Dicionário Enciclopédico da Psicologia - Livraria Martins Fontes
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HIstÓrIAs e teÓrICos<br />
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que cria a pessoa humana. O complexo de Édipo é a descoberta de um processo<br />
fun<strong>da</strong>mental: o ciúme que a criança sente relativamente ao genitor do<br />
mesmo sexo e o desejo inconfessado de eliminá-lo e substituí-lo. Tal conflito<br />
origina neuroses quando o complexo não encontra uma saí<strong>da</strong> favorável, e<br />
desaparece quando o sujeito encontra outros objectos.<br />
Freud elaborou dois modelos do aparelho psíquico (tópicas). O primeiro<br />
atribui à pessoa humana três instâncias: o pré‑consciente, o inconsciente e<br />
o consciente. Contudo, essa primeira tópica tem mais um valor descritivo,<br />
na medi<strong>da</strong> em que não distingue as forças que produzem o recalcamento<br />
ao enfrentar-se no conflito psíquico. Em 1923, Freud elabora a sua segun<strong>da</strong><br />
tópica. O sujeito é estruturado por três instâncias: o id (reservatório <strong>da</strong>s<br />
pulsões), o ego e o superego (conjunto de regras morais, interiorização do<br />
interdito parental).<br />
Na história <strong>da</strong> Psicanálise, convém, aliás, atribuir uma importância<br />
particular à viragem <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 20, ou seja, à teoria <strong>da</strong> pulsão de morte,<br />
liga<strong>da</strong> à observação <strong>da</strong> força <strong>da</strong> repetição no ser humano, repetição que faz<br />
reaparecer regularmente o que há de mais penoso ou traumático.<br />
sessão analítica e suas regras fun<strong>da</strong>mentais<br />
As neuroses, mas também algumas outras tensões psíquicas que traduzem<br />
o mal-estar do sujeito adulto, podem levar este a consultar um psicanalista<br />
– pessoa que também seguiu uma análise e que, por esse motivo, se<br />
encontra, em princípio, apta a escutar aquele que sofre. Durante a sessão<br />
analítica, as associações do paciente permitem percorrer o curso do processo<br />
de recalcamento e revelar os desejos inconscientes. A primeira regra fun<strong>da</strong>mental<br />
<strong>da</strong> Psicanálise é, portanto, a associação livre: pede-se ao paciente<br />
que se permita dizer tudo aquilo que lhe vem à cabeça, mesmo que se trate<br />
de algo que considere inútil, inadequado ou estúpido. É-lhe absolutamente<br />
exigido que não omita qualquer pensamento, ain<strong>da</strong> que embaraçoso ou<br />
penoso. É esta regra fun<strong>da</strong>mental que estrutura a relação entre o analista<br />
e o paciente. A reconstituição <strong>da</strong> história do sujeito deveria implicar o desaparecimento<br />
do sintoma. No entanto, mesmo após alguns êxitos, tal acção<br />
encontra dois problemas no método analítico: a resistência e a transferência.<br />
Depressa, o paciente deixa de ser capaz de comunicar livremente os seus<br />
pensamentos: estes resistem e ele próprio resiste à sua confissão. Simultaneamente,<br />
opera-se uma transferência de sentimentos de amor ou ódio<br />
em relação à própria prática <strong>da</strong> análise e à pessoa do analista. Resistência e<br />
transferência condicionam o facto de reviver situações conflituosas antigas<br />
ou lembranças traumáticas recalca<strong>da</strong>s, podendo a situação de revivescência<br />
constituir um obstáculo para o trabalho <strong>da</strong> cura. Para superar tal situação<br />
de bloqueio, é necessário que tudo o que resulta <strong>da</strong> análise – os acontecimentos<br />
que nela se produzem, as imagens, os pensamentos secretos, os<br />
silêncios, etc. – seja igualmente analisado, <strong>da</strong>do que tudo isto faz parte do<br />
(...)