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Dicionário Enciclopédico da Psicologia - Livraria Martins Fontes

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AS GRANDES QUESTÕES<br />

108<br />

ADolESCêNCiA<br />

(Comportamentos de risco na)<br />

Para exprimirem o seu sofrimento, entre 10% e 20% dos jovens recor‑<br />

rem a comportamentos de risco de diversa ordem (do correr irreflec‑<br />

tido de riscos físicos à toxicodependência ou a tentativas de suicídio,<br />

passando por companhias duvidosas, fugas, etc.), mas com um deno‑<br />

minador comum (geralmente autodestrutivas, alteram as potenciali‑<br />

<strong>da</strong>des evolutivas).<br />

Os limites <strong>da</strong> adolescência e <strong>da</strong> pós‑adolescência são imprecisos e<br />

variam segundo as socie<strong>da</strong>des. O início <strong>da</strong> adolescência é caracterizado<br />

pela transformação <strong>da</strong> puber<strong>da</strong>de, que provoca múltiplas modificações ao<br />

mesmo tempo fisiológicas, psicológicas e sociais. Com o prolongamento <strong>da</strong><br />

escolari<strong>da</strong>de, dificul<strong>da</strong>des acresci<strong>da</strong>s para entrar na vi<strong>da</strong> profissional, mas<br />

também a tendência para retar<strong>da</strong>r o estabelecimento de um laço conjugal,<br />

a actual evolução social leva a diferir o fim <strong>da</strong> adolescência. Alguns chamam<br />

«pós‑adolescência» a tal período marcado por uma definição progressiva <strong>da</strong>s<br />

características que constituirão o adulto.<br />

Durante a adolescência, verifica‑se que o «agir» é um modo privile‑<br />

giado de testemunhar e exprimir angústias e conflitos internos. Quando se<br />

evocam os comportamentos de risco (que se referem apenas a uma pequena<br />

percentagem dessa faixa etária) designa‑se igualmente uma tendência para<br />

a passagem ao acto (na maioria dos casos, violento e impulsivo, por vezes,<br />

delituoso): roubo, agressão, abuso de álcool ou droga, fuga, acto impulsivo<br />

automutilador.<br />

Abor<strong>da</strong>dos por este prisma, os comportamentos de risco conjugam‑se<br />

sob a forma de confrontação – íntima, familiar ou, inclusive, comprometendo<br />

o indivíduo numa relação desviante com respeito à socie<strong>da</strong>de.<br />

Confronto íntimo<br />

O adolescente em situação de crise<br />

íntima e, logo, de sofrimento moral volta<br />

amiúde contra si próprio a angústia, durante<br />

um processo parcialmente inconsciente, que<br />

podemos aproximar do ordálio. Esse risco<br />

voluntário deve ser compreendido como um<br />

«confronto simbólico com a morte».<br />

É, pois, sob a forma do ordálio indi‑<br />

vidual que se pode <strong>da</strong>r um sentido ao cor‑<br />

rer riscos. Nos possíveis comportamentos<br />

Ordálio designa o julgamento<br />

de Deus. Perante um<br />

presumível culpado, recai nos<br />

elementos naturais o cui<strong>da</strong>do<br />

de indicar a culpa ou inocência.<br />

Na Europa ocidental, fazia‑se<br />

geralmente pelo fogo ou pela<br />

água: se a pessoa julga<strong>da</strong><br />

escapasse à morte por<br />

queimadura ou afogamento,<br />

era declara<strong>da</strong> inocente.<br />

dos adolescentes, muitos exemplos ilustram tal propósito. Em alguns casos,<br />

ro<strong>da</strong>rão o automóvel a uma veloci<strong>da</strong>de suficientemente viva para que surja<br />

um real perigo de morte; noutros, levarão a viagem <strong>da</strong> droga mais longe<br />

do que antes, para sítios onde não se sabe «exactamente» se o organismo<br />

sobreviverá a novo trajecto. Resposta individual a um sofrimento individual,

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