Artigo - Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral
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<strong>Artigo</strong> Original<br />
Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />
Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia<br />
bariátrica<br />
Eating binge in patients un<strong>de</strong>ergoing baryatric surgery<br />
Compulsion alimenticia en pacientes sometidos a cirugia bariatrica<br />
Unitermos:<br />
Cirurgia bariátrica. Obesida<strong>de</strong> mórbida. Compulsão<br />
alimentar periódica.<br />
Key words:<br />
Bariatric surgery. Morbid obesity. Eating binge disor<strong>de</strong>r.<br />
Unitérminos<br />
Cirugía bariátrica. Obesidad mórbida. Compulsión<br />
alimenticia periódica.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Patrícia Miranda Farias<br />
CEP 79021-032 – Rua Praia <strong>de</strong> Itaparica nº36<br />
Bairro Autonomista - Campo Gran<strong>de</strong> – MS<br />
Telefone e Fax: (067) 3356-1193 ; (067) 9902-0762<br />
patmiranda_nut@hotmail.com<br />
Submissão<br />
02<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008<br />
Aceito para publicação<br />
6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009<br />
1. Nutricionista; Pós-Graduação Lato Sensu em<br />
<strong>Nutrição</strong> Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho –<br />
Campo Gran<strong>de</strong> – MS.<br />
2. Nutricionista; Doutora em Saú<strong>de</strong> Pública, Professora<br />
do curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Nutrição</strong><br />
Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho.<br />
3. Nutricionista; Doutora em Ciência dos Alimentos,<br />
Coor<strong>de</strong>nadora do curso <strong>de</strong> Especialização em<br />
<strong>Nutrição</strong> Clínica da Universida<strong>de</strong> Gama Filho.<br />
RESUmo:<br />
Introdução: A cirurgia bariátrica é importante opção terapêutica para obesida<strong>de</strong> mórbida<br />
<br />
compulsão alimentar é empregada a ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica),<br />
permitindo observar a magnitu<strong>de</strong> das mudanças do comportamento em cada paciente, em<br />
diferentes momentos, durante o tratamento para perda do peso. objetivo:<br />
que po<strong>de</strong>m contribuir para a presença/ausência da compulsão alimentar em pacientes<br />
<br />
perda <strong>de</strong> peso e o acompanhamento prévio psicológico e nutricional. métodos: A amostra foi<br />
constituída <strong>de</strong> 30 pacientes, sendo 27 (90%) do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino,<br />
com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 40 anos (variando <strong>de</strong> 21 a 61 anos) submetidos à cirurgia bariátrica<br />
tipo Fobi-Capella. Resultados: Observou-se que, após o procedimento cirúrgico, o IMC<br />
<br />
relação ao inicial, encontrou-se 25 (83,3%) dos pacientes sem CAP e 5 (16,8%) com CAP.<br />
Observou-se que quanto maior o tempo <strong>de</strong> orientação nutricional pré-operatória (r= 0,443;<br />
p= 0,014) e pós-operatória (r= 0,639; p= 0,000) e orientação psicológica pré-operatória<br />
(r= 0,408; p= 0,025) maior foi a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso. Conclusão: Os fatores<br />
aqui citados não tiveram relação com a compulsão alimentar e sim correlação entre eles.<br />
AbStRACt:<br />
Introduction: Bariatric surgery is a major therapeutic strategy for morbid obesity and is<br />
consi<strong>de</strong>red the most effective treatment for long-term weight control. The Binge Eating Scale<br />
(BES) is used to measure eating binge and to assess behavior changes in patients at different<br />
time points during weight loss management. objective: To i<strong>de</strong>ntify contributing or preventive<br />
factors to the occurrence of eating binge in patients un<strong>de</strong>rgoing bariatric surgery based on<br />
pre- and post-operative anthropometric measures, weight loss, and previous psychological<br />
and nutritional evaluation. methods: The study sample comprised 30 patients who un<strong>de</strong>rwent<br />
Fobi-Capella bariatric surgery, of which 27 (90%) were females and 3 (10%) males with mean<br />
age of 40 years (range: 21–61 years). Results: Postoperatively, their mean pre-operative<br />
BMI dropped by 66.3%, mean excess weight loss was 33.4% compared to baseline, and<br />
eating binge episo<strong>de</strong>s were seen in 5 (16.8%) but not in 25 patients (83.3%). It was found<br />
that the longer the pre-operative (r= 0.443; p= 0.014) and post-operative (r= 0,639; p= 0,000)<br />
nutritional counseling and pre-operative psychological counseling (r= 0.408; p= 0.025), the<br />
greater the patients’ weight loss. Conclusions: The factors <strong>de</strong>scribed here did not have<br />
<br />
Introdución: La cirugía bariátrica es una importante opción terapéutica para la obesidad<br />
<br />
evaluar la compulsión alimenticia se emplea la ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsión Alimenticia<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
137<br />
Patricia Miranda Farias 1<br />
Cristiane A. S. Furtado 1<br />
Graciane Morales 1<br />
Luana Caroline dos Santos 2<br />
Vanessa Coutinho 3
INTRODUÇÃO<br />
O transtorno <strong>de</strong> compulsão alimentar periódica (TCAP) caracteriza-se<br />
pela ocorrência <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> compulsão alimentar<br />
(ECA) 1 pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses,<br />
associados a características <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle 2-6 sobre o que<br />
ou o quanto se come por período <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>limitado (até duas<br />
horas) 7 e não acompanhados <strong>de</strong> comportamentos compensatórios<br />
dirigidos para perda <strong>de</strong> peso 1 . Destaca-se que esse quadro ainda<br />
<br />
<br />
8<br />
De acordo com Grilo 9 , os episódios compulsivos po<strong>de</strong>m variar<br />
quanto à hora em que costumam ocorrer com perda <strong>de</strong> controle,<br />
à hora sem esta perda e/ou perda <strong>de</strong> controle sem o consumo <strong>de</strong><br />
uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos. Durante os episódios <strong>de</strong><br />
compulsão alimentar, o indivíduo apresenta um sentimento <strong>de</strong><br />
falta <strong>de</strong> controle sobre o seu comportamento alimentar, ingere<br />
gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimento mesmo estando sem fome, come<br />
mais rapidamente do que o normal até sentir gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto<br />
físico 9 . Em geral, esses episódios ocorrem escondidos das <strong>de</strong>mais<br />
pessoas <strong>de</strong> seu convívio e se caracterizam por um sentimento <strong>de</strong><br />
embaraço, causado pela quantida<strong>de</strong> exagerada <strong>de</strong> alimento consumido<br />
9 , e são sucedidos por um mal-estar psicológico, e intenso<br />
<br />
<br />
do que as pessoas obesas sem compulsão alimentar 10 .<br />
A prevalência do transtorno <strong>de</strong> TCAP na população geral<br />
encontra-se em torno <strong>de</strong> 0,7% a 4%1.<br />
A CAP (Compulsão Alimentar Periódica) ocorre em indivíduos<br />
com peso normal e em indivíduos obesos11. Em obesos que<br />
procuram programas para controle <strong>de</strong> peso, foram observadas<br />
frequências em torno <strong>de</strong> 30% para TCAP e 46% para CAP,<br />
estando o TCAP associado a sintomas psicopatológicos em geral,<br />
especialmente à <strong>de</strong>pressão e maior gravida<strong>de</strong> da obesida<strong>de</strong> .<br />
As pessoas que apresentam o transtorno do comer compulsivo<br />
têm ataques bulímicos repetidos, mas não evi<strong>de</strong>nciam as medidas<br />
patológicas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> peso que os pacientes com bulimia<br />
nervosa utilizam, como os comportamentos compensatórios<br />
(vômitos, abuso <strong>de</strong> laxativos, exercício físico excessivo) que<br />
suce<strong>de</strong>m o episódio bulímico 12 .<br />
Patricia Miranda Farias<br />
Periódica), que permite observar la magnitud <strong>de</strong> los cambios <strong>de</strong>l comportamiento en cada<br />
paciente, en diferentes momentos, durante el tratamiento para pérdida <strong>de</strong> peso. objetivo:<br />
-<br />
<br />
post operatorio, pérdida <strong>de</strong> peso y seguimiento previo psicológico y nutricional. métodos:<br />
La muestra fue constituida por 30 pacientes, <strong>de</strong> los cuales 27 (90%) <strong>de</strong>l sexo femenino y<br />
3 (10%) <strong>de</strong>l sexo masculino, con edad promedio <strong>de</strong> 40 años (variando entre 21 y 61 años)<br />
sometidos a la cirugía bariátrica tipo Fobi-Capella. Resultados: Se observó que <strong>de</strong>spués<br />
<strong>de</strong>l procedimiento quirúrgico, el IMC preoperatorio promedio se redujo en 66,3%, la pérdida<br />
<strong>de</strong>l exceso <strong>de</strong> peso promedio fue <strong>de</strong> 33,4% en relación al inicial, se encontró 25 (83,3%)<br />
<strong>de</strong> los pacientes sin CAP y 5 (16,8%) con CAP. Se observó que mientras mayor el tiempo<br />
<strong>de</strong> orientación nutricional preoperatorio (r= 0,443; p= 0,014) y post operatorio (r= 0,639; p=<br />
0,000) y orientación sicológica preoperatorio (r= 0,408; p= 0,025), mayor fue el porcentaje<br />
<strong>de</strong> pérdida <strong>de</strong> peso. Conclusión: Los factores aquí citados no tuvieron relación con la<br />
compulsión alimenticia, pero sí importancia <strong>de</strong> correlación entre ellos.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
138<br />
<br />
<br />
nos países industrializados, sendo que a obesida<strong>de</strong> mórbida<br />
<br />
2 , sendo<br />
consi<strong>de</strong>rada uma doença crônica multifatorial com consequências<br />
nefastas para a saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos 13 . De um<br />
modo geral, o obeso mórbido tem um longo histórico <strong>de</strong> tentativas<br />
<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> peso, algumas das quais sob a orientação <strong>de</strong><br />
técnicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, consistindo na sua maior parte numa dieta e/ou<br />
14 . Apesar <strong>de</strong>stes regimes terapêuticos proporcionarem<br />
uma redução <strong>de</strong> peso numa fase inicial, estes não são<br />
<br />
maioria dos pacientes obesos recupera em pouco tempo o peso<br />
perdido 5 , chegando a níveis ainda mais altos que os anteriores 14 .<br />
<br />
frustração face a estes regimes <strong>de</strong> tratamento são partilhados<br />
por quase todos os obesos que, <strong>de</strong>ste modo, continuam a ganhar<br />
peso 15 . Obesos comedores compulsivos po<strong>de</strong>m constituir uma<br />
subcategoria entre a população obesa, apresentando níveis<br />
mais elevados <strong>de</strong> psicopatologia, especialmente a <strong>de</strong>pressão e<br />
transtorno <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, uma gravida<strong>de</strong> maior e início mais<br />
precoce da obesida<strong>de</strong>, um percentual maior <strong>de</strong> sua vida gasto<br />
com dietas e prejuízo no funcionamento social e ocupacional 16.<br />
<br />
importante opção terapêutica para esta doença, e é consi<strong>de</strong>rada a<br />
17 . A cirurgia<br />
<br />
<br />
18 .<br />
No tratamento cirúrgico da obesida<strong>de</strong> têm-se empregado<br />
<br />
<br />
17 . Esta<br />
é consi<strong>de</strong>rada “padrão ouro” e tornou-se o procedimento mais<br />
realizado no tratamento da obesida<strong>de</strong> mórbida em todo mundo 19 .<br />
O índice <strong>de</strong> perda pon<strong>de</strong>ral atinge em média 30% no primeiro ano,<br />
com redução gradual no <strong>de</strong>correr dos anos e aumento da recidiva,<br />
<br />
ou consumo <strong>de</strong> alimentação ina<strong>de</strong>quada 20 .
que continue a comer compulsivamente, precipitando complicações<br />
médicas, não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado sucesso terapêutico, ou<br />
mentais<br />
foram negligenciadas 18 .<br />
Para avaliar os episódios <strong>de</strong> compulsão alimentar é empregada<br />
a ECAP (Escala <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica),<br />
permitindo observar a magnitu<strong>de</strong> das mudanças do comportamento<br />
em cada paciente, em diferentes momentos, durante o<br />
tratamento para perda do peso e, também, ampliar o conhecimento<br />
das inter-relações entre CAP, sintomas psicopatológicos<br />
e alterações <strong>de</strong> peso 3 <br />
pacientes obesos com CAP e, principalmente, no planejamento<br />
<strong>de</strong> estratégias terapêuticas a<strong>de</strong>quadas e na avaliação sequencial<br />
do tratamento, tendo em vista que esse subgrupo <strong>de</strong> pacientes<br />
obesos parece apresentar uma evolução clínica diferenciada<br />
dos obesos sem CAP 3 .<br />
Consi<strong>de</strong>rando o exposto, o objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi i<strong>de</strong>n-<br />
<br />
da compulsão alimentar em pacientes submetidos à cirurgia<br />
<br />
operatório, perda <strong>de</strong> peso e o acompanhamento prévio psicológico<br />
e nutricional.<br />
MÉTODOS<br />
A amostra foi composta por 30 pacientes, sendo 27 (90%)<br />
do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino. A ida<strong>de</strong> média<br />
foi <strong>de</strong> 40 anos (variando <strong>de</strong> 21 a 61 anos ± 10,13) submetidos à<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
termo <strong>de</strong> consentimento livre e esclarecido.<br />
Aplicou-se a ECAP 3 <br />
<br />
ou psicológica antes e após a cirurgia, avaliação antropométrica<br />
e informações referentes ao pré-operatório. A avaliação antropométrica<br />
atual foi realizada a partir da aferição do peso utilizando-<br />
<br />
<br />
21 .<br />
<br />
<br />
menor ou igual a 17 são consi<strong>de</strong>rados sem CAP; com pontuação<br />
entre 18 e 26 são consi<strong>de</strong>rados com CAP mo<strong>de</strong>rada; e aqueles<br />
com pontuação maior ou igual a 27, com CAP grave.3<br />
<br />
<br />
<br />
estão apresentados na forma <strong>de</strong> média e <strong>de</strong>svio padrão para as<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
O projeto foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da<br />
<br />
<br />
Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
139<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
<br />
(90%) do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino. O predomínio<br />
<strong>de</strong> mulheres (90%) na amostra provavelmente <strong>de</strong>corre<br />
do fato <strong>de</strong>ssas procurarem mais o tratamento para o controle da<br />
<br />
dos pacientes na amostra. Os achados foram próximos aos <strong>de</strong><br />
22 <br />
<br />
sobretudo os graus <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong>. No pré-operatório obteve-se<br />
tório<br />
para 46,67% (n= 14). No Brasil, estima-se que 26,5% das<br />
mulheres e 22% dos homens tenham excesso <strong>de</strong> peso, 11,2% das<br />
mulheres e 4,7% dos homens têm obesida<strong>de</strong> leve e mo<strong>de</strong>rada e<br />
que 0,5% das mulheres e 0,1% dos homens apresentam obesida<strong>de</strong><br />
<br />
resultados encontrados não condizem com esse estudo.<br />
<br />
(p
Patricia Miranda Farias<br />
tabela 1- Média e <strong>de</strong>svio padrão da ida<strong>de</strong> e características antropométricas <strong>de</strong> pacientes submetidos a cirurgia bariátrica.<br />
Variáveis Homens mulheres total p-value<br />
nutricional pós-operatória maior foi a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />
<br />
maior o tempo <strong>de</strong> orientação psicológica pré-operatória maior foi<br />
a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso (r= 0,408; p= 0,025).<br />
n= 3 n= 27 n= 30<br />
Ida<strong>de</strong> (anos) 35 ± 8,9 40,9 ± 10,2 40,3 ± 10,1 NS<br />
Peso Pré (kg) 150,7 ± 21,38 119,22 ± 16,80 122,4 ± 19,42 *0,005<br />
Altura Pré (m) 1,77 ± 0,06 1,60 ± 0,06 1,62 ± 0,08 *0,000<br />
IMC** Pré (kg/m2) 47,23 ± 7,03 46,63 ± 7,71 46,69 ± 7,53 NS<br />
Peso Pós (kg) 105,4 ± 18,33 77,91 ± 14,04 80,66 ± 16,44 *0,004<br />
Altura Pós (m) 1,77 ± 0,06 1,60 ± 0,06 1,62 ± 0,08 *0,000<br />
IMC** Pós (kg/m2) 33,57 ± 6,52 30,64 ± 5,74 30,93 ± 5,77 NS<br />
*Teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt<br />
**Índice <strong>de</strong> Massa corporal<br />
tabela 2 - Média e <strong>de</strong>svio padrão da perda <strong>de</strong> peso, % <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso e tempo <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />
Variáveis Homens mulheres total<br />
Correlação do tempo <strong>de</strong> cirurgia com o percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />
peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />
<br />
n= 3 n= 27 n= 30<br />
Perda <strong>de</strong> peso (kg) 45,3 ± 6,5 41,31 ± 18,97 41,71 ± 18,09<br />
Percentual <strong>de</strong> perda peso (%) 30,20 ± 4,24 33,80 ± 12,82 33,44 ± 12,24<br />
Tempo <strong>de</strong> cirurgia (meses) 16,0 ± 11,53 18,22 ± 14,37 18,00 ± 13,96<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
140<br />
Correlação do índice <strong>de</strong> massa corporal com o percentual <strong>de</strong> perda<br />
<strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />
tório<br />
com o percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos<br />
<br />
r= 0,639; p= 0,000.
- Correlação da orientação nutricional no pós-operatório com o<br />
percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.<br />
<br />
orientação nutricional prévia e no pós-operatório a média <strong>de</strong><br />
<br />
Com relação à orientação psicológica prévia, a média foi <strong>de</strong> 11,03<br />
<br />
4,82) no pós-operatório.<br />
31 , o intuito do aconselhamento<br />
nutricional no período pré-operatório é o aumento do potencial<br />
<strong>de</strong> sucesso no pós-operatório e objetiva promover perda <strong>de</strong> peso<br />
inicial, reforçar a percepção do paciente <strong>de</strong> que a perda <strong>de</strong> peso é<br />
<br />
erros e transtornos alimentares, promover expectativas reais <strong>de</strong><br />
perda <strong>de</strong> peso, preparar o paciente para a alimentação no pós-opera-<br />
<br />
32 , somente o acompanhamento nutricional<br />
a<strong>de</strong>quado garante o sucesso da cirurgia, evitando complicações<br />
<br />
A maioria dos pacientes 73,3% (n= 21) não teve orientação<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
associado à obesida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser fundamental para o sucesso do<br />
procedimento cirúrgico 33 . O papel do psicólogo é o <strong>de</strong> avaliar se<br />
<br />
lo quanto à compreensão <strong>de</strong> todos os aspectos <strong>de</strong>correntes do<br />
pré e pós-cirúrgico 34 .<br />
De acordo com Coutinho35, a avaliação <strong>de</strong>sses pacientes no<br />
pré e pós-operatório <strong>de</strong>ve ser realizada por uma equipe multidisciplinar<br />
composta por endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas,<br />
pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões.<br />
Compulsão alimentar em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
141<br />
A média do escore da ECAP foi <strong>de</strong> 9,57 (± 6,8), sendo que o<br />
escore até 17 é sem CAP. Observa-se que não teve diferença (p=<br />
0,086) entre homens e mulheres na média do escore, talvez pela<br />
<br />
escore <strong>de</strong> 17 como ponto <strong>de</strong> corte para que se obtenha sensibilida<strong>de</strong><br />
<br />
por uma entrevista clínica 33 <br />
CAP entre as mulheres (p= 0,064). Na amostra total, obtivemos<br />
16,7% (n= 5) <strong>de</strong> pacientes com CAP e 83,3% (n= 25) sem CAP.<br />
A partir <strong>de</strong> uma anamnese pré-operatória, a presença <strong>de</strong> um<br />
transtorno alimentar <strong>de</strong>ve forçosamente levar a um seguimento<br />
vamento<br />
do mesmo, pois a prevalência <strong>de</strong> tais transtornos é maior<br />
<br />
<strong>de</strong> complicações é cerca <strong>de</strong> quatro vezes maior35-37. Uma das<br />
<br />
<br />
a prevalência <strong>de</strong> CAP po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 27% a 47% 38 .<br />
Greeno et al. 39 <br />
<strong>de</strong> indivíduos sem CAP e também como ferramenta para rastrear<br />
pacientes com graves problemas <strong>de</strong> CAP. Uma melhora do<br />
comportamento alimentar po<strong>de</strong> ocorrer precocemente, após a<br />
operação, mas o retorno dos transtornos alimentares em pacientes<br />
<br />
<br />
o procedimento cirúrgico 37 .<br />
-<br />
<br />
<strong>de</strong> mudanças comportamentais, alimentares e <strong>de</strong> exercícios, com<br />
sionais<br />
da saú<strong>de</strong>31. Na avaliação pré-cirúrgica, é importante<br />
pesquisar a presença <strong>de</strong> Transtorno da Compulsão Alimentar<br />
Periódica, o qual tem uma prevalência maior entre obesos<br />
mórbidos4-6. Este transtorno po<strong>de</strong> permanecer ativo, comprometendo<br />
o resultado pós-cirúrgico. 40<br />
CONCLUSÃO<br />
Consi<strong>de</strong>rando o objetivo proposto, conclui-se que os pacientes<br />
da amostra estudada tiveram no pré-operatório média <strong>de</strong> obesi-<br />
<br />
<br />
<br />
nutricional no pré e pós-operatório e orientação psicológica<br />
no pré-operatório houve maior porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso<br />
<br />
reduzida, os fatores aqui citados não tiveram relação com a CAP<br />
e sim correlação entre eles.<br />
<br />
<br />
transtorno no pré-operatório.<br />
REFERÊNCIAS<br />
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adaptação para o português da escala <strong>de</strong> compulsão alimentar<br />
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Artmed; 2003.<br />
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2 ed., pp. 178-82, 2002.<br />
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operation for weight control, and the transected ban<strong>de</strong>d gastric<br />
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<br />
<br />
Local <strong>de</strong> realização do trabalho: <br />
Patricia Miranda Farias<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 137-42<br />
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Nacional <strong>de</strong> Alimentação e <strong>Nutrição</strong>, Brasília,1991.<br />
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Araujo DE, et al. Transtorno periódico da compulsão alimentar<br />
periódica em uma população <strong>de</strong> obesos mórbidos candidatos<br />
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P. Prevalence of binge eating disor<strong>de</strong>r, obesity, and <strong>de</strong>pres-
<strong>Artigo</strong> Original<br />
<br />
Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong>: análise dos requerimentos energéticos e<br />
<br />
<strong>Enteral</strong> Nutrition Therapy: analysis of energy and nutritional requirements<br />
Terapia <strong>de</strong> Nutrición <strong>Enteral</strong>: análisis <strong>de</strong> la energía y los requerimientos nutricionales<br />
Unitermos<br />
<strong>Nutrição</strong> enteral. Estado nutricional. Necessida<strong>de</strong>s<br />
energética-proteica.<br />
Key words:<br />
<strong>Enteral</strong> nutrition. Nutritional status. Energetic and<br />
protein needs.<br />
Unitérminos<br />
Nutrición enteral. Estado nutricional proteico-energética.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Vanessa Taís Nozaki<br />
Rua Campos Sales 45, ap.804, zona 07 –<br />
CEP: 87020-080 - Maringá-PR.<br />
Tel: 44-33018553/44-91398561.<br />
E-mail: vanessa.tais@bol.com.br<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 02/07/2008<br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 18/03/2009<br />
1 - Nutricionista e mestre em Ciências da Saú<strong>de</strong> pela<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá<br />
2 - Docente do mestrado em Ciências da Saú<strong>de</strong> da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá e doutora<br />
em Ciências Biológicas pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo<br />
3 - Mestre em Ciências da Saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Maringá<br />
REsUmo<br />
Introdução: Existe importância no estudo da a<strong>de</strong>quação das dietas hospitalares na terapia<br />
nutricional enteral, pois há relação com o estado nutricional e o prognóstico do paciente.<br />
objetivos<br />
terapia nutricional enteral. métodos: O estudo foi realizado com 72 pacientes, com ida<strong>de</strong><br />
entre 20 e 90 anos, ambos os gêneros, internados em 4 hospitais gerais. As prescrições<br />
e ofertas energéticas foram avaliadas por meio <strong>de</strong> prontuários médicos <strong>de</strong> cada paciente,<br />
os requerimentos <strong>de</strong>sses nutrientes foram calculados por calorimetria indireta. Avaliou-se<br />
<br />
Prega Cutânea Tricipital e a Área Muscular do Braço. Resultados:<br />
<br />
<br />
<br />
prescrições energéticas estavam em 1593,5 ± 481 Kcal/dia e a média das recomendações<br />
2138,4 ± 406,1 Kcal/dia. Conclusão: As prescrições e a infusão <strong>de</strong> calorias não atingiram<br />
as recomendações propostas e <strong>de</strong>tectou-se <strong>de</strong>snutrição nos pacientes.<br />
AbstRACt<br />
Introduction: There are studies important in keeping with of hospital diets in the enteral nutrition<br />
terapy, as there association with the nutrition state and the patient prognosis. methods:<br />
The study was perceived with 72 patients males and females, with 20 and 90 years old,<br />
interned at the four hospital. The prescriptions and bargain energy was available through<br />
medical dossier each patient, the dossiers of nutrients were calculated from indirect calormetry.<br />
<br />
Results:<br />
<br />
<br />
recommendation 2138,4 ± 406,1 kcal/day. Conclusions: The prescription and the infusion of<br />
<br />
RESuMEN<br />
Introducción: Hay importancia en el estudio <strong>de</strong> la a<strong>de</strong>cuación <strong>de</strong> las dietas <strong>de</strong>l hospital en<br />
terapia <strong>de</strong> nutrición enteral, porque hay relación con el estado nutricional y el pronóstico <strong>de</strong>l<br />
paciente. objetivos: Analizar la energía y los requerimientos nutricionales <strong>de</strong> los pacientes<br />
en terapia <strong>de</strong> nutrición enteral. métodos: El estudio se realizó con 72 pacientes, con eda<strong>de</strong>s<br />
comprendidas entre los 20 y 90 años, ambos sexos, ingresados en 4 hospitales generales.<br />
Las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energía y ofertas fueron evaluadas a través <strong>de</strong> los registros médicos<br />
<strong>de</strong> cada paciente, las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estos nutrientes fueron calculados por calorimetría<br />
<br />
Masa Corpórea, Prega cutis Tricipital Dystrophy Espacio y el brazo. Resultados: En el<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />
143<br />
Ms.Vanessa Taís Nozaki 1<br />
Dra. Rosane Marina Peralta 2<br />
3
INTRODUÇÃO<br />
A escolha a<strong>de</strong>quada da terapia nutricional ao paciente<br />
enfermo auxilia no tratamento clínico, melhora o prognóstico<br />
e evita complicações 1 . Existe também uma relação direta com<br />
o estado nutricional do paciente 2 .<br />
A <strong>de</strong>snutrição é frequentemente observada em hospitalizados<br />
3,4 e está relacionada tanto com as patologias como com<br />
a prescrição dietética aplicada. Este estado nutricional po<strong>de</strong><br />
afetar a evolução clínica do paciente 5 , aumentando o tempo <strong>de</strong><br />
permanência hospitalar 6 , incidência <strong>de</strong> infecções 7 , aumento da<br />
morbi-mortalida<strong>de</strong> 8,9 e outras complicações 9 .<br />
No Brasil 1,2 e <strong>de</strong>mais países da América Latina 9,10 , a <strong>de</strong>snutrição<br />
hospitalar se faz presente. Este fato se comprova na<br />
pesquisa realizada com 4000 pacientes pelo Inquérito Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) 1 . A pesquisa<br />
revelou que 48,1% dos pacientes apresentavam-se <strong>de</strong>snutridos<br />
e que, <strong>de</strong>stes, 12,5% eram <strong>de</strong>snutridos graves. Com relação à<br />
terapia nutricional, apenas 7,3% dos pacientes recebiam algum<br />
tipo <strong>de</strong> tratamento nutricional e 6,1 % <strong>de</strong>stes foi por <strong>Nutrição</strong><br />
<strong>Enteral</strong> 1 . Outro estudo realizado na América Latina com mais<br />
<strong>de</strong> 9000 pacientes mostrou que cerca <strong>de</strong> 50% dos pacientes<br />
estavam <strong>de</strong>snutridos, <strong>de</strong>stes 11% apresentavam estado grave<br />
e foi utilizado em apenas 8,8% dos internados algum tipo <strong>de</strong><br />
terapia nutricional 9 .<br />
Além dos países menos <strong>de</strong>senvolvidos, a <strong>de</strong>snutrição po<strong>de</strong><br />
ser encontrada em locais como Estados Unidos, União Europeia<br />
e Reino Unido, como <strong>de</strong>monstrou uma pesquisa realizada<br />
no período <strong>de</strong> 1970 a 1990 na qual <strong>de</strong>tectou-se em 50% dos<br />
hospitalizados algum nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição 11 . Muitos trabalhos<br />
<strong>de</strong>monstram incidência <strong>de</strong> risco nutricional em outros países<br />
da América do Norte e da Europa 12 <br />
o tratamento dietoterápico a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong> melhorar o estado<br />
clínico do paciente, evitar <strong>de</strong>snutrição e diminuir complicações 1 .<br />
Por todos esses motivos, sabe-se que o uso da terapia<br />
nutricional enteral é bastante indicado em inúmeros casos,<br />
principalmente porque a nutrição enteral mantém a integrida<strong>de</strong><br />
da mucosa intestinal 13 <br />
e reduz infecções 14 .<br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição e também possui ação direta no processo da pato-<br />
<br />
na encefalopatia hepática e em outras doenças do trato digestório<br />
12 . Outros benefícios são evi<strong>de</strong>nciados na administração da<br />
NE, como fornecimento <strong>de</strong> nutrientes completos, utilização do<br />
sistema porta, reforço na barreira da mucosa intestinal e redução<br />
na formação <strong>de</strong> bactérias oportunistas no intestino <strong>de</strong>lgado 15,16 .<br />
<br />
do tempo <strong>de</strong> internação 17 .<br />
A prescrição dietética da NE precisa ser direcionada às<br />
Ms.Vanessa Taís Nozaki<br />
-<br />
<br />
<br />
energía fueron a 1593,5 ± 481Kcal/dia y el promedio <strong>de</strong> recomendaciones 2138,4 ± 406,1<br />
kcal / día. Conclusión: Los requisitos y la aportación <strong>de</strong> calorías no llegó a las recomendaciones<br />
propuestas, y se encontró con la malnutrición en los pacientes.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />
144<br />
necessida<strong>de</strong>s nutricionais <strong>de</strong> cada paciente e ao seu estado<br />
nutricional 18 . É necessário haver preocupação com a evolução do<br />
tratamento durante a internação, essa progressão precisa atingir<br />
as necessida<strong>de</strong>s gradativamente até que o paciente consuma<br />
quantida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> nutrientes. No entanto, observa-se que<br />
<br />
<strong>de</strong> nutrientes 18-21 .<br />
Este estudo teve como objetivo analisar os requerimentos<br />
cional<br />
enteral.<br />
MÉTODOS<br />
Este estudo foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética da Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Maringá (UEM) (Registro número 203/2004)<br />
e todos os pacientes ou responsáveis assinaram o termo <strong>de</strong><br />
consentimento e livre esclarecido. Fizeram parte da amostra<br />
72 pacientes em uso <strong>de</strong> terapia nutricional enteral (TNE),<br />
internados em quatro hospitais gerais, sendo três na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Maringá (PR) e outro no município <strong>de</strong> Sarandi-Paraná (Brasil).<br />
Os critérios <strong>de</strong> inclusão foram: ida<strong>de</strong> igual ou maior que 18<br />
anos; em uso <strong>de</strong> NE entre o quinto e o décimo dia <strong>de</strong> evolução<br />
(tempo recomendado para que a terapia já tenha alcançado as<br />
necessida<strong>de</strong>s nutricionais); o uso apenas <strong>de</strong> NE total (excluindose<br />
pacientes com nutrição oral e/ou parenteral).<br />
Pacientes com e<strong>de</strong>ma e/ou impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aferição das<br />
medidas antropométricas foram excluídos da amostra.<br />
Os dados analisados foram: sexo, ida<strong>de</strong>, diagnóstico clínico,<br />
prescrição dietética, oferta da dieta, volume da dieta/dia, calorias/dia,<br />
tempo <strong>de</strong> evolução da dieta, tempo para iniciar o TNE,<br />
período <strong>de</strong> internação, evolução clínica (óbito e alta), uso <strong>de</strong><br />
NE após alta.<br />
Utilizou-se para cálculo do gasto energético basal (GEB) as<br />
equações propostas por Harris e Benedict 22 e para o gasto energético<br />
total (GET) optou-se pelos fatores <strong>de</strong> lesão e ativida<strong>de</strong><br />
propostos por Long et al. 23 .<br />
Os dados referentes à antropometria foram coletados no<br />
cional<br />
<strong>de</strong>sses pacientes o Índice <strong>de</strong> Massa Corpórea (IMC), a<br />
Prega Cutânea Tricipital (PCT) e a Área Muscular do Braço<br />
(AMB). Foram aplicados para os pacientes <strong>de</strong> 18 a 65 anos os<br />
parâmetros propostos por Frisancho 24 , nos quais os pontos <strong>de</strong><br />
corte adotados foram consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados entre os percentis<br />
15 a 75 para a PCT e acima do p15 para AMB. Para avaliar o<br />
<br />
Saú<strong>de</strong> (OMS) 25 . Para os pacientes acima <strong>de</strong> 65 anos adotou-se<br />
os parâmetros <strong>de</strong> Chumlea et al. 26 , em que foram consi<strong>de</strong>rados<br />
a<strong>de</strong>quados os pacientes que apresentaram IMC e PCT entre os<br />
percentis 5 a 95 e para o AMB acima do percentil 5.<br />
Para analisar os dados foram aplicados “Teste t Stu<strong>de</strong>nt”
p
uma prescrição energética abaixo da recomendação, entretanto no<br />
grupo <strong>de</strong> Óbitos, houve 50% com a prescrição energética abaixo<br />
<strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação calórica (em relação à recomendação). No<br />
grupo NE, observou-se que 57% tiveram uma prescrição entre<br />
60% a 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação e apenas 30,7% tiveram a<strong>de</strong>quação<br />
que 100%. No grupo NO, 47,9% tiveram calorias prescritas acima<br />
<strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação, no entanto, também foi o maior grupo com<br />
a prescrição abaixo <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação (30% da amostra).<br />
FIGURA 1<br />
Observando-se a infusão das dietas enterais (Figura 2),<br />
po<strong>de</strong>-se averiguar que 40,90% dos pacientes do grupo <strong>de</strong> Óbitos<br />
consumiram menos que 50% das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminadas<br />
ou do Gasto Energético Total (GET). No grupo <strong>de</strong> NE 43,47%<br />
consumiram 51% a 70% do GET e NO 33,33% consumiram<br />
também 51% a 70% do GET.<br />
FIGURA 2<br />
Houve uma correlação mo<strong>de</strong>rada entre a prescrição energética<br />
e o estado nutricional, <strong>de</strong>tectado por meio das variáveis PESO<br />
e AMB. Dessa forma, acredita-se que quanto menor a energia<br />
<br />
Com relação à evolução do tratamento, levou-se em consi<strong>de</strong>-<br />
<br />
com NE) e também as alterações nas prescrições do volume e das<br />
calorias prescritas <strong>de</strong> NE. Po<strong>de</strong>-se averiguar que das prescrições<br />
<br />
primeiro ao último dia <strong>de</strong> utilização da TNE, po<strong>de</strong>ndo constatar que<br />
não houve evolução nesse tratamento. Das prescrições (45,83%)<br />
que aumentaram o valor calórico no <strong>de</strong>correr do tratamento, apenas<br />
30,3% (10 hospitalizados) atingiram as recomendações.<br />
DISCUSSÃO<br />
Na amostra estudada observou-se que o período médio <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
Couto et al. 19 encontraram um período <strong>de</strong> internação médio <strong>de</strong> 13<br />
20 utilizaram a terapia nutricional enteral<br />
Ms.Vanessa Taís Nozaki<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />
146<br />
21 .<br />
No estudo em questão <strong>de</strong>tectou-se alta correlação entre os<br />
períodos <strong>de</strong> internação e <strong>de</strong> utilização da NE, pois quanto mais<br />
<br />
Talvez pelo fato <strong>de</strong> que quanto maior o período <strong>de</strong> internação,<br />
maior também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco nutricional e consequentemente<br />
eleva-se o tempo da utilização da nutrição pela<br />
via enteral. Watanabe et al. 17 comprovaram que a NE diminui o<br />
tempo <strong>de</strong> internação, quando a mesma é iniciada precocemente<br />
(até 72 horas após a lesão) 27 . No entanto, constatou-se nessa<br />
pesquisa que o tempo médio para introdução da NE após a lesão<br />
<br />
<br />
que os pacientes estavam com peso aquém <strong>de</strong> outros trabalhos.<br />
Vasconcelos & Tirapegui 16 <br />
28 29 . O IMC<br />
<br />
mesmo assim um gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> pacientes apresentou baixo<br />
peso 37% e em maior prevalência no gênero feminino. Petros &<br />
Engelmann 28 encontraram apenas 6,9% com IMC abaixo <strong>de</strong> 18,5<br />
30 <br />
e Vasconcelos & Tirapegui 16 21 também<br />
encontraram gran<strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, sendo 17,6% <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>snutrição leve, 11,8% mo<strong>de</strong>rada e 26,5% grave.<br />
A <strong>de</strong>snutrição também esteve presente nas mulheres <strong>de</strong><br />
acordo com a PCT e dos avaliados, 55,55% estavam <strong>de</strong>snutridos,<br />
sendo mais representativo nos homens, quando analisada a<br />
AMB. Dessa forma, po<strong>de</strong>-se perceber que a <strong>de</strong>snutrição hospitalar<br />
foi bastante encontrada nesse estudo, já que a maioria das<br />
mulheres <strong>de</strong>monstrou perda <strong>de</strong> gordura corporal e os homens<br />
<strong>de</strong> massa muscular, sendo essas as principais características da<br />
<strong>de</strong>snutrição protéico-energética 31 . Esse dado é <strong>de</strong> suma importância,<br />
pois na maioria dos prontuários médicos não havia dados<br />
relacionados à antropometria e em 100% dos casos o estado<br />
nutricional dos pacientes não apareciam anotados. Caso esses<br />
dados fossem <strong>de</strong> conhecimento da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o tratamento<br />
nutricional po<strong>de</strong>ria ser alterado e adaptado aos riscos nutricionais.<br />
Figura 1. A<strong>de</strong>quação energética das prescrições por grupo <strong>de</strong> pacientes Figura 2. A<strong>de</strong>quação energética da dieta infundida em relação<br />
às necessida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas.<br />
Óbitos: indivíduos falecidos<br />
NE: indivíduos que estavam com <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong><br />
NO: indivíduos em <strong>Nutrição</strong> Oral<br />
NO: indivíduos que estavam com <strong>Nutrição</strong> Oral<br />
NE: indivíduos em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong>
18 . É<br />
muito importante que sejam adotados métodos rotineiramente<br />
ciation<br />
for <strong>Parenteral</strong> and <strong>Enteral</strong> Nutrition (BAPEN) recomenda<br />
que todos os pacientes sejam avaliados na admissão hospitalar<br />
e em intervalos frequentes durante o período <strong>de</strong> internação 32 .<br />
A prescrição médica foi avaliada e comparada às recomendações<br />
energéticas dos pacientes. Na análise <strong>de</strong> energias, foi encon-<br />
<br />
<strong>de</strong>monstrando que realmente houve ina<strong>de</strong>quação na prescrição <strong>de</strong><br />
calorias. Gentona et al. 30 <br />
energética em comparação aos cálculos <strong>de</strong> recomendações e em<br />
diversos estudos esse fato também foi observado 19,20 .<br />
<br />
se por avaliar quantos pacientes tiveram óbito na internação, alta<br />
hospitalar com a alimentação por via enteral (NE) e também os que<br />
obtiveram alta com nutrição oral (NO). Os óbitos foram presentes<br />
em 30,55% dos indivíduos, sendo consi<strong>de</strong>rada uma mortalida<strong>de</strong><br />
<br />
al. 20 encontraram 29% , Silva et al. 21 30% e, em outro estudo, o<br />
índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> foi menor 21% 16 . Alta com <strong>Nutrição</strong> Oral<br />
neste estudo foram <strong>de</strong> 37,5% e em dois estudos <strong>de</strong>tectou-se 18% 20<br />
e 26,6% 21 . Alta com continuida<strong>de</strong> da terapia nutricional enteral foi<br />
20 .<br />
As prescrições <strong>de</strong> aporte calórico foram avaliadas entre os<br />
<br />
uma prescrição acima <strong>de</strong> 80% do GET, seguida do grupo <strong>de</strong> NO<br />
(47,8%). Adam et al. 33 <strong>de</strong>tectaram que 75% a 96% das prescrições<br />
dos pacientes estavam entre 76% a 102% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação do GET.<br />
Outros <strong>de</strong>tectaram valores em torno <strong>de</strong> 78% a 90% do GET 34 .<br />
O percentual <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação da dieta infundida em relação<br />
<br />
NO teve o maior consumo <strong>de</strong> calorias em relação aos <strong>de</strong>mais<br />
grupos (> 90% do GET), <strong>de</strong>monstrando que provavelmente essa<br />
correta prescrição e administração das energias possibilitaram<br />
um prognóstico melhor. Em contrapartida, nenhum paciente do<br />
grupo <strong>de</strong> óbitos consumiu dieta com valores calóricos maiores<br />
que 90% do GET. Diversos estudos existem focando a infusão<br />
<strong>de</strong> calorias. Na maioria <strong>de</strong>stes observa-se consumo energético<br />
entre 65% a 80% do proposto 19,20,34 . Há bastante discussão<br />
em torno da quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> energias que <strong>de</strong>vem ser<br />
ofertadas ao paciente, principalmente o hospitalizado grave.<br />
Alguns autores seguem a linha <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ocorrer uma hiperalimentação<br />
e o prognóstico do paciente po<strong>de</strong> não ser o melhor.<br />
Outros estudos apontam que é necessário suprir as necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> energia, conforme calculado pelas equações propostas por<br />
Harris e Benedict 22 , Couto et al. 19 e McClave et al. 34 ou por 25<br />
20,34 . Uma das suposições para que se ofereça<br />
uma dieta normocalórica ou hipercalórica é para que se possa<br />
prevenir catabolismo protéico em pacientes graves 19 . Uma das<br />
consequências da baixa ingestão <strong>de</strong> calorias é a <strong>de</strong>snutrição e<br />
todas as implicações que a mesma possa acarretar ao hospitalizado<br />
6 . Entretanto, a teoria <strong>de</strong> que uma baixa oferta <strong>de</strong> energia<br />
seria necessária para evitar o aumento da termogênese e da<br />
35 . Po<strong>de</strong>-se supor, também, que o<br />
paciente não tolere consumir o total <strong>de</strong> energia proposto por<br />
diversas complicações clínicas 20 <br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 143-8<br />
147<br />
houve melhor prognóstico nos pacientes com consumo <strong>de</strong> 35%<br />
a 65% das recomendações 19 .<br />
As <strong>de</strong>ficiências nas prescrições <strong>de</strong> calorias po<strong>de</strong>m ser<br />
pelos motivos citados acima e também pela própria falta <strong>de</strong><br />
conhecimento das necessida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong> cada paciente e do<br />
estado nutricional dos mesmos 2 . Nesse caso, po<strong>de</strong>-se dizer que<br />
exista negligência nas prescrições nutricionais 19 . A falta <strong>de</strong><br />
conhecimento sobre as necessida<strong>de</strong>s nutricionais ocorre, pois<br />
<br />
nas disciplinas <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> 15,36 . Spain et al. 37 <strong>de</strong>tectaram que a<br />
prescrição <strong>de</strong> energia aumentou <strong>de</strong> 66% para 82% do GET com<br />
<br />
<br />
médicas po<strong>de</strong> ocorrer por escassez <strong>de</strong> conhecimento e falta <strong>de</strong><br />
estabelecimento <strong>de</strong> rotinas nas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
CONCLUSÃO<br />
<br />
maiorias das prescrições não estavam condizentes com os<br />
<br />
<br />
uma frequência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição mostrou-se presente, principalmente<br />
em gordura corporal, avaliada por meio da PCT (em<br />
mulheres) e no gênero masculino na massa magra, analisada<br />
por meio da AMB.<br />
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<strong>Artigo</strong> Original<br />
<br />
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Unitermos<br />
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Key words:<br />
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Unitérminos<br />
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En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
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Data <strong>de</strong> submissão: <br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: <br />
1 - Nutricionista da EMTN do Hospital Esperança/PE;<br />
Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pela UFPE;<br />
Especialista em Alimentos Funcionais na Prática<br />
Clínica pela CVPE.<br />
2 - Coor<strong>de</strong>nadora e Nutricionista da EMTN/HC/UFPE;<br />
Doutora e Mestre em <strong>Nutrição</strong> pela UFPE;<br />
Especialista em Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong> e<br />
<strong>Parenteral</strong> pela SBNPE; Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />
Clínica pela ASBRAN.<br />
3 - Nutricionista Resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Doenças Infecto<br />
e Parasitárias do Hospital das Clínicas/UFPE.<br />
REsUmo<br />
objetivo<br />
métodos<br />
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Resultados<br />
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Conclusão<br />
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AbstRACt<br />
objective<br />
methods<br />
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Results<br />
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Conclusion<br />
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REsUmEn<br />
objetivo<br />
métodos<br />
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Resultados<br />
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<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 149-54<br />
149
INTRODUÇÃO<br />
O câncer é uma doença crônico-<strong>de</strong>generativa conhecida<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros relatos da humanida<strong>de</strong>, sendo mais estudada<br />
no último século 1 . Dados epi<strong>de</strong>miológicos publicados<br />
pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer (INCA) mostraram 466.730<br />
casos para o ano <strong>de</strong> 2008, sendo 18.040 em Pernambuco, e a<br />
Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) estima que, até o ano<br />
2020, aproximadamente 20 milhões <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> câncer<br />
surgirão a cada ano, sendo que 70% <strong>de</strong>stes portadores estarão<br />
vivendo em países com menos <strong>de</strong> 5% dos recursos <strong>de</strong>stinados<br />
a controlar a doença 2 .<br />
Portadores <strong>de</strong> neoplasias apresentam, frequentemente, o<br />
estado nutricional (EN) comprometido, levando a consequências<br />
negativas para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sobrevida, nas quais a perda<br />
<strong>de</strong> peso e a <strong>de</strong>snutrição constituem achados comuns em aproximadamente<br />
80% dos pacientes durante o curso da doença 3 .<br />
A <strong>de</strong>snutrição possui causas multifatoriais associadas à própria<br />
doença e/ou tratamento e, quando associada às manifestações<br />
metabólicas, é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> caquexia 4,5 .<br />
O diagnóstico e tratamento da <strong>de</strong>snutrição tornam-se primordiais<br />
à medida que esta se associa com a maior frequência <strong>de</strong><br />
complicações, menor velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cicatrização, maiores taxas<br />
<strong>de</strong> infecção, maior morbimortalida<strong>de</strong> em menor período <strong>de</strong><br />
tempo, contribuindo para uma maior permanência hospitalar e<br />
dispêndio <strong>de</strong> recursos 5 .<br />
Neste sentido, a avaliação nutricional (AN) torna-se uma<br />
<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>snutrição e/ou <strong>de</strong>ficiência específica <strong>de</strong><br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição e auxiliar na monitorização da a<strong>de</strong>quação da Terapia<br />
Nutricional (TN) empregada 6 .<br />
Dentre as formas <strong>de</strong> TN, a Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong><br />
(TNE) tem se tornado a mais utilizada no cuidado <strong>de</strong> pacientes<br />
hospitalizados 7 , muitas vezes responsável pela melhora no<br />
curso e prognóstico <strong>de</strong> indivíduos com ingestão alimentar oral<br />
ina<strong>de</strong>quada e/ou <strong>de</strong>snutrição 8 .<br />
Consi<strong>de</strong>rando a elevada incidência da DEP em pacientes<br />
oncológicos e a utilização frequente da TNE como intervenção<br />
<br />
<br />
complicações, <strong>de</strong> forma a manter ou recuperar o estado nutri-<br />
<br />
<br />
câncer submetidos à TNE internados no Hospital das Clínicas<br />
da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco (HC/UFPE).<br />
MÉTODOS<br />
Este estudo foi caracterizado como transversal, envolvendo<br />
pacientes adultos, <strong>de</strong> ambos os sexos, com diagnóstico <strong>de</strong> câncer<br />
<br />
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Conclusión<br />
<br />
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sob TNE exclusiva por um período <strong>de</strong> 7 a 10 dias, internados<br />
nas enfermarias <strong>de</strong> clínica médica e cirúrgica do HC/UFPE,<br />
após aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética para Pesquisa em Humanos<br />
da UFPE. Foram excluídos do estudo pacientes terminais; sem<br />
diagnóstico histológico; com terapia nutricional parenteral ou<br />
que receberam nutrição enteral em internamentos recentes e<br />
aqueles sem condições <strong>de</strong> tomadas das medidas antropométrica<br />
<strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> referência internacional.<br />
Os pacientes foram submetidos à avaliação antropométrica, por<br />
<br />
(IMC) segundo WHO 9 , Circunferência Muscular do Braço (CB),<br />
Circunferência Muscular Braquial (CMB), Prega Cutânea do<br />
Tríceps (PCT) e Percentual <strong>de</strong> A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> Peso (%PP) pelos<br />
critérios <strong>de</strong> Blackburn & Thornton 10 . Todas essas aferições foram<br />
<br />
O peso corporal do paciente foi aferido após 7-10 dias <strong>de</strong> uso<br />
da NE, utilizando-se uma balança calibrada (Filizola), com capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> 150 kg e precisão <strong>de</strong> 100 g, estando o paciente em pé,<br />
no centro da base da balança, <strong>de</strong>scalço e com roupas leves. Para<br />
<br />
posicionando o indivíduo em pé, <strong>de</strong>scalço, com os calcanhares<br />
<br />
As circunferências e PCT foram obtidas com paquímetro da<br />
inextensível, em<br />
centímetros com precisão <strong>de</strong> milímetros através das técnicas<br />
<strong>de</strong> medição proposta por Lohman et al. 11 , utilizando-se a média<br />
<strong>de</strong> três aferições.<br />
Em relação aos parâmetros bioquímicos, foram utilizadas as<br />
dosagens séricas <strong>de</strong> albumina (Valor Referência (VR): 3,5 a 5,2<br />
g/dl), hemoglobina (VR: 12 a 18 g/dl) e hematócrito (VR: 36% a<br />
<br />
mg/dl), creatinina (VR: 0,7 a 1,3 mg/dl, homens; 0,6 a 1,1 mg/dl,<br />
mulheres), sódio (VR: 136 a 145 mEq/L), potássio (VR: 3,5 a 5,1<br />
mEq/L), utilizadas na rotina do serviço e dosadas no HC/UFPE.<br />
Os pacientes receberam TNE exclusiva mediante qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> impedimento do consumo a<strong>de</strong>quado das necessida<strong>de</strong>s<br />
nutricionais diárias, na presença do trato gastrointestinal funcionante,<br />
iniciando com um volume <strong>de</strong> 100 ml quando localização<br />
gástrica e 50 ml se na posição nasoenteral por fase, sendo administrada<br />
<strong>de</strong> forma gravitacional e intermitente (3/3 horas). A<br />
dieta oferecida foi industrializada, líquida ou reconstituída, com<br />
oferta calórico-protéica <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s individuais<br />
e recomendações propostas por Bloch & Charuchas 12 .<br />
A análise dos dados foi realizada por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />
estatística <strong>de</strong>scritiva e inferencial; com a <strong>de</strong>scritiva compreen<strong>de</strong>ndo<br />
distribuições absolutas e percentuais e a inferencial, teste<br />
<strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> proporções ou <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>, teste Quiquadrado<br />
<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência ou o teste Exato <strong>de</strong> Fisher quando<br />
as condições para utilização do teste Qui-quadrado não foram
<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> variâncias foi realizada utilizando-se o teste<br />
<br />
RESULTADOS<br />
A amostra foi constituída <strong>de</strong> 39 pacientes, todos com critérios<br />
<strong>de</strong> inclusão na pesquisa, com ida<strong>de</strong>s variando entre 29 e<br />
59 anos e média <strong>de</strong> 50,20 ± 8,05 anos, havendo predomínio do<br />
sexo masculino (69,2%).<br />
Quanto à localização do tumor, observou-se que 64,1%<br />
acometiam o trato gastrointestinal, prevalecendo as neoplasias<br />
<strong>de</strong> esôfago (35,9%) e estômago (25,6%).<br />
tabela 1<br />
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tabela 2<br />
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medidas total Desnutrição<br />
Antropométricas n %<br />
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Consi<strong>de</strong>rando-se as características da dieta, 51,5% (20)<br />
utilizaram dieta hipercalórica/hiperprotéica, 6,1% (2) receberam<br />
dieta normocalórica/normoprotéica, 27,3% (11) normocalórica/<br />
<br />
9,1% (4) dieta semi-elementar.<br />
Durante o período avaliado, observou-se que apenas 20,5%<br />
apresentaram alguma intercorrência do trato gastrointestinal<br />
(TGI), e, <strong>de</strong>ntre elas, a diarréia, constipação e náusea foram as<br />
mais comuns e apresentaram a mesma frequência (25%).<br />
<br />
UFPE-2006)<br />
Tabela 2 - Prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição segundo diferentes<br />
medidas antropométricas (HC/UFPE-2006).<br />
Tabela 3 - Associação das medidas antropométricas segundo<br />
o sexo (HC/UFPE-2006).<br />
Tabela 4 - Parâmetros bioquímicos segundo o sexo (HC/<br />
UFPE-2006).<br />
Tabela 5 – A<strong>de</strong>quação da dieta <strong>de</strong> acordo com o sexo (HC/<br />
UFPE-2006).<br />
DISCUSSÃO<br />
Os dados obtidos mostraram um predomínio <strong>de</strong> indivíduos<br />
do sexo masculino (69,2%), com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50,2 anos. Men<strong>de</strong>s<br />
et al. 13 e Pérez et al. 14 <br />
homens, 61,9% e 77,8% respectivamente, ao estudarem TNE<br />
em pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> câncer, po<strong>de</strong>ndo ter relação<br />
com a maior exposição aos fatores <strong>de</strong> risco.<br />
Em relação à localização do tumor, as neoplasias que<br />
envolvem o TGI foram as mais observadas, predominando<br />
as <strong>de</strong> esôfago (35,8%) e estômago (25,6%), o que po<strong>de</strong> ser<br />
<br />
escolha nessas situações e pelo fato da pesquisa ter sido realizada<br />
num local <strong>de</strong> referência para essas afecções em Pernambuco.<br />
Diferentemente, Wu & Liu 15 , investigando TNE em pacientes<br />
neoplásicos com envolvimento do TGI, encontraram maior<br />
percentual <strong>de</strong> câncer em localização gástrica (52,8%).<br />
tabela 3 <br />
medidas Antropométricas masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />
média ± DP(1) média ± DP(1) média ± DP(1)
Diversos estudos <strong>de</strong>monstram a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<br />
nestes pacientes com percentuais variados <strong>de</strong> incidência, 30%<br />
a 90% dos casos 16 , <strong>de</strong> forma que se torna relevante o conhecimento<br />
<strong>de</strong>ssa incidência em nossa realida<strong>de</strong>. Dias 17 e Waitzberg 18<br />
observaram um percentual entre 30% e 50% <strong>de</strong> DEP em câncer<br />
<strong>de</strong> cabeça e pescoço na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Enquanto Melo et<br />
al. 19 , utilizando o IMC para estabelecer o EN, encontraram 72%<br />
<br />
(57,6%); porém <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que o IMC, mesmo sendo<br />
um parâmetro bastante utilizado pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção das<br />
medidas e baixo custo, sofre interferência <strong>de</strong> diversos fatores<br />
incluindo os distúrbios hidroeletrolíticos e estágio da doença.<br />
A <strong>de</strong>snutrição <strong>de</strong> grau mo<strong>de</strong>rado esteve presente em 28,7% e a<br />
grave em 17,2% dos pacientes oncológicos, <strong>de</strong>ntre uma amostra<br />
<strong>de</strong> 235 pessoas estudadas por Wu & Liu 15 , on<strong>de</strong> todos se encontravam<br />
submetidos à TNE. Em estudo multicêntrico realizado<br />
por Grau & Bonet 20 , utilizando uma amostra <strong>de</strong> 544 pacientes<br />
com diferentes diagnósticos e submetidos à TNE, apenas 18,2%<br />
apresentaram algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição. Este achado reforça o<br />
fato <strong>de</strong> que as neoplasias se encontram entre as patologias que<br />
mais causam <strong>de</strong>pleção nutricional.<br />
<br />
tabela 4<br />
Parâmetros bioquímicos masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />
média ± DP(1) média ± DP(1) média ± DP(1)<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
tabela 5 <br />
Variável masculino Feminino total Valor <strong>de</strong> p<br />
média ± DP(1) média ± D(1)P média ± DP(1)<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
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152<br />
Em 2006, Maio et al. 21 , <br />
13 pacientes com neoplasia <strong>de</strong> cabeça e pescoço, observaram<br />
valores abaixo da referência para esses parâmetros em 53,8%<br />
<br />
<br />
e com valores semelhantes, atingindo 71% e 75% dos pacientes,<br />
<br />
quanto adiposas importantes.<br />
A avaliação laboratorial contribui no diagnóstico da DEP<br />
subclínica ou marginal, permitindo a correção <strong>de</strong> problemas<br />
nutricionais em estágios iniciais. Entretanto, na neoplasia<br />
<br />
<br />
da massa tumoral e alterações hormonais consequentes do<br />
tratamento ou síndromes paraneoplásicas 22 . Os testes mais<br />
utilizados nos gran<strong>de</strong>s centros são: a dosagem plasmática <strong>de</strong><br />
transferrina, pré-albumina, proteína transportadora <strong>de</strong> retinol,<br />
e creatinina urinária. No entanto, estas possuem alto custo<br />
<br />
hospitalar <strong>de</strong> órgãos públicos, a albumina sérica é bastante<br />
utilizada frente ao reduzido custo 16 . O número <strong>de</strong> trabalhos com
23 e<br />
Peréz et al. 14 uma albumina baixa em pacientes oncológicos com<br />
TNE, sendo <strong>de</strong>monstrado valores <strong>de</strong> 1,7 g/dL e 2,48 g/dL. Em<br />
concordância com estes resultados, observou-se, nos pacientes<br />
<br />
homens (2,86 g/dL) quando comparado com as mulheres (3,01<br />
<br />
estas diferenças. A terapia antineoplásica po<strong>de</strong> acarretar diversas<br />
alterações, <strong>de</strong>ntre elas as bioquímicas, sendo comum a anemia e<br />
a <strong>de</strong>snutrição protéica 24 , sugerindo ser uma possível causa <strong>de</strong>ssas<br />
alterações neste estudo. A glicemia elevada, observada em 30,6%<br />
<br />
<br />
doenças metabólicas, sendo ainda questionado o cumprimento do<br />
<br />
Analisando-se o tipo da dieta empregada, segundo Alva et<br />
al. 23 , as fórmulas semi-elementares foram as mais utilizadas<br />
(40%), seguidas das hipercalóricas (44,4%). Peréz et al. 14<br />
<br />
seguidas das ricas em fibras (10,1%) e fórmulas padrões<br />
(normocalóricas/normoprotéicas) (5,7%). Os dados <strong>de</strong>ste estudo<br />
mostraram maior utilização <strong>de</strong> dieta com característica hipercalórica/hiperprotéica<br />
(51,5%) e <strong>de</strong> fórmula padrão (27,3%),<br />
enquanto que 9,15% necessitaram <strong>de</strong> dieta oligomérica e apenas<br />
calóricas/hiperprotéicas<br />
po<strong>de</strong>rá ser explicado pela necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> serem atingidas as necessida<strong>de</strong>s nutricionais estimadas, visto<br />
que pacientes oncológicos necessitam <strong>de</strong> um aporte calórico e<br />
lismo<br />
próprio da doença.<br />
As necessida<strong>de</strong>s calórico-protéicas foram <strong>de</strong> 2149,5 Kcal e<br />
92,05 g <strong>de</strong> proteínas para o sexo masculino e <strong>de</strong> 1947,5 Kcal e<br />
83,4 g <strong>de</strong> proteína para o sexo feminino, com média <strong>de</strong> 2088,3<br />
Kcal e 94,5 g <strong>de</strong> proteína, corroborando com os achados <strong>de</strong> Alva<br />
et al. 22 , que observaram uma oferta <strong>de</strong> 2434,0 Kcal e a<strong>de</strong>quação<br />
<strong>de</strong> 100% das calorias e <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> proteínas. Ao se analisar a<br />
a<strong>de</strong>quação da dieta do presente trabalho, <strong>de</strong>tectou-se que toda a<br />
amostra recebeu aporte a<strong>de</strong>quado para cobrir suas necessida<strong>de</strong>s<br />
ciado<br />
pelo reduzido número <strong>de</strong> complicações ocorridas (20,5%).<br />
Por outro lado, Melo et al. 19 , em estudo prospectivo <strong>de</strong> pacientes<br />
com TNE no pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> cabeça e pescoço,<br />
<br />
proteínas, com a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> 70,9% e 75,1% respectivamente.<br />
A TNE é consi<strong>de</strong>rada uma das melhores alternativas <strong>de</strong><br />
provisão <strong>de</strong> nutrientes, porém <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a frequência<br />
<strong>de</strong> complicações mencionadas na literatura. Dentre elas<br />
estão as gastrointestinais, as mecânicas e as metabólicas 25 .<br />
As gastrointestinais incluem a constipação, náuseas, vômitos,<br />
distensão abdominal e diarréia, consi<strong>de</strong>rada a principal <strong>de</strong>las,<br />
sendo responsável por 5% a 30% das intercorrências. Uma das<br />
causas mais frequentes <strong>de</strong> diarréia refere-se ao uso <strong>de</strong> algumas<br />
medicações, hipoalbuminemia, contaminação da fórmula enteral<br />
e infusão rápida da dieta, intolerância a algum componente da<br />
fórmula ou infecção da dieta e/ou equipo 7,26 .<br />
No que se refere a essas manifestações, apenas 25% dos<br />
pacientes apresentaram diarréia, com igual incidência para a<br />
<br />
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153<br />
constipação e náusea; provavelmente pelo número reduzido<br />
da amostra. Deve-se consi<strong>de</strong>rar que a administração da dieta<br />
<br />
na ocorrência <strong>de</strong> diarréia. Esta também foi a intercorrência<br />
mais observada por Dantas & Paiva 27 , acometendo 16% dos<br />
pacientes, seguindo-se da estase gástrica (5%), constipação<br />
(1,2%) e vômitos (1,2%). Um maior percentual <strong>de</strong> pacientes<br />
(69%) sem alterações foi observado por Melo et al. 19 , estando<br />
em concordância com o presente estudo (79,5%).<br />
<br />
<br />
dietoterápico a<strong>de</strong>quados aos sintomas, catabolismo da doença<br />
e necessida<strong>de</strong>s individuais, visto que a TNE é comumente<br />
empregada no pré-operatório, pós-operatório ou ainda no curso<br />
da doença, como a melhor forma <strong>de</strong> prover nutrientes para a<br />
manutenção ou recuperação do estado nutricional.<br />
CONCLUSÃO<br />
O EN dos pacientes adultos oncológicos, principalmente<br />
do estômago e esôfago, que receberam TNE por 7-10 dias,<br />
mostrou-se variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do parâmetro antropomé-<br />
<br />
<br />
bioquímico não mostraram relação com o sexo, <strong>de</strong>vendo-se ser<br />
atribuídas à DEP, terapêutica empregada e progressão tumoral.<br />
Estes dados constaram uma baixa freqüência <strong>de</strong> intercorrências<br />
<br />
nos resultados positivos da TN, associado ainda à a<strong>de</strong>quada<br />
oferta calórico-protéica.<br />
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26. Echenique M, Correia MITD. Avances em suporte nutricional <strong>de</strong>l paciente crítico.<br />
Rev Bras Nutr Clin. São Paulo. 1998;13(3):221-7.
Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem<br />
em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />
diarréias após treinamento.<br />
Analysis of registration of stools by the nurses team in patients on enteral nutrition (EN): reduction of re-<br />
gistration of diarrhea after training course.<br />
Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição<br />
enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />
Unitermos<br />
Diarréia. <strong>Nutrição</strong> enteral. Equipe <strong>de</strong> enfermagem.<br />
Registros.<br />
Key words:<br />
Diarrhea. <strong>Enteral</strong> nutrition. Nurses. Registration.<br />
Unitérminos<br />
Diarrea. Nutricíon enteral. Equipo <strong>de</strong> enfermería.<br />
Registros.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
nononononononononononononono<br />
nononononononononononononono<br />
nononononononononononononono<br />
nononononononononononononono<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 13/07/2009<br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 03/09/2009<br />
1 - Nutricionista da EMTN do Hospital Esperança/PE;<br />
Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pela UFPE;<br />
Especialista em Alimentos Funcionais na Prática<br />
Clínica pela CVPE.<br />
2 - Coor<strong>de</strong>nadora e Nutricionista da EMTN/HC/UFPE;<br />
Doutora e Mestre em <strong>Nutrição</strong> pela UFPE;<br />
Especialista em Terapia Nutricional <strong>Enteral</strong> e<br />
<strong>Parenteral</strong> pela SBNPE; Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />
Clínica pela ASBRAN.<br />
3 - Nutricionista Resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Doenças Infecto<br />
e Parasitárias do Hospital das Clínicas/UFPE.<br />
REsUmo<br />
objetivo: Comparar os registros <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados, submetidos<br />
à nutrição enteral (NE), antes e após treinamento da equipe <strong>de</strong> enfermagem. métodos:<br />
Foram avaliados os registros <strong>de</strong> diarréia realizados pelas equipes <strong>de</strong> enfermagem, para<br />
estes pacientes, durante 30 dias em dois momentos, antes (G1) e após (G2) treinamento,<br />
<br />
imagens <strong>de</strong> evacuações e mudança na forma <strong>de</strong> registro, com padronização das anotações<br />
(o número <strong>de</strong> evacuações e a quantida<strong>de</strong> estimada). O intervalo entre as coletas foi <strong>de</strong> um<br />
ano. Resultados: No G1 foram observados 40 pacientes (71±17anos; 52,5% homens),<br />
com registro <strong>de</strong> diarréia em 15 pacientes; 1,66+3,2 dias <strong>de</strong> diarréia/paciente. Com base<br />
<br />
<br />
+13,3 anos; 54,1% homens). Foram relatados<br />
+0,27 dias <strong>de</strong> diarréia/paciente. No G1, o número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia foi maior<br />
<br />
entre os dias interpretados pelos técnicos como diarréia e os dias efetivos <strong>de</strong> diarréia entre os<br />
dois grupos (p=0,001). Conclusão: Os autores <strong>de</strong>monstram que a padronização <strong>de</strong> registros<br />
e treinamento da equipe contribuiu para redução <strong>de</strong> diagnósticos equivocados <strong>de</strong> diarréia.<br />
AbstRACt<br />
objective: Adult patients hospitalized, on EM, compare the registration of diarrhea, before and<br />
methods: The registration of diarrhea from<br />
the nurses team were evaluated during 30 days on two moments, before (G1) and after (G2)<br />
<br />
of stools and change on the registrations form (orientation to register the number of stools and<br />
Results: G1 40 patients<br />
were observed (71±17yo; 52,5% male); with registration of diarrhea in 15 patients; 1,66+3,2<br />
<br />
<br />
++0,27<br />
days of diarrhea/patient. G1 had more effective diarrhea days than on the G2, however without<br />
statistic difference. There were statistic difference between the number of patients reported with<br />
diarrhea by the nurses and the effective days of diarrhea on the two groups (p=0,001). Conclu-<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />
155<br />
Magali Kumbier 1<br />
Carla Costa 1<br />
Ana Lia Barreto 1<br />
Ana Rozélia Ramos <strong>de</strong> Abreu 1<br />
Dânia Gonzáles 1<br />
José Vicente Spolidoro 1
INTRODUÇÃO<br />
Diarréia é uma complicação frequente em pacientes em<br />
nutrição enteral (NE), com uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sequelas clínicas<br />
negativas. Em pacientes internados em centro <strong>de</strong> terapia intensiva<br />
<br />
oferta nutricional, início <strong>de</strong> nutrição parenteral e aumento do<br />
período <strong>de</strong> permanência na CTI 1 . Estas diarréias po<strong>de</strong>m causar<br />
alteração <strong>de</strong> líquidos e eletrólitos e a prescrição <strong>de</strong> drogas anti-<br />
2 . Estes fatores levam a estresse<br />
adicional ao paciente e aumentam o custo dos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 3 .<br />
A incidência <strong>de</strong> diarréia em pacientes recebendo NE varia <strong>de</strong> 2% 4<br />
a 95% 5 . Esta gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> resultados é <strong>de</strong>vida a dois principais<br />
fatores: primeiro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a patogênese da diarréia inclui muitas<br />
<br />
<br />
<br />
6 .<br />
Os autores enten<strong>de</strong>m que um trabalho que envolva educação<br />
réia<br />
em pacientes em nutrição enteral, po<strong>de</strong> permitir uma melhora<br />
<br />
por diarréia nestes pacientes. Em estudo (não publicado) realizado<br />
<br />
<strong>de</strong> enfermagem interpretava e anotava se havia ou não diarréia e<br />
<br />
<br />
eram uniformes entre os técnicos <strong>de</strong> enfermagem.<br />
ObjeTIvO geRal<br />
Comparar o registro <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados<br />
no CTI (Centro <strong>de</strong> Terapia Intensiva) adulto e unida<strong>de</strong><br />
neurológica (C1), submetidos à NE, antes e após treinamento<br />
da equipe enfermagem.<br />
Magali Kumbier<br />
sion:<br />
course for the nurses team and the establishment of the pattern of registration.<br />
REsúmEn<br />
objetivo: Comparar los registros <strong>de</strong> diarréa por el equipo <strong>de</strong> enfermeria, en pacientes adultos<br />
internados submetidos a NE, antes y <strong>de</strong>spues <strong>de</strong> su entrenamiento. métodos: Fueron avaliados<br />
los registros <strong>de</strong> diarrea realizados por los equipos <strong>de</strong> enfermería, para estes pacientes durante<br />
30 dias en dos momentos, antes (G1) y <strong>de</strong>spués <strong>de</strong>l entrenamiento (G2), que constaba en<br />
<br />
líquidas por dia), imagenes <strong>de</strong> evacuaciones y cambios en la forma <strong>de</strong> registrar los episodios,<br />
con padronizacion <strong>de</strong> las anotaciones (el número <strong>de</strong> evacuaciones y la cantindad estimada).<br />
El intervalo <strong>de</strong> tiempo entre los dos registros, G1 y G2, fue <strong>de</strong> un año. Resultados: En G1 se<br />
observo 40 pacientes (71±17 años; 52,5% hombres), con registro <strong>de</strong> diarrea en 15 pacientes;<br />
<br />
efectivamente diarrea. Los técnicos en enfermeria <strong>de</strong>scribieron 65 dias/diarrea, pero utilizando<br />
<br />
<br />
G1 el número <strong>de</strong> dias efectivos <strong>de</strong> diarrea fue mayor que en G2, pero sin diferencia estadística.<br />
<br />
por los técnicos como diarrea y los dias efectivos <strong>de</strong> diarrea entre los dos grupos (p= 0,001).<br />
Conclusion: La padronizacíon <strong>de</strong> los registros y el entrenamiento <strong>de</strong>l equipo contribuye para<br />
la reducíon <strong>de</strong>l numero <strong>de</strong> diagnósticos equivocados <strong>de</strong> diarrea.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />
156<br />
ObjeTIvO secUNDáRIO<br />
<br />
MÉTODOs<br />
<br />
<strong>de</strong> sinais vitais pelas equipes <strong>de</strong> enfermagem, relativos aos<br />
pacientes internados com NE na CTI adulto e C1 durante 30<br />
dias em dois momentos: antes (G1) e após (G2) treinamento.<br />
<br />
<br />
<br />
fezes como FL (fezes líquidas); FSL (fezes semi-líquidas); FP<br />
(fezes pastosas) ou FN (fezes normais); registrar o número <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
sem qualquer resíduo sólido. Quando havia grumos em fezes<br />
ainda com gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquidos, eram <strong>de</strong>nominadas<br />
como fezes semi-líquidas. Fezes pastosas seriam quando elas<br />
não eram formadas, mas <strong>de</strong>ixavam conteúdo, não sendo completamente<br />
absorvidas nas fraldas e fezes normais quando eram<br />
formadas. As fezes pastosas, nestes pacientes em NE, não eram<br />
<br />
evacuação <strong>de</strong> fezes líquidas ou semi-líquidas pelo menos três<br />
vezes por dia 7 . A partir do treinamento, os técnicos <strong>de</strong> enfer-<br />
<br />
<br />
ência<br />
<strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>, o intervalo entre as coletas foi <strong>de</strong> um ano.<br />
ResUlTaDOs<br />
Tabela 1 – Dados dos grupos 1 e 2<br />
No G1, dos 15 pacientes interpretados como tendo diarréia
Análise dos registros <strong>de</strong> evacuações pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em pacientes com nutrição enteral (NE): redução <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> diarréias após treinamento.<br />
<br />
nição<br />
<strong>de</strong> diarréia estabelecida, consi<strong>de</strong>ramos que efetivamente<br />
ocorreu diarréia em 10/15 pacientes. Os técnicos <strong>de</strong>screveram<br />
65 dias com diarréia, mas esta efetivamente ocorreu em 18 dias.<br />
No G1 o número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia foi maior que<br />
no G2, mas sem diferença estatística (p=0,5). A única diferença<br />
<br />
técnicos como diarréia e os dias efetivos <strong>de</strong> diarréia entre os<br />
dois grupos (p=0,001).<br />
DIscUssÃO<br />
<br />
recuperar a nutrição em pacientes internados e ambulatoriais 2,8 .<br />
É a forma <strong>de</strong> terapia nutricional preferencial, utilizada com o<br />
objetivo <strong>de</strong> oferecer suporte nutricional a pacientes que têm<br />
<br />
em manter ingestão oral a<strong>de</strong>quada.<br />
Frequentemente a nutrição enteral é responsabilizada pela<br />
ocorrência <strong>de</strong> diarréia, promovendo a diminuição ou troca da<br />
dieta. No entanto, na maioria das vezes não é a dieta a causa<br />
<strong>de</strong> diarréia, visto que as dietas utilizadas normalmente são<br />
<br />
Diarréia é a mudança na frequência, consistência e quan-<br />
<br />
líquidas três ou mais vezes ao dia, ou quantida<strong>de</strong>s maiores ou<br />
iguais a 500 ml <strong>de</strong> fezes por dois dias consecutivos 9 .<br />
gado<br />
em estudo prospectivo com 29 pacientes masculinos<br />
iniciando NE 10 -<br />
<br />
dia), que resultaram numa incidência <strong>de</strong> 72% <strong>de</strong> pacientes,<br />
<br />
dia) que resultaram em incidência <strong>de</strong> 21%. A incidência<br />
também variou positivamente com o número <strong>de</strong> dias em<br />
que o paciente foi monitorado 11 <br />
<br />
<br />
tabela 1 – Dados dos grupos 1 e 2<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />
157<br />
GRUPO 1<br />
(n=40)<br />
GRUPO 2<br />
(n=37)<br />
Duração do estudo (dias) 30 30 NS<br />
Total <strong>de</strong> pacientes internados em NE 40 37 NS<br />
Média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (anos) 71+17 NS<br />
Sexo masculino 21 20 NS<br />
Tempo <strong>de</strong> internação médio (dias) 15,5 +10,2 11,3+9,1 NS<br />
<br />
Número <strong>de</strong> pacientes com registro <strong>de</strong> diarréia pelos técnicos <strong>de</strong> enfermagem 15 6 P=0,001<br />
Média <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> diarréia por paciente segundo os técnicos <strong>de</strong> enfermagem 1,66+3,2 P=0,001<br />
10 6 NS<br />
Número <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia 9 NS (P=0,5)<br />
Média <strong>de</strong> dias efetivos <strong>de</strong> diarréia por paciente 0,475+1,11 0,243+0,6 NS (P=0,5)<br />
a Dados expressos em média + <strong>de</strong>svio padrão ou “n” ou “%”.<br />
utilizadas. Assim, o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> baseia este diagnóstico<br />
na opinião subjetiva do profissional <strong>de</strong> enfermagem<br />
que acompanha o paciente.<br />
Uma pesquisa com 35 enfermeiros, médicos e nutricionistas<br />
<br />
<br />
<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fezes (p = 0.048), não houve absoluta concordância<br />
quanto à importância <strong>de</strong>stas características entre os diferentes<br />
11 . Em<br />
inspeção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 59 amostras <strong>de</strong> fezes, duas enfermeiras<br />
diferentes concordaram na presença ou ausência <strong>de</strong> diarréia em<br />
-<br />
<br />
<br />
faz com que se entenda que seria melhor <strong>de</strong>screver as fezes que<br />
interpretar o diagnóstico <strong>de</strong> diarréia.<br />
Assim, os autores realizaram treinamento para a equipe <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
os registros dos técnicos <strong>de</strong> enfermagem superestimavam a<br />
presença <strong>de</strong> diarréia em pacientes adultos internados no CTI<br />
adulto e unida<strong>de</strong> neurológica (C1), submetidos à NE. Após<br />
<br />
<br />
líquidas no mínimo três vezes por dia, evi<strong>de</strong>nciou um número<br />
-<br />
<br />
passou a fazer parte das rotinas <strong>de</strong>ste hospital.<br />
cONclUsÃO<br />
Os autores <strong>de</strong>monstram que a padronização <strong>de</strong> registros e<br />
treinamento da equipe evita que pacientes sem diarréia possam<br />
ser manejados como tal.<br />
ReFeRÊNcIas<br />
1. Montejo JC. <strong>Enteral</strong> nutrition-related gastrointestinal complications in critically
of the Spanish Society of Intensive Care Medicine and Coronary Units. Crit Care<br />
Med. 1999; 27(8):1447–53.<br />
2. Bowling TE. The Sir David Cuthbertson Medal Lecture. <strong>Enteral</strong>-feedingrelated<br />
diarrhoea: proposed causes and possible solutions. Proc Nutr Soc.<br />
1995;54(2):579–90.<br />
3. Dobb GJ. Diarrhea in the critically ill. Intensive Care Med. 1986;12(3):113-5.<br />
4. Cataldi-Betcher EL, Seltzer MH, Slocum BA & Jones KW. Complications occurring<br />
during enteral nutrition support: a prospective study. JPEN J Parenter <strong>Enteral</strong><br />
Nutr.1983;7(6):546–52.<br />
5. DeMeo M, Kolli S, Keshavarzian A, Borton M, Al-Hosni M, Dyavanapalli M, et<br />
<br />
Am J Gastroenterol. 1998;93(6):967–71.<br />
Magali Kumbier<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 155-8<br />
158<br />
<br />
in tube-feeding studies? Clinical Nurs Res. 2003;12(2):174–204.<br />
<br />
Editora Atheneu, 3º edição – V. 1, 2000.<br />
8. Hill SA, Nielsen MS & Lennard-Jones JE. Nutritional support in intensive care<br />
units in England and Wales: a survey. Eur J Clinl Nutr. 1995;49(5):371–8.<br />
<br />
2004.<br />
<br />
patients – what a mess! Am J Clin Nutr. 1992;55(3):753–9.<br />
<br />
tube feeding: do health professionals agree? J Hum Nutr Diet. 2003;16(1):21–6.<br />
local <strong>de</strong> realização do trabalho: 1 - EMTN do Hospital Moinhos <strong>de</strong> Vento, Porto Alegre, RS, Brasil
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />
Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pósoperatório<br />
<strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />
Analysis of registration of stools by the nurses team in patients on enteral nutrition (EN): reduction of re-<br />
gistration of diarrhea after training course.<br />
Analisis cuantitativo y cualitativo <strong>de</strong> la dieta <strong>de</strong> pacientes en el pre y posoperatorio <strong>de</strong> cirugía bariátrica.<br />
Unitermos<br />
Obesida<strong>de</strong>. Gastroplastia. Dieta.<br />
Key words:<br />
Obesity. Gastroplasty. Diet.<br />
Unitérminos<br />
Obesidad. Gastroplastía. Dieta.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Edifício Central <strong>de</strong> Clínicas<br />
Rua Pinheiro Machado, 2350<br />
Bloco A, Sala 406<br />
Telefone: (55) 30254340<br />
CEP 97050-600 Santa Maria/RS<br />
E-mail: carlise_fp@hotmail.com<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 17/07/2008<br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 20/03/2009<br />
1 - Nutricionista graduada pelo Centro Universitário<br />
Franciscano (UNIFRA)<br />
2 - Nutricionista docente do Centro Universitário<br />
Franciscano (UNIFRA); Mestre em Bioquímica<br />
Toxicológica pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />
Maria (UFSM)<br />
3 - Nutricionista docente da Universida<strong>de</strong> do Contestado<br />
(UnC); Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />
Instituto Ponto Crítico <strong>de</strong> Ensino (IPCE); Mestre<br />
em Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> alimentos pela<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Maria (UFSM)<br />
4 - Médico cirurgião docente da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Santa Maria (UFSM); Especialista em Cirurgia<br />
Geral pelo Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina (CFM);<br />
Mestre em Cirurgia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Santa Maria (UFSM); Membro Titular do<br />
Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Cirurgiões; Membro Titular<br />
da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Cirurgia Bariátrica e<br />
Metabólica; Membro associado da Fe<strong>de</strong>ração<br />
Internacional da Cirurgia da Obesida<strong>de</strong><br />
REsUmo<br />
A obesida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada como um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e torna-se cada vez mais<br />
prevalente mundialmente. Devido às alterações metabólicas causadas pela obesida<strong>de</strong> grave,<br />
<br />
ser o único método capaz <strong>de</strong> proporcionar perda e manutenção <strong>de</strong> peso a longo prazo nesta<br />
população e também minimizar os danos causados por doenças crônicas como Diabetes<br />
Mellitos, Hipertensão arterial sistêmica, dislipi<strong>de</strong>mias, entre outras. Com o objetivo <strong>de</strong> analisar o<br />
consumo dietético <strong>de</strong> uma população que realizou este tipo <strong>de</strong> cirurgia em uma clínica particular<br />
<strong>de</strong> Santa Maria-RS, foram entrevistados 21 pacientes, <strong>de</strong> ambos os sexos, entre 19 e 44 anos,<br />
operados pelas técnicas <strong>de</strong> Bypass Gástrico ou Derivação Bileopancreática. Foi analisado o seu<br />
consumo alimentar por meio <strong>de</strong> recordatório 24 horas no pré e pós-operatório. De acordo com<br />
<br />
<br />
e sódio. Em relação aos dados apresentados, ressalta-se a importância do acompanhamento<br />
<br />
causadas por restrição <strong>de</strong> micronutrientes, após a realização da cirurgia bariátrica.<br />
AbstRAct<br />
The obesida<strong>de</strong> is consi<strong>de</strong>red as a problem of public health and becomes each more prevalent<br />
time world-wi<strong>de</strong>. Had the metabolic alterations caused by the serious obesida<strong>de</strong> the<br />
<br />
being the only method capable to provi<strong>de</strong> to loss and maintenance of weight in the long run<br />
in this population and also to minimize the actual damages for chronic as Diabetes Mellitos,<br />
sistêmica arterial Hipertesão and dislipi<strong>de</strong>mias illnesses. With the objective to analyze the<br />
dietary consumption of a population that carried through this type of surgery in a particular<br />
clinic of Saint Maria, 21 patients had been interviewed, of both the sexos, between 19 and<br />
44 years, for the techniques of Gastric Bypass or Bileopancreática Derivation. 24hs in the<br />
postoperative daily pay was analyzed its alimentary consumption through recordatório and.<br />
<br />
daily pay and the postoperative one of Kcal, monoinsaturadas and saturated tiamina, ribo-<br />
<br />
data one stan<strong>de</strong>s out it importance of the nutricional accompaniment of this population for<br />
<br />
of micronutrients, after the accomplishment of the bariátrica surgery.<br />
REsUmEn<br />
La obesidad es consi<strong>de</strong>rada como un problema <strong>de</strong> salud pública y se torna cada vez más<br />
prevalente mundialmente. Debido a las alteraciones metabólicas causadas por la obesidad<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
159<br />
Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo 1<br />
Elisângela Colpo 2<br />
Elveni Teresinha Mayer 3<br />
Hairton Copetti 4
INTRODUÇÃO<br />
O controle da obesida<strong>de</strong> por meio da cirurgia tem como<br />
objetivo diminuir a entrada <strong>de</strong> alimentos no tubo digestivo, e/<br />
ou diminuir sua absorção. Os procedimentos cirúrgicos po<strong>de</strong>m<br />
<br />
ou mistos (restrição e disabsorção) 1-3 .<br />
O tipo <strong>de</strong> técnica escolhida ou a conclusão da cirurgia não<br />
<br />
período <strong>de</strong> mudanças comportamentais e alimentares, acompanhadas<br />
<strong>de</strong> exercícios físicos, regularmente monitorados por<br />
<br />
da fase <strong>de</strong> realimentação, o paciente precisa apren<strong>de</strong>r a conviver<br />
com sua nova imagem corporal e adaptar-se às limitações<br />
impostas pela cirurgia 1,4 .<br />
Longe <strong>de</strong> restaurar a perfeição estética, o principal objetivo<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
suplementação vitamínica, ferro e microelementos 1,5 .<br />
O sucesso da cirurgia não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente da redução <strong>de</strong><br />
peso ou técnica escolhida, mas também da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />
<br />
nova condição <strong>de</strong> vida 1,5 .<br />
Neste contexto, a intervenção mecânica serve apenas para<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
tando<br />
em aumento <strong>de</strong> peso e consequentemente <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />
1,5,6 .<br />
ObjeTIvO<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
mento<br />
nutricional contínuo, assim como o uso <strong>de</strong> suplementos<br />
vitamínicos por um período in<strong>de</strong>terminado por estes pacientes.<br />
Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />
<br />
principalmente por ser el único método capaz <strong>de</strong> proporcionar pérdida o manutención <strong>de</strong><br />
peso a largo plazo en esta población y también minimizar los daños causados por enfermeda<strong>de</strong>s<br />
crónicas como Diabetes, Mellitus, Hipertensión arterial sistémica, Dislipi<strong>de</strong>mias,<br />
entre otros. Com el objetivo <strong>de</strong> analizar el consumo dietético <strong>de</strong> una población que realizó<br />
este tipo <strong>de</strong> cirugía en una clínica particular <strong>de</strong> Santa Maria-RS, fueron entrevistados 21<br />
pacientes, <strong>de</strong> ambos los sexos, entre 19 y 44 años, por las técnicas <strong>de</strong> Bypass Gástrico o<br />
Derivación Biliopancreática. Fue analizado su consumo alimentario a través <strong>de</strong> recordatorio<br />
24hs en el pre y posoperatorio. De acuerdo con ese análisis, en la ingestión entre el pre y<br />
<br />
<br />
presentados se resalta la importancia <strong>de</strong>l acompañamiento nutricional <strong>de</strong> esta población<br />
<br />
restricción <strong>de</strong> micronutrientes, luego la realización <strong>de</strong> la cirugía bariátrica.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
160<br />
MÉTODOS<br />
<br />
<br />
<br />
em uma clínica particular <strong>de</strong> Santa Maria-RS.<br />
Foram selecionados 41 pacientes com evolução cirúrgica<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
sendo analisado conforme o paciente alimentava-se no momento<br />
da entrevista.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
em relação ao grupo controle, que são os mesmos pacientes no<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Dietary Reference Intakes, 1997-1998)7,<br />
excesso ou o débito energético, e os micronutrientes comparados<br />
<br />
vitaminas e minerais.<br />
<br />
calculados e comparados nos diferentes grupos <strong>de</strong> evolução<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
e o projeto <strong>de</strong> pesquisa foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética
Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />
ReSULTADOS<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Na comparação dos dados <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> proteínas,<br />
carboidratos e lipídios das dietas, não foi <strong>de</strong>monstrada mudança<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
gera uma alimentação completa nutricionalmente. Ressalta-se,<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
arterial sistêmica e os altos níveis <strong>de</strong> colesterol no sangue, que<br />
<br />
mais frequentes <strong>de</strong> morte nesta população.<br />
<br />
foram encontradas <strong>de</strong>ntro das recomendações na dieta no pré-<br />
<br />
<br />
<br />
TAbeLA 1<br />
<br />
<br />
(grupo B), quando esta população ainda passa pelo período <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
variações positivas neste período, colaborando para manutenção<br />
da saú<strong>de</strong> e funcionamento a<strong>de</strong>quado do organismo<br />
<strong>de</strong>sta população.<br />
<br />
maior <strong>de</strong> vitaminas e minerais na ingestão <strong>de</strong>stes pacientes, em<br />
que apenas a vitamina C encontra-se <strong>de</strong>ntro das recomendações<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
161<br />
<br />
<br />
<br />
relação à maioria dos micronutrientes, com exceção do Zinco<br />
, porém houve manutenção da a<strong>de</strong>quação do<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
TAbeLA 2<br />
<br />
<br />
<br />
saturadas e fibras, <strong>de</strong>monstrando variação significativa<br />
<br />
<br />
tabela 1. Porcentagem <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação dos nutrientes ingeridos no<br />
pré-operatório <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma clínica<br />
<strong>de</strong> Santa Maria, RS.<br />
Pré-operatório<br />
nutrientes X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%)<br />
Kcal 4156,5 ± 298,9 177,6<br />
PTN (%) 16,1 ± 0,7 *<br />
CHO(%) 48,7 ± 1,6 *<br />
LIP (%) 35,2 ± 1,3 *<br />
Vit. B12 (mcg) 8,6 ± 1,6 358,3<br />
Vit. B1 (mg) 1,9 ± 0,2 158,3<br />
Vit. B2 (mg) 2,0 ± 0,2 166,6<br />
Vit. B6 (mg) 1,9 ±0,3 146,2<br />
Vit. A (mcg) 446,2 ± 133,9 55,8<br />
Vit. C (mg) 85,9 ± 21,4 104,1<br />
Vit. D (mcg) 1,8 ± 0,6 36<br />
Vit. E (mg) 28,5 ± 3,6 190<br />
Ferro (mg) 27,8 ± 7,5 201,4<br />
Cálcio (mg) 986,5 ± 123,4 98,7<br />
Zinco (mg) 25,9 ± 4,7 272,6<br />
Sódio (mg) 4173,5 ± 440,2 278,2<br />
Potássio (mg) 3270,5 ± 434,8 69,58<br />
Ômega 3 (g) 1,9 ± 0,3 147,4<br />
Ômega 6 (g) 15,0 ± 2,1 103,4<br />
Gor. Mono (g) 42,3 ± 5,7 **<br />
Gor. Sat. (g) 51,9 ± 5,6 **<br />
Colest. (mg) 480,5 ± 63,9 240,3<br />
Fibras (g) 35,7 ± 3,1 112,4
Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />
tabela 2. Porcentagem <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação dos nutrientes ingeridos por grupos no pós-operatório <strong>de</strong> pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma clínica<br />
<strong>de</strong> Santa Maria, RS.<br />
<br />
1 <br />
<br />
<br />
FIGURA 1<br />
) (Figura<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
FIGURA 2<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Grupo B Grupo C Grupo D<br />
Nutrientes X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%) X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%) X ± E.P. A<strong>de</strong>quação (%)<br />
Kcal 806,0 ± 76,8 38,4 1281,5 ± 77,9 56,9 1653,9 ± 177 77,7<br />
PTN (%) 20,7 ± 1,4 * 17,3 ± 1,8 * 16,8 ± 1,1 *<br />
CHO(%) 45,5 ± 5,7 * 58,5 ± 3,3 * 54,2 ± 2,8 *<br />
LIP (%) 33,8 ± 6,3 * 24,2 ± 9,2 * 28,9 ± 1,9 *<br />
Vit. B12 (mcg) 2,4 ± 0,4 100 2,2 ± 0,4 91,6 3,8 ± 1,5 158,3<br />
Vit. B1 (mg) 0,5 ± 0,1 41,6 0,9 ± 0,2 75,0 0,7 ± 0,1 58,3<br />
Vit. B2 (mg) 0,7 ± 0,1 58,3 1,0 ± 0,1 83,3 0,9 ± 0,1 75<br />
Vit. B6 (mg) 0,7 ± 0,1 53,8 1,0 ± 0,2 76,9 1,1 ± 0,2 84,6<br />
Vit. A (mcg) 885,9 ± 364,4 110,7 634,8 ± 208,3 79,4 241,9 ± 81,1 30,2<br />
Vit. C (mg) 86,9 ± 30,6 105,3 96,2 ± 15,1 116,6 46,9 ± 14,2 56,8<br />
Vit. D (mcg) 1,5 ± 0,6 30,0 2,0 ± 0,8 40,0 1,5 ± 1,1 30<br />
Vit. E (mg) 6,3 ± 2,2 42,0 7,2 ± 1,5 48,6 10,9 ± 2,3 72,6<br />
Ferro (mg) 6,0 ± 1,0 43,5 9,1± 0,7 65,9 9,9 ± 1,6 71,7<br />
Cálcio (mg) 358,6 ± 107,0 35,9 419,7 ± 110,3 41,97 417,3 ± 95,8 41,7<br />
Zinco (mg) 6,5 ± 3,3 68,4 7,4 ± 0,9 77,9 10,0 ± 2,4 105,3<br />
Sódio (mg) 797,8 ± 205,2 53,2 1202,9±241,5 80,2 1408,8 ± 189,4 93,9<br />
Potássio (mg) 1193,8 ± 219,3 25,4 1777,4±101,5 37,8 1596,7 ± 211,5 33,9<br />
Ômega 3 (g) 0,2 ± 0,0 14,8 0,3 ± 0,0 22,2 0,5 ± 0,3 37,0<br />
Ômega 6 (g) 2,4 ± 0,9 16,55 3,3 ± 0,8 22,8 4,8 ± 1,0 33,1<br />
Gor. Mono (g) 6,6 ± 1,0 ** 8,8 ± 1,3 ** 11,2 ± 2,2 **<br />
Gor. Sat. (g) 6,9 ± 0,9 ** 10,5 ± 4,8 ** 14,4 ± 2,2 **<br />
Colest. (mg) 220,4 ± 53,8 110,2 126,6 ± 22,7 63,3 172,2 ± 38,4 86,1<br />
Fibras (g) <br />
-<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
162<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
maior, <strong>de</strong>monstrando uma significativa diferença entre a<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
FIGURA 3<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-
Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />
Figura 1<br />
<br />
<br />
<br />
Figura 3: <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
consumo alimentar <strong>de</strong>sta população neste período, que<br />
-<br />
<br />
<br />
ladas<br />
com seu peso i<strong>de</strong>al, sendo um importante indicativo<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
No estudo <strong>de</strong> Silva et al. , foi observada ingestão média<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
163<br />
Figura 2<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
5 , em estudo<br />
<br />
<br />
<br />
abaixo dos observados no presente estudo e nos outros referidos,<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
traram<br />
uma a<strong>de</strong>quação da ingestão <strong>de</strong>sta vitamina no pré-opera-<br />
<br />
<br />
<br />
sistema nervoso central e/ou neuropatia periférica, principalmente<br />
em casos <strong>de</strong> vômito persistente nesta população, sendo<br />
<br />
<br />
po<strong>de</strong> ser feita para evitar maiores comprometimentos .<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
dietas marginais pobres em proteína animal e vegetais folhosos.<br />
mação,<br />
queimadura e coceira nos olhos, perda <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual<br />
<br />
<strong>de</strong>senvolver queilose e estomatite angular, entre outros 11 <br />
acordo com um estudo <strong>de</strong> Quadros et al. <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
as recomendações em todos os grupos.
Figura 4: <br />
<br />
indicam uma ina<strong>de</strong>quação conforme as recomendações em todos<br />
os grupos. Segundo Bloomberg 13 , <br />
não ocorre normalmente nesta população se estes receberem<br />
suplementação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> vitaminas lipossolúveis.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
recomendações para homens e mulheres, indicando um consumo<br />
menor <strong>de</strong> frutas, hortaliças e alimentos integrais por esta popu-<br />
<br />
O valor observado da ingestão <strong>de</strong> gorduras saturadas (Figura<br />
<br />
dos outros grupos, <strong>de</strong>monstrando a alta ingestão <strong>de</strong> fontes<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
vista que as recomendações <strong>de</strong>stes nutrientes são expressas em<br />
porcentagem dos lipídios totais da dieta e não em gramagem,<br />
conforme analisado pelo presente estudo.<br />
Foi <strong>de</strong>monstrada uma ingestão acima do recomendado <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
Carlise Felkl Preve<strong>de</strong>llo<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
164<br />
Figura 5: <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
contribuir para o aumento níveis <strong>de</strong> pressão arterial nesta população.<br />
Os <strong>de</strong>mais grupos estão em or<strong>de</strong>m crescente <strong>de</strong> ingestão<br />
e <strong>de</strong>ntro do valor recomendado.<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
14 <br />
-<br />
<br />
O mesmo estudo relata que os suplementos multivitamínicos<br />
<br />
especialmente nas mulheres durante o ciclo menstrual, indicando<br />
que um maior consumo <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>ve ser<br />
incentivado na dieta <strong>de</strong>sta população.<br />
<br />
<br />
<br />
risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> osteoporose em pacientes que não<br />
<br />
15 , os distúrbios nutricionais mais<br />
<br />
<br />
-
Análise quantitativa e qualitativa da dieta <strong>de</strong> pacientes no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgia bariátrica<br />
<br />
<br />
<br />
al. 5 <br />
<br />
<br />
<br />
nutricionais, principalmente o uso <strong>de</strong> complexos <strong>de</strong> vitaminas<br />
e minerais para que estes pacientes atinjam um<br />
mínimo das recomendações.<br />
CONCLUSÕeS<br />
<br />
<br />
redução acentuada da ingestão <strong>de</strong> micronutrientes e calorias,<br />
<br />
<br />
Estas ina<strong>de</strong>quações, associadas aos componentes disabsortivos<br />
<br />
nutricionais e até mesmo <strong>de</strong>snutrição energético-protéica.<br />
Os dados <strong>de</strong>ste estudo revelam a importância <strong>de</strong> um acompa-<br />
-<br />
<br />
<br />
restrições alimentares que, somadas ao abandono do acompanhamento<br />
nutricional e a diminuição do uso <strong>de</strong> suplementos<br />
vitamínicos, contribuíram para uma maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 159-65<br />
165<br />
ReFeRÊNCIAS<br />
<br />
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-<br />
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<br />
meal patterns up to 4 years after Roux-en-Y gastric bypass surgery. Obes Surg.<br />
<br />
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<br />
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<br />
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<br />
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<br />
<br />
Local <strong>de</strong> realização do trabalho:
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Freitas AR<br />
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong><br />
emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />
Subjective global assessment and patient-generated subjective global assessment in oncology: a compa-<br />
rative study<br />
Descontento <strong>de</strong> la imagen corporal, la alimentación y la práctica <strong>de</strong> reducción <strong>de</strong> peso corporal en ado-<br />
lescentes <strong>de</strong>l sexo femenino<br />
Unitermos<br />
Adolescência. Insatisfação corporal. Transtornos<br />
alimentares.<br />
Key words:<br />
Adolescence. Corporal dissatisfaction. Alimentary<br />
disturbances.<br />
Unitérminos<br />
Adolescencia. Descontento corporal. Agitaciones<br />
alimentícias.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Rua Capitão Rocha, 400, Bairro Trianon, CEP – 85017-<br />
260, Guarapuava – PR.<br />
E-mail: angerocha@gmail.com<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 21/07/2008<br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 02/02/2009<br />
1-Nutricionista formada pela UNICENTRO – Universida<strong>de</strong><br />
Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava<br />
– PR.<br />
2 - Professora MsC. Departamento <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> da<br />
UNICENTRO<br />
3- Nutricionista formada pela UNICENTRO<br />
REsUmo<br />
Introdução: A adolescência compreen<strong>de</strong> a fase do ciclo <strong>de</strong> vida que se esten<strong>de</strong> dos 10 aos<br />
<br />
ambientais e genéticos. A insatisfação e distorção da imagem corporal, características marcantes<br />
<strong>de</strong>ssa fase, contribuem consi<strong>de</strong>ravelmente para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> transtornos alimentares,<br />
afetando principalmente as meninas. objetivos: O presente estudo teve como objetivo avaliar<br />
54 adolescentes do sexo feminino, matriculadas em um colégio particular no município <strong>de</strong><br />
Guarapuava-PR, com ida<strong>de</strong> entre 14 e 19 anos. métodos: Foram <strong>de</strong>terminados seu estado<br />
nutricional e seu peso teórico, comparando-os com a percepção que as avaliadas têm sobre<br />
o próprio corpo. Resultados: Pelo Índice <strong>de</strong> Massa Corporal (IMC), percebeu-se que 1,85%<br />
das avaliadas apresentaram magreza grau III, 1,85% magreza grau II, 14,81% magreza grau<br />
<br />
<br />
<br />
Nota-se que a distorção da imagem corporal ocorre entre essas adolescentes, uma vez que<br />
<br />
Conclusão: Ressalta-se que esse fator po<strong>de</strong> estar ligado à imagem <strong>de</strong> corpo i<strong>de</strong>al veiculado<br />
pela mídia, levando ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> possíveis transtornos alimentares.<br />
AbstRACt<br />
Introduction: The adolescence un<strong>de</strong>rstands the phase of the life cycle that extends of the<br />
<br />
ambient and genetic factors. The dissatisfaction and distortion of the corporal image, marked<br />
characteristic of this phase, contributes consi<strong>de</strong>rable for the <strong>de</strong>velopment of alimentary<br />
disturbances, affecting the girls mainly. objective: The present study it had as objective to<br />
evaluate 54 adolescents of the feminine sex, registered in a particular college in the city of<br />
Guarapuava-PR, with age between 14 and 19 years. methods: To establish its nutritional<br />
state and its theoretical weight, comparing them with the perception that they have of the<br />
own body. Results: Through the Body Mass In<strong>de</strong>x (BMI), it was perceived that 1.85% of<br />
the evaluated ones had presented leanness <strong>de</strong>gree III, 1.85% leanness <strong>de</strong>gree II, 14.81%<br />
<br />
<br />
<br />
It is noticed that the corporal image distortion occurs between these adolescents, a time<br />
that the majority is normal and exactly this it possessed the <strong>de</strong>sire to diminish its weight.<br />
Conclusion: It is stand out that this factor can be connected to the image of i<strong>de</strong>al body<br />
propagated by the media, leading to the <strong>de</strong>velopment of possible alimentary disturbances.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
166<br />
Angelica Rocha <strong>de</strong> Freitas1,<br />
Daiana Novello2,
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />
INTRODUÇÃO<br />
<br />
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7 .<br />
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<br />
REsUmEn<br />
Introdución: La adolescencia entien<strong>de</strong> la fase <strong>de</strong>l ciclo vital que si extien<strong>de</strong> <strong>de</strong> los diez<br />
a los diecinueve años <strong>de</strong> la edad. En este período, las transformaciones ocurren que son<br />
<br />
corporal, caracteristica marcada <strong>de</strong> esta fase, contribuyen consi<strong>de</strong>rable para el <strong>de</strong>sarrollo<br />
<strong>de</strong> agitaciones alimenticias, afectando a las muchachas principalmente. objetivo: De esta<br />
manera, <strong>de</strong>l actual estudio que tenía como objetivo para evaluar a 54 adolescentes <strong>de</strong>l<br />
sexo femenino, registrados en una universidad particular en la ciudad <strong>de</strong> Guarapuava-PR,<br />
con edad entre 14 y 19 años métodos: Determinar su estado alimenticio y su peso teórico,<br />
comparándolos con la opinión que evaluadas tienen en el cuerpo apropiado. Resultados:<br />
Con el Indice <strong>de</strong> Masa Corporal (IMC), fue percibido que 1.85% evaluados habían presen-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
distorsión <strong>de</strong> la imagen corporal ocurre entre estos adolescentes, una época que la mayoría<br />
es normal y ésta él posee exactamente el <strong>de</strong>seo <strong>de</strong> disminuir su peso. Conclusión: Es<br />
soporte hacia fuera que este factor pue<strong>de</strong> estar encendido a la imagen <strong>de</strong>l cuerpo i<strong>de</strong>al<br />
propagada por los medios, conduciendo al <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> agitaciones alimenticias posibles.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
167<br />
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MÉTODOS<br />
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® <br />
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22 .
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RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
<br />
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<br />
<br />
OB III – obesida<strong>de</strong> grau III. IMC – Índice <strong>de</strong> Massa Corporal<br />
Diagnóstico Nutricional das adolescentes avaliadas pelo IMC<br />
Freitas AR<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
168<br />
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<br />
tabela 1. <br />
análise comparativa entre peso aferido e peso teórico, segundo<br />
<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> West24<br />
Peso aferido (kg) <br />
Peso teórico (kg) <br />
Estatura média (m) <br />
Porcentagem média <strong>de</strong> gordura corporal <br />
Quantida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> gordura corporal (kg) <br />
Adolescentes avaliadas abaixo do peso i<strong>de</strong>al (%) 66,67<br />
Adolescentes avaliadas acima do peso i<strong>de</strong>al (%)
SATISFEITAS<br />
INSATISFEITAS<br />
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />
GOSTARIAM DE<br />
ENGORDAR<br />
GOSTARIAM DE<br />
EMAGRECER<br />
SATISFEITAS<br />
Porcentagem <strong>de</strong> insatisfação corporal entre as adolescentes avaliadas<br />
tabela 2. Porcentagem <strong>de</strong> peso <strong>de</strong>sejado para emagrecimento entre as<br />
adolescentes avaliadas<br />
Peso <strong>de</strong>sejado para emagrecimento entre as<br />
adolescentes que gostariam <strong>de</strong> emagrecer %<br />
1kg 5,56<br />
1,5kg 1,85<br />
2kg 9,26<br />
<br />
4kg 7,41<br />
5kg 12,96<br />
6kg 1,85<br />
8kg 7,41<br />
10kg 7,41<br />
15kg 1,85<br />
<br />
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Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
169<br />
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<br />
e
tabela 3. Práticas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> peso realizadas pelas adolescentes<br />
avaliadas<br />
Práticas utilizadas para redução pon<strong>de</strong>ral %<br />
Comer nas horas certas 1,85<br />
Comer normal, sem exageros 1,85<br />
Ingerir bastante água 1,85<br />
Ingerir menos carboidratos 1,85<br />
Ingerir mais verduras 1,85<br />
Comer menos frituras e alimentos ricos em gordura 5,56<br />
<br />
Controlar a alimentação 11,11<br />
Fazer dietas (regimes) 11,11<br />
Comer menos nas refeições 16,67<br />
Comer menos doces e guloseimas 16,67<br />
Realizar ativida<strong>de</strong> física (caminhadas, aca<strong>de</strong>mia) 24,07<br />
Relatou não conseguir parar <strong>de</strong> comer 1,85<br />
Não relatou a prática utilizada 11,11<br />
tabela 4. Principais dietas realizadas pelas adolescentes avaliadas<br />
Dietas da moda / Métodos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> peso %<br />
Dieta das 2.000 quilocalorias 1,85<br />
Dieta do suco 1,85<br />
Dieta da Herbalife® 1,85<br />
<br />
<br />
Dieta inventada pela própria adolescente 1,85<br />
Dieta dos Pontos 7,41<br />
<br />
<br />
Ingestão <strong>de</strong> alimentos saudáveis 1,85<br />
Ingestão reduzida <strong>de</strong> alimentos, com a realização<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
tabela 5. Medicamentos utilizados para controle <strong>de</strong> peso pelas<br />
adolescentes avaliadas<br />
Medicamento utilizado %<br />
<br />
Femproporex 1,85<br />
Remédios Herbalife® 1,85<br />
Remédios naturais 1,85<br />
Não lembrou o medicamento utilizado 1,85<br />
Não relatou o medicamento utilizado 1,85<br />
Freitas AR<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
170<br />
tabela 6. Chás utilizados para controle <strong>de</strong> peso pelas adolescentes<br />
avaliadas<br />
Chá utilizado %<br />
Chás Herbalife® 1,85<br />
Chá ver<strong>de</strong> 1,85<br />
Chá <strong>de</strong> sene 1,85<br />
Chá <strong>de</strong> carqueja 1,85<br />
<br />
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<br />
. 7
Alimento<br />
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />
tabela 7. Questionário <strong>de</strong> frequência alimentar expresso em porcentagem pela média <strong>de</strong> consumo das adolescentes avaliadas<br />
mais que 3<br />
vezes ao<br />
dia*<br />
<strong>de</strong> 2 a 3<br />
vezes ao<br />
dia*<br />
1 vez ao<br />
dia*<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
171<br />
<strong>de</strong> 5 a 6<br />
vezes na<br />
semana*<br />
<strong>de</strong> 2 a 4<br />
vezes na<br />
semana*<br />
1 vez na<br />
semana*<br />
<strong>de</strong> 1 a 3<br />
vezes no<br />
mês*<br />
Leite 7,41 12,96 1,85 11,11<br />
Iogurte 0 7,41 16,67 7,41 24,07 16,67 12,96 14,81<br />
Café preto 1,85 11,11 11,11 1,85 5,56 5,56 7,41 55,56<br />
Engrossante (Neston/farinha láctea) 1,85 0 1,85 1,85 5,56 7,41 16,67 64,81<br />
Pão 9,26 7,41 9,26 7,41 0 1,85<br />
Margarina/manteiga 1,85 16,67 11,11 12,96 11,11 7,41<br />
Morta<strong>de</strong>la/presunto/salame 1,85 18,52 12,96 22,22 16,67<br />
Queijo prato/mussarela/minas 7,41 24,07 14,81 16,67 16,67 9,26 7,41<br />
Patê 0 5,56 5,56 7,41 12,96 9,26 18,52 40,74<br />
Requeijão 0 5,56 7,41 5,56 14,81 18,52 12,96 <br />
Bolo 9,26 7,41 7,41 11,11 12,96 11,11 1,85<br />
Bolacha salgada 7,41 5,56 16,67 9,26 14,81 16,67 18,52 11,11<br />
Bolacha doce sem cobertura 1,85 5,56 11,11 11,11 9,26 22,22 14,81 24,07<br />
Bolacha recheada/cobertura 5,56 9,26 18,52 14,81 16,67 12,96 1,85<br />
Frutas 11,11 24,07 9,26 18,51 9,26 5,56 1,85<br />
0 0 11,11 1,85 11,11 27,78 16,67<br />
Massas em geral 5,55 9,26 12,96 14,81 24,07 9,26<br />
Macarrão instantâneo 0 5,56 7,41 5,56 14,81 <br />
Arroz 14,81 11,11 1,85 9,26 0 5,56<br />
Feijão 1,85 12,96 16,67 11,11 <br />
Carne bovina 0 11,11 40,74 9,26 22,22 11,11 1,85 <br />
Carne <strong>de</strong> frango 0 5,56 22,22 1,85 9,26 5,56<br />
Carne <strong>de</strong> peixe 0 0 7,41 1,85 9,26 22,22<br />
Carne <strong>de</strong> porco/linguiça/bacon 0 1,85 7,41 1,85 <br />
Vísceras (fígado, coração, moela) 0 1,85 1,85 0 1,85 14,81 12,96 66,67<br />
Ovo (galinha e codorna) 0 1,85 0 7,41 16,67<br />
0 0 0 1,85 9,26 44,44 14,81<br />
Hambúrguer 0 1,85 5,56 12,96 16,67<br />
Legumes 1,85 11,11 14,81 5,56 12,96<br />
Verduras 1,85 11,11 12,96 18,52 5,56 16,67<br />
Óleo vegetal 0 11,11 5,56 22,22 14,81 16,67<br />
Banha <strong>de</strong> porco 0 0 1,85 0 1,85 7,41 85,19<br />
Maionese 0 5,56 18,52 9,26 5,56 12,96 22,22<br />
Creme <strong>de</strong> leite 0 1,85 9,26 11,11 27,78 <br />
Leite con<strong>de</strong>nsado 1,85 0 9,26 14,81 9,26 22,22 12,96<br />
9,26 18,52 22,22 9,26 7,41 12,96 16,67<br />
1,85 11,11 27,78 9,26 16,67 18,52 9,26 5,56<br />
Refrigerante 11,11 16,67 11,11 9,26 18,52 18,52 5,56 9,26<br />
Frituras 7,41 16,67 5,56 18,52 14,81 7,41<br />
16,67 5,56 18,52 12,96 12,96<br />
5,56 5,56 18,52 18,52 22,22 22,22<br />
Pipoca 0 1,85 5,56 9,26 12,96 27,78 9,26<br />
Chocolate 7,41 11,11 14,81 12,96 24,07 16,67 11,11 1,85<br />
Achocolatado em pó 7,41 14,81 12,96 18,52 11,11 11,11<br />
Doces diversos 9,26 14,81 22,22 12,96 14,81 16,67 5,56<br />
Bala/chicletes 16,67 18,52 14,81 11,11 5,56 0<br />
Lanche (sanduíches) nas refeições 5,56 9,26 18,51 12,96 7,41 14,81 18,52 12,96<br />
<br />
nunca*
Número <strong>de</strong> refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas<br />
. Número <strong>de</strong> refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas<br />
<br />
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fast<br />
foods,. <br />
Freitas AR<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
172<br />
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27 <br />
<br />
.
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e <strong>de</strong> emagrecimento em adolescentes do sexo feminino<br />
<br />
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27 <br />
<br />
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<br />
CONCLUSÃO<br />
<br />
<br />
<br />
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<br />
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REFERÊNCIAS<br />
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<br />
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<br />
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<br />
???????????????????????????????????????????<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73<br />
173
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Shiroma GM<br />
Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />
Anthropometrics and bioelectrical impedance in celiac disease<br />
Antropometría y impedancia bioeletrica en la enfermedad celiaca<br />
Unitermos<br />
Doença celíaca. Avaliação nutricional. Antropometria.<br />
Bbioimpedância elétrica. Desnutrição.<br />
Key words:<br />
Celiac disease. Nutritional valuation. Anthropometrics.<br />
Electrical bioimpedance. Malnutrition.<br />
Unitérminos<br />
Enfermedad celíaca. Valoración nutricional. Antropometría,<br />
impedancia bioeléctrica. La malnutrición..<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Rua Maestro Cardim, 1236. Paraíso – São Paulo –<br />
SP. Fones: 55 11 32846318/55 11 83695169. CEP:<br />
01323-001<br />
E-mail: g.midori@yahoo.com.br,<br />
pesquisa@ganep.com.br<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 25/07/2008<br />
Data <strong>de</strong> aceita para publicação: 12/01/2009<br />
1 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />
2 - Mestre em Gastroenterologia. Especialista em <strong>Nutrição</strong><br />
<strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong>.<br />
Diretora do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />
<br />
<strong>de</strong> São Paulo<br />
3 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />
Especialista em TNEP pela SBNPE. Doutora em<br />
<br />
4 - Nutricionista. Mestranda do Departamento <strong>de</strong> Gastro-<br />
<br />
<br />
<br />
pelo Centro <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Gasto Energético e<br />
Composição Corporal do Departamento <strong>de</strong> Gas-<br />
<br />
5 - Médica nutróloga do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana<br />
(GANEP). Especialista em TNEP pela SBNPE.<br />
6 - Nutricionista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />
<br />
(GANEP).<br />
8 - Professor Associado do Departamento <strong>de</strong> Gastroente-<br />
<br />
<br />
35). Diretor <strong>de</strong> Grupo <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Humana (GANEP).<br />
REsUmo<br />
objetivo: <br />
correlacionadas variáveis coletadas por pregas cutâneas e bioimpedância elétrica. métodos:<br />
Estudo retrospectivo com 15 pacientes atendidos em consultório <strong>de</strong> nutrição, sendo 10 do<br />
sexo masculino e 5 do sexo feminino. As variáveis antropométricas coletadas foram: peso<br />
atual, altura, índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC), circunferência do braço (CB), circunferência<br />
muscular do braço (CMB) e prega cutânea triciptal (PCT). As variáveis coletas foram: gordura<br />
corporal (GC) e massa magra (MM). Resultados: Na Tabela 1, observa-se que a média <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<strong>de</strong>monstra correlação linear entre gordura corporal em quilos e prega cutânea tricipital, ambas<br />
<br />
estado nutricional do paciente, embora não tenham sido encontrados pacientes <strong>de</strong>snutridos<br />
no presente estudo. Conclusão:<br />
elétrica estão fortemente correlacionados, portanto, po<strong>de</strong>-se optar pelo método <strong>de</strong> antropometria<br />
para avaliação nutricional <strong>de</strong> pacientes, por ser facilmente aplicável e <strong>de</strong> baixo custo.<br />
AbstRACt<br />
objective: <br />
appointment; A correlation was ma<strong>de</strong> with skinfolds and bioelectrical impedance variables.<br />
methods:<br />
patients. The anthropometric variables collected were: present weigh, body mass in<strong>de</strong>x<br />
(BMI), arm circumference, muscle arm circumference and tricipital skinfold. The variables<br />
collected were: corporeal fat and muscle. Results:-<br />
<br />
<br />
<br />
corporeal fat and tricipital skinfold, both with positive correlation. Celiac disease concerns<br />
health professionals for patients nutritional status, although there was no malnourished<br />
patients in this study. Conclusion: The anthropometric methods and bioelectrical impedance<br />
used were highly correlated; therefore you can choose anthropometric method to evaluate<br />
patients nutritional status, due to its easily workability and low cost.<br />
REsUmEn<br />
objetivo: E <br />
primera consulta, se correlacionaron las variables recogidas por la prega cutánea triciptal<br />
y impedancia bioeléctrica. métodos: Estudio retrospectivo con 15 pacientes tratados en el<br />
cargo <strong>de</strong> la nutrición, <strong>de</strong> las cuales 10 hombres y 5 mujeres. Las variables antropométricas<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />
174<br />
Glaucia Midori Shiroma 1<br />
Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Teixeira da Silva 2<br />
Viviane Chaer Borges 3<br />
Lilian Mika Horie 4<br />
5<br />
6<br />
Luciana da Costa Eduardo Logullo 7<br />
8
INTRODUÇÃO<br />
A Doença Celíaca (DC) é uma doença auto-imune, que<br />
afeta crianças e adultos, e tem como sintomatologia principal os<br />
sintomas gastro-intestinais (consequentemente, má-absorção),<br />
embora outras formas também possam ocorrer, como oligossintomática,<br />
atípica, latente, silenciosa ou em potencial 1 <br />
também como intolerância permanente ao glúten, caracterizada<br />
<br />
proximal, levando à má absorção <strong>de</strong> nutrientes em indivíduos<br />
geneticamente suscetíveis. Para que ocorra a expressão da DC<br />
é também necessária a presença <strong>de</strong> outros fatores, tais como:<br />
genéticos, imunológicos e ambientais 2 . A patogenia da doença<br />
tem um quadro clínico variado e é multifatorial, no qual os<br />
sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e má-absorção são <strong>de</strong>staques 3 .<br />
A DC, por ter uma característica <strong>de</strong> má-absorção, gera gran<strong>de</strong>s<br />
repercussões no estado nutricional dos pacientes. A avaliação<br />
<br />
corporais em um indivíduo ou em uma população, visando<br />
medidas <strong>de</strong> intervenção 4 . Hernandéz & Argüelles 3 <br />
a anorexia é um sintoma frequente e po<strong>de</strong> ser uma das principais<br />
causas da ausência <strong>de</strong> ganho pon<strong>de</strong>ral. Mancilla et al. 5 , em estudo<br />
realizado com 37 doentes celíacos em Santiago (Chile), encontrou<br />
38% dos pacientes apresentando perda <strong>de</strong> peso.<br />
A antropometria é utilizada para avaliar o tamanho e as<br />
proporções dos segmentos corporais, pela medida <strong>de</strong> circunferência<br />
e comprimento dos segmentos corporais. Utiliza-se<br />
também a medição da espessura do tecido adiposo subcutâneo<br />
(dobras cutâneas). São testes válidos para situações <strong>de</strong> campo<br />
ou clínicas, porque são fáceis <strong>de</strong> administrar em gran<strong>de</strong>s grupos<br />
com o custo relativamente baixo. No entanto, a valida<strong>de</strong> do<br />
método <strong>de</strong> dobras cutâneas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da habilida<strong>de</strong> do avaliador 6 .<br />
Outro método <strong>de</strong> avaliação da composição corporal é a<br />
análise da bioimpedância elétrica (BIA), a qual estima com<br />
exatidão a massa livre <strong>de</strong> gordura e a gordura corporal, utilizando-se<br />
equações baseadas em ida<strong>de</strong>, sexo, nível <strong>de</strong> gordura<br />
corporal e nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física. É um método rápido e<br />
não-invasivo, porém é mais caro do que os métodos <strong>de</strong> dobras<br />
cutâneas e antropométricos 7 .<br />
Tendo em vista as consi<strong>de</strong>rações acima <strong>de</strong>scritas, torna-se<br />
<strong>de</strong> interesse avaliar o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes portadores<br />
<strong>de</strong> DC em fase inicial <strong>de</strong> tratamento, com o intuito <strong>de</strong> otimizar<br />
a terapia nutricional <strong>de</strong>stes. Portanto, o objetivo do presente<br />
Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />
recogidos fueron: peso actual, talla, índice <strong>de</strong> masa corporal (IMC), circunferencia <strong>de</strong>l<br />
<br />
Variables colecciones fueron: la grasa corporal (BF) y masa magra (MM). Resultados:<br />
En el Cuadro 1, se observa que la media <strong>de</strong> IMC se encuentra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> los niveles <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
muestra una correlación lineal entre la grasa corporal en kilogramos y el pliegue tricipital,<br />
con correlación positiva. La enfermedad celíaca preocupa a los profesionales mantener el<br />
estado nutricional <strong>de</strong>l paciente, pero no fueron encontrados <strong>de</strong>snutridos pacientes en este<br />
estudio. Conclusión:<br />
están fuertemente correlacionados, <strong>de</strong> modo que pue<strong>de</strong> elegir el método <strong>de</strong> la antropometría<br />
para la evaluación nutricional <strong>de</strong> los pacientes, porque es <strong>de</strong> fácil aplicación y bajo costo.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />
175<br />
<br />
primeira consulta e comparar métodos antropométricos e bioimpedância<br />
elétrica.<br />
MÉTODOS<br />
Foi realizado um estudo retrospectivo no período<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro/1996 a julho/2006 (VERIFICAR ESTAS<br />
DATAS!!!), por meio <strong>de</strong> dados coletados nos prontuários<br />
do consultório <strong>de</strong> nutrição GANEP, contendo 15 pacientes<br />
portadores <strong>de</strong> DC, sendo 10 sexo feminino e 5 sexo masculino.<br />
Foram coletados dados da primeira consulta, como ida<strong>de</strong>,<br />
medidas antropométricas e <strong>de</strong> composição corporal por meio<br />
<strong>de</strong> BIA. Todos os pacientes do presente estudo estavam na<br />
fase sintomática da doença.<br />
As variáveis antropométricas coletadas foram: peso atual,<br />
altura, índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC), circunferência do braço<br />
(CB), muscular (CMB) e dobra cutânea tricipital (DCT).<br />
O peso foi aferido em balança tipo plataforma da marca<br />
Filizola ®, calibrada com capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 150kg e<br />
variação <strong>de</strong> 100g. A altura foi medida em estadiômetro no<br />
mesmo aparelho com variação <strong>de</strong> 0,5cm. O IMC foi calculado<br />
pela equação (OMS, 1997) 8 :<br />
IMC=peso (kg)/altura 2 (m)<br />
<br />
medida pelo adipômetro Lange ®. A circunferência muscular<br />
do braço foi calculada por meio da equação:<br />
CMB (cm)= CB - (0,314 x PCT) 9<br />
A composição corporal foi avaliada pelo aparelho <strong>de</strong> BIA<br />
mo<strong>de</strong>lo BodyStat 1500 da marca Bodystat Ltda, Douglas, UK.<br />
As variáveis coletas foram: gordura corporal (GC), massa<br />
magra (MM).<br />
Todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo<br />
observador.<br />
Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa<br />
SPSS, versão 11.01, Inc, Chicago, IL, EUA. Foi utilizado o<br />
<br />
entre as variáveis. O valor <strong>de</strong> p
8 . A<br />
média <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> gordura corporal (%GC), segundo<br />
10 , está acima da média recomendada<br />
para homens e mulheres.<br />
<br />
muscular braquial e massa magra corporal (MM), <strong>de</strong>monstrando<br />
<br />
que <strong>de</strong>monstra correlação da gordura corporal (GC) em kg e a<br />
DCT, também apresentou uma boa correlação, com r = 0,795<br />
e p < 0,001.<br />
DISCUSSÃO<br />
As estimativas da composição do peso corporal são necessárias<br />
para <strong>de</strong>terminar e monitorar o estado nutricional. A<br />
medida da dobra cutânea constitui o meio mais conveniente<br />
para estabelecer indiretamente a massa corpórea <strong>de</strong> gordura 11 .<br />
Uma dobra cutânea me<strong>de</strong> indiretamente a espessura do tecido<br />
adiposo subcutâneo 6 . Pesquisas <strong>de</strong>monstraram que a gordura<br />
subcutânea, avaliada pelo método <strong>de</strong> pregas cutâneas em 12<br />
locais, é similar ao valor obtido nas imagens <strong>de</strong> ressonância<br />
magnética 12 .<br />
Como se pô<strong>de</strong> observar, a medida da DCT, feita pelo método<br />
<strong>de</strong> antropometria, esteve fortemente correlacionada ao IGC,<br />
cujo cálculo tem como base a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gordura corporal<br />
em quilos, obtida pelo método <strong>de</strong> biomimpedância elétrica.<br />
A gordura subcutânea correspon<strong>de</strong> a 50% da gordura<br />
<br />
conteúdo <strong>de</strong> gordura corporal total, baseado no fato <strong>de</strong> que a<br />
espessura da gordura é relativamente constante. A DCT é a mais<br />
frequentemente utilizada, pois se consi<strong>de</strong>ra que seja o local mais<br />
representativo da camada subcutânea <strong>de</strong> gordura 13 .<br />
tabela 1 – Características dos pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> doença<br />
celíaca<br />
total (n=15)<br />
Ida<strong>de</strong> (anos) 45,63 ± 16,76<br />
Peso atual (kg) 58,25 ± 12,86<br />
Altura (cm) 1,64 ± 0,10<br />
IMC (kg/m 2 ) 21,76 ± 4,20<br />
CB (cm) 26,25 ± 3,73<br />
PCT (mm) 21,19 ± 9,30<br />
CMB (cm) 19,52 ± 2,50<br />
MM (%) 71,98 ± 8,37<br />
MM (kg) 41,91 ± 10,99<br />
GC (%) 28,03 ± 8,37<br />
GC (kg) 16,34 ± 6,16<br />
CB: circunferência braquial<br />
GC: gordura corporal<br />
PCT: prega cutânea triciptal<br />
CMB: circunferência muscular braquial<br />
MM: massa magra<br />
Shiroma GM<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />
176<br />
A circunferência braquial (CB) é o parâmetro nutricional<br />
antropométrico recomendado pela OMS para estimativa da<br />
proteína muscular esquelética total 11 .<br />
<br />
<strong>de</strong> antropometria, também teve ótima correlação com a massa<br />
magra aferida em método <strong>de</strong> bioimpedância elétrica.<br />
Durante a inanição e estresse prolongado, as reservas<br />
protéicas são mobilizadas para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda da fase aguda<br />
e proteínas secretoras, levando à <strong>de</strong>pleção da massa corpórea<br />
magra. A circunferência muscular braquial é usada para avaliar<br />
este compartimento 14 .<br />
A análise da bioimpedância elétrica é um método não-invasivo,<br />
rápido, sensível, indolor, relativamente preciso, usado para<br />
avaliar a composição corpórea 15 . Coppini et al. 16 , ao estudarem a<br />
porcentagem <strong>de</strong> GC estimada pela antropometria e bioimpedancia<br />
<br />
<br />
resultado do método realizado nos pacientes do presente estudo.<br />
CONCLUSÃO<br />
A DC, por caracterizar-se pela má absorção <strong>de</strong> nutrientes,<br />
<br />
do paciente. Não foi observada <strong>de</strong>snutrição no trabalho realizado,<br />
porém, como já visto neste artigo, é uma população <strong>de</strong><br />
risco nutricional, <strong>de</strong>vendo, assim, direcionar uma maior atenção<br />
na avaliação da composição corporal <strong>de</strong>stes pacientes.<br />
- Correlação linear ente circunferência muscular do braço e massa<br />
magra corporal (kg)<br />
- Correlação linear ente circunferência muscular do braço e prega<br />
cutânea tricipital.
Ao consi<strong>de</strong>rarmos as referências consultadas e os resultados<br />
<strong>de</strong>ste presente estudo, po<strong>de</strong>mos observar que os métodos <strong>de</strong><br />
antropometria e bioimpedância elétrica estão fortemente correlacionados,<br />
po<strong>de</strong>ndo se dizer que tanto um método como outro<br />
<br />
Para tanto, conclui-se que o método <strong>de</strong> antropometria po<strong>de</strong><br />
ser uma boa opção <strong>de</strong> avaliação, em vista da sua fácil aplicabilida<strong>de</strong>,<br />
precisão <strong>de</strong> resultados e baixo custo. Esperam-se mais<br />
estudos, com um número maior <strong>de</strong> pacientes, a respeito da<br />
avaliação corpórea <strong>de</strong> adultos com DC em ativida<strong>de</strong>.<br />
REFERÊNCIAS<br />
1 Melo FM, Cavalcanti MSM, Santos SB, Lopes AKFB, Oliveira FAA. Associação<br />
entre marcadores sorológicos <strong>de</strong> doença celíaca e das doenças auto-imunes da<br />
tireói<strong>de</strong>. Arq Bras Endocrinol Metab. 2005;49(4):542-7.<br />
2 http://www.rgnutri.com.br - capturado em 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2008.<br />
3 Hernán<strong>de</strong>z DJG, Argüelles XH. Manejo nutricional <strong>de</strong> la enfermedad celíaca. Rev<br />
Cubana Pediatr. 2006;78(2).<br />
<br />
2002;78(5):357-8.<br />
5 Mancilla C, Madrid AM, Valenzuela J, Morales A, Hurtado C, Smok G,<br />
Antropometria e bioimpedância elétrica na doença celíaca<br />
Local <strong>de</strong> realização do trabalho: ???????????????????????????????????????????<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 174-7<br />
177<br />
et al. Enfermidad Celíaca <strong>de</strong>l adulto: Experiencia clínica. Rev. Med. Chile.<br />
2005;133(11):1317-21.<br />
6 Stolarczyk LM, Heyward VH. Método <strong>de</strong> dobras cutâneas. In: Avaliação da<br />
Composição Corporal Aplicada. São Paulo:Manole;2000.<br />
7 Stolarczyk LM, Heyward VH. Método <strong>de</strong> impedância bioelétrica. In: Avaliação<br />
da Composição Corporal Aplicada. São Paulo:Manole; 2000.<br />
8 World Health Organization. Obesity: preventing and managing the total epi<strong>de</strong>mic.<br />
Report of a WHO Consultation Group. Geneva: WHO;1997.<br />
9 Durnin JV, Womersley S. Body fat assessed from total body <strong>de</strong>nsity and its estimation<br />
from skinfold thickness: measurements on 481 men and women age from 16<br />
to 72 years. Br J Nutr. 1974;32(1):77-97.<br />
10 Lohman TG. Advances in body composition assessment. Current issues in exercises<br />
science series. Monograph no. 3. Champaign, IL: Human Kinetics. 1992.<br />
11 Waitzberg DL, Ferrini MT. Exame físico e antropometria. In: <strong>Nutrição</strong> oral, enteral<br />
e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu. V.1, 3.ed. 2000.<br />
12 Hayes PA, Sowood PJ, Belyavin A, Cohen JB, Smith FW. Subcutaneous fat thickness<br />
measured by magnetic resonance imaging, ultrasound, and calipers. Med Sci<br />
Sports Exerc 1988;20(3):303-9.<br />
13 Acuña K, Cruz T. Avaliação do estado nutricional <strong>de</strong> adultos e idosos e situação nutricional<br />
da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2004;48(3):345-61.<br />
14 Vanucchi H, Unamuno MRDL, Marchini JS. Avaliação do estado nutricional.<br />
Medicina, Ribeirão Preto, 1996;29(1):5-18.<br />
15 Coppini LZ, Waitzberg DL. Impedância bioelétrica. In: <strong>Nutrição</strong> oral, enteral e<br />
parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu. V.1, 3.ed. 2000.<br />
16 Coppini LZ. Determinação clínica da gordura corpórea total: comparação da<br />
bioimpedância elétrica com antropometria. Rev Bras Nutr Clin. 1997;12(Supl<br />
2):s96–97.
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Silva JT<br />
Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera<br />
<strong>de</strong> pressão em pacientes assistidos pela Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong><br />
Terapia Nutricional<br />
Biochemical nutrition status indicators X Pressure inci<strong>de</strong>nce in patients assisted by the Multidisciplinar<br />
Nutritional Therapy Group<br />
Marcadores bioquímicos <strong>de</strong>l estado nutricional x inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong> presión en pacientes asistidos<br />
por la Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia Nutricional<br />
Unitermos<br />
Úlcera <strong>de</strong> pressão. Indicadores bioquímicos. Estado<br />
nutricional.<br />
Key words:<br />
Pressure ulcer. Biochemical indicators. Nutritional<br />
status.<br />
Unitérminos<br />
Úlcera <strong>de</strong> presión. indicadores bioquímicos. Estado<br />
nutricional.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Rua Maestro Cardim, 1236. Paraíso – São Paulo –<br />
SP. Fones: 55 11 32846318/55 11 83695169. CEP:<br />
01323-001<br />
E-mail: g.midori@yahoo.com.br,<br />
pesquisa@ganep.com.br<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 15/08/2008<br />
Data <strong>de</strong> aceite para publicação: 15/04/2009<br />
1 - Nutricionista do Centro Especializado <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong>.<br />
Membro da Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia<br />
Nutricional da Clínica e Hospital São Lucas<br />
(Aracaju/SE). Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica<br />
pelo GANEP.<br />
2 - Nutricionista do Centro Especializado <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong>.<br />
Membro da Equipe Multidisciplinar <strong>de</strong> Terapia<br />
Nutricional da Clínica e Hospital São Lucas<br />
(Aracaju/SE).<br />
REsUmo<br />
Introdução: A incidência e prevalência <strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong> pressão (UP) em pacientes hospitalizados<br />
têm uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação, provavelmente como consequência dos<br />
<br />
é reconhecidamente alto para <strong>de</strong>spertar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> medidas<br />
preventivas. Vários estudos sugerem haver uma forte correlação entre alterações do estado<br />
nutricional e o risco do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> UP. objetivo: Este trabalho teve por objetivo<br />
<br />
incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão. métodos: Foram acompanhados 166 pacientes em terapia<br />
nutricional durante 4 meses. Resultados: A incidência <strong>de</strong> UP nesta população foi <strong>de</strong> 38%<br />
(global). Nos indivíduos com ida<strong>de</strong> superior a 60 anos, a ocorrência <strong>de</strong> UP foi <strong>de</strong> 43,9%,<br />
enquanto que 13 pacientes (26%) com ida<strong>de</strong> inferior a 60 anos apresentaram UP. Os indivíduos<br />
que apresentaram níveis séricos <strong>de</strong> albumina menor que 3,5 mg/dl apresentaram mais<br />
UP (41,8%) do que aqueles com níveis maiores <strong>de</strong>sta proteína (16%). O mesmo aconteceu<br />
com os indivíduos que apresentaram níveis <strong>de</strong> hematócrito e hemoglobina abaixo dos<br />
valores normais. Conclusão: Os indicadores bioquímicos do estado nutricional po<strong>de</strong>m ser<br />
importantes fatores <strong>de</strong> risco na gênese da úlcera <strong>de</strong> pressão. É importante reforçar que tais<br />
<br />
para o uso <strong>de</strong>stes elementos como único método <strong>de</strong> avaliação do estado nutricional.<br />
AbstRACt<br />
Introduction: The inci<strong>de</strong>nce and prevalence of Pressure Ulcer (PU) in hospitalized patients<br />
<br />
and the economical impact of its medical treatment is thankfully high to interest preventive<br />
measures. Many studies sugest that there is a strong correlation between nutritional state<br />
changes and PU <strong>de</strong>velopment risk. objective: The aim of this study was to verify the correlation<br />
between the hematocrit, hemoglobin and albumin seric levels, and PU inci<strong>de</strong>nce.<br />
methods: 166 patients in nutritional therapy were observed during 4 months. Results: The<br />
PU inci<strong>de</strong>nce in this population was 38% (global). In el<strong>de</strong>rly patients (up to 60 years old) the<br />
PU inci<strong>de</strong>nce was 43,9%, while 13 younger patients (26%) <strong>de</strong>veloped PU. The patients that<br />
<strong>de</strong>veloped minor albumin seric levels (un<strong>de</strong>r 3,5 mg/dl) <strong>de</strong>veloped higher PU inci<strong>de</strong>nce (41,8%)<br />
than those with higher levels of this protein (16%). The same occured with the individuals<br />
that <strong>de</strong>veloped hematocrit and hemoglobin levels un<strong>de</strong>r normal values. Conclusion: The<br />
biochemical indicators of the nutritional status may be important risk factors in PU origin. It’s<br />
<br />
this fact restricts the use of these elements as the only nutritional status evaluating method.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />
178<br />
Juliana Teixeira da Silva 1<br />
Mychelyne Ferreira <strong>de</strong> Oliveira 2<br />
Michelle Nunes Silveira 2
INTRODUÇÃO<br />
A incidência e prevalência <strong>de</strong> úlceras por pressão (UP)<br />
em pacientes hospitalizados têm uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
variação, provavelmente como consequência dos métodos <strong>de</strong><br />
<br />
po<strong>de</strong>m estar associadas à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência preventiva<br />
em todos os aspectos, da <strong>de</strong>tecção inicial do paciente em risco<br />
<br />
necessários 1 <br />
<br />
<br />
mostrou que a incidência <strong>de</strong> UP em hospitais nos Estados<br />
<br />
<br />
1-3 <br />
<br />
<br />
<br />
risco para UP durante três meses, mostrou uma incidência<br />
<br />
4 , quando uma úlcera se<br />
<br />
<br />
milhões <strong>de</strong> a cada ano 1 <br />
O impacto econômico do tratamento <strong>de</strong> uma UP é reconhe-<br />
<br />
<strong>de</strong> medidas preventivas, visto que são lesões cuja cura é lenta<br />
e provocam aumento no período <strong>de</strong> hospitalização, além da<br />
<br />
saú<strong>de</strong>, às unida<strong>de</strong>s pagadoras (seguradoras, convênios <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
1 <br />
Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />
REsUmEn<br />
Introdución: La inci<strong>de</strong>ncia y prevalencia <strong>de</strong> la Úlcera <strong>de</strong> Presión en pacientes hospitalizados<br />
tiene una amplitud <strong>de</strong> variación, probablemente como consecuencia <strong>de</strong> los métodos<br />
<br />
es reconocidamente alto para <strong>de</strong>spertar la necesidad <strong>de</strong> establecimiento <strong>de</strong> medidas<br />
preventivas. Varios estudios sugeren haber una fuerte correlación entre alteraciones<br />
<strong>de</strong>l estado nutricional y riesgo <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarollo <strong>de</strong> la UP. objetivo: Este trabajo tiene como<br />
objetivo averiguar la correlación entre los niveles séricos <strong>de</strong>l hematócrito, hemoglobina<br />
y albumina y la incidéncia <strong>de</strong> la UP. métodos: Se seguieron 166 pacientes en terapia<br />
nutricional durante 4 meses. La incidéncia <strong>de</strong> UP en esta población fue <strong>de</strong> 38% (global).<br />
Resultados: En los individuos con edad superior a 60 años, el surgimiento <strong>de</strong> UP fue <strong>de</strong><br />
43,9%, mientras que 13 pacientes (26,5%) con edad inferior a 60 años presentaron UP. Los<br />
individuos que presentaron niveles <strong>de</strong> albumina inferiores a 3,5mg/dl presentaron más UP<br />
(41,8%) comparados con los individuos que tenian niveles más elevados <strong>de</strong> esa proteina<br />
(16%). Lo mismo ocurrió con los individuos que presentaron niveles <strong>de</strong> hematocrito y<br />
hemoglobina inferiores a los valores consi<strong>de</strong>rados normales. Conclusión: Los indicadores<br />
bioquímicos <strong>de</strong>l estado nutricional pue<strong>de</strong>n ser importantes factores <strong>de</strong> riesgo en la génesis<br />
<br />
<br />
único método <strong>de</strong> valoración <strong>de</strong>l estado nutricional.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />
179<br />
rações<br />
do estado nutricional e o risco do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<strong>de</strong> risco importantes para o aumento da incidência <strong>de</strong> lesões<br />
<br />
<br />
<br />
mento<br />
das Úlceras <strong>de</strong> Pressão do European Pressure Ulcer<br />
11 <br />
<br />
<strong>de</strong> UP é pouco clara, sem que haja estudos consistentes que<br />
relacionem uma nutrição ina<strong>de</strong>quada com um aumento da<br />
<br />
Contudo, este mesmo “gui<strong>de</strong>lines” menciona que é<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
assistem os portadores <strong>de</strong> UP – sendo a carga tecidular e a<br />
11 <br />
ObjeTIvO<br />
<br />
<br />
incidência <strong>de</strong> úlcera por pressão em pacientes assistidos pela<br />
<br />
<br />
MÉTODOS
consi<strong>de</strong>rados os pacientes que apresentaram as lesões durante<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
utilização dos dados <strong>de</strong> acompanhamento nutricional e dos<br />
-<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
o número <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> pessoas com UP <strong>de</strong>senvolvida<br />
<br />
ReSULTADOS<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Silva JT<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />
180<br />
Variável Categoria n (%)<br />
Gênero Masculino 89 (53,6)<br />
Feminino 77 (46,4)<br />
Ida<strong>de</strong> 60 anos 117 (70)<br />
< 60 anos 49 (30)<br />
tabela 1 - Distribuição dos pacientes em Terapia Nutricional segundo sexo e faixa etária<br />
Variável Categoria n (%)<br />
Incidência <strong>de</strong> UP Pacientes com UP 63 (38)<br />
Pacientes sem UP 103 (62)<br />
Localização da UP Sacral 59 (93)<br />
Trocantérica 10 (15,8)<br />
Calcâneo 6 (9,5)<br />
Cabeça 1 (1,6)<br />
Grau da lesão Graus 1 e 2 47 (74,6)<br />
Graus 3 e 4 16 (25)<br />
tabela 2 - Distribuição dos pacientes em Terapia Nutricional segundo incidência global, localização<br />
e grau das úlceras por pressão<br />
Ida<strong>de</strong><br />
Incidência <strong>de</strong> Úlceras por Pressão<br />
Variáveis n (%) P<br />
60 anos 51 (43,9) 0,000<br />
< 60 anos 13 (26<br />
Albumina sérica<br />
3,5 mg/dl 4 (16) 0,000<br />
< 3,5 mg/dl 59 (41,8)<br />
Níveis <strong>de</strong> Hemoglobina<br />
12 mg/dl 10 (20) 0,000<br />
< 12 mg/dl 53 (45,3)<br />
Níveis <strong>de</strong> Hematócrito<br />
38 mg/dl 7 (22,5) 0,014<br />
< 38 mg/dl 56 (41,5)<br />
UP – Ùlcera por Pressão<br />
tabela 3 – Incidência <strong>de</strong> Úlceras por Pressão nos pacientes em Terapia Nutricional <strong>de</strong> acordo<br />
com as variáveis, albumina sérica, níveis <strong>de</strong> hemoglobina e hematócrito e ida<strong>de</strong>
GRUPO 1<br />
Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />
tabela 4 – Comparativo dos valores médios referentes à ida<strong>de</strong>, indicadores bioquímicos e tempo <strong>de</strong> internação<br />
GRUPO n Mínimo Máximo Média p*<br />
Ida<strong>de</strong> (anos) 27,6 96,0 76,4 0,000<br />
Albumina sérica (mg/dl) 1,3 4,5 2,6 0,709<br />
Níveis <strong>de</strong> hematócrito (%) 63 17,3 46,4 31,8 0,448<br />
Níveis <strong>de</strong> hemoglobina (mg/dl) 6,5 15,0 10,6 0,880<br />
Tempo <strong>de</strong> internação (dias) 27,6 6,0 115,0 35,1 0,000<br />
GRUPO 2<br />
Ida<strong>de</strong> (anos) 12,0 96,0 64,9<br />
Albumina sérica (mg/dl) 1,7 4,5 2,9<br />
Níveis <strong>de</strong> hematócrito (%) 103 18,8 50,0 33,9<br />
Níveis <strong>de</strong> hemoglobina (mg/dl) 6,4 15,4 10,8<br />
Tempo <strong>de</strong> internação (dias) 3,0 140,0 20,4<br />
* < 5% (p
Fernan<strong>de</strong>s 1 , em sua tese <strong>de</strong> mestrado (revisão), cita que<br />
dois terços das UP ocorrem na cintura pélvica e um terço nos<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
14 <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
mais encontradas na população estudada, seguidas das<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
apresentavam como causa da hospitalização uma doença<br />
<br />
<br />
<br />
mostraram uma prevalência ainda maior <strong>de</strong><br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
necessida<strong>de</strong> especial <strong>de</strong> cuidados para estes pacientes que<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
pacientes que não apresentaram úlcera tiveram uma média<br />
<br />
<br />
em um hospital universitário, on<strong>de</strong> havia<br />
predomínio <strong>de</strong> idosos em uma população com UP <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
mostram a predominância <strong>de</strong> indivíduos com<br />
<br />
<br />
<br />
Silva JT<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />
182<br />
As diversas alterações que ocorrem na pele dos indivíduos<br />
<br />
-<br />
<br />
como a diminuição da camada dérmica e sua vascularização em<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
encontraram valores semelhantes na sua<br />
<br />
<br />
<br />
correlacionou-se com a melhora no tempo <strong>de</strong> cicatrização da<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
, os<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
os autores relatam que os níveis séricos <strong>de</strong> hematócrito e<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
dência<br />
<strong>de</strong> UP relacionada a estes marcadores do estado nutricional,<br />
apenas pontuaram seus níveis séricos nos pacientes que<br />
<br />
<br />
A correlação encontrada entre as alterações nos parâmetros<br />
-
estarão mais susceptíveis a lesões <strong>de</strong> pele e músculos, além<br />
<strong>de</strong> terem a reparação dos tecidos lesados comprometidos por<br />
<br />
CONCLUSÕeS<br />
<br />
<br />
<br />
tório,<br />
sendo esta uma limitação para o uso <strong>de</strong>stes elementos<br />
<br />
<br />
<br />
mento<br />
das úlceras <strong>de</strong> pressão, sendo estas mais inci<strong>de</strong>ntes na<br />
<br />
-<br />
<br />
tomar como rotina a prática da vigilância nutricional <strong>de</strong>ntro da<br />
unida<strong>de</strong> hospitalar, para que seja possível atuar precocemente<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
ReFeRÊNCIAS<br />
<br />
<br />
<br />
Marcadores bioquímicos do estado nutricional x incidência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão<br />
Local <strong>de</strong> realização do trabalho: <br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 178-83<br />
183<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
-
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Albuquerque MFB<br />
Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini<br />
Avaliação Nutricional<br />
Nutritional status of hospitalized el<strong>de</strong>rly through the Mini Nutritional Evaluation<br />
Estado nutricional <strong>de</strong> mayores hospitalizados a través <strong>de</strong> la Mini Evaluación Nutricional<br />
Unitermos:<br />
Estado Nutricional. Idoso. Mini Avaliação Nutricional.<br />
Key words:<br />
Nutritional status. El<strong>de</strong>rly. Mini Nutritional Evaluation.<br />
Unitérminos: Estado nutricional. Mayor. Mini Evaluación<br />
Nutricional.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Marinez Ferreira Barbosa Albuquerque.<br />
En<strong>de</strong>reço: Rua T28, número 400, apartamento 1104,<br />
Edifício Vitória Régia 2, Setor Bueno. CEP: 74.210-040.<br />
Goiânia/Goiás.<br />
Telefone: (62) 3201-4372, (62) 3201-4385 (fax).<br />
E-mail: marinez.f.b@bol.com.br<br />
Submissão<br />
6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008<br />
Aceito para publicação<br />
25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009<br />
1. Nutricionista – Especialista em Terapia Nutricional<br />
pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> <strong>Parenteral</strong><br />
e <strong>Enteral</strong>, Chefe da Seção <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> e Dietética<br />
<br />
Nutricional do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES.<br />
2. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES – Mestre em <strong>Nutrição</strong> Humana pela Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Brasília.<br />
3. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />
Grupo <strong>de</strong> Apoio em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong><br />
<br />
<strong>de</strong> Terapia Nutricional do Hospital <strong>de</strong> Urgências<br />
<strong>de</strong> Goiânia/SES.<br />
4. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica pelo<br />
Grupo <strong>de</strong> Apoio em <strong>Nutrição</strong> <strong>Enteral</strong> e <strong>Parenteral</strong><br />
(GANEP).<br />
5. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Humana e Saú<strong>de</strong><br />
pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras.<br />
6. Nutricionista do Hospital <strong>de</strong> Urgências <strong>de</strong> Goiânia/<br />
SES – Especialista em <strong>Nutrição</strong> Clínica e Terapêutica<br />
Nutricional pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Biológicas<br />
e da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> União da Vitória (Uniguaçu)/<br />
Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Estudos Sistêmicos/Instituto<br />
RESUmo<br />
objetivo: Avaliar o estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados e sua relação com sexo, faixa<br />
etária e principal diagnóstico <strong>de</strong> admissão. métodos: Foram avaliados 98 pacientes com<br />
<br />
<br />
<br />
era do sexo masculino (68,4%) e a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 71,6 (± 8,5) anos. Resultados: As<br />
principais causas <strong>de</strong> internação foram as doenças cardiorespiratórias (25,51%), doenças do<br />
<br />
nutricional, 2/3 (dois terços) da população apresentou risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição ou <strong>de</strong>snutrição,<br />
<br />
<br />
A principal causa <strong>de</strong> internação entre os nutridos foram as lesões e causas externas (30%)<br />
e entre os pacientes em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e <strong>de</strong>snutridos foram as doenças do aparelho<br />
circulatório (35,29% e 20,59%, respectivamente). Conclusão: Houve predomínio <strong>de</strong> idosos<br />
<strong>de</strong>snutridos ou em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo; relação direta entre risco <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>snutrição e faixa etária mais avançada para as mulheres; e predominância <strong>de</strong> comprometimento<br />
nutricional em doenças caracteristicamente <strong>de</strong> curso crônico.<br />
AbStRACt<br />
objective: To evaluate the nutritional state of hospitalized el<strong>de</strong>rly and its relation with sex,<br />
age and main diagnosis of admission. methods:<br />
years in hospital of urgency through the Mini Nutritional Evaluation. The data were express in<br />
<br />
<br />
was men (68.4%) and the mean age was of 71.6 (± 8.5) years. Results: The main causes<br />
of internment had been the cardiorespiratory illnesses (25.51%), illnesses of the digestive<br />
<br />
state, 2/3 (two third) of the population presented risk of malnutrition or malnutrition, without<br />
<br />
<br />
<br />
causes (30%) and enters the patients at risk of malnutrition and malnutrition they had been<br />
the illnesses of the circulatory system (35.29% and 20.59%, respectively). Conclusion:<br />
It had predominance of el<strong>de</strong>rly with risk of malnutrition or of malnutrition, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt of<br />
the sex; direct relation between malnutrition risk and more advanced age for the women;<br />
and predominance of nutritional damage in illnesses characteristically of chronic course.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />
184<br />
Marinez Ferreira Barbosa Albuquerque 1<br />
Veruska Prado Alexandre 2<br />
3<br />
Lílian Fioravanso Apolinário 4<br />
5<br />
Liana Lima Vieira 6<br />
Iara Kallyanna Cavalcante Ferreira 7 (in memorian)
INTRODUÇÃO<br />
Os idosos fazem parte da população vulnerável e o processo<br />
natural <strong>de</strong> envelhecimento repercute sobre as suas condições <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> e nutrição 1 micas,<br />
funcionais, bioquímicas e psicossociais que, associadas<br />
<br />
medicações, estão relacionadas à anorexia e perda <strong>de</strong> peso 2 , com<br />
acentuação nas ida<strong>de</strong>s mais avançadas 3 .<br />
Essas alterações aumentam o risco <strong>de</strong> infecções e hospitali-<br />
<br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição, aumento do tempo <strong>de</strong> hospitalização e morbimortalida<strong>de</strong><br />
4 . Assim, torna-se fundamental a avaliação nutricional <strong>de</strong>stes<br />
indivíduos, possibilitando que a<strong>de</strong>quadas condutas terapêuticas<br />
sejam operacionalizadas 1 .<br />
Muitos métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional têm sido propostos<br />
<br />
<br />
pois todos apresentam limitações 5 .<br />
nóstico<br />
nutricional 6 <br />
cutâneas, área muscular do braço, circunferências corporais e<br />
índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC) 7 ções<br />
que ocorrem com o envelhecimento po<strong>de</strong>m comprometer<br />
<br />
preciso 8 ; além disso, para pacientes hospitalizados, a antropo-<br />
<br />
<br />
renal, câncer e tratamento dialítico 7 . Adicionalmente, o método<br />
antropométrico per se<br />
para a <strong>de</strong>terminação do real estado nutricional 9 .<br />
Dessa forma, foi <strong>de</strong>senvolvida a Mini Avaliação Nutricional<br />
(MAN), uma escala simples e <strong>de</strong> fácil uso para avaliação da popu-<br />
<br />
antropométrica. Sua aplicação po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a presença <strong>de</strong><br />
Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini Avaliação Nutricional<br />
RESUmEn<br />
objetivos: Evaluar el estado nutricional <strong>de</strong> los mayores hospitalizados y su relación con<br />
el sexo, la edad y el principal diagnóstico <strong>de</strong> la admisión. métodos: Fueron evaluados 98<br />
<br />
Nutricional. Los datos fueron expresos en las frecuencias medias y (con el <strong>de</strong>svío medio).<br />
<br />
<br />
Resultados: Las causas principales <strong>de</strong> la internación<br />
fueron las enfermeda<strong>de</strong>s cardiorespiratorias (25,51%), enfermeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l dispositivo<br />
<br />
nutricional, un 2/3 (dos tercios) <strong>de</strong> la población presento riesgo <strong>de</strong> la <strong>de</strong>snutrición y <strong>de</strong> la<br />
<br />
<br />
<br />
lesiones y causa externas (30%) y entre los pacientes con el riesgo <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición y los<br />
<strong>de</strong>snutridos había sido las enfermeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l dispositivo circulatorio (35,29% y 20,59%,<br />
respectivamente). Conclusión: Hubo predominio <strong>de</strong> mayores <strong>de</strong>snutridos o con el riesgo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición, in<strong>de</strong>pendiente <strong>de</strong>l sexo; relación directa entre el riesgo <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición y<br />
<br />
nutricional en enfermeda<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>l curso crónico.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />
185<br />
<strong>de</strong>snutrição e o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>snutrição entre pacientes<br />
idosos, mesmo antes que as alterações clínicas se manifestem 10 .<br />
Este trabalho teve como objetivo avaliar o estado nutricional<br />
<strong>de</strong> pacientes idosos hospitalizados e sua relação com sexo, faixa<br />
<br />
MÉTODOS<br />
cias<br />
da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia, Goiás, em que foram avaliados 98<br />
<br />
anos. A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada entre os meses <strong>de</strong> fevereiro<br />
a abril <strong>de</strong> 2007, após a aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa<br />
da Instituição.<br />
Foram excluídos do estudo pacientes com incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
respon<strong>de</strong>r as questões da MAN e sem acompanhantes ou que<br />
<br />
internados em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva (UTI).<br />
Para a coleta <strong>de</strong> dados foi utilizada a MAN 10 , sendo os dados<br />
coletados em até 72 horas após a internação. O questionário da<br />
rias:<br />
antropometria (peso, altura, circunferências do braço e da<br />
<br />
medicação e mobilida<strong>de</strong>); dieta (relativas ao número <strong>de</strong> refeições,<br />
<br />
auto-avaliação (da saú<strong>de</strong> e nutrição). Cada resposta recebe um<br />
<br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição e, abaixo <strong>de</strong> 17, <strong>de</strong>snutrição 10 .<br />
<br />
(distribuídos nas faixas etárias <strong>de</strong> 60 a 69 anos; 70 a 79 anos e<br />
<br />
<br />
Estatística Internacional <strong>de</strong> Doenças e Problemas Relacionados à<br />
Saú<strong>de</strong> (CID 10) 11 <br />
frequentemente relatados. Em <strong>de</strong>corrência do número reduzido <strong>de</strong>
tornos<br />
mentais e comportamentais; doenças dos olhos e anexos;<br />
do sistema osteoarticular e tecido conjuntivo foram apresentadas<br />
<br />
Os dados antropométricos coletados foram o peso, o comprimento<br />
do joelho e as circunferências do braço e da panturrilha. O<br />
<br />
<br />
12 . Para os pacientes imobilizados,<br />
o peso foi estimado a partir <strong>de</strong> fórmula proposta por Chumlea et al. 13 .<br />
Para a avaliação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma, foi utilizada a técnica<br />
14 <br />
<br />
<br />
Gibson 15 . Para a aferição da circunferência braquial e circunferência<br />
12<br />
16 , respectivamente.<br />
A estatura foi obtida com auxílio da fórmula <strong>de</strong> Chumlea et<br />
al. 17 . Para a <strong>de</strong>terminação do IMC, calculou-se a razão entre o<br />
sentado<br />
por Lipschitz 18 .<br />
O processamento <strong>de</strong> dados e as análises foram realizados<br />
com auxílio do aplicativo Statistical Software for Professional<br />
(STATA), versão 7.0. As análises estatísticas foram realizadas por<br />
sexo, sendo os resultados expressos em frequências e médias com<br />
<br />
o teste do qui-quadrado e teste exato <strong>de</strong> Fischer, consi<strong>de</strong>rando<br />
<br />
Albuquerque MFB<br />
Variáveis Sexo<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />
186<br />
RESULTADOS<br />
-<br />
<br />
Tabela 1.<br />
A amostra estudada foi composta por 98 idosos, com média<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 71,6 (± 8,5) anos, sendo 67 (68,4%) homens e 31<br />
(31,6%) mulheres. A maior parte dos idosos (52,2%) apresen-<br />
<br />
maior frequência (48,4%) na faixa etária entre 70 aos 79 anos,<br />
sem diferenças entre os sexos (Tabela 1). Dentre as principais<br />
causas <strong>de</strong> internação <strong>de</strong>stacam-se as doenças cardiorespiratórias<br />
<br />
causas externas (17,3%), para homens e mulheres, sem diferença<br />
<br />
<br />
2/3 (dois terços) da população estudada apresentou risco <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>snutrição e <strong>de</strong>snutrição. Observou-se para os homens a mesma<br />
frequência <strong>de</strong> pacientes nutridos e <strong>de</strong>snutridos (34,3% cada) e<br />
<br />
foi a mais frequente. Na análise estatística, não foi observada<br />
<br />
Nas Tabelas 2 e 3, são apresentados os resultados da avaliação<br />
<br />
maior percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutridos nos indivíduos com ida<strong>de</strong><br />
<br />
<br />
<strong>de</strong> acordo com a faixa etária apresentou diferença estatisticamente<br />
<br />
tabela 1.<br />
Ida<strong>de</strong><br />
Homens mulheres total<br />
(n=67) (n=31) P (n=98<br />
n % n % n %<br />
35 52,2 12 38,7 0,14 47 48<br />
70 a 79 anos 18 26,9 15 48,4 33 33,7<br />
14 20,9 4 12,9 18 18,3<br />
Diagnósticos 1<br />
Doenças do aparelho circulatório 18 26,9 7 22,6 0,96 25 25,5<br />
Doenças do aparelho digestivo 12 17,9 7 22,6 19 19,4<br />
Causas externas 2 12 17,9 5 16,1 17 17,3<br />
Transtornos endócrinos, nutricionais e metabólicos 5 7,4 3 9,7 8 8,2<br />
20 29,9 9 29,0 29 29,6<br />
Estado nutricional *<br />
Nutrido 23 34,3 7 22,6 0,44* 30 30,6<br />
Risco <strong>de</strong> Desnutrição 21 31,4 13 41,9 34 34,7<br />
Desnutrido 23 3,4,3 11 35,5 34 34,7<br />
<br />
* Valor p do teste exato <strong>de</strong> Fisher ** Valor p do qui quadrado.
DISCUSSÃO<br />
Neste estudo, observou-se uma alta frequência <strong>de</strong> homens e<br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição foi maior para as mulheres. Assim como em outros<br />
estudos, a relação entre estado nutricional e sexo não apresentou<br />
19-23 . Diversos estudos têm encontrado altas<br />
frequências <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição ou <strong>de</strong>snutrição em idosos<br />
<br />
50% 20,21,24,25 <br />
estado nutricional não são padronizados, po<strong>de</strong>ndo levar à interferência<br />
na comparação entre os resultados.<br />
Em referência à relação entre ida<strong>de</strong> e estado nutricional,<br />
19 , Azevedo et al. 22 e Paula et al. 23 observaram<br />
maiores frequências <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutridos ou risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição em<br />
idosos com ida<strong>de</strong> mais avançada. Dados da Pesquisa Nacional<br />
sobre Saú<strong>de</strong> e <strong>Nutrição</strong> (PNSN) 26 , apontam para um aumento<br />
Estado nutricional <strong>de</strong> idosos hospitalizados por meio da Mini Avaliação Nutricional<br />
Estado nutricional<br />
Faixa etária nutrido Risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição Desnutrição Valor p*<br />
n % n % n %<br />
<br />
70 – 79 anos 5 27,8 9 50 4 22,2 0,07<br />
<br />
* p teste exato <strong>de</strong> Fisher<br />
Faixa etária<br />
<br />
70 – 79 anos<br />
<br />
tabela 2. Distribuição do estado nutricional por faixa etária, homens, Goiânia, 2007.<br />
tabela 3. Distribuição do estado nutricional por faixa etária, mulheres, Goiânia, 2007<br />
Estado nutricional<br />
nutrido Risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição Desnutrição<br />
n % n % n %<br />
1<br />
6<br />
0<br />
8,3<br />
40,0<br />
00,0<br />
8<br />
5<br />
0<br />
66,7<br />
33,3<br />
00,0<br />
tabela 4. Distribuição do estado nutricional <strong>de</strong> acordo diagnóstico principal.<br />
Diagnóstico <strong>de</strong> internação 1 nutridos<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />
187<br />
3<br />
4<br />
4<br />
25,0<br />
26,7<br />
100<br />
Valor p*<br />
0,02<br />
Risco <strong>de</strong><br />
Desnutrição Desnutridos<br />
n % n % n %<br />
Doenças do aparelho circulatório 6 20,0 12 35,3 7 20,6<br />
Doenças do aparelho digestivo 8 26,7 7 20,6 4 11,8<br />
Causas externas 2 9 30,0 6 17,6 2 6,0<br />
Transtornos endócrinos, nutricionais e metabólicos 0 0,0 4 11,8 4 11,8<br />
7 23,3 5 14,7 17 50,0<br />
Total 30 100,0 34 100,0 34 100,0<br />
1 Diagnóstico segundo CID 10 11 . 2 <br />
<br />
frequente em mulheres. De forma semelhante, este estudo<br />
observou um maior comprometimento do estado nutricional com<br />
<br />
Otero et al. 27 <br />
mais relacionado à mortalida<strong>de</strong> do que o excesso <strong>de</strong> peso.<br />
O aumento da <strong>de</strong>snutrição com o avanço da ida<strong>de</strong> se relaciona<br />
<br />
<br />
uso <strong>de</strong> sonda alimentar; assim como em <strong>de</strong>corrência da situação<br />
28 . Estes<br />
<br />
nas situações nas quais ocorre o aumento das necessida<strong>de</strong>s nutri-<br />
29 .
as principais causas <strong>de</strong> internação observadas para a população<br />
idosa estudada, sendo este achado corroborado por diversos<br />
estudos e pelo Sistema <strong>de</strong> Informações Hospitalares (SIH-SUS).<br />
30 , em análise dos dados do SIH-SUS,<br />
tendo como referência o ano <strong>de</strong> 2001, as doenças dos aparelhos<br />
damente<br />
60% das causas <strong>de</strong> internação. Resultados semelhantes<br />
foram encontrados por Siqueira et al. 31 , no qual as doenças do<br />
aparelho circulatório (60,6%) foram as mais frequentes causas<br />
<br />
doenças do aparelho respiratório (33,0%). Amaral et al. 32 , em<br />
estudo com idosos hospitalizados no Rio <strong>de</strong> Janeiro, observaram<br />
como principal causa <strong>de</strong> internação as doenças do aparelho circu-<br />
<br />
<br />
<br />
estado nutricional, observou-se que os pacientes com <strong>de</strong>snutrição e<br />
risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição tiveram como principal causa <strong>de</strong> internação as<br />
doenças do aparelho circulatório. Já os pacientes nutridos, em sua<br />
tico.<br />
Este resultado po<strong>de</strong> estar relacionado ao fato <strong>de</strong> que os idosos<br />
<br />
33 , ao passo que lesões<br />
<br />
diretamente a comprometimento do estado nutricional prévio.<br />
Okoshi et al. 34 e Dourado et al. 35 <br />
ratória,<br />
uma menor assimilação <strong>de</strong> nutrientes; um aumento das<br />
necessida<strong>de</strong>s nutricionais e da produção <strong>de</strong> citocinas (levando<br />
<br />
<br />
CONCLUSÃO<br />
Diante do exposto, conclui-se que na população estudada houve<br />
um predomínio <strong>de</strong> idosos <strong>de</strong>snutridos ou em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo. Em relação à ida<strong>de</strong>, observa-se relação direta<br />
entre risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e faixa etária mais avançada, entretanto<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
fatores causais e estado nutricional atual.<br />
AgRADECIMENTO<br />
in memorian), nutricio-<br />
<br />
o reconhecimento pela atuação e contribuição na pesquisa em<br />
<strong>Nutrição</strong> Clínica.<br />
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Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 184-8<br />
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cardíaca. Rev Bras Med. 2001;58(10):742-49.
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />
Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em<br />
adolescentes<br />
Alimentary periodic compulsion and alteration of the corporal image in adolescents<br />
Compulsão regular <strong>de</strong> la alimentación y la distorsión <strong>de</strong> la imagen corporal en adolescentes<br />
Unitermos<br />
Obesida<strong>de</strong>. Distúrbio alimentar. Disfunção alimentar.<br />
Imagem corporal<br />
Key words:<br />
Obesity. Upheaval alimentay. Riot alimentay. Image<br />
body.<br />
Unitérminos<br />
Obesidad. Disturbio alimentar. Disfunción alimentar.<br />
Imagen corporal.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Av. Caçapava 136 Apt. 16, Bairro Petrópolis, Porto<br />
Alegre – RS, CEP: 90460130<br />
Telefone: (51) 33326360<br />
E-mail: marizinhamota@hotmail.com<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 14/05/2008<br />
Aceito para publicação: 05/03/2009<br />
1 - Graduada em <strong>Nutrição</strong> pelo Centro Universitário <strong>de</strong><br />
Maringá – CESUMAR<br />
2 - Mestre em Ciências da saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Maringá – UEM<br />
RESUMO<br />
Introdução: Atualmente, é nítido o aumento da prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> transtornos<br />
alimentares em adolescentes. A obesida<strong>de</strong> ou excesso <strong>de</strong> gordura corporal é comprovadamente<br />
fator <strong>de</strong> risco para saú<strong>de</strong> humana. Objetivo:<br />
alimentar periódica e alteração da imagem corporal em adolescentes <strong>de</strong> uma escola particular<br />
<strong>de</strong> um município do Norte do Paraná. Método: Os adolescentes foram divididos em dois<br />
tionários<br />
constituídos por informações sobre: hábitos alimentares e auto-relato relacionado à<br />
imagem corporal. Além disso, os adolescentes foram submetidos à aferição do peso, com o<br />
<br />
Resultados:<br />
uma maior tendência a <strong>de</strong>senvolver compulsão alimentar (30,77%) e distorção da imagem<br />
<br />
(20% para compulsão alimentar e 20% para distorção da imagem corporal). Conclusão: A<br />
análise percentual indicou a existência <strong>de</strong> diferenças em relação à insatisfação corporal entre<br />
<br />
ABSTRACT<br />
Background: Currently the increase of the prevalence of obesity is clear and of alimentary<br />
upheavals in adolescents, the obesity or excess of corporal fat is proven factor of risk for health<br />
human being. Objective: To i<strong>de</strong>ntify to the prevalence of alimentary periodic compulsion and<br />
alteration of the corporal image in adolescents of a public school of a City of the North of the<br />
Paraná. Method: <br />
<br />
on: alimentary habits and auto-story related to the corporal image. Moreover, the adolescents<br />
had been submitted to the gauging of the weight, with the aid of the scale and stature with<br />
metric ribbon, for <strong>de</strong>termination of its nutritional state. Results: Female adolescents who have<br />
overweight and obesity have a greater ten<strong>de</strong>ncy to <strong>de</strong>velop compulsion food (30.77%) and<br />
<br />
to compulsion food and 20% for distortion of body image). Conclusion: Percentile analysis<br />
<br />
being that in the feminine sex it has a bigger concern with the beauty standards.<br />
RESUMEN<br />
Introdución: Actualmente el aumento <strong>de</strong> la presencia constante <strong>de</strong> la obesidad y <strong>de</strong> los<br />
trastornos alimentares en adolescentes es concretamente notable. La obesidad, o el exceso<br />
<strong>de</strong> gordura en el cuerpo, es comprobadamente factor <strong>de</strong> riesgo para la salud humana.<br />
Objetivo:<br />
<strong>de</strong> la imagen corporal en adolescentes <strong>de</strong> una escuela privada <strong>de</strong> un distrito <strong>de</strong>l norte<br />
<strong>de</strong> Paraná. Métodos:<br />
2 - sobrepesos y obesos. Los datos fueron obtenidos por intermedio <strong>de</strong> cuestionarios<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
189<br />
Nayara Mocci Ciorlin 1<br />
Vanessa Taís Nozaki 2
INTRODUÇÃO<br />
Dados recentes comprovam o aumento da prevalência<br />
<strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> transtornos alimentares em adolescentes.<br />
Wang et al., citados por Conti et al. 1 , estudaram a tendência <strong>de</strong><br />
obesida<strong>de</strong> e baixo peso em crianças e adolescentes, constatando<br />
<br />
a prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> entre jovens aumentou em 8,9% no<br />
período <strong>de</strong> 1974 a 1997.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do gênero, os adolescentes se preocupam<br />
com o peso corporal e aparência. Almeida et al. 2 apontam que essa<br />
preocupação po<strong>de</strong> estar relacionada aos transtornos alimentares<br />
e à obesida<strong>de</strong>. Hábitos alimentares ina<strong>de</strong>quados, associados a<br />
doenças, constituem potenciais problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />
Com o aumento da prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> e transtornos<br />
alimentares em adolescentes, estudos sobre este assunto po<strong>de</strong>rão<br />
ajudar na conscientização e no aprendizado da importância <strong>de</strong><br />
se ter uma alimentação a<strong>de</strong>quada.<br />
Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que<br />
atingem na maioria das vezes adolescentes e adultos jovens do<br />
sexo feminino, po<strong>de</strong>m causar prejuízos biológicos e psicológicos<br />
e aumentar o índice <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> 3 . Apesar dos<br />
transtornos alimentares serem doenças psiquiátricas, eles estão<br />
<br />
taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre 5 a 15% 4 .<br />
Os transtornos alimentares são constituídos por um conjunto<br />
<strong>de</strong> fatores em interação, que envolvem componentes biológicos,<br />
psicológicos, familiar e sócio-culturais 5 . Sobreira 6 <strong>de</strong>staca que<br />
os transtornos alimentares po<strong>de</strong>m ocorrer em associação com<br />
vários transtornos psiquiátricos e clínicos: anorexia nervosa,<br />
bulimia nervosa, transtornos <strong>de</strong>pressivos, obesida<strong>de</strong>, diabetes etc.<br />
Os principais fatores que acentuam os transtornos do<br />
comportamento alimentar são os fatores culturais, que <strong>de</strong>sen-<br />
<br />
<br />
transtornos apresentam em comum a característica relacionada<br />
à preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, que<br />
exacerba medo mórbido <strong>de</strong> engordar 7 .<br />
<br />
<br />
pela ingestão <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comida em um<br />
pequeno intervalo <strong>de</strong> tempo com sensação <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle<br />
sobre o que ou quanto se come 8 .<br />
<br />
um diagnóstico encontrado frequentemente neste grupo, principalmente<br />
naqueles indivíduos que realizam tratamento para a perda <strong>de</strong><br />
Nayara Mocci Ciorlin 1<br />
con informaciones acerca <strong>de</strong> sus hábitos alimentares y un auto-informe sobre la imagen<br />
corporal. A<strong>de</strong>más, los adolescentes fueron sometidos a la evaluación <strong>de</strong> peso, con la<br />
ayuda <strong>de</strong> una báscula y <strong>de</strong> la estatura, con una cinta métrica, para la <strong>de</strong>terminación <strong>de</strong><br />
sus estados <strong>de</strong> nutrición. Resultados:<br />
la obesidad tienen una mayor ten<strong>de</strong>ncia a <strong>de</strong>sarrollar la obligación <strong>de</strong> alimentos (30,77%)<br />
<br />
<br />
imagen corporal). Conclusión: El análisis <strong>de</strong>l porcentaje indicó la existencia <strong>de</strong> diferencias<br />
<br />
una mayor preocupación con los padrones <strong>de</strong> belleza.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
190<br />
<br />
geral po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 1,5% a 5%, em amostras clínicas <strong>de</strong> pacientes<br />
<br />
com compulsão alimentar usualmente evi<strong>de</strong>nciam uma elevação<br />
maior do que a esperada em relação às taxas <strong>de</strong> psicopatologia<br />
alimentar, ou seja, perturbação da imagem corporal 9 .<br />
Cash (1993), citado por Almeida et al. 2 , diz que a imagem<br />
<br />
aparência e o funcionamento do seu corpo. Segundo o autor, o<br />
<strong>de</strong>scontentamento relacionado ao peso, que muitas vezes leva<br />
a uma imagem corporal negativa, vem <strong>de</strong> uma ênfase cultural<br />
na magreza e estigma social da obesida<strong>de</strong>.<br />
2 , <strong>de</strong>stacaram<br />
dois aspectos relativos à imagem corporal: insatisfação e<br />
distorção da imagem corporal. Quanto à insatisfação, os autores<br />
<br />
que em relação à distorção, embora associada à obesida<strong>de</strong>, os<br />
dados não têm se mostrado consistentes.<br />
<br />
em adolescentes, caracterizados tanto pelo excesso, quanto<br />
<br />
dia cresce o número <strong>de</strong> adolescentes com hábitos alimentares<br />
ina<strong>de</strong>quados, com obesida<strong>de</strong> e transtornos alimentares.<br />
A distorção da imagem corporal, ou seja, superestimar<br />
ou subestimar o tamanho e/ou forma do corpo, não constitui<br />
característica particular <strong>de</strong> adolescentes que <strong>de</strong>senvolvem<br />
algum tipo <strong>de</strong> transtorno alimentar, uma vez que se torna mais<br />
presente na dinâmica vivencial dos indivíduos <strong>de</strong>ssa faixa etária.<br />
<br />
<br />
e felicida<strong>de</strong>, estão entre as causas da alteração da percepção<br />
da imagem corporal, gerando insatisfação, em especial para<br />
indivíduos do sexo feminino 1 .<br />
A relação entre a imagem corporal e o Índice <strong>de</strong> Massa<br />
<br />
algum tipo <strong>de</strong> distúrbio alimentar. Consi<strong>de</strong>rando as consequências<br />
adversas <strong>de</strong>correntes dos transtornos alimentares, bem como<br />
meter<br />
com os aspectos curativos voltados ao tratamento, mas<br />
<br />
outros adolescentes possam <strong>de</strong>senvolver quadros semelhantes 1 .<br />
Diante do exposto, acredita-se que i<strong>de</strong>ntificar fatores<br />
<br />
<br />
a<strong>de</strong>quadas a evitar ou diminuir a transtornos alimentares. Dessa
compulsão periódica alimentar e alteração da imagem corporal<br />
<br />
<br />
do Paraná.<br />
MÉTODOS<br />
A casuística da investigação foi composta <strong>de</strong> 168 adoles-<br />
<br />
Paraná. Segundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), a<br />
adolescência correspon<strong>de</strong> faixa etária <strong>de</strong> 11 a 19 anos.<br />
Os sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos,<br />
<br />
<br />
sobre: hábitos alimentares e auto-relato relacionado à imagem<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
IMC, segundo os parâmetros <strong>de</strong> Must (1991), e os pontos <strong>de</strong><br />
corte adotados foram:<br />
< P5 baixo peso, P³ 5 I P15 risco para baixo peso, P³15 I P85<br />
<br />
A avaliação dos hábitos alimentares foi realizada por meio<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
abaixo:<br />
- Menor ou igual 17 = normal<br />
<br />
(<strong>de</strong> nada a muito)<br />
- 30 ou mais = Compulsão Alimentar Periódica<br />
A distorção da imagem corporal foi avaliada segundo o Teste<br />
<br />
sobre auto-relato relacionado à imagem corporal 12 .<br />
RESULTADOS<br />
A amostra apresentava 104 meninas e 64 meninos, nos quais<br />
<br />
Figura 1 – Distribuição da amostra segundo o índice <strong>de</strong> massa corpórea e<br />
gênero.<br />
Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
191<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
o grau <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> dos indivíduos, sendo calculado dividindo<br />
o peso pela altura ao quadrado. A amostra analisada foi avaliada<br />
quanto ao IMC, como apresentado na Figura 1.<br />
FIgURA 1<br />
A análise da Figura 1 possibilita observar que, em relação<br />
<br />
aproximadamente 72%, quando comparados ao valor <strong>de</strong> aproximadamente<br />
71% dos meninos. Outro dado importante foi o do<br />
risco para o baixo peso. As meninas apresentaram em torno <strong>de</strong><br />
15%, enquanto que os meninos apresentaram aproximadamente<br />
9% <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> baixo peso. Outro parâmetro analisado foi o da<br />
obesida<strong>de</strong>, que apresentou um predomínio no sexo masculino<br />
15%, quando comparada ao sexo feminino, que apresentou<br />
aproximadamente 7%.<br />
Outro parâmetro analisado foi à compulsão alimentar,<br />
que representa um transtorno alimentar, caracterizado pelo<br />
excesso alimentar acompanhado <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle. A Figura<br />
2 compara os valores referentes à compulsão alimentar em<br />
<br />
FIgURA 2<br />
<br />
<br />
compulsão grave. É possível observar que as meninas, tanto<br />
<br />
tendência a apresentarem compulsão alimentar periódica do que<br />
<br />
<br />
têm maiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> não apresentarem compulsão<br />
<br />
A Tabela 1 sintetiza a análise <strong>de</strong>scritiva da compulsão<br />
alimentar nos adolescentes avaliados, apresentando o número,<br />
<br />
Tabela 1<br />
<br />
Figura 2 – Distribuição da amostra segundo a compulsão alimentar e sexo
Nayara Mocci Ciorlin 1<br />
Tabela 1 - Análise Descritiva dos adolescentes segundo os resultados <strong>de</strong> Compulsão Alimentar Periódica<br />
COMPULSÃO N Média Mínimo Máximo Desv.Padrão<br />
75 11,50667 0,000000 27,00000 6,350938<br />
Fem_Obesas 13 15,30769 0,000000 25,00000 5,691875<br />
45 5,57778 0,000000 24,00000 5,096741<br />
Masc_Obesos 13 8,30769 0,000000 21,00000 5,633007<br />
Fem = Feminino<br />
Masc = Masculino<br />
Figura 3 – Distribuição da amostra segundo a distorção da imagem corporal<br />
e sexo.<br />
<br />
meninas obesas 15,30 (± 5,69).<br />
A imagem corporal <strong>de</strong> uma maneira geral está relacionada à<br />
forma com que o indivíduo se percebe e se sente em relação ao<br />
<br />
grau <strong>de</strong> distorção da imagem corporal dos adolescentes, como<br />
<strong>de</strong>monstrado na Figura 3.<br />
Figura 3<br />
A análise percentual indicou a existência <strong>de</strong> diferenças em<br />
relação à Insatisfação Corporal entre gêneros, sendo que os<br />
meninos obesos apresentam 15,38% <strong>de</strong> distorção da imagem<br />
<br />
em contrapartida, as meninas obesas apresentam 38,46%<br />
<strong>de</strong> distorção da imagem corporal, enquanto as meninas<br />
<br />
observa-se que os meninos apresentam pouquíssima chance<br />
<br />
<br />
23% obesas) <strong>de</strong> manifestar distorção leve, como apresentado<br />
na Figura 3.<br />
A Tabela 2 sintetiza a relação entre os parâmetros analisados,<br />
que caracterizaram a análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para<br />
os gêneros estudados. Observa-se que o peso <strong>de</strong> ambos os<br />
<br />
Stu<strong>de</strong>nt, como<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
192<br />
<br />
meninos obesos, como visualizados na Tabela 2.<br />
Tabela 2<br />
<br />
valor mínimo, máximo e <strong>de</strong>svio padrão dos dados referentes à<br />
<br />
los segundo os parâmetros <strong>de</strong>scritos.<br />
Tabela 3<br />
A Tabela 3 mostra um número <strong>de</strong> 75 adolescentes do sexo<br />
<br />
<br />
característica a ser abordada refere-se à igualda<strong>de</strong> do número<br />
<strong>de</strong> adolescentes <strong>de</strong> ambos os gêneros obesos, contudo esses<br />
apresentam valor mínimo com diferença expressiva para o teste<br />
<strong>de</strong> imagem corporal, <strong>de</strong> 42 para as meninas obesas e <strong>de</strong> 34 para<br />
<br />
valores, como observado na Tabela 3.<br />
Tabela 4<br />
A Tabela 4 apresenta os valores apresentados a partir da<br />
aplicação do teste T Stu<strong>de</strong>nt, <strong>de</strong>ssa forma observa-se que apenas<br />
a relação entre a distorção da imagem em meninos obesos<br />
<br />
<br />
Stu<strong>de</strong>nt, como observado na Tabela 4.<br />
A Tabela 5 sintetiza os dados referentes ao Teste T Stu<strong>de</strong>nt para<br />
a compulsão correlacionada aos gêneros. A análise da Tabela 5<br />
<strong>de</strong>monstra que somente quando comparada a relação entre meninos<br />
-<br />
<br />
Tabela 5<br />
DISCUSSÃO<br />
Com base na análise dos dados obtidos neste estudo, foi<br />
possível perceber que adolescentes do sexo feminino apresentam<br />
<strong>de</strong> uma maneira geral maior tendência a <strong>de</strong>senvolver compulsão<br />
alimentar e distorção da imagem corporal, quando comparadas<br />
aos adolescentes do sexo masculino, que apresentam alta probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> não apresentar compulsão alimentar e distorção <strong>de</strong><br />
imagem corporal.
Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />
Tabela 2 – Análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para a caracterização dos gêneros<br />
Relação P<br />
0,011204<br />
0,837927<br />
0,063737<br />
0,000093<br />
0,058996<br />
0,000004<br />
<br />
Tabela 3 - Análise <strong>de</strong>scritiva dos adolescentes segundo os resultados <strong>de</strong> imagem corporal<br />
IMAGEM N Média Mínimo Máximo Desv.Padrão<br />
75 85,53333 39,00000 173,0000 28,56445<br />
Fem_Obesas 13 90,92308 42,00000 151,0000 34,37407<br />
45 43,80000 34,00000 125,0000 14,43575<br />
Masc_Obesos 13 66,23077 34,00000 150,0000 35,39104<br />
Fem = Feminino<br />
Masc = Masculino<br />
<br />
<br />
alimentares utilizando testes com indivíduos <strong>de</strong> várias ida<strong>de</strong>s,<br />
inclusive em adolescentes 13 , objetivando avaliar suas condutas<br />
14 .<br />
Russo 15 -<br />
<br />
Tabela 4 - Análise estatística do teste T Stu<strong>de</strong>nt para a Imagem<br />
Relação da distorção <strong>de</strong> imagem P<br />
0,000000<br />
0,543931<br />
0,083713<br />
0,001151<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
193<br />
da aplicação <strong>de</strong> questionários coletivos. As análises se voltaram<br />
para os questionamentos a respeito da preocupação com corpo<br />
dos estudantes pesquisados. Os resultados indicaram existência<br />
<strong>de</strong> diferenças em relação à insatisfação corporal entre gêneros,<br />
<br />
formas como: medo <strong>de</strong> ganhar peso, sensibilida<strong>de</strong> expressa por<br />
pensamentos aliados a um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> emagrecer.
Vários estudos <strong>de</strong>monstram essa preocupação acentuada<br />
pela busca do corpo perfeito 16, 17 , que na maioria das vezes<br />
se acentua no sexo feminino, como comprovado no presente<br />
estudo, <strong>de</strong> acordo com os dados <strong>de</strong>scritos nos resultados. Dessa<br />
forma, Andra<strong>de</strong> et al. 18 <strong>de</strong>stacam que o processo <strong>de</strong> globalização,<br />
<br />
homem do seu centro <strong>de</strong> referência cultural. A insatisfação com<br />
a imagem corporal, entre outros fenômenos, explica o processo<br />
que coloca a mulher em uma busca incessante pela beleza 19 .<br />
<br />
maioria das pessoas, que avaliam seus corpos pela interação com<br />
<br />
continuamente durante a vida inteira, mas as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m social ofuscam as necessida<strong>de</strong>s individuais. Cultural-<br />
<br />
se fazem <strong>de</strong>le. Se a imagem dominante, valorizada socialmente,<br />
for <strong>de</strong> uma pessoa magra, emagrecer será o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> todos.<br />
Aqueles que não conseguem chegar a este padrão <strong>de</strong>sejado<br />
sofrem muito 20 <br />
a auto-imagem, principalmente das mulheres, que se sentem<br />
obrigadas a ter um corpo magro, atrativo, em forma e jovem 21 .<br />
Siqueira, et al. 22 avaliaram 2.855 indivíduos <strong>de</strong> uma amostra<br />
<strong>de</strong> conveniência (usuários <strong>de</strong> shopping centers <strong>de</strong> cinco cida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras) e observaram uma prevalência <strong>de</strong> compulsão<br />
<br />
<br />
e 6,6% em mulheres com sobrepeso e obesida<strong>de</strong>.<br />
Um estudo realizado com universitárias <strong>de</strong> uma instituição<br />
privada <strong>de</strong> São Leopoldo (RS), mostrou que as universitárias<br />
com IMC superior a 25Kg/m 2 apresenta mais compulsão<br />
alimentar periódica do que as universitárias com IMC inferior<br />
a 25Kg/m 2 , já que os resultados foram 54,5% para excesso <strong>de</strong><br />
peso e obesida<strong>de</strong> enquanto o mesmo só ocorreu para 13,4%<br />
23 .<br />
Triches et al. 24 <br />
ao <strong>de</strong>ste estudo. Avaliaram a insatisfação corporal em escolares<br />
em dois municípios do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e constataram que<br />
as crianças mais insatisfeitas são as que apresentam risco para<br />
obesida<strong>de</strong> e obesida<strong>de</strong>.<br />
<br />
nais<br />
estimuladas pela busca do corpo perfeito A vigorexia, mais<br />
comum em homens, se caracteriza por uma preocupação exces-<br />
<br />
Nayara Mocci Ciorlin 1<br />
Tabela 5 – Análise <strong>de</strong>scritiva do Teste T Stu<strong>de</strong>nt para a compulsão<br />
Relação entre os gêneros P<br />
0,000001<br />
0,046487<br />
0,004316<br />
0,102086<br />
.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
194<br />
musculosos, passando horas na aca<strong>de</strong>mia se exercitando, e<br />
ticos<br />
25-27 . O transtorno da compulsão alimentar periódica e o<br />
transtorno obsessivo-compulsivo foi relatado por Papelbaum<br />
e Appolinário 26 , que abordam a relação <strong>de</strong>sse distúrbio em<br />
homens, <strong>de</strong>monstrando o <strong>de</strong>scontrole compulsivo pela ingestão<br />
<strong>de</strong> alimentos, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> problemas psicológicos semelhantes<br />
aos mesmos efeitos apresentados em mulheres.<br />
A evolução do diagnóstico e tratamento para transtornos<br />
<br />
funcionamento mental dos pacientes e das <strong>de</strong>scobertas<br />
terapêuticas que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong>ssa compreensão. Gorati et al. 28<br />
sugerem que a psicoterapia representa uma proposta <strong>de</strong><br />
tratamento para pacientes com transtorno alimentar, que tem<br />
como objetivo recuperar e fortalecer a auto-estima e auxiliar<br />
<br />
da consciência.<br />
A busca do corpo perfeito está gerando excessos e preocu-<br />
<br />
<br />
mais no sentido <strong>de</strong> orientação e promoção da saú<strong>de</strong> incentivando<br />
uma alimentação saudável e uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
CONCLUSÃO<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento do presente estudo possibilitou concluir<br />
que a compulsão alimentar está relacionada às diferenças em<br />
relação à insatisfação corporal entre gêneros, sendo que no sexo<br />
<br />
<br />
socialmente conceituados.<br />
<br />
maneira geral com que o indivíduo se percebe e se sente em<br />
relação ao seu próprio corpo, foi acentuadamente maior no<br />
sexo feminino.<br />
<br />
vítima da compulsão alimentar periódica e da distorção da<br />
imagem corporal, são as pessoas que se encontram em excesso<br />
<strong>de</strong> peso e obesida<strong>de</strong>. Hoje em dia, esses problemas já não<br />
são mais raros em homens, mas o número <strong>de</strong> mulheres com<br />
compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal<br />
<br />
AgRADECIMENTOS<br />
Agra<strong>de</strong>ço a Deus pelo dom da vida, e pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>
usufruir <strong>de</strong>sse dom com saú<strong>de</strong> e dignida<strong>de</strong>, para po<strong>de</strong>r concluir<br />
mais essa etapa da minha vida.<br />
Aos meus pais, irmãos, namorado e familiares, por sempre<br />
acreditar em mim.<br />
<br />
disposição e por me auxiliar sempre que precisei.<br />
Aos meus amigos, pela amiza<strong>de</strong> sincera e pela força.<br />
À minha amiga Danieli, por ter me ajudado na coleta <strong>de</strong><br />
dados.<br />
À minha tia Dori, pela ajuda e disposição.<br />
REFERÊNCIAS<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
.<br />
<br />
. 10 a ed, São Paulo:<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Interdisciplinar da Obesida<strong>de</strong>, 2007.<br />
<br />
1997. 184p.<br />
; 33:284-92.<br />
<br />
<br />
.<br />
2 <br />
<br />
<br />
Compulsão alimentar periódica e distorção da imagem corporal em adolescentes<br />
Local <strong>de</strong> realização do trabalho: ???????????????????????????????????????????<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 189-95<br />
195<br />
<br />
<br />
Research, n. no prelo, 2006.<br />
13 Oliveira CL, Fisberg M. Obesida<strong>de</strong> na infância e adolescência: uma verda<strong>de</strong>ira<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
16 Montenegro Medina MA, Ornstein Letelier C, Tapia Ilabaca PA. Corpo e corporalida<strong>de</strong><br />
a partir da vivência feminina. Acta bioeth.<br />
17 Tavares, M.C.C. Imagem Corporal: Conceito e Desenvolvimento. São Paulo:<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
alimentares. <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
(acesso em 15/10/2007).<br />
<br />
<br />
Marzo, 1999.
<strong>Artigo</strong> Original<br />
Marília Alonso Mota<br />
Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo<br />
paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />
Subjective global assessment and patient-generated subjective global assessment in oncology: a compa-<br />
rative study<br />
Evaluación subjetiva global y evaluación subjetiva global producida por el paciente en oncologia: un estudio<br />
comparativo<br />
Unitermos<br />
Avaliação nutricional; Estado nutricional; Oncologia<br />
Key words:<br />
Nutritional Evaluation, Nutritional State, Oncology<br />
Unitérminos<br />
Evaluación nutricional; El estado nutricional; Oncologia.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Av. Caçapava 136 Apt. 16, Bairro Petrópolis, Porto<br />
Alegre – RS, CEP: 90460130<br />
Telefone: (51) 33326360<br />
E-mail: marizinhamota@hotmail.com<br />
Data <strong>de</strong> submissão: 05/05/2008<br />
Aceito para publicação: 20/01/2009<br />
1 - Nutricionista - PUCRS<br />
2 - Nutricionista, Especialista em Terapia Nutricional<br />
<strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/ SBNPE e Mestre em Gerontologia<br />
Biomédica/ PUCRS<br />
3 - Especialista em Terapia Nutricional <strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/<br />
SBNPE e Especialista em Terapia Nutricional<br />
<strong>Parenteral</strong> e <strong>Enteral</strong>/ PUCRS<br />
RESUMO<br />
Introdução:cional<br />
do paciente, possibilitando intervenção nutricional a<strong>de</strong>quada. A Avaliação Subjetiva<br />
Global Produzida Pelo Paciente (ASG-PPP) utiliza escores, com o objetivo <strong>de</strong> melhor rastrear<br />
o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes oncológicos. Objetivo: Comparar os resultados obtidos por<br />
meio da utilização da ASG e ASG-PPP. Métodos: A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada por meio<br />
da utilização <strong>de</strong> duas avaliações nutricionais: ASG e ASG-PPP, aplicadas em dias diferentes.<br />
<br />
estado nutricional, em: bem nutrido, mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<br />
e gravemente <strong>de</strong>snutrido. Resultados: Participaram do estudo 14 pacientes. Percebeu-se<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Conclusão: Os resultados obtidos nesse estudo piloto mostraram uma diferença entre as<br />
sário<br />
uma maior investigação e continuida<strong>de</strong> do presente estudo.<br />
ABSTRACT<br />
Introduction: The Subjective Global Assessment (SGA) has the objective to i<strong>de</strong>ntify the<br />
nutritional condition of the patient, allowing an a<strong>de</strong>quate nutritional intervention. The Patient-<br />
Generated Subjective Global Assessment (PG-SGA) utilizes scores, with the objective of<br />
better investigating the nutritional state of oncological patients. Objective: To compare the<br />
results gotten through the use of PG-SGA. Methods: The data collecting was gotten through<br />
the use of two nutritional evaluations: SGA and PG-SGA, applied on different days. In the<br />
<br />
condition, in: well-fed, mo<strong>de</strong>rately un<strong>de</strong>rfed or suspected of <strong>de</strong>ep un<strong>de</strong>rfeeding. Fourteen<br />
patients participated in the study. Results: <br />
to the ASG as well nourished and, according to the ASG-PPP, the ranking had changed to<br />
mo<strong>de</strong>rately malnourishment or suspected of malnutrition, but this difference in the nutritional<br />
<br />
<br />
<br />
necessity of an improvement of symptoms. Conclusions: The results obtained in this pilot<br />
study showed a difference among the nutritional evaluation applied, but, statistically, this<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
196<br />
Marília Alonso Mota 1<br />
Laura Labarthe <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> 1<br />
2<br />
Graciela D’Ambrosi 3
Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />
INTRODUÇÃO<br />
A incidência do câncer tem aumentado no Brasil nos<br />
últimos anos. Para 2020, estima-se 15 milhões <strong>de</strong> casos novos<br />
<strong>de</strong> pacientes oncológicos 1 . Em 2004, 13,7% dos óbitos registrados<br />
foram causados pelo câncer 2 . Sabe-se que os pacientes<br />
oncológicos têm uma alta prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, por ser<br />
uma doença hipermetabólica 3 . Assim, o diagnóstico nutricional<br />
precoce é <strong>de</strong> suma importância, pois diminui o número <strong>de</strong><br />
morbi-mortalida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> internação e, consequentemente,<br />
os custos dos hospitais 4,5 .<br />
<br />
estado nutricional, promovendo uma intervenção, a fim <strong>de</strong><br />
melhorar a saú<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente 6 . Vários<br />
métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional têm sido utilizados, caracterizando-se<br />
por utilizar métodos bioquímicos, antropometria, testes<br />
<strong>de</strong> avaliação clínica, e exames <strong>de</strong> avaliação corporal. No entanto,<br />
essas avaliações apresentam limitações, como a interação com<br />
a patologia, alto custo, entre outros. Com isso Baker et al. 7 e<br />
Detsky et al. 8 <strong>de</strong>senvolveram um padrão <strong>de</strong> avaliação nutricional<br />
chamado Avaliação Subjetiva Global (ASG), que se diferencia<br />
dos <strong>de</strong>mais métodos por ser <strong>de</strong> baixo custo, simples, po<strong>de</strong> ser<br />
aplicado na beira do leito e consi<strong>de</strong>ra também a avaliação clínica<br />
e história hospitalar 9 <br />
<strong>de</strong>vem ser previamente treinados para que os resultados sejam<br />
mais precisos, já que essa avaliação é subjetiva 4,9,10 .<br />
A ASG já é rotineira na maioria dos hospitais e é aplicada<br />
sito<br />
<strong>de</strong> diagnosticar o mais precocemente possível o estado<br />
nutricional do paciente 11 . Essa avaliação é um instrumento<br />
prático que obtém informações sobre a sintomatologia consi<strong>de</strong>rando<br />
aspectos da história clínica, exame físico e capacida<strong>de</strong><br />
difference is not expressive. A <strong>de</strong>eper investigation and the continuity of the present study<br />
are necessary.Evaluación subjetiva global y evaluación subjetiva global producida por el<br />
paciente en oncologia: un estudio comparativo<br />
RESUMEN<br />
Introducción: <br />
nutricional <strong>de</strong>l paciente, haciendo la intervención ajustada posible <strong>de</strong>l nutricional. La Evaluación<br />
Subjetiva Global Producida Por el Paciente (ESG-PPP) utiliza escores, con el objetivo<br />
<strong>de</strong> rastrear el estado nutricional <strong>de</strong> los pacientes oncológicos. Objetivo: El presente estudio<br />
tiene por objetivo comparar los resultados obtenidos por la utilización da ESG e ESG-PPP.<br />
Métodos: La coleta <strong>de</strong> dados fue realizada mediante la utilización <strong>de</strong> dos evaluaciones nutricionales:<br />
ESG e ESG-PPP, aplicadas en días distintos. En los dos métodos <strong>de</strong> evaluación<br />
<br />
mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido o sospecho <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición e gravemente <strong>de</strong>snutrido. Resultados:<br />
<br />
mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos o sospechoso <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición, por lo tanto tal diferencia <strong>de</strong>l<br />
<br />
<br />
0,001). Con relación a la intervención nutricional, la mayoría <strong>de</strong> los pacientes presentó escore<br />
Conclusión: Los resultados<br />
obtenidos en este estudio piloto, mostraron una diferencia entre las evaluaciones nutricionales<br />
<br />
necesario una mayor investigación y continuidad <strong>de</strong>l presente estudio.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
197<br />
funcional 4,10,12 . Foi <strong>de</strong>senvolvida em 1987, inicialmente para<br />
pacientes cirúrgicos. Atualmente, tem sido amplamente utilizada<br />
nas <strong>de</strong>mais especialida<strong>de</strong>s clínicas <strong>de</strong> pacientes adultos. Em<br />
algumas situações clínicas, a ASG foi adaptada, como no caso<br />
dos pacientes oncológicos 13 .<br />
Ottery 14 <br />
Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Paciente (ASG-<br />
PPP). Essa avaliação utiliza escores com o objetivo <strong>de</strong> rastrear<br />
melhor o estado nutricional <strong>de</strong> pacientes oncológicos. A<br />
avaliação é dividida em duas partes: inicialmente, um questionário<br />
auto-aplicativo relacionando sintomas como alteração<br />
do paladar, náuseas, diarréia, constipação e lesão na boca.<br />
<br />
avalia os fatores associados ao diagnóstico que aumentam a<br />
<strong>de</strong>manda metabólica e o exame físico semelhante à ASG 9,15 . É<br />
importante ressaltar que essa avaliação é válida para qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> câncer 9 .<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi comparar os resultados obtidos<br />
<br />
assistência nutricional prestada ao paciente oncológico em um<br />
hospital universitário.<br />
MÉTODOS<br />
Este estudo caracteriza-se por ser observacional, transversal,<br />
com abordagem <strong>de</strong>scritiva e analítica.<br />
A pesquisa, que terá duração <strong>de</strong> dois anos, foi aprovada<br />
pelo Comitê <strong>de</strong> Ética da PUCRS. A primeira etapa da coleta <strong>de</strong><br />
dados caracterizou-se como um estudo piloto e foi realizada no<br />
período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> outubro a 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007. O tamanho<br />
da amostra foi <strong>de</strong>terminado pelo número total <strong>de</strong> pacientes<br />
internados neste período, em uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Internação do
Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) do Hospital São Lucas (HSL)<br />
da PUCRS, sendo todos adultos a partir <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> ambos os sexos e com diagnóstico <strong>de</strong> câncer.<br />
Foram adotados como critérios <strong>de</strong> inclusão: todos os<br />
pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> câncer que assinaram o termo<br />
<strong>de</strong> consentimento, incluindo os <strong>de</strong> câncer terminal, e pacientes<br />
analfabetos. Foram excluídos os pacientes que apresentavam<br />
baixo nível <strong>de</strong> consciência, os que foram a óbito sem respon<strong>de</strong>r<br />
as duas avaliações e os que não <strong>de</strong>sejaram participar da pesquisa.<br />
A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada pela utilização <strong>de</strong> dois<br />
instrumentos <strong>de</strong> avaliação nutricional, apresentados no quadro<br />
1 e no quadro 2: ASG e ASG-PPP, as quais foram aplicadas<br />
em dias diferentes, para que não ocorresse viés nas respostas<br />
dos questionários. No primeiro dia foi aplicada a ASG, sendo<br />
realizada nas primeiras 72 horas <strong>de</strong> internação do paciente no<br />
HSL. Essa avaliação consiste em um questionário que contém<br />
informações baseadas na história clínica do paciente, que avalia<br />
a perda <strong>de</strong> peso nos últimos seis meses, alterações nas últimas<br />
duas semanas, alterações na ingestão alimentar, presença <strong>de</strong><br />
<br />
funcional do paciente, <strong>de</strong>manda metabólica <strong>de</strong> acordo com o<br />
diagnóstico e exame físico da palpação e inspeção para clas-<br />
<br />
e<strong>de</strong>ma e ascite 4,10 .<br />
No segundo dia foi aplicada a ASG-PPP, que consiste<br />
em duas partes. A primeira é um questionário que o próprio<br />
paciente respon<strong>de</strong>, <strong>de</strong>screvendo a sua perda <strong>de</strong> peso, alteração da<br />
ingestão alimentar, sintomas relacionados ao câncer e alterações<br />
Tabela 1 - Caracterização da amostra<br />
Características n=14<br />
Ida<strong>de</strong> – Média ± DP 56,4 ± 15,1<br />
Sexo – n(%)<br />
Masculino 4 (28,6)<br />
Feminino 10 (71,4)<br />
<br />
Gastrointestinais 2 (14,3)<br />
Ginecológicos 3 (21,4)<br />
Mama 1 (7,1)<br />
Linfomas 2 (14,3)<br />
Próstata 3 (21,4)<br />
Pulmonar 2 (14,3)<br />
Ósseo 1 (7,1)<br />
Necessitam <strong>de</strong> ajuda – n(%)<br />
Sim 3 (21,4)<br />
Não 11 (78,6)<br />
Óbito – n(%)<br />
Sim 1 (7,1)<br />
Não 13 (92,9)<br />
Marília Alonso Mota<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
198<br />
da capacida<strong>de</strong> funcional. Em seguida, foi aplicada a segunda<br />
parte da ASG-PPP, que foi completada com base nos fatores<br />
associados ao diagnóstico que aumentam a <strong>de</strong>manda metabólica<br />
(estresse, febre, <strong>de</strong>pressão, fadiga, estadiamento do tumor<br />
ou tratamento) e o exame físico semelhante à ASG 9,14,16 . Os<br />
<br />
motoras ou perda cognitiva foram auxiliados pelos cuidadores<br />
ou pesquisadoras a respon<strong>de</strong>r o questionário, sem intervir nas<br />
respostas do paciente.<br />
<br />
e sem nenhuma pontuação 4 <br />
ocorre através <strong>de</strong> escores: “0-1” não necessita <strong>de</strong> intervenção<br />
nutricional no momento, reavaliar durante o tratamento; “2-3”<br />
necessita intervenção do nutricionista ou do enfermeiro associado<br />
às características da doença; “4-8” necessita <strong>de</strong> intervenção<br />
nutricional juntamente com a nutricionista, enfermeiro e<br />
sita<br />
<strong>de</strong> intervenção indicando a necessida<strong>de</strong> crítica <strong>de</strong> melhora<br />
dos sintomas, manejo e/ou intervenção nutricional agressiva 17 .<br />
Nos dois métodos <strong>de</strong> avaliação nutricional o paciente foi clas-<br />
<br />
– bem nutrido, “B” – mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeito<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e “C” – gravemente <strong>de</strong>snutrido 10 .<br />
É importante ressaltar que as duas avaliações foram aplicadas<br />
pela mesma pesquisadora em cada paciente, em função<br />
da subjetivida<strong>de</strong> das avaliações. Assim, manteve-se o mesmo<br />
critério <strong>de</strong> avaliação para os dois questionários, reduzindo a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viés na coleta <strong>de</strong> dados.<br />
Foi utilizada a estatística <strong>de</strong>scritiva para caracterizar a<br />
amostra. As variáveis quantitativas foram <strong>de</strong>scritas por meio da<br />
média e <strong>de</strong>svio padrão e as variáveis qualitativas foram <strong>de</strong>scritas<br />
por meio <strong>de</strong> freqüências absolutas e relativas. Para comparar<br />
as avaliações nutricionais foi utilizado o teste Qui-quadrado <strong>de</strong><br />
McNemar e para avaliar a concordância entre as avaliações, o<br />
<br />
foi <strong>de</strong> 5% e as análises foram realizadas no programa SPSS<br />
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 13.0.<br />
RESULTADOS<br />
Conforme a Tabela 1 participaram do estudo 14 pacientes,<br />
sendo predominantemente do sexo feminino. A ida<strong>de</strong> média foi<br />
<strong>de</strong> 56,4 anos, com <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> ± 15,12 e uma variação <strong>de</strong><br />
28 a 87 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Quanto ao diagnóstico <strong>de</strong> câncer foram<br />
<br />
linfomas, próstata, pulmonar e ósseo.<br />
ciência,<br />
com condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r o questionário da ASG-PPP.<br />
Ainda assim, alguns pacientes necessitaram <strong>de</strong> ajuda do cuidador ou<br />
das pesquisadoras, pois não tinham condições motoras, cognitivas<br />
ou eram anal fabetos. Durante a coleta <strong>de</strong> dados, dois pacientes<br />
não <strong>de</strong>sejaram participar da pesquisa e um paciente foi a óbito no<br />
período da aplicação das avaliações nutricionais.<br />
<br />
No que diz respeito à ASG, <strong>de</strong>monstra que cinco dos pacientes<br />
<br />
estavam mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos ou com suspeita <strong>de</strong>
Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />
Tabela 2<br />
Estado nutricional ASG ASG-PPP<br />
<br />
<br />
nutricional, seis mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutridos ou com suspeita<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição e cinco gravemente <strong>de</strong>snutridos. Com relação à<br />
intervenção nutricional, apenas um paciente apresentou escore<br />
entre 4-8, indicando necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção nutricional<br />
pelo nutricionista, em conjunto com enfermeiro ou médico <strong>de</strong><br />
acordo com os sintomas que o paciente aferiu. O restante dos<br />
<br />
<strong>de</strong> melhora dos sintomas, manejo e/ou intervenção nutricional<br />
agressiva.<br />
Os resultados obtidos <strong>de</strong>monstraram uma diferença no diag-<br />
<br />
<br />
<br />
para “B”, porém tal diferença no diagnóstico nutricional não<br />
<br />
<br />
18 .<br />
DISCUSSÃO<br />
Conforme apresentado anteriormente, a <strong>de</strong>snutrição é uma<br />
complicação frequente em pacientes oncológicos, acarretando<br />
maiores índices <strong>de</strong> infecção, maior tempo <strong>de</strong> hospitalização,<br />
menor resposta à quimioterapia e radioterapia, sendo um importante<br />
preditor <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> 16,19 . Para amenizar<br />
essas complicações, é <strong>de</strong> suma importância uma intervenção<br />
nutricional a<strong>de</strong>quada, possibilitando melhora do estado nutricional,<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e resposta ao tratamento 20 .<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
199<br />
n (%) n (%)<br />
Bem nutrido 5 (35,7) 3 (21,4)<br />
Mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou suspeita <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição 4 (28,6) 6 (42,9)<br />
Gravemente <strong>de</strong>snutrido 5 (35,7) 5 (35,7)<br />
– Comparação entre ASG e ASG-PPP, aplicadas em pacientes oncológicos<br />
<strong>de</strong> um hospital universitário.<br />
Como método <strong>de</strong> avaliação nutricional, a ASG é rotineiramente<br />
utilizada para avaliação dos pacientes hospitalizados.<br />
<br />
oncológicos (ASG-PPP), a ASG continua sendo aplicada em<br />
gran<strong>de</strong> parte dos hospitais 21 .<br />
Barbosa e Silva relata que a ASG-PPP possui avaliação<br />
site,<br />
xerostomia, ausência do paladar, dor, entre outros, e inclui<br />
características típicas da doença, como: estresse metabólico,<br />
estadiamento do tumor, condições clínicas e exame físico,<br />
relacionando com estado nutricional 19 . Apesar dos aspectos<br />
relevantes ressaltados pela autora com relação à ASG-PPP, o<br />
tamanho da amostra utilizada no presente estudo talvez não<br />
<br />
No estudo <strong>de</strong> Gupta et al. 22 <br />
é um método prático, <strong>de</strong> baixo custo, não invasivo e também<br />
<br />
<br />
do estado nutricional dos pacientes oncológicos, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
<br />
Por outro lado, em uma pesquisa realizada em um hospital<br />
privado da Austrália, foi analisada a utilização da ASG-PPP,<br />
sendo que um dos pontos <strong>de</strong>stacados foi o fato <strong>de</strong> que tal<br />
avaliação é mais precisa no momento <strong>de</strong> diferenciar o paciente<br />
mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido ou com suspeita <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição do<br />
paciente <strong>de</strong>snutrido. Outro aspecto relevante é que essa pesquisa<br />
comparou a ASG-PPP com a ASG, <strong>de</strong>monstrando 98% <strong>de</strong> sensi-<br />
<br />
<strong>de</strong>snutrição. Diferentemente da ASG, a ASG-PPP se caracteriza<br />
pelos escores, rastreando melhor os pacientes que necessitam<br />
<strong>de</strong> uma intervenção nutricional urgente 20 .<br />
<br />
namento<br />
e da capacida<strong>de</strong> do avaliador <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar as alterações<br />
<br />
e versátil, <strong>de</strong> forma que o paciente entenda as questões propostas<br />
por essa avaliação, principalmente aquelas relacionadas à alteração<br />
na ingestão alimentar e na capacida<strong>de</strong> funcional. Esse fato<br />
<br />
Madrid, on<strong>de</strong> foi comparada a forma <strong>de</strong> aplicação da ASG-PPP<br />
<br />
um grupo <strong>de</strong> médicos para aplicar essa avaliação. Os resultados<br />
<strong>de</strong>monstraram que o grupo <strong>de</strong> nutricionistas obteve conclusões
A) História<br />
1. Alteração no peso<br />
mais precisas da avaliação, pois estão mais acostumados a<br />
trabalhar com questões abordadas pela ASG-PPP 23 .<br />
Notou-se, também, dificulda<strong>de</strong>s em relação ao tempo<br />
máximo para ser aplicada a ASG (72 horas após a internação),<br />
resultando na diminuição do número <strong>de</strong> pacientes incluídos<br />
nessa pesquisa. Essa questão, relacionada ao tempo, po<strong>de</strong><br />
ser um empecilho na rotina do hospital, contudo é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
importância não ultrapassar esse período, pois isso po<strong>de</strong> alterar<br />
a qualida<strong>de</strong> das evidências e das questões presentes na ASG.<br />
Marília Alonso Mota<br />
Quadro 1 - Ficha <strong>de</strong> Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ASG)<br />
<br />
Alteração nas últimas duas semanas = __________aumento _________sem alteração _________diminuição.<br />
2. Alteração na ingestão alimentar<br />
____sem alteração<br />
____alterada _______duração = _______semanas.<br />
____tipo: ______dieta sólida sub-ótima ______dieta líquida completa ______líquidos hipocalóricos ______inanição.<br />
3. Sintomas gastrointestinais (que persistem por > 2 semanas)<br />
___nenhum ___náusea ___vômitos ___diarréia ___anorexia.<br />
4. Capacida<strong>de</strong> funcional<br />
___sem alteração (capacida<strong>de</strong> completa)<br />
___diminuição ___duração = ____semanas.<br />
___tipo:___trabalho sub-ótimo ___ambulatório ___acamado.<br />
5. Doença e sua relação<br />
<br />
Demanda metabólica (stress):____sem stress ____baixo stress ____stress mo<strong>de</strong>rado ____stress elevado.<br />
<br />
<br />
_______perda muscular (quadríceps, <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>)<br />
_______e<strong>de</strong>ma tornozelo<br />
_______ascite<br />
C)Avaliação subjetiva global (selecione uma)<br />
______ A = bem nutrido<br />
______ B = mo<strong>de</strong>radamente (ou suspeita <strong>de</strong> ser) <strong>de</strong>snutrido<br />
______ C = gravemente <strong>de</strong>snutrido<br />
Destsky e col.,19874<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
200<br />
<br />
nadas<br />
ao peso atual, perda <strong>de</strong> peso em um ano e nos últimos<br />
seis meses. Alguns pacientes <strong>de</strong>monstraram incerteza e confusão<br />
ao respon<strong>de</strong>rem essas perguntas. Isso po<strong>de</strong> causar um viés<br />
<br />
Mas ao mesmo tempo, as questões relacionadas à ingestão<br />
alimentar, sintomas gastrointestinais e capacida<strong>de</strong> funcional<br />
são mais claras e <strong>de</strong> mais fácil entendimento, po<strong>de</strong>ndo tornar
A. História<br />
1. Mudança <strong>de</strong> peso:<br />
Resumo do meu peso habitual:<br />
Avaliação subjetiva global e avaliação subjetiva global produzida pelo paciente em oncologia: um estudo comparativo<br />
Quadro 2 - Ficha <strong>de</strong> Avaliação Nutricional Subjetiva Produzida pelo Paciente (ASG - PPP)<br />
Eu habitualmente peso ___quilos. Tenho 1 metro e ___ centímetros <strong>de</strong> altura. Há um ano meu peso era <strong>de</strong> ___quilos. Há seis meses eu pesava___ quilos.<br />
Durante as duas últimas semanas meu peso: ( ) diminuiu(1) ( ) não mudou(0) ( ) aumentou(0)<br />
2. Ingestão alimentar:<br />
Em comparação com o normal, eu po<strong>de</strong>ria consi<strong>de</strong>rar minha ingestão alimentar durante o último mês como:<br />
( ) inalterada(0), ( ) mais que o normal(0), ( ) menos que o normal(1).<br />
Agora estou me alimentando com: ( ) pouca comida sólida(1), ( )apenas suplementos nutricionais(3), ( )apenas líquidos(3), ( ) muito pouco, quase nada(4).<br />
3. Sintomas:<br />
<br />
Sem problemas para me alimentar(0), ( )Sem problemas, apenas sem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comer(3), ( )náuseas(1) ( ) vômitos(3) ( ) Constipação(2) ( )<br />
diarréia(3), ( )lesões na boca(1) ( ) boca seca(1), ( )as coisas têm gosto estranho ou não têm gosto(2), ( ) o cheiro da comida me enjoa(1), ( ) dor(3)On<strong>de</strong>?<br />
4. Capacida<strong>de</strong> funcional:<br />
Durante o último mês, eu consi<strong>de</strong>raria a minha ativida<strong>de</strong> como:<br />
( ) normal, sem nenhuma limitação(0), ( ) não no meu normal, mas capaz <strong>de</strong> realizar satisfatoriamente minhas ativida<strong>de</strong>s normais(1), ( )sinto-me incapaz<br />
para a maioria das coisas, mas permanecendo na cama por menos da meta<strong>de</strong> do dia(2), ( )capaz <strong>de</strong> fazer pouca ativida<strong>de</strong> e passando a maior parte<br />
do dia na ca<strong>de</strong>ira ou na cama(3), ( ) quase sempre acamado, raramente fora da cama(3),<br />
O resto do questionário será preenchido pela nutricionista. Obrigada pela sua colaboração!<br />
Esta etapa <strong>de</strong>ve ser preenchida pela nutricionista:<br />
5. A história:<br />
Doença e suas relações com as necessida<strong>de</strong>s nutricionais:<br />
<br />
6. Demanda metabólica (stress): ( ) nenhum(0) ( ) baixa(1) ( ) mo<strong>de</strong>rada(2) ( ) alta(3).<br />
7. Exame físico:<br />
<br />
B- Conclusão<br />
A- bem nutrido<br />
B- mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>snutrido (suspeita)<br />
C- gravemente <strong>de</strong>snutrido<br />
Destsky e col.,19874<br />
<br />
Conforme Barbosa e Silva 4 , a aplicação da ASG-PPP diminui<br />
-<br />
<br />
<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 196-202<br />
201<br />
<br />
rística<br />
da ASG-PPP é ser pontuada em escores, sendo a avaliação<br />
<br />
criar um escore contínuo que possibilita não só a criação <strong>de</strong>
categorias <strong>de</strong> risco nutricional, mas também permite reavaliar<br />
<br />
do risco nutricional 24 .<br />
O presente estudo mostrou que as duas avaliações nutricio-<br />
<br />
do paciente oncológico. Mesmo com a ASG-PPP sendo mais<br />
<strong>de</strong>talhada, não foi possível constatar estatisticamente que é<br />
<br />
<br />
entre as avaliações nutricionais.<br />
CONCLUSÃO<br />
Os resultados obtidos neste estudo piloto mostraram uma<br />
pequena diferença entre as avaliações nutricionais aplicadas.<br />
Ainda que tenha ocorrido essa diferença, estatisticamente não<br />
<br />
ASG-PPP é mais indicada do que a ASG, pois necessita uma<br />
maior investigação e a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estudo para obtenção<br />
<strong>de</strong> conclusões mais precisas.<br />
Cabe ressaltar a importância da avaliação nutricional com o<br />
-<br />
<br />
<br />
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17. Duval PA, et al. Aplicação da avaliação subjetiva global produzida pelo paciente<br />
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Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São<br />
Paulo, 2006. Disponível em: <br />
Acesso em: 10/11/2007.<br />
18. Altaman GD. Pratical Statistics for Medical Research. 1st. ed. London: Chapman<br />
e Hall; 1991.<br />
19. Silva MCB. Qual é a melhor avaliação nutricional para o doente com câncer.<br />
In: Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>:<br />
São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.ganep.com.br/ganepao/anais_<br />
ganepao_2006.pdf Acesso em: 10/11/2007.<br />
20. Bauer J, Capra S, Ferguson M. Use of the scored Patient-Generated Subjective<br />
Global Assessment (PG-SGA) as a nutrition assessment tool in patients with cancer.<br />
Eur J Clin Nutr. 2002;56(8):779-85.<br />
21. Silva, MCB, et al. Avaliação nutricional como indicador prognóstico <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong><br />
em pacientes submetidos à quimioterapia. In: Anais do Congresso Brasileiro <strong>de</strong><br />
<strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São Paulo, 2006. Disponível em: http://<br />
Acesso em:<br />
09/11/2007.<br />
22. Gupta D, Lammersfeld CA, Vashi PG, Burrows J, Lis CG, Grutsch JF. Prognostic<br />
<br />
Eur J Clin Nutr. 2005;59(1):35-40.<br />
23. Gómez-Can<strong>de</strong>la C, Luengo LM, Cos AI, Martinez-Roque V, Iglesias C, Zamora P<br />
et al. Valoración global subjetiva en el paciente neoplásico. Nutrición Hospitalaria.<br />
2003;18(6): 353-7.<br />
24. Silva MCB. Avaliação subjetiva global em câncer. In: Anais do Congresso Brasileiro<br />
<strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong> Integrada – GANEPÃO. Cida<strong>de</strong>: São Paulo, 2007. Disponível<br />
em: http://www.ganep.com.br/ganepao/anais_ganepao_2006.pdf Acesso em:<br />
11/11/2007.
<strong>Artigo</strong> <strong>de</strong> Revisão<br />
Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />
Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do<br />
estado nutricional<br />
Nutritional care in dysphagia: an alternative for the maximization of the nutritional state<br />
Cuidado nutricional <strong>de</strong> la disfagia: uma alternativa para la maximizacion <strong>de</strong>l estado nutricional<br />
Unitermos<br />
Disfagia. Deglutição e Viscosida<strong>de</strong>.<br />
Key words<br />
Cardiovascular disease. Risk factors. Diabetes mellitus,<br />
type 2. Women.<br />
Unitérminos<br />
Unitérminos: Disfagia. Deglución. Viscosidad.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Luciano Bruno <strong>de</strong> Carvalho Silva<br />
Rua Gabriel Monteiro da Silva 700<br />
CEP 37130-000, Alfenas-MG – Brasil.<br />
Fax 55 35 32991110.<br />
E-mail: luciano@unifal-mg.edu.br.<br />
Submissão<br />
7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009<br />
Aceito para publicação<br />
1 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2009<br />
1. Nutricionista, doutor em Alimentos e <strong>Nutrição</strong> pelo<br />
Departamento <strong>de</strong> Alimentos e <strong>Nutrição</strong> (DEPAN)<br />
- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Alimentos (FEA) -<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (UNICAMP)<br />
e professor Adjunto do Departamento <strong>de</strong> <strong>Nutrição</strong><br />
- Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alfenas (UNIFAL-MG).<br />
2. Acadêmica do curso <strong>de</strong> Farmácia - Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alfenas (UNIFAL-MG).<br />
RESUMo<br />
A <strong>de</strong>glutição é um processo complexo, que envolve estruturas relacionadas à cavida<strong>de</strong><br />
oral, faringe, laringe e esôfago. Estas estruturas são submetidas a um controle neural que<br />
<br />
que venha ocorrer na <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>nomina-se disfagia. A disfagia frequentemente leva à<br />
<strong>de</strong>snutrição, perda <strong>de</strong> peso e <strong>de</strong>sidratação. A <strong>de</strong>snutrição e a baixa ingestão <strong>de</strong> nutrientes<br />
e energia po<strong>de</strong>m ocorrer como resultado da ina<strong>de</strong>quação dietética e da consistência<br />
alimentar. Dentre as condutas necessárias para tratamento das consequências da disfagia,<br />
o tratamento dietético possui importante papel para a melhora do quadro e a<strong>de</strong>quação do<br />
estado nutricional. Neste sentido, o espessamento <strong>de</strong> alimentos e preparações oferecidas<br />
conduzem à redução dos episódios <strong>de</strong> vômitos, facilita a <strong>de</strong>glutição, diminui o risco <strong>de</strong><br />
pneumonia aspirativa, além <strong>de</strong> aumentar a oferta <strong>de</strong> nutrientes, aten<strong>de</strong>ndo as necessida<strong>de</strong>s<br />
<br />
<br />
são <strong>de</strong> alto custo, limitando a aquisição e ajuste da consistência correta. o espessamento a<br />
partir da utilização dos próprios alimentos em preparações diversas para ajuste da consis-<br />
<br />
da saú<strong>de</strong>. Sendo assim, a presente revisão tem como objetivo mostrar a importância do<br />
cuidado nutricional <strong>de</strong> disfágicos, com o auxílio <strong>de</strong> técnicas simples, baratas e seguras,<br />
visando maximização da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos disfágicos.<br />
ABStRACt<br />
the swallowing is a complex process involving structures related to the oral cavity,<br />
pharynx, larynx and esophagus. these structures are subjected to a neural control that<br />
<br />
in swallowing is called dysphagia. the dysphagia often leads to malnutrition, weight loss<br />
and <strong>de</strong>hydration. Malnutrition and low intake of nutrients and energy can occur as a result<br />
of ina<strong>de</strong>quate diet and food consistency. Among the behaviors necessary to address the<br />
consequences of dysphagia, the dietary treatment is important for the improvement and<br />
a<strong>de</strong>quacy of the nutritional status. Accordingly, the thickness of food and preparations<br />
leading to the reduction of episo<strong>de</strong>s of vomiting, facilitates swallowing, reduces the risk of<br />
aspiration pneumonia, and increase the supply of nutrients, given the nutritional needs of<br />
<br />
of commercial thickeners. But these are expensive, limiting the acquisition and adjustment<br />
of the correct consistency. the thickness from the use of food in the various preparations<br />
for setting the correct consistency is still unknown for many patients, caregivers and health<br />
professionals. therefore, this review aims at showing the importance of nutritional care of<br />
dysphagia, with the aid of simple techniques, cheap and safe, to maximize the quality of<br />
life of individuals dysphagic.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
203<br />
Luciano Bruno <strong>de</strong> Carvalho Silva 1<br />
Cintia Mitie Ikeda 2
INTRODUÇÃO<br />
A <strong>de</strong>glutição consiste na efetiva condução do alimento da<br />
boca até o estômago por meio <strong>de</strong> fases que se inter-relacionam,<br />
comandada por um complexo mecanismo neuromotor, sendo<br />
<br />
<strong>de</strong>nomina-se disfagia1.<br />
O paciente disfágico po<strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>snutrição, <strong>de</strong>sidratação<br />
e aspiração <strong>de</strong> alimentos, saliva ou secreções para a árvore<br />
traqueobrônquica. Essa disfunção po<strong>de</strong> ser causada por vários<br />
fatores. Os mais comuns são doenças neurológicas, alterações<br />
mecânicas, principalmente no câncer <strong>de</strong> cabeça e pescoço,<br />
medicamentos, entre outros. A avaliação precoce do distúrbio<br />
da <strong>de</strong>glutição é fundamental para minimizar ou mesmo evitar<br />
intercorrências clínicas2.<br />
A disfagia é sintoma interdisciplinar e o atendimento <strong>de</strong>sses<br />
doentes <strong>de</strong>ve ser realizado por equipe <strong>de</strong> especialistas, como<br />
médicos das mais diferentes especialida<strong>de</strong>s, fonoaudiólogo,<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
inclusive, protocolos interdisciplinares ligados aos grupos <strong>de</strong><br />
nutrição2-4.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
oral com a consistência mais a<strong>de</strong>quada a cada caso, por meio<br />
<strong>de</strong> técnicas mais seguras para o disfágico 5 .<br />
samento<br />
<strong>de</strong> alimentos, altos índices <strong>de</strong> pneumonia aspirativa e<br />
óbito, o presente estudo visa apresentar a importância <strong>de</strong> um<br />
Silva LBC et al.<br />
RESUMEN<br />
La <strong>de</strong>glución es un proceso complejo que abarca las estructuras relacionadas con la<br />
cavidad oral, faringe, laringe y esófago. Estas estructuras están sometidas a un control<br />
neuronal que permite la realización <strong>de</strong> los anticonceptivos orales al contenido <strong>de</strong>l estó-<br />
<br />
a menudo conduce a la <strong>de</strong>snutrición, pérdida <strong>de</strong> peso y <strong>de</strong>shidratación. La malnutrición<br />
y la baja ingestión <strong>de</strong> nutrientes y energía pue<strong>de</strong> ocurrir como resultado <strong>de</strong> una dieta<br />
ina<strong>de</strong>cuada y la coherencia <strong>de</strong> alimentos. Entre los comportamientos necesarios para<br />
hacer frente a las consecuencias <strong>de</strong> la disfagia, el tratamiento dietético es importante<br />
para la mejora <strong>de</strong> la a<strong>de</strong>cuación y el estado nutricional. Por consiguiente, el grosor <strong>de</strong><br />
los alimentos ofrecidos y los preparativos conducentes a la reducción <strong>de</strong> los episodios <strong>de</strong><br />
vómitos, facilita la <strong>de</strong>glución, reduce el riesgo <strong>de</strong> neumonía por aspiración, y aumenta el<br />
suministro <strong>de</strong> nutrientes, habida cuenta <strong>de</strong> las necesida<strong>de</strong>s nutricionales <strong>de</strong> la persona.<br />
Estos cambios en la viscosidad <strong>de</strong> los alimentos y líquidos se pue<strong>de</strong>n lograr con la ayuda<br />
<strong>de</strong> espesantes comerciales. Pero estos son caros, lo que limita la adquisición y adaptación<br />
<strong>de</strong> la consistencia correcta. El espesor <strong>de</strong> la utilización <strong>de</strong> los alimentos en los diversos<br />
preparativos para el establecimiento <strong>de</strong> la correcta coherencia sigue siendo <strong>de</strong>sconocido<br />
para muchos pacientes, cuidadores y profesionales <strong>de</strong> la salud. Por lo tanto, esta revisión<br />
tiene como objetivo mostrar la importancia <strong>de</strong> la atención nutricional <strong>de</strong> la disfagia, con la<br />
ayuda <strong>de</strong> técnicas sencillas, baratas y seguras, para maximizar la calidad <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> las<br />
personas disfágicas.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
204<br />
tratamento dietético a pacientes disfágicos, por alternativas<br />
<br />
aos mesmos.<br />
MÉTODOS<br />
A revisão <strong>de</strong> literatura foi realizada com base em periódicos<br />
nacionais e internacionais abordando assuntos relacionados<br />
ao tema. As bases consultadas foram: PUBMED, LILACS,<br />
SciELO, Scirus; <strong>de</strong> textos didáticos e revisões publicadas,<br />
além das listas <strong>de</strong> referências <strong>de</strong>stas várias fontes e livros. Os<br />
<br />
área <strong>de</strong> disfagia em periódicos <strong>de</strong> 2000 a 2008, tanto na literatura<br />
nacional como internacional. Foram encontradas muitas<br />
referências com a palavra “disfagia, <strong>de</strong>glutição, viscosida<strong>de</strong> e<br />
espessamento.”.<br />
DISFAGIA<br />
O ato da <strong>de</strong>glutição é importante para a manutenção da<br />
vida, e por se tratar <strong>de</strong> evento rápido e automático, po<strong>de</strong><br />
parecer simples. Contudo, seus mecanismos estão entre os mais<br />
1 .<br />
A <strong>de</strong>glutição consiste em conduzir <strong>de</strong> forma programada uma<br />
sequência dinâmica <strong>de</strong> contrações e relaxamentos <strong>de</strong> músculos<br />
que po<strong>de</strong>m ser divididos em três fases com base na localização:<br />
<br />
<br />
na <strong>de</strong>glutição. É um problema comum que po<strong>de</strong> atingir todos<br />
os grupos etários, porém sabe-se que a incidência é maior em<br />
idosos e pacientes que sofreram aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral<br />
(AVC). Estudos sobre a epi<strong>de</strong>miologia da disfagia na nossa<br />
população são ainda escassos e pouco explorados 2 .
Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />
<br />
<br />
tórias<br />
da cavida<strong>de</strong> oral ou do trato gastrointestinal superior, até<br />
doenças mais complexas, como os AVCs e tumores <strong>de</strong> cabeça<br />
e pescoço 6 .<br />
<br />
uma anormalida<strong>de</strong> anatômica ou funcional (neuromuscular) em<br />
qualquer estrutura e fase do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. A alteração<br />
da <strong>de</strong>glutição, causada por doenças neurológicas, trauma ou<br />
doenças musculares, é <strong>de</strong>nominada “disfagia neurogênica”. Na<br />
“disfagia mecânica”, o controle neurológico central e os nervos<br />
periféricos estão intactos, mas as estruturas anatômicas estão<br />
alteradas. Quando as alterações dizem respeito à fase oral e/ou<br />
faríngea da <strong>de</strong>glutição, a disfagia é <strong>de</strong>nominada orofaríngea ou<br />
alta. Quando existem alterações na fase esofagiana da <strong>de</strong>glutição,<br />
a disfagia é <strong>de</strong>nominada esofagiana ou baixa 4 .<br />
CAUSAS<br />
A disfagia é uma alteração da <strong>de</strong>glutição que surge sempre<br />
em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> alguma doença. O aci<strong>de</strong>nte vascular encefálico<br />
(AVE) parece ser a causa mais comum <strong>de</strong> disfagia 6 . Esta<br />
po<strong>de</strong> ser encontrada em quase meta<strong>de</strong> dos casos na fase aguda<br />
da doença 7 . <br />
no tronco cerebral associam-se a risco aumentado, porém, o<br />
problema ocorre <strong>de</strong> modo relativamente frequente também em<br />
pacientes sem estas características 8 .<br />
7 , que teve como<br />
objetivo analisar a incidência <strong>de</strong> disfagia orofaríngea após AVE<br />
<br />
76,5% dos pacientes avaliados clinicamente. Este percentual<br />
<br />
incidência <strong>de</strong> disfagia observada neste estudo, que avaliou<br />
pacientes com amplo espectro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, em diferentes fases<br />
<strong>de</strong> recuperação, ressalta a importância <strong>de</strong> equipe multidisciplinar,<br />
incluindo fonoaudiólogos capacitados, para avaliar os<br />
distúrbios da <strong>de</strong>glutição nos diversos momentos <strong>de</strong> recuperação<br />
dos pacientes após AVE.<br />
As causas neurológicas são as mais frequentes e, usualmente,<br />
as que causam mais grave repercussão na dinâmica da<br />
<br />
po<strong>de</strong>m estar associadas à disfagia, tais como as tumorações,<br />
que po<strong>de</strong>m provocar uma obstrução intrínseca ou extrínseca<br />
da luz digestiva, traumas, cirurgias, alterações odontológicas<br />
9 , entre outros possíveis eventos.<br />
Nas pessoas idosas, a prevalência exata <strong>de</strong> disfagia é <strong>de</strong>sco-<br />
<br />
<br />
<br />
por xerostomia, por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns neurológicas (AVC, doença <strong>de</strong><br />
<br />
por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns musculares e da anatomia orofaríngea 3,10 .<br />
Estudo <strong>de</strong>senvolvido por Maciel et al. 11 , em 2008, para<br />
<br />
risco nutricional dos pacientes idosos internados na clínica<br />
médica do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília (HUB), relatou<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
205<br />
que a proporção <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> disfagia <strong>de</strong>sses pacientes foi <strong>de</strong><br />
69% e do estado nutricional ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> 71%, valor elevado,<br />
<br />
<br />
<br />
gravida<strong>de</strong>.<br />
CONSEQUÊNCIAS<br />
A presença <strong>de</strong> disfagia, isolada ou em combinação a outras<br />
incapacida<strong>de</strong>s funcionais, está associada a maiores taxas <strong>de</strong><br />
letalida<strong>de</strong> e a um pior prognóstico <strong>de</strong> recuperação e reabilitação<br />
8,12 . Isto se <strong>de</strong>ve, principalmente, à frequente associação<br />
com lesões <strong>de</strong> prognóstico reservado; e às consequências do<br />
próprio comprometimento da <strong>de</strong>glutição. A disfagia associa-se<br />
à menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação a<strong>de</strong>quada e daí maior risco<br />
13 ; e a risco real<br />
<strong>de</strong> complicações pulmonares, incluindo aspiração <strong>de</strong> alimentos<br />
e líquidos e, consequentemente, <strong>de</strong> pneumonia aspirativa e<br />
septicemia 14 . Além disso, tem gran<strong>de</strong> impacto potencial sobre os<br />
aspectos sociais da alimentação, já que po<strong>de</strong> levar à retração e<br />
isolamento do paciente, comprometendo sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida 15 .<br />
Pacientes disfágicos geralmente apresentam baixa ingestão<br />
energética, apresentando risco nutricional e conseqüentemente<br />
<strong>de</strong>snutrição 5 . Pacientes com disfagia, seja <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> fatores<br />
neurológicos ou outros fatores associados, apresentaram<br />
ingestão calórica em torno <strong>de</strong> 1800 Kcal/dia, <strong>de</strong> acordo com<br />
estudos realizados por Nandurkar et al., em 2004 16 . Estes valores<br />
estão abaixo da necessida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>stes indivíduos, que é<br />
<strong>de</strong> aproximadamente 2500 Kcal/dia. A ingestão <strong>de</strong> alimentos<br />
protéicos também está aquém das necessida<strong>de</strong>s individuais,<br />
visto que a necessida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 1,0 a 1,5 kg/dia, diferente da média<br />
ingerida por estes pacientes, que é em torno <strong>de</strong> 0,5 a 0,8 kg/dia.<br />
<br />
encontram em obter alimentos na consistência tolerada 5-17 .<br />
A <strong>de</strong>sidratação po<strong>de</strong> agravar a broncoaspiração dos pacientes<br />
disfágicos, pois, no paciente <strong>de</strong>sidratado, observa-se diminuição<br />
<br />
orofaringe; letargia e confusão mental, que propiciam aspiração<br />
dratação<br />
po<strong>de</strong> levar também a alterações do sistema imune 18 .<br />
A <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> líquidos <strong>de</strong> consistência rala (água) requer<br />
coor<strong>de</strong>nação e controle máximo. Os líquidos são facilmente<br />
aspirados para <strong>de</strong>ntro dos pulmões e po<strong>de</strong>m representar um<br />
<br />
pneumonia aspirativa, mesmo em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> água estéril<br />
nos pulmões 18 . Os pacientes idosos têm maior probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aspiração como resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><br />
muscular ocasionada por alterações mecânicas e/ou neurológicas.<br />
A pneumonia aspirativa, segundo Hardiman, leva a uma<br />
das maiores taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e está entre os maiores custos<br />
<strong>de</strong> tratamento dos tipos <strong>de</strong> pneumonia 19 .<br />
As consequências sociais e psicológicas também po<strong>de</strong>m<br />
afetar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientes que sofrem com a<br />
disfagia, promovendo o isolamento social, afetando a autoestima,<br />
po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>pressão, ansieda<strong>de</strong>, medo e frus-
<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, levando ao agravamento da doença 20 .<br />
TRATAMENTO<br />
<br />
disfagia e aos métodos <strong>de</strong> avaliação existentes têm proporcio-<br />
pêuticas,<br />
clínicas e/ou cirúrgicas frente ao paciente disfágico 20 .<br />
É fundamental a participação <strong>de</strong> uma equipe multidisciplinar<br />
no tratamento da disfagia, especialistas na área da saú<strong>de</strong>, como<br />
médicos <strong>de</strong> diferentes áreas, fonoaudiólogo, nutricionista, enfer-<br />
<br />
<br />
3,4 .<br />
A contribuição da fonoaudiologia busca ampliar as perspectivas<br />
prognósticas, com a redução do tempo <strong>de</strong> internação e a<br />
redução na taxa <strong>de</strong> re-internações por pneumonia aspirativa,<br />
<br />
<strong>de</strong> vida dos pacientes 21-23 .<br />
A dieta para disfagia orientada pelo nutricionista é <strong>de</strong>signada<br />
para facilitar a progressão <strong>de</strong> acordo com a tolerância individual,<br />
otimizar a ingestão nutricional e diminuir o risco <strong>de</strong> aspiração 24 .<br />
Para minimizar o risco <strong>de</strong> aspiração e acúmulo <strong>de</strong> alimentos,<br />
principalmente em valéculas, o tratamento da disfagia no adulto<br />
<br />
Os líquidos <strong>de</strong>vem ser espessados e os alimentos sólidos <strong>de</strong>vem<br />
ser subdivididos ou amassados 25,26 .<br />
Existem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento para o paciente<br />
disfágico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> questões relacionadas à via alternativa <strong>de</strong><br />
alimentação (SNE, gastrostomia, jejunostomia), reabilitação<br />
fonoterápica e todo o seu universo <strong>de</strong> atuações: alterações<br />
dietéticas, manobras <strong>de</strong> proteção, terapias sensoriais, utilização<br />
<strong>de</strong> válvula <strong>de</strong> fala, entre outras. Até condutas clínicas, medi-<br />
<br />
gastroesofágico, aplicação <strong>de</strong> toxina botulínica em glândulas<br />
salivares e músculo cricofaríngeo.<br />
Há, ainda, uma gama <strong>de</strong> condutas cirúrgicas, propostas em<br />
uma minoria <strong>de</strong> casos em que o tratamento <strong>de</strong> reabilitação fono-<br />
ração,<br />
po<strong>de</strong>ndo-se citar: miotomia do músculo cricofaríngeo,<br />
<br />
ligadura dos ductos parotí<strong>de</strong>os, separação laringo-traqueal, até<br />
a laringectomia total, realizados por médicos especializados. É<br />
um campo novo <strong>de</strong> atuação, no qual a literatura ainda é relativamente<br />
escassa, a indicação cirúrgica é rara, os resultados ainda<br />
são mais qualitativos do que quantitativos, sendo necessários<br />
<br />
<strong>de</strong> tais propostas cirúrgicas. Tudo isso sem contar o respeito à<br />
vonta<strong>de</strong> dos pacientes e/ou familiares. Apesar <strong>de</strong> todas estas<br />
2 .<br />
INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE<br />
A viscosida<strong>de</strong> do alimento é uma das variáveis mais impor-<br />
<br />
<strong>de</strong> pacientes que apresentam controle laríngeo reduzido, pois<br />
Silva LBC et al.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
206<br />
são <strong>de</strong>glutidos rapidamente e não mantêm sua forma <strong>de</strong>ntro da<br />
cavida<strong>de</strong> oral, po<strong>de</strong>ndo escorrer prematuramente para a faringe<br />
e, assim, penetrar nas vias aéreas ainda abertas. Para evitar esse<br />
efeito, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada a viscosida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al para a <strong>de</strong>glutição<br />
ocorrer <strong>de</strong> maneira segura 4 .<br />
<br />
<br />
centpoises (ctps ou cP) 26 .<br />
Existem diferentes tipos <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m ser facilmente<br />
alcançadas utilizando espessantes comerciais. Estes tipos<br />
(cP) (Tabela<br />
1) em ralo (1-50 cP), néctar (51-350 cP), mel (351-1750 cP) e<br />
pudim (> 1750 cP) 27 .<br />
<br />
<br />
com disfagia.<br />
<br />
Ralo 1-50<br />
Néctar 51-350<br />
Mel 351-1750<br />
Pudim > 1750<br />
Fonte: ADA, 2002.<br />
TERAPIA NUTRICIONAL<br />
Os pacientes com sintomas <strong>de</strong> disfagia que limitam sua<br />
<br />
lares, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados aqueles com alto risco <strong>de</strong> sofrer<br />
<br />
tratados.<br />
<br />
baseiam em um complexo equilíbrio entre preparação, ingestão<br />
e absorção dos alimentos e bebidas 24 .Ao diagnosticar a causa e a<br />
<br />
<br />
mais segura do paciente disfágico, uma vez que a consistência da<br />
dieta <strong>de</strong>ve ser individualizada <strong>de</strong> acordo com o tipo e extensão<br />
da disfunção. Se a receita não é seguida, o indivíduo po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>parar-se com consequências graves para a saú<strong>de</strong> 3,26 .<br />
No Quadro 1 está apresentado um exemplo <strong>de</strong> uma dieta<br />
<br />
para indivíduos com disfagia e comprometimento da <strong>de</strong>glutição.<br />
<br />
<br />
<br />
santes<br />
<strong>de</strong>vem interferir o mínimo possível nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
sensoriais dos líquidos, ou por suas próprias características<br />
físicas e químicas ou evitar reprocessamento adicional 26-28 .<br />
Vários agentes po<strong>de</strong>m ser utilizados como espessantes <strong>de</strong><br />
alimentos. Tais espessantes são formados principalmente por
Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />
<br />
<br />
aproximadamente 2.000 quilocalorias.<br />
Refeição Alimento Viscosida<strong>de</strong><br />
<br />
Café da manhã: Mingau <strong>de</strong> farinha Láctea<br />
Banana amassada<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
207<br />
Leite: 100 mL<br />
Farinha Láctea: 25 g<br />
1 unida<strong>de</strong> – 90 g<br />
Lanche: Suco <strong>de</strong> mamão espessado Água: 30 mL<br />
Mamão: 170 g<br />
Almoço: Leite: 100 mL<br />
Farinha Láctea: 25 g <br />
Suco <strong>de</strong> laranja espessado<br />
-<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Suco <strong>de</strong> laranja: 200 mL<br />
Espessante: 10 g<br />
Lanche: <br />
<br />
<br />
Jantar: Caldo <strong>de</strong> vegetais<br />
Mousse <strong>de</strong> limão<br />
-<br />
<br />
<br />
-<br />
<br />
<br />
<br />
<strong>de</strong> azeite, batata gran<strong>de</strong> crua<br />
<br />
100 g<br />
Ceia: Mingau <strong>de</strong> milho Leite: 100 mL<br />
Farelo <strong>de</strong> Milho: 25 g<br />
* Adaptado <strong>de</strong> Peres, Manzano e Silva (2007).<br />
polissacarí<strong>de</strong>os (carboidratos), como gomas e amidos, além<br />
das pectinas e <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> celulose. Dentre estes, o amido<br />
<br />
<br />
<br />
natural. Além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r maximizar a ingestão nutricional e<br />
28 . Portanto,<br />
<br />
usados para evitar a <strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong> indivíduos com disfagia 27 .<br />
Porém, os espessantes comerciais são <strong>de</strong> alto custo, em torno<br />
<strong>de</strong> R$ 40,00 a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 gramas, preço que limita a<br />
aquisição e ajuste da consistência correta.<br />
910<br />
2.900<br />
870<br />
2.440<br />
320<br />
1.090<br />
<br />
8.000<br />
Sabe-se que a ingestão po<strong>de</strong> ser maximizada por meio<br />
do ajuste da consistência dos alimentos a partir <strong>de</strong> técnicas<br />
simples e <strong>de</strong> baixo custo, sem o uso <strong>de</strong> espessantes comerciais<br />
que são onerosos 29,30 . O espessamento <strong>de</strong> alimentos a partir da<br />
utilização dos próprios alimentos em preparações diversas para<br />
<br />
<br />
ingestão alimentar, resultando em altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição,<br />
<strong>de</strong>sidratação e aspiração pulmonar, e aumentando o risco <strong>de</strong><br />
óbito 31 . São técnicas projetadas para este público, especialmente<br />
no que diz respeito à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comida em medidas caseiras<br />
840
necessárias para atingir as viscosida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> acordo com<br />
o padrão da ADA.<br />
Em 2006, foram realizadas pesquisas para o <strong>de</strong>senvolvi-<br />
<br />
preparações padronizadas para pacientes disfágicos, viscosida<strong>de</strong>s<br />
ajustadas <strong>de</strong> acordo com a ADA, composição química e<br />
dores<br />
e pacientes disfágicos, para ingestão dietética segura 28 .<br />
<br />
Os diferentes tipos <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser alcançados<br />
por meio <strong>de</strong> diluições apropriadas, utilizando-se leite ou água, a<br />
partir <strong>de</strong> preparações na viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pudim. As proteínas do<br />
leite e soro possuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar a viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
diferentes sistemas <strong>de</strong> alimentos, pois possuem comportamento<br />
reológico e proprieda<strong>de</strong>s funcionais tecnológicas importantes 32 .<br />
<br />
<br />
estimulação gustativa e do trigêmio pelo ácido 33 .<br />
Um fator consi<strong>de</strong>rado limitante para ajuste da viscosida<strong>de</strong> é<br />
<br />
da consistência das preparações, o que não garante uma ingestão<br />
<br />
preparação <strong>de</strong> creme <strong>de</strong> palmito na consistência <strong>de</strong> pudim. Nela,<br />
observa-se como características principais a formação <strong>de</strong> um<br />
<br />
<br />
<br />
preparação na consistência <strong>de</strong> mel, no qual observa-se a<br />
<br />
“V” característico.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
rala da mesma preparação, como o próprio nome diz, observa-<br />
<br />
<br />
Essas alternativas consi<strong>de</strong>radas simples, baratas e seguras,<br />
da<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida ao paciente disfágico sem se limitar a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> espessantes comerciais. Porém, ainda faltam orientações e<br />
divulgação a respeito <strong>de</strong> como seguir uma correta preparação.<br />
<br />
sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e à redução <strong>de</strong> potenciais complicações,<br />
por meio <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>,<br />
incluindo procedimentos especializados e programas <strong>de</strong> orientações<br />
a cuidadores 2 .<br />
Reavaliações periódicas e a<strong>de</strong>quadas da condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição<br />
são aspectos essenciais para a prevenção/recuperação<br />
da <strong>de</strong>snutrição. Um estudo avaliou a a<strong>de</strong>quação da dieta <strong>de</strong><br />
idosos institucionalizados, no qual 91% dos pacientes estavam<br />
com dietas em consistência abaixo do que po<strong>de</strong>riam tolerar <strong>de</strong><br />
maneira segura. Tanto o estado nutricional como a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ser afetados quando pacientes são mantidos em<br />
dietas com viscosida<strong>de</strong> inapropriada 4 .<br />
Os pacientes com disfagia po<strong>de</strong>m apresentar sacieda<strong>de</strong> rapi-<br />
<br />
Silva LBC et al.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
208<br />
Figura 1<br />
na consistência pudim. pH = 3,73; viscosida<strong>de</strong> = 2000 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />
para diluição = 0 mL<br />
Figura 2 – <br />
na consistência mel. pH = 3,69; viscosida<strong>de</strong> = 1080 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />
para diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 14,23 mL<br />
Figura 3<br />
na consistência néctar. pH = 3,71; viscosida<strong>de</strong> = 240 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />
para diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 42,88 mL
Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />
Figura 4 <br />
na consistência rala. pH = 5,36; viscosida<strong>de</strong> = 46 cP; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água para<br />
diluição em 100 mL da receita na viscosida<strong>de</strong> pudim = 107,14 mL<br />
concentrada. Em lugar <strong>de</strong> servir três refeições ao dia, estes<br />
pacientes <strong>de</strong>vem receber porções menores e mais frequentes 31 . É<br />
importante ressaltar que para os pacientes com disfagia, a<br />
<br />
quando estão mais cansados. Isto é especialmente importante<br />
no caso <strong>de</strong> pacientes com doenças como Parkinson, para os<br />
quais o efeito da medicação po<strong>de</strong> reduzir-se durante o dia,<br />
diminuindo ainda mais a capacida<strong>de</strong> do paciente em <strong>de</strong>glutir 34 .<br />
O posicionamento correto do paciente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ajuda<br />
durante as refeições, sendo importante seguir as orientações <strong>de</strong><br />
um fonoaudiólogo.<br />
<br />
<br />
consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte nutricional alternativo.<br />
Uma sonda macia e bem tolerável po<strong>de</strong> ser alocada guiada<br />
radiologicamente. A gastrostomia endoscópica percutânea é<br />
realizada instalando-se um tubo da gastrostomia pelo estômago<br />
por via abdominal percutânea guiada pelo endoscopista e ,se<br />
disponível, é preferível à gastrostomia cirúrgica 35,36 .<br />
Sendo assim, a orientação <strong>de</strong> uma dieta individualizada,<br />
<br />
quanto à via <strong>de</strong> acesso para alimentação ajudam a prevenir<br />
<strong>de</strong>snutrição no paciente com disfagia, em que cuidados <strong>de</strong><br />
uma equipe multidisciplinar são necessários para o bem-estar<br />
<br />
<br />
terapia nutricional inviabiliza a replicação dos mesmos com<br />
37 .<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A disfagia é uma condição complexa, que tem um profundo<br />
impacto na vida do paciente. O tratamento da <strong>de</strong>glutição<br />
<br />
o objetivo <strong>de</strong> maximizar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente e a<br />
qualida<strong>de</strong> nutricional, além <strong>de</strong> diminuir os riscos <strong>de</strong> aspiração<br />
<br />
uma alimentação segura com uma textura a<strong>de</strong>quada para o<br />
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />
209<br />
paciente, prevenindo a <strong>de</strong>snutrição e estimulando o paciente a<br />
<strong>de</strong>sfrutar os prazeres <strong>de</strong> comer, levando em conta que é funda-<br />
<br />
<br />
disfagia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da elaboração <strong>de</strong> um programa terapêutico<br />
que eleja um grupo <strong>de</strong> procedimentos capazes <strong>de</strong> causar efeitos<br />
<br />
satisfatória no quadro geral do indivíduo. Porém, uma questão<br />
-<br />
<br />
<br />
Ainda é necessário <strong>de</strong>senvolver pesquisas, divulgações,<br />
promoções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação para atingir um patamar <strong>de</strong><br />
controle da disfagia, possibilitando oferecer a esta população<br />
<br />
<strong>de</strong> vida digna.<br />
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