teatro, educação e transformação social na grécia antiga
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Universidade Estadual de Maringá<br />
08 e 09 de Junho de 2009<br />
didascália coral guarda o seu nome a recordação da escola e do ensino.<br />
Pela sua solenidade e raridade, pela participação do Estado e de todos<br />
os cidadãos, pela gravidade e pelo zelo com que apresentavam e a<br />
atenção prestada durante o ano inteiro ao novo “Coro”, como se dizia,<br />
pelo número de poetas que concorriam para a obtenção do prêmio,<br />
aquelas apresentações chegaram a ser o ponto culmi<strong>na</strong>nte da vida do<br />
Estado (JAEGER, 1979, p. 273)<br />
A influência da tragédia e a importância dada à esse gênero pelos cidadãos da pólis<br />
mostra o porquê desta ter sido incluída pela tirania numa festividade popular, passando<br />
a ser utilizada como “um instrumento de propaganda” (HAUSER, 1990, p. 126) para<br />
aqueles que ocupavam o poder: num primeiro momento os tiranos e posteriormente os<br />
legisladores da pólis democrática.<br />
A importância atribuída a esse gênero artístico pode ser dimensio<strong>na</strong>da quando<br />
vislumbrado pelo zelo <strong>na</strong> sua manutenção e continuidade. Para isso, no período Clássico<br />
os legisladores da pólis instituíram um “fundo especial” onde arrecadavam determi<strong>na</strong>do<br />
montante em dinheiro o qual deveria servir para indenizar os cidadãos mais pobres com<br />
uma quantia suficiente para ressarci-los ao dia – ou dias – de trabalho perdido, para que<br />
esses cidadãos pudessem estar presentes <strong>na</strong> platéia das peças, assistindo as<br />
apresentações:<br />
... a partir de Péricles, ou bem mais tarde, do demagogo Cleofonte, foi<br />
instituído [...] uma subvenção de dois óbolos diários que recebiam os<br />
pobres, a fim de que pudessem assistir aos espetáculos teatrais. [...]<br />
uma autêntica indenização, para que os menos favorecidos pudessem<br />
deixar o trabalho nos dias de festa (BRANDÃO, 1992, p. 116).<br />
Mas, apesar de serem “convocados”, até mesmo a troco de uma “indenização”, os<br />
cidadãos não tinham o “direito” de interferir no processo de criação, nem no desenrolar<br />
das apresentações. “... A entrada gratuita e o pagamento de compensações em dinheiro<br />
pelo tempo gasto no <strong>teatro</strong> [...] constituíam exatamente os fatores que inibiam<br />
inteiramente as massas a exercer qualquer influência nos destinos do <strong>teatro</strong>” (HAUSER,<br />
1990, p. 225). Apesar de estarem inseridas numa festividade popular estes estavam<br />
sujeitos aos interesses dos setores legisladores do poder da cidade-Estado que<br />
mantinham as apresentações.<br />
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