 1992;55(3):753–9.<br />

<br />

tube feeding: do health professionals agree? J Hum Nutr Diet. 2003;16(1):21–6.<br />

local <strong>de</strong> realização do trabalho: 1 - EMTN do Hospital Moinhos <strong>de</strong> Vento, Porto Alegre, RS, Brasil


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />

Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pósoperatório<br />

<strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />

Analysis of registration of stools by the nurses team in patients on enteral nutrition (EN): reduction of re-<br />

gistration of diarrhea after training course.<br />

Analisis cuantitativo y cualitativo <strong>de</strong> la dieta <strong>de</strong> pacientes en el pre y posoperatorio <strong>de</strong> cirugía bariátrica.<br />

Unitermos<br />

Obesida<strong>de</strong>. Gastroplastia. Dieta.<br />

Key words:<br />

Obesity. Gastroplasty. Diet.<br />

Unitérminos<br />

Obesidad. Gastroplastía. Dieta.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Edifício Central <strong>de</strong> Clínicas<br />

Rua Pinheiro Machado, 2350<br />

Bloco A, Sala 406<br />

Telefone: (55) 30254340<br />

CEP 97050-600 Santa Maria/RS<br />

E-mail: carlise_fp@hotmail.com<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 17/07/2008<br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 20/03/2009<br />

1 - Nutricionista graduada pelo Centro Universitário<br />

Franciscano (UNIFRA)<br />

2 - Nutricionista docente do Centro Universitário<br />

Franciscano (UNIFRA); Mestre em Bioquímica<br />

Toxicológica pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />

Maria (UFSM)<br />

3 - Nutricionista docente da Universida<strong>de</strong> do Contestado<br />

(UnC); Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />

Instituto Ponto Crítico <strong>de</strong> Ensino (IPCE); Mestre<br />

em Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> alimentos pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Maria (UFSM)<br />

4 - Médico cirurgião docente da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Santa Maria (UFSM); Especialista em Cirurgia<br />

Geral pelo Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina (CFM);<br />

Mestre em Cirurgia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Santa Maria (UFSM); Membro Titular do<br />

Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Cirurgiões; Membro Titular<br />

da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Cirurgia Bariátrica e<br />

Metabólica; Membro associado da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Internacional da Cirurgia da Obesida<strong>de</strong><br />

REsUmo<br />

A obesida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada como um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e torna-se cada vez mais<br />

prevalente mundialmente. Devido às alterações metabólicas causadas pela obesida<strong>de</strong> grave,<br />

<br />

ser o único método capaz <strong>de</strong> proporcionar perda e manutenção <strong>de</strong> peso a longo prazo nesta<br />

população e também minimizar os danos causados por doenças crônicas como Diabetes<br />

Mellitos, Hipertensão arterial sistêmica, dislipi<strong>de</strong>mias, entre outras. Com o objetivo <strong>de</strong> analisar o<br />

consumo dietético <strong>de</strong> uma população que realizou este tipo <strong>de</strong> cirurgia em uma clínica particular<br />

<strong>de</strong> Santa Maria-RS, foram entrevistados 21 pacientes, <strong>de</strong> ambos os sexos, entre 19 e 44 anos,<br />

operados pelas técnicas <strong>de</strong> Bypass Gástrico ou Derivação Bileopancreática. Foi analisado o seu<br />

consumo alimentar por meio <strong>de</strong> recordatório 24 horas no pré e pós-operatório. De acordo com<br />

<br />

<br />

e sódio. Em relação aos dados apresentados, ressalta-se a importância do acompanhamento<br />

<br />

causadas por restrição <strong>de</strong> micronutrientes, após a realização da cirurgia bariátrica.<br />

AbstRAct<br />

The obesida<strong>de</strong> is consi<strong>de</strong>red as a problem of public health and becomes each more prevalent<br />

time world-wi<strong>de</strong>. Had the metabolic alterations caused by the serious obesida<strong>de</strong> the<br />

<br />

being the only method capable to provi<strong>de</strong> to loss and maintenance of weight in the long run<br />

in this population and also to minimize the actual damages for chronic as Diabetes Mellitos,<br />

sistêmica arterial Hipertesão and dislipi<strong>de</strong>mias illnesses. With the objective to analyze the<br />

dietary consumption of a population that carried through this type of surgery in a particular<br />

clinic of Saint Maria, 21 patients had been interviewed, of both the sexos, between 19 and<br />

44 years, for the techniques of Gastric Bypass or Bileopancreática Derivation. 24hs in the<br />

postoperative daily pay was analyzed its alimentary consumption through recordatório and.<br />

<br />

daily pay and the postoperative one of Kcal, monoinsaturadas and saturated tiamina, ribo-<br />

<br />

data one stan<strong>de</strong>s out it importance of the nutricional accompaniment of this population for<br />

<br />

of micronutrients, after the accomplishment of the bariátrica surgery.<br />

REsUmEn<br />

La obesidad es consi<strong>de</strong>rada como un problema <strong>de</strong> salud pública y se torna cada vez más<br />

prevalente mundialmente. Debido a las alteraciones metabólicas causadas por la obesidad<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

159<br />

Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo 1<br />

Elisângela Colpo 2<br />

Elveni Teresinha Mayer 3<br />

Hairton Copetti 4


INTRODUÇÃO<br />

O controle da obesida<strong>de</strong> por meio da cirurgia tem como<br />

objetivo diminuir a entrada <strong>de</strong> alimentos no tubo digestivo, e/<br />

ou diminuir sua absorção. Os procedimentos cirúrgicos po<strong>de</strong>m<br />

<br />

ou mistos (restrição e disabsorção) 1-3 .<br />

O tipo <strong>de</strong> técnica escolhida ou a conclusão da cirurgia não<br />

<br />

período <strong>de</strong> mudanças comportamentais e alimentares, acompanhadas<br />

<strong>de</strong> exercícios físicos, regularmente monitorados por<br />

<br />

da fase <strong>de</strong> realimentação, o paciente precisa apren<strong>de</strong>r a conviver<br />

com sua nova imagem corporal e adaptar-se às limitações<br />

impostas pela cirurgia 1,4 .<br />

Longe <strong>de</strong> restaurar a perfeição estética, o principal objetivo<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

suplementação vitamínica, ferro e microelementos 1,5 .<br />

O sucesso da cirurgia não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente da redução <strong>de</strong><br />

peso ou técnica escolhida, mas também da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

<br />

nova condição <strong>de</strong> vida 1,5 .<br />

Neste contexto, a intervenção mecânica serve apenas para<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

tando<br />

em aumento <strong>de</strong> peso e consequentemente <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

1,5,6 .<br />

ObjeTIvO<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

mento<br />

nutricional contínuo, assim como o uso <strong>de</strong> suplementos<br />

vitamínicos por um período in<strong>de</strong>terminado por estes pacientes.<br />

Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />

<br />

principalmente por ser el único método capaz <strong>de</strong> proporcionar pérdida o manutención <strong>de</strong><br />

peso a largo plazo en esta población y también minimizar los daños causados por enfermeda<strong>de</strong>s<br />

crónicas como Diabetes, Mellitus, Hipertensión arterial sistémica, Dislipi<strong>de</strong>mias,<br />

entre otros. Com el objetivo <strong>de</strong> analizar el consumo dietético <strong>de</strong> una población que realizó<br />

este tipo <strong>de</strong> cirugía en una clínica particular <strong>de</strong> Santa Maria-RS, fueron entrevistados 21<br />

pacientes, <strong>de</strong> ambos los sexos, entre 19 y 44 años, por las técnicas <strong>de</strong> Bypass Gástrico o<br />

Derivación Biliopancreática. Fue analizado su consumo alimentario a través <strong>de</strong> recordatorio<br />

24hs en el pre y posoperatorio. De acuerdo con ese análisis, en la ingestión entre el pre y<br />

<br />

<br />

presentados se resalta la importancia <strong>de</strong>l acompañamiento nutricional <strong>de</strong> esta población<br />

<br />

restricción <strong>de</strong> micronutrientes, luego la realización <strong>de</strong> la cirugía bariátrica.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

160<br />

MÉTODOS<br />

<br />

<br />

<br />

em uma clínica particular <strong>de</strong> Santa Maria-RS.<br />

Foram selecionados 41 pacientes com evolução cirúrgica<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

sendo analisado conforme o paciente alimentava-se no momento<br />

da entrevista.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

em relação ao grupo controle, que são os mesmos pacientes no<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Dietary Reference Intakes, 1997-1998)7,<br />

excesso ou o débito energético, e os micronutrientes comparados<br />

<br />

vitaminas e minerais.<br />

<br />

calculados e comparados nos diferentes grupos <strong>de</strong> evolução<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

e o projeto <strong>de</strong> pesquisa foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética


Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />

ReSULTADOS<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Na comparação dos dados <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> proteínas,<br />

carboidratos e lipídios das dietas, não foi <strong>de</strong>monstrada mudança<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

gera uma alimentação completa nutricionalmente. Ressalta-se,<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

arterial sistêmica e os altos níveis <strong>de</strong> colesterol no sangue, que<br />

<br />

mais frequentes <strong>de</strong> morte nesta população.<br />

<br />

foram encontradas <strong>de</strong>ntro das recomendações na dieta no pré-<br />

<br />

<br />

<br />

TAbeLA 1<br />

<br />

<br />

(grupo B), quando esta população ainda passa pelo período <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

variações positivas neste período, colaborando para manutenção<br />

da saú<strong>de</strong> e funcionamento a<strong>de</strong>quado do organismo<br />

<strong>de</strong>sta população.<br />

<br />

maior <strong>de</strong> vitaminas e minerais na ingestão <strong>de</strong>stes pacientes, em<br />

que apenas a vitamina C encontra-se <strong>de</strong>ntro das recomendações<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

161<br />

<br />

<br />

<br />

relação à maioria dos micronutrientes, com exceção do Zinco<br />

, porém houve manutenção da a<strong>de</strong>quação do<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

TAbeLA 2<br />

<br />

<br />

<br />

saturadas e fibras, <strong>de</strong>monstrando variação significativa<br />

<br />

<br />

tabela 1. Porcentagem <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação dos nutrientes ingeridos no<br />

pré-operatório <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma clínica<br />

<strong>de</strong> Santa Maria, RS.<br />

Pré-operatório<br />

nutrientes X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%)<br />

Kcal 4156,5 ± 298,9 177,6<br />

PTN (%) 16,1 ± 0,7 *<br />

CHO(%) 48,7 ± 1,6 *<br />

LIP (%) 35,2 ± 1,3 *<br />

Vit. B12 (mcg) 8,6 ± 1,6 358,3<br />

Vit. B1 (mg) 1,9 ± 0,2 158,3<br />

Vit. B2 (mg) 2,0 ± 0,2 166,6<br />

Vit. B6 (mg) 1,9 ±0,3 146,2<br />

Vit. A (mcg) 446,2 ± 133,9 55,8<br />

Vit. C (mg) 85,9 ± 21,4 104,1<br />

Vit. D (mcg) 1,8 ± 0,6 36<br />

Vit. E (mg) 28,5 ± 3,6 190<br />

Ferro (mg) 27,8 ± 7,5 201,4<br />

Cálcio (mg) 986,5 ± 123,4 98,7<br />

Zinco (mg) 25,9 ± 4,7 272,6<br />

Sódio (mg) 4173,5 ± 440,2 278,2<br />

Potássio (mg) 3270,5 ± 434,8 69,58<br />

Ômega 3 (g) 1,9 ± 0,3 147,4<br />

Ômega 6 (g) 15,0 ± 2,1 103,4<br />

Gor. Mono (g) 42,3 ± 5,7 **<br />

Gor. Sat. (g) 51,9 ± 5,6 **<br />

Colest. (mg) 480,5 ± 63,9 240,3<br />

Fibras (g) 35,7 ± 3,1 112,4


Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />

tabela 2. Porcentagem <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação dos nutrientes ingeridos por grupos no pós-operatório <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma clínica<br />

<strong>de</strong> Santa Maria, RS.<br />

<br />

1 <br />

<br />

<br />

FIGURA 1<br />

) (Figura<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

FIGURA 2<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Grupo B Grupo C Grupo D<br />

Nutrientes X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%) X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%) X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%)<br />

Kcal 806,0 ± 76,8 38,4 1281,5 ± 77,9 56,9 1653,9 ± 177 77,7<br />

PTN (%) 20,7 ± 1,4 * 17,3 ± 1,8 * 16,8 ± 1,1 *<br />

CHO(%) 45,5 ± 5,7 * 58,5 ± 3,3 * 54,2 ± 2,8 *<br />

LIP (%) 33,8 ± 6,3 * 24,2 ± 9,2 * 28,9 ± 1,9 *<br />

Vit. B12 (mcg) 2,4 ± 0,4 100 2,2 ± 0,4 91,6 3,8 ± 1,5 158,3<br />

Vit. B1 (mg) 0,5 ± 0,1 41,6 0,9 ± 0,2 75,0 0,7 ± 0,1 58,3<br />

Vit. B2 (mg) 0,7 ± 0,1 58,3 1,0 ± 0,1 83,3 0,9 ± 0,1 75<br />

Vit. B6 (mg) 0,7 ± 0,1 53,8 1,0 ± 0,2 76,9 1,1 ± 0,2 84,6<br />

Vit. A (mcg) 885,9 ± 364,4 110,7 634,8 ± 208,3 79,4 241,9 ± 81,1 30,2<br />

Vit. C (mg) 86,9 ± 30,6 105,3 96,2 ± 15,1 116,6 46,9 ± 14,2 56,8<br />

Vit. D (mcg) 1,5 ± 0,6 30,0 2,0 ± 0,8 40,0 1,5 ± 1,1 30<br />

Vit. E (mg) 6,3 ± 2,2 42,0 7,2 ± 1,5 48,6 10,9 ± 2,3 72,6<br />

Ferro (mg) 6,0 ± 1,0 43,5 9,1± 0,7 65,9 9,9 ± 1,6 71,7<br />

Cálcio (mg) 358,6 ± 107,0 35,9 419,7 ± 110,3 41,97 417,3 ± 95,8 41,7<br />

Zinco (mg) 6,5 ± 3,3 68,4 7,4 ± 0,9 77,9 10,0 ± 2,4 105,3<br />

Sódio (mg) 797,8 ± 205,2 53,2 1202,9±241,5 80,2 1408,8 ± 189,4 93,9<br />

Potássio (mg) 1193,8 ± 219,3 25,4 1777,4±101,5 37,8 1596,7 ± 211,5 33,9<br />

Ômega 3 (g) 0,2 ± 0,0 14,8 0,3 ± 0,0 22,2 0,5 ± 0,3 37,0<br />

Ômega 6 (g) 2,4 ± 0,9 16,55 3,3 ± 0,8 22,8 4,8 ± 1,0 33,1<br />

Gor. Mono (g) 6,6 ± 1,0 ** 8,8 ± 1,3 ** 11,2 ± 2,2 **<br />

Gor. Sat. (g) 6,9 ± 0,9 ** 10,5 ± 4,8 ** 14,4 ± 2,2 **<br />

Colest. (mg) 220,4 ± 53,8 110,2 126,6 ± 22,7 63,3 172,2 ± 38,4 86,1<br />

Fibras (g) <br />

-<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

162<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

maior, <strong>de</strong>monstrando uma significativa diferença entre a<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

FIGURA 3<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-


Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />

Figura 1<br />

<br />

<br />

<br />

Figura 3: <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

consumo alimentar <strong>de</strong>sta população neste período, que<br />

-<br />

<br />

<br />

ladas<br />

com seu peso i<strong>de</strong>al, sendo um importante indicativo<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

No estudo <strong>de</strong> Silva et al. , foi observada ingestão média<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

163<br />

Figura 2<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

5 , em estudo<br />

<br />

<br />

<br />

abaixo dos observados no presente estudo e nos outros referidos,<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

traram<br />

uma a<strong>de</strong>quação da ingestão <strong>de</strong>sta vitamina no pré-opera-<br />

<br />

<br />

<br />

sistema nervoso central e/ou neuropatia periférica, principalmente<br />

em casos <strong>de</strong> vômito persistente nesta população, sendo<br />

<br />

<br />

po<strong>de</strong> ser feita para evitar maiores comprometimentos .<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

dietas marginais pobres em proteína animal e vegetais folhosos.<br />

mação,<br />

queimadura e coceira nos olhos, perda <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual<br />

<br />

<strong>de</strong>senvolver queilose e estomatite angular, entre outros 11 <br />

acordo com um estudo <strong>de</strong> Quadros et al. <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

as recomendações em todos os grupos.


Figura 4: <br />

<br />

indicam uma ina<strong>de</strong>quação conforme as recomendações em todos<br />

os grupos. Segundo Bloomberg 13 , <br />

não ocorre normalmente nesta população se estes receberem<br />

suplementação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> vitaminas lipossolúveis.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

recomendações para homens e mulheres, indicando um consumo<br />

menor <strong>de</strong> frutas, hortaliças e alimentos integrais por esta popu-<br />

<br />

O valor observado da ingestão <strong>de</strong> gorduras saturadas (Figura<br />

<br />

dos outros grupos, <strong>de</strong>monstrando a alta ingestão <strong>de</strong> fontes<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

vista que as recomendações <strong>de</strong>stes nutrientes são expressas em<br />

porcentagem dos lipídios totais da dieta e não em gramagem,<br />

conforme analisado pelo presente estudo.<br />

Foi <strong>de</strong>monstrada uma ingestão acima do recomendado <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

164<br />

Figura 5: <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

contribuir para o aumento níveis <strong>de</strong> pressão arterial nesta população.<br />

Os <strong>de</strong>mais grupos estão em or<strong>de</strong>m crescente <strong>de</strong> ingestão<br />

e <strong>de</strong>ntro do valor recomendado.<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

14 <br />

-<br />

<br />

O mesmo estudo relata que os suplementos multivitamínicos<br />

<br />

especialmente nas mulheres durante o ciclo menstrual, indicando<br />

que um maior consumo <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>ve ser<br />

incentivado na dieta <strong>de</strong>sta população.<br />

<br />

<br />

<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> osteoporose em pacientes que não<br />

<br />

15 , os distúrbios nutricionais mais<br />

<br />

<br />

-


Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />

<br />

<br />

<br />

al. 5 <br />

<br />

<br />

<br />

nutricionais, principalmente o uso <strong>de</strong> complexos <strong>de</strong> vitaminas<br />

e minerais para que estes pacientes atinjam um<br />

mínimo das recomendações.<br />

CONCLUSÕeS<br />

<br />

<br />

redução acentuada da ingestão <strong>de</strong> micronutrientes e calorias,<br />

<br />

<br />

Estas ina<strong>de</strong>quações, associadas aos componentes disabsortivos<br />

<br />

nutricionais e até mesmo <strong>de</strong>snutrição energético-protéica.<br />

Os dados <strong>de</strong>ste estudo revelam a importância <strong>de</strong> um acompa-<br />

-<br />

<br />

<br />

restrições alimentares que, somadas ao abandono do acompanhamento<br />

nutricional e a diminuição do uso <strong>de</strong> suplementos<br />

vitamínicos, contribuíram para uma maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />

165<br />

ReFeRÊNCIAS<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

meal patterns up to 4 years after Roux-en-Y gastric bypass surgery. Obes Surg.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Local <strong>de</strong> realização do trabalho:


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Freitas AR<br />

Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong><br />

emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />

Subjective global assessment and patient-generated subjective global assessment in oncology: a compa-<br />

rative study<br />

Descontento <strong>de</strong> la imagen corporal, la alimentación y la práctica <strong>de</strong> reducción <strong>de</strong> peso corporal en ado-<br />

lescentes <strong>de</strong>l sexo femenino<br />

Unitermos<br />

Adolescência. Insatisfação corporal. Transtornos<br />

alimentares.<br />

Key words:<br />

Adolescence. Corporal dissatisfaction. Alimentary<br />

disturbances.<br />

Unitérminos<br />

Adolescencia. Descontento corporal. Agitaciones<br />

alimentícias.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Rua Capitão Rocha, 400, Bairro Trianon, CEP – 85017-<br />

260, Guarapuava – PR.<br />

E-mail: angerocha@gmail.com<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 21/07/2008<br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 02/02/2009<br />

1-Nutricionista formada pela UNICENTRO – Universida<strong>de</strong><br />

Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava<br />

– PR.<br />

2 - Professora MsC. Departamento <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> da<br />

UNICENTRO<br />

3- Nutricionista formada pela UNICENTRO<br />

REsUmo<br />

Introdução: A adolescência compreen<strong>de</strong> a fase do ciclo <strong>de</strong> vida que se esten<strong>de</strong> dos 10 aos<br />

<br />

ambientais e genéticos. A insatisfação e distorção da imagem corporal, características marcantes<br />

<strong>de</strong>ssa fase, contribuem consi<strong>de</strong>ravelmente para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> transtornos alimentares,<br />

afetando principalmente as meninas. objetivos: O presente estudo teve como objetivo avaliar<br />

54 adolescentes do sexo feminino, matriculadas em um colégio particular no município <strong>de</strong><br />

Guarapuava-PR, com ida<strong>de</strong> entre 14 e 19 anos. métodos: Foram <strong>de</strong>terminados seu estado<br />

nutricional e seu peso teórico, comparando-os com a percepção que as avaliadas têm sobre<br />

o próprio corpo. Resultados: Pelo Índice <strong>de</strong> Massa Corporal (IMC), percebeu-se que 1,85%<br />

das avaliadas apresentaram magreza grau III, 1,85% magreza grau II, 14,81% magreza grau<br />

<br />

<br />

<br />

Nota-se que a distorção da imagem corporal ocorre entre essas adolescentes, uma vez que<br />

<br />

Conclusão: Ressalta-se que esse fator po<strong>de</strong> estar ligado à imagem <strong>de</strong> corpo i<strong>de</strong>al veiculado<br />

pela mídia, levando ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> possíveis transtornos alimentares.<br />

AbstRACt<br />

Introduction: The adolescence un<strong>de</strong>rstands the phase of the life cycle that extends of the<br />

<br />

ambient and genetic factors. The dissatisfaction and distortion of the corporal image, marked<br />

characteristic of this phase, contributes consi<strong>de</strong>rable for the <strong>de</strong>velopment of alimentary<br />

disturbances, affecting the girls mainly. objective: The present study it had as objective to<br />

evaluate 54 adolescents of the feminine sex, registered in a particular college in the city of<br />

Guarapuava-PR, with age between 14 and 19 years. methods: To establish its nutritional<br />

state and its theoretical weight, comparing them with the perception that they have of the<br />

own body. Results: Through the Body Mass In<strong>de</strong>x (BMI), it was perceived that 1.85% of<br />

the evaluated ones had presented leanness <strong>de</strong>gree III, 1.85% leanness <strong>de</strong>gree II, 14.81%<br />

<br />

<br />

<br />

It is noticed that the corporal image distortion occurs between these adolescents, a time<br />

that the majority is normal and exactly this it possessed the <strong>de</strong>sire to diminish its weight.<br />

Conclusion: It is stand out that this factor can be connected to the image of i<strong>de</strong>al body<br />

propagated by the media, leading to the <strong>de</strong>velopment of possible alimentary disturbances.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

166<br />

Angelica Rocha <strong>de</strong> Freitas1,<br />

Daiana Novello2,


Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />

INTRODUÇÃO<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

<br />

<br />

.<br />

2 <br />

<br />

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<br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

7 .<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

REsUmEn<br />

Introdución: La adolescencia entien<strong>de</strong> la fase <strong>de</strong>l ciclo vital que si extien<strong>de</strong> <strong>de</strong> los diez<br />

a los diecinueve años <strong>de</strong> la edad. En este período, las transformaciones ocurren que son<br />

<br />

corporal, caracteristica marcada <strong>de</strong> esta fase, contribuyen consi<strong>de</strong>rable para el <strong>de</strong>sarrollo<br />

<strong>de</strong> agitaciones alimenticias, afectando a las muchachas principalmente. objetivo: De esta<br />

manera, <strong>de</strong>l actual estudio que tenía como objetivo para evaluar a 54 adolescentes <strong>de</strong>l<br />

sexo femenino, registrados en una universidad particular en la ciudad <strong>de</strong> Guarapuava-PR,<br />

con edad entre 14 y 19 años métodos: Determinar su estado alimenticio y su peso teórico,<br />

comparándolos con la opinión que evaluadas tienen en el cuerpo apropiado. Resultados:<br />

Con el Indice <strong>de</strong> Masa Corporal (IMC), fue percibido que 1.85% evaluados habían presen-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

distorsión <strong>de</strong> la imagen corporal ocurre entre estos adolescentes, una época que la mayoría<br />

es normal y ésta él posee exactamente el <strong>de</strong>seo <strong>de</strong> disminuir su peso. Conclusión: Es<br />

soporte hacia fuera que este factor pue<strong>de</strong> estar encendido a la imagen <strong>de</strong>l cuerpo i<strong>de</strong>al<br />

propagada por los medios, conduciendo al <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> agitaciones alimenticias posibles.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

167<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

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.<br />

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<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

MÉTODOS<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

® <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

22 .


® <br />

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® .<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

OB III – obesida<strong>de</strong> grau III. IMC – Índice <strong>de</strong> Massa Corporal<br />

Diagnóstico Nutricional das adolescentes avaliadas pelo IMC<br />

Freitas AR<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

168<br />

<br />

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<br />

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2 <br />

<br />

<br />

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<br />

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<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

tabela 1. <br />

análise comparativa entre peso aferido e peso teórico, segundo<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> West24<br />

Peso aferido (kg) <br />

Peso teórico (kg) <br />

Estatura média (m) <br />

Porcentagem média <strong>de</strong> gordura corporal <br />

Quantida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> gordura corporal (kg) <br />

Adolescentes avaliadas abaixo do peso i<strong>de</strong>al (%) 66,67<br />

Adolescentes avaliadas acima do peso i<strong>de</strong>al (%)


SATISFEITAS<br />

INSATISFEITAS<br />

Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />

GOSTARIAM DE<br />

ENGORDAR<br />

GOSTARIAM DE<br />

EMAGRECER<br />

SATISFEITAS<br />

Porcentagem <strong>de</strong> insatisfação corporal entre as adolescentes avaliadas<br />

tabela 2. Porcentagem <strong>de</strong> peso <strong>de</strong>sejado para emagrecimento entre as<br />

adolescentes avaliadas<br />

Peso <strong>de</strong>sejado para emagrecimento entre as<br />

adolescentes que gostariam <strong>de</strong> emagrecer %<br />

1kg 5,56<br />

1,5kg 1,85<br />

2kg 9,26<br />

<br />

4kg 7,41<br />

5kg 12,96<br />

6kg 1,85<br />

8kg 7,41<br />

10kg 7,41<br />

15kg 1,85<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

27 <br />

<br />

<br />

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<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

169<br />

<br />

<br />

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<br />

<br />

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<br />

<br />

7 <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

. 7<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

e


tabela 3. Práticas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> peso realizadas pelas adolescentes<br />

avaliadas<br />

Práticas utilizadas para redução pon<strong>de</strong>ral %<br />

Comer nas horas certas 1,85<br />

Comer normal, sem exageros 1,85<br />

Ingerir bastante água 1,85<br />

Ingerir menos carboidratos 1,85<br />

Ingerir mais verduras 1,85<br />

Comer menos frituras e alimentos ricos em gordura 5,56<br />

<br />

Controlar a alimentação 11,11<br />

Fazer dietas (regimes) 11,11<br />

Comer menos nas refeições 16,67<br />

Comer menos doces e guloseimas 16,67<br />

Realizar ativida<strong>de</strong> física (caminhadas, aca<strong>de</strong>mia) 24,07<br />

Relatou não conseguir parar <strong>de</strong> comer 1,85<br />

Não relatou a prática utilizada 11,11<br />

tabela 4. Principais dietas realizadas pelas adolescentes avaliadas<br />

Dietas da moda / Métodos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> peso %<br />

Dieta das 2.000 quilocalorias 1,85<br />

Dieta do suco 1,85<br />

Dieta da Herbalife® 1,85<br />

<br />

<br />

Dieta inventada pela própria adolescente 1,85<br />

Dieta dos Pontos 7,41<br />

<br />

<br />

Ingestão <strong>de</strong> alimentos saudáveis 1,85<br />

Ingestão reduzida <strong>de</strong> alimentos, com a realização<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

tabela 5. Medicamentos utilizados para controle <strong>de</strong> peso pelas<br />

adolescentes avaliadas<br />

Medicamento utilizado %<br />

<br />

Femproporex 1,85<br />

Remédios Herbalife® 1,85<br />

Remédios naturais 1,85<br />

Não lembrou o medicamento utilizado 1,85<br />

Não relatou o medicamento utilizado 1,85<br />

Freitas AR<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

170<br />

tabela 6. Chás utilizados para controle <strong>de</strong> peso pelas adolescentes<br />

avaliadas<br />

Chá utilizado %<br />

Chás Herbalife® 1,85<br />

Chá ver<strong>de</strong> 1,85<br />

Chá <strong>de</strong> sene 1,85<br />

Chá <strong>de</strong> carqueja 1,85<br />

<br />

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<br />

<br />

<br />

. 7


Alimento<br />

Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />

tabela 7. Questionário <strong>de</strong> frequência alimentar expresso em porcentagem pela média <strong>de</strong> consumo das adolescentes avaliadas<br />

mais que 3<br />

vezes ao<br />

dia*<br />

<strong>de</strong> 2 a 3<br />

vezes ao<br />

dia*<br />

1 vez ao<br />

dia*<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

171<br />

<strong>de</strong> 5 a 6<br />

vezes na<br />

semana*<br />

<strong>de</strong> 2 a 4<br />

vezes na<br />

semana*<br />

1 vez na<br />

semana*<br />

<strong>de</strong> 1 a 3<br />

vezes no<br />

mês*<br />

Leite 7,41 12,96 1,85 11,11<br />

Iogurte 0 7,41 16,67 7,41 24,07 16,67 12,96 14,81<br />

Café preto 1,85 11,11 11,11 1,85 5,56 5,56 7,41 55,56<br />

Engrossante (Neston/farinha láctea) 1,85 0 1,85 1,85 5,56 7,41 16,67 64,81<br />

Pão 9,26 7,41 9,26 7,41 0 1,85<br />

Margarina/manteiga 1,85 16,67 11,11 12,96 11,11 7,41<br />

Morta<strong>de</strong>la/presunto/salame 1,85 18,52 12,96 22,22 16,67<br />

Queijo prato/mussarela/minas 7,41 24,07 14,81 16,67 16,67 9,26 7,41<br />

Patê 0 5,56 5,56 7,41 12,96 9,26 18,52 40,74<br />

Requeijão 0 5,56 7,41 5,56 14,81 18,52 12,96 <br />

Bolo 9,26 7,41 7,41 11,11 12,96 11,11 1,85<br />

Bolacha salgada 7,41 5,56 16,67 9,26 14,81 16,67 18,52 11,11<br />

Bolacha doce sem cobertura 1,85 5,56 11,11 11,11 9,26 22,22 14,81 24,07<br />

Bolacha recheada/cobertura 5,56 9,26 18,52 14,81 16,67 12,96 1,85<br />

Frutas 11,11 24,07 9,26 18,51 9,26 5,56 1,85<br />

0 0 11,11 1,85 11,11 27,78 16,67<br />

Massas em geral 5,55 9,26 12,96 14,81 24,07 9,26<br />

Macarrão instantâneo 0 5,56 7,41 5,56 14,81 <br />

Arroz 14,81 11,11 1,85 9,26 0 5,56<br />

Feijão 1,85 12,96 16,67 11,11 <br />

Carne bovina 0 11,11 40,74 9,26 22,22 11,11 1,85 <br />

Carne <strong>de</strong> frango 0 5,56 22,22 1,85 9,26 5,56<br />

Carne <strong>de</strong> peixe 0 0 7,41 1,85 9,26 22,22<br />

Carne <strong>de</strong> porco/linguiça/bacon 0 1,85 7,41 1,85 <br />

Vísceras (fígado, coração, moela) 0 1,85 1,85 0 1,85 14,81 12,96 66,67<br />

Ovo (galinha e codorna) 0 1,85 0 7,41 16,67<br />

0 0 0 1,85 9,26 44,44 14,81<br />

Hambúrguer 0 1,85 5,56 12,96 16,67<br />

Legumes 1,85 11,11 14,81 5,56 12,96<br />

Verduras 1,85 11,11 12,96 18,52 5,56 16,67<br />

Óleo vegetal 0 11,11 5,56 22,22 14,81 16,67<br />

Banha <strong>de</strong> porco 0 0 1,85 0 1,85 7,41 85,19<br />

Maionese 0 5,56 18,52 9,26 5,56 12,96 22,22<br />

Creme <strong>de</strong> leite 0 1,85 9,26 11,11 27,78 <br />

Leite con<strong>de</strong>nsado 1,85 0 9,26 14,81 9,26 22,22 12,96<br />

9,26 18,52 22,22 9,26 7,41 12,96 16,67<br />

1,85 11,11 27,78 9,26 16,67 18,52 9,26 5,56<br />

Refrigerante 11,11 16,67 11,11 9,26 18,52 18,52 5,56 9,26<br />

Frituras 7,41 16,67 5,56 18,52 14,81 7,41<br />

16,67 5,56 18,52 12,96 12,96<br />

5,56 5,56 18,52 18,52 22,22 22,22<br />

Pipoca 0 1,85 5,56 9,26 12,96 27,78 9,26<br />

Chocolate 7,41 11,11 14,81 12,96 24,07 16,67 11,11 1,85<br />

Achocolatado em pó 7,41 14,81 12,96 18,52 11,11 11,11<br />

Doces diversos 9,26 14,81 22,22 12,96 14,81 16,67 5,56<br />

Bala/chicletes 16,67 18,52 14,81 11,11 5,56 0<br />

Lanche (sanduíches) nas refeições 5,56 9,26 18,51 12,96 7,41 14,81 18,52 12,96<br />

<br />

nunca*


Número <strong>de</strong> refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas<br />

. Número <strong>de</strong> refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas<br />

<br />

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fast<br />

foods,. <br />

Freitas AR<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

172<br />

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27 <br />

<br />

.


Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

27 <br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

CONCLUSÃO<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

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<br />

<br />

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REFERÊNCIAS<br />

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<br />

<br />

<br />

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Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />

173


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Shiroma GM<br />

Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />

Anthropometrics and bioelectrical impedance in celiac disease<br />

Antropometría y impedancia bioeletrica en la enfermedad celiaca<br />

Unitermos<br />

Doença celíaca. Avaliação nutricional. Antropometria.<br />

Bbioimpedância elétrica. Desnutrição.<br />

Key words:<br />

Celiac disease. Nutritional valuation. Anthropometrics.<br />

Electrical bioimpedance. Malnutrition.<br />

Unitérminos<br />

Enfermedad celíaca. Valoración nutricional. Antropometría,<br />

impedancia bioeléctrica. La malnutrición..<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Rua Maestro Cardim, 1236. Paraíso – São Paulo –<br />

SP. Fones: 55 11 32846318/55 11 83695169. CEP:<br />

01323-001<br />

E-mail: g.midori@yahoo.com.br,<br />

pesquisa@ganep.com.br<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 25/07/2008<br />

Data <strong>de</strong> aceita para publicação: 12/01/2009<br />

1 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />

2 - Mestre em Gastroenterologia. Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />

<strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong>.<br />

Diretora do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />

<br />

<strong>de</strong> São Paulo<br />

3 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />

Especialista em TNEP pela SBNPE. Doutora em<br />

<br />

4 - Nutricionista. Mestranda do Departamento <strong>de</strong> Gastro-<br />

<br />

<br />

<br />

pelo Centro <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Gasto Energético e<br />

Composição Corporal do Departamento <strong>de</strong> Gas-<br />

<br />

5 - Médica nutróloga do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana<br />

(GANEP). Especialista em TNEP pela SBNPE.<br />

6 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />

<br />

(GANEP).<br />

8 - Professor Associado do Departamento <strong>de</strong> Gastroente-<br />

<br />

<br />

35). Diretor <strong>de</strong> Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />

REsUmo<br />

objetivo: <br />

correlacionadas variáveis coletadas por pregas cutâneas e bioimpedância elétrica. métodos:<br />

Estudo retrospectivo com 15 pacientes atendidos em consultório <strong>de</strong> nutrição, sendo 10 do<br />

sexo masculino e 5 do sexo feminino. As variáveis antropométricas coletadas foram: peso<br />

atual, altura, índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC), circunferência do braço (CB), circunferência<br />

muscular do braço (CMB) e prega cutânea triciptal (PCT). As variáveis coletas foram: gordura<br />

corporal (GC) e massa magra (MM). Resultados: Na Tabela 1, observa-se que a média <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong>monstra correlação linear entre gordura corporal em quilos e prega cutânea tricipital, ambas<br />

<br />

estado nutricional do paciente, embora não tenham sido encontrados pacientes <strong>de</strong>snutridos<br />

no presente estudo. Conclusão:<br />

elétrica estão fortemente correlacionados, portanto, po<strong>de</strong>-se optar pelo método <strong>de</strong> antropometria<br />

para avaliação nutricional <strong>de</strong> pacientes, por ser facilmente aplicável e <strong>de</strong> baixo custo.<br />

AbstRACt<br />

objective: <br />

appointment; A correlation was ma<strong>de</strong> with skinfolds and bioelectrical impedance variables.<br />

methods:<br />

patients. The anthropometric variables collected were: present weigh, body mass in<strong>de</strong>x<br />

(BMI), arm circumference, muscle arm circumference and tricipital skinfold. The variables<br />

collected were: corporeal fat and muscle. Results:-<br />

<br />

<br />

<br />

corporeal fat and tricipital skinfold, both with positive correlation. Celiac disease concerns<br />

health professionals for patients nutritional status, although there was no malnourished<br />

patients in this study. Conclusion: The anthropometric methods and bioelectrical impedance<br />

used were highly correlated; therefore you can choose anthropometric method to evaluate<br />

patients nutritional status, due to its easily workability and low cost.<br />

REsUmEn<br />

objetivo: E <br />

primera consulta, se correlacionaron las variables recogidas por la prega cutánea triciptal<br />

y impedancia bioeléctrica. métodos: Estudio retrospectivo con 15 pacientes tratados en el<br />

cargo <strong>de</strong> la nutrición, <strong>de</strong> las cuales 10 hombres y 5 mujeres. Las variables antropométricas<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />

174<br />

Glaucia Midori Shiroma 1<br />

Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Teixeira da Silva 2<br />

Viviane Chaer Borges 3<br />

Lilian Mika Horie 4<br />

5<br />

6<br />

Luciana da Costa Eduardo Logullo 7<br />

8


INTRODUÇÃO<br />

A Doença Celíaca (DC) é uma doença auto-imune, que<br />

afeta crianças e adultos, e tem como sintomatologia principal os<br />

sintomas gastro-intestinais (consequentemente, má-absorção),<br />

embora outras formas também possam ocorrer, como oligossintomática,<br />

atípica, latente, silenciosa ou em potencial 1 <br />

também como intolerância permanente ao glúten, caracterizada<br />

<br />

proximal, levando à má absorção <strong>de</strong> nutrientes em indivíduos<br />

geneticamente suscetíveis. Para que ocorra a expressão da DC<br />

é também necessária a presença <strong>de</strong> outros fatores, tais como:<br />

genéticos, imunológicos e ambientais 2 . A patogenia da doença<br />

tem um quadro clínico variado e é multifatorial, no qual os<br />

sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e má-absorção são <strong>de</strong>staques 3 .<br />

A DC, por ter uma característica <strong>de</strong> má-absorção, gera gran<strong>de</strong>s<br />

repercussões no estado nutricional dos pacientes. A avaliação<br />

<br />

corporais em um indivíduo ou em uma população, visando<br />

medidas <strong>de</strong> intervenção 4 . Hernandéz & Argüelles 3 <br />

a anorexia é um sintoma frequente e po<strong>de</strong> ser uma das principais<br />

causas da ausência <strong>de</strong> ganho pon<strong>de</strong>ral. Mancilla et al. 5 , em estudo<br />

realizado com 37 doentes celíacos em Santiago (Chile), encontrou<br />

38% dos pacientes apresentando perda <strong>de</strong> peso.<br />

A antropometria é utilizada para avaliar o tamanho e as<br />

proporções dos segmentos corporais, pela medida <strong>de</strong> circunferência<br />

e comprimento dos segmentos corporais. Utiliza-se<br />

também a medição da espessura do tecido adiposo subcutâneo<br />

(dobras cutâneas). São testes válidos para situações <strong>de</strong> campo<br />

ou clínicas, porque são fáceis <strong>de</strong> administrar em gran<strong>de</strong>s grupos<br />

com o custo relativamente baixo. No entanto, a valida<strong>de</strong> do<br />

método <strong>de</strong> dobras cutâneas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da habilida<strong>de</strong> do avaliador 6 .<br />

Outro método <strong>de</strong> avaliação da composição corporal é a<br />

análise da bioimpedância elétrica (BIA), a qual estima com<br />

exatidão a massa livre <strong>de</strong> gordura e a gordura corporal, utilizando-se<br />

equações baseadas em ida<strong>de</strong>, sexo, nível <strong>de</strong> gordura<br />

corporal e nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física. É um método rápido e<br />

não-invasivo, porém é mais caro do que os métodos <strong>de</strong> dobras<br />

cutâneas e antropométricos 7 .<br />

Tendo em vista as consi<strong>de</strong>rações acima <strong>de</strong>scritas, torna-se<br />

<strong>de</strong> interesse avaliar o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes portadores<br />

<strong>de</strong> DC em fase inicial <strong>de</strong> tratamento, com o intuito <strong>de</strong> otimizar<br />

a terapia nutricional <strong>de</strong>stes. Portanto, o objetivo do presente<br />

Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />

recogidos fueron: peso actual, talla, índice <strong>de</strong> masa corporal (IMC), circunferencia <strong>de</strong>l<br />

<br />

Variables colecciones fueron: la grasa corporal (BF) y masa magra (MM). Resultados:<br />

En el Cuadro 1, se observa que la media <strong>de</strong> IMC se encuentra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> los niveles <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

muestra una correlación lineal entre la grasa corporal en kilogramos y el pliegue tricipital,<br />

con correlación positiva. La enfermedad celíaca preocupa a los profesionales mantener el<br />

estado nutricional <strong>de</strong>l paciente, pero no fueron encontrados <strong>de</strong>snutridos pacientes en este<br />

estudio. Conclusión:<br />

están fuertemente correlacionados, <strong>de</strong> modo que pue<strong>de</strong> elegir el método <strong>de</strong> la antropometría<br />

para la evaluación nutricional <strong>de</strong> los pacientes, porque es <strong>de</strong> fácil aplicación y bajo costo.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />

175<br />

<br />

primeira consulta e comparar métodos antropométricos e bioimpedância<br />

elétrica.<br />

MÉTODOS<br />

Foi realizado um estudo retrospectivo no período<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro/1996 a julho/2006 (VERIFICAR ESTAS<br />

DATAS!!!), por meio <strong>de</strong> dados coletados nos prontuários<br />

do consultório <strong>de</strong> nutrição GANEP, contendo 15 pacientes<br />

portadores <strong>de</strong> DC, sendo 10 sexo feminino e 5 sexo masculino.<br />

Foram coletados dados da primeira consulta, como ida<strong>de</strong>,<br />

medidas antropométricas e <strong>de</strong> composição corporal por meio<br />

<strong>de</strong> BIA. Todos os pacientes do presente estudo estavam na<br />

fase sintomática da doença.<br />

As variáveis antropométricas coletadas foram: peso atual,<br />

altura, índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC), circunferência do braço<br />

(CB), muscular (CMB) e dobra cutânea tricipital (DCT).<br />

O peso foi aferido em balança tipo plataforma da marca<br />

Filizola ®, calibrada com capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 150kg e<br />

variação <strong>de</strong> 100g. A altura foi medida em estadiômetro no<br />

mesmo aparelho com variação <strong>de</strong> 0,5cm. O IMC foi calculado<br />

pela equação (OMS, 1997) 8 :<br />

IMC=peso (kg)/altura 2 (m)<br />

<br />

medida pelo adipômetro Lange ®. A circunferência muscular<br />

do braço foi calculada por meio da equação:<br />

CMB (cm)= CB - (0,314 x PCT) 9<br />

A composição corporal foi avaliada pelo aparelho <strong>de</strong> BIA<br />

mo<strong>de</strong>lo BodyStat 1500 da marca Bodystat Ltda, Douglas, UK.<br />

As variáveis coletas foram: gordura corporal (GC), massa<br />

magra (MM).<br />

Todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo<br />

observador.<br />

Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa<br />

SPSS, versão 11.01, Inc, Chicago, IL, EUA. Foi utilizado o<br />

<br />

entre as variáveis. O valor <strong>de</strong> p


8 . A<br />

média <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> gordura corporal (%GC), segundo<br />

10 , está acima da média recomendada<br />

para homens e mulheres.<br />

<br />

muscular braquial e massa magra corporal (MM), <strong>de</strong>monstrando<br />

<br />

que <strong>de</strong>monstra correlação da gordura corporal (GC) em kg e a<br />

DCT, também apresentou uma boa correlação, com r = 0,795<br />

e p < 0,001.<br />

DISCUSSÃO<br />

As estimativas da composição do peso corporal são necessárias<br />

para <strong>de</strong>terminar e monitorar o estado nutricional. A<br />

medida da dobra cutânea constitui o meio mais conveniente<br />

para estabelecer indiretamente a massa corpórea <strong>de</strong> gordura 11 .<br />

Uma dobra cutânea me<strong>de</strong> indiretamente a espessura do tecido<br />

adiposo subcutâneo 6 . Pesquisas <strong>de</strong>monstraram que a gordura<br />

subcutânea, avaliada pelo método <strong>de</strong> pregas cutâneas em 12<br />

locais, é similar ao valor obtido nas imagens <strong>de</strong> ressonância<br />

magnética 12 .<br />

Como se pô<strong>de</strong> observar, a medida da DCT, feita pelo método<br />

<strong>de</strong> antropometria, esteve fortemente correlacionada ao IGC,<br />

cujo cálculo tem como base a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gordura corporal<br />

em quilos, obtida pelo método <strong>de</strong> biomimpedância elétrica.<br />

A gordura subcutânea correspon<strong>de</strong> a 50% da gordura<br />

<br />

conteúdo <strong>de</strong> gordura corporal total, baseado no fato <strong>de</strong> que a<br />

espessura da gordura é relativamente constante. A DCT é a mais<br />

frequentemente utilizada, pois se consi<strong>de</strong>ra que seja o local mais<br />

representativo da camada subcutânea <strong>de</strong> gordura 13 .<br />

tabela 1 – Características dos pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> doença<br />

celíaca<br />

total (n=15)<br />

Ida<strong>de</strong> (anos) 45,63 ± 16,76<br />

Peso atual (kg) 58,25 ± 12,86<br />

Altura (cm) 1,64 ± 0,10<br />

IMC (kg/m 2 ) 21,76 ± 4,20<br />

CB (cm) 26,25 ± 3,73<br />

PCT (mm) 21,19 ± 9,30<br />

CMB (cm) 19,52 ± 2,50<br />

MM (%) 71,98 ± 8,37<br />

MM (kg) 41,91 ± 10,99<br />

GC (%) 28,03 ± 8,37<br />

GC (kg) 16,34 ± 6,16<br />

CB: circunferência braquial<br />

GC: gordura corporal<br />

PCT: prega cutânea triciptal<br />

CMB: circunferência muscular braquial<br />

MM: massa magra<br />

Shiroma GM<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />

176<br />

A circunferência braquial (CB) é o parâmetro nutricional<br />

antropométrico recomendado pela OMS para estimativa da<br />

proteína muscular esquelética total 11 .<br />

<br />

<strong>de</strong> antropometria, também teve ótima correlação com a massa<br />

magra aferida em método <strong>de</strong> bioimpedância elétrica.<br />

Durante a inanição e estresse prolongado, as reservas<br />

protéicas são mobilizadas para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda da fase aguda<br />

e proteínas secretoras, levando à <strong>de</strong>pleção da massa corpórea<br />

magra. A circunferência muscular braquial é usada para avaliar<br />

este compartimento 14 .<br />

A análise da bioimpedância elétrica é um método não-invasivo,<br />

rápido, sensível, indolor, relativamente preciso, usado para<br />

avaliar a composição corpórea 15 . Coppini et al. 16 , ao estudarem a<br />

porcentagem <strong>de</strong> GC estimada pela antropometria e bioimpedancia<br />

<br />

<br />

resultado do método realizado nos pacientes do presente estudo.<br />

CONCLUSÃO<br />

A DC, por caracterizar-se pela má absorção <strong>de</strong> nutrientes,<br />

<br />

do paciente. Não foi observada <strong>de</strong>snutrição no trabalho realizado,<br />

porém, como já visto neste artigo, é uma população <strong>de</strong><br />

risco nutricional, <strong>de</strong>vendo, assim, direcionar uma maior atenção<br />

na avaliação da composição corporal <strong>de</strong>stes pacientes.<br />

- Correlação linear ente circunferência muscular do braço e massa<br />

magra corporal (kg)<br />

- Correlação linear ente circunferência muscular do braço e prega<br />

cutânea tricipital.


Ao consi<strong>de</strong>rarmos as referências consultadas e os resultados<br />

<strong>de</strong>ste presente estudo, po<strong>de</strong>mos observar que os métodos <strong>de</strong><br />

antropometria e bioimpedância elétrica estão fortemente correlacionados,<br />

po<strong>de</strong>ndo se dizer que tanto um método como outro<br />

<br />

Para tanto, conclui-se que o método <strong>de</strong> antropometria po<strong>de</strong><br />

ser uma boa opção <strong>de</strong> avaliação, em vista da sua fácil aplicabilida<strong>de</strong>,<br />

precisão <strong>de</strong> resultados e baixo custo. Esperam-se mais<br />

estudos, com um número maior <strong>de</strong> pacientes, a respeito da<br />

avaliação corpórea <strong>de</strong> adultos com DC em ativida<strong>de</strong>.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1 Melo FM, Cavalcanti MSM, Santos SB, Lopes AKFB, Oliveira FAA. Associação<br />

entre marcadores sorológicos <strong>de</strong> doença celíaca e das doenças auto-imunes da<br />

tireói<strong>de</strong>. Arq Bras Endocrinol Metab. 2005;49(4):542-7.<br />

2 http://www.rgnutri.com.br - capturado em 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2008.<br />

3 Hernán<strong>de</strong>z DJG, Argüelles XH. Manejo nutricional <strong>de</strong> la enfermedad celíaca. Rev<br />

Cubana Pediatr. 2006;78(2).<br />

<br />

2002;78(5):357-8.<br />

5 Mancilla C, Madrid AM, Valenzuela J, Morales A, Hurtado C, Smok G,<br />

Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />

Local <strong>de</strong> realização do trabalho: ???????????????????????????????????????????<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />

177<br />

et al. Enfermidad Celíaca <strong>de</strong>l adulto: Experiencia clínica. Rev. Med. Chile.<br />

2005;133(11):1317-21.<br />

6 Stolarczyk LM, Heyward VH. Método <strong>de</strong> dobras cutâneas. In: Avaliação da<br />

Composição Corporal Aplicada. São Paulo:Manole;2000.<br />

7 Stolarczyk LM, Heyward VH. Método <strong>de</strong> impedância bioelétrica. In: Avaliação<br />

da Composição Corporal Aplicada. São Paulo:Manole; 2000.<br />

8 World Health Organization. Obesity: preventing and managing the total epi<strong>de</strong>mic.<br />

Report of a WHO Consultation Group. Geneva: WHO;1997.<br />

9 Durnin JV, Womersley S. Body fat assessed from total body <strong>de</strong>nsity and its estimation<br />

from skinfold thickness: measurements on 481 men and women age from 16<br />

to 72 years. Br J Nutr. 1974;32(1):77-97.<br />

10 Lohman TG. Advances in body composition assessment. Current issues in exercises<br />

science series. Monograph no. 3. Champaign, IL: Human Kinetics. 1992.<br />

11 Waitzberg DL, Ferrini MT. Exame físico e antropometria. In: <strong>Nutrição</strong> oral, enteral<br />

e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu. V.1, 3.ed. 2000.<br />

12 Hayes PA, Sowood PJ, Belyavin A, Cohen JB, Smith FW. Subcutaneous fat thickness<br />

measured by magnetic resonance imaging, ultrasound, and calipers. Med Sci<br />

Sports Exerc 1988;20(3):303-9.<br />

13 Acuña K, Cruz T. Avaliação do estado nutricional <strong>de</strong> adultos e idosos e situação nutricional<br />

da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2004;48(3):345-61.<br />

14 Vanucchi H, Unamuno MRDL, Marchini JS. Avaliação do estado nutricional.<br />

Medicina, Ribeirão Preto, 1996;29(1):5-18.<br />

15 Coppini LZ, Waitzberg DL. Impedância bioelétrica. In: <strong>Nutrição</strong> oral, enteral e<br />

parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu. V.1, 3.ed. 2000.<br />

16 Coppini LZ. Determinação clínica da gordura corpórea total: comparação da<br />

bioimpedância elétrica com antropometria. Rev Bras Nutr Clin. 1997;12(Supl<br />

2):s96–97.


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Silva JT<br />

Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera<br />

<strong>de</strong> pressão em pacientes assistidos pela Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong><br />

Terapia Nutricional<br />

Biochemical nutrition status indicators X Pressure inci<strong>de</strong>nce in patients assisted by the Multidisciplinar<br />

Nutritional Therapy Group<br />

Marcadores bioquímicos <strong>de</strong>l estado nutricional x inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong> presión en pacientes asistidos<br />

por la Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia Nutricional<br />

Unitermos<br />

Úlcera <strong>de</strong> pressão. Indicadores bioquímicos. Estado<br />

nutricional.<br />

Key words:<br />

Pressure ulcer. Biochemical indicators. Nutritional<br />

status.<br />

Unitérminos<br />

Úlcera <strong>de</strong> presión. indicadores bioquímicos. Estado<br />

nutricional.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Rua Maestro Cardim, 1236. Paraíso – São Paulo –<br />

SP. Fones: 55 11 32846318/55 11 83695169. CEP:<br />

01323-001<br />

E-mail: g.midori@yahoo.com.br,<br />

pesquisa@ganep.com.br<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 15/08/2008<br />

Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 15/04/2009<br />

1 - Nutricionista do Centro Especializado <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong>.<br />

Membro da Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia<br />

Nutricional da Clínica e Hospital São Lucas<br />

(Aracaju/SE). Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica<br />

pelo GANEP.<br />

2 - Nutricionista do Centro Especializado <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong>.<br />

Membro da Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia<br />

Nutricional da Clínica e Hospital São Lucas<br />

(Aracaju/SE).<br />

REsUmo<br />

Introdução: A incidência e prevalência <strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong> pressão (UP) em pacientes hospitalizados<br />

têm uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação, provavelmente como consequência dos<br />

<br />

é reconhecidamente alto para <strong>de</strong>spertar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> medidas<br />

preventivas. Vários estudos sugerem haver uma forte correlação entre alterações do estado<br />

nutricional e o risco do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> UP. objetivo: Este trabalho teve por objetivo<br />

<br />

incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão. métodos: Foram acompanhados 166 pacientes em terapia<br />

nutricional durante 4 meses. Resultados: A incidência <strong>de</strong> UP nesta população foi <strong>de</strong> 38%<br />

(global). Nos indivíduos com ida<strong>de</strong> superior a 60 anos, a ocorrência <strong>de</strong> UP foi <strong>de</strong> 43,9%,<br />

enquanto que 13 pacientes (26%) com ida<strong>de</strong> inferior a 60 anos apresentaram UP. Os indivíduos<br />

que apresentaram níveis séricos <strong>de</strong> albumina menor que 3,5 mg/dl apresentaram mais<br />

UP (41,8%) do que aqueles com níveis maiores <strong>de</strong>sta proteína (16%). O mesmo aconteceu<br />

com os indivíduos que apresentaram níveis <strong>de</strong> hematócrito e hemoglobina abaixo dos<br />

valores normais. Conclusão: Os indicadores bioquímicos do estado nutricional po<strong>de</strong>m ser<br />

importantes fatores <strong>de</strong> risco na gênese da úlcera <strong>de</strong> pressão. É importante reforçar que tais<br />

<br />

para o uso <strong>de</strong>stes elementos como único método <strong>de</strong> avaliação do estado nutricional.<br />

AbstRACt<br />

Introduction: The inci<strong>de</strong>nce and prevalence of Pressure Ulcer (PU) in hospitalized patients<br />

<br />

and the economical impact of its medical treatment is thankfully high to interest preventive<br />

measures. Many studies sugest that there is a strong correlation between nutritional state<br />

changes and PU <strong>de</strong>velopment risk. objective: The aim of this study was to verify the correlation<br />

between the hematocrit, hemoglobin and albumin seric levels, and PU inci<strong>de</strong>nce.<br />

methods: 166 patients in nutritional therapy were observed during 4 months. Results: The<br />

PU inci<strong>de</strong>nce in this population was 38% (global). In el<strong>de</strong>rly patients (up to 60 years old) the<br />

PU inci<strong>de</strong>nce was 43,9%, while 13 younger patients (26%) <strong>de</strong>veloped PU. The patients that<br />

<strong>de</strong>veloped minor albumin seric levels (un<strong>de</strong>r 3,5 mg/dl) <strong>de</strong>veloped higher PU inci<strong>de</strong>nce (41,8%)<br />

than those with higher levels of this protein (16%). The same occured with the individuals<br />

that <strong>de</strong>veloped hematocrit and hemoglobin levels un<strong>de</strong>r normal values. Conclusion: The<br />

biochemical indicators of the nutritional status may be important risk factors in PU origin. It’s<br />

<br />

this fact restricts the use of these elements as the only nutritional status evaluating method.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />

178<br />

Juliana Teixeira da Silva 1<br />

Mychelyne Ferreira <strong>de</strong> Oliveira 2<br />

Michelle Nunes Silveira 2


INTRODUÇÃO<br />

A incidência e prevalência <strong>de</strong> úlceras por pressão (UP)<br />

em pacientes hospitalizados têm uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

variação, provavelmente como consequência dos métodos <strong>de</strong><br />

<br />

po<strong>de</strong>m estar associadas à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência preventiva<br />

em todos os aspectos, da <strong>de</strong>tecção inicial do paciente em risco<br />

<br />

necessários 1 <br />

<br />

<br />

mostrou que a incidência <strong>de</strong> UP em hospitais nos Estados<br />

<br />

<br />

1-3 <br />

<br />

<br />

<br />

risco para UP durante três meses, mostrou uma incidência<br />

<br />

4 , quando uma úlcera se<br />

<br />

<br />

milhões <strong>de</strong> a cada ano 1 <br />

O impacto econômico do tratamento <strong>de</strong> uma UP é reconhe-<br />

<br />

<strong>de</strong> medidas preventivas, visto que são lesões cuja cura é lenta<br />

e provocam aumento no período <strong>de</strong> hospitalização, além da<br />

<br />

saú<strong>de</strong>, às unida<strong>de</strong>s pagadoras (seguradoras, convênios <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

1 <br />

Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />

REsUmEn<br />

Introdución: La inci<strong>de</strong>ncia y prevalencia <strong>de</strong> la Úlcera <strong>de</strong> Presión en pacientes hospitalizados<br />

tiene una amplitud <strong>de</strong> variación, probablemente como consecuencia <strong>de</strong> los métodos<br />

<br />

es reconocidamente alto para <strong>de</strong>spertar la necesidad <strong>de</strong> establecimiento <strong>de</strong> medidas<br />

preventivas. Varios estudios sugeren haber una fuerte correlación entre alteraciones<br />

<strong>de</strong>l estado nutricional y riesgo <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarollo <strong>de</strong> la UP. objetivo: Este trabajo tiene como<br />

objetivo averiguar la correlación entre los niveles séricos <strong>de</strong>l hematócrito, hemoglobina<br />

y albumina y la incidéncia <strong>de</strong> la UP. métodos: Se seguieron 166 pacientes en terapia<br />

nutricional durante 4 meses. La incidéncia <strong>de</strong> UP en esta población fue <strong>de</strong> 38% (global).<br />

Resultados: En los individuos con edad superior a 60 años, el surgimiento <strong>de</strong> UP fue <strong>de</strong><br />

43,9%, mientras que 13 pacientes (26,5%) con edad inferior a 60 años presentaron UP. Los<br />

individuos que presentaron niveles <strong>de</strong> albumina inferiores a 3,5mg/dl presentaron más UP<br />

(41,8%) comparados con los individuos que tenian niveles más elevados <strong>de</strong> esa proteina<br />

(16%). Lo mismo ocurrió con los individuos que presentaron niveles <strong>de</strong> hematocrito y<br />

hemoglobina inferiores a los valores consi<strong>de</strong>rados normales. Conclusión: Los indicadores<br />

bioquímicos <strong>de</strong>l estado nutricional pue<strong>de</strong>n ser importantes factores <strong>de</strong> riesgo en la génesis<br />

<br />

<br />

único método <strong>de</strong> valoración <strong>de</strong>l estado nutricional.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />

179<br />

rações<br />

do estado nutricional e o risco do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong> risco importantes para o aumento da incidência <strong>de</strong> lesões<br />

<br />

<br />

<br />

mento<br />

das Úlceras <strong>de</strong> Pressão do European Pressure Ulcer<br />

11 <br />

<br />

<strong>de</strong> UP é pouco clara, sem que haja estudos consistentes que<br />

relacionem uma nutrição ina<strong>de</strong>quada com um aumento da<br />

<br />

Contudo, este mesmo “gui<strong>de</strong>lines” menciona que é<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

assistem os portadores <strong>de</strong> UP – sendo a carga tecidular e a<br />

11 <br />

ObjeTIvO<br />

<br />

<br />

incidência <strong>de</strong> úlcera por pressão em pacientes assistidos pela<br />

<br />

<br />

MÉTODOS


consi<strong>de</strong>rados os pacientes que apresentaram as lesões durante<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

utilização dos dados <strong>de</strong> acompanhamento nutricional e dos<br />

-<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

o número <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> pessoas com UP <strong>de</strong>senvolvida<br />

<br />

ReSULTADOS<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Silva JT<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />

180<br />

Variável Categoria n (%)<br />

Gênero Masculino 89 (53,6)<br />

Feminino 77 (46,4)<br />

Ida<strong>de</strong> 60 anos 117 (70)<br />

< 60 anos 49 (30)<br />

tabela 1 - Distribuição dos pacientes em Terapia Nutricional segundo sexo e faixa etária<br />

Variável Categoria n (%)<br />

Incidência <strong>de</strong> UP Pacientes com UP 63 (38)<br />

Pacientes sem UP 103 (62)<br />

Localização da UP Sacral 59 (93)<br />

Trocantérica 10 (15,8)<br />

Calcâneo 6 (9,5)<br />

Cabeça 1 (1,6)<br />

Grau da lesão Graus 1 e 2 47 (74,6)<br />

Graus 3 e 4 16 (25)<br />

tabela 2 - Distribuição dos pacientes em Terapia Nutricional segundo incidência global, localização<br />

e grau das úlceras por pressão<br />

Ida<strong>de</strong><br />

Incidência <strong>de</strong> Úlceras por Pressão<br />

Variáveis n (%) P<br />

60 anos 51 (43,9) 0,000<br />

< 60 anos 13 (26<br />

Albumina sérica<br />

3,5 mg/dl 4 (16) 0,000<br />

< 3,5 mg/dl 59 (41,8)<br />

Níveis <strong>de</strong> Hemoglobina<br />

12 mg/dl 10 (20) 0,000<br />

< 12 mg/dl 53 (45,3)<br />

Níveis <strong>de</strong> Hematócrito<br />

38 mg/dl 7 (22,5) 0,014<br />

< 38 mg/dl 56 (41,5)<br />

UP – Ùlcera por Pressão<br />

tabela 3 – Incidência <strong>de</strong> Úlceras por Pressão nos pacientes em Terapia Nutricional <strong>de</strong> acordo<br />

com as variáveis, albumina sérica, níveis <strong>de</strong> hemoglobina e hematócrito e ida<strong>de</strong>


GRUPO 1<br />

Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />

tabela 4 – Comparativo dos valores médios referentes à ida<strong>de</strong>, indicadores bioquímicos e tempo <strong>de</strong> internação<br />

GRUPO n Mínimo Máximo Média p*<br />

Ida<strong>de</strong> (anos) 27,6 96,0 76,4 0,000<br />

Albumina sérica (mg/dl) 1,3 4,5 2,6 0,709<br />

Níveis <strong>de</strong> hematócrito (%) 63 17,3 46,4 31,8 0,448<br />

Níveis <strong>de</strong> hemoglobina (mg/dl) 6,5 15,0 10,6 0,880<br />

Tempo <strong>de</strong> internação (dias) 27,6 6,0 115,0 35,1 0,000<br />

GRUPO 2<br />

Ida<strong>de</strong> (anos) 12,0 96,0 64,9<br />

Albumina sérica (mg/dl) 1,7 4,5 2,9<br />

Níveis <strong>de</strong> hematócrito (%) 103 18,8 50,0 33,9<br />

Níveis <strong>de</strong> hemoglobina (mg/dl) 6,4 15,4 10,8<br />

Tempo <strong>de</strong> internação (dias) 3,0 140,0 20,4<br />

* < 5% (p


Fernan<strong>de</strong>s 1 , em sua tese <strong>de</strong> mestrado (revisão), cita que<br />

dois terços das UP ocorrem na cintura pélvica e um terço nos<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

14 <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

mais encontradas na população estudada, seguidas das<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

apresentavam como causa da hospitalização uma doença<br />

<br />

<br />

<br />

mostraram uma prevalência ainda maior <strong>de</strong><br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

necessida<strong>de</strong> especial <strong>de</strong> cuidados para estes pacientes que<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

pacientes que não apresentaram úlcera tiveram uma média<br />

<br />

<br />

em um hospital universitário, on<strong>de</strong> havia<br />

predomínio <strong>de</strong> idosos em uma população com UP <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

mostram a predominância <strong>de</strong> indivíduos com<br />

<br />

<br />

<br />

Silva JT<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />

182<br />

As diversas alterações que ocorrem na pele dos indivíduos<br />

<br />

-<br />

<br />

como a diminuição da camada dérmica e sua vascularização em<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

encontraram valores semelhantes na sua<br />

<br />

<br />

<br />

correlacionou-se com a melhora no tempo <strong>de</strong> cicatrização da<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

, os<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

os autores relatam que os níveis séricos <strong>de</strong> hematócrito e<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

dência<br />

<strong>de</strong> UP relacionada a estes marcadores do estado nutricional,<br />

apenas pontuaram seus níveis séricos nos pacientes que<br />

<br />

<br />

A correlação encontrada entre as alterações nos parâmetros<br />

-


estarão mais susceptíveis a lesões <strong>de</strong> pele e músculos, além<br />

<strong>de</strong> terem a reparação dos tecidos lesados comprometidos por<br />

<br />

CONCLUSÕeS<br />

<br />

<br />

<br />

tório,<br />

sendo esta uma limitação para o uso <strong>de</strong>stes elementos<br />

<br />

<br />

<br />

mento<br />

das úlceras <strong>de</strong> pressão, sendo estas mais inci<strong>de</strong>ntes na<br />

<br />

-<br />

<br />

tomar como rotina a prática da vigilância nutricional <strong>de</strong>ntro da<br />

unida<strong>de</strong> hospitalar, para que seja possível atuar precocemente<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

ReFeRÊNCIAS<br />

<br />

<br />

<br />

Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />

Local <strong>de</strong> realização do trabalho: <br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />

183<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

-


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Albuquerque MFB<br />

Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini<br />

Avaliação Nutricional<br />

Nutritional status of hospitalized el<strong>de</strong>rly through the Mini Nutritional Evaluation<br />

Estado nutricional <strong>de</strong> mayores hospitalizados a través <strong>de</strong> la Mini Evaluación Nutricional<br />

Unitermos:<br />

Estado Nutricional. Idoso. Mini Avaliação Nutricional.<br />

Key words:<br />

Nutritional status. El<strong>de</strong>rly. Mini Nutritional Evaluation.<br />

Unitérminos: Estado nutricional. Mayor. Mini Evaluación<br />

Nutricional.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Marinez Ferreira Barbosa Albuquerque.<br />

En<strong>de</strong>reço: Rua T28, número 400, apartamento 1104,<br />

Edifício Vitória Régia 2, Setor Bueno. CEP: 74.210-040.<br />

Goiânia/Goiás.<br />

Telefone: (62) 3201-4372, (62) 3201-4385 (fax).<br />

E-mail: marinez.f.b@bol.com.br<br />

Submissão<br />

6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008<br />

Aceito para publicação<br />

25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009<br />

1. Nutricionista – Especialista em Terapia Nutricional<br />

pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> <strong>Parenteral</strong><br />

e <strong>Enteral</strong>, Chefe da Seção <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> e Dietética<br />

<br />

Nutricional do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES.<br />

2. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES – Mestre em <strong>Nutrição</strong> Humana pela Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília.<br />

3. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />

Grupo <strong>de</strong> Apoio em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong><br />

<br />

<strong>de</strong> Terapia Nutricional do Hospital <strong>de</strong> Urgências<br />

<strong>de</strong> Goiânia/SES.<br />

4. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />

Grupo <strong>de</strong> Apoio em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong><br />

(GANEP).<br />

5. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Humana e Saú<strong>de</strong><br />

pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.<br />

6. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />

SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica e Terapêutica<br />

Nutricional pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Biológicas<br />

e da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> União da Vitória (Uniguaçu)/<br />

Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Estudos Sistêmicos/Instituto<br />

RESUmo<br />

objetivo: Avaliar o estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados e sua relação com sexo, faixa<br />

etária e principal diagnóstico <strong>de</strong> admissão. métodos: Foram avaliados 98 pacientes com<br />

<br />

<br />

<br />

era do sexo masculino (68,4%) e a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 71,6 (± 8,5) anos. Resultados: As<br />

principais causas <strong>de</strong> internação foram as doenças cardiorespiratórias (25,51%), doenças do<br />

<br />

nutricional, 2/3 (dois terços) da população apresentou risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição ou <strong>de</strong>snutrição,<br />

<br />

<br />

A principal causa <strong>de</strong> internação entre os nutridos foram as lesões e causas externas (30%)<br />

e entre os pacientes em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e <strong>de</strong>snutridos foram as doenças do aparelho<br />

circulatório (35,29% e 20,59%, respectivamente). Conclusão: Houve predomínio <strong>de</strong> idosos<br />

<strong>de</strong>snutridos ou em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo; relação direta entre risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>snutrição e faixa etária mais avançada para as mulheres; e predominância <strong>de</strong> comprometimento<br />

nutricional em doenças caracteristicamente <strong>de</strong> curso crônico.<br />

AbStRACt<br />

objective: To evaluate the nutritional state of hospitalized el<strong>de</strong>rly and its relation with sex,<br />

age and main diagnosis of admission. methods:<br />

years in hospital of urgency through the Mini Nutritional Evaluation. The data were express in<br />

<br />

<br />

was men (68.4%) and the mean age was of 71.6 (± 8.5) years. Results: The main causes<br />

of internment had been the cardiorespiratory illnesses (25.51%), illnesses of the digestive<br />

<br />

state, 2/3 (two third) of the population presented risk of malnutrition or malnutrition, without<br />

<br />

<br />

<br />

causes (30%) and enters the patients at risk of malnutrition and malnutrition they had been<br />

the illnesses of the circulatory system (35.29% and 20.59%, respectively). Conclusion:<br />

It had predominance of el<strong>de</strong>rly with risk of malnutrition or of malnutrition, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt of<br />

the sex; direct relation between malnutrition risk and more advanced age for the women;<br />

and predominance of nutritional damage in illnesses characteristically of chronic course.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />

184<br />

Marinez Ferreira Barbosa Albuquerque 1<br />

Veruska Prado Alexandre 2<br />

3<br />

Lílian Fioravanso Apolinário 4<br />

5<br />

Liana Lima Vieira 6<br />

Iara Kallyanna Cavalcante Ferreira 7 (in memorian)


INTRODUÇÃO<br />

Os idosos fazem parte da população vulnerável e o processo<br />

natural <strong>de</strong> envelhecimento repercute sobre as suas condições <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e nutrição 1 micas,<br />

funcionais, bioquímicas e psicossociais que, associadas<br />

<br />

medicações, estão relacionadas à anorexia e perda <strong>de</strong> peso 2 , com<br />

acentuação nas ida<strong>de</strong>s mais avançadas 3 .<br />

Essas alterações aumentam o risco <strong>de</strong> infecções e hospitali-<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição, aumento do tempo <strong>de</strong> hospitalização e morbimortalida<strong>de</strong><br />

4 . Assim, torna-se fundamental a avaliação nutricional <strong>de</strong>stes<br />

indivíduos, possibilitando que a<strong>de</strong>quadas condutas terapêuticas<br />

sejam operacionalizadas 1 .<br />

Muitos métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional têm sido propostos<br />

<br />

<br />

pois todos apresentam limitações 5 .<br />

nóstico<br />

nutricional 6 <br />

cutâneas, área muscular do braço, circunferências corporais e<br />

índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC) 7 ções<br />

que ocorrem com o envelhecimento po<strong>de</strong>m comprometer<br />

<br />

preciso 8 ; além disso, para pacientes hospitalizados, a antropo-<br />

<br />

<br />

renal, câncer e tratamento dialítico 7 . Adicionalmente, o método<br />

antropométrico per se<br />

para a <strong>de</strong>terminação do real estado nutricional 9 .<br />

Dessa forma, foi <strong>de</strong>senvolvida a Mini Avaliação Nutricional<br />

(MAN), uma escala simples e <strong>de</strong> fácil uso para avaliação da popu-<br />

<br />

antropométrica. Sua aplicação po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a presença <strong>de</strong><br />

Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini Avaliação Nutricional<br />

RESUmEn<br />

objetivos: Evaluar el estado nutricional <strong>de</strong> los mayores hospitalizados y su relación con<br />

el sexo, la edad y el principal diagnóstico <strong>de</strong> la admisión. métodos: Fueron evaluados 98<br />

<br />

Nutricional. Los datos fueron expresos en las frecuencias medias y (con el <strong>de</strong>svío medio).<br />

<br />

<br />

Resultados: Las causas principales <strong>de</strong> la internación<br />

fueron las enfermeda<strong>de</strong>s cardiorespiratorias (25,51%), enfermeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l dispositivo<br />

<br />

nutricional, un 2/3 (dos tercios) <strong>de</strong> la población presento riesgo <strong>de</strong> la <strong>de</strong>snutrición y <strong>de</strong> la<br />

<br />

<br />

<br />

lesiones y causa externas (30%) y entre los pacientes con el riesgo <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición y los<br />

<strong>de</strong>snutridos había sido las enfermeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l dispositivo circulatorio (35,29% y 20,59%,<br />

respectivamente). Conclusión: Hubo predominio <strong>de</strong> mayores <strong>de</strong>snutridos o con el riesgo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición, in<strong>de</strong>pendiente <strong>de</strong>l sexo; relación directa entre el riesgo <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición y<br />

<br />

nutricional en enfermeda<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>l curso crónico.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />

185<br />

<strong>de</strong>snutrição e o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>snutrição entre pacientes<br />

idosos, mesmo antes que as alterações clínicas se manifestem 10 .<br />

Este trabalho teve como objetivo avaliar o estado nutricional<br />

<strong>de</strong> pacientes idosos hospitalizados e sua relação com sexo, faixa<br />

<br />

MÉTODOS<br />

cias<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia, Goiás, em que foram avaliados 98<br />

<br />

anos. A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada entre os meses <strong>de</strong> fevereiro<br />

a abril <strong>de</strong> 2007, após a aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa<br />

da Instituição.<br />

Foram excluídos do estudo pacientes com incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r as questões da MAN e sem acompanhantes ou que<br />

<br />

internados em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva (UTI).<br />

Para a coleta <strong>de</strong> dados foi utilizada a MAN 10 , sendo os dados<br />

coletados em até 72 horas após a internação. O questionário da<br />

rias:<br />

antropometria (peso, altura, circunferências do braço e da<br />

<br />

medicação e mobilida<strong>de</strong>); dieta (relativas ao número <strong>de</strong> refeições,<br />

<br />

auto-avaliação (da saú<strong>de</strong> e nutrição). Cada resposta recebe um<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição e, abaixo <strong>de</strong> 17, <strong>de</strong>snutrição 10 .<br />

<br />

(distribuídos nas faixas etárias <strong>de</strong> 60 a 69 anos; 70 a 79 anos e<br />

<br />

<br />

Estatística Internacional <strong>de</strong> Doenças e Problemas Relacionados à<br />

Saú<strong>de</strong> (CID 10) 11 <br />

frequentemente relatados. Em <strong>de</strong>corrência do número reduzido <strong>de</strong>


tornos<br />

mentais e comportamentais; doenças dos olhos e anexos;<br />

do sistema osteoarticular e tecido conjuntivo foram apresentadas<br />

<br />

Os dados antropométricos coletados foram o peso, o comprimento<br />

do joelho e as circunferências do braço e da panturrilha. O<br />

<br />

<br />

12 . Para os pacientes imobilizados,<br />

o peso foi estimado a partir <strong>de</strong> fórmula proposta por Chumlea et al. 13 .<br />

Para a avaliação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma, foi utilizada a técnica<br />

14 <br />

<br />

<br />

Gibson 15 . Para a aferição da circunferência braquial e circunferência<br />

12<br />

16 , respectivamente.<br />

A estatura foi obtida com auxílio da fórmula <strong>de</strong> Chumlea et<br />

al. 17 . Para a <strong>de</strong>terminação do IMC, calculou-se a razão entre o<br />

sentado<br />

por Lipschitz 18 .<br />

O processamento <strong>de</strong> dados e as análises foram realizados<br />

com auxílio do aplicativo Statistical Software for Professional<br />

(STATA), versão 7.0. As análises estatísticas foram realizadas por<br />

sexo, sendo os resultados expressos em frequências e médias com<br />

<br />

o teste do qui-quadrado e teste exato <strong>de</strong> Fischer, consi<strong>de</strong>rando<br />

<br />

Albuquerque MFB<br />

Variáveis Sexo<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />

186<br />

RESULTADOS<br />

-<br />

<br />

Tabela 1.<br />

A amostra estudada foi composta por 98 idosos, com média<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 71,6 (± 8,5) anos, sendo 67 (68,4%) homens e 31<br />

(31,6%) mulheres. A maior parte dos idosos (52,2%) apresen-<br />

<br />

maior frequência (48,4%) na faixa etária entre 70 aos 79 anos,<br />

sem diferenças entre os sexos (Tabela 1). Dentre as principais<br />

causas <strong>de</strong> internação <strong>de</strong>stacam-se as doenças cardiorespiratórias<br />

<br />

causas externas (17,3%), para homens e mulheres, sem diferença<br />

<br />

<br />

2/3 (dois terços) da população estudada apresentou risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>snutrição e <strong>de</strong>snutrição. Observou-se para os homens a mesma<br />

frequência <strong>de</strong> pacientes nutridos e <strong>de</strong>snutridos (34,3% cada) e<br />

<br />

foi a mais frequente. Na análise estatística, não foi observada<br />

<br />

Nas Tabelas 2 e 3, são apresentados os resultados da avaliação<br />

<br />

maior percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutridos nos indivíduos com ida<strong>de</strong><br />

<br />

<br />

<strong>de</strong> acordo com a faixa etária apresentou diferença estatisticamente<br />

<br />

tabela 1.<br />

Ida<strong>de</strong><br />

Homens mulheres total<br />

(n=67) (n=31) P (n=98<br />

n % n % n %<br />

35 52,2 12 38,7 0,14 47 48<br />

70 a 79 anos 18 26,9 15 48,4 33 33,7<br />

14 20,9 4 12,9 18 18,3<br />

Diagnósticos 1<br />

Doenças do aparelho circulatório 18 26,9 7 22,6 0,96 25 25,5<br />

Doenças do aparelho digestivo 12 17,9 7 22,6 19 19,4<br />

Causas externas 2 12 17,9 5 16,1 17 17,3<br />

Transtornos endócrinos, nutricionais e metabólicos 5 7,4 3 9,7 8 8,2<br />

20 29,9 9 29,0 29 29,6<br />

Estado nutricional *<br />

Nutrido 23 34,3 7 22,6 0,44* 30 30,6<br />

Risco <strong>de</strong> Desnutrição 21 31,4 13 41,9 34 34,7<br />

Desnutrido 23 3,4,3 11 35,5 34 34,7<br />

<br />

* Valor p do teste exato <strong>de</strong> Fisher ** Valor p do qui quadrado.


DISCUSSÃO<br />

Neste estudo, observou-se uma alta frequência <strong>de</strong> homens e<br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição foi maior para as mulheres. Assim como em outros<br />

estudos, a relação entre estado nutricional e sexo não apresentou<br />

19-23 . Diversos estudos têm encontrado altas<br />

frequências <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição ou <strong>de</strong>snutrição em idosos<br />

<br />

50% 20,21,24,25 <br />

estado nutricional não são padronizados, po<strong>de</strong>ndo levar à interferência<br />

na comparação entre os resultados.<br />

Em referência à relação entre ida<strong>de</strong> e estado nutricional,<br />

19 , Azevedo et al. 22 e Paula et al. 23 observaram<br />

maiores frequências <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutridos ou risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição em<br />

idosos com ida<strong>de</strong> mais avançada. Dados da Pesquisa Nacional<br />

sobre Saú<strong>de</strong> e <strong>Nutrição</strong> (PNSN) 26 , apontam para um aumento<br />

Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini Avaliação Nutricional<br />

Estado nutricional<br />

Faixa etária nutrido Risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição Desnutrição Valor p*<br />

n % n % n %<br />

<br />

70 – 79 anos 5 27,8 9 50 4 22,2 0,07<br />

<br />

* p teste exato <strong>de</strong> Fisher<br />

Faixa etária<br />

<br />

70 – 79 anos<br />

<br />

tabela 2. Distribuição do estado nutricional por faixa etária, homens, Goiânia, 2007.<br />

tabela 3. Distribuição do estado nutricional por faixa etária, mulheres, Goiânia, 2007<br />

Estado nutricional<br />

nutrido Risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição Desnutrição<br />

n % n % n %<br />

1<br />

6<br />

0<br />

8,3<br />

40,0<br />

00,0<br />

8<br />

5<br />

0<br />

66,7<br />

33,3<br />

00,0<br />

tabela 4. Distribuição do estado nutricional <strong>de</strong> acordo diagnóstico principal.<br />

Diagnóstico <strong>de</strong> internação 1 nutridos<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />

187<br />

3<br />

4<br />

4<br />

25,0<br />

26,7<br />

100<br />

Valor p*<br />

0,02<br />

Risco <strong>de</strong><br />

Desnutrição Desnutridos<br />

n % n % n %<br />

Doenças do aparelho circulatório 6 20,0 12 35,3 7 20,6<br />

Doenças do aparelho digestivo 8 26,7 7 20,6 4 11,8<br />

Causas externas 2 9 30,0 6 17,6 2 6,0<br />

Transtornos endócrinos, nutricionais e metabólicos 0 0,0 4 11,8 4 11,8<br />

7 23,3 5 14,7 17 50,0<br />

Total 30 100,0 34 100,0 34 100,0<br />

1 Diagnóstico segundo CID 10 11 . 2 <br />

<br />

frequente em mulheres. De forma semelhante, este estudo<br />

observou um maior comprometimento do estado nutricional com<br />

<br />

Otero et al. 27 <br />

mais relacionado à mortalida<strong>de</strong> do que o excesso <strong>de</strong> peso.<br />

O aumento da <strong>de</strong>snutrição com o avanço da ida<strong>de</strong> se relaciona<br />

<br />

<br />

uso <strong>de</strong> sonda alimentar; assim como em <strong>de</strong>corrência da situação<br />

28 . Estes<br />

<br />

nas situações nas quais ocorre o aumento das necessida<strong>de</strong>s nutri-<br />

29 .


as principais causas <strong>de</strong> internação observadas para a população<br />

idosa estudada, sendo este achado corroborado por diversos<br />

estudos e pelo Sistema <strong>de</strong> Informações Hospitalares (SIH-SUS).<br />

30 , em análise dos dados do SIH-SUS,<br />

tendo como referência o ano <strong>de</strong> 2001, as doenças dos aparelhos<br />

damente<br />

60% das causas <strong>de</strong> internação. Resultados semelhantes<br />

foram encontrados por Siqueira et al. 31 , no qual as doenças do<br />

aparelho circulatório (60,6%) foram as mais frequentes causas<br />

<br />

doenças do aparelho respiratório (33,0%). Amaral et al. 32 , em<br />

estudo com idosos hospitalizados no Rio <strong>de</strong> Janeiro, observaram<br />

como principal causa <strong>de</strong> internação as doenças do aparelho circu-<br />

<br />

<br />

<br />

estado nutricional, observou-se que os pacientes com <strong>de</strong>snutrição e<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição tiveram como principal causa <strong>de</strong> internação as<br />

doenças do aparelho circulatório. Já os pacientes nutridos, em sua<br />

tico.<br />

Este resultado po<strong>de</strong> estar relacionado ao fato <strong>de</strong> que os idosos<br />

<br />

33 , ao passo que lesões<br />

<br />

diretamente a comprometimento do estado nutricional prévio.<br />

Okoshi et al. 34 e Dourado et al. 35 <br />

ratória,<br />

uma menor assimilação <strong>de</strong> nutrientes; um aumento das<br />

necessida<strong>de</strong>s nutricionais e da produção <strong>de</strong> citocinas (levando<br />

<br />

<br />

CONCLUSÃO<br />

Diante do exposto, conclui-se que na população estudada houve<br />

um predomínio <strong>de</strong> idosos <strong>de</strong>snutridos ou em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo. Em relação à ida<strong>de</strong>, observa-se relação direta<br />

entre risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e faixa etária mais avançada, entretanto<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

fatores causais e estado nutricional atual.<br />

AgRADECIMENTO<br />

in memorian), nutricio-<br />

<br />

o reconhecimento pela atuação e contribuição na pesquisa em<br />

<strong>Nutrição</strong> Clínica.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Sampaio HAC, Melo MLP, Almeida P.C, Benevi<strong>de</strong>s ABP. Aplicabilida<strong>de</strong> das<br />

fórmulas <strong>de</strong> estimativa <strong>de</strong> peso e altura para idosos e adultos. Rev Bras Nutr Clin.<br />

2002;17(4):117-21.<br />

Albuquerque MFB<br />

Local <strong>de</strong> realização do Trabalho:<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />

188<br />

<br />

4(1):1-4.<br />

3. Ortiz SPJ, Men<strong>de</strong>z SFJ, Varela PL, Pamo RO. Variación <strong>de</strong>l estado nutricional <strong>de</strong>l<br />

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Esmeraldino R. Principais fatores da mini-avaliação nutricional associada a alterações<br />

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33. Campos MAG, Pedroso ERP, Lamounier JA, Colosimo EA, Abrante MM. Estado<br />

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ência<br />

cardíaca. Rev Bras Med. 2001;58(10):742-49.


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />

Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em<br />

adolescentes<br />

Alimentary periodic compulsion and alteration of the corporal image in adolescents<br />

Compulsão regular <strong>de</strong> la alimentación y la distorsión <strong>de</strong> la imagen corporal en adolescentes<br />

Unitermos<br />

Obesida<strong>de</strong>. Distúrbio alimentar. Disfunção alimentar.<br />

Imagem corporal<br />

Key words:<br />

Obesity. Upheaval alimentay. Riot alimentay. Image<br />

body.<br />

Unitérminos<br />

Obesidad. Disturbio alimentar. Disfunción alimentar.<br />

Imagen corporal.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Av. Caçapava 136 Apt. 16, Bairro Petrópolis, Porto<br />

Alegre – RS, CEP: 90460130<br />

Telefone: (51) 33326360<br />

E-mail: marizinhamota@hotmail.com<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 14/05/2008<br />

Aceito para publicação: 05/03/2009<br />

1 - Graduada em <strong>Nutrição</strong> pelo Centro Universitário <strong>de</strong><br />

Maringá – CESUMAR<br />

2 - Mestre em Ciências da saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Maringá – UEM<br />

RESUMO<br />

Introdução: Atualmente, é nítido o aumento da prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> transtornos<br />

alimentares em adolescentes. A obesida<strong>de</strong> ou excesso <strong>de</strong> gordura corporal é comprovadamente<br />

fator <strong>de</strong> risco para saú<strong>de</strong> humana. Objetivo:<br />

alimentar periódica e alteração da imagem corporal em adolescentes <strong>de</strong> uma escola particular<br />

<strong>de</strong> um município do Norte do Paraná. Método: Os adolescentes foram divididos em dois<br />

tionários<br />

constituídos por informações sobre: hábitos alimentares e auto-relato relacionado à<br />

imagem corporal. Além disso, os adolescentes foram submetidos à aferição do peso, com o<br />

<br />

Resultados:<br />

uma maior tendência a <strong>de</strong>senvolver compulsão alimentar (30,77%) e distorção da imagem<br />

<br />

(20% para compulsão alimentar e 20% para distorção da imagem corporal). Conclusão: A<br />

análise percentual indicou a existência <strong>de</strong> diferenças em relação à insatisfação corporal entre<br />

<br />

ABSTRACT<br />

Background: Currently the increase of the prevalence of obesity is clear and of alimentary<br />

upheavals in adolescents, the obesity or excess of corporal fat is proven factor of risk for health<br />

human being. Objective: To i<strong>de</strong>ntify to the prevalence of alimentary periodic compulsion and<br />

alteration of the corporal image in adolescents of a public school of a City of the North of the<br />

Paraná. Method: <br />

<br />

on: alimentary habits and auto-story related to the corporal image. Moreover, the adolescents<br />

had been submitted to the gauging of the weight, with the aid of the scale and stature with<br />

metric ribbon, for <strong>de</strong>termination of its nutritional state. Results: Female adolescents who have<br />

overweight and obesity have a greater ten<strong>de</strong>ncy to <strong>de</strong>velop compulsion food (30.77%) and<br />

<br />

to compulsion food and 20% for distortion of body image). Conclusion: Percentile analysis<br />

<br />

being that in the feminine sex it has a bigger concern with the beauty standards.<br />

RESUMEN<br />

Introdución: Actualmente el aumento <strong>de</strong> la presencia constante <strong>de</strong> la obesidad y <strong>de</strong> los<br />

trastornos alimentares en adolescentes es concretamente notable. La obesidad, o el exceso<br />

<strong>de</strong> gordura en el cuerpo, es comprobadamente factor <strong>de</strong> riesgo para la salud humana.<br />

Objetivo:<br />

<strong>de</strong> la imagen corporal en adolescentes <strong>de</strong> una escuela privada <strong>de</strong> un distrito <strong>de</strong>l norte<br />

<strong>de</strong> Paraná. Métodos:<br />

2 - sobrepesos y obesos. Los datos fueron obtenidos por intermedio <strong>de</strong> cuestionarios<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

189<br />

Nayara Mocci Ciorlin 1<br />

Vanessa Taís Nozaki 2


INTRODUÇÃO<br />

Dados recentes comprovam o aumento da prevalência<br />

<strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> transtornos alimentares em adolescentes.<br />

Wang et al., citados por Conti et al. 1 , estudaram a tendência <strong>de</strong><br />

obesida<strong>de</strong> e baixo peso em crianças e adolescentes, constatando<br />

<br />

a prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> entre jovens aumentou em 8,9% no<br />

período <strong>de</strong> 1974 a 1997.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do gênero, os adolescentes se preocupam<br />

com o peso corporal e aparência. Almeida et al. 2 apontam que essa<br />

preocupação po<strong>de</strong> estar relacionada aos transtornos alimentares<br />

e à obesida<strong>de</strong>. Hábitos alimentares ina<strong>de</strong>quados, associados a<br />

doenças, constituem potenciais problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />

Com o aumento da prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e transtornos<br />

alimentares em adolescentes, estudos sobre este assunto po<strong>de</strong>rão<br />

ajudar na conscientização e no aprendizado da importância <strong>de</strong><br />

se ter uma alimentação a<strong>de</strong>quada.<br />

Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que<br />

atingem na maioria das vezes adolescentes e adultos jovens do<br />

sexo feminino, po<strong>de</strong>m causar prejuízos biológicos e psicológicos<br />

e aumentar o índice <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> 3 . Apesar dos<br />

transtornos alimentares serem doenças psiquiátricas, eles estão<br />

<br />

taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre 5 a 15% 4 .<br />

Os transtornos alimentares são constituídos por um conjunto<br />

<strong>de</strong> fatores em interação, que envolvem componentes biológicos,<br />

psicológicos, familiar e sócio-culturais 5 . Sobreira 6 <strong>de</strong>staca que<br />

os transtornos alimentares po<strong>de</strong>m ocorrer em associação com<br />

vários transtornos psiquiátricos e clínicos: anorexia nervosa,<br />

bulimia nervosa, transtornos <strong>de</strong>pressivos, obesida<strong>de</strong>, diabetes etc.<br />

Os principais fatores que acentuam os transtornos do<br />

comportamento alimentar são os fatores culturais, que <strong>de</strong>sen-<br />

<br />

<br />

transtornos apresentam em comum a característica relacionada<br />

à preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, que<br />

exacerba medo mórbido <strong>de</strong> engordar 7 .<br />

<br />

<br />

pela ingestão <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comida em um<br />

pequeno intervalo <strong>de</strong> tempo com sensação <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle<br />

sobre o que ou quanto se come 8 .<br />

<br />

um diagnóstico encontrado frequentemente neste grupo, principalmente<br />

naqueles indivíduos que realizam tratamento para a perda <strong>de</strong><br />

Nayara Mocci Ciorlin 1<br />

con informaciones acerca <strong>de</strong> sus hábitos alimentares y un auto-informe sobre la imagen<br />

corporal. A<strong>de</strong>más, los adolescentes fueron sometidos a la evaluación <strong>de</strong> peso, con la<br />

ayuda <strong>de</strong> una báscula y <strong>de</strong> la estatura, con una cinta métrica, para la <strong>de</strong>terminación <strong>de</strong><br />

sus estados <strong>de</strong> nutrición. Resultados:<br />

la obesidad tienen una mayor ten<strong>de</strong>ncia a <strong>de</strong>sarrollar la obligación <strong>de</strong> alimentos (30,77%)<br />

<br />

<br />

imagen corporal). Conclusión: El análisis <strong>de</strong>l porcentaje indicó la existencia <strong>de</strong> diferencias<br />

<br />

una mayor preocupación con los padrones <strong>de</strong> belleza.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

190<br />

<br />

geral po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 1,5% a 5%, em amostras clínicas <strong>de</strong> pacientes<br />

<br />

com compulsão alimentar usualmente evi<strong>de</strong>nciam uma elevação<br />

maior do que a esperada em relação às taxas <strong>de</strong> psicopatologia<br />

alimentar, ou seja, perturbação da imagem corporal 9 .<br />

Cash (1993), citado por Almeida et al. 2 , diz que a imagem<br />

<br />

aparência e o funcionamento do seu corpo. Segundo o autor, o<br />

<strong>de</strong>scontentamento relacionado ao peso, que muitas vezes leva<br />

a uma imagem corporal negativa, vem <strong>de</strong> uma ênfase cultural<br />

na magreza e estigma social da obesida<strong>de</strong>.<br />

2 , <strong>de</strong>stacaram<br />

dois aspectos relativos à imagem corporal: insatisfação e<br />

distorção da imagem corporal. Quanto à insatisfação, os autores<br />

<br />

que em relação à distorção, embora associada à obesida<strong>de</strong>, os<br />

dados não têm se mostrado consistentes.<br />

<br />

em adolescentes, caracterizados tanto pelo excesso, quanto<br />

<br />

dia cresce o número <strong>de</strong> adolescentes com hábitos alimentares<br />

ina<strong>de</strong>quados, com obesida<strong>de</strong> e transtornos alimentares.<br />

A distorção da imagem corporal, ou seja, superestimar<br />

ou subestimar o tamanho e/ou forma do corpo, não constitui<br />

característica particular <strong>de</strong> adolescentes que <strong>de</strong>senvolvem<br />

algum tipo <strong>de</strong> transtorno alimentar, uma vez que se torna mais<br />

presente na dinâmica vivencial dos indivíduos <strong>de</strong>ssa faixa etária.<br />

<br />

<br />

e felicida<strong>de</strong>, estão entre as causas da alteração da percepção<br />

da imagem corporal, gerando insatisfação, em especial para<br />

indivíduos do sexo feminino 1 .<br />

A relação entre a imagem corporal e o Índice <strong>de</strong> Massa<br />

<br />

algum tipo <strong>de</strong> distúrbio alimentar. Consi<strong>de</strong>rando as consequências<br />

adversas <strong>de</strong>correntes dos transtornos alimentares, bem como<br />

meter<br />

com os aspectos curativos voltados ao tratamento, mas<br />

<br />

outros adolescentes possam <strong>de</strong>senvolver quadros semelhantes 1 .<br />

Diante do exposto, acredita-se que i<strong>de</strong>ntificar fatores<br />

<br />

<br />

a<strong>de</strong>quadas a evitar ou diminuir a transtornos alimentares. Dessa


compulsão periódica alimentar e alteração da imagem corporal<br />

<br />

<br />

do Paraná.<br />

MÉTODOS<br />

A casuística da investigação foi composta <strong>de</strong> 168 adoles-<br />

<br />

Paraná. Segundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), a<br />

adolescência correspon<strong>de</strong> faixa etária <strong>de</strong> 11 a 19 anos.<br />

Os sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos,<br />

<br />

<br />

sobre: hábitos alimentares e auto-relato relacionado à imagem<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

IMC, segundo os parâmetros <strong>de</strong> Must (1991), e os pontos <strong>de</strong><br />

corte adotados foram:<br />

< P5 baixo peso, P³ 5 I P15 risco para baixo peso, P³15 I P85<br />

<br />

A avaliação dos hábitos alimentares foi realizada por meio<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

abaixo:<br />

- Menor ou igual 17 = normal<br />

<br />

(<strong>de</strong> nada a muito)<br />

- 30 ou mais = Compulsão Alimentar Periódica<br />

A distorção da imagem corporal foi avaliada segundo o Teste<br />

<br />

sobre auto-relato relacionado à imagem corporal 12 .<br />

RESULTADOS<br />

A amostra apresentava 104 meninas e 64 meninos, nos quais<br />

<br />

Figura 1 – Distribuição da amostra segundo o índice <strong>de</strong> massa corpórea e<br />

gênero.<br />

Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

191<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

o grau <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> dos indivíduos, sendo calculado dividindo<br />

o peso pela altura ao quadrado. A amostra analisada foi avaliada<br />

quanto ao IMC, como apresentado na Figura 1.<br />

FIgURA 1<br />

A análise da Figura 1 possibilita observar que, em relação<br />

<br />

aproximadamente 72%, quando comparados ao valor <strong>de</strong> aproximadamente<br />

71% dos meninos. Outro dado importante foi o do<br />

risco para o baixo peso. As meninas apresentaram em torno <strong>de</strong><br />

15%, enquanto que os meninos apresentaram aproximadamente<br />

9% <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> baixo peso. Outro parâmetro analisado foi o da<br />

obesida<strong>de</strong>, que apresentou um predomínio no sexo masculino<br />

15%, quando comparada ao sexo feminino, que apresentou<br />

aproximadamente 7%.<br />

Outro parâmetro analisado foi à compulsão alimentar,<br />

que representa um transtorno alimentar, caracterizado pelo<br />

excesso alimentar acompanhado <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle. A Figura<br />

2 compara os valores referentes à compulsão alimentar em<br />

<br />

FIgURA 2<br />

<br />

<br />

compulsão grave. É possível observar que as meninas, tanto<br />

<br />

tendência a apresentarem compulsão alimentar periódica do que<br />

<br />

<br />

têm maiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> não apresentarem compulsão<br />

<br />

A Tabela 1 sintetiza a análise <strong>de</strong>scritiva da compulsão<br />

alimentar nos adolescentes avaliados, apresentando o número,<br />

<br />

Tabela 1<br />

<br />

Figura 2 – Distribuição da amostra segundo a compulsão alimentar e sexo


Nayara Mocci Ciorlin 1<br />

Tabela 1 - Análise Descritiva dos adolescentes segundo os resultados <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica<br />

COMPULSÃO N Média Mínimo Máximo Desv.Padrão<br />

75 11,50667 0,000000 27,00000 6,350938<br />

Fem_Obesas 13 15,30769 0,000000 25,00000 5,691875<br />

45 5,57778 0,000000 24,00000 5,096741<br />

Masc_Obesos 13 8,30769 0,000000 21,00000 5,633007<br />

Fem = Feminino<br />

Masc = Masculino<br />

Figura 3 – Distribuição da amostra segundo a distorção da imagem corporal<br />

e sexo.<br />

<br />

meninas obesas 15,30 (± 5,69).<br />

A imagem corporal <strong>de</strong> uma maneira geral está relacionada à<br />

forma com que o indivíduo se percebe e se sente em relação ao<br />

<br />

grau <strong>de</strong> distorção da imagem corporal dos adolescentes, como<br />

<strong>de</strong>monstrado na Figura 3.<br />

Figura 3<br />

A análise percentual indicou a existência <strong>de</strong> diferenças em<br />

relação à Insatisfação Corporal entre gêneros, sendo que os<br />

meninos obesos apresentam 15,38% <strong>de</strong> distorção da imagem<br />

<br />

em contrapartida, as meninas obesas apresentam 38,46%<br />

<strong>de</strong> distorção da imagem corporal, enquanto as meninas<br />

<br />

observa-se que os meninos apresentam pouquíssima chance<br />

<br />

<br />

23% obesas) <strong>de</strong> manifestar distorção leve, como apresentado<br />

na Figura 3.<br />

A Tabela 2 sintetiza a relação entre os parâmetros analisados,<br />

que caracterizaram a análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para<br />

os gêneros estudados. Observa-se que o peso <strong>de</strong> ambos os<br />

<br />

Stu<strong>de</strong>nt, como<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

192<br />

<br />

meninos obesos, como visualizados na Tabela 2.<br />

Tabela 2<br />

<br />

valor mínimo, máximo e <strong>de</strong>svio padrão dos dados referentes à<br />

<br />

los segundo os parâmetros <strong>de</strong>scritos.<br />

Tabela 3<br />

A Tabela 3 mostra um número <strong>de</strong> 75 adolescentes do sexo<br />

<br />

<br />

característica a ser abordada refere-se à igualda<strong>de</strong> do número<br />

<strong>de</strong> adolescentes <strong>de</strong> ambos os gêneros obesos, contudo esses<br />

apresentam valor mínimo com diferença expressiva para o teste<br />

<strong>de</strong> imagem corporal, <strong>de</strong> 42 para as meninas obesas e <strong>de</strong> 34 para<br />

<br />

valores, como observado na Tabela 3.<br />

Tabela 4<br />

A Tabela 4 apresenta os valores apresentados a partir da<br />

aplicação do teste T Stu<strong>de</strong>nt, <strong>de</strong>ssa forma observa-se que apenas<br />

a relação entre a distorção da imagem em meninos obesos<br />

<br />

<br />

Stu<strong>de</strong>nt, como observado na Tabela 4.<br />

A Tabela 5 sintetiza os dados referentes ao Teste T Stu<strong>de</strong>nt para<br />

a compulsão correlacionada aos gêneros. A análise da Tabela 5<br />

<strong>de</strong>monstra que somente quando comparada a relação entre meninos<br />

-<br />

<br />

Tabela 5<br />

DISCUSSÃO<br />

Com base na análise dos dados obtidos neste estudo, foi<br />

possível perceber que adolescentes do sexo feminino apresentam<br />

<strong>de</strong> uma maneira geral maior tendência a <strong>de</strong>senvolver compulsão<br />

alimentar e distorção da imagem corporal, quando comparadas<br />

aos adolescentes do sexo masculino, que apresentam alta probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> não apresentar compulsão alimentar e distorção <strong>de</strong><br />

imagem corporal.


Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />

Tabela 2 – Análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para a caracterização dos gêneros<br />

Relação P<br />

0,011204<br />

0,837927<br />

0,063737<br />

0,000093<br />

0,058996<br />

0,000004<br />

<br />

Tabela 3 - Análise <strong>de</strong>scritiva dos adolescentes segundo os resultados <strong>de</strong> imagem corporal<br />

IMAGEM N Média Mínimo Máximo Desv.Padrão<br />

75 85,53333 39,00000 173,0000 28,56445<br />

Fem_Obesas 13 90,92308 42,00000 151,0000 34,37407<br />

45 43,80000 34,00000 125,0000 14,43575<br />

Masc_Obesos 13 66,23077 34,00000 150,0000 35,39104<br />

Fem = Feminino<br />

Masc = Masculino<br />

<br />

<br />

alimentares utilizando testes com indivíduos <strong>de</strong> várias ida<strong>de</strong>s,<br />

inclusive em adolescentes 13 , objetivando avaliar suas condutas<br />

14 .<br />

Russo 15 -<br />

<br />

Tabela 4 - Análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para a Imagem<br />

Relação da distorção <strong>de</strong> imagem P<br />

0,000000<br />

0,543931<br />

0,083713<br />

0,001151<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

193<br />

da aplicação <strong>de</strong> questionários coletivos. As análises se voltaram<br />

para os questionamentos a respeito da preocupação com corpo<br />

dos estudantes pesquisados. Os resultados indicaram existência<br />

<strong>de</strong> diferenças em relação à insatisfação corporal entre gêneros,<br />

<br />

formas como: medo <strong>de</strong> ganhar peso, sensibilida<strong>de</strong> expressa por<br />

pensamentos aliados a um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> emagrecer.


Vários estudos <strong>de</strong>monstram essa preocupação acentuada<br />

pela busca do corpo perfeito 16, 17 , que na maioria das vezes<br />

se acentua no sexo feminino, como comprovado no presente<br />

estudo, <strong>de</strong> acordo com os dados <strong>de</strong>scritos nos resultados. Dessa<br />

forma, Andra<strong>de</strong> et al. 18 <strong>de</strong>stacam que o processo <strong>de</strong> globalização,<br />

<br />

homem do seu centro <strong>de</strong> referência cultural. A insatisfação com<br />

a imagem corporal, entre outros fenômenos, explica o processo<br />

que coloca a mulher em uma busca incessante pela beleza 19 .<br />

<br />

maioria das pessoas, que avaliam seus corpos pela interação com<br />

<br />

continuamente durante a vida inteira, mas as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m social ofuscam as necessida<strong>de</strong>s individuais. Cultural-<br />

<br />

se fazem <strong>de</strong>le. Se a imagem dominante, valorizada socialmente,<br />

for <strong>de</strong> uma pessoa magra, emagrecer será o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> todos.<br />

Aqueles que não conseguem chegar a este padrão <strong>de</strong>sejado<br />

sofrem muito 20 <br />

a auto-imagem, principalmente das mulheres, que se sentem<br />

obrigadas a ter um corpo magro, atrativo, em forma e jovem 21 .<br />

Siqueira, et al. 22 avaliaram 2.855 indivíduos <strong>de</strong> uma amostra<br />

<strong>de</strong> conveniência (usuários <strong>de</strong> shopping centers <strong>de</strong> cinco cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras) e observaram uma prevalência <strong>de</strong> compulsão<br />

<br />

<br />

e 6,6% em mulheres com sobrepeso e obesida<strong>de</strong>.<br />

Um estudo realizado com universitárias <strong>de</strong> uma instituição<br />

privada <strong>de</strong> São Leopoldo (RS), mostrou que as universitárias<br />

com IMC superior a 25Kg/m 2 apresenta mais compulsão<br />

alimentar periódica do que as universitárias com IMC inferior<br />

a 25Kg/m 2 , já que os resultados foram 54,5% para excesso <strong>de</strong><br />

peso e obesida<strong>de</strong> enquanto o mesmo só ocorreu para 13,4%<br />

23 .<br />

Triches et al. 24 <br />

ao <strong>de</strong>ste estudo. Avaliaram a insatisfação corporal em escolares<br />

em dois municípios do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e constataram que<br />

as crianças mais insatisfeitas são as que apresentam risco para<br />

obesida<strong>de</strong> e obesida<strong>de</strong>.<br />

<br />

nais<br />

estimuladas pela busca do corpo perfeito A vigorexia, mais<br />

comum em homens, se caracteriza por uma preocupação exces-<br />

<br />

Nayara Mocci Ciorlin 1<br />

Tabela 5 – Análise <strong>de</strong>scritiva do Teste T Stu<strong>de</strong>nt para a compulsão<br />

Relação entre os gêneros P<br />

0,000001<br />

0,046487<br />

0,004316<br />

0,102086<br />

.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

194<br />

musculosos, passando horas na aca<strong>de</strong>mia se exercitando, e<br />

ticos<br />

25-27 . O transtorno da compulsão alimentar periódica e o<br />

transtorno obsessivo-compulsivo foi relatado por Papelbaum<br />

e Appolinário 26 , que abordam a relação <strong>de</strong>sse distúrbio em<br />

homens, <strong>de</strong>monstrando o <strong>de</strong>scontrole compulsivo pela ingestão<br />

<strong>de</strong> alimentos, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> problemas psicológicos semelhantes<br />

aos mesmos efeitos apresentados em mulheres.<br />

A evolução do diagnóstico e tratamento para transtornos<br />

<br />

funcionamento mental dos pacientes e das <strong>de</strong>scobertas<br />

terapêuticas que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong>ssa compreensão. Gorati et al. 28<br />

sugerem que a psicoterapia representa uma proposta <strong>de</strong><br />

tratamento para pacientes com transtorno alimentar, que tem<br />

como objetivo recuperar e fortalecer a auto-estima e auxiliar<br />

<br />

da consciência.<br />

A busca do corpo perfeito está gerando excessos e preocu-<br />

<br />

<br />

mais no sentido <strong>de</strong> orientação e promoção da saú<strong>de</strong> incentivando<br />

uma alimentação saudável e uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

CONCLUSÃO<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do presente estudo possibilitou concluir<br />

que a compulsão alimentar está relacionada às diferenças em<br />

relação à insatisfação corporal entre gêneros, sendo que no sexo<br />

<br />

<br />

socialmente conceituados.<br />

<br />

maneira geral com que o indivíduo se percebe e se sente em<br />

relação ao seu próprio corpo, foi acentuadamente maior no<br />

sexo feminino.<br />

<br />

vítima da compulsão alimentar periódica e da distorção da<br />

imagem corporal, são as pessoas que se encontram em excesso<br />

<strong>de</strong> peso e obesida<strong>de</strong>. Hoje em dia, esses problemas já não<br />

são mais raros em homens, mas o número <strong>de</strong> mulheres com<br />

compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal<br />

<br />

AgRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Deus pelo dom da vida, e pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


usufruir <strong>de</strong>sse dom com saú<strong>de</strong> e dignida<strong>de</strong>, para po<strong>de</strong>r concluir<br />

mais essa etapa da minha vida.<br />

Aos meus pais, irmãos, namorado e familiares, por sempre<br />

acreditar em mim.<br />

<br />

disposição e por me auxiliar sempre que precisei.<br />

Aos meus amigos, pela amiza<strong>de</strong> sincera e pela força.<br />

À minha amiga Danieli, por ter me ajudado na coleta <strong>de</strong><br />

dados.<br />

À minha tia Dori, pela ajuda e disposição.<br />

REFERÊNCIAS<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

.<br />

<br />

. 10 a ed, São Paulo:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Interdisciplinar da Obesida<strong>de</strong>, 2007.<br />

<br />

1997. 184p.<br />

; 33:284-92.<br />

<br />

<br />

.<br />

2 <br />

<br />

<br />

Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />

Local <strong>de</strong> realização do trabalho: ???????????????????????????????????????????<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />

195<br />

<br />

<br />

Research, n. no prelo, 2006.<br />

13 Oliveira CL, Fisberg M. Obesida<strong>de</strong> na infância e adolescência: uma verda<strong>de</strong>ira<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

16 Montenegro Medina MA, Ornstein Letelier C, Tapia Ilabaca PA. Corpo e corporalida<strong>de</strong><br />

a partir da vivência feminina. Acta bioeth.<br />

17 Tavares, M.C.C. Imagem Corporal: Conceito e Desenvolvimento. São Paulo:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

alimentares. <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

(acesso em 15/10/2007).<br />

<br />

<br />

Marzo, 1999.


<strong>Artigo</strong> Original<br />

Marília Alonso Mota<br />

Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo<br />

paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />

Subjective global assessment and patient-generated subjective global assessment in oncology: a compa-<br />

rative study<br />

Evaluación subjetiva global y evaluación subjetiva global producida por el paciente en oncologia: un estudio<br />

comparativo<br />

Unitermos<br />

Avaliação nutricional; Estado nutricional; Oncologia<br />

Key words:<br />

Nutritional Evaluation, Nutritional State, Oncology<br />

Unitérminos<br />

Evaluación nutricional; El estado nutricional; Oncologia.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Av. Caçapava 136 Apt. 16, Bairro Petrópolis, Porto<br />

Alegre – RS, CEP: 90460130<br />

Telefone: (51) 33326360<br />

E-mail: marizinhamota@hotmail.com<br />

Data <strong>de</strong> submissão: 05/05/2008<br />

Aceito para publicação: 20/01/2009<br />

1 - Nutricionista - PUCRS<br />

2 - Nutricionista, Especialista em Terapia Nutricional<br />

<strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/ SBNPE e Mestre em Gerontologia<br />

Biomédica/ PUCRS<br />

3 - Especialista em Terapia Nutricional <strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/<br />

SBNPE e Especialista em Terapia Nutricional<br />

<strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/ PUCRS<br />

RESUMO<br />

Introdução:cional<br />

do paciente, possibilitando intervenção nutricional a<strong>de</strong>quada. A Avaliação Subjetiva<br />

Global Produzida Pelo Paciente (ASG-PPP) utiliza escores, com o objetivo <strong>de</strong> melhor rastrear<br />

o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes oncológicos. Objetivo: Comparar os resultados obtidos por<br />

meio da utilização da ASG e ASG-PPP. Métodos: A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada por meio<br />

da utilização <strong>de</strong> duas avaliações nutricionais: ASG e ASG-PPP, aplicadas em dias diferentes.<br />

<br />

estado nutricional, em: bem nutrido, mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<br />

e gravemente <strong>de</strong>snutrido. Resultados: Participaram do estudo 14 pacientes. Percebeu-se<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Conclusão: Os resultados obtidos nesse estudo piloto mostraram uma diferença entre as<br />

sário<br />

uma maior investigação e continuida<strong>de</strong> do presente estudo.<br />

ABSTRACT<br />

Introduction: The Subjective Global Assessment (SGA) has the objective to i<strong>de</strong>ntify the<br />

nutritional condition of the patient, allowing an a<strong>de</strong>quate nutritional intervention. The Patient-<br />

Generated Subjective Global Assessment (PG-SGA) utilizes scores, with the objective of<br />

better investigating the nutritional state of oncological patients. Objective: To compare the<br />

results gotten through the use of PG-SGA. Methods: The data collecting was gotten through<br />

the use of two nutritional evaluations: SGA and PG-SGA, applied on different days. In the<br />

<br />

condition, in: well-fed, mo<strong>de</strong>rately un<strong>de</strong>rfed or suspected of <strong>de</strong>ep un<strong>de</strong>rfeeding. Fourteen<br />

patients participated in the study. Results: <br />

to the ASG as well nourished and, according to the ASG-PPP, the ranking had changed to<br />

mo<strong>de</strong>rately malnourishment or suspected of malnutrition, but this difference in the nutritional<br />

<br />

<br />

<br />

necessity of an improvement of symptoms. Conclusions: The results obtained in this pilot<br />

study showed a difference among the nutritional evaluation applied, but, statistically, this<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

196<br />

Marília Alonso Mota 1<br />

Laura Labarthe <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> 1<br />

2<br />

Graciela D’Ambrosi 3


Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />

INTRODUÇÃO<br />

A incidência do câncer tem aumentado no Brasil nos<br />

últimos anos. Para 2020, estima-se 15 milhões <strong>de</strong> casos novos<br />

<strong>de</strong> pacientes oncológicos 1 . Em 2004, 13,7% dos óbitos registrados<br />

foram causados pelo câncer 2 . Sabe-se que os pacientes<br />

oncológicos têm uma alta prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, por ser<br />

uma doença hipermetabólica 3 . Assim, o diagnóstico nutricional<br />

precoce é <strong>de</strong> suma importância, pois diminui o número <strong>de</strong><br />

morbi-mortalida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> internação e, consequentemente,<br />

os custos dos hospitais 4,5 .<br />

<br />

estado nutricional, promovendo uma intervenção, a fim <strong>de</strong><br />

melhorar a saú<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente 6 . Vários<br />

métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional têm sido utilizados, caracterizando-se<br />

por utilizar métodos bioquímicos, antropometria, testes<br />

<strong>de</strong> avaliação clínica, e exames <strong>de</strong> avaliação corporal. No entanto,<br />

essas avaliações apresentam limitações, como a interação com<br />

a patologia, alto custo, entre outros. Com isso Baker et al. 7 e<br />

Detsky et al. 8 <strong>de</strong>senvolveram um padrão <strong>de</strong> avaliação nutricional<br />

chamado Avaliação Subjetiva Global (ASG), que se diferencia<br />

dos <strong>de</strong>mais métodos por ser <strong>de</strong> baixo custo, simples, po<strong>de</strong> ser<br />

aplicado na beira do leito e consi<strong>de</strong>ra também a avaliação clínica<br />

e história hospitalar 9 <br />

<strong>de</strong>vem ser previamente treinados para que os resultados sejam<br />

mais precisos, já que essa avaliação é subjetiva 4,9,10 .<br />

A ASG já é rotineira na maioria dos hospitais e é aplicada<br />

sito<br />

<strong>de</strong> diagnosticar o mais precocemente possível o estado<br />

nutricional do paciente 11 . Essa avaliação é um instrumento<br />

prático que obtém informações sobre a sintomatologia consi<strong>de</strong>rando<br />

aspectos da história clínica, exame físico e capacida<strong>de</strong><br />

difference is not expressive. A <strong>de</strong>eper investigation and the continuity of the present study<br />

are necessary.Evaluación subjetiva global y evaluación subjetiva global producida por el<br />

paciente en oncologia: un estudio comparativo<br />

RESUMEN<br />

Introducción: <br />

nutricional <strong>de</strong>l paciente, haciendo la intervención ajustada posible <strong>de</strong>l nutricional. La Evaluación<br />

Subjetiva Global Producida Por el Paciente (ESG-PPP) utiliza escores, con el objetivo<br />

<strong>de</strong> rastrear el estado nutricional <strong>de</strong> los pacientes oncológicos. Objetivo: El presente estudio<br />

tiene por objetivo comparar los resultados obtenidos por la utilización da ESG e ESG-PPP.<br />

Métodos: La coleta <strong>de</strong> dados fue realizada mediante la utilización <strong>de</strong> dos evaluaciones nutricionales:<br />

ESG e ESG-PPP, aplicadas en días distintos. En los dos métodos <strong>de</strong> evaluación<br />

<br />

mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido o sospecho <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición e gravemente <strong>de</strong>snutrido. Resultados:<br />

<br />

mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos o sospechoso <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición, por lo tanto tal diferencia <strong>de</strong>l<br />

<br />

<br />

0,001). Con relación a la intervención nutricional, la mayoría <strong>de</strong> los pacientes presentó escore<br />

Conclusión: Los resultados<br />

obtenidos en este estudio piloto, mostraron una diferencia entre las evaluaciones nutricionales<br />

<br />

necesario una mayor investigación y continuidad <strong>de</strong>l presente estudio.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

197<br />

funcional 4,10,12 . Foi <strong>de</strong>senvolvida em 1987, inicialmente para<br />

pacientes cirúrgicos. Atualmente, tem sido amplamente utilizada<br />

nas <strong>de</strong>mais especialida<strong>de</strong>s clínicas <strong>de</strong> pacientes adultos. Em<br />

algumas situações clínicas, a ASG foi adaptada, como no caso<br />

dos pacientes oncológicos 13 .<br />

Ottery 14 <br />

Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Paciente (ASG-<br />

PPP). Essa avaliação utiliza escores com o objetivo <strong>de</strong> rastrear<br />

melhor o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes oncológicos. A<br />

avaliação é dividida em duas partes: inicialmente, um questionário<br />

auto-aplicativo relacionando sintomas como alteração<br />

do paladar, náuseas, diarréia, constipação e lesão na boca.<br />

<br />

avalia os fatores associados ao diagnóstico que aumentam a<br />

<strong>de</strong>manda metabólica e o exame físico semelhante à ASG 9,15 . É<br />

importante ressaltar que essa avaliação é válida para qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> câncer 9 .<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi comparar os resultados obtidos<br />

<br />

assistência nutricional prestada ao paciente oncológico em um<br />

hospital universitário.<br />

MÉTODOS<br />

Este estudo caracteriza-se por ser observacional, transversal,<br />

com abordagem <strong>de</strong>scritiva e analítica.<br />

A pesquisa, que terá duração <strong>de</strong> dois anos, foi aprovada<br />

pelo Comitê <strong>de</strong> Ética da PUCRS. A primeira etapa da coleta <strong>de</strong><br />

dados caracterizou-se como um estudo piloto e foi realizada no<br />

período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> outubro a 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007. O tamanho<br />

da amostra foi <strong>de</strong>terminado pelo número total <strong>de</strong> pacientes<br />

internados neste período, em uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Internação do


Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) do Hospital São Lucas (HSL)<br />

da PUCRS, sendo todos adultos a partir <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> ambos os sexos e com diagnóstico <strong>de</strong> câncer.<br />

Foram adotados como critérios <strong>de</strong> inclusão: todos os<br />

pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> câncer que assinaram o termo<br />

<strong>de</strong> consentimento, incluindo os <strong>de</strong> câncer terminal, e pacientes<br />

analfabetos. Foram excluídos os pacientes que apresentavam<br />

baixo nível <strong>de</strong> consciência, os que foram a óbito sem respon<strong>de</strong>r<br />

as duas avaliações e os que não <strong>de</strong>sejaram participar da pesquisa.<br />

A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada pela utilização <strong>de</strong> dois<br />

instrumentos <strong>de</strong> avaliação nutricional, apresentados no quadro<br />

1 e no quadro 2: ASG e ASG-PPP, as quais foram aplicadas<br />

em dias diferentes, para que não ocorresse viés nas respostas<br />

dos questionários. No primeiro dia foi aplicada a ASG, sendo<br />

realizada nas primeiras 72 horas <strong>de</strong> internação do paciente no<br />

HSL. Essa avaliação consiste em um questionário que contém<br />

informações baseadas na história clínica do paciente, que avalia<br />

a perda <strong>de</strong> peso nos últimos seis meses, alterações nas últimas<br />

duas semanas, alterações na ingestão alimentar, presença <strong>de</strong><br />

<br />

funcional do paciente, <strong>de</strong>manda metabólica <strong>de</strong> acordo com o<br />

diagnóstico e exame físico da palpação e inspeção para clas-<br />

<br />

e<strong>de</strong>ma e ascite 4,10 .<br />

No segundo dia foi aplicada a ASG-PPP, que consiste<br />

em duas partes. A primeira é um questionário que o próprio<br />

paciente respon<strong>de</strong>, <strong>de</strong>screvendo a sua perda <strong>de</strong> peso, alteração da<br />

ingestão alimentar, sintomas relacionados ao câncer e alterações<br />

Tabela 1 - Caracterização da amostra<br />

Características n=14<br />

Ida<strong>de</strong> – Média ± DP 56,4 ± 15,1<br />

Sexo – n(%)<br />

Masculino 4 (28,6)<br />

Feminino 10 (71,4)<br />

<br />

Gastrointestinais 2 (14,3)<br />

Ginecológicos 3 (21,4)<br />

Mama 1 (7,1)<br />

Linfomas 2 (14,3)<br />

Próstata 3 (21,4)<br />

Pulmonar 2 (14,3)<br />

Ósseo 1 (7,1)<br />

Necessitam <strong>de</strong> ajuda – n(%)<br />

Sim 3 (21,4)<br />

Não 11 (78,6)<br />

Óbito – n(%)<br />

Sim 1 (7,1)<br />

Não 13 (92,9)<br />

Marília Alonso Mota<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

198<br />

da capacida<strong>de</strong> funcional. Em seguida, foi aplicada a segunda<br />

parte da ASG-PPP, que foi completada com base nos fatores<br />

associados ao diagnóstico que aumentam a <strong>de</strong>manda metabólica<br />

(estresse, febre, <strong>de</strong>pressão, fadiga, estadiamento do tumor<br />

ou tratamento) e o exame físico semelhante à ASG 9,14,16 . Os<br />

<br />

motoras ou perda cognitiva foram auxiliados pelos cuidadores<br />

ou pesquisadoras a respon<strong>de</strong>r o questionário, sem intervir nas<br />

respostas do paciente.<br />

<br />

e sem nenhuma pontuação 4 <br />

ocorre através <strong>de</strong> escores: “0-1” não necessita <strong>de</strong> intervenção<br />

nutricional no momento, reavaliar durante o tratamento; “2-3”<br />

necessita intervenção do nutricionista ou do enfermeiro associado<br />

às características da doença; “4-8” necessita <strong>de</strong> intervenção<br />

nutricional juntamente com a nutricionista, enfermeiro e<br />

sita<br />

<strong>de</strong> intervenção indicando a necessida<strong>de</strong> crítica <strong>de</strong> melhora<br />

dos sintomas, manejo e/ou intervenção nutricional agressiva 17 .<br />

Nos dois métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional o paciente foi clas-<br />

<br />

– bem nutrido, “B” – mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e “C” – gravemente <strong>de</strong>snutrido 10 .<br />

É importante ressaltar que as duas avaliações foram aplicadas<br />

pela mesma pesquisadora em cada paciente, em função<br />

da subjetivida<strong>de</strong> das avaliações. Assim, manteve-se o mesmo<br />

critério <strong>de</strong> avaliação para os dois questionários, reduzindo a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viés na coleta <strong>de</strong> dados.<br />

Foi utilizada a estatística <strong>de</strong>scritiva para caracterizar a<br />

amostra. As variáveis quantitativas foram <strong>de</strong>scritas por meio da<br />

média e <strong>de</strong>svio padrão e as variáveis qualitativas foram <strong>de</strong>scritas<br />

por meio <strong>de</strong> freqüências absolutas e relativas. Para comparar<br />

as avaliações nutricionais foi utilizado o teste Qui-quadrado <strong>de</strong><br />

McNemar e para avaliar a concordância entre as avaliações, o<br />

<br />

foi <strong>de</strong> 5% e as análises foram realizadas no programa SPSS<br />

(Statistical Package for the Social Sciences) versão 13.0.<br />

RESULTADOS<br />

Conforme a Tabela 1 participaram do estudo 14 pacientes,<br />

sendo predominantemente do sexo feminino. A ida<strong>de</strong> média foi<br />

<strong>de</strong> 56,4 anos, com <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> ± 15,12 e uma variação <strong>de</strong><br />

28 a 87 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Quanto ao diagnóstico <strong>de</strong> câncer foram<br />

<br />

linfomas, próstata, pulmonar e ósseo.<br />

ciência,<br />

com condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r o questionário da ASG-PPP.<br />

Ainda assim, alguns pacientes necessitaram <strong>de</strong> ajuda do cuidador ou<br />

das pesquisadoras, pois não tinham condições motoras, cognitivas<br />

ou eram anal fabetos. Durante a coleta <strong>de</strong> dados, dois pacientes<br />

não <strong>de</strong>sejaram participar da pesquisa e um paciente foi a óbito no<br />

período da aplicação das avaliações nutricionais.<br />

<br />

No que diz respeito à ASG, <strong>de</strong>monstra que cinco dos pacientes<br />

<br />

estavam mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos ou com suspeita <strong>de</strong>


Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />

Tabela 2<br />

Estado nutricional ASG ASG-PPP<br />

<br />

<br />

nutricional, seis mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos ou com suspeita<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e cinco gravemente <strong>de</strong>snutridos. Com relação à<br />

intervenção nutricional, apenas um paciente apresentou escore<br />

entre 4-8, indicando necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção nutricional<br />

pelo nutricionista, em conjunto com enfermeiro ou médico <strong>de</strong><br />

acordo com os sintomas que o paciente aferiu. O restante dos<br />

<br />

<strong>de</strong> melhora dos sintomas, manejo e/ou intervenção nutricional<br />

agressiva.<br />

Os resultados obtidos <strong>de</strong>monstraram uma diferença no diag-<br />

<br />

<br />

<br />

para “B”, porém tal diferença no diagnóstico nutricional não<br />

<br />

<br />

18 .<br />

DISCUSSÃO<br />

Conforme apresentado anteriormente, a <strong>de</strong>snutrição é uma<br />

complicação frequente em pacientes oncológicos, acarretando<br />

maiores índices <strong>de</strong> infecção, maior tempo <strong>de</strong> hospitalização,<br />

menor resposta à quimioterapia e radioterapia, sendo um importante<br />

preditor <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> 16,19 . Para amenizar<br />

essas complicações, é <strong>de</strong> suma importância uma intervenção<br />

nutricional a<strong>de</strong>quada, possibilitando melhora do estado nutricional,<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e resposta ao tratamento 20 .<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

199<br />

n (%) n (%)<br />

Bem nutrido 5 (35,7) 3 (21,4)<br />

Mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeita <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição 4 (28,6) 6 (42,9)<br />

Gravemente <strong>de</strong>snutrido 5 (35,7) 5 (35,7)<br />

– Comparação entre ASG e ASG-PPP, aplicadas em pacientes oncológicos<br />

<strong>de</strong> um hospital universitário.<br />

Como método <strong>de</strong> avaliação nutricional, a ASG é rotineiramente<br />

utilizada para avaliação dos pacientes hospitalizados.<br />

<br />

oncológicos (ASG-PPP), a ASG continua sendo aplicada em<br />

gran<strong>de</strong> parte dos hospitais 21 .<br />

Barbosa e Silva relata que a ASG-PPP possui avaliação<br />

site,<br />

xerostomia, ausência do paladar, dor, entre outros, e inclui<br />

características típicas da doença, como: estresse metabólico,<br />

estadiamento do tumor, condições clínicas e exame físico,<br />

relacionando com estado nutricional 19 . Apesar dos aspectos<br />

relevantes ressaltados pela autora com relação à ASG-PPP, o<br />

tamanho da amostra utilizada no presente estudo talvez não<br />

<br />

No estudo <strong>de</strong> Gupta et al. 22 <br />

é um método prático, <strong>de</strong> baixo custo, não invasivo e também<br />

<br />

<br />

do estado nutricional dos pacientes oncológicos, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

<br />

Por outro lado, em uma pesquisa realizada em um hospital<br />

privado da Austrália, foi analisada a utilização da ASG-PPP,<br />

sendo que um dos pontos <strong>de</strong>stacados foi o fato <strong>de</strong> que tal<br />

avaliação é mais precisa no momento <strong>de</strong> diferenciar o paciente<br />

mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou com suspeita <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição do<br />

paciente <strong>de</strong>snutrido. Outro aspecto relevante é que essa pesquisa<br />

comparou a ASG-PPP com a ASG, <strong>de</strong>monstrando 98% <strong>de</strong> sensi-<br />

<br />

<strong>de</strong>snutrição. Diferentemente da ASG, a ASG-PPP se caracteriza<br />

pelos escores, rastreando melhor os pacientes que necessitam<br />

<strong>de</strong> uma intervenção nutricional urgente 20 .<br />

<br />

namento<br />

e da capacida<strong>de</strong> do avaliador <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar as alterações<br />

<br />

e versátil, <strong>de</strong> forma que o paciente entenda as questões propostas<br />

por essa avaliação, principalmente aquelas relacionadas à alteração<br />

na ingestão alimentar e na capacida<strong>de</strong> funcional. Esse fato<br />

<br />

Madrid, on<strong>de</strong> foi comparada a forma <strong>de</strong> aplicação da ASG-PPP<br />

<br />

um grupo <strong>de</strong> médicos para aplicar essa avaliação. Os resultados<br />

<strong>de</strong>monstraram que o grupo <strong>de</strong> nutricionistas obteve conclusões


A) História<br />

1. Alteração no peso<br />

mais precisas da avaliação, pois estão mais acostumados a<br />

trabalhar com questões abordadas pela ASG-PPP 23 .<br />

Notou-se, também, dificulda<strong>de</strong>s em relação ao tempo<br />

máximo para ser aplicada a ASG (72 horas após a internação),<br />

resultando na diminuição do número <strong>de</strong> pacientes incluídos<br />

nessa pesquisa. Essa questão, relacionada ao tempo, po<strong>de</strong><br />

ser um empecilho na rotina do hospital, contudo é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância não ultrapassar esse período, pois isso po<strong>de</strong> alterar<br />

a qualida<strong>de</strong> das evidências e das questões presentes na ASG.<br />

Marília Alonso Mota<br />

Quadro 1 - Ficha <strong>de</strong> Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ASG)<br />

<br />

Alteração nas últimas duas semanas = __________aumento _________sem alteração _________diminuição.<br />

2. Alteração na ingestão alimentar<br />

____sem alteração<br />

____alterada _______duração = _______semanas.<br />

____tipo: ______dieta sólida sub-ótima ______dieta líquida completa ______líquidos hipocalóricos ______inanição.<br />

3. Sintomas gastrointestinais (que persistem por > 2 semanas)<br />

___nenhum ___náusea ___vômitos ___diarréia ___anorexia.<br />

4. Capacida<strong>de</strong> funcional<br />

___sem alteração (capacida<strong>de</strong> completa)<br />

___diminuição ___duração = ____semanas.<br />

___tipo:___trabalho sub-ótimo ___ambulatório ___acamado.<br />

5. Doença e sua relação<br />

<br />

Demanda metabólica (stress):____sem stress ____baixo stress ____stress mo<strong>de</strong>rado ____stress elevado.<br />

<br />

<br />

_______perda muscular (quadríceps, <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>)<br />

_______e<strong>de</strong>ma tornozelo<br />

_______ascite<br />

C)Avaliação subjetiva global (selecione uma)<br />

______ A = bem nutrido<br />

______ B = mo<strong>de</strong>radamente (ou suspeita <strong>de</strong> ser) <strong>de</strong>snutrido<br />

______ C = gravemente <strong>de</strong>snutrido<br />

Destsky e col.,19874<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

200<br />

<br />

nadas<br />

ao peso atual, perda <strong>de</strong> peso em um ano e nos últimos<br />

seis meses. Alguns pacientes <strong>de</strong>monstraram incerteza e confusão<br />

ao respon<strong>de</strong>rem essas perguntas. Isso po<strong>de</strong> causar um viés<br />

<br />

Mas ao mesmo tempo, as questões relacionadas à ingestão<br />

alimentar, sintomas gastrointestinais e capacida<strong>de</strong> funcional<br />

são mais claras e <strong>de</strong> mais fácil entendimento, po<strong>de</strong>ndo tornar


A. História<br />

1. Mudança <strong>de</strong> peso:<br />

Resumo do meu peso habitual:<br />

Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />

Quadro 2 - Ficha <strong>de</strong> Avaliação Nutricional Subjetiva Produzida pelo Paciente (ASG - PPP)<br />

Eu habitualmente peso ___quilos. Tenho 1 metro e ___ centímetros <strong>de</strong> altura. Há um ano meu peso era <strong>de</strong> ___quilos. Há seis meses eu pesava___ quilos.<br />

Durante as duas últimas semanas meu peso: ( ) diminuiu(1) ( ) não mudou(0) ( ) aumentou(0)<br />

2. Ingestão alimentar:<br />

Em comparação com o normal, eu po<strong>de</strong>ria consi<strong>de</strong>rar minha ingestão alimentar durante o último mês como:<br />

( ) inalterada(0), ( ) mais que o normal(0), ( ) menos que o normal(1).<br />

Agora estou me alimentando com: ( ) pouca comida sólida(1), ( )apenas suplementos nutricionais(3), ( )apenas líquidos(3), ( ) muito pouco, quase nada(4).<br />

3. Sintomas:<br />

<br />

Sem problemas para me alimentar(0), ( )Sem problemas, apenas sem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comer(3), ( )náuseas(1) ( ) vômitos(3) ( ) Constipação(2) ( )<br />

diarréia(3), ( )lesões na boca(1) ( ) boca seca(1), ( )as coisas têm gosto estranho ou não têm gosto(2), ( ) o cheiro da comida me enjoa(1), ( ) dor(3)On<strong>de</strong>?<br />

4. Capacida<strong>de</strong> funcional:<br />

Durante o último mês, eu consi<strong>de</strong>raria a minha ativida<strong>de</strong> como:<br />

( ) normal, sem nenhuma limitação(0), ( ) não no meu normal, mas capaz <strong>de</strong> realizar satisfatoriamente minhas ativida<strong>de</strong>s normais(1), ( )sinto-me incapaz<br />

para a maioria das coisas, mas permanecendo na cama por menos da meta<strong>de</strong> do dia(2), ( )capaz <strong>de</strong> fazer pouca ativida<strong>de</strong> e passando a maior parte<br />

do dia na ca<strong>de</strong>ira ou na cama(3), ( ) quase sempre acamado, raramente fora da cama(3),<br />

O resto do questionário será preenchido pela nutricionista. Obrigada pela sua colaboração!<br />

Esta etapa <strong>de</strong>ve ser preenchida pela nutricionista:<br />

5. A história:<br />

Doença e suas relações com as necessida<strong>de</strong>s nutricionais:<br />

<br />

6. Demanda metabólica (stress): ( ) nenhum(0) ( ) baixa(1) ( ) mo<strong>de</strong>rada(2) ( ) alta(3).<br />

7. Exame físico:<br />

<br />

B- Conclusão<br />

A- bem nutrido<br />

B- mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido (suspeita)<br />

C- gravemente <strong>de</strong>snutrido<br />

Destsky e col.,19874<br />

<br />

Conforme Barbosa e Silva 4 , a aplicação da ASG-PPP diminui<br />

-<br />

<br />

<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />

201<br />

<br />

rística<br />

da ASG-PPP é ser pontuada em escores, sendo a avaliação<br />

<br />

criar um escore contínuo que possibilita não só a criação <strong>de</strong>


categorias <strong>de</strong> risco nutricional, mas também permite reavaliar<br />

<br />

do risco nutricional 24 .<br />

O presente estudo mostrou que as duas avaliações nutricio-<br />

<br />

do paciente oncológico. Mesmo com a ASG-PPP sendo mais<br />

<strong>de</strong>talhada, não foi possível constatar estatisticamente que é<br />

<br />

<br />

entre as avaliações nutricionais.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resultados obtidos neste estudo piloto mostraram uma<br />

pequena diferença entre as avaliações nutricionais aplicadas.<br />

Ainda que tenha ocorrido essa diferença, estatisticamente não<br />

<br />

ASG-PPP é mais indicada do que a ASG, pois necessita uma<br />

maior investigação e a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estudo para obtenção<br />

<strong>de</strong> conclusões mais precisas.<br />

Cabe ressaltar a importância da avaliação nutricional com o<br />

-<br />

<br />

<br />

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Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São<br />

Paulo, 2006. Disponível em: <br />

Acesso em: 10/11/2007.<br />

18. Altaman GD. Pratical Statistics for Medical Research. 1st. ed. London: Chapman<br />

e Hall; 1991.<br />

19. Silva MCB. Qual é a melhor avaliação nutricional para o doente com câncer.<br />

In: Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>:<br />

São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.ganep.com.br/ganepao/anais_<br />

ganepao_2006.pdf Acesso em: 10/11/2007.<br />

20. Bauer J, Capra S, Ferguson M. Use of the scored Patient-Generated Subjective<br />

Global Assessment (PG-SGA) as a nutrition assessment tool in patients with cancer.<br />

Eur J Clin Nutr. 2002;56(8):779-85.<br />

21. Silva, MCB, et al. Avaliação nutricional como indicador prognóstico <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong><br />

em pacientes submetidos à quimioterapia. In: Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong><br />

<strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São Paulo, 2006. Disponível em: http://<br />

Acesso em:<br />

09/11/2007.<br />

22. Gupta D, Lammersfeld CA, Vashi PG, Burrows J, Lis CG, Grutsch JF. Prognostic<br />

<br />

Eur J Clin Nutr. 2005;59(1):35-40.<br />

23. Gómez-Can<strong>de</strong>la C, Luengo LM, Cos AI, Martinez-Roque V, Iglesias C, Zamora P<br />

et al. Valoración global subjetiva en el paciente neoplásico. Nutrición Hospitalaria.<br />

2003;18(6): 353-7.<br />

24. Silva MCB. Avaliação subjetiva global em câncer. In: Anais do Congresso Brasileiro<br />

<strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São Paulo, 2007. Disponível<br />

em: http://www.ganep.com.br/ganepao/anais_ganepao_2006.pdf Acesso em:<br />

11/11/2007.


<strong>Artigo</strong> <strong>de</strong> Revisão<br />

Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />

Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do<br />

estado nutricional<br />

Nutritional care in dysphagia: an alternative for the maximization of the nutritional state<br />

Cuidado nutricional <strong>de</strong> la disfagia: uma alternativa para la maximizacion <strong>de</strong>l estado nutricional<br />

Unitermos<br />

Disfagia. Deglutição e Viscosida<strong>de</strong>.<br />

Key words<br />

Cardiovascular disease. Risk factors. Diabetes mellitus,<br />

type 2. Women.<br />

Unitérminos<br />

Unitérminos: Disfagia. Deglución. Viscosidad.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Luciano Bruno <strong>de</strong> Carvalho Silva<br />

Rua Gabriel Monteiro da Silva 700<br />

CEP 37130-000, Alfenas-MG – Brasil.<br />

Fax 55 35 32991110.<br />

E-mail: luciano@unifal-mg.edu.br.<br />

Submissão<br />

7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009<br />

Aceito para publicação<br />

1 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2009<br />

1. Nutricionista, doutor em Alimentos e <strong>Nutrição</strong> pelo<br />

Departamento <strong>de</strong> Alimentos e <strong>Nutrição</strong> (DEPAN)<br />

- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Alimentos (FEA) -<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (UNICAMP)<br />

e professor Adjunto do Departamento <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong><br />

- Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alfenas (UNIFAL-MG).<br />

2. Acadêmica do curso <strong>de</strong> Farmácia - Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alfenas (UNIFAL-MG).<br />

RESUMo<br />

A <strong>de</strong>glutição é um processo complexo, que envolve estruturas relacionadas à cavida<strong>de</strong><br />

oral, faringe, laringe e esôfago. Estas estruturas são submetidas a um controle neural que<br />

<br />

que venha ocorrer na <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>nomina-se disfagia. A disfagia frequentemente leva à<br />

<strong>de</strong>snutrição, perda <strong>de</strong> peso e <strong>de</strong>sidratação. A <strong>de</strong>snutrição e a baixa ingestão <strong>de</strong> nutrientes<br />

e energia po<strong>de</strong>m ocorrer como resultado da ina<strong>de</strong>quação dietética e da consistência<br />

alimentar. Dentre as condutas necessárias para tratamento das consequências da disfagia,<br />

o tratamento dietético possui importante papel para a melhora do quadro e a<strong>de</strong>quação do<br />

estado nutricional. Neste sentido, o espessamento <strong>de</strong> alimentos e preparações oferecidas<br />

conduzem à redução dos episódios <strong>de</strong> vômitos, facilita a <strong>de</strong>glutição, diminui o risco <strong>de</strong><br />

pneumonia aspirativa, além <strong>de</strong> aumentar a oferta <strong>de</strong> nutrientes, aten<strong>de</strong>ndo as necessida<strong>de</strong>s<br />

<br />

<br />

são <strong>de</strong> alto custo, limitando a aquisição e ajuste da consistência correta. o espessamento a<br />

partir da utilização dos próprios alimentos em preparações diversas para ajuste da consis-<br />

<br />

da saú<strong>de</strong>. Sendo assim, a presente revisão tem como objetivo mostrar a importância do<br />

cuidado nutricional <strong>de</strong> disfágicos, com o auxílio <strong>de</strong> técnicas simples, baratas e seguras,<br />

visando maximização da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos disfágicos.<br />

ABStRACt<br />

the swallowing is a complex process involving structures related to the oral cavity,<br />

pharynx, larynx and esophagus. these structures are subjected to a neural control that<br />

<br />

in swallowing is called dysphagia. the dysphagia often leads to malnutrition, weight loss<br />

and <strong>de</strong>hydration. Malnutrition and low intake of nutrients and energy can occur as a result<br />

of ina<strong>de</strong>quate diet and food consistency. Among the behaviors necessary to address the<br />

consequences of dysphagia, the dietary treatment is important for the improvement and<br />

a<strong>de</strong>quacy of the nutritional status. Accordingly, the thickness of food and preparations<br />

leading to the reduction of episo<strong>de</strong>s of vomiting, facilitates swallowing, reduces the risk of<br />

aspiration pneumonia, and increase the supply of nutrients, given the nutritional needs of<br />

<br />

of commercial thickeners. But these are expensive, limiting the acquisition and adjustment<br />

of the correct consistency. the thickness from the use of food in the various preparations<br />

for setting the correct consistency is still unknown for many patients, caregivers and health<br />

professionals. therefore, this review aims at showing the importance of nutritional care of<br />

dysphagia, with the aid of simple techniques, cheap and safe, to maximize the quality of<br />

life of individuals dysphagic.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

203<br />

Luciano Bruno <strong>de</strong> Carvalho Silva 1<br />

Cintia Mitie Ikeda 2


INTRODUÇÃO<br />

A <strong>de</strong>glutição consiste na efetiva condução do alimento da<br />

boca até o estômago por meio <strong>de</strong> fases que se inter-relacionam,<br />

comandada por um complexo mecanismo neuromotor, sendo<br />

<br />

<strong>de</strong>nomina-se disfagia1.<br />

O paciente disfágico po<strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>snutrição, <strong>de</strong>sidratação<br />

e aspiração <strong>de</strong> alimentos, saliva ou secreções para a árvore<br />

traqueobrônquica. Essa disfunção po<strong>de</strong> ser causada por vários<br />

fatores. Os mais comuns são doenças neurológicas, alterações<br />

mecânicas, principalmente no câncer <strong>de</strong> cabeça e pescoço,<br />

medicamentos, entre outros. A avaliação precoce do distúrbio<br />

da <strong>de</strong>glutição é fundamental para minimizar ou mesmo evitar<br />

intercorrências clínicas2.<br />

A disfagia é sintoma interdisciplinar e o atendimento <strong>de</strong>sses<br />

doentes <strong>de</strong>ve ser realizado por equipe <strong>de</strong> especialistas, como<br />

médicos das mais diferentes especialida<strong>de</strong>s, fonoaudiólogo,<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

inclusive, protocolos interdisciplinares ligados aos grupos <strong>de</strong><br />

nutrição2-4.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

oral com a consistência mais a<strong>de</strong>quada a cada caso, por meio<br />

<strong>de</strong> técnicas mais seguras para o disfágico 5 .<br />

samento<br />

<strong>de</strong> alimentos, altos índices <strong>de</strong> pneumonia aspirativa e<br />

óbito, o presente estudo visa apresentar a importância <strong>de</strong> um<br />

Silva LBC et al.<br />

RESUMEN<br />

La <strong>de</strong>glución es un proceso complejo que abarca las estructuras relacionadas con la<br />

cavidad oral, faringe, laringe y esófago. Estas estructuras están sometidas a un control<br />

neuronal que permite la realización <strong>de</strong> los anticonceptivos orales al contenido <strong>de</strong>l estó-<br />

<br />

a menudo conduce a la <strong>de</strong>snutrición, pérdida <strong>de</strong> peso y <strong>de</strong>shidratación. La malnutrición<br />

y la baja ingestión <strong>de</strong> nutrientes y energía pue<strong>de</strong> ocurrir como resultado <strong>de</strong> una dieta<br />

ina<strong>de</strong>cuada y la coherencia <strong>de</strong> alimentos. Entre los comportamientos necesarios para<br />

hacer frente a las consecuencias <strong>de</strong> la disfagia, el tratamiento dietético es importante<br />

para la mejora <strong>de</strong> la a<strong>de</strong>cuación y el estado nutricional. Por consiguiente, el grosor <strong>de</strong><br />

los alimentos ofrecidos y los preparativos conducentes a la reducción <strong>de</strong> los episodios <strong>de</strong><br />

vómitos, facilita la <strong>de</strong>glución, reduce el riesgo <strong>de</strong> neumonía por aspiración, y aumenta el<br />

suministro <strong>de</strong> nutrientes, habida cuenta <strong>de</strong> las necesida<strong>de</strong>s nutricionales <strong>de</strong> la persona.<br />

Estos cambios en la viscosidad <strong>de</strong> los alimentos y líquidos se pue<strong>de</strong>n lograr con la ayuda<br />

<strong>de</strong> espesantes comerciales. Pero estos son caros, lo que limita la adquisición y adaptación<br />

<strong>de</strong> la consistencia correcta. El espesor <strong>de</strong> la utilización <strong>de</strong> los alimentos en los diversos<br />

preparativos para el establecimiento <strong>de</strong> la correcta coherencia sigue siendo <strong>de</strong>sconocido<br />

para muchos pacientes, cuidadores y profesionales <strong>de</strong> la salud. Por lo tanto, esta revisión<br />

tiene como objetivo mostrar la importancia <strong>de</strong> la atención nutricional <strong>de</strong> la disfagia, con la<br />

ayuda <strong>de</strong> técnicas sencillas, baratas y seguras, para maximizar la calidad <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> las<br />

personas disfágicas.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

204<br />

tratamento dietético a pacientes disfágicos, por alternativas<br />

<br />

aos mesmos.<br />

MÉTODOS<br />

A revisão <strong>de</strong> literatura foi realizada com base em periódicos<br />

nacionais e internacionais abordando assuntos relacionados<br />

ao tema. As bases consultadas foram: PUBMED, LILACS,<br />

SciELO, Scirus; <strong>de</strong> textos didáticos e revisões publicadas,<br />

além das listas <strong>de</strong> referências <strong>de</strong>stas várias fontes e livros. Os<br />

<br />

área <strong>de</strong> disfagia em periódicos <strong>de</strong> 2000 a 2008, tanto na literatura<br />

nacional como internacional. Foram encontradas muitas<br />

referências com a palavra “disfagia, <strong>de</strong>glutição, viscosida<strong>de</strong> e<br />

espessamento.”.<br />

DISFAGIA<br />

O ato da <strong>de</strong>glutição é importante para a manutenção da<br />

vida, e por se tratar <strong>de</strong> evento rápido e automático, po<strong>de</strong><br />

parecer simples. Contudo, seus mecanismos estão entre os mais<br />

1 .<br />

A <strong>de</strong>glutição consiste em conduzir <strong>de</strong> forma programada uma<br />

sequência dinâmica <strong>de</strong> contrações e relaxamentos <strong>de</strong> músculos<br />

que po<strong>de</strong>m ser divididos em três fases com base na localização:<br />

<br />

<br />

na <strong>de</strong>glutição. É um problema comum que po<strong>de</strong> atingir todos<br />

os grupos etários, porém sabe-se que a incidência é maior em<br />

idosos e pacientes que sofreram aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral<br />

(AVC). Estudos sobre a epi<strong>de</strong>miologia da disfagia na nossa<br />

população são ainda escassos e pouco explorados 2 .


Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />

<br />

<br />

tórias<br />

da cavida<strong>de</strong> oral ou do trato gastrointestinal superior, até<br />

doenças mais complexas, como os AVCs e tumores <strong>de</strong> cabeça<br />

e pescoço 6 .<br />

<br />

uma anormalida<strong>de</strong> anatômica ou funcional (neuromuscular) em<br />

qualquer estrutura e fase do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. A alteração<br />

da <strong>de</strong>glutição, causada por doenças neurológicas, trauma ou<br />

doenças musculares, é <strong>de</strong>nominada “disfagia neurogênica”. Na<br />

“disfagia mecânica”, o controle neurológico central e os nervos<br />

periféricos estão intactos, mas as estruturas anatômicas estão<br />

alteradas. Quando as alterações dizem respeito à fase oral e/ou<br />

faríngea da <strong>de</strong>glutição, a disfagia é <strong>de</strong>nominada orofaríngea ou<br />

alta. Quando existem alterações na fase esofagiana da <strong>de</strong>glutição,<br />

a disfagia é <strong>de</strong>nominada esofagiana ou baixa 4 .<br />

CAUSAS<br />

A disfagia é uma alteração da <strong>de</strong>glutição que surge sempre<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> alguma doença. O aci<strong>de</strong>nte vascular encefálico<br />

(AVE) parece ser a causa mais comum <strong>de</strong> disfagia 6 . Esta<br />

po<strong>de</strong> ser encontrada em quase meta<strong>de</strong> dos casos na fase aguda<br />

da doença 7 . <br />

no tronco cerebral associam-se a risco aumentado, porém, o<br />

problema ocorre <strong>de</strong> modo relativamente frequente também em<br />

pacientes sem estas características 8 .<br />

7 , que teve como<br />

objetivo analisar a incidência <strong>de</strong> disfagia orofaríngea após AVE<br />

<br />

76,5% dos pacientes avaliados clinicamente. Este percentual<br />

<br />

incidência <strong>de</strong> disfagia observada neste estudo, que avaliou<br />

pacientes com amplo espectro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, em diferentes fases<br />

<strong>de</strong> recuperação, ressalta a importância <strong>de</strong> equipe multidisciplinar,<br />

incluindo fonoaudiólogos capacitados, para avaliar os<br />

distúrbios da <strong>de</strong>glutição nos diversos momentos <strong>de</strong> recuperação<br />

dos pacientes após AVE.<br />

As causas neurológicas são as mais frequentes e, usualmente,<br />

as que causam mais grave repercussão na dinâmica da<br />

<br />

po<strong>de</strong>m estar associadas à disfagia, tais como as tumorações,<br />

que po<strong>de</strong>m provocar uma obstrução intrínseca ou extrínseca<br />

da luz digestiva, traumas, cirurgias, alterações odontológicas<br />

9 , entre outros possíveis eventos.<br />

Nas pessoas idosas, a prevalência exata <strong>de</strong> disfagia é <strong>de</strong>sco-<br />

<br />

<br />

<br />

por xerostomia, por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns neurológicas (AVC, doença <strong>de</strong><br />

<br />

por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns musculares e da anatomia orofaríngea 3,10 .<br />

Estudo <strong>de</strong>senvolvido por Maciel et al. 11 , em 2008, para<br />

<br />

risco nutricional dos pacientes idosos internados na clínica<br />

médica do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília (HUB), relatou<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

205<br />

que a proporção <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> disfagia <strong>de</strong>sses pacientes foi <strong>de</strong><br />

69% e do estado nutricional ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> 71%, valor elevado,<br />

<br />

<br />

<br />

gravida<strong>de</strong>.<br />

CONSEQUÊNCIAS<br />

A presença <strong>de</strong> disfagia, isolada ou em combinação a outras<br />

incapacida<strong>de</strong>s funcionais, está associada a maiores taxas <strong>de</strong><br />

letalida<strong>de</strong> e a um pior prognóstico <strong>de</strong> recuperação e reabilitação<br />

8,12 . Isto se <strong>de</strong>ve, principalmente, à frequente associação<br />

com lesões <strong>de</strong> prognóstico reservado; e às consequências do<br />

próprio comprometimento da <strong>de</strong>glutição. A disfagia associa-se<br />

à menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação a<strong>de</strong>quada e daí maior risco<br />

13 ; e a risco real<br />

<strong>de</strong> complicações pulmonares, incluindo aspiração <strong>de</strong> alimentos<br />

e líquidos e, consequentemente, <strong>de</strong> pneumonia aspirativa e<br />

septicemia 14 . Além disso, tem gran<strong>de</strong> impacto potencial sobre os<br />

aspectos sociais da alimentação, já que po<strong>de</strong> levar à retração e<br />

isolamento do paciente, comprometendo sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida 15 .<br />

Pacientes disfágicos geralmente apresentam baixa ingestão<br />

energética, apresentando risco nutricional e conseqüentemente<br />

<strong>de</strong>snutrição 5 . Pacientes com disfagia, seja <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> fatores<br />

neurológicos ou outros fatores associados, apresentaram<br />

ingestão calórica em torno <strong>de</strong> 1800 Kcal/dia, <strong>de</strong> acordo com<br />

estudos realizados por Nandurkar et al., em 2004 16 . Estes valores<br />

estão abaixo da necessida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>stes indivíduos, que é<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 2500 Kcal/dia. A ingestão <strong>de</strong> alimentos<br />

protéicos também está aquém das necessida<strong>de</strong>s individuais,<br />

visto que a necessida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 1,0 a 1,5 kg/dia, diferente da média<br />

ingerida por estes pacientes, que é em torno <strong>de</strong> 0,5 a 0,8 kg/dia.<br />

<br />

encontram em obter alimentos na consistência tolerada 5-17 .<br />

A <strong>de</strong>sidratação po<strong>de</strong> agravar a broncoaspiração dos pacientes<br />

disfágicos, pois, no paciente <strong>de</strong>sidratado, observa-se diminuição<br />

<br />

orofaringe; letargia e confusão mental, que propiciam aspiração<br />

dratação<br />

po<strong>de</strong> levar também a alterações do sistema imune 18 .<br />

A <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> líquidos <strong>de</strong> consistência rala (água) requer<br />

coor<strong>de</strong>nação e controle máximo. Os líquidos são facilmente<br />

aspirados para <strong>de</strong>ntro dos pulmões e po<strong>de</strong>m representar um<br />

<br />

pneumonia aspirativa, mesmo em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> água estéril<br />

nos pulmões 18 . Os pacientes idosos têm maior probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aspiração como resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><br />

muscular ocasionada por alterações mecânicas e/ou neurológicas.<br />

A pneumonia aspirativa, segundo Hardiman, leva a uma<br />

das maiores taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e está entre os maiores custos<br />

<strong>de</strong> tratamento dos tipos <strong>de</strong> pneumonia 19 .<br />

As consequências sociais e psicológicas também po<strong>de</strong>m<br />

afetar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientes que sofrem com a<br />

disfagia, promovendo o isolamento social, afetando a autoestima,<br />

po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>pressão, ansieda<strong>de</strong>, medo e frus-


<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, levando ao agravamento da doença 20 .<br />

TRATAMENTO<br />

<br />

disfagia e aos métodos <strong>de</strong> avaliação existentes têm proporcio-<br />

pêuticas,<br />

clínicas e/ou cirúrgicas frente ao paciente disfágico 20 .<br />

É fundamental a participação <strong>de</strong> uma equipe multidisciplinar<br />

no tratamento da disfagia, especialistas na área da saú<strong>de</strong>, como<br />

médicos <strong>de</strong> diferentes áreas, fonoaudiólogo, nutricionista, enfer-<br />

<br />

<br />

3,4 .<br />

A contribuição da fonoaudiologia busca ampliar as perspectivas<br />

prognósticas, com a redução do tempo <strong>de</strong> internação e a<br />

redução na taxa <strong>de</strong> re-internações por pneumonia aspirativa,<br />

<br />

<strong>de</strong> vida dos pacientes 21-23 .<br />

A dieta para disfagia orientada pelo nutricionista é <strong>de</strong>signada<br />

para facilitar a progressão <strong>de</strong> acordo com a tolerância individual,<br />

otimizar a ingestão nutricional e diminuir o risco <strong>de</strong> aspiração 24 .<br />

Para minimizar o risco <strong>de</strong> aspiração e acúmulo <strong>de</strong> alimentos,<br />

principalmente em valéculas, o tratamento da disfagia no adulto<br />

<br />

Os líquidos <strong>de</strong>vem ser espessados e os alimentos sólidos <strong>de</strong>vem<br />

ser subdivididos ou amassados 25,26 .<br />

Existem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento para o paciente<br />

disfágico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> questões relacionadas à via alternativa <strong>de</strong><br />

alimentação (SNE, gastrostomia, jejunostomia), reabilitação<br />

fonoterápica e todo o seu universo <strong>de</strong> atuações: alterações<br />

dietéticas, manobras <strong>de</strong> proteção, terapias sensoriais, utilização<br />

<strong>de</strong> válvula <strong>de</strong> fala, entre outras. Até condutas clínicas, medi-<br />

<br />

gastroesofágico, aplicação <strong>de</strong> toxina botulínica em glândulas<br />

salivares e músculo cricofaríngeo.<br />

Há, ainda, uma gama <strong>de</strong> condutas cirúrgicas, propostas em<br />

uma minoria <strong>de</strong> casos em que o tratamento <strong>de</strong> reabilitação fono-<br />

ração,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se citar: miotomia do músculo cricofaríngeo,<br />

<br />

ligadura dos ductos parotí<strong>de</strong>os, separação laringo-traqueal, até<br />

a laringectomia total, realizados por médicos especializados. É<br />

um campo novo <strong>de</strong> atuação, no qual a literatura ainda é relativamente<br />

escassa, a indicação cirúrgica é rara, os resultados ainda<br />

são mais qualitativos do que quantitativos, sendo necessários<br />

<br />

<strong>de</strong> tais propostas cirúrgicas. Tudo isso sem contar o respeito à<br />

vonta<strong>de</strong> dos pacientes e/ou familiares. Apesar <strong>de</strong> todas estas<br />

2 .<br />

INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE<br />

A viscosida<strong>de</strong> do alimento é uma das variáveis mais impor-<br />

<br />

<strong>de</strong> pacientes que apresentam controle laríngeo reduzido, pois<br />

Silva LBC et al.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

206<br />

são <strong>de</strong>glutidos rapidamente e não mantêm sua forma <strong>de</strong>ntro da<br />

cavida<strong>de</strong> oral, po<strong>de</strong>ndo escorrer prematuramente para a faringe<br />

e, assim, penetrar nas vias aéreas ainda abertas. Para evitar esse<br />

efeito, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada a viscosida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al para a <strong>de</strong>glutição<br />

ocorrer <strong>de</strong> maneira segura 4 .<br />

<br />

<br />

centpoises (ctps ou cP) 26 .<br />

Existem diferentes tipos <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m ser facilmente<br />

alcançadas utilizando espessantes comerciais. Estes tipos<br />

(cP) (Tabela<br />

1) em ralo (1-50 cP), néctar (51-350 cP), mel (351-1750 cP) e<br />

pudim (> 1750 cP) 27 .<br />

<br />

<br />

com disfagia.<br />

<br />

Ralo 1-50<br />

Néctar 51-350<br />

Mel 351-1750<br />

Pudim > 1750<br />

Fonte: ADA, 2002.<br />

TERAPIA NUTRICIONAL<br />

Os pacientes com sintomas <strong>de</strong> disfagia que limitam sua<br />

<br />

lares, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados aqueles com alto risco <strong>de</strong> sofrer<br />

<br />

tratados.<br />

<br />

baseiam em um complexo equilíbrio entre preparação, ingestão<br />

e absorção dos alimentos e bebidas 24 .Ao diagnosticar a causa e a<br />

<br />

<br />

mais segura do paciente disfágico, uma vez que a consistência da<br />

dieta <strong>de</strong>ve ser individualizada <strong>de</strong> acordo com o tipo e extensão<br />

da disfunção. Se a receita não é seguida, o indivíduo po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>parar-se com consequências graves para a saú<strong>de</strong> 3,26 .<br />

No Quadro 1 está apresentado um exemplo <strong>de</strong> uma dieta<br />

<br />

para indivíduos com disfagia e comprometimento da <strong>de</strong>glutição.<br />

<br />

<br />

<br />

santes<br />

<strong>de</strong>vem interferir o mínimo possível nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

sensoriais dos líquidos, ou por suas próprias características<br />

físicas e químicas ou evitar reprocessamento adicional 26-28 .<br />

Vários agentes po<strong>de</strong>m ser utilizados como espessantes <strong>de</strong><br />

alimentos. Tais espessantes são formados principalmente por


Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />

<br />

<br />

aproximadamente 2.000 quilocalorias.<br />

Refeição Alimento Viscosida<strong>de</strong><br />

<br />

Café da manhã: Mingau <strong>de</strong> farinha Láctea<br />

Banana amassada<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

207<br />

Leite: 100 mL<br />

Farinha Láctea: 25 g<br />

1 unida<strong>de</strong> – 90 g<br />

Lanche: Suco <strong>de</strong> mamão espessado Água: 30 mL<br />

Mamão: 170 g<br />

Almoço: Leite: 100 mL<br />

Farinha Láctea: 25 g <br />

Suco <strong>de</strong> laranja espessado<br />

-<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Suco <strong>de</strong> laranja: 200 mL<br />

Espessante: 10 g<br />

Lanche: <br />

<br />

<br />

Jantar: Caldo <strong>de</strong> vegetais<br />

Mousse <strong>de</strong> limão<br />

-<br />

<br />

<br />

-<br />

<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong> azeite, batata gran<strong>de</strong> crua<br />

<br />

100 g<br />

Ceia: Mingau <strong>de</strong> milho Leite: 100 mL<br />

Farelo <strong>de</strong> Milho: 25 g<br />

* Adaptado <strong>de</strong> Peres, Manzano e Silva (2007).<br />

polissacarí<strong>de</strong>os (carboidratos), como gomas e amidos, além<br />

das pectinas e <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> celulose. Dentre estes, o amido<br />

<br />

<br />

<br />

natural. Além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r maximizar a ingestão nutricional e<br />

28 . Portanto,<br />

<br />

usados para evitar a <strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong> indivíduos com disfagia 27 .<br />

Porém, os espessantes comerciais são <strong>de</strong> alto custo, em torno<br />

<strong>de</strong> R$ 40,00 a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 gramas, preço que limita a<br />

aquisição e ajuste da consistência correta.<br />

910<br />

2.900<br />

870<br />

2.440<br />

320<br />

1.090<br />

<br />

8.000<br />

Sabe-se que a ingestão po<strong>de</strong> ser maximizada por meio<br />

do ajuste da consistência dos alimentos a partir <strong>de</strong> técnicas<br />

simples e <strong>de</strong> baixo custo, sem o uso <strong>de</strong> espessantes comerciais<br />

que são onerosos 29,30 . O espessamento <strong>de</strong> alimentos a partir da<br />

utilização dos próprios alimentos em preparações diversas para<br />

<br />

<br />

ingestão alimentar, resultando em altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição,<br />

<strong>de</strong>sidratação e aspiração pulmonar, e aumentando o risco <strong>de</strong><br />

óbito 31 . São técnicas projetadas para este público, especialmente<br />

no que diz respeito à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comida em medidas caseiras<br />

840


necessárias para atingir as viscosida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> acordo com<br />

o padrão da ADA.<br />

Em 2006, foram realizadas pesquisas para o <strong>de</strong>senvolvi-<br />

<br />

preparações padronizadas para pacientes disfágicos, viscosida<strong>de</strong>s<br />

ajustadas <strong>de</strong> acordo com a ADA, composição química e<br />

dores<br />

e pacientes disfágicos, para ingestão dietética segura 28 .<br />

<br />

Os diferentes tipos <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser alcançados<br />

por meio <strong>de</strong> diluições apropriadas, utilizando-se leite ou água, a<br />

partir <strong>de</strong> preparações na viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pudim. As proteínas do<br />

leite e soro possuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar a viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

diferentes sistemas <strong>de</strong> alimentos, pois possuem comportamento<br />

reológico e proprieda<strong>de</strong>s funcionais tecnológicas importantes 32 .<br />

<br />

<br />

estimulação gustativa e do trigêmio pelo ácido 33 .<br />

Um fator consi<strong>de</strong>rado limitante para ajuste da viscosida<strong>de</strong> é<br />

<br />

da consistência das preparações, o que não garante uma ingestão<br />

<br />

preparação <strong>de</strong> creme <strong>de</strong> palmito na consistência <strong>de</strong> pudim. Nela,<br />

observa-se como características principais a formação <strong>de</strong> um<br />

<br />

<br />

<br />

preparação na consistência <strong>de</strong> mel, no qual observa-se a<br />

<br />

“V” característico.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

rala da mesma preparação, como o próprio nome diz, observa-<br />

<br />

<br />

Essas alternativas consi<strong>de</strong>radas simples, baratas e seguras,<br />

da<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida ao paciente disfágico sem se limitar a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> espessantes comerciais. Porém, ainda faltam orientações e<br />

divulgação a respeito <strong>de</strong> como seguir uma correta preparação.<br />

<br />

sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e à redução <strong>de</strong> potenciais complicações,<br />

por meio <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>,<br />

incluindo procedimentos especializados e programas <strong>de</strong> orientações<br />

a cuidadores 2 .<br />

Reavaliações periódicas e a<strong>de</strong>quadas da condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição<br />

são aspectos essenciais para a prevenção/recuperação<br />

da <strong>de</strong>snutrição. Um estudo avaliou a a<strong>de</strong>quação da dieta <strong>de</strong><br />

idosos institucionalizados, no qual 91% dos pacientes estavam<br />

com dietas em consistência abaixo do que po<strong>de</strong>riam tolerar <strong>de</strong><br />

maneira segura. Tanto o estado nutricional como a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ser afetados quando pacientes são mantidos em<br />

dietas com viscosida<strong>de</strong> inapropriada 4 .<br />

Os pacientes com disfagia po<strong>de</strong>m apresentar sacieda<strong>de</strong> rapi-<br />

<br />

Silva LBC et al.<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

208<br />

Figura 1<br />

na consistência pudim. pH = 3,73; viscosida<strong>de</strong> = 2000 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />

para diluição = 0 mL<br />

Figura 2 – <br />

na consistência mel. pH = 3,69; viscosida<strong>de</strong> = 1080 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />

para diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 14,23 mL<br />

Figura 3<br />

na consistência néctar. pH = 3,71; viscosida<strong>de</strong> = 240 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />

para diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 42,88 mL


Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />

Figura 4 <br />

na consistência rala. pH = 5,36; viscosida<strong>de</strong> = 46 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água para<br />

diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 107,14 mL<br />

concentrada. Em lugar <strong>de</strong> servir três refeições ao dia, estes<br />

pacientes <strong>de</strong>vem receber porções menores e mais frequentes 31 . É<br />

importante ressaltar que para os pacientes com disfagia, a<br />

<br />

quando estão mais cansados. Isto é especialmente importante<br />

no caso <strong>de</strong> pacientes com doenças como Parkinson, para os<br />

quais o efeito da medicação po<strong>de</strong> reduzir-se durante o dia,<br />

diminuindo ainda mais a capacida<strong>de</strong> do paciente em <strong>de</strong>glutir 34 .<br />

O posicionamento correto do paciente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ajuda<br />

durante as refeições, sendo importante seguir as orientações <strong>de</strong><br />

um fonoaudiólogo.<br />

<br />

<br />

consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte nutricional alternativo.<br />

Uma sonda macia e bem tolerável po<strong>de</strong> ser alocada guiada<br />

radiologicamente. A gastrostomia endoscópica percutânea é<br />

realizada instalando-se um tubo da gastrostomia pelo estômago<br />

por via abdominal percutânea guiada pelo endoscopista e ,se<br />

disponível, é preferível à gastrostomia cirúrgica 35,36 .<br />

Sendo assim, a orientação <strong>de</strong> uma dieta individualizada,<br />

<br />

quanto à via <strong>de</strong> acesso para alimentação ajudam a prevenir<br />

<strong>de</strong>snutrição no paciente com disfagia, em que cuidados <strong>de</strong><br />

uma equipe multidisciplinar são necessários para o bem-estar<br />

<br />

<br />

terapia nutricional inviabiliza a replicação dos mesmos com<br />

37 .<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A disfagia é uma condição complexa, que tem um profundo<br />

impacto na vida do paciente. O tratamento da <strong>de</strong>glutição<br />

<br />

o objetivo <strong>de</strong> maximizar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente e a<br />

qualida<strong>de</strong> nutricional, além <strong>de</strong> diminuir os riscos <strong>de</strong> aspiração<br />

<br />

uma alimentação segura com uma textura a<strong>de</strong>quada para o<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

209<br />

paciente, prevenindo a <strong>de</strong>snutrição e estimulando o paciente a<br />

<strong>de</strong>sfrutar os prazeres <strong>de</strong> comer, levando em conta que é funda-<br />

<br />

<br />

disfagia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da elaboração <strong>de</strong> um programa terapêutico<br />

que eleja um grupo <strong>de</strong> procedimentos capazes <strong>de</strong> causar efeitos<br />

<br />

satisfatória no quadro geral do indivíduo. Porém, uma questão<br />

-<br />

<br />

<br />

Ainda é necessário <strong>de</strong>senvolver pesquisas, divulgações,<br />

promoções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação para atingir um patamar <strong>de</strong><br />

controle da disfagia, possibilitando oferecer a esta população<br />

<br />

<strong>de</strong> vida digna.<br />

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Silva LBC et al.<br />

Local <strong>de</strong> realização do Trabalho:<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

210<br />

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