Caderno III - Ministério do Esporte
Caderno III - Ministério do Esporte
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Organiza<strong>do</strong>ra<br />
Cássia Damiani<br />
Comitê Editorial<br />
Cássia Damiani - SE<br />
Gianna Lepre Perim SNEED<br />
Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto - SNDEL<br />
Marco Aurélio Ravanelli Klein - SNEAR<br />
Colabora<strong>do</strong>res<br />
Ana Cristina Gonçalves <strong>do</strong>s Santos<br />
Andréa Nascimento Ewerton<br />
Bianca Alves Silveira<br />
Cláudia Marins de Souza<br />
Cyro Viegas<br />
Fernan<strong>do</strong> Marinho Mezzadri<br />
Juliana de Oliveira Freire<br />
Micheli Ortega Escobar<br />
Rossana Valeria Souza e Silva<br />
Fotógrafos <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>:<br />
Al<strong>do</strong> Dias<br />
Bruno Carvalho<br />
Francisco Medeiros<br />
Coletânea <strong>Esporte</strong> e Lazer: Políticas de Esta<strong>do</strong> (2.: 2009: <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
DF): <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>: Desenvolvimento Institucional.<br />
Brasília: <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, 2009.<br />
82 p.<br />
1. <strong>Esporte</strong>s Congresso. 2. Conferência Nacional de <strong>Esporte</strong> . 3. Política<br />
Pública. Título.<br />
CDU 796 (042,3)
Sumário<br />
Palavra <strong>do</strong> Ministro ................................................................................................................................ 7<br />
Apresentação .......................................................................................................................................... 9<br />
A intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na formação das políticas públicas de esporte no Brasil ......................... 11<br />
Secretaria Executiva ............................................................................................................................. 21<br />
Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> Educacional ....................................................................................... 33<br />
Secretaria Nacional de Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong> e de Lazer ....................................................... 43<br />
Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento ......................................................................... 53<br />
Grandes Eventos Esportivos ................................................................................................................ 66<br />
Considerações finais ............................................................................................................................. 81
7<br />
Palavra <strong>do</strong> Ministro<br />
O Brasil vive o momento em que o desenvolvimento social e a redução das desigualdades se concretizam<br />
em consonância com o crescimento econômico e com ampliação de liberdades democráticas. Assim, o país<br />
conquistou definitivamente o reconhecimento e a confiança internacional. Isso eleva a qualidade de vida e a<br />
esperança <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />
Nos últimos anos, tivemos também avanços e conquistas no esporte nacional. Os resulta<strong>do</strong>s, antes de serem<br />
espontâneos, espelham a determinação política <strong>do</strong> presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em 2003, pela<br />
primeira vez na nossa história, criou um ministério exclusivo para o setor e com isso, o esporte e o lazer firmaram-se<br />
como direitos de cidadania. O Brasil definiu como centro da política de esporte a inclusão social e o<br />
desenvolvimento humano, e criou programas esportivos e sociais que o projetaram no cenário internacional.<br />
A vitória <strong>do</strong> Rio de Janeiro como cidade sede para as Olimpíadas e Para-olimpíadas de 2016, concretiza os esforços<br />
<strong>do</strong> governo federal para colocar o país no centro <strong>do</strong>s grandes eventos esportivos mundiais. Um marco<br />
decisivo foi a realização, em 2007, no Rio, <strong>do</strong>s melhores Jogos Pan-Americanos da história. Trouxemos a Copa<br />
de 2014 e agora as Olimpíadas 2016, um feito inédito. A conquista de sediar os maiores eventos esportivo<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se sustenta no paradigma <strong>do</strong>s lega<strong>do</strong>s que contribui com o crescimento <strong>do</strong> Brasil, a transformação<br />
urbana das cidades e o desenvolvimento social sustentável por meio <strong>do</strong> esporte.<br />
Isso significa impulso às ações da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, maior acesso das crianças e da juventude ao<br />
esporte e ao lazer, ampliação da formação esportiva e <strong>do</strong> desenvolvimento da carreira de atletas, elevação<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s esportivos e da qualidade <strong>do</strong>s programas sociais, como o Segun<strong>do</strong> Tempo e o <strong>Esporte</strong> e Lazer<br />
da Cidade.<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> quer consolidar o esporte e o lazer como políticas de esta<strong>do</strong> que, além de fomentar<br />
a cadeia produtiva <strong>do</strong> esporte, possibilitarão novas oportunidades de trabalho e renda, e aumentarão a capacidade<br />
administrativa e tecnológica <strong>do</strong> país para realizar grandes eventos esportivos.<br />
Esse conjunto de fatores torna a política <strong>do</strong> esporte estratégica para o desenvolvimento <strong>do</strong> país que pretende<br />
ser a quinta potência econômica em 2016 e, figurar entre as dez maiores potências olímpicas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Fazer o esporte participar <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> Brasil implica na estruturação <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
e Lazer, tema que merece nossa atenção porque representa mais órgãos próprios de gestão nos esta<strong>do</strong>s e<br />
municípios, mais orçamento para o esporte e lazer e o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s mecanismos democráticos e de<br />
instâncias como a Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, que contribuem com<br />
o controle social das políticas públicas.<br />
Amadurecemos e tornamos pujante o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, agora apresentamos ao debate sua trajetória no<br />
campo institucional. A coletânea “<strong>Esporte</strong> e Lazer: Políticas de Esta<strong>do</strong>” é um convite para o leitor conhecer o<br />
espaço de materialização da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
9<br />
Apresentação<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> cria<strong>do</strong> em 2003 com a missão de “Formular e implementar políticas públicas inclusivas<br />
e de afirmação <strong>do</strong> esporte e lazer como direitos sociais <strong>do</strong>s cidadãos, colaboran<strong>do</strong> para o desenvolvimento<br />
nacional e humano”, apresenta esta coletânea, que objetiva sistematizar as experiências <strong>do</strong> Governo Federal<br />
na gestão de políticas públicas de esporte e lazer.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, para qualificar e aperfeiçoar o trato com conhecimento e a execução <strong>do</strong>s programas e ações,<br />
consideran<strong>do</strong> a evolução conceitual, a formação, os instrumentos administrativos e os mecanismos de participação<br />
social, bem como fazer resgate histórico e democratizar o acesso à informação e <strong>do</strong>cumentação dessas<br />
Políticas Públicas, a presente coletânea está organizada em três volumes. Dois volumes tratam <strong>do</strong>s debates<br />
ocorri<strong>do</strong>s na Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> - CNE, instituída por Decreto Presidencial em 2004, um marco<br />
histórico para área <strong>do</strong> esporte e lazer no Brasil, e o terceiro volume apresentará os programas e ações <strong>do</strong><br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
O <strong>Caderno</strong> I - <strong>Esporte</strong>, Lazer e Desenvolvimento Humano, traz as produções da I CNE, desde a Carta de Brasília,<br />
que sintetiza o conteú<strong>do</strong> debati<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> por milhares de pessoas em to<strong>do</strong> Brasil, indica subsídios<br />
para construção da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e a resolução de Criação <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e<br />
Lazer e finaliza esse volume com a apresentação da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, aprovada pelo Conselho<br />
Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> no ano de 2005.<br />
O <strong>Caderno</strong> II – Construin<strong>do</strong> o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer apresenta três textos preparatórios da II<br />
CNE, elabora<strong>do</strong>s para orientar os debates nas conferências municipais e estaduais, culminan<strong>do</strong> nas deliberações<br />
da Etapa Nacional, sen<strong>do</strong> eles: Fundamentação sobre o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, Relatório <strong>do</strong><br />
I Fórum <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, Considerações sobre o Projeto de Lei <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
Ainda nesse volume serão apresenta<strong>do</strong>s: Documento final com as resoluções da II CNE, como também o <strong>do</strong>cumento<br />
síntese de elaborações teóricas de Especialistas (Pesquisa<strong>do</strong>res de IES e institutos, dirigentes esportivos,<br />
professores, gestores, e outros), após os debates da Reunião sobre o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer,<br />
promovida pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, de 03 a 07 de dezembro de 2007. Esta reunião deliberou a criação de<br />
um Fórum Virtual para problematizar o tema, que deu origem ao último texto desse volume: Subsídios para<br />
concepção <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />
O <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong> – Programas e Ações <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é um espaço de socialização das ações das Secretarias<br />
Finalísticas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>, apresentan<strong>do</strong> as diretrizes, os principais programas e projetos, seus conceitos,<br />
funcionamento, formas de acesso e abrangência. Neste <strong>Caderno</strong> preparan<strong>do</strong> o debate para a <strong>III</strong> Conferência,<br />
será apresenta<strong>do</strong> um diálogo com outras áreas que construíram e/ou estão construin<strong>do</strong> seus respectivos sistemas.<br />
E por fim apresenta as linhas para um debate em torno da construção de um Plano Decenal de <strong>Esporte</strong><br />
e Lazer.<br />
Espera-se que essa coletânea seja uma contribuição aos gestores de esporte e lazer municipais e estaduais,<br />
bem como a to<strong>do</strong>s que direta ou indiretamente formulam, implementam, pesquisam ou participam de políticas<br />
públicas de esporte e lazer para atender com qualidade os anseios da população brasileira.<br />
Comitê Editorial<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Foto: Acervo ME<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
10
Breve histórico sobre a intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na<br />
formação das políticas públicas de esporte no Brasil<br />
O esporte nos dias atuais é pensa<strong>do</strong> e considera<strong>do</strong><br />
mundialmente como um bem cultural e como<br />
direito social a ser compartilha<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s indistintamente.<br />
Essa consideração é levada a sério<br />
pelo Brasil e, como tal, uma responsabilidade assumida<br />
pelo Esta<strong>do</strong> . Isso implica na realização de<br />
condições reais para o acesso igualitário de to<strong>do</strong>s<br />
ao esporte e ao lazer. Um <strong>do</strong>s grandes desafios da<br />
gestão pública no Brasil é tornar esse acesso uma<br />
realidade para to<strong>do</strong>s, com perspectiva emancipatória<br />
que possibilite condições de igualdade social,<br />
enfrentan<strong>do</strong> atitudes de tutela ou paternalismo <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> nesse campo. Muito tem si<strong>do</strong> feito pelo esporte<br />
no país, ainda assim, os desafios são imensos<br />
para concretizar sua universalização e seu potencial<br />
de desenvolvimento humano.<br />
Para entender a atual estrutura de esporte e lazer<br />
no país e apontar os caminhos futuros é preciso<br />
compreender a dinâmica das políticas sociais nesse<br />
campo. Assim, uma reflexão a partir <strong>do</strong> contexto<br />
histórico em que os seus elementos foram forma<strong>do</strong>s<br />
possibilita clareza na elaboração das ações da<br />
gestão pública. Recuperar, brevemente, um pouco<br />
de nossa trajetória política, econômica e social<br />
permite situar os aspectos pertinentes às áreas de<br />
intervenção social de esporte e lazer no desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> pensamento que as orientou e, portanto,<br />
entender o caminho de construção dessa<br />
estrutura.<br />
A introdução das primeiras manifestações esportivas<br />
no país ocorreu ainda no século XIX a partir das<br />
influências <strong>do</strong>s imigrantes europeus. Desde então<br />
o caminho <strong>do</strong> esporte passou por momentos distintos<br />
de nossa história ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> objeto de avanços,<br />
retrocessos e contradições no que diz respeito<br />
à sua democratização. As diversas modalidades<br />
esportivas foram cain<strong>do</strong> no gosto popular e pouco<br />
tempo depois começaram a ser organizadas em<br />
clubes, associações, agremiações e outras diversas<br />
formas de instituição pela própria população.<br />
11<br />
A modernização <strong>do</strong> país, condição para realização<br />
da democracia em todas as áreas, iniciou-se a partir<br />
de fatos marcantes e importantes como a Abolição<br />
da Escravatura e a Proclamação da República.<br />
Porém, como processo social e histórico, esses fatos<br />
desencadearam uma série de transformações<br />
sociais que nem sempre estiveram conectadas aos<br />
objetivos modernos e liberais, ao menos <strong>do</strong> ponto<br />
de vista formal, de tornar os indivíduos livres, iguais<br />
e autônomos.<br />
Isso se deve ao fato de que, historicamente, a sociedade<br />
brasileira foi fundada sob as bases de uma<br />
cultura violenta, patriarcalista, escravocrata, hierárquica<br />
e pessoalista 1 que desenvolveu um Esta<strong>do</strong>,<br />
ainda que republicano, com uma burocracia patrimonialista<br />
2 . Nessas condições a participação popular,<br />
o senti<strong>do</strong> de nação, a democracia e a cidadania<br />
foram sempre elementos a serem conquista<strong>do</strong>s por<br />
massas freqüentemente subsumidas pelo poder<br />
das oligarquias e <strong>do</strong>s interesses de grupos <strong>do</strong>minantes.<br />
No plano social, político e econômico, no início <strong>do</strong><br />
século XX, o Esta<strong>do</strong> e a sociedade brasileira fundaram<br />
as primeiras bases da modernização. A partir<br />
<strong>do</strong>s lucros da monocultura exporta<strong>do</strong>ra de café,<br />
vários fazendeiros haviam diversifica<strong>do</strong> seus negócios<br />
e financia<strong>do</strong> parte de uma estrutura necessá-<br />
1 O Pessoalismo é um conceito presente na obra <strong>do</strong> antropólogo<br />
Roberto DaMatta e trata de compreender os traços hierárquicos<br />
existentes na maneira de estabelecer as relações sociais<br />
no Brasil. O pessoalismo identifica a posição social <strong>do</strong>s<br />
interlocutores e define o tratamento a ser utiliza<strong>do</strong> mediante<br />
a importância social das posições de poder em jogo.<br />
2 Burocracia Patrimonialista é um conceito elabora<strong>do</strong> a partir<br />
da obra Economia e Sociedade de Max Weber em que o<br />
patrimonialismo designa um tipo de gestão presente no perío<strong>do</strong><br />
feudal, portanto anterior à modernidade, e que define o tipo de<br />
organização <strong>do</strong> poder a partir de critérios pessoais. Está liga<strong>do</strong><br />
ao conceito sociológico <strong>do</strong> tipo de <strong>do</strong>minação tradicional e foi<br />
utiliza<strong>do</strong> por teóricos da política brasileira para explicar o Esta<strong>do</strong><br />
nacional constituí<strong>do</strong> desde o perío<strong>do</strong> imperial, sen<strong>do</strong> presente<br />
também no perío<strong>do</strong> republicano, principalmente em seu início.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
ia ao intercâmbio da tecnologia da época para a<br />
industrialização e o trânsito de comércio, serviços<br />
e informações. A República caminhava com os desafios<br />
de envolver uma população em sua maioria<br />
iletrada e sem recursos, já que o sal<strong>do</strong> da escravidão<br />
e da falta de políticas de inclusão social que se<br />
seguissem à abolição foi a marginalização. Nesse<br />
contexto, o país, mesmo republicano, ainda estava<br />
longe de consolidar a democracia em seu cotidiano.<br />
O esporte, nesse perío<strong>do</strong>, entre os anos 20 e 30,<br />
usufruía de certa autonomia e independência.<br />
Dentre as diversas modalidades esportivas que<br />
começaram a ser introduzidas no Brasil, algumas<br />
permaneceram de elite como o tênis, outras se popularizam<br />
primeiro como os esportes náuticos. A<br />
prática esportiva, assim como as instituições que as<br />
organizavam, os clubes e associações foram se forman<strong>do</strong><br />
de maneira espontânea, sem a participação<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Durante a década de 1920, as organizações<br />
esportivas apresentavam uma organização<br />
informal preferin<strong>do</strong> manterem-se independentes<br />
das estruturas esportivas oficiais. Nas primeiras manifestações<br />
<strong>do</strong> esporte no país, sua prática social<br />
era ainda tímida, com baixos níveis de conflito e de<br />
necessidades, ausência de interesses secundários<br />
e pequena intervenção por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Durante<br />
a caminhada <strong>do</strong> esporte ao longo da história<br />
brasileira, tais condições se alteraram significativamente.<br />
No plano da cultura, o país começava a esboçar a<br />
necessidade de uma unidade de identidade, algo<br />
que singularizasse a cultura brasileira. A Semana<br />
de Arte Moderna de 1922 que se seguiu à chamada<br />
Belle Époque (perío<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pelo cosmopolitismo)<br />
demonstrou uma busca pela valorização<br />
das características da cultura brasileira e da arte<br />
produzida pelos brasileiros. No mesmo perío<strong>do</strong>, as<br />
chamadas classes médias, representadas pelo movimento<br />
tenentista, começaram a abalar as oligar-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
quias <strong>do</strong> poder e em 1930, a Aliança Liberal empossou<br />
Getúlio Vargas.<br />
Houve um esforço em vários setores da sociedade<br />
pelo nacionalismo ou pelo reconhecimento de<br />
uma identidade nacional que foi impulsiona<strong>do</strong> com<br />
a Substituição de Importações. O governo Vargas,<br />
alian<strong>do</strong> a política da industrialização à ideologia<br />
trabalhista, reforçou os ideais de patriotismo, buscan<strong>do</strong><br />
afastar, ao mesmo tempo, a influência da<br />
experiência socialista na URSS e o conflito entre as<br />
classes.<br />
Na tentativa de resolução da questão social no Brasil,<br />
seguiu-se um modelo de governo interventor<br />
que focou na industrialização e no trabalhismo<br />
como fontes de moralização da população. O Esta<strong>do</strong><br />
deveria atuar como potência disciplina<strong>do</strong>ra.<br />
O compromisso <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Autoritário era conciliar<br />
as classes e promover a sua colaboração. Diante<br />
disso, os sindicatos foram tutela<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong> e<br />
as leis trabalhistas estabelecidas a partir de uma<br />
ideologia populista que afirmava se antecipar às<br />
lutas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. A esse conjunto de ações<br />
somava-se, ainda, uma forte intervenção na cultura,<br />
como a censura feita aos sambas da época que<br />
exaltavam a figura <strong>do</strong> malandro carioca e a crítica<br />
ao trabalho, que era tão ideologiza<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>.<br />
Toda a sociedade estava sob a rígida égide <strong>do</strong> trabalhismo<br />
e da carteira de trabalho.<br />
Como não poderia deixar de ser, nesse momento<br />
a escola concentrava a difusão <strong>do</strong> esporte no país<br />
pela Educação Física. Em que pesem os conteú<strong>do</strong>s<br />
a serem trabalha<strong>do</strong>s, a escola torna-se o local da<br />
conjugação entre os ideais de higienização e moralização3<br />
. E, como instrumento para essa equação,<br />
a educação física entrou compon<strong>do</strong> os currículos<br />
escolares.<br />
O esporte e o lazer, pensa<strong>do</strong>s nesse contexto, também<br />
incorporam a lógica <strong>do</strong> trabalhismo. O esporte<br />
para a disciplina corporal e o lazer como recarga de<br />
12
energias para a reprodução da força de trabalho. Foi<br />
assim que, pela primeira vez, através <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />
nº 3.199, de 14/01/1941 o Esta<strong>do</strong> passou a intervir<br />
nas entidades denominadas “desportivas”, limitan<strong>do</strong><br />
a autonomia e impon<strong>do</strong> um sistema de organização<br />
das entidades de esporte no país de mo<strong>do</strong><br />
verticaliza<strong>do</strong>. Esse decreto surgiu para evitar os conflitos<br />
internos nas entidades e as disputas locais pelo<br />
poder, era o traço <strong>do</strong> intervencionismo estatal com<br />
o objetivo autoritarista de manter toda a sociedade<br />
controlada. Afinal, nesta concepção de Esta<strong>do</strong>,<br />
o seu dirigente sabe o que é melhor para sua gente.<br />
As demandas da sociedade civil ou <strong>do</strong>s clubes, locais<br />
de organização <strong>do</strong> esporte neste perío<strong>do</strong> foram<br />
sufocadas pela tentativa de pacificar os conflitos<br />
de interesses ou negar-lhes as sua existência. Até<br />
mesmo as indicações <strong>do</strong>s responsáveis pelo esporte<br />
eram feitas pelo governo, o que permitia o favoritismo<br />
e distinções no desenvolvimento da área.<br />
No transcorrer da vigência dessa Lei foi cria<strong>do</strong> o<br />
Conselho Nacional de Desportos (CND) que também<br />
continha os objetivos de fiscalizar e orientar<br />
as atividades esportivas por intermédio de pessoas<br />
de confiança <strong>do</strong> governo. Com a criação <strong>do</strong> CND,<br />
implantou-se o Sistema Desportivo Nacional, assumin<strong>do</strong><br />
a tarefa de coordenar as atividades das<br />
entidades esportivas. O Art. 3º dessa Lei definia o<br />
CND como responsável por disciplinar, financiar e<br />
organizar as associações esportivas, promover a<br />
educação física, afirmar a cultura nacional, garantir<br />
moralidade no esporte profissional, apoiar o esporte<br />
ama<strong>do</strong>r e promover a participação <strong>do</strong> Brasil<br />
3 Esses ideais faziam parte <strong>do</strong> pensamento científico, da época,<br />
que produziu as teorias raciais na tentativa de entendimento<br />
das fontes <strong>do</strong>s problemas e desigualdades sociais, bem<br />
como <strong>do</strong>s povos descobertos e coloniza<strong>do</strong>s pelas potências<br />
européias no início <strong>do</strong> século. Essas teorias possibilitaram as<br />
teses sobre o branqueamento da população brasileira como<br />
resolução para o atraso sócio-econômico, esteve presente<br />
no pensamento que orientou políticas em todas as áreas<br />
e, ainda, o embasamento para tanto para o imperialismo<br />
quanto para o eugenismo desenvolvi<strong>do</strong> pelo nazifacismo.<br />
13<br />
em eventos internacionais. As ações estatais para<br />
o esporte ficaram separadas, houve uma divisão<br />
responsável pela Educação Física enquanto o Conselho<br />
Nacional de Desporto coordenava o sistema<br />
desportivo.<br />
A estrutura das políticas de esporte nesse perío<strong>do</strong><br />
possuía um modelo rígi<strong>do</strong> em que as práticas<br />
esportivas recreativas e participativas eram entendidas<br />
como contrárias à construção <strong>do</strong> ideal de<br />
um indivíduo molda<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>. As ideias de<br />
nacionalismo e patriotismo estavam presentes na<br />
formulação dessas políticas e conectadas ao objetivo<br />
maior de manter toda a sociedade brasileira sob<br />
o controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou, mais precisamente, sob<br />
o controle <strong>do</strong> estadista. O que aponta elementos<br />
presentes de totalitarismo nas concepções políticas<br />
daquele governo.<br />
O Sistema Nacional foi estrutura<strong>do</strong> estimulan<strong>do</strong> as<br />
confederações, federações, ligas e associações esportivas.<br />
Ocorreu uma divisão <strong>do</strong>s tipos de esporte:<br />
esporte militar, esporte universitário e esporte escolar<br />
– chama<strong>do</strong> esporte da juventude, to<strong>do</strong>s com<br />
objetivos bem específicos. O poder público representa<strong>do</strong><br />
pela União, Esta<strong>do</strong>s, Municípios, ficou responsável<br />
pela construção de instalações esportivas,<br />
também assumin<strong>do</strong> o encargo de subvencionar as<br />
entidades esportivas no desenvolvimento de suas<br />
atividades.<br />
É nesse senti<strong>do</strong> que o futebol, como esporte mais<br />
difundi<strong>do</strong> e de gosto popular, começa a receber<br />
atributos construtivos da identidade nacional, potencializa<strong>do</strong><br />
nos momentos das disputas <strong>do</strong>s jogos<br />
da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Os elementos que gestaram<br />
essa popularização, de certa forma, estiveram atrela<strong>do</strong>s<br />
a uma postura <strong>do</strong>s dirigentes públicos que<br />
identificaram no esporte um meio de negação e<br />
substituição de conflitos sociais. É sob essa condição<br />
que o futebol, antes um esporte de elite começa<br />
a ser difundi<strong>do</strong> no seio da modernização brasileira<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
pelos ingleses no início <strong>do</strong> século XX. Em termos de<br />
organização da prática esportiva <strong>do</strong> futebol, essa<br />
era a modalidade que recebia maior montante de<br />
recursos e visibilidade. As outras modalidades ficaram<br />
em segun<strong>do</strong> plano e se desenvolveram de<br />
maneira ama<strong>do</strong>ra.<br />
Os segmentos de esporte que não faziam parte da<br />
normatização foram excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema esportivo<br />
oficial e, portanto, <strong>do</strong> financiamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Diante disso, os dirigentes disputavam a garantia<br />
de manutenção de suas posições utilizan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong><br />
prestigio que lhes era da<strong>do</strong>, o que reforçava e legitimava<br />
a estrutura ora vigente. Também, nesse modelo,<br />
houve um processo de divulgação <strong>do</strong> esporte,<br />
porém sem que acompanhasse a sua democratização.<br />
Havia a ausência de uma política de acesso<br />
ao esporte. A relação da população com o esporte<br />
estava situada meramente na torcida das seleções,<br />
isto é, ser expecta<strong>do</strong>r já era participação no esporte,<br />
ainda que de maneira passiva.<br />
O desenvolvimento de esporte e lazer no transcurso<br />
da história, nas décadas de 1950 e 1960<br />
continuava com a mesma perspectiva com a forte<br />
intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Entretanto, começaram a<br />
surgir gradativamente os Departamentos de <strong>Esporte</strong><br />
e Recreação nos Municípios e nos Esta<strong>do</strong>s. A<br />
gestão pública centraliza<strong>do</strong>ra daquele perío<strong>do</strong> enxergava<br />
no <strong>Esporte</strong>, e particularmente no futebol,<br />
um grande meio de estabelecer intervenções nas<br />
diversas modalidades esportivas, e obter possíveis<br />
vantagens políticas com essas ações. Nesta direção,<br />
havia investimentos por parte <strong>do</strong>s governos<br />
municipais, estaduais e federal, sem regulação ou<br />
critério universal para pagamento de arbitragem<br />
<strong>do</strong>s diversos campeonatos e jogos, compra de uniformes<br />
das equipes, troféus e medalhas para os<br />
vence<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s torneios organiza<strong>do</strong>s pelo poder<br />
público. Em paralelo a estas ações, começaram,<br />
de maneira bastante incisiva, as construções, pelo<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
poder público, de ginásios de esportes e estádios<br />
de futebol.<br />
A ideia de progresso tornou-se emblemática para<br />
esse perío<strong>do</strong>. O desenvolvimento da industrialização,<br />
da urbanização e das massas tem no nacional-desenvolvimentismo<br />
o impulso necessário para<br />
gerar a euforia <strong>do</strong> crescimento. Esse contexto foi<br />
propício ao esporte. Como prática social, o espaço<br />
urbano delimitava o lugar da sua realização separa<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> lugar <strong>do</strong> trabalho, isto é, da indústria. Ícone<br />
da modernização. Esse modelo de gestão pública<br />
centraliza<strong>do</strong>ra, desenvolvida nesse perío<strong>do</strong>, buscava<br />
interferir na estrutura esportiva junto às respectivas<br />
confederações, federações, ligas, clubes e<br />
demais entidades esportivas, manten<strong>do</strong> o Sistema<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> sob forte influência <strong>do</strong> poder<br />
público. A prática esportiva começava a ser inserida<br />
no âmbito escolar com mais força, ocupan<strong>do</strong><br />
gradativamente o espaço da Educação Física.<br />
Esse perío<strong>do</strong> marca um momento considera<strong>do</strong> de<br />
relativa democracia e de otimismo, até o governo<br />
de João Goulart ser considera<strong>do</strong> instável e ameaça<strong>do</strong>r<br />
para a segurança nacional devi<strong>do</strong> a interesses<br />
de determina<strong>do</strong>s grupos da elite no país. Em 1964<br />
as instituições políticas brasileiras são corrompidas<br />
pelo Golpe de Esta<strong>do</strong> perpetra<strong>do</strong> pelos militares. O<br />
esporte chegou à década de 60 envolto em conflitos<br />
e interesses particularistas. No perío<strong>do</strong> da<br />
ditadura militar foi submeti<strong>do</strong> a um controle burocrático<br />
e tecnocrático pelo Esta<strong>do</strong> e sua visibilidade<br />
estava condicionada aos interesses de uma unidade<br />
construída da identidade nacional. Durante os<br />
campeonatos da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, em especial em<br />
1970, a seleção brasileira era enaltecida e o fervor<br />
da torcida incentiva<strong>do</strong> pelo patriotismo a partir<br />
de um ideal da identidade brasileira. O patriotismo,<br />
nesse momento, não surgiu <strong>do</strong> sentimento de<br />
pertencimento desenvolvi<strong>do</strong> a partir de uma comunhão<br />
de cidadania, mas da manipulação e imposição<br />
ideológica.<br />
14
Entre as décadas de 1960 e mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos<br />
1980, a base da gestão pública continuava sustentada<br />
na centralização <strong>do</strong> poder e no autoritarismo.<br />
Cabia aos governantes definir as prioridades para<br />
a demanda social e continuava a intervenção <strong>do</strong>s<br />
governos municipais, estaduais e federal na construção<br />
<strong>do</strong>s estádios de futebol, no financiamento<br />
das equipes esportivas e no fortalecimento da organização<br />
<strong>do</strong> Sistema Desportivo Nacional.<br />
O planejamento no setor esportivo ocorreu de maneira<br />
análoga aos demais setores da burocracia estatal.<br />
A tecnocracia que ocupou esse setor estava<br />
atrelada à centralização que caracterizou o Esta<strong>do</strong><br />
Ditatorial e diferenciou o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anteriores<br />
pelo desenvolvimento de projetos, planos e diretrizes<br />
promovi<strong>do</strong>s, sempre, pelo poder executivo<br />
com ações de regulamentação e legislação. Essa<br />
centralização pode ser reconhecida na criação <strong>do</strong><br />
Departamento de Educação Física e Desportos, <strong>do</strong><br />
<strong>Ministério</strong> da Educação e Cultura que com os recursos<br />
da loteria esportiva, criada em 27/05/1969<br />
pelo (DECRETO-LEI) DEL 594/1969 para prover programas<br />
de educação física e esportes, creditava em<br />
conta <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional de Desenvolvimento da<br />
Educação e cedia apoio financeiro a órgãos públicos<br />
e entidades que integrassem o sistema.<br />
O fato de integrar em um só órgão tinha o objetivo<br />
de reter a autonomia que o sistema estava ganhan<strong>do</strong>,<br />
além de incorporar a Educação Física escolar<br />
no Sistema Esportivo em uma estrutura piramidal<br />
na qual o vértice era o esporte de alto rendimento.<br />
Toda a organização esportiva, os conteú<strong>do</strong>s, méto<strong>do</strong>s<br />
e avaliação da área se estruturavam para a<br />
seletividade e para o rendimento. Não se defendia,<br />
nem se possibilitava a prática esportiva pelo direito,<br />
a formação integral ou direito ao usufruto de um<br />
bem cultural das práticas corporais. O que surge<br />
aparentemente como inovação é a definição das<br />
diferentes maneiras de organização <strong>do</strong> desporto:<br />
comunitário, estudantil, militar e classista, mas os<br />
15<br />
significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conceitos não refletiam a prática,<br />
pois a estrutura piramidal permaneceu em to<strong>do</strong>s os<br />
níveis, principalmente no comunitário, para o qual<br />
to<strong>do</strong>s poderiam migrar. A prática esportiva, quan<strong>do</strong><br />
não direcionada a atletas, tinha como objetivo<br />
a manutenção e o controle da força produtiva <strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>res. A racionalização <strong>do</strong> trabalho nesse<br />
modelo taylorista em busca da eficiência estendiase,<br />
pela repetição e divisão de tarefas, também à<br />
prática esportiva.<br />
As bases comunitárias e os movimentos sociais<br />
influíram no setor esportivo. Na última etapa da<br />
ditadura militar, o esporte com características burocrático-autoritárias<br />
começava a apresentar sinais<br />
de exaustão. A sociedade pouco a pouco exigia de<br />
volta a democracia, cerceada nos diversos momentos<br />
<strong>do</strong> século XX.<br />
A Ditadura Militar, que havia implanta<strong>do</strong> uma gestão<br />
centraliza<strong>do</strong>ra com forte repressão em to<strong>do</strong>s<br />
os setores, promoveu o crescimento econômico no<br />
senti<strong>do</strong> de manter uma visão desenvolvimentista.<br />
O Milagre Econômico forneceu indústrias pesadas<br />
e de base que possibilitaram o incremento <strong>do</strong>s empregos<br />
e <strong>do</strong>s serviços sociais manti<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>.<br />
Ainda que não tivesse a estrutura que foi consolidada<br />
na Europa, o perío<strong>do</strong> entre os anos 30 e 70 estabeleceu<br />
uma versão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Bem-Estar Social<br />
no Brasil. Insuficiente, mas já de grande alcance<br />
para um país pobre, analfabeto, oprimi<strong>do</strong>, sem<br />
experiência democrática e de instituições corrompidas.<br />
Essas condições e mais a repressão jurídicomilitar<br />
levaram a população a manter-se submetida<br />
ao poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Porém, como as contradições<br />
<strong>do</strong> sistema foram aprofundadas, à medida que o<br />
modelo foi se degradan<strong>do</strong>, a economia entran<strong>do</strong><br />
em colapso com o grande endividamento externo<br />
e interno, a assistência social sen<strong>do</strong> insuficiente em<br />
seu alcance, as lutas sociais foram se fortalecen<strong>do</strong>.<br />
Principalmente a partir <strong>do</strong> movimento sindical e <strong>do</strong><br />
movimento estudantil que apoia<strong>do</strong>s nas Comuni-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
dades Eclesiais de Base (CEBs), face progressista da<br />
Igreja Católica, promoveram um avanço à abertura<br />
política <strong>do</strong> país.<br />
Em 1971 houve a criação <strong>do</strong> Plano de Educação<br />
Física e Desportos para melhor compreensão <strong>do</strong><br />
contexto que precedeu a regulamentação <strong>do</strong> novo<br />
sistema em 1975. Com justificativas técnicas como<br />
a falta de aptidão física da população, a má qualidade<br />
da Educação Física escolar e o ideal de um<br />
país ativo, saudável e em crescimento, o plano entendeu<br />
a atividade física como direito de to<strong>do</strong>s.<br />
Esse foi um importante traço da primeira referência<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> reconhecen<strong>do</strong> a necessidade de políticas<br />
públicas que considerassem o esporte como<br />
um direito <strong>do</strong>s cidadãos. Dentre seus projetos, a<br />
Campanha Nacional de Desenvolvimento Esportivo<br />
(CNED) destaca-se por ter si<strong>do</strong> importante na utilização<br />
<strong>do</strong> esporte como instrumento para agregar<br />
valor e boa imagem ao governo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> que<br />
sofria com o crescimento das desigualdades e a<br />
repressão aos movimentos sociais. A transmissão<br />
de eventos esportivos foi incentivada para a formação<br />
de uma cultura ufanista em relação ao esporte.<br />
Apesar de estar prevista a duração de 10 anos, a<br />
campanha foi extinta em 1974, por disputas internas<br />
pelo poder e o esporte só foi regulamenta<strong>do</strong><br />
como direito, somente na Constituição de 1988,<br />
ao garantir a autonomia de organização e funcionamento<br />
às entidades de administração e prática<br />
esportiva, além da promoção prioritária <strong>do</strong> esporte<br />
educacional.<br />
A abertura política, 1980, deu início um forte debate<br />
sobre a necessidade de alterações, sistema a<br />
partir de demandas reprimidas advindas das entidades<br />
esportivas, <strong>do</strong>s agentes esportivos e <strong>do</strong> lazer<br />
e da própria sociedade em geral. As mudanças requeridas<br />
influenciaram no conceito <strong>do</strong> esporte, na<br />
inserção <strong>do</strong> termo lazer na pauta de prioridades,<br />
no início da produção <strong>do</strong> conhecimento nesta área,<br />
na alteração da estrutura <strong>do</strong> sistema esportivo e,<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
por fim, impulsionaram uma alteração de gestão<br />
publica.<br />
Seguin<strong>do</strong> as tendências mundiais, principalmente<br />
após a queda <strong>do</strong> muro de Berlim e o fim da Guerra<br />
Fria, o Brasil abre seus merca<strong>do</strong>s à concorrência estrangeira.<br />
Do nacional-desenvolvimentismo voltase<br />
a uma visão liberal de economia. Sem intervenção<br />
direta <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas políticas sociais e impulso<br />
à auto-gestão da sociedade civil, os governos que<br />
se seguiram iniciaram uma espécie de desmonte<br />
das estruturas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Se por um la<strong>do</strong>, os agentes <strong>do</strong> poder público começavam<br />
a debater sobre qual o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
frente aos novos desafios de esporte e lazer, por<br />
outro, as entidades esportivas reivindicavam autonomia<br />
frente às intervenções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e às mudanças<br />
na legislação esportiva. Exatamente nesta<br />
direção que o Art. 217 da Constituição Brasileira<br />
foi construí<strong>do</strong>. Se o caput deste artigo transcreve<br />
sobre o direito <strong>do</strong>s cidadãos na prática de esporte<br />
e lazer, o Parágrafo 1º desta Lei está fundamenta<strong>do</strong><br />
na autonomia das entidades. Este problema,<br />
por sinal, que persiste até os dias atuais, deve ser<br />
equaciona<strong>do</strong> com a definição <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />
com concretização e universalização <strong>do</strong> acesso às<br />
práticas de esporte e lazer e com a descrição das<br />
competências das entidades esportivas, conforme<br />
apontou a II Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
O outro fato na transformação <strong>do</strong> esporte no país<br />
foi à regulamentação da Constituição Federal de<br />
1988, efetivada pela Lei-Federal nº. 8.672/93 (conhecida<br />
como Lei Zico). Entre os vários pontos da<br />
Lei, pode-se destacar: A necessidade de redefinição<br />
de papéis <strong>do</strong>s diversos segmentos da sociedade e<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em relação ao esporte e ao futebol mudanças<br />
jurídico-desportiva-institucionais. Não obstante<br />
a essas relações, a ênfase dada na Lei foi a<br />
<strong>do</strong> esporte de alto rendimento, da autonomia das<br />
entidades esportivas e principalmente <strong>do</strong> futebol.<br />
16
A partir de 1994 houve uma atenção mais específica<br />
ao esporte, com a criação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> de<br />
Esta<strong>do</strong> Extraordinário <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, pelo então presidente<br />
Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> o exjoga<strong>do</strong>r<br />
de futebol Edson Arantes <strong>do</strong> Nascimento<br />
- Pelé (1995 a 1998), como Secretário de Desportos<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação, mas que ainda cabia à<br />
Secretaria de Desportos. Esta secretaria foi transformada<br />
no Instituto Nacional de Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> Desporto (INDESP), desvincula<strong>do</strong> <strong>do</strong> MEC e subordina<strong>do</strong><br />
ao <strong>Ministério</strong> Extraordinário <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
Em 1998, a pasta de esporte foi unida a de turismo<br />
com a criação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Turismo,<br />
pela Medida Provisória n° 1.794-8, no segun<strong>do</strong><br />
mandato <strong>do</strong> presidente Fernan<strong>do</strong> Henrique. O IN-<br />
DESP, vincula<strong>do</strong> a este órgão, tinha como função<br />
aplicar as deliberações sobre a política e programas<br />
de desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, estabelecer intercâmbio<br />
com órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s e captar<br />
recursos financeiros para financiar projetos na área<br />
esportiva.<br />
A abertura política que o país estava viven<strong>do</strong> possibilitou<br />
que outra abertura em curso no mun<strong>do</strong><br />
começasse a se firmar no Brasil, a abertura econômica.<br />
É nesse senti<strong>do</strong> que as orientações de não<br />
intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas questões econômicas<br />
refletiram também na gestão das políticas sociais.<br />
Com a aprovação de Leis, o Governo Federal começava<br />
a diminuir gradativamente sua interferência<br />
na vida cotidiana das entidades esportivas, pelo<br />
menos no que diz respeito a estrutura de esporte<br />
e lazer, mas não no financiamento. Nitidamente o<br />
esporte e o lazer reproduziam o modelo neoliberal<br />
de desregulamentação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que se instalara<br />
no Brasil na década de 1990.<br />
Uma preocupação com o aumento da participação<br />
da iniciativa privada, que refletia sua mercantilização,<br />
relacionava-se com o financiamento destina<strong>do</strong><br />
ao esporte. Pela regulamentação <strong>do</strong>s jogos de<br />
bingo, eles deveriam, com a finalidade de angariar<br />
17<br />
recursos para o fomento <strong>do</strong> desporto, repassar no<br />
mínimo 7% da receita para a entidade esportiva<br />
associada à empresa de bingo. Era o INDESP e os<br />
Esta<strong>do</strong>s convenia<strong>do</strong>s quem credenciavam as entidades<br />
esportivas, autorizan<strong>do</strong> e fiscalizan<strong>do</strong> as<br />
casas de bingo. Conseqüências ligadas a essa mercantilização<br />
foi a corrupção relacionada ao jogo <strong>do</strong><br />
bingo, a tal ponto que o Instituto Nacional <strong>do</strong> Desporto,<br />
(INDESP) foi envolvi<strong>do</strong> na crise <strong>do</strong>s bingos e<br />
acabou sen<strong>do</strong> extinto e substituí<strong>do</strong> por uma nova<br />
estrutura.<br />
Com o aparente distanciamento da intervenção<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o discurso muda, projeta-se a gestão<br />
tecnocrata com os técnicos das áreas de esporte e<br />
lazer estipulan<strong>do</strong> as prioridades da demanda social.<br />
Embora o processo democrático estivesse avança<strong>do</strong><br />
no país em outras áreas, as políticas públicas<br />
nas áreas de esporte e lazer eram definidas pela<br />
lógica circunscrita no esporte de alto rendimento.<br />
O esporte ao longo das décadas de 80 e 90 passou<br />
por um lento e gradual processo de abertura<br />
democrática. Inclusive o modelo esportivo vigente<br />
pela lei 6.251/75 passou a sofrer críticas e houve<br />
discussões sobre mudanças.<br />
Nesse contexto foi envia<strong>do</strong> ao Congresso o PL nº<br />
956/ 91, que posteriormente foi aprova<strong>do</strong> e transformou-se<br />
na Lei 8.672/93, conhecida como Lei<br />
Zico, que pôs fim à tutela <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ao esporte.<br />
Mas as alterações pautavam-se muito na autonomia<br />
das entidades esportivas, abrin<strong>do</strong> a possibilidade<br />
<strong>do</strong>s clubes esportivos se tornarem empresas,<br />
na livre iniciativa e pouco na democratização <strong>do</strong><br />
acesso ao esporte. Nessa condição, o esporte passou<br />
a seguir os interesses <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. O esporte<br />
de rendimento, que influenciava as outras dimensões<br />
<strong>do</strong> esporte, tinha maior aporte <strong>do</strong>s recursos<br />
destina<strong>do</strong>s ao setor, passou a incorporar a lógica<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, a exportação de joga<strong>do</strong>res, os patrocínios<br />
de grandes times de futebol e a outras<br />
modalidades emergentes. A iniciativa privada per-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
cebeu as vantagens de incorporar o esporte à suas<br />
estratégias de marketing.<br />
A estrutura desse Sistema Brasileiro <strong>do</strong> Desporto<br />
apresentou poucas alterações em relação ao sistema<br />
anterior, não refletin<strong>do</strong> a variedade de segmentos<br />
representativos <strong>do</strong> esporte. Foi integra<strong>do</strong><br />
pelo Conselho Superior de Desporto, de caráter<br />
consultivo e normativo, o antigo Conselho Nacional<br />
Desportivo, no qual seus representantes permaneceram<br />
sen<strong>do</strong> o alto rendimento, sem os poderes<br />
arbitrários de antigamente, a Secretaria de Desporto<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação e <strong>do</strong> Desporto e os<br />
Sistemas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais<br />
Desportivos com autonomia para constituírem seus<br />
próprios sistemas. A Lei Zico, no entanto, não avançou,<br />
nem propiciou a participação popular e a descentralização<br />
<strong>do</strong> processo de tomada de decisões.<br />
Dessa forma, o esporte ainda não tinha consegui<strong>do</strong><br />
caminhar em direção à sua democratização. Não<br />
conseguiu, ainda, concretizar-se como direito porque<br />
a lei que previa o esporte como direito não<br />
definiu meios para sua efetivação.<br />
Logo após a implantação da Lei Zico, ocorre uma<br />
nova mudança na legislação brasileira. Surge a Lei<br />
nº. 9.615 (conhecida como Lei Pelé), que foi aprovada<br />
em 25 de março de 1998. O futebol encontrava-se<br />
no centro das atenções. O conteú<strong>do</strong> dessas<br />
duas leis destacou o futebol e suas prerrogativas<br />
deixan<strong>do</strong> as discussões sobre a estrutura esportiva<br />
relegada a um segun<strong>do</strong> plano.<br />
A Lei Pelé, que regula o presente Sistema Brasileiro<br />
<strong>do</strong> Desporto, foi sancionada com a finalidade de<br />
aperfeiçoar a Lei Zico. Apesar de tratar o esporte<br />
de forma geral, suas principais conseqüências foram<br />
mudanças no futebol, principalmente o fim<br />
<strong>do</strong> “passe livre”. No entanto, a liberação <strong>do</strong> passe<br />
ocorreu sem regulamentar ou assegurar os direitos<br />
<strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res. A estrutura permaneceu quase a<br />
mesma. A composição <strong>do</strong> sistema inclui o Ministé-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
rio <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Turismo substituin<strong>do</strong> a Secretaria<br />
de Desporto <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação e <strong>do</strong> Desporto;<br />
o Conselho de Desenvolvimento <strong>do</strong> Desporto<br />
Brasileiro que com a lei 10.672/03 passou a ser o<br />
Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>; os Sistemas Federal,<br />
Estaduais, Distrital e Municipais Desportivos com<br />
autonomia para estabelecerem seus próprios sistemas.<br />
O Comitê Olímpico Brasileiro constituiu-se<br />
como subsistema <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> Desporto<br />
e recebeu uma posição central na medida em que a<br />
Lei Pelé colocou como foco <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong><br />
Desporto o esporte de alto rendimento e vinculou<br />
a aquela entidade o repasse de recursos financeiros<br />
destina<strong>do</strong>s ao esporte.<br />
As mudanças na legislação não foram tão profundas<br />
como se pretendia inicialmente, vez que<br />
se mantiveram alguns privilégios. Era necessário<br />
o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s mecanismos regulatórios<br />
tanto como se desejava reduzir as desigualdades.<br />
Porém, conservan<strong>do</strong> os princípios da lei anterior, as<br />
maiores mudanças ficaram no âmbito <strong>do</strong> esporte<br />
profissional, em que se previu o fim da lei <strong>do</strong> passe<br />
na profissionalização <strong>do</strong>s clubes, a autonomia das<br />
empresas e a fiscalização <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> Público. A<br />
essência <strong>do</strong> conceito de esporte e da estrutura legislativa<br />
da área foi mantida na Lei Pelé.<br />
O contexto de mudanças sociais que se seguiu ao<br />
fim da ditadura acompanhou as mudanças em curso<br />
no mun<strong>do</strong> e também possibilitou que a população<br />
brasileira experimentasse novos cenários de<br />
participação e interferência social. Foi nesse “espírito”<br />
que as manifestações em defesa <strong>do</strong> debate<br />
democrático e da lisura política abriram a amplitude<br />
das discussões sobre os problemas sociais brasileiros.<br />
A dimensão e o alcance das condições de<br />
atraso social evidenciaram as décadas sofridas de<br />
um Esta<strong>do</strong> Autoritário que colocou interesses particularistas<br />
à frente <strong>do</strong> interesse da nação.<br />
18
Foi nesse esteio que as reivindicações para o esporte<br />
também se articularam ao novo panorama de<br />
possibilidades que a volta à democracia criava. No<br />
que tange ao processo de democratização sofri<strong>do</strong><br />
pelo esporte nos anos 90, a sua real abertura para<br />
a participação popular e a contribuição <strong>do</strong>s mais<br />
diferentes setores da sociedade brasileira sobre os<br />
caminhos das políticas sociais no esporte, só veio a<br />
ser concretiza<strong>do</strong> a partir de 2003.<br />
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro<br />
de 2003 criou um <strong>Ministério</strong> próprio para o esporte.<br />
A mudança de governo nesse ano foi um marco<br />
para o esporte e lazer. Sob a percepção de que a<br />
participação popular, o controle social, a descentralização<br />
<strong>do</strong>s mecanismos de gestão, o envolvimento<br />
<strong>do</strong>s movimentos organiza<strong>do</strong>s da sociedade,<br />
a ênfase no diagnóstico, a orientação consistente,<br />
a responsabilidade e o compromisso são itens fundamentais<br />
para a elaboração de políticas públicas e<br />
sociais, novos rumos começaram a ser visualiza<strong>do</strong>s<br />
para o esporte e lazer.<br />
O Brasil tem vivencia<strong>do</strong>, após décadas de dificuldades<br />
e problemas, momentos de grandes avanços<br />
em todas as áreas. Frente à concorrência internacional<br />
e ao merca<strong>do</strong> financeiro, o país tem se mostra<strong>do</strong><br />
capaz de ir além <strong>do</strong> emblema de desigualdades,<br />
pobreza e marginalização. São recuperações<br />
que ainda se mostram insuficientes para dar conta<br />
das dimensões de nossos problemas, mas que possibilitam<br />
um grande otimismo quanto à efetividade<br />
das ações que têm si<strong>do</strong> desenvolvidas pela esfera<br />
governamental. Isso, claro, demonstra também o<br />
potencial presente na nação brasileira para a superação.<br />
É nesse prisma que a necessidade de democratização<br />
<strong>do</strong> esporte o coloca no plano <strong>do</strong>s direitos. A<br />
partir <strong>do</strong> instante em que se ampliam as oportunidades<br />
e o acesso a essas oportunidades, que se<br />
pauta pela inclusão social e que o Esta<strong>do</strong> assume<br />
19<br />
a obrigação em garantir essas condições, o esporte<br />
assume o seu caráter público e de direito. É na<br />
esfera <strong>do</strong>s direitos sociais que a visualização da democratização<br />
<strong>do</strong> esporte chega.<br />
No percurso de to<strong>do</strong> um século, as demandas <strong>do</strong>s<br />
diversos atores, no campo das políticas de esporte,<br />
estiveram submetidas a interesses políticos desconecta<strong>do</strong>s<br />
da realidade das experiências e <strong>do</strong>s<br />
problemas cotidianos da sociedade, mas volta<strong>do</strong>s<br />
aos interesses de grupos hegemônicos. Fornecer<br />
definição clara, a partir de critérios consistentes, e<br />
pautar-se pela ética buscan<strong>do</strong> a realização conjunta<br />
com a população são prerrogativas da atuação<br />
da gestão pública que se iniciou em 2003. A criação<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e a realização da I<br />
Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, em 2004, e da<br />
II Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, em 2006, foram<br />
processos decisivos para a formulação da Política<br />
Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005) e <strong>do</strong>s princípios,<br />
diretrizes e as bases para a construção <strong>do</strong> Sistema<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer. Esses foram marcos<br />
estruturantes da política pública para o setor.<br />
A decisão <strong>do</strong> governo de realizar a primeira Conferência<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong>, em 2004 demonstrou<br />
que, enfim, o processo democrático instala<strong>do</strong><br />
no Brasil, na década de 1980, chegou às áreas<br />
de esporte e lazer. Com a ampla participação<br />
popular e das entidades esportivas, obteve-se<br />
como resulta<strong>do</strong> deste debate a Política Nacional<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (PNE, 2005). A sua base foi o entendimento<br />
de que a cultura corporal é imprescindível<br />
para o desenvolvimento humano pleno, assim<br />
como a sua conquista depende da inclusão social.<br />
Como conhecimento inalienável de to<strong>do</strong> cidadão,<br />
o esporte tem que ser efetiva<strong>do</strong> como prática acessível<br />
a to<strong>do</strong>s sem distinções.<br />
Sob essa perspectiva, democratizar e universalizar<br />
o acesso ao esporte e lazer, melhorar a qualidade<br />
de vida da população brasileira, promover a cons-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
trução e o fortalecimento da cidadania, assegurar<br />
o acesso às práticas esportivas e ao conhecimento<br />
científico-tecnológico, descentralizar a gestão das<br />
políticas públicas de esporte e lazer, fomentar a<br />
prática esportiva de caráter educativo e participativo<br />
para toda a população, fortalecer a identidade<br />
cultural esportiva com ações integradas a outros<br />
segmentos, incentivar o desenvolvimento de talentos<br />
esportivos e aprimorar o desempenho de atletas<br />
e paraatletas de alto rendimento promoven<strong>do</strong><br />
a democratização dessa manifestação esportiva<br />
são os objetivos da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
(2005).<br />
Conferir concretude à Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
(2005) significa dar unidade meto<strong>do</strong>lógica, conceitual<br />
e política para se alçar novos patamares de<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> país. Desta forma faz-se necessário<br />
conhecer de forma articulada as ações que<br />
conferem materialidade e consistência à política de<br />
esporte vigente. Fruto de diálogo social, resultante<br />
das edições da CNE, planejamento estratégicos,<br />
setoriais <strong>do</strong> Plano Plurianual - PPA e de decisiva direção<br />
política, o Ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> estabeleceu,<br />
como intuito de gestão, o Plano Nacional de Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> 2007-2010.<br />
Esse plano estruturou-se em linhas estratégicas<br />
que organizaram prioridades, metas e os setores<br />
responsáveis. Vale destacar as linhas e programas<br />
correspondentes que permitam uma visão geral e<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
inseparável <strong>do</strong> to<strong>do</strong> que constitui o conjunto de atividades<br />
desenvolvidas pelas Secretarias Nacionais e<br />
Secretaria Executiva <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
Os eixos da estrutura <strong>do</strong> plano foram defini<strong>do</strong>s como<br />
Inclusão Social pelo <strong>Esporte</strong> e Lazer, Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento, Infraestrutura<br />
e Desenvolvimento Institucional. Nas atividades <strong>do</strong><br />
eixo Inclusão Social pelo <strong>Esporte</strong> e Lazer ficaram defini<strong>do</strong>s<br />
o desenvolvimento <strong>do</strong>s seguintes programas:<br />
Segun<strong>do</strong> Tempo, Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, Pintan<strong>do</strong><br />
a Cidadania e <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade. No eixo<br />
Desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />
o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> desenvolve os programas:<br />
Brasil no <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento, Futebol: Patrimônio<br />
<strong>do</strong> Brasil, e Promoção de Grandes Eventos<br />
Esportivos. No eixo de Infraestrutura são defini<strong>do</strong>s<br />
Equipamentos esportivos e de lazer nas escolas e<br />
universidades e Praça da Juventude. E por fim, o<br />
eixo Desenvolvimento Institucional com o Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer,<br />
Financiamento e Indústria <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> no Brasil.<br />
Esses programas e ações se articulam com a gestão<br />
que é aperfeiçoada a cada tempo determina<strong>do</strong><br />
acompanhan<strong>do</strong> o movimento real de esporte e lazer.<br />
Essa articulação apresenta, enquanto prática<br />
social, as condições necessárias para fazer <strong>do</strong> esporte<br />
em menos de oito anos uma das principais<br />
áreas de consolidação de políticas sociais importantes<br />
e impulso ao desenvolvimento nacional.<br />
20
Secretaria Executiva
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
22
A Secretaria Executiva - SE auxilia o Ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
na supervisão e coordenação das atividades<br />
das secretarias nacionais, integradas à estrutura <strong>do</strong><br />
ministério, e na definição das diretrizes e políticas<br />
no âmbito da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005).<br />
Também supervisiona e coordena as atividades relacionadas<br />
aos sistemas federais de planejamento e<br />
orçamento, organização e modernização administrativa,<br />
recursos humanos e de serviços gerais.<br />
Vem contribuin<strong>do</strong> com avanços significativos no<br />
âmbito <strong>do</strong> fortalecimento institucional <strong>do</strong> esporte<br />
e lazer, demarca<strong>do</strong>s pela articulação <strong>do</strong>s vários órgãos<br />
e esferas governamentais, sobremaneira em<br />
2008 e 2009. Os esforços para a conquista da candidatura<br />
<strong>do</strong> Rio às Olimpíadas e Paraolimpíadas de<br />
2016, são emblemáticos e englobou 27 órgãos da<br />
administração federal. Some-se a isso, a conquista<br />
das garantias governamentais necessárias a preparação<br />
<strong>do</strong> país para realização da Copa Mundial de<br />
Futebol, em 2014.<br />
A Secretaria Executiva teve atuação preponderante<br />
nessas articulações que, além de assegurar sintonia<br />
entre o planejamento e a execução orçamentária,<br />
assiste diretamente ao Ministro e seu Gabinete na<br />
implementação <strong>do</strong> Plano Nacional de Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> 2007-2010.<br />
Para potencializar a execução <strong>do</strong>s seus programas<br />
sociais, o ME buscou intensificar parcerias que permitiu<br />
maior integração com outros programas <strong>do</strong><br />
Governo Federal, em especial, com aqueles volta<strong>do</strong>s<br />
à promoção da inclusão social com a redução<br />
das desigualdades e garantia <strong>do</strong>s direitos humanos,<br />
atitude que se soma ao ensejo de inserir o esporte<br />
e o lazer na agenda <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />
país. A Secretaria Executiva procura, na elaboração<br />
<strong>do</strong>s Planos de Ação Anuais, efetivar os objetivos<br />
estratégicos da gestão. Desta forma, articula as secretarias<br />
finalísticas para que a execução <strong>do</strong>s seus<br />
programas e ações converjam com os Objetivos de<br />
23<br />
Governo, em especial, a promoção da inclusão social<br />
com a redução das desigualdades e o fortalecimento<br />
da democracia com transparência, diálogo<br />
social e garantia <strong>do</strong>s direitos humanos, estrutura<strong>do</strong>s<br />
em quatro objetivos setoriais:<br />
1) Fortalecer o esporte de alto rendimento, elevan<strong>do</strong><br />
o nível esportivo <strong>do</strong> país .<br />
2) Promover o desenvolvimento humano e a inclusão<br />
social por meio de esporte e lazer, em todas<br />
as suas dimensões.<br />
3) Democratizar e universalizar o acesso ao esporte<br />
e lazer, em todas as suas dimensões.<br />
4) Implementar e desenvolver o Sistema Nacional<br />
de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />
Tais objetivos integra<strong>do</strong>s buscam a inserção <strong>do</strong> esporte<br />
e lazer na pauta <strong>do</strong> desenvolvimento nacional.<br />
O fortalecimento institucional, para o <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, também se expressa no aperfeiçoamento<br />
<strong>do</strong> aparato legal e a reestruturação <strong>do</strong> Sistema<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />
a Secretaria Executiva que coordena o processo da<br />
<strong>III</strong> Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> tem realiza<strong>do</strong><br />
reuniões com os diversos segmentos <strong>do</strong> esporte,<br />
no âmbito <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, com<br />
representantes das Secretarias Nacionais e com<br />
outros agentes externos como consultores, especialistas<br />
e gestores, para preparar os <strong>do</strong>cumentos<br />
e o debate e sobre o Plano Decenal de <strong>Esporte</strong> e<br />
Lazer, asseguran<strong>do</strong> as resoluções das conferências<br />
anteriores.<br />
Com este instrumento, permea<strong>do</strong> pela vontade<br />
popular, será possível conquistar, num horizonte<br />
estratégico, caminhos para a universalização <strong>do</strong><br />
acesso ao esporte e ao lazer, a projeção <strong>do</strong> país<br />
como potência esportiva, garantin<strong>do</strong> a elevação da<br />
cultura esportiva <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />
A seguir serão apresentadas as ações sob a responsabilidade<br />
da Secretaria Executiva<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
PRAÇA DA JUVENTUDE<br />
Resulta<strong>do</strong> de debates e estu<strong>do</strong>s que destacam a importância<br />
<strong>do</strong> espaço físico para prática <strong>do</strong> esporte,<br />
o projeto Praça da Juventude foi cria<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> como meio para levar ao espaço de<br />
convivência das comunidades, equipamentos para<br />
a prática qualificada <strong>do</strong> esporte e aumentar os instrumentos<br />
de interatividade principalmente para a<br />
juventude.<br />
De acor<strong>do</strong> com o resulta<strong>do</strong> da I Conferência Nacional<br />
da Juventude, uma das demandas mais reivindicadas<br />
pelos jovens brasileiros são as políticas públicas<br />
de esporte. Entenden<strong>do</strong> as reivindicações da<br />
parcela mais jovem da população brasileira, e compreenden<strong>do</strong><br />
a extensão <strong>do</strong>s valores relaciona<strong>do</strong>s ao<br />
esporte e seu impacto direto no teci<strong>do</strong> social, outros<br />
agentes se somam ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> para garantir<br />
a construção das Praças da Juventude e fortalecer<br />
os benefícios que se agregam à proposta.<br />
Assim o Programa Nacional de Segurança Pública<br />
com Cidadania (PRONASCI), <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Justiça,<br />
tornou-se um <strong>do</strong>s principais parceiros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, na implementação das primeiras<br />
Praças em áreas metropolitanas e capitais, em vários<br />
esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país, investin<strong>do</strong> no propósito de incentivar<br />
a inclusão social, a promoção da saúde e a prevenção<br />
da violência, usan<strong>do</strong> a cultura da paz como<br />
estratégia de transformação da sociedade.<br />
Mais que um espaço público, a Praça da Juventude<br />
deve proporcionar ludicidade e incentivar a autoorganização,<br />
além de valorizar a identidade das comunidades<br />
que a recebem. No projeto original está<br />
previsto para cada Praça da Juventude uma área de<br />
7mil m², distribuí<strong>do</strong>s em um complexo que conta<br />
com ginásio poliesportivo, campo de futebol, quadra<br />
de vôlei de praia, pista de atletismo, pista de<br />
skate, sala de ginástica, teatro de arena, centro de<br />
convivência da terceira idade e setor de administra-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
ção, onde serão desenvolvidas de forma multidisciplinar<br />
atividades culturais e esportivas.<br />
Os espaços são ajustáveis às necessidades <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s<br />
e abrigará ações de outros programas<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a exemplo <strong>do</strong> Programa<br />
Segun<strong>do</strong> Tempo e <strong>do</strong> Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer nas<br />
Cidades – PELC. Essa experiência permite instituir<br />
modelos de gestão interativa e compartilhada, instituin<strong>do</strong><br />
valores como a responsabilidade coletiva e<br />
respeito ao patrimônio público.<br />
O padrão proposto materializa o conceito de gestão<br />
compartilhada e utilização <strong>do</strong>s espaços urbanos<br />
públicos propostos e aprova<strong>do</strong>s na II Conferência<br />
Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e exige acompanhamento e<br />
avaliação processual desde a implantação, até a<br />
utilização <strong>do</strong>s espaços, com motivação de ações integradas.<br />
Os recursos investi<strong>do</strong>s na infraestrutura podem ser<br />
capta<strong>do</strong>s por meio de emendas parlamentares, convênios<br />
específicos ou com <strong>do</strong>tação própria <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>. A contrapartida é a mesma prevista<br />
em lei para qualquer repasse de obra de infraestrutura<br />
e varia de acor<strong>do</strong> com a região.<br />
O projeto pode ser pleitea<strong>do</strong> pelas prefeituras e governos<br />
estaduais. A propriedade <strong>do</strong> terreno deve ser<br />
<strong>do</strong> ente que firmará o contrato para execução da<br />
obra e deve estar nivela<strong>do</strong> e corresponder à área mínima<br />
exigida. Aqui a parceria com o poder público<br />
deve reverter-se em política estruturante e perene,<br />
viabilizan<strong>do</strong> a integração entre governo e sociedade<br />
em um espaço geri<strong>do</strong> de forma compartilhada.<br />
Na medida em que esta nova experiência provoque<br />
o enraizamento da juventude na comunidade, a<br />
convivência intergeracional, e estimule valores como<br />
o trabalho em equipe e conceitos relaciona<strong>do</strong>s à ética<br />
desportiva, gradativamente estaremos melhoran<strong>do</strong><br />
a qualidade de vida e redescobrin<strong>do</strong> o potencial<br />
criativo <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />
24
PINTANDo A LIbERDADE<br />
O programa Pintan<strong>do</strong> a Liberdade contribui com a<br />
ressocialização de apena<strong>do</strong>s oferecen<strong>do</strong> uma oportunidade<br />
de reinserção social através <strong>do</strong> trabalho.<br />
Realiza<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong> Sistema Penitenciário Nacional,<br />
o programa oferece aos detentos <strong>do</strong> país uma oportunidade<br />
de trabalho por meio da confecção de material<br />
e equipamentos esportivos.<br />
Dentro das unidades instaladas pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong> nos presídios, são confeccionadas redes e<br />
bolas de seis modalidades, uniformes, agasalhos,<br />
bolsas, bonés, sacolas e bandeiras. O programa está<br />
em funcionamento em 26 esta<strong>do</strong>s e no Distrito Federal.<br />
A mão-de-obra envolvida supera o número de<br />
12 mil presos beneficia<strong>do</strong>s.<br />
To<strong>do</strong> o material produzi<strong>do</strong>, cerca de um 1,8 milhão<br />
de itens esportivos por ano, é distribuí<strong>do</strong> aos programas<br />
sociais <strong>do</strong> próprio ministério e em escolas<br />
da rede pública <strong>do</strong> país, benefician<strong>do</strong> cerca de 6 milhões<br />
de estudantes.<br />
A participação <strong>do</strong> preso é voluntária. A cada três<br />
dias trabalha<strong>do</strong>s ele ganha a redução de um dia na<br />
pena. O interno ocupa o tempo ocioso, aprende<br />
a uma profissão e recebe por produção. O valor é<br />
pago em duas etapas: uma parte durante o cumprimento<br />
da pena e outra, depois.<br />
Preocupação com o Meio Ambiente<br />
De forma concreta, as ações da Política Nacional<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005) resultam em grande potencial da<br />
tecnologia esportiva, graças ao investimento na ciência,<br />
na pesquisa e na evolução de equipamentos.<br />
Nas fábricas <strong>do</strong> Pintan<strong>do</strong> a Liberdade são realizadas<br />
experiências com novos materiais, incentivan<strong>do</strong> o<br />
uso inteligente <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> meio ambiente. É o<br />
caso das bolas ecológicas. Produzida por detentos<br />
da penitenciária de Rio Branco (AC), o látex é mistu-<br />
25<br />
ra<strong>do</strong> com resinas de cascas de árvores e adiciona<strong>do</strong><br />
a um teci<strong>do</strong> composto de retalhos de lonas usadas<br />
em caminhões. Seco, o material, chama<strong>do</strong> couro<br />
ecológico, é recorta<strong>do</strong> com base em uma forma e<br />
costura<strong>do</strong> com linha encerada.<br />
As cores são produzidas a partir de resinas naturais.<br />
Por ser produzida como matéria prima extraída da<br />
natureza, a bola ecológica é utilizada para uso em<br />
recreação e decompõe-se totalmente em alguns<br />
meses. As bolas industriais, ao contrário, podem<br />
demorar mais de um século para serem absorvidas<br />
pelo meio ambiente.<br />
Foto: Acervo ME<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Tecnologia e Redução da Reincidência<br />
Enfrentan<strong>do</strong> o desafio de elevar a qualidade <strong>do</strong> material<br />
produzi<strong>do</strong>, o programa realiza um trabalho de<br />
sucesso na cidade de Feira de Santana (BA). Utilizan<strong>do</strong><br />
a mão-de-obra de 1.200 pessoas entre jovens ex-internos<br />
da Fazenda <strong>do</strong> Menor, detentos <strong>do</strong> Complexo<br />
Penitenciário e 700 trabalha<strong>do</strong>ras na periferia, o Pintan<strong>do</strong><br />
a Liberdade contribui com a redução <strong>do</strong> índice<br />
de reincidência criminal e supera barreiras produzin<strong>do</strong><br />
bolas para cegos com padrão profissional.<br />
Feitas com guizos sonoros, para atrair e orientar joga<strong>do</strong>res<br />
deficientes visuais ou cegos, a bola fornecida<br />
pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro é a<br />
única no mun<strong>do</strong> reconhecida para uso em competições<br />
oficiais de futebol de cinco. O produto é homologa<strong>do</strong><br />
pela Federação Internacional de <strong>Esporte</strong>s para<br />
Cegos (IBSA), com sede na Espanha. Nas últimas paraolimpíadas<br />
(Pequim, na China), um total de 100 bolas<br />
brasilerias com guizo foram utilizadas.<br />
Avançan<strong>do</strong> na Liberdade<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> amplia seu raio de ação<br />
chegan<strong>do</strong> às penitenciárias federais <strong>do</strong> Brasil. Por<br />
medida de segurança, o trabalho envolve apenas a<br />
costura manual de bolas e se soma às atividades ressocialização<br />
em presídios estaduais.<br />
Além da qualificação profissional, o Pintan<strong>do</strong> a Liberdade<br />
promove o resgate da auto-estima <strong>do</strong>s internos<br />
e prova que é possível de forma intersetorial<br />
garantir o direito a cidadania e ajudar na construção<br />
de uma nação mais forte e solidária.<br />
Pintan<strong>do</strong> a Cidadania<br />
No âmbito da consolidação de direitos sociais, o <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> busca desenvolver políticas públicas<br />
calcadas no desenvolvimento e no fortalecimento da<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
identidade sócio-cultural <strong>do</strong> povo brasileiro, elevan<strong>do</strong><br />
sua auto-estima e buscan<strong>do</strong> mobilizar a sociedade<br />
para soluções de suas demandas.<br />
O programa Pintan<strong>do</strong> a Cidadania aparece como<br />
uma solução inova<strong>do</strong>ra e oferece uma alternativa de<br />
inclusão social, emprego e renda aos mora<strong>do</strong>res de<br />
comunidades em risco social. Por meio de cooperativas<br />
de trabalho mais de quatro mil pessoas de baixa<br />
renda, em sete cidades brasileiras e uma africana,<br />
recebem salário pela confecção de redes e bolas de<br />
seis modalidades, uniformes, agasalhos, bolsas, bonés,<br />
sacolas e bandeiras.<br />
O Pintan<strong>do</strong> a Cidadania traz o diferencial da produção<br />
de jogos de xadrez, de jogos de damas e de pistas<br />
de atletismo. A exemplo <strong>do</strong> que acontece com<br />
o Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, to<strong>do</strong> o material esportivo<br />
produzi<strong>do</strong> é distribuí<strong>do</strong> gratuitamente e tem como<br />
destino as escolas públicas brasileiras, os programas<br />
sociais <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> como Segun<strong>do</strong><br />
Tempo e <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade (PELC) e países<br />
com os quais a pasta mantém relações de cooperação<br />
internacional.<br />
Dentro de seu programa de desenvolvimento --<br />
abarcan<strong>do</strong> uma visão mais ampla <strong>do</strong> potencial <strong>do</strong><br />
esporte como instrumento de inclusão social -- o<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> busca o diálogo interministerial<br />
e estimula a articulação de entidades públicas e<br />
privadas para discutir e implementar novas unidades<br />
<strong>do</strong> programa.<br />
Destacan<strong>do</strong> o trabalho na confecção de materiais<br />
esportivos como possibilidade de acesso aos direitos<br />
fundamentais da população, o Pintan<strong>do</strong> a Cidadania<br />
se constitui também como importante ação no<br />
campo da cooperação internacional. Como forma<br />
de colaborar com a massificação <strong>do</strong> esporte nas 12<br />
províncias de Moçambique, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
<strong>do</strong> governo brasileiro <strong>do</strong>ou ao governo <strong>do</strong> país africano<br />
uma fábrica de produção de 7.500 bolas de<br />
26
asquete, futebol, vôlei, handebol e futsal, atenden<strong>do</strong><br />
a 150 mil jovens em programas sociais.<br />
A fábrica funciona na capital moçambicana de Maputo<br />
e gera emprego e renda para 56 costura<strong>do</strong>res<br />
de bola que foram capacita<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro. As bolas serão utilizadas<br />
em um grande programa nacional desportivo <strong>do</strong><br />
governo moçambicano, que inclui escolas públicas,<br />
times de futebol, equipes esportivas e entidades que<br />
trabalham com o desporto social.<br />
A atuação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> através <strong>do</strong><br />
Pintan<strong>do</strong> a Cidadania mostra que é possível, a<br />
partir <strong>do</strong> debate coletivo, encontrar soluções que<br />
possibilitem fazer o enfrentamento da violência, a<br />
promoção da paz, o direito a cidadania e a integração<br />
internacional.<br />
LEI DE INCENTIVo Ao EsPoRTE<br />
Mais que um aparato legal, a Lei 11.438/06 -- conhecida<br />
como Lei de Incentivo ao <strong>Esporte</strong> -- significa um<br />
avanço na construção de um paradigma diferencia<strong>do</strong><br />
na concepção <strong>do</strong> esporte como direito constitucional.<br />
A Lei possibilita que pessoas físicas e jurídicas descontem<br />
<strong>do</strong> Imposto de Renda <strong>do</strong>ações ou patrocínios<br />
para realização de projetos esportivos.<br />
Regulamentada pelo Decreto 6.180/07, esta legislação<br />
permite ao Governo Federal instituir uma política<br />
de financiamento que mobilize, articule, diversifique<br />
e dinamize tais recursos. Assim, a Lei de Incentivo<br />
se constitui como uma importante ferramenta para<br />
o fortalecimento de uma política que evidencie o<br />
esporte como ação integrada e complementar ao<br />
desenvolvimento humano.<br />
As <strong>do</strong>ações de que trata a Lei podem ser direcionadas<br />
apenas para apoio direto a projetos aprova<strong>do</strong>s<br />
pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e avalia<strong>do</strong>s pela Comissão<br />
Técnica, que é composta por seis membros, en-<br />
27<br />
tre representantes <strong>do</strong> Governo e da sociedade civil.<br />
As deduções, a título de patrocínio, estão limitadas<br />
em 1% para Pessoa Jurídica e 6% para Pessoa Física,<br />
na declaração de ajuste anual.<br />
No âmbito das propostas a serem analisadas, considera-se<br />
projeto desportivo o conjunto de ações<br />
organizadas por entidades de natureza esportiva,<br />
destina<strong>do</strong> à implementação, à prática, ao ensino, ao<br />
estu<strong>do</strong>, à pesquisa e ao desenvolvimento <strong>do</strong> desporto,<br />
atenden<strong>do</strong> a pelo menos uma das manifestações<br />
previstas no art. 4º <strong>do</strong> Decreto 6.180/07. Ou seja,<br />
atenden<strong>do</strong> ao desporto educacional, de participação<br />
e/ou de rendimento. As ações devem ter como<br />
princípio a garantia <strong>do</strong> interesse público e da democratização<br />
<strong>do</strong> acesso aos bens e serviços resultantes<br />
<strong>do</strong>s projetos incentiva<strong>do</strong>s.<br />
Conforme a Lei Pelé, que orientou a Lei de Incentivo,<br />
entende-se como de cunho educacional os<br />
projetos cujo público beneficiário seja de alunos regularmente<br />
matricula<strong>do</strong>s em instituição de ensino<br />
de qualquer sistema, evitan<strong>do</strong>-se a seletividade e a<br />
hipercompetitividade de seus praticantes.<br />
O desporto de Participação é caracteriza<strong>do</strong> pela prática<br />
voluntária, com finalidade de contribuir para a integração<br />
<strong>do</strong>s praticantes na plenitude da vida social, na<br />
promoção da saúde e educação, e na preservação <strong>do</strong><br />
meio ambiente. Por desporto de Rendimento pode ser<br />
entendi<strong>do</strong> aquele pratica<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as regras nacionais<br />
e internacionais, com a finalidade de obter resulta<strong>do</strong>s,<br />
integrar pessoas e comunidades <strong>do</strong> País, e estas<br />
com as de outras nações.<br />
Para propor programas que recebam os benefícios<br />
da Lei de Incentivo as entidades precisam ter natureza<br />
esportiva, sem fins econômicos, e ter CNPJ registra<strong>do</strong><br />
há mais de um ano. Os recursos provenientes<br />
da Lei de Incentivo não podem ser utiliza<strong>do</strong>s para<br />
pagamento de remuneração aos atletas profissionais,<br />
atividades de alto rendimento ou competições<br />
profissionais.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
O pedi<strong>do</strong> de avaliação deve ser dirigi<strong>do</strong> à Comissão<br />
Técnica, com a indicação da manifestação<br />
desportiva. O projeto deve conter justificativa,<br />
objetivos, cronograma de execução física e financeira,<br />
estratégia de ação, metas qualitativas e<br />
quantitativas e plano de aplicação <strong>do</strong>s recursos.<br />
Além disso, deve constar orçamento analítico e<br />
comprovação de que os preços orça<strong>do</strong>s são compatíveis<br />
com os pratica<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong>.<br />
Os proponentes devem fazer o cadastro, elaborar<br />
o projeto preenchen<strong>do</strong> os formulários, anexar a<br />
<strong>do</strong>cumentação necessária e enviar ao protocolo<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>, onde será analisa<strong>do</strong> pela Comissão<br />
Técnica. Verificada sua viabilidade técnica e<br />
orçamentária, receberá o parecer de aprovação<br />
total, parcial ou indeferimento. Com o pronunciamento<br />
da comissão responsável, pode ainda<br />
ser feito um pedi<strong>do</strong> de reconsideração no prazo<br />
de até cinco dias da decisão.<br />
Todas essas particularidades estão retratadas no<br />
site <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (www.esporte.gov.<br />
br), que contém um manual <strong>do</strong> usuário detalhan<strong>do</strong><br />
a <strong>do</strong>cumentação exigida e instruin<strong>do</strong> quanto<br />
aos procedimentos necessários.<br />
Sensibilização e responsabilidade social - Desde a<br />
regulamentação da lei em 2007, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong> acatou 327 projetos, com o valor aprova<strong>do</strong><br />
para captação de mais de R$ 470 milhões. Os<br />
números apontam um crescimento nas taxas de<br />
aprovação e captação, e geram a expectativa de<br />
até 2012 cumprir os objetivos previstos quan<strong>do</strong><br />
da criação <strong>do</strong> projeto de lei: diversificar as fontes<br />
de financiamento e democratizar o acesso à prática<br />
<strong>do</strong> esporte no Brasil.<br />
LEgIsLAÇão:<br />
Portaria nº 208, de 11 de novembro de 2009 -<br />
Altera a Portaria n° 120 de 03 de julho de 2009.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
Portaria nº 172, de 28 de setembro de 2009<br />
- Designa novos membros para compor a Comissão<br />
Técnica.<br />
Portaria nº 120, de 03 de julho de 2009 - Dispõe<br />
sobre a tramitação, a avaliação e a aprovação<br />
<strong>do</strong> enquadramento <strong>do</strong>s projetos desportivos ou<br />
paradesportivos, bem como a captação, o acompanhamento<br />
e monitoramento da execução e da<br />
prestação de contas <strong>do</strong>s projetos devidamente<br />
aprova<strong>do</strong>s, de que trata a Lei nº 11.438, de 29<br />
de dezembro de 2006 e o Decreto nº 6.180, de 3<br />
de agosto de 2007, no âmbito <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>, e dá outras providências.<br />
Portaria nº 30, de 20 de fevereiro de 2009 -<br />
Constituir Comissão Técnica destinada a avaliar<br />
e aprovar o enquadramento <strong>do</strong>s projetos desportivos<br />
e paradesportivos a serem beneficia<strong>do</strong>s por<br />
incentivos fiscais, oriun<strong>do</strong>s da Lei no 11.438, de<br />
29 de dezembro de 2006, destina<strong>do</strong>s a fomentar<br />
as atividades de caráter desportivo. - Revoga-se a<br />
Portaria nº 011, de 16 de janeiro de 2008.<br />
Decreto nº 6.180, de 03 de agosto de 2007<br />
- Regulamenta a Lei nº 11.438, de 29 de dezembro<br />
de 2006, que trata <strong>do</strong>s incentivos e benefícios<br />
para fomentar as atividades de caráter desportivo.<br />
Lei n º 11.472, de 2 de maio de 2007 - Altera<br />
e acresce dispositivos à Lei nº 11.438, de 29 de<br />
dezembro de 2006, que dispõe sobre incentivos<br />
e benefícios para fomentar as atividades de caráter<br />
desportivo.<br />
Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006<br />
- Dispõe sobre incentivos e benefícios para fomentar<br />
as atividades de caráter desportivo e dá<br />
outras providências.<br />
28
FUTEboL<br />
Políticas Públicas e Lega<strong>do</strong> social<br />
Lançan<strong>do</strong> um olhar sistemático sobre os diversos<br />
segmentos <strong>do</strong> futebol, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> esporte passa<br />
a um nível diferencia<strong>do</strong> de intervenção nas políticas<br />
públicas relacionadas ao esporte mais popular <strong>do</strong><br />
país, buscan<strong>do</strong> analisar sob os mais diversos ângulos<br />
as necessidades <strong>do</strong>s clubes, <strong>do</strong>s atletas e o potencial<br />
inclusivo advin<strong>do</strong> desta modalidade.<br />
Pela demanda de ações relacionadas ao futebol e sua<br />
característica intrínseca de principal prática esportiva<br />
nacional, o Congresso aprovou um Projeto de Lei<br />
crian<strong>do</strong> na estrutura <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a Secretaria<br />
Nacional <strong>do</strong> Futebol e da Defesa <strong>do</strong>s Direitos<br />
<strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, que tem como principais competências,<br />
planejar, desenvolver, acompanhar e monitorar as<br />
atividades <strong>do</strong> setor.<br />
A criação da secretaria inaugura um novo perío<strong>do</strong> na<br />
atuação política, que guarda em seu histórico momentos<br />
importantes como a criação <strong>do</strong> Estatuto de<br />
Defesa <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r que tornou-se um marco para<br />
a qualificação <strong>do</strong> espetáculo proporciona<strong>do</strong> pelo esporte.<br />
Sancionada em 15 de maio de 2003, a Lei<br />
Foto: Al<strong>do</strong> Dias<br />
29<br />
10.671/03 defende competições organizadas e transparentes,<br />
com segurança, conforto e qualidade para<br />
os torce<strong>do</strong>res.<br />
A Timemania, jogo de loteria cria<strong>do</strong> através da Lei nº<br />
11.345/06 é pontualmente outro marco da política nacional<br />
voltada ao futebol. Considerada um grande incentivo<br />
para os clubes brasileiros, 98 times recebem 22%<br />
<strong>do</strong> valor arrecada<strong>do</strong> pelas apostas que são desconta<strong>do</strong>s<br />
diretamente da dívida destes com a União.<br />
Em junho de 2009, uma alteração na Lei nº 11.345<br />
aju<strong>do</strong>u os times participantes a continuarem adimplentes<br />
perante o Governo Federal. As alterações na<br />
Timemania - uma iniciativa <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
em conjunto com o <strong>Ministério</strong> da Fazenda - permitiram<br />
que os clubes planejassem melhor o pagamento<br />
<strong>do</strong>s débitos com o Tesouro Nacional, manten<strong>do</strong> as<br />
parcelas mensais e a porcentagem de reajuste anual<br />
de suas prestações.<br />
Alteração na Lei Pelé<br />
Em 2005 um Projeto de Lei (5.186/2005) foi apresenta<strong>do</strong><br />
para buscar mecanismos para adequar a Lei<br />
nº 9.615/1998 (Lei Pelé) às necessidades <strong>do</strong> quadro<br />
atual. As principais alterações envolvem a proteção<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
<strong>do</strong> atleta em formação, o incentivo ao clube forma<strong>do</strong>r<br />
e a definição de questões controversas na<br />
relação de trabalho entre o clube e o atleta.<br />
O objetivo central da alteração é regulamentar a<br />
relação trabalhista entre o atleta e o clube. O <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> participa de todas as discussões<br />
com membros <strong>do</strong> Governo e de órgãos esportivos<br />
para aprimorar a Lei Pelé. Além da participação,<br />
o <strong>Ministério</strong> defende a proteção <strong>do</strong> menor de 14<br />
anos, visan<strong>do</strong> respeitar os direitos da criança. Na<br />
Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s uma Comissão especial<br />
foi criada para relatar a matéria. Agora o Projeto<br />
de Lei aguarda a votação no plenário.<br />
Paz no <strong>Esporte</strong><br />
Os esforços para prevenção da violência nos<br />
estádios merece destaque específico. Um <strong>do</strong>s<br />
principais desafios encara<strong>do</strong>s atualmente pelo<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é diminuir a violência dentro<br />
e nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s estádios. Para isso um<br />
debate permanente com os mais diversos setores<br />
liga<strong>do</strong>s ao tema vem sen<strong>do</strong> estimula<strong>do</strong> mediante<br />
a Comissão Paz no <strong>Esporte</strong> que, articulada à<br />
consolidação <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r propõe a<br />
requalificação na operação <strong>do</strong>s estádios, a legislação<br />
para controle de torcidas organizadas e a<br />
inibição <strong>do</strong> vandalismo.<br />
Em 16 de março de 2009, o Governo anunciou<br />
medidas de segurança para os torce<strong>do</strong>res nos<br />
estádios, intituladas de Torcida Legal. Foram três<br />
os <strong>do</strong>cumentos assina<strong>do</strong>s na ocasião: Projeto de<br />
Lei que altera o Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, Decreto<br />
presidencial que regulamenta os lau<strong>do</strong>s técnicos<br />
utiliza<strong>do</strong>s na vistoria das condições de segurança<br />
<strong>do</strong>s estádios, e Termo de Cooperação Técnica<br />
entre o Conselho Nacional de Justiça, <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, <strong>Ministério</strong> da Justiça, Confederação<br />
Brasileira de Futebol e Conselho Nacional <strong>do</strong>s<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
Procura<strong>do</strong>res-Gerais <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> Público <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
e da União.<br />
Mudanças Penais<br />
O Projeto de Lei que altera o Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r<br />
prevê mudanças penais. Ações como promover<br />
tumulto e incitar a violência serão tipificadas<br />
como crimes preven<strong>do</strong> pena de reclusão de um<br />
a <strong>do</strong>is anos. A mesma pena é válida para quem<br />
cometer crimes iguais no raio de cinco mil metros<br />
ao re<strong>do</strong>r das arenas, ou durante o trajeto de ida<br />
ou volta <strong>do</strong> local da competição.<br />
Conforme o Projeto de Lei, também serão puni<strong>do</strong>s<br />
árbitros desonestos que forjarem ou manipularem<br />
os resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s jogos, poden<strong>do</strong> pegar pena de<br />
reclusão de até seis anos. Objetos que garantem<br />
a festa da torcida durante uma partida de futebol<br />
como balões, bandeiras, cornetas, cartazes e cantorias,<br />
serão permiti<strong>do</strong>s para entrada no estádio.<br />
No entanto, quem portar, deter ou transportar<br />
qualquer instrumento que possa ser utilizada na<br />
prática de violência dentro, nos arre<strong>do</strong>res ou no<br />
trajeto para os jogos, vai ser puni<strong>do</strong> com a reclusão<br />
de um a <strong>do</strong>is anos.<br />
O projeto que já foi aprova<strong>do</strong> na Câmara <strong>do</strong>s<br />
Deputa<strong>do</strong>s e tramita no Sena<strong>do</strong> trata ainda <strong>do</strong>s<br />
cambistas, que ficarão sujeitos a penalidade caso<br />
vendam ingressos por preço superior ao estampa<strong>do</strong><br />
no bilhete. Estabelece, ainda, responsabilidades<br />
legais para as torcidas organizadas. To<strong>do</strong>s<br />
os pontos têm si<strong>do</strong> debati<strong>do</strong>s com membros de<br />
torcidas organizadas que participam ativamente<br />
da situação <strong>do</strong> projeto.<br />
Debate e Envolvimento social<br />
Outra medida <strong>do</strong> Torcida Legal foi regulamentar<br />
o artigo 23 <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, através <strong>do</strong><br />
30
Decreto presidencial 6.795. O artigo 23 está relaciona<strong>do</strong><br />
aos lau<strong>do</strong>s técnicos exigi<strong>do</strong>s na vistoria<br />
de um estádio. Antigamente três lau<strong>do</strong>s técnicos<br />
eram exigi<strong>do</strong>s para a aprovação de um estádio:<br />
prevenção e combate de incêndio; segurança; e<br />
de condições sanitárias e de higiene.<br />
Com o Decreto, mais <strong>do</strong>is lau<strong>do</strong>s foram incluí<strong>do</strong>s:<br />
o de vistoria de engenharia e, em casos considera<strong>do</strong>s<br />
excepcionais, o de estabilidade estrutural.<br />
Com a inclusão <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> de vistoria de engenharia,<br />
engenheiros <strong>do</strong> CREA de to<strong>do</strong> o Brasil reuniram-se<br />
e formularam uma proposta, conten<strong>do</strong><br />
instruções e sugestões de como um estádio deve<br />
Foto: Al<strong>do</strong> Dias<br />
31<br />
estar, <strong>do</strong> ponto de vista estrutural, para receber<br />
uma partida.<br />
A partir <strong>do</strong> Decreto, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> criou<br />
a Comissão Especial de Estu<strong>do</strong>s formada por representantes<br />
da Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária - ANVISA, <strong>Ministério</strong> da Justiça, Vigilância<br />
Sanitária Municipal, Corpo de Bombeiros, Comitê<br />
Organiza<strong>do</strong>r Brasileiro da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />
FIFA 2014, Confederação Brasileira de Futebol,<br />
Polícia Militar e <strong>do</strong> próprio <strong>Ministério</strong> para discutir<br />
e elaborar os lau<strong>do</strong>s.<br />
O acúmulo <strong>do</strong>s debates resultou na Portaria nº<br />
124, publicada no Diário Oficial da União, em 20<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
de julho de 2009, explicitan<strong>do</strong> a nova exigência<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para o funcionamento <strong>do</strong>s estádios<br />
CoPA Do MUNDo FIFA 2014<br />
O Brasil vai sediar o maior evento futebolístico<br />
<strong>do</strong> planeta, a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> FIFA 2014. Desde<br />
2007 quan<strong>do</strong> a FIFA confirmou que o Brasil sediaria<br />
evento, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> discute as questões<br />
relacionadas direta e indiretamente ao evento.<br />
O <strong>Ministério</strong> coordenou a elaboração e acompanha<br />
a execução das onze garantias, exigidas pela FIFA,<br />
para a realização da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> no Brasil. Um<br />
grupo interministerial foi cria<strong>do</strong> para acompanhar e<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
discutir sobre os temas relaciona<strong>do</strong>s ao evento. O<br />
grupo vai acompanhar os avanços de infra-estrutura<br />
nas <strong>do</strong>ze cidades sede: Cuiabá, Brasília, Rio de Janeiro,<br />
Porto Alegre, Curitiba, Salva<strong>do</strong>r, Fortaleza, Belo<br />
Horizonte, São Paulo, Manaus, Natal e Recife.<br />
Além de projetar o país internacionalmente, a expectativa<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é que a Copa<br />
2014 deixe um lega<strong>do</strong> social de valor inestimável,<br />
que evidencie e promova valores de nacionalidade,<br />
solidariedade e integração, além de contribuir com a<br />
geração de trabalho e renda, com a profissionalização<br />
e qualificação de recursos humanos e finalmente<br />
com a qualificação de infra-estrutura esportiva e<br />
urbanística.<br />
32
Secretaria Nacional de<br />
<strong>Esporte</strong> Educacional
Foto: Acervo ME<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
34
A Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> Educacional -<br />
SNEED/ME nasce como órgão singular instituí<strong>do</strong><br />
pelo Decreto nº 4.668, de 09 de abril de 2003, diretamente<br />
subordina<strong>do</strong> ao Ministro de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>.<br />
Cabe à SNEED a responsabilidade principal de elaborar<br />
e implementar políticas voltadas ao esporte<br />
educacional brasileiro. Impõe-se às suas ações a<br />
marca da transversalidade e a estreita articulação<br />
com as políticas públicas educacionais vigentes no<br />
País.<br />
Fomentar o estabelecimento de políticas públicas<br />
de <strong>Esporte</strong> Educacional efetivas, desenvolvidas de<br />
forma abrangente e continuada, para que seus<br />
resulta<strong>do</strong>s possam ser avalia<strong>do</strong>s e mensura<strong>do</strong>s<br />
quanto à qualidade, eficácia e efetividade de seus<br />
objetivos, é o grande desafio estratégico da atuação<br />
da SNEED. Por essa razão, assumem caráter<br />
estratégico as parcerias institucionais com Esta<strong>do</strong>s<br />
e Municípios e as ações que envolvam as estruturas<br />
educacionais, nas três esferas.<br />
A forma concreta de viabilização desse propósito<br />
da SNEED é a execução <strong>do</strong> Programa Orçamentário<br />
Vivência e Iniciação Esportiva Educacional – Segun<strong>do</strong><br />
Tempo, cuja estratégia de funcionamento é o<br />
estabelecimento de alianças e parcerias institucionais,<br />
mediante a descentralização da execução orçamentária<br />
e financeira para governos estaduais,<br />
governos municipais, organizações não-governamentais<br />
e entidades nacionais e internacionais, públicas<br />
ou privadas sem fins lucrativos.<br />
A SNEED parte <strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong> esporte como<br />
expressão de cultura, como um fator de desenvolvimento<br />
humano e como direito fundamental <strong>do</strong><br />
ser humano.<br />
As ações estratégicas da SNEED, para o perío<strong>do</strong> de<br />
2007 a 2010, estão descritas em seu Planejamento<br />
Estratégico e integram o Plano Nacional de De-<br />
35<br />
senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> que, por sua vez, tem<br />
como base as Orientações Estratégicas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
– OEM. As OEM tem origem no processo de elaboração<br />
<strong>do</strong> PPA 2007-2010, apresentan<strong>do</strong> relação<br />
direta com as Orientações Estratégicas <strong>do</strong> Governo.<br />
Quase a totalidade das ações estratégicas da SNEED<br />
está voltada para o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo. De<br />
fato, apesar <strong>do</strong> movimento atual de ampliação de<br />
seu projeto inicial, a SNEED nasceu e se estruturou<br />
em torno <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo.<br />
AÇõEs EsTRATégICAs DA sNEED<br />
Qualificar e ampliar a abrangência <strong>do</strong> Programa<br />
Segun<strong>do</strong> Tempo. Com esta ação pretende-se: assegurar<br />
o atendimento médio anual de 800.000<br />
beneficia<strong>do</strong>s em 4.000 núcleos; atualizar e aperfeiçoar<br />
o atual modelo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />
(meto<strong>do</strong>logia, modelo de conveniamento, forma<br />
de execução, etc.) agregan<strong>do</strong> valores aos núcleos<br />
de <strong>Esporte</strong> Educacional e, ainda, fortalecer e estruturar<br />
a parceria com o <strong>Ministério</strong> da Educação<br />
– MEC, manten<strong>do</strong> a identidade <strong>do</strong> ME. Além disso,<br />
busca-se fortalecer as parcerias institucionais; articular<br />
a existência de núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />
Tempo em equipamentos construí<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (infra-estrutura esportiva) bem como<br />
estabelecer nexos entre os Projetos Especiais com o<br />
funcionamento de núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />
Tempo (Navegar, Comunidades Indígenas, Comunidades<br />
Quilombolas, Xadrez, entre outros).<br />
Assegurar a oferta <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />
volta<strong>do</strong> ao público <strong>do</strong> Ensino Médio e Superior<br />
é a ação estratégica que visa desenvolver<br />
um modelo específico bem como, implantar<br />
núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo no Ensino<br />
Técnico médio e no Ensino Superior visan<strong>do</strong><br />
articular atividades nos núcleos com Programas<br />
de emprego e renda para a juventude.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
A terceira ação estratégica da SNEED busca<br />
oportunizar aos beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Programa<br />
eventos e programações diferenciadas ao longo<br />
<strong>do</strong> ano por meio <strong>do</strong> atendimento nos perío<strong>do</strong>s<br />
de férias escolares e da realização de festivais<br />
Inter-núcleos <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo.<br />
Também faz parte das ações estratégicas da<br />
Secretaria qualificar e aprimorar a gestão <strong>do</strong><br />
Programa. Para isso, torna-se necessário organizar<br />
estratégias de gestão e implantar a nova<br />
estrutura organizacional, com novos processos<br />
gerenciais e, ainda, implantar Sistema de Controle,<br />
Monitoramento e Avaliação, com definição<br />
de indica<strong>do</strong>res, avaliação de impacto, transparência<br />
e controle social, além de assegurar<br />
os recursos e a infra-estrutura física e materiais<br />
necessários ao pleno funcionamento da SNEED.<br />
Articula<strong>do</strong>s com esta mesma ação estão: a<br />
construção de referenciais teóricos que contribuam<br />
para a <strong>do</strong>cumentação e qualificação <strong>do</strong><br />
Programa Segun<strong>do</strong> Tempo; o fortalecimento da<br />
captação de recursos incentiva<strong>do</strong>s (Conselho<br />
Nacional <strong>do</strong>s Direitos da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente<br />
- CONANDA e Lei de Incentivo Fiscal ao<br />
Foto: Acervo ME<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
<strong>Esporte</strong>) e a ampliação e qualificação da equipe<br />
da SNEED/ME.<br />
A quinta ação estratégica da SNEED volta-se<br />
para a qualificação <strong>do</strong> processo de capacitação<br />
de gestores <strong>do</strong> Programa, professores e<br />
monitores. O propósito é não apenas capacitar<br />
a equipe interna da SNEED como também, capacitar<br />
e qualificar to<strong>do</strong>s os recursos humanos<br />
(gestores, professores e monitores) <strong>do</strong>s convênios,<br />
de forma descentralizada e permanente,<br />
potencializan<strong>do</strong> e qualifican<strong>do</strong> a abrangência<br />
<strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo em todas as suas<br />
vertentes.<br />
A sexta ação estratégica da SNEED para o perío<strong>do</strong><br />
de 2007-2010 é o fortalecimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
Educacional brasileiro. A implementação<br />
<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer; o fortalecimento<br />
das parcerias com a Confederação<br />
Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) e com a<br />
Confederação Brasileira de Desporto Universitário<br />
(CBDU); o apoio à participação de escolares<br />
em jogos e eventos nacionais e internacionais e<br />
a realização de eventos e ações nacionais e internacionais<br />
de caráter educacional, tornam-se,<br />
portanto, fundamentais.<br />
36
o PRogRAMA sEgUNDo TEMPo<br />
Conceitos e objetivos<br />
O Segun<strong>do</strong> Tempo é um Programa Estratégico <strong>do</strong><br />
governo federal que tem por objetivo democratizar<br />
o acesso à prática e à cultura <strong>do</strong> esporte de forma<br />
a promover o desenvolvimento integral de crianças,<br />
a<strong>do</strong>lescentes e jovens, como fator de formação da<br />
cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente<br />
daqueles que se encontram em áreas de<br />
vulnerabilidade social. Trata-se de um programa vincula<strong>do</strong><br />
ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com vistas a democratizar<br />
o acesso a atividades esportivas e complementares<br />
no contra-turno escolar, desenvolvidas em<br />
espaços físicos públicos ou priva<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> como<br />
enfoque principal o esporte educacional.<br />
A finalidade <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo (PST) é o<br />
desenvolvimento de valores sociais, a melhoria das<br />
capacidades físicas e habilidades motoras, a melhoria<br />
da qualidade de vida, a diminuição da exposição<br />
aos riscos sociais, e a conscientização da prática<br />
esportiva, para crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens,<br />
asseguran<strong>do</strong> o exercício da cidadania. O Programa<br />
volta-se, ainda, para o desenvolvimento de estu<strong>do</strong>s<br />
e a melhoria da infra-estrutura esportiva, a democratização<br />
<strong>do</strong> acesso à prática esportiva e o desenvolvimento<br />
de valores sociais.<br />
A partir das orientações dadas pelo projeto democrático<br />
e popular <strong>do</strong> Governo Federal aos programas<br />
sociais esportivos, volta<strong>do</strong>s à inclusão social e para<br />
a gestão democrática, o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />
contribui para a reversão <strong>do</strong> quadro de injustiça, de<br />
exclusão e vulnerabilidade social a que é submetida<br />
grande parcela de população brasileira.<br />
Os principais objetivos <strong>do</strong> Programa são: proporcionar<br />
a inclusão social, democratizar o acesso e garantir<br />
a iniciação e a vivência esportiva de caráter<br />
educacional para crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens,<br />
com vistas ao desenvolvimento integral, à formação<br />
37<br />
humana e à construção da cidadania, promoven<strong>do</strong><br />
a saúde, a qualidade de vida e contribuin<strong>do</strong> para a<br />
melhoria da educação <strong>do</strong> País.<br />
Funcionamento e acesso ao Programa<br />
Todas as ações previstas no Programa de inclusão<br />
social, iniciação e vivência esportiva de crianças,<br />
a<strong>do</strong>lescentes e jovens - Segun<strong>do</strong> Tempo são executadas<br />
de forma descentralizada, por meio de parceiros<br />
convenia<strong>do</strong>s.<br />
A apresentação de pleitos ao programa é feita por<br />
intermédio <strong>do</strong> Sistema “on line”, disponível no portal<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> na internet, poden<strong>do</strong> ser<br />
contempla<strong>do</strong>s aqueles que atenderem aos critérios<br />
estabeleci<strong>do</strong>s pela Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
Educacional, através de Instrução Normativa e Normas<br />
Gerais que regem a celebração de convênios,<br />
desde que haja disponibilidade orçamentária.<br />
O Programa Segun<strong>do</strong> Tempo é viabiliza<strong>do</strong> por intermédio<br />
<strong>do</strong>s Núcleos de <strong>Esporte</strong> Educacional. Nos<br />
Núcleos, o contra-turno escolar das crianças, a<strong>do</strong>lescentes<br />
e jovens é ocupa<strong>do</strong> (no mínimo três vezes por<br />
semana, duas horas por dia em seu modelo padrão),<br />
por atividades esportivas oferecidas sob orientação<br />
de professores e monitores de Educação Física e/ou<br />
<strong>Esporte</strong>. Também são forneci<strong>do</strong>s reforço alimentar e<br />
atividades complementares.<br />
As parcerias que viabilizam a implantação <strong>do</strong>s núcleos<br />
são definidas a partir <strong>do</strong> Modelo e das Diretrizes<br />
apresentadas no Manual <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />
Tempo e da realidade local de cada projeto. De<br />
acor<strong>do</strong> com a evolução <strong>do</strong> Programa, o Modelo e<br />
as Diretrizes foram sen<strong>do</strong> modifica<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a<br />
aprimorar to<strong>do</strong> o sistema.<br />
Estabelecimento de Parceria<br />
Para fins de definição <strong>do</strong>s Projetos/Programas que<br />
poderão ser objeto de apresentação de pleitos e<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
propostas, em função das orientações específicas e<br />
prazos estabeleci<strong>do</strong>s, são consideradas as seguintes<br />
dimensões:<br />
a) Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />
Educacional<br />
b) Eventos e Atividades Esportivas Educacionais<br />
As parcerias com o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo podem<br />
ser estabelecidas com Entidade Públicas (Federais,<br />
Estaduais e Municipais) e Privadas sem fins<br />
lucrativos, e nesse caso, que tenham, comprovadamente,<br />
mais de três anos de atuação na área de<br />
abrangência <strong>do</strong> Projeto, mediante descentralização<br />
da execução orçamentária e financeira. O cadastramento<br />
de Pleitos de Funcionamento de Núcleos, seja<br />
de implantação ou Renovação <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo<br />
é realiza<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> Portal on-line <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>:<br />
http://www.esporte.gov.br/segun<strong>do</strong>tempo. Os prazos<br />
e as orientações para cadastramento destes são<br />
divulga<strong>do</strong>s anualmente no próprio Portal.<br />
É desafio constante para a Gestão da SNEED assegurar<br />
o aperfeiçoamento e a qualificação da formalização<br />
de convênios no âmbito <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo<br />
em busca <strong>do</strong> seu bom desempenho, eficiência e<br />
eficácia.<br />
O processo de formalização e de renovação de<br />
parcerias, desde 2007, teve seu foco principal nas<br />
parcerias que apresentam importantes resulta<strong>do</strong>s<br />
no processo de execução <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />
Tempo.<br />
Também foram priorizadas as formalizações com<br />
órgãos públicos manten<strong>do</strong> diretrizes já vigentes desde<br />
o ano anterior. Não foram celebra<strong>do</strong>s convênios<br />
de implantação (novas parcerias) com Organizações<br />
Não Governamentais em 2008.<br />
PANoRAMA NACIoNAL ATUAL<br />
Desde sua criação em 2003, o PST já atendeu mais<br />
de três milhões de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
Atualmente, o Programa atende simultaneamente<br />
em torno de um milhão de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e<br />
jovens distribuí<strong>do</strong>s em 1.300 municípios de todas as<br />
regiões <strong>do</strong> país.<br />
O Programa implantou mais de 14 mil núcleos de<br />
esporte educacional, numa ação concentrada de<br />
mais de 14 mil coordena<strong>do</strong>res. Além disso, mais de<br />
38 mil estágios foram ofereci<strong>do</strong>s para estudantes de<br />
Educação Física, Pedagogia e <strong>Esporte</strong>.<br />
Apesar de expressivos, esses números ainda estão<br />
longe de serem significativos quan<strong>do</strong> tomamos<br />
como referência um universo de 35 milhões de potenciais<br />
beneficia<strong>do</strong>s, se considerarmos o total de<br />
alunos matricula<strong>do</strong>s na Educação Básica no ano de<br />
2008, conforme da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE, senso 2008.<br />
O Relatório de Gestão 2007 já destacou que desde<br />
sua criação, o Programa cresceu, ganhou visibilidade,<br />
se consoli<strong>do</strong>u. Contu<strong>do</strong>, como não poderia<br />
deixar de ser, também evidenciou limitações e deficiências<br />
no processo de implantação que precisam<br />
ser superadas. Algumas das alternativas para superação<br />
dessas limitações são apresentadas no próximo<br />
item.<br />
APRIMoRAMENTo DA gEsTão<br />
Capacitação e sistema de Acompanhamento<br />
Apesar <strong>do</strong> crescimento quantitativo <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong><br />
Tempo, nos últimos anos, a SNEED tem consciência<br />
de seus limites na busca da universalização <strong>do</strong><br />
acesso ao esporte – seja pelo orçamento que não<br />
alcança a magnitude da demanda, seja pelo modelo<br />
de execução pauta<strong>do</strong> na descentralização de recursos<br />
prevista na norma, que, entre outras questões,<br />
impacta na descontinuidade <strong>do</strong> atendimento.<br />
Contu<strong>do</strong>, a SNEED entende que o caminho para a<br />
democratização <strong>do</strong> esporte é a articulação entre o<br />
38
sistema educacional e o sistema esportivo, entenden<strong>do</strong>-a<br />
como essencial para assegurar a ampliação<br />
da participação de escolares, de to<strong>do</strong>s os níveis de<br />
ensino, em atividades e eventos esportivos. Assim,<br />
há prioridade em articulação por parte desta Secretaria<br />
em todas as ações que envolvam a escola e o<br />
esporte como um <strong>do</strong>s eixos nortea<strong>do</strong>res.<br />
No ano de 2007, a SNEED concentrou esforços na<br />
revisão das Diretrizes Operacionais e no processo de<br />
construção de sua Proposta Pedagógica, concebida<br />
a partir dessa compreensão de <strong>Esporte</strong> Educacional,<br />
visan<strong>do</strong> ao estabelecimento de uma identidade nacional<br />
para o Programa e ao desenvolvimento de um<br />
novo modelo de capacitação. Esse modelo está mais<br />
adequa<strong>do</strong> à sua realidade, em função das dificuldades<br />
identificadas no decorrer <strong>do</strong> processo de capacitação,<br />
na modalidade de Educação a Distância,<br />
desenvolvi<strong>do</strong>, nos anos de 2004 a 2006.<br />
A SNEED buscou apoio nas Universidades, entenden<strong>do</strong><br />
que era preciso se pautar no conhecimento<br />
e na experiência de estudiosos da área não apenas<br />
Foto: Acervo ME<br />
39<br />
para colocar em prática mais uma política pública,<br />
mas essencialmente para dar um novo significa<strong>do</strong> à<br />
Política de <strong>Esporte</strong> Educacional, promoven<strong>do</strong> discussões<br />
conceituais e a produção coletiva de sua nova<br />
concepção.<br />
A ação da SNEED também esteve voltada à qualificação<br />
da seleção <strong>do</strong>s profissionais que atuam no<br />
programa, por ocasião da formalização das parcerias.<br />
Em 2007, estabeleceu-se como obrigatória a<br />
graduação em Educação Física ou <strong>Esporte</strong> para os<br />
profissionais que coordenam os Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />
Educacional, e no caso <strong>do</strong>s monitores de atividades<br />
esportivas devem estar matricula<strong>do</strong>s na graduação<br />
em Educação Física ou <strong>Esporte</strong>.<br />
Em 2008, to<strong>do</strong> o trabalho da Secretaria esteve foca<strong>do</strong><br />
na concretização das mudanças, a partir da<br />
valorização <strong>do</strong> papel que os recursos humanos podem<br />
desempenhar na superação <strong>do</strong>s problemas e<br />
no alcance <strong>do</strong>s desafios estabeleci<strong>do</strong>s para qualificar<br />
o Programa.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Diferentemente da realidade entre 2004-2005,<br />
quan<strong>do</strong> muitos leigos e profissionais de outras áreas<br />
atuavam no Programa Segun<strong>do</strong> Tempo, nos <strong>do</strong>is<br />
últimos anos essa realidade alterou-se substancialmente.<br />
Em da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em 2008, mais de 95%<br />
<strong>do</strong>s coordena<strong>do</strong>res que atuavam no Programa eram<br />
gradua<strong>do</strong>s em Educação Física4 .<br />
Segun<strong>do</strong> estatísticas da SNEED, entre 2003 e 2006,<br />
o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo empregou mais de<br />
13.500 coordena<strong>do</strong>res de núcleo e mais de 38.000<br />
monitores. Nos convênios vigentes em 2009, atuam<br />
no programa 4.965 coordena<strong>do</strong>res e 13.106 monitores,<br />
fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo um <strong>do</strong>s<br />
maiores emprega<strong>do</strong>res de profissionais de Educação<br />
Física <strong>do</strong> país.<br />
A essência <strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong> se pautou na necessidade<br />
de implementação das Diretrizes Pedagógicas,<br />
embasadas nos Fundamentos Pedagógicos para<br />
o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo, e <strong>do</strong> novo modelo de<br />
capacitação que passou a ser obrigatória para to<strong>do</strong>s<br />
os recursos humanos inseri<strong>do</strong>s no Programa por meio<br />
da formação de multiplica<strong>do</strong>res, de forma presencial e<br />
descentralizada.<br />
Em 2008, foi realiza<strong>do</strong> o 1º Ciclo Nacional de Capacitação<br />
<strong>do</strong>s Coordena<strong>do</strong>res de Núcleo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />
Tempo. Durante aquele ano, foram realiza<strong>do</strong>s<br />
três eventos de Capacitação de Coordena<strong>do</strong>res-Gerais<br />
e 48 eventos de Capacitação de Coordena<strong>do</strong>res Pedagógicos,<br />
Setoriais e de Núcleos de forma presencial,<br />
em vinte localidades, contemplan<strong>do</strong> todas as regiões<br />
<strong>do</strong> país. Os Encontros de Formação Pedagógica foram<br />
realiza<strong>do</strong>s nas capitais e/ou cidades próximas <strong>do</strong>s locais<br />
de funcionamento <strong>do</strong>s núcleos <strong>do</strong>s convênios. Essa es-<br />
4 OLIVEIRA, A. A. Bássoli de; PERIM, G. L.; OLIVEIRA FILHO,<br />
A.; RECHENCKOSKY, L.; SOUZA, S. A. de.; COUTINHO, S. da S.<br />
Avaliação Geral <strong>do</strong> 1º Ciclo de Capacitação <strong>do</strong>s Coordena<strong>do</strong>res<br />
de Núcleo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo. Trabalho apresenta<strong>do</strong><br />
no XII Congresso de Ciências <strong>do</strong> Desporto e Educação Física<br />
<strong>do</strong>s Países de Língua Portuguesa, realiza<strong>do</strong> entre os dias<br />
17 a 20 setembro de 2008, em Porto Alegre/RS, Brasil.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
trutura permitiu atender a 4.481 coordena<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
PST durante o ano de 2008.<br />
MAIs EDUCAÇão CoM MAIs EsPoRTE<br />
Programa segun<strong>do</strong> Tempo no Programa Mais<br />
Educação<br />
Ampliar o acesso à prática esportiva a to<strong>do</strong>s os alunos<br />
das Escolas Públicas da Educação Básica das redes<br />
municipal e estadual é o objetivo geral da inserção <strong>do</strong><br />
Programa <strong>do</strong> Governo Federal, vincula<strong>do</strong> ao <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e denomina<strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo, ao Programa<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação: Mais Educação. O<br />
que se prevê em médio e em longo prazo é diminuir a<br />
discriminação por condições físicas, sociais, de raça, de<br />
cor ou de qualquer natureza que limitem o acesso de<br />
crianças e jovens à prática esportiva.<br />
Pretende-se oferecer conhecimentos da prática esportiva<br />
nas dimensões lúdica e inclusiva, além de ampliar<br />
o conhecimento <strong>do</strong>s estudantes sobre a prática esportiva<br />
e suas relações com a cultura, educação, saúde e<br />
vida ativa.<br />
A união desses <strong>do</strong>is programas ampliará o tempo de<br />
permanência <strong>do</strong>s alunos na escola e contribuirá para<br />
a melhoria da qualidade da Educação Básica e para o<br />
fortalecimento de hábitos e valores que incrementem<br />
a formação da cidadania.<br />
O Programa Mais Educação, instituí<strong>do</strong> em abril de<br />
2007, por Portaria Interministerial, busca contribuir<br />
com a formação integral de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e<br />
jovens, por intermédio da articulação de ações, projetos<br />
e programas <strong>do</strong> governo federal. Promove ações<br />
sociais e educacionais em escolas e em outros espaços<br />
socioculturais. A proposta prevê ações conjuntas voltadas<br />
para a formulação das políticas públicas <strong>do</strong> Programa<br />
envolven<strong>do</strong> os <strong>Ministério</strong>s da Educação (MEC), da<br />
Cultura (MinC), <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate<br />
à Fome (MDS) e <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (ME).<br />
40
O Mais Educação prioriza as comunidades possui<strong>do</strong>ras<br />
de altos índices de vulnerabilidade social, pobreza e<br />
violência e visa a melhoria da qualidade da experiência<br />
educativa de crianças e jovens que freqüentam as escolas<br />
públicas <strong>do</strong> ensino fundamental brasileiro.<br />
Como uma das ações previstas no Plano de Desenvolvimento<br />
da Educação (PDE), o Mais Educação tem objetivos<br />
volta<strong>do</strong>s para a ampliação de espaços, tempos<br />
e oportunidades educativas; para a oferta de novas<br />
atividades educacionais e para a redução da evasão,<br />
da repetência e das distorções de idade-série, por meio<br />
de ações culturais, educativas, esportivas, de educação<br />
ambiental, de educação em direitos humanos e de lazer.<br />
Sua coordenação está sob a responsabilidade da<br />
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e<br />
Diversidade (Secad).<br />
O programa é composto por sete macrocampos, referentes<br />
ao acompanhamento pedagógico; ao meio<br />
ambiente; ao esporte e ao lazer; aos direitos humanos<br />
e à cidadania; à cultura e às artes, à inclusão digital; à<br />
saúde, à alimentação e à prevenção.<br />
É nesse contexto que se situa a inserção <strong>do</strong> Programa<br />
Segun<strong>do</strong> Tempo no Mais Educação. A parceria entre o<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o <strong>Ministério</strong> da Educação efe-<br />
Foto: Acervo ME<br />
41<br />
tiva uma Política Educacional Unitária para o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com reflexos tanto na melhoria da<br />
qualidade da educação, como na melhoria <strong>do</strong> esporte<br />
nacional.<br />
Cabe ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> formular e implementar<br />
políticas públicas inclusivas e de afirmação <strong>do</strong> esporte<br />
e lazer como direitos sociais <strong>do</strong>s cidadãos. As práticas<br />
esportivas são fundamentais para o desenvolvimento<br />
das habilidades e aptidões que nos caracterizam como<br />
homens visto que elas não se transmitem como herança<br />
biológica, e sim se formam ao longo da vida pela assimilação<br />
da cultura criada pelos nossos antecessores.<br />
Este é um poderoso fator que exige da escola o oferecimento<br />
de práticas esportivas direcionadas à educação,<br />
ao prolongamento de vidas saudáveis, ao acesso<br />
ao conhecimento, ao fomento <strong>do</strong> potencial intelectual<br />
e ao acesso aos bens culturais, científicos e tecnológicos<br />
produzi<strong>do</strong>s pela humanidade.<br />
Universalizar o esporte no Brasil e oferecer educação<br />
de qualidade para todas as crianças, a<strong>do</strong>lescentes<br />
e jovens é uma tarefa que só se concretizará<br />
com ações conjuntas que garantam que to<strong>do</strong>s tenham<br />
o atendimento desse direito social.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Secretaria Nacional de Desenvolvimento<br />
de <strong>Esporte</strong> e de Lazer
Foto: Acervo ME<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
44
Ten<strong>do</strong> como referência a Constituição da República<br />
Federativa <strong>do</strong> Brasil (1988), especialmente consideran<strong>do</strong><br />
o art. 217 que trata <strong>do</strong> dever <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> fomentar<br />
práticas desportivas formais e não formais<br />
e de lazer como direito de to<strong>do</strong>s os cidadãos, e o<br />
art. 218, segun<strong>do</strong> o qual o Esta<strong>do</strong> promoverá e incentivará<br />
o desenvolvimento científico, a pesquisa<br />
e a capacitação tecnológica, foi criada, em 2003, a<br />
SNDEL como finalidade de:<br />
• assegurar a configuração de uma política<br />
social <strong>do</strong> esporte e lazer centrada no parâmetro<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento humano, em cooperação<br />
técnica e financeira com outros órgãos da<br />
administração pública federal, <strong>do</strong> Distrito Federal,<br />
esta<strong>do</strong>s, municípios, instituições de ensino<br />
superior e entidades não-governamentais sem fins<br />
lucrativos;<br />
• zelar pelo cumprimento da legislação esportiva,<br />
relativa à sua área de atuação;<br />
• promover o desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer<br />
por meio de políticas integradas com as demais<br />
áreas da administração pública federal, articuladas<br />
às redes de interações que mobilizam;<br />
• manter intercâmbio com organismos públicos e<br />
priva<strong>do</strong>s, nacionais, e internacionais, em prol <strong>do</strong><br />
desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer.<br />
Finalidades consolidadas e ampliadas pelas contínuas<br />
demandas de interesse público, incluin<strong>do</strong> as<br />
necessidades específicas das ações estratégicas definidas<br />
pelas Conferências Nacionais de <strong>Esporte</strong> e<br />
Lazer (2004 e 2006), a Política Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
(2005), o Plano Nacional Desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
(2008-2011) e os Planos Plurianuais - PPAs.<br />
Ação política construída numa sociedade desigual<br />
em termos de acesso da população ao patrimônio<br />
histórico-cultural de esporte e lazer, as oportunidades<br />
de conhecimento, assistência e prática <strong>do</strong>s<br />
seus diversifica<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s.<br />
A SNDEL ocupa, assim, um espaço político institucional<br />
importante na política nacional de direitos<br />
sociais, constituin<strong>do</strong>-se em um locus prioritário<br />
45<br />
para investimentos e ações relativas à produção, divulgação<br />
e socialização de conhecimentos e ações<br />
educativas nas áreas <strong>do</strong> esporte recreativo e lazer,<br />
parte essencial da política social <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>, integrada às demais ações <strong>do</strong> Governo<br />
Federal.<br />
DIRETRIZEs DA sNDEL<br />
• democratização e universalização <strong>do</strong> acesso às<br />
práticas e conhecimentos sobre esporte e o lazer<br />
a to<strong>do</strong>s os cidadãos brasileiros: crianças, jovens,<br />
adultos e i<strong>do</strong>sos, <strong>do</strong>s diferentes gêneros e etnias,<br />
com diferentes habilidades e potenciais corporais<br />
e, especialmente, pertencentes aos segmentos<br />
sociais e comunidades que vivem em circunstâncias<br />
de desvantagens educativa e econômica;<br />
• desenvolvimento de ações educativas na<br />
perspectiva da emancipação humana, <strong>do</strong><br />
desenvolvimento comunitário e da transformação<br />
de políticas de governo em políticas de esta<strong>do</strong><br />
com vistas à garantia de direitos;<br />
• valorização da diversidade cultural das práticas<br />
esportivas e de lazer, em especial as de criação<br />
nacional;<br />
• desenvolvimento de ações estratégicas que<br />
articulem pesquisa com ações educativas,<br />
informação e práticas de gestão de políticas<br />
públicas, representan<strong>do</strong> experiências indispensáveis<br />
à qualificação das políticas educativas de esporte<br />
e lazer como fator de desenvolvimento humano e<br />
inclusão social e cultural;<br />
• implementação de ações intersetoriais,<br />
amplian<strong>do</strong> abrangência de atuação sobre os<br />
dilemas e oportunidades trata<strong>do</strong>s;<br />
• articulação de redes de cooperação com<br />
universidades, esta<strong>do</strong>s, municípios e outros<br />
ministérios, ten<strong>do</strong> em vista o trato das demandas<br />
sociais sob sua responsabilidade;<br />
• articulação de redes de cooperação internacional,<br />
direcionadas para o desenvolvimento da ciência e<br />
tecnologia social em esporte e lazer, pautan<strong>do</strong>-se<br />
pelo respeito à autonomia e a soberania cultural<br />
<strong>do</strong>s povos, assim como o espírito de colaboração<br />
solidária.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
o PRogRAMA EsPoRTE E LAZER DA CIDADE - PELC<br />
A SNDEL é responsável pelo Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer<br />
da Cidade (PELC) - Programa <strong>do</strong> tipo finalístico<br />
cria<strong>do</strong> em 2003 e cujo problema gera<strong>do</strong>r, que justifica<br />
a sua existência, é a desigualdade de acesso ao<br />
esporte e lazer por parcela significativa da população<br />
brasileira. Seu objetivo central é ampliar, democratizar<br />
e universalizar o acesso à prática e ao conhecimento<br />
<strong>do</strong> esporte recreativo e de lazer, integran<strong>do</strong><br />
suas ações às demais políticas públicas, favorecen<strong>do</strong><br />
o desenvolvimento humano e a inclusão social.<br />
São três os eixos centrais <strong>do</strong> PELC:<br />
1. Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong> Recreativo<br />
e de Lazer, nas diversas regiões <strong>do</strong> Brasil, com o<br />
objetivo de garantir o direito ao acesso de qualidade<br />
a políticas públicas de lazer e de esporte, em sua<br />
dimensão recreativa, para as diversas faixas etárias,<br />
garantin<strong>do</strong> a inclusão de pessoas com deficiência.<br />
2. Funcionamento da Rede CEDES - Centros de<br />
Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong> Recreativo e de Lazer<br />
junto às Instituições de Ensino Superior – por meio<br />
<strong>do</strong> estímulo e fomento à produção e difusão de<br />
conhecimentos científico-tecnológicos, volta<strong>do</strong>s à<br />
qualificação da política pública de esporte recreativo<br />
e <strong>do</strong> lazer.<br />
3. Implantação e Modernização de Infra-Estrutura<br />
para <strong>Esporte</strong> Recreativo e Lazer, que prevê a construção<br />
e reforma de equipamentos, ação executada<br />
pela Secretaria Executiva <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
As ações que integram o Programa têm como focos<br />
centrais a formação de agentes e gestores (municipais,<br />
estaduais, de universidades, ONGs e OSCIPs) e<br />
o intercâmbio de conhecimentos e experiências em<br />
âmbitos nacional e internacional, particularmente<br />
estabeleci<strong>do</strong> com a América Latina.<br />
A principal justificativa para a consolidação <strong>do</strong> PELC<br />
é a conscientização <strong>do</strong>s parceiros a respeito da importância<br />
<strong>do</strong> investimento nas políticas públicas de<br />
esporte e lazer, no senti<strong>do</strong> de contribuir para que<br />
estas avancem <strong>do</strong> atual estágio de política de um<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
governo para a dimensão mais ampla de política de<br />
esta<strong>do</strong>.<br />
Desde sua criação, o Programa vem amplian<strong>do</strong>,<br />
qualitativa e quantitativamente, suas ações. Para assegurar<br />
sua estrutura nacional têm si<strong>do</strong> multiplicadas<br />
experiências de parcerias com outros Programas<br />
estruturantes da Política Social <strong>do</strong> Governo Federal,<br />
buscan<strong>do</strong> aprimorar o controle social e a intersetorialidade.<br />
Embora os valores investi<strong>do</strong>s ainda sejam<br />
reduzi<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong> tratar-se de um Programa<br />
Federal, o crescente aumento de recursos e de pessoas<br />
beneficiadas aponta para a ampliação e valorização<br />
das políticas públicas de esporte e lazer no<br />
nível local após a experiência com o PELC.<br />
Enquanto ações gerais, o Programa desenvolve<br />
em 2009: o Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />
e Lazer para todas as idades; o Funcionamento<br />
de Núcleos Vida Saudável para adultos e i<strong>do</strong>sos; o<br />
Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PRONASCI PELC para<br />
jovens de 15 a 24 anos em contextos de violência;<br />
o fomento de pesquisas para o desenvolvimento de<br />
políticas sociais de esporte recreativo e de lazer pela<br />
Rede CEDES; a promoção de eventos científicos,<br />
tecnológicos e interdisciplinares volta<strong>do</strong>s ao desenvolvimento<br />
de políticas sociais de esporte e lazer; e<br />
o desenvolvimento <strong>do</strong> sistema de gestão compartilhada<br />
<strong>do</strong> esporte e lazer.<br />
Além disso, o PELC é um <strong>do</strong>s principais atores na<br />
execução <strong>do</strong> Prêmio Brasil de <strong>Esporte</strong> e Lazer de Inclusão<br />
Social – Nacional; Sistema de Documentação<br />
e Informação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – CEDIME;<br />
realização <strong>do</strong>s Jogos Nacionais <strong>do</strong>s Povos Indígenas;<br />
no planejamento e mobilização <strong>do</strong>s I Jogos Brasileiros<br />
<strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos; e na mobilização <strong>do</strong>s parceiros para<br />
envolvimento direto nas discussões das Conferências<br />
Nacionais <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e criação <strong>do</strong> Sistema Nacional<br />
de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />
46
sobre as Ações <strong>do</strong> Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade<br />
- PELC<br />
Estratégia 1<br />
AÇÃO EDUCATIVA: formação continuada de gestores,<br />
agentes, lideranças comunitárias, pesquisa<strong>do</strong>res,<br />
legisla<strong>do</strong>res e outros parceiros atuantes nas esferas<br />
públicas federal, estadual e municipal, com vistas à<br />
formulação e implementação de políticas públicas de<br />
esporte e lazer de inclusão social e cultural.<br />
Principais ações:<br />
Até o ano de 2008, o Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong><br />
PELC, em órgãos públicos federais, estaduais, municipais<br />
e organizações não-governamentais, abrangeu<br />
19 Esta<strong>do</strong>s brasileiros e o Distrito Federal. O apoio<br />
financeiro para esta ação se dá via seleção de proje-<br />
Foto: Acervo ME<br />
47<br />
tos por meio de Chamadas Públicas, divulgadas pelo<br />
Portal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Diário Oficial, ou<br />
defini<strong>do</strong> por Emendas Parlamentares.<br />
Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PELC para todas<br />
as idades<br />
Promover o desenvolvimento de atividades educativas<br />
de esporte recreativo e lazer, incluin<strong>do</strong> o de criação<br />
nacional e de identidade cultural, para crianças,<br />
a<strong>do</strong>lescentes, jovens, adultos, i<strong>do</strong>sos, pessoas com<br />
deficiências.<br />
Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PELC Vida Saudável<br />
Promover o desenvolvimento de atividades educativas<br />
físicas, de esporte recreativo e de lazer, para<br />
pessoas com idade acima de 45 anos, atenden<strong>do</strong><br />
pessoas com deficiências, em atividades sistemá-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
ticas como oficinas de esporte, dança, ginástica,<br />
teatro, música, orientação a caminhada, capoeira<br />
e outras dimensões da cultura local, bem como a<br />
organização popular na realização de macros eventos<br />
de lazer.<br />
Em parceria com o <strong>Ministério</strong> da Justiça, integran<strong>do</strong><br />
o Programa Nacional de Segurança Pública com<br />
Cidadania (PRONASCI) de enfrentamento à violência<br />
e volta<strong>do</strong> para jovens de 15 a 24 anos é fomenta<strong>do</strong><br />
o:<br />
Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PRONASCI<br />
PELC<br />
Desenvolve atividades físicas, jogos e brincadeiras,<br />
oficinas artísticas, salas de leitura e de discussão<br />
de filmes, artes marciais, capoeira, ginástica e outras.<br />
Estimula a convivência social, a formação de<br />
gestores e lideranças comunitárias, a elevação da<br />
autoestima <strong>do</strong>s participantes, amplian<strong>do</strong> condições<br />
de acesso ao esporte recreativo e ao lazer.<br />
Estratégia 2<br />
PESQUISA: fomento de estu<strong>do</strong>s, fundamenta<strong>do</strong>s<br />
na pesquisa social, sobre temas prioritários para<br />
a qualificação de políticas públicas de esporte e<br />
lazer de inclusão social e cultural, desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
por Instituições de Ensino Superior de todas as<br />
regiões brasileiras, expandin<strong>do</strong> e modernizan<strong>do</strong> a<br />
base científico-tecnológica que vem sen<strong>do</strong> construída<br />
sobre esporte e lazer pela pesquisa social<br />
no Brasil.<br />
Principal ação:<br />
Rede CEDES – Centros de Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong><br />
e Lazer<br />
Até o ano de 2008, a Rede CEDES integrou 62 Grupos<br />
de Estu<strong>do</strong>s de Educação Física, <strong>Esporte</strong> e/ou Lazer,<br />
de 35 Instituições de Ensino Superior de to<strong>do</strong><br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
o País. A Rede fomenta a produção e difusão de<br />
pesquisas induzidas e semi-induzidas, selecionadas<br />
via Chamada Pública divulgada pelo Portal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o Diário Oficial, consideran<strong>do</strong><br />
nove linhas temáticas:<br />
1. Memória da educação física, <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong><br />
lazer no Brasil.<br />
2. Perfil <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e<br />
municípios brasileiros.<br />
3. Avaliação de políticas públicas e programas<br />
de esporte e lazer (desenvolvi<strong>do</strong>s pelo governo<br />
federal, em particular os Programas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>: <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade, Segun<strong>do</strong><br />
Tempo, Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, Bolsa Atleta).<br />
4. Novos programas sociais de esporte e lazer<br />
de alcance nacional (estu<strong>do</strong>s que subsidiem o<br />
atendimento de demandas específicas como:<br />
fases da vida, gêneros, etnias/raças, deficientes,<br />
famílias, populações rurais, populações indígenas,<br />
quilombolas, ribeirinhas, manifestações de<br />
identidade nacional, etc.).<br />
5. Observatório <strong>do</strong> esporte (estu<strong>do</strong>s sobre torcidas<br />
organizadas, violência no esporte, mídia esportiva,<br />
políticas públicas de esporte, legislação esportiva,<br />
educação olímpica, esporte escolar e universitário,<br />
megaeventos esportivos, futebol, dentre outros<br />
temas).<br />
6. Programas intersetoriais (estu<strong>do</strong>s que subsidiem<br />
ações integradas <strong>do</strong> esporte e lazer com outras<br />
áreas da política pública brasileira: educação,<br />
saúde, justiça, trabalho, juventude, cultura,<br />
desenvolvimento social, meio ambiente, turismo,<br />
dentre outras).<br />
7. Gestão <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer (estu<strong>do</strong>s sobre<br />
planejamento, gestão de pessoas, atividades,<br />
ação comunitária, animação sociocultural,<br />
meto<strong>do</strong>logias, controle social e outros temas que<br />
qualifiquem a gestão <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer).<br />
8. Infraestrutura de esporte e lazer (estu<strong>do</strong>s sobre<br />
implantação, manutenção, uso, acessibilidade e<br />
novas tecnologias de infraestruturas, prioritariamente<br />
públicas).<br />
9. Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer (estu<strong>do</strong>s<br />
sobre fundamentos e referências, eixos e marcos<br />
legais, redes de interações, dentre outros aspectos<br />
fundamentais para a criação e implementação <strong>do</strong><br />
Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer).<br />
48
PRêMIo bRAsIL DE EsPoRTE E LAZER DE INCLUsão<br />
soCIAL<br />
Ten<strong>do</strong> como objetivos incentivar, apoiar e valorizar<br />
produções científicas, tecnológicas e pedagógicas<br />
que contribuam para a qualificação<br />
e inovação de políticas públicas de esporte e lazer<br />
de inclusão social é realiza<strong>do</strong> bianualmente<br />
concurso com conseqüente premiação e difusão<br />
<strong>do</strong>s três primeiros trabalhos classifica<strong>do</strong>s, por<br />
mérito, em cada uma das cinco Categorias <strong>do</strong><br />
Prêmio, a saber:<br />
Categorias com Premiação Regional<br />
Categoria 1: Dissertações de Mestra<strong>do</strong>, Teses<br />
de Doutora<strong>do</strong> e Pesquisas Independentes<br />
Categoria 2: Monografias de Graduação e<br />
Especialização Lato Sensu<br />
Categoria 3: Relatos de Experiências<br />
Categorias com Premiação Nacional<br />
Categoria 4: Ensaios<br />
Categoria 5: Novas Mídias<br />
O Regulamento <strong>do</strong> Prêmio é divulga<strong>do</strong> via Edital<br />
pelo site <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (www.esporte.gov.br),<br />
por meio <strong>do</strong> qual também são socializa<strong>do</strong>s<br />
o livro, vídeos e catálogo que reúnem as<br />
obras e os autores premia<strong>do</strong>s.<br />
Em sua 1ª Edição (2008), foram premia<strong>do</strong>s 27<br />
trabalhos, de todas as regiões <strong>do</strong> País, que receberam<br />
troféus, certifica<strong>do</strong>s, trabalho publica<strong>do</strong><br />
e prêmios em dinheiro, conforme defini<strong>do</strong> pelo<br />
Regulamento <strong>do</strong> concurso.<br />
Estratégia 3<br />
GESTÃO COMPARTILHADA: Política de gestão<br />
compartilhada de programas, projetos e atividades<br />
de esporte e de lazer, articulan<strong>do</strong> redes<br />
de gestores, legisla<strong>do</strong>res, agentes comunitários,<br />
49<br />
pesquisa<strong>do</strong>res e outros parceiros <strong>do</strong> PELC, estabelecen<strong>do</strong><br />
trocas de experiências, organizan<strong>do</strong><br />
diretrizes e qualifican<strong>do</strong> práticas de gestão, contribuin<strong>do</strong><br />
com a qualificação da Política Nacional<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005), a construção <strong>do</strong> Sistema<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, de mecanismos e<br />
de indica<strong>do</strong>res de controle e participação social.<br />
Principais ações:<br />
Eventos científicos e tecnológicos de esporte<br />
e lazer<br />
Apoio e/ou realização de conferências, congressos,<br />
seminários, palestras, reuniões técnicas,<br />
entre outros eventos de abrangência nacional<br />
e/ou internacional, promoven<strong>do</strong> intercâmbios<br />
científicos e tecnológicos, assim como a divulgação,<br />
transmissão e disponibilização, em<br />
meios eletrônicos e impressos, <strong>do</strong>s registros relativos<br />
aos conteú<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s. São apoia<strong>do</strong>s<br />
projetos de educação física, esporte e lazer,<br />
de abrangência nacional e/ou internacional, desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
em continuidade, seleciona<strong>do</strong>s pela<br />
SNDEL, dentre os inscritos nesta Secretaria.<br />
Eventos interdisciplinares de esporte e<br />
lazer<br />
Apoio a projetos de eventos de natureza interdisciplinar,<br />
de abrangência nacional, articulan<strong>do</strong><br />
a discussão sobre esporte recreativo e lazer,<br />
inclusive de criação nacional e identidade cultural,<br />
com temas afetos ao meio ambiente, à educação,<br />
à cultura e à saúde, dentre outras ações<br />
transversais.<br />
Formação de gestores, agentes comunitários<br />
e forma<strong>do</strong>res<br />
Em parceria com universidades, ministérios e<br />
outros órgãos públicos, realização de cursos,<br />
palestras e seminários presenciais e à distância<br />
sobre políticas públicas de esporte e lazer.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Cooperação e intercâmbio técnico-científico<br />
Promoção de ações de cooperação e intercâmbio institucional,<br />
em âmbito nacional e internacional, com<br />
vistas ao fomento <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer<br />
a partir da troca de conhecimentos e experiências,<br />
estu<strong>do</strong>s e pesquisas.<br />
Ações intersetoriais - Como por exemplo:<br />
“Jogos <strong>do</strong>s Povos Indígenas”, integra os <strong>Ministério</strong>s<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, Justiça, Educação, Cultura, Saúde, a Secretaria<br />
Especial de Promoção de Políticas de Promoção<br />
da Igualdade Racial, governos municipais e estaduais,<br />
com o Comitê Intertribal e outros parceiros.<br />
“<strong>Esporte</strong>, Lazer e Educação Integral”, ação integrada<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>/Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer da<br />
Cidade e <strong>Ministério</strong> da Educação/Programas Mais Educação<br />
e Escola Aberta com desenvolvimento de atividades<br />
de abrangência nacional e internacional.<br />
Estratégia 4<br />
INFORMAÇÃO: política de <strong>do</strong>cumentação, informação<br />
e difusão, articulada a “gestão <strong>do</strong> conhe-<br />
Foto: Francisco Medeiros<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
cimento e da informação” para subsidiar, avaliar<br />
e qualificar políticas públicas de esporte e lazer de<br />
inclusão social e cultural, sistematizan<strong>do</strong> e difundin<strong>do</strong><br />
conhecimentos, dan<strong>do</strong> suporte a intercâmbios<br />
nacionais e internacionais e à construção de<br />
relações estreitas entre esporte educacional, de<br />
rendimento e de lazer.<br />
As ações desenvolvidas integram as atividades <strong>do</strong><br />
CEDIME – Centro de Documentação e Informação<br />
<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> -, sob a responsabilidade<br />
da SNDEL.<br />
Centro de Documentação e Informação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – CEDIME<br />
Objetiva <strong>do</strong>cumentar, preservar e difundir conhecimentos<br />
e informações científicas, tecnológicas<br />
de esporte e lazer, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s instrumentos básicos<br />
para a implementação <strong>do</strong> Sistema Nacional<br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer. Utiliza-se de meios eletrônicos<br />
(digitalização, armazenamento e disponibilização<br />
de <strong>do</strong>cumentos, imagens e informações) e físicos<br />
(edição e distribuição de catálogos, livros, periódicos<br />
científicos, entre outros). Suas ações associam<br />
a recuperação e manutenção de acervos <strong>do</strong>cumen-<br />
50
tal, museológico e bibliográfico com possibilidade<br />
de acesso aberto a diferentes públicos interessa<strong>do</strong>s<br />
em esporte e lazer, como pesquisa<strong>do</strong>res, gestores,<br />
estudantes, comunidades, dentre outros.<br />
Principais atividades:<br />
Centros de Memória e Museus: Apoio à pesquisa,<br />
organização e catalogação, bem como recuperação,<br />
preservação, conservação e segurança de acervos,<br />
conforme projeto museológico <strong>do</strong> Centro (temática,<br />
evento, história de vida, etc). Os Centros de<br />
Memórias e museus têm como funções principais a<br />
pesquisa, digitalização, catalogação, preservação,<br />
restauração, conservação, segurança de acervos e<br />
disponibilização ampla de seus acervos, conforme<br />
sua política museológica, geran<strong>do</strong> oportunidades<br />
de produção permanente de novos acervos, consulta,<br />
intercâmbio, participação de pesquisa<strong>do</strong>res e<br />
comunidades interessadas nas informações relacionadas<br />
à especificidade de seu acervo.<br />
Periódicos: Apoio a periódicos brasileiros que registram,<br />
difundem e compartilham publicamente (por<br />
meio impresso e digital) o conhecimento construí<strong>do</strong><br />
nas áreas da Educação Física, <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e <strong>do</strong><br />
Foto: Francisco Medeiros<br />
51<br />
Lazer, contribuin<strong>do</strong> com o avanço qualitativo <strong>do</strong>s<br />
estu<strong>do</strong>s e experiências desenvolvidas nestas áreas.<br />
Linha Editorial: produção e difusão de publicações<br />
impressas e digitais de esporte e lazer, que possam<br />
contribuir com o desenvolvimento científico, tecnológico<br />
e pedagógico das políticas públicas nestes<br />
campos.<br />
FoRMAs DE PARTICIPAÇão Nos EVENTos, CURsos<br />
E PUbLICAÇõEs<br />
Análise e seleção individual de pleitos, para apoio<br />
técnico e apoio financeiro dentro <strong>do</strong> limite orçamentário<br />
da SNDEL, consideran<strong>do</strong> os critérios préestabeleci<strong>do</strong>s<br />
nas diretrizes e estratégias de cada<br />
ação, os princípios da democratização e da priorização<br />
social e o equilíbrio regional.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
de Alto Rendimento
Foto: Francisco Medeiros<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
54
O esporte ganhou força no Brasil com a vitória <strong>do</strong><br />
Rio de Janeiro na disputa pela realização <strong>do</strong>s Jogos<br />
Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A partir<br />
desse fato histórico, o esporte de alto rendimento<br />
brasileiro tem uma chance inigualável de se transformar,<br />
e para isso é necessário esforço conjunto e<br />
articula<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os responsáveis por este segmento<br />
no País.<br />
No <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a Secretaria Nacional de<br />
<strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento (SNEAR) é a unidade<br />
administrativa que atua no segmento esportivo de<br />
rendimento – o esporte competitivo – que engloba<br />
entidades esportivas <strong>do</strong> Sistema Nacional de<br />
Desporto tais como Comitês, Confederações, Federações<br />
e Clubes, entre outras instituições. Além<br />
disso, atua em parceria com Secretarias Municipais<br />
e Estaduais de <strong>Esporte</strong> e instituições da sociedade<br />
como ONGs e representações da sociedade civil.<br />
Sua atuação está focada, numa perspectiva de intersetorialidade,<br />
em propiciar ao cidadão que se<br />
dedica ou tem aptidão para o esporte competitivo<br />
melhores condições para acesso, desenvolvimento<br />
e conquista de resulta<strong>do</strong>s, de mo<strong>do</strong> complementar<br />
às iniciativas <strong>do</strong>s agentes que compõem o segmento.<br />
A Secretaria tem diversas atribuições, entre elas<br />
a de dar forma à política para o esporte de alta<br />
competitividade, ensejar mudanças necessárias na<br />
legislação, buscar soluções para melhorias nas condições<br />
de atuação <strong>do</strong> setor, estimular o aprimoramento<br />
<strong>do</strong>s níveis de competências administrativas<br />
e técnico-esportivas e propiciar acesso ao esporte<br />
de rendimento, desde a identificação <strong>do</strong> talento,<br />
passan<strong>do</strong> pelo desenvolvimento das potencialidades<br />
esportivas <strong>do</strong>s atletas e para-atletas, até a fase<br />
pós-carreira atlética.<br />
Para tanto, a Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto<br />
Rendimento, em seu mais recente planejamento<br />
estratégico, em março de 2009, estabeleceu con-<br />
55<br />
ceitos, missão, diretrizes e as principais linhas de<br />
ação e os projetos para uma gestão moderna e eficaz<br />
da política pública de esporte de rendimento<br />
no Brasil. O objetivo maior é tornar o Brasil uma<br />
potência esportiva.<br />
A Lei 9.615/98 e suas alterações definem o esporte<br />
de rendimento como aquele exerci<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> regras<br />
nacionais e internacionais de prática esportiva<br />
com a finalidade de obter resulta<strong>do</strong>s e integrar pessoas<br />
e comunidades <strong>do</strong> País e estas com as comunidades<br />
de outras nações. Com o passar <strong>do</strong> tempo,<br />
a dinâmica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> e os avanços da<br />
sociedade, a prática esportiva de rendimento vem<br />
sen<strong>do</strong> rediscutida, remodelada, segmentada.<br />
Estu<strong>do</strong>s buscam novos enfoques e diversas possibilidades<br />
de abordagem no tradicional conceito legal<br />
. A Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />
neste novo contexto, se ocupa da articulação<br />
com as demais manifestações esportivas – educacional<br />
e de participação – sem a histórica relação<br />
de hierarquia. Do mesmo mo<strong>do</strong> que atua em conexão<br />
com os demais entes envolvi<strong>do</strong>s na cadeia de<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> esporte de rendimento para<br />
além <strong>do</strong> atual Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> conti<strong>do</strong><br />
no Sistema Brasileiro Desportivo, evoluin<strong>do</strong>, conforme<br />
apontou a II CNE, para um outro Sistema<br />
mais abrangente, mais moderno e eficaz que traduza<br />
a realidade atual de esporte no Brasil.<br />
Este novo olhar para o esporte de competição<br />
tem se traduzi<strong>do</strong> na superação de uma relação de<br />
atendimento a necessidades pontuais de equipes<br />
e representações esportivas nacionais em eventos,<br />
para uma relação planejada e articulada que<br />
abrange desde a intervenção direta no desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> esporte brasileiro até a ação indireta,<br />
quan<strong>do</strong> mobiliza o governo e a sociedade em busca<br />
da realização de grandes eventos esportivos no<br />
Brasil e se ocupa de fazer com que eles deixem<br />
forte lega<strong>do</strong>.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Foi assim nos Jogos Pan e Parapan-americanos <strong>do</strong><br />
Rio de Janeiro em 2007. E foi assim no processo<br />
de disputa pelos Jogos de 2016 que culminou na<br />
histórica vitória <strong>do</strong> dia 2 de outubro de 2009. E<br />
foi assim também na conquista <strong>do</strong>s 5º Jogos Mundiais<br />
Militares que se realizarão no Rio de Janeiro<br />
em 2011.<br />
Essa nova forma de lidar com o esporte de rendimento<br />
ganhou força no planejamento estratégico<br />
da Secretaria no início de 2009, já com a perspectiva<br />
da vitória na disputa pelos Jogos Olímpicos e<br />
Paraolímpicos. A concepção é a de que a realização<br />
desses eventos multiesportivos no Brasil conduz o<br />
esporte de rendimento à busca de novo patamar<br />
de organização e de competição.<br />
Mais adiante, neste caderno, o relato da experiência<br />
de realizar os Jogos Pan e Parapan-americanos<br />
e de vencer a disputa pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.<br />
Este caderno também apresenta informações sobre<br />
os projetos da Secretaria de Alto Rendimento, alguns<br />
já em andamento há bastante tempo, outros<br />
em fase de implantação. Por essa razão, nem to<strong>do</strong>s<br />
os projetos contêm detalhamento <strong>do</strong>s procedimentos<br />
– que serão oportunamente coloca<strong>do</strong>s à disposição<br />
na página <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> na internet.<br />
DIRETRIZEs DE ATUAÇão DA sNEAR<br />
A atual missão da SNEAR é: “Trabalhar em políticas,<br />
meios e ações para desenvolver o esporte de<br />
rendimento, de forma a elevar o Brasil à condição<br />
de potência esportiva, reconhecida mundialmente,<br />
bem como estimular a realização regular de<br />
competições e da prática esportivas em to<strong>do</strong>s os<br />
níveis.”<br />
As diretrizes para busca da missão e implementação<br />
das ações são:<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
• Atuar para que todas as ações <strong>do</strong> esporte de<br />
alto rendimento tenham foco nos atletas, em<br />
seus objetivos, necessidades e capacidades.<br />
• Estimular a utilização da infraestrutura<br />
esportiva existente através da realização regular<br />
de competições e eventos;<br />
• Estimular a modernização da infraestrutura<br />
esportiva existente ten<strong>do</strong> como parâmetros as<br />
melhores especificações técnicas e modelos<br />
internacionais;<br />
• Atuar para o desenvolvimento de modalidades<br />
esportivas olímpicas e paraolímpicas com mais<br />
possibilidades de medalhas;<br />
• Promover o planejamento e alinhamento<br />
<strong>do</strong>s investimentos públicos e priva<strong>do</strong>s nas<br />
modalidades esportivas selecionadas;<br />
• Definir, reconhecer e fomentar vocações locais<br />
de municípios e regiões;<br />
• Fortalecer o Sistema Nacional <strong>do</strong> Desporto por<br />
meio da qualificação geral da gestão <strong>do</strong> esporte<br />
e em particular <strong>do</strong> estímulo compensatório para<br />
as entidades de administração e as de prática<br />
esportiva;<br />
• Fomentar o desenvolvimento da ciência e da<br />
tecnologia aplicadas ao esporte de rendimento,<br />
em parceria com instituições federais de ensino<br />
e pesquisa;<br />
• Priorizar o investimento alinha<strong>do</strong> ao<br />
planejamento das entidades esportivas que se<br />
comprometerem com a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> novo modelo<br />
de gestão e governança;<br />
• Assegurar acesso à informação e disseminar<br />
os valores <strong>do</strong> esporte em to<strong>do</strong>s os programas da<br />
SNEAR;<br />
• Fomentar o desenvolvimento da cadeia<br />
produtiva associada ao esporte de forma a<br />
fortalecer a indústria nacional e promover os<br />
produtos brasileiros;<br />
• Divulgar de forma sistêmica os principais<br />
conceitos de gestão e governança, bem como o<br />
conceito de Cadeia Produtiva no <strong>Esporte</strong>;<br />
• Divulgar as atividades da SNEAR para as<br />
entidades públicas e privadas.<br />
56
Foto: Bruno Carvalho<br />
ÁREAs DE AÇão<br />
A atuação da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de<br />
Alto Rendimento está distribuída nas seguintes<br />
macroáreas:<br />
Competições e Eventos<br />
* Estimular a realização de competições e de eventos<br />
regulares que contribuam com o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> esporte de rendimento.<br />
Infraestrutura para o <strong>Esporte</strong><br />
* Criar a Rede Nacional de Treinamento;<br />
* Implantar a Rede de "Cidade Esportiva";<br />
* Fomentar a cadeia produtiva <strong>do</strong> esporte de forma<br />
integrada e sistêmica, atuan<strong>do</strong> com outras entidades<br />
públicas e privadas;<br />
57<br />
* Garantir sustentabilidade de instalações ten<strong>do</strong><br />
como objetivo assegurar o lega<strong>do</strong> da estrutura.<br />
Gestão e Processos<br />
* Desenvolvimento <strong>do</strong>s atletas de rendimento e<br />
preparação para a transição de carreira, ou destreinamento;<br />
* Criar modelo de gestão e governança para a SNE-<br />
AR e para entidades da administração e da prática<br />
esportivas;<br />
* Relacionar a boa governança com a obtenção<br />
de recursos;<br />
* Repensar a estruturação <strong>do</strong> Sistema Brasileiro<br />
de Desporto;<br />
* Atuar pela integração de programas, projetos e<br />
ações relacionadas ao esporte de rendimento;<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
* Fomentar modelos de gestão e governança para<br />
a sustentabilidade e a utilização de lega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esporte<br />
de alto rendimento;<br />
* Promover o desenvolvimento nacional e/ou local<br />
de modalidades olímpicas e paraolímpicas.<br />
Capacitação de Recursos Humanos<br />
* Incentivar a capacitação <strong>do</strong>s diversos atores envolvi<strong>do</strong>s<br />
no esporte de alto rendimento.<br />
Inteligência e Informação<br />
* Tornar a SNEAR referência nacional em conhecimento,<br />
desenvolvimento, gestão, governança e<br />
informação esportiva.<br />
Ciência e Tecnologia<br />
* Fomentar o desenvolvimento da ciência e da<br />
tecnologia aplicadas ao esporte.<br />
PRoJETos<br />
As ações da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de<br />
Alto Rendimento estão vinculadas ao programa<br />
Brasil Campeão, um instrumento de organização<br />
da atuação governamental que articula um conjunto<br />
de ações para se atingir um objetivo comum<br />
visan<strong>do</strong> a suprir uma necessidade da sociedade e<br />
em particular <strong>do</strong> esporte.<br />
O Brasil Campeão é executa<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong>s seguintes<br />
programas, projetos e ações, alguns já<br />
existentes e outros em fase de implantação:<br />
Empresa brasileira de Excelência Esportiva<br />
Uma das principais ações nesta nova fase <strong>do</strong> alto<br />
rendimento no País é a implantação da Empresa<br />
Brasileira de Excelência Esportiva (EBE), uma empresa<br />
pública federal, com a finalidade de imple-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
mentar a Rede Nacional de Treinamento, propiciar<br />
capacitação de profissionais para as diversas<br />
funções que o esporte requer, promover pesquisa<br />
de alto nível no campo esportivo e desenvolver<br />
atividades em diversas áreas <strong>do</strong> esporte de rendimento<br />
relacionadas com a educação e o desenvolvimento<br />
científico e tecnológico.<br />
A EBE deverá, entre outras atribuições:<br />
I – Colaborar na formulação e na execução<br />
da Política Nacional de <strong>Esporte</strong>, da Política<br />
Nacional de Ciência e Tecnologia e da Política<br />
Nacional de Educação, estas duas no que tange<br />
à correlação com o esporte;<br />
II – Incentivar e realizar pesquisas que<br />
contribuam com a evolução <strong>do</strong> esporte de<br />
alto rendimento, assim como propor critérios<br />
e mecanismos para o desenvolvimento das<br />
atividades de pesquisa e tecnologia para o<br />
esporte;<br />
<strong>III</strong> – Formar e capacitar recursos humanos para<br />
o esporte;<br />
IV – Desenvolver tecnologias de interesse para<br />
o esporte;<br />
V – Desenvolver atividades de referência para<br />
a avaliação e o controle da qualidade em<br />
esporte;<br />
VI – Gerir e manter a Rede Nacional de<br />
Treinamento, composta pelos Centros de<br />
Treinamento de Alto Rendimento articula<strong>do</strong>s<br />
pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>;<br />
VII – Apoiar entidades de administração e de<br />
prática esportiva, atletas, esta<strong>do</strong>s, Distrito<br />
Federal e municípios no desenvolvimento e<br />
aprimoramento esportivo;<br />
V<strong>III</strong> – Desenvolver atividades de análise e<br />
difusão de informação para o esporte;<br />
IX – Desenvolver atividades de prestação de<br />
serviços e cooperação técnica no campo <strong>do</strong><br />
esporte, da ciência e da tecnologia;<br />
X – Articular-se, em sua área de atuação, com<br />
instituições nacionais e internacionais para<br />
ações de cooperação institucional, técnica e<br />
financeira, bilateral e multilateral;<br />
XI – Promover atividades de pesquisa, ensino,<br />
desenvolvimento tecnológico e cooperação<br />
técnica voltadas para o esporte.<br />
58
Sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Excelência<br />
Esportiva (EBE) estarão:<br />
* Implementação da Rede Nacional de Treinamento,<br />
que se constituirá de diversos “braços” em diferentes<br />
esferas, dan<strong>do</strong> prioridade a centros já existentes<br />
ou planeja<strong>do</strong>s, entre os quais:<br />
a) Complexo Federal de Treinamento (CFT),<br />
localiza<strong>do</strong> no Rio de Janeiro, nos bairros da Barra<br />
da Tijuca e de Deo<strong>do</strong>ro.<br />
b) Centro de Treinamento da Fiocruz, em<br />
Jacarepaguá.<br />
c) "Cidade Esportiva", a serem implantadas e que<br />
se constituirão em Centros Locais e Regionais de<br />
Treinamento.<br />
d) Centros de Treinamento de Modalidades.<br />
* Criação de um modelo de gestão interliga<strong>do</strong> entre<br />
o esporte de base (iniciação esportiva), os Centros<br />
Locais, os Centros Regionais e o Complexo Federal<br />
de Treinamento.<br />
* Implantação de Divisão de Ensino, para:<br />
a) Formação de treina<strong>do</strong>res e árbitros.<br />
b) Gestão esportiva.<br />
c) Cursos técnicos profissionalizantes.<br />
d) Especialização, mestra<strong>do</strong> e<br />
formação complementar.<br />
e) Ensino a distância.<br />
* Implantação de Divisão de Pesquisa, a se constituir de:<br />
a) Laboratórios da EBE e de instituições parceiras.<br />
b) Centro de Inteligência Esportiva.<br />
c) Parcerias com a Rede Cenesp<br />
e outras instituições.<br />
Rede Nacional de Treinamento<br />
Complexo Federal de Treinamento (CFT), no Rio de<br />
Janeiro, organiza<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is campus, nos bairros<br />
da Barra da Tijuca e de Deo<strong>do</strong>ro. Será o ponto de<br />
partida <strong>do</strong> modelo de excelência e terá infraestru-<br />
59<br />
tura e profissionais de alta qualidade para oferecer<br />
treinamento e intercâmbio esportivo para atletas de<br />
elite e seleções das modalidades-foco. E se apoiará<br />
na aplicação da ciência esportiva ao treinamento.<br />
Também dará apoio aos demais centros da Rede<br />
Nacional de Treinamento.<br />
Centros Regionais de Treinamento. Aplicação prática<br />
<strong>do</strong> programa "Cidade Esportiva", os Centros<br />
Regionais vão fazer a ponte entre a formação esportiva<br />
e a elite <strong>do</strong> alto rendimento. Se destinarão<br />
ao treinamento com apoio de pesquisa, via Rede<br />
Cenesp, sob a liderança da EBE.<br />
Centros Locais de Treinamento. Também acopla<strong>do</strong>s<br />
ao "Cidade Esportiva", os Centros Locais vão<br />
se constituir de um centro ou conjunto esportivo<br />
forma<strong>do</strong> por instalações diversas, clubes e Sistema<br />
S, entre outras possibilidades, e terão uma coordenação<br />
de gestão. Devem permitir o treinamento<br />
de talentos e jovens atletas em suas regiões de<br />
origem.<br />
<strong>Esporte</strong> de base: aí se situam núcleos de iniciação<br />
esportiva espalha<strong>do</strong>s pelo País, núcleos <strong>do</strong> programa<br />
Segun<strong>do</strong> Tempo, <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e<br />
projetos de esporte escolar.<br />
"Cidade Esportiva"<br />
O programa "Cidade Esportiva" foi estrutura<strong>do</strong><br />
pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com o objetivo de propiciar<br />
espaço para formação de atletas nos municípios<br />
brasileiros. O foco será em modalidades que<br />
compõem os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, com<br />
o propósito de ampliar a participação brasileira na<br />
disputa de finais e, com isso, melhorar a posição <strong>do</strong><br />
País no quadro de medalhas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eventos.<br />
Outro objetivo é fomentar o desenvolvimento <strong>do</strong><br />
esporte de rendimento nas regiões que vierem a<br />
aderir à iniciativa. O programa terá conexão com<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
projetos de esporte social e educacional, como<br />
o Segun<strong>do</strong> Tempo, <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, de<br />
onde poderão surgir talentos que venham a se desenvolver<br />
posteriormente no "Cidade Esportiva"<br />
e na Rede Nacional de Treinamento.<br />
O que se pretende é que o <strong>Ministério</strong> forneça<br />
certificação a esta<strong>do</strong>s e municípios para o desenvolvimento<br />
de projetos direciona<strong>do</strong>s aos esportes<br />
olímpicos e paraolímpicos conforme a vocação de<br />
cada cidade. A vocação pode ser, a partir de esportes<br />
já desenvolvi<strong>do</strong>s no município ou na região,<br />
ou induzida, com projetos defini<strong>do</strong>s conforme a<br />
necessidade que o País terá de fortalecer-se em determinadas<br />
modalidades.<br />
Para isso, a infraestrutura local precisará ser adequada<br />
ao esporte – ou esportes – escolhi<strong>do</strong> naquela<br />
cidade. Esta<strong>do</strong>s e municípios deverão utilizar<br />
prioritariamente a infraestrutura já existente, que<br />
poderá ser reformada ou ampliada de acor<strong>do</strong> com<br />
a necessidade de cada local. Além de ser o indutor<br />
das ações e o articula<strong>do</strong>r das cidades, o governo<br />
federal irá colaborar financeiramente com a<br />
modernização <strong>do</strong>s equipamentos esportivos. E os<br />
municípios deverão contar com a parceria das Confederações<br />
e <strong>do</strong>s Comitês Olímpico e Paraolímpico<br />
Brasileiros para o planejamento e o desenvolvimento<br />
técnico <strong>do</strong> projeto, com acompanhamento <strong>do</strong><br />
<strong>Ministério</strong>.<br />
Os locais onde o programa vai se desenrolar serão<br />
denomina<strong>do</strong>s Centro Local ou Centro Regional de<br />
Treinamento, e vão fazer parte da Rede Nacional<br />
de Treinamento de alto nível que o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong> está estruturan<strong>do</strong>.<br />
As cidades, portanto, devem eleger modalidades,<br />
priorizar recursos, incumbir-se da manutenção e<br />
operação <strong>do</strong> Centro Local e estabelecer parcerias<br />
com Esta<strong>do</strong>, União e Confederações para <strong>do</strong>tar<br />
atletas, clubes e escolas de meios para o desenvol-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
vimento máximo possível da modalidade escolhida,<br />
da base até o nível olímpico.<br />
O projeto "Cidade Esportiva" significa a aplicação<br />
em âmbito local da política nacional de esporte<br />
de rendimento, ou seja, um sistema interligan<strong>do</strong><br />
governo federal, esta<strong>do</strong>s, municípios, entidades<br />
esportivas, clubes sociais e associações (ex.: AABB),<br />
Sistema S, unidades militares, iniciativa privada e<br />
outros interessa<strong>do</strong>s, para ampliar a base da alta<br />
performance. Esse será o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
de Alto Rendimento.<br />
Iniciação Esportiva<br />
O esporte de base reúne duas ações <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
que passam a coexistir e se articular: a Descoberta<br />
<strong>do</strong> Talento Esportivo e os Núcleos de <strong>Esporte</strong> de<br />
Base, agora denominadas de Iniciação Esportiva,<br />
com objetivo de descoberta, desenvolvimento e<br />
aprimoramento de atletas de categorias de base <strong>do</strong><br />
esporte de rendimento. Passa a incluir também núcleos<br />
de esporte educacional e <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo,<br />
no caso de neles despontarem talentos que possam<br />
vir a ser foca<strong>do</strong>s para o alto rendimento. Inclui<br />
ainda núcleos de esporte social desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
por organizações não-governamentais espalha<strong>do</strong>s<br />
pelo País. To<strong>do</strong>s terão a orientação necessária sobre<br />
os procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s em caso<br />
de se detectar jovens com potencial e interesse em<br />
seguir no esporte competitivo.O propósito é que<br />
eles sejam encaminha<strong>do</strong>s a entidades e instituições<br />
componentes da Rede Nacional de Treinamento<br />
para prosseguimento no trabalho de formação e<br />
desenvolvimento de atleta.<br />
A Descoberta <strong>do</strong> Talento Esportivo é uma ação<br />
desenvolvida pelo <strong>Ministério</strong> que detecta talentos<br />
motores por meio de um sistema informatiza<strong>do</strong> e<br />
os identifica no Banco de Talentos <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>, que também passará por reformulação.<br />
Desde o início <strong>do</strong> projeto, foram avalia<strong>do</strong>s cerca<br />
60
de 200 mil estudantes, e atualmente estão disponíveis<br />
no banco de talentos cerca de 15 mil nomes<br />
destaca<strong>do</strong>s.<br />
O Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base é estrutura<strong>do</strong> pelo<br />
<strong>Ministério</strong> para apoio a ações de formação esportiva<br />
e paradesportiva especializada que possibilitem<br />
a melhoria das condições de iniciação e formação<br />
de atletas. O talento descoberto é encaminha<strong>do</strong><br />
ao Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base de uma determinada<br />
modalidade, onde deve ter oportunidade de<br />
desenvolver suas aptidões esportivas, de maneira<br />
orientada, junto com outros atletas que já estiverem<br />
treinan<strong>do</strong> naquele núcleo. O núcleo não é<br />
exclusivo para os talentos descobertos no projeto<br />
governamental; ele acolhe jovens de diferentes<br />
projetos.<br />
Clubes, associações, federações, confederações,<br />
universidades, “escolinhas” e outras entidades<br />
esportivas devem encaminhar projeto básico à Secretaria<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento.<br />
Cada Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base deve contemplar<br />
somente uma modalidade esportiva ou paradesportiva.<br />
Uma entidade pode solicitar mais de um<br />
núcleo.<br />
Rede Cenesp<br />
É uma rede de Centros de Excelência Esportiva<br />
formada por Instituições de Ensino Superior (IES)<br />
com a finalidade de desenvolver e implementar<br />
ações de Ciência e Tecnologia aplicadas ao esporte<br />
de rendimento, assim como assessorar a Secretaria<br />
de Alto Rendimento em assuntos relativos a<br />
essa área.<br />
A atuação da rede ganha impulso com a criação<br />
da Empresa Brasileira de Excelência Esportiva (EBE),<br />
e com isso passa a ser melhor aproveitada a capacidade<br />
e a experiência de seus especialistas, em<br />
serviços de avaliação de atletas e equipes de ren-<br />
61<br />
dimento, estu<strong>do</strong>s e pesquisas, capacitação de pessoas<br />
e intercâmbio de conhecimento por meio da<br />
realização e participação em eventos científicos.<br />
A Rede Cenesp é formada atualmente por 14 instituições:<br />
Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong><br />
Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria<br />
(UFSM), Universidade Estadual de Santa Catarina<br />
(Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina<br />
(UFSC), Universidade Estadual de Londrina (UEL),<br />
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual<br />
de Campinas (Unicamp), Universidade Federal<br />
de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de Minas<br />
Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia<br />
(UFU), Universidade de Brasília (UnB), Universidade<br />
Católica de Brasília (UCB), Universidade de<br />
Pernambuco (UPE), Diretoria de Pesquisa e Estu<strong>do</strong>s<br />
de Pessoal <strong>do</strong> Exército (DPEP-RJ).<br />
As instituições interessadas em fazer parte da<br />
Rede Cenesp devem acessar o sítio <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – www.esporte.gov.br –, no link<br />
da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />
ícone da Rede Cenesp, e encaminhar<br />
a proposta conforme critérios estabeleci<strong>do</strong>s em<br />
portaria ministerial.<br />
bolsa-Atleta<br />
O Bolsa-Atleta foi cria<strong>do</strong> pela Lei nº 10.891, de 9<br />
de julho de 2004, e suas alterações e regulamenta<strong>do</strong><br />
pelo Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de<br />
2005, ano em que entrou em vigor.<br />
É um <strong>do</strong>s maiores programas de patrocínio de atletas<br />
no mun<strong>do</strong>. Tem como principal objetivo oferecer<br />
subvenção para garantir manutenção pessoal mínima<br />
a atletas de alto rendimento que não possuem<br />
patrocínio, buscan<strong>do</strong> dar-lhes condições para se dedicarem<br />
ao treinamento e participarem de competições<br />
estudantis, olímpicas e paraolímpicas, nacionais<br />
e internacionais, visan<strong>do</strong> ao desenvolvimento pleno<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Foto: Francisco Medeiros<br />
de sua carreira. Os beneficia<strong>do</strong>s precisam ter obti<strong>do</strong><br />
bons resulta<strong>do</strong>s nacionais e internacionais em<br />
competições de sua modalidade no ano anterior ao<br />
ingresso no programa. E não podem receber salário<br />
de entidade de prática desportiva.<br />
Pela primeira vez o governo federal estabeleceu<br />
uma relação direta entre o poder público e o atleta,<br />
principal ator <strong>do</strong> esporte.<br />
Recentemente, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> fez uma revisão<br />
no programa e a<strong>do</strong>tou medidas para ajustar<br />
o foco <strong>do</strong> benefício. Além das quatro categorias de<br />
Bolsa-Atleta existentes desde o início <strong>do</strong> programa<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
(Estudantil; Nacional; Internacional; e Olímpica e Paraolímpica),<br />
foram instituídas duas novas categorias:<br />
Atleta de Base e Atleta de Ouro.<br />
Com os ajustes, o Bolsa-Atleta passa a ser concedi<strong>do</strong><br />
prioritariamente a atletas de rendimento das<br />
modalidades olímpicas e paraolímpicas vinculadas<br />
respectivamente ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao<br />
Comitê Paraolímpico Brasileiro, e subsidiariamente<br />
a atletas de modalidades não-olímpicas e não-paraolímpicas.<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> submeterá ao Conselho<br />
Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (CNE) a decisão de quais as<br />
modalidades não-olímpicas e não-paraolímpicas, e<br />
em quais categorias, serão atendidas no respectivo<br />
exercício, observan<strong>do</strong>-se as prioridades da Política<br />
Nacional de <strong>Esporte</strong> e as disponibilidades financeiras<br />
<strong>do</strong> programa.<br />
Os atletas contempla<strong>do</strong>s recebem a ajuda mensal<br />
durante um ano. A partir de 2010, aqueles que já<br />
receberem o benefício e conquistarem medalhas<br />
nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e os atletas<br />
da categoria Atleta de Ouro terão prioridade para<br />
renovação das suas respectivas bolsas, desde que<br />
atendi<strong>do</strong>s os requisitos legais.<br />
A partir de 2008, o programa passou a atender 100%<br />
<strong>do</strong>s atletas aptos a receber o benefício. No total, desde<br />
que foi instituí<strong>do</strong>, o programa atendeu 10.252<br />
atletas e foram investi<strong>do</strong>s R$ 135,1 milhões.<br />
O atleta, somente ele, deve acessar o sítio <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – www.esporte.gov.br –, no ícone<br />
Bolsa-Atleta, e seguir as instruções de preenchimento<br />
da ficha de inscrição e as condições esportivas<br />
necessárias para tanto. As demais informações também<br />
são obtidas na internet.<br />
62
Atleta de ouro<br />
O Atleta de Ouro é um novo programa <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, que, entre outras ações, se vinculará<br />
a uma nova categoria <strong>do</strong> programa Bolsa-Atleta,<br />
a Atleta de Ouro. Foi projeta<strong>do</strong> para contemplar<br />
atletas de elite <strong>do</strong> esporte olímpico e paraolímpico<br />
com reais condições de vitória em disputa de medalhas<br />
em Mundiais, Olimpíadas e Paraolimpíadas<br />
– os eventos máximos de cada esporte. Se o atleta<br />
já está ranquea<strong>do</strong> entre os 20 melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
ele se enquadra no processo de escolha. O benefício<br />
é exclusivo para participantes de modalidades individuais,<br />
e não exclui a hipótese de o atleta já contar<br />
com patrocínios priva<strong>do</strong>s ou públicos.<br />
O programa tem como objetivo fornecer as melhores<br />
condições de desempenho ao atleta, oferecen<strong>do</strong>-lhe<br />
ajuda de custo, se necessária – por meio<br />
da bolsa Atleta de Ouro –, equipe multidisciplinar<br />
(fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, treina<strong>do</strong>r,<br />
etc), materiais e equipamentos de primeira linha. A<br />
ajuda de custo é prevista também para o treina<strong>do</strong>r<br />
principal <strong>do</strong> atleta contempla<strong>do</strong>. O programa oferecerá<br />
ainda apoio a intercâmbio de treinamento<br />
esportivo internacional e à participação <strong>do</strong> atleta<br />
nas principais competições, mas exigirá que parte<br />
<strong>do</strong>s recursos seja investida na formação educacional<br />
<strong>do</strong> atleta, preparan<strong>do</strong>-o para o perío<strong>do</strong> pós-carreira<br />
esportiva.<br />
Trata-se, portanto, de um conjunto de medidas com<br />
diversas ações de apoio suplementar ao atleta. Se<br />
ele dispuser de patrocínio, o <strong>Ministério</strong>, por exemplo,<br />
pode assumir despesas com passagens, hospedagens<br />
e outros gastos de custeio e o patrocina<strong>do</strong>r<br />
arca com o salário. Essa iniciativa teria, entre outros,<br />
o mérito de elevar o salário pago pelo patrocina<strong>do</strong>r<br />
a padrões internacionais.<br />
Os atletas serão beneficia<strong>do</strong>s por um ciclo olímpico<br />
completo, sen<strong>do</strong> que a sua permanência no progra-<br />
63<br />
ma será reavaliada anualmente ten<strong>do</strong> como parâmetro<br />
o cumprimento <strong>do</strong> plano esportivo previamente<br />
aprova<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />
Para a efetivação <strong>do</strong> programa, serão estabelecidas<br />
claramente as responsabilidades de confederações,<br />
clubes, patrocina<strong>do</strong>res e poder público no planejamento<br />
e no desenvolvimento <strong>do</strong> atleta. Também<br />
serão definidas metas de treinamento e competição<br />
e formas de controle de resulta<strong>do</strong>s.<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, junto com o Comitê Olímpico<br />
(COB), o Comitê Paraolímpico (CPB) e a confederação<br />
de cada modalidade, vai fazer a triagem<br />
<strong>do</strong>s atletas beneficia<strong>do</strong>s. O <strong>Ministério</strong> também prevê<br />
arcar com o orçamento necessário ao programa,<br />
que poderá ser otimiza<strong>do</strong> com a soma de esforços e<br />
de recursos de to<strong>do</strong>s os parceiros envolvi<strong>do</strong>s.<br />
Autoridade brasileira de Controle de Dopagem<br />
O governo federal propôs a criação da Autoridade<br />
Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), uma<br />
autarquia pública federal vinculada ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>, com sede na cidade de Brasília (DF), com<br />
a finalidade de difundir a consciência anti<strong>do</strong>ping e<br />
defender o direito fundamental <strong>do</strong>s atletas de participar<br />
de competições esportivas livres de quaisquer<br />
formas de <strong>do</strong>ping.<br />
O órgão será responsável pela implementação da<br />
Política Nacional de Combate ao Doping, em consonância<br />
com a Convenção da Unesco sobre o assunto,<br />
da qual o Brasil é signatário. E será independente<br />
das entidades esportivas e de organizações<br />
privadas, com autonomia para tomar decisões. A<br />
criação da Autoridade era uma necessidade <strong>do</strong> País<br />
e uma obrigação <strong>do</strong>s países que sediam os Jogos<br />
Olímpicos e Paraolímpicos. Por essa razão, o Brasil<br />
assumiu esse compromisso com o Comitê Olímpico<br />
Internacional.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Outras atribuições da Autoridade são:<br />
I – Estabelecer procedimentos e rotinas para<br />
to<strong>do</strong> processo de controle de <strong>do</strong>ping em eventos<br />
esportivos de alto nível;<br />
II – A<strong>do</strong>tar e implementar as regras anti<strong>do</strong>ping em<br />
consonância com o Código Mundial Anti<strong>do</strong>ping;<br />
<strong>III</strong> – Gerir os resulta<strong>do</strong>s analíticos proferi<strong>do</strong>s por<br />
laboratório de referência;<br />
IV – Apoiar e estimular pesquisa e desenvolvimento<br />
de tecnologias aplicadas a controle, prevenção e<br />
determinação de <strong>do</strong>ping;<br />
V – Atuar na disseminação de valores positivos<br />
relativos à cultura de prevenção ao <strong>do</strong>ping;<br />
VI – Planejar, implementar e monitorar programas<br />
de educação sobre prevenção ao <strong>do</strong>ping;<br />
VII – Capacitar tecnicamente e certificar pessoal<br />
responsável pela coleta de material biológico em<br />
campo;<br />
Foto: Bruno Carvalho<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
V<strong>III</strong> – Elaborar e/ou aprimorar rotinas, padrões,<br />
procedimentos operacionais e normas para o<br />
controle <strong>do</strong> <strong>do</strong>ping no País;<br />
IX – Comunicar-se com a sociedade sobre to<strong>do</strong>s<br />
os aspectos relativos ao <strong>do</strong>ping;<br />
X – Estimular o aprimoramento da pesquisa sobre<br />
controle de <strong>do</strong>ping.<br />
Competições Nacionais Internacionais<br />
Esta ação é permanente e desenvolvida em conjunto<br />
com entidades e outros governos. O objetivo é<br />
a captação, promoção e participação em competições<br />
nacionais e internacionais de diferentes esportes<br />
e modalidades. Colabora com o aprimoramento<br />
de equipes e atletas brasileiros ao propiciar<br />
a integração com competi<strong>do</strong>res de países, histórias<br />
e formações distintas.<br />
64
As Entidades Nacionais de Administração <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
organiza<strong>do</strong>ras, realiza<strong>do</strong>ras ou participantes de<br />
eventos esportivos devem apresentar proposta de<br />
parceria ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> via Portal de Convênios<br />
– www.convenio.gov.br –, de acor<strong>do</strong> com<br />
critérios estabeleci<strong>do</strong>s nas instruções normativas e<br />
portarias regulatórias <strong>do</strong> governo federal.<br />
A solicitação deve estar em consonância com o<br />
planejamento da modalidade no País e deve haver<br />
definição clara <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a serem busca<strong>do</strong>s<br />
com a proposta. O apoio será defini<strong>do</strong> com base<br />
nas diretrizes de atuação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>,<br />
particularmente da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />
de Alto Rendimento.<br />
65<br />
oUTRAs AÇõEs Do ALTo RENDIMENTo<br />
A SNEAR incentiva e executa ações que visem a<br />
qualificar e modernizar a gestão <strong>do</strong> esporte no<br />
País. Entre elas estão:<br />
• Implementação de Câmaras Técnicas para<br />
discussão e desenvolvimento de modalidades<br />
esportivas;<br />
• Orientação e suporte para gestão de<br />
infraestrutura esportiva;<br />
• Sistematização de núcleo de inteligência para<br />
integração de informações relativas ao esporte de<br />
rendimento no Brasil;<br />
• Capacitação de gestores e técnicos esportivos;<br />
• Cooperação internacional para troca de<br />
experiências e projetos com outras nações.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
gRANDEs EVENTos EsPoRTIVos<br />
Neste trecho <strong>do</strong> caderno relatamos, sucintamente,<br />
a experiência de disputa, preparação e realização<br />
de grandes eventos multiesportivos internacionais,<br />
atividade que impacta em todas as ações <strong>do</strong> ME.<br />
O Brasil vive um ciclo especial neste quesito. Após<br />
ter realiza<strong>do</strong>, em caráter emergencial, os Jogos Sulamericanos<br />
de 2002, o País realizou com sucesso<br />
os Jogos Pan-americanos e os Jogos Parapan-americanos<br />
Rio 2007. Disputou, e ganhou, de mo<strong>do</strong><br />
memorável a sede <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos<br />
de 2016. E está organizan<strong>do</strong> os Jogos Mundiais<br />
Militares de 2011, no Rio de Janeiro. A seguir,<br />
um breve relato de cada situação.<br />
A Vitoriosa Campanha Pelos Jogos de 2016<br />
O Brasil entrou na disputa <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e<br />
Paraolímpicos de 2016 para ganhar. Ancora<strong>do</strong> na<br />
experiência adquirida com a organização <strong>do</strong>s Jogos<br />
Pan e Parapan-americanos, pelo apoio <strong>do</strong>s três níveis<br />
de governo e por um projeto técnico eficiente,<br />
o Rio de Janeiro enfrentou o desafio de convencer<br />
o movimento olímpico internacional de que pela<br />
primeira vez uma cidade da América <strong>do</strong> Sul reunia<br />
todas as condições para sediar o maior evento multiesportivo<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E conseguiu.<br />
O governo federal apoiou o Rio desde a fase de<br />
aspiração da cidade, em 2007, quan<strong>do</strong> concorria<br />
com mais sete cidades. Até fevereiro de 2008, o<br />
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,<br />
já havia manifesta<strong>do</strong> em quatro ocasiões o apoio<br />
governamental e as garantias necessárias para que<br />
a candidatura brasileira obtivesse a credibilidade<br />
exigida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).<br />
Em 2008, o governo federal decidiu arcar com<br />
os custos da Comissão de Candidatura Rio 2016,<br />
como parte de sua estratégia de promoção <strong>do</strong> País<br />
e de inserção no calendário internacional de gran-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
des eventos. No decorrer <strong>do</strong> processo, a campanha<br />
empolgou o empresaria<strong>do</strong> e conseguiu angariar<br />
também recursos priva<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> a necessidade<br />
de aporte público. Parte <strong>do</strong> orçamento suplementar<br />
aprova<strong>do</strong> para o governo federal foi utilizada<br />
em ações próprias <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
relacionadas à candidatura, como a contratação de<br />
consultorias, realização de campanhas de divulgação<br />
institucional <strong>do</strong> projeto olímpico, produção de<br />
<strong>Caderno</strong>s de Lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio 2016 e outras ações<br />
governamentais relacionadas à disputa.<br />
Junto com o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio, a prefeitura<br />
<strong>do</strong> Rio, o Comitê Olímpico Brasileiro e a iniciativa<br />
privada, o governo brasileiro aju<strong>do</strong>u a construir um<br />
projeto olímpico sintoniza<strong>do</strong> com políticas públicas<br />
que vão gerar lega<strong>do</strong>s dura<strong>do</strong>uros para a população<br />
carioca e fluminense, como a revitalização<br />
de rios e lagoas da cidade, recuperação da região<br />
portuária, modernização <strong>do</strong> Aeroporto <strong>do</strong> Galeão,<br />
ampliação <strong>do</strong> sistema metroviário e implantação de<br />
corre<strong>do</strong>res expressos de ônibus (BRTs), entre outros.<br />
Estes e outros projetos receberão recursos <strong>do</strong><br />
governo federal, através <strong>do</strong> Plano de Aceleração<br />
<strong>do</strong> Crescimento (PAC), de programas ministeriais<br />
ou de instituições financia<strong>do</strong>ras, como o BNDES e a<br />
Caixa Econômica Federal.<br />
A universalização <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo na<br />
cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro é outro exemplo deste<br />
compromisso, consubstancia<strong>do</strong> no <strong>do</strong>ssiê de candidatura.<br />
A transformação social através <strong>do</strong> esporte e<br />
o engajamento <strong>do</strong>s jovens no projeto olímpico foi<br />
um <strong>do</strong>s pilares da campanha Rio 2016. Dois <strong>do</strong>s<br />
grandes lega<strong>do</strong>s esportivos <strong>do</strong>s Jogos virão de estruturas<br />
financiadas pelo governo federal: o Parque<br />
Radical, no bairro de Deo<strong>do</strong>ro, região de maior população<br />
jovem <strong>do</strong> município <strong>do</strong> Rio, e o Complexo<br />
Federal de Treinamento, que terá instalações na<br />
Barra da Tijuca e em Deo<strong>do</strong>ro.<br />
66
Após a classificação <strong>do</strong> Rio para a fase final da<br />
disputa olímpica, o governo federal se envolveu<br />
de corpo e alma na campanha internacional. Vale<br />
lembrar que o COI estabelece um rígi<strong>do</strong> código<br />
de conduta para as cidades candidatas, limitan<strong>do</strong><br />
ações de promoção, entrega de materiais e abordagem<br />
aos seus membros. Nesta etapa, o presidente<br />
Lula se transformou no maior cabo eleitoral<br />
da candidatura, incluin<strong>do</strong> o assunto em suas viagens<br />
internacionais e nas ocasiões em que, no Brasil,<br />
recebia chefes de Esta<strong>do</strong> e outras autoridades<br />
governamentais e esportivas. Diversos órgãos da<br />
União também atuaram incansavelmente em nível<br />
internacional pela candidatura brasileira, como o<br />
Itamaraty, a Embratur e a Secom, entre outros. A<br />
seguir, mencionamos algumas das principais ações<br />
<strong>do</strong> governo federal durante o processo que redun<strong>do</strong>u<br />
na histórica vitória brasileira em Copenhague,<br />
no dia 2 de outubro de 2009.<br />
A Fase de Aspiração<br />
O envolvimento <strong>do</strong> governo federal no projeto Rio<br />
2016 começou <strong>do</strong>is meses após o fim <strong>do</strong>s Jogos<br />
Pan-americanos de 2007. Já no dia 30 de outubro<br />
de 2007, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> coman<strong>do</strong>u<br />
a primeira reunião <strong>do</strong> Grupo Técnico Interministerial<br />
(GTI) para organizar as ações da União durante<br />
a fase de aspiração. Nesta etapa, as sete cidades<br />
aspirantes deveriam preencher um extenso questionário<br />
técnico sobre 17 temas, a ser entregue ao<br />
Comitê Olímpico Internacional em janeiro de 2008.<br />
Naquele início de caminhada, o governo federal tinha<br />
como desafio principal fornecer garantias técnicas<br />
e financeiras ao projeto sempre que algum de<br />
seus órgãos estivesse envolvi<strong>do</strong>.<br />
A partir de então, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> passou a<br />
coordenar a atuação <strong>do</strong> governo federal em dez comissões<br />
temáticas criadas pelo Comitê de Postulação<br />
para desenvolver as respostas ao questionário: espor-<br />
67<br />
te, finanças, garantias, comunicação e marketing,<br />
aeroportos, acomodações, meio ambiente, segurança,<br />
transporte e instalações. Através desta atuação, a<br />
União passou a conhecer detalhadamente os conceitos<br />
técnicos <strong>do</strong> projeto, seu entrelaçamento com o<br />
plano diretor da cidade e com os investimentos previstos<br />
pelo governo estadual, e as especificidades de<br />
cada área, o que permitiu ao governo federal amadurecer<br />
e propor uma série de ações que, sintonizadas<br />
com o projeto olímpico, contribuiriam para o desenvolvimento<br />
da capital fluminense.<br />
Entre a entrega <strong>do</strong> questionário, em janeiro de 2008,<br />
e o anúncio das cidades candidatas, em junho daquele<br />
ano, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> organizou mais<br />
três reuniões <strong>do</strong> GTI para aprofundar o nível de conhecimento<br />
<strong>do</strong> governo federal sobre o projeto e<br />
prepará-lo para a produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura,<br />
<strong>do</strong>cumento ainda mais complexo e detalha<strong>do</strong> que o<br />
anterior. Mesmo antes da decisão de junho, os três<br />
níveis de governo já estavam mobiliza<strong>do</strong>s na elaboração<br />
<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. Além disso, o governo federal<br />
já iniciava o planejamento da segunda etapa da campanha,<br />
caso o Rio de Janeiro fosse confirma<strong>do</strong> como<br />
cidade candidata.<br />
Primeira Vez na Fase Final<br />
A confirmação veio no dia 6 de junho, em Atenas, na<br />
Grécia. Rio, Madri, Chicago e Tóquio passaram para a<br />
etapa final. Doha, Praga e Baku saíram da disputa. De<br />
lá, o ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, Orlan<strong>do</strong> Silva, deu a tônica<br />
de como seria o trabalho nesta fase: "Creio que a<br />
organização será marcada, assim como no Pan, por<br />
muito profissionalismo, transparência e planejamento<br />
consistente. São três itens importantes da agenda<br />
<strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos 2016". A definição<br />
de estratégias da nova etapa e o envolvimento da<br />
União na produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura deram a<br />
tônica da reunião <strong>do</strong> GTI no dia 18 de junho.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Naquela ocasião, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> anteviu o<br />
peso que teria a apresentação <strong>do</strong> projeto Rio 2016<br />
em Lausanne, na Suíça, um ano mais tarde, como<br />
mostra este trecho da ata da reunião <strong>do</strong> grupo interministerial:<br />
"Esta etapa, em junho, talvez seja o<br />
grande momento de mostrar e convencê-los de que<br />
somos capazes de realizar os Jogos Olímpicos de<br />
2016. E passaremos então a ter três questões técnicas<br />
importantes: a entrega <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê, o acompanhamento<br />
da comissão técnica <strong>do</strong> COI no Rio de Janeiro<br />
e a apresentação técnica aos membros <strong>do</strong> COI em<br />
Lausanne".<br />
Em 23 de junho de 2008, no Rio de Janeiro, o presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto crian<strong>do</strong><br />
o Comitê de Gestão das Ações Governamentais<br />
para a Candidatura Rio 2016, forma<strong>do</strong> inicialmente<br />
por 27 instituições federais e posteriormente amplia<strong>do</strong><br />
para 42, sob a presidência <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>. O decreto, publica<strong>do</strong> no Diário Oficial da<br />
Foto: Bruno Carvalho<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
União <strong>do</strong> dia 14 de julho, estabelecia, entre outras<br />
responsabilidades: a) avaliar, aprovar, implementar e<br />
gerenciar o plano estratégico das ações <strong>do</strong> governo<br />
federal visan<strong>do</strong> à candidatura <strong>do</strong> Rio, articulan<strong>do</strong>-se<br />
com os demais órgãos, entes e entidades, públicos ou<br />
priva<strong>do</strong>s, nacionais ou estrangeiros; b) acompanhar<br />
e monitorar a implementação <strong>do</strong> plano de ações; c)<br />
mobilizar e conscientizar a sociedade brasileira para a<br />
importância da realização <strong>do</strong> evento e; d) promover a<br />
candidatura internacionalmente.<br />
Uma Casa brasileira em Pequim<br />
A primeira grande ação internacional da candidatura<br />
Rio 2016 foi a Casa Brasil em Pequim, instalada<br />
durante os Jogos Olímpicos, em agosto de 2008.<br />
Aquele pedaço de mil metros quadra<strong>do</strong>s divulgou o<br />
Brasil como destino turístico, destacan<strong>do</strong> suas belezas<br />
naturais, sua diversidade, a qualidade de seus produ-<br />
68
tos e as áreas de comércio e serviços, difundiu programas<br />
e projetos que compõem a política nacional<br />
de esporte e lazer e realizou ações de promoção da<br />
candidatura <strong>do</strong> Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos e<br />
Paraolímpicos de 2016.<br />
A iniciativa foi a<strong>do</strong>tada pela primeira vez em 1996<br />
pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas foi em<br />
Pequim que o projeto ganhou uma dimensão muito<br />
maior, graças ao engajamento <strong>do</strong> governo federal.<br />
A operação internacional de montagem e funcionamento<br />
da Casa começou em janeiro de 2008, e<br />
contou com a decisiva participação da Embratur, <strong>do</strong>s<br />
<strong>Ministério</strong>s da Cultura e das Relações Exteriores, da<br />
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da<br />
República (Secom) e da Agência Brasileira de Promoção<br />
de Exportações e Investimentos (Apex), vinculada<br />
ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />
Exterior.<br />
o Dossiê de Candidatura<br />
A produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura foi um capítulo<br />
à parte, que envolveu cerca de 500 profissionais, entre<br />
membros da Comissão de Candidatura, técnicos<br />
<strong>do</strong>s três níveis de governo e consultores. Suas 538<br />
páginas, divididas em três volumes, contêm informações<br />
sobre 300 questões técnicas divididas em 17<br />
temas. Para atender todas as exigências <strong>do</strong> Comitê<br />
Olímpico Internacional foram anexa<strong>do</strong>s cerca de 130<br />
<strong>do</strong>cumentos de garantias – <strong>do</strong>s quais 64 são federais<br />
–, que empilha<strong>do</strong>s alcançam 2,5m de altura. A qualidade<br />
<strong>do</strong> projeto também impressionou em to<strong>do</strong>s os<br />
aspectos, comprovan<strong>do</strong> o entrosamento entre to<strong>do</strong>s<br />
os atores <strong>do</strong> processo e a maturidade da candidatura.<br />
Além de atuar em todas as frentes, o governo federal<br />
foi peça-chave para consolidar a visão e o projeto<br />
de lega<strong>do</strong> da candidatura Rio 2016, que agora será<br />
coloca<strong>do</strong> em prática na organização <strong>do</strong>s Jogos. Além<br />
de coordenar o grupo de trabalho liga<strong>do</strong> ao tema, a<br />
69<br />
União promoveu uma série de debates e encontros<br />
com outros níveis de governo, a iniciativa privada e<br />
outras organizações da sociedade.<br />
Nesses encontros, foram apresenta<strong>do</strong>s vários projetos<br />
que depois foram contempla<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>ssiê de<br />
candidatura, como a revitalização da área <strong>do</strong> Porto,<br />
a reforma <strong>do</strong> Aeroporto Internacional Tom Jobim<br />
e a reformulação <strong>do</strong> Maracanã, entre outros. Conforme<br />
os trabalhos avançavam, mais projetos foram<br />
sen<strong>do</strong> agrega<strong>do</strong>s ao conceito de lega<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> o<br />
Dossiê foi entregue ao COI, em fevereiro de 2009, o<br />
orçamento Não-Cojo, isto é, a fatia de investimentos<br />
propostos pelo poder público para melhorar a infraestrutura<br />
da cidade, estava composto de projetos de<br />
amplos lega<strong>do</strong>s para a sociedade, com ações estruturantes<br />
em três eixos centrais: <strong>Esporte</strong>; Regeneração<br />
Urbana e Meio Ambiente; Inclusão Social, Juventude<br />
e Educação.<br />
Do orçamento total de US$ 14,4 bilhões, US$ 11,6<br />
bi foram destina<strong>do</strong>s a intervenções em áreas como<br />
infraestrutura urbana, transporte, habitação, meio<br />
ambiente e programas socioesportivos, entre outros<br />
itens que constam <strong>do</strong> plano de longo prazo da cidade.<br />
Desse montante, 70% correspondem a ações<br />
que estão em andamento ou já estavam planejadas<br />
para o Rio mesmo que a cidade não viesse a sediar<br />
o evento. Muitos destes projetos estão previstos no<br />
Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC), que<br />
deve incluir novas ações com a conquista <strong>do</strong> Rio.<br />
A Autoridade Pública olímpica<br />
Outra contribuição importante <strong>do</strong> governo federal<br />
para o Dossiê de Candidatura foi na área de governança.<br />
Após fazer uma série de levantamentos e conhecer<br />
a realidade de outras cidades que sediaram<br />
ou vão sediar em breve os Jogos, como Londres,<br />
o governo brasileiro sugeriu aos envolvi<strong>do</strong>s com a<br />
candidatura a criação de uma Autoridade Pública<br />
Olímpica (APO), um órgão intergovernamental que<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
centralizará toda a coordenação de serviços públicos<br />
e a entrega da infraestrutura necessária à realização<br />
<strong>do</strong>s Jogos. A estrutura da APO deverá conter,<br />
entre outras, divisões dedicadas a tráfego e transporte<br />
olímpico, segurança, sustentabilidade, promoção e<br />
marketing <strong>do</strong> País e preparação das subsedes <strong>do</strong> futebol.<br />
Deverá assegurar a entrega <strong>do</strong> Parque Olímpico e<br />
de todas as demais instalações nos prazos previstos. E<br />
supervisionar projetos de regeneração urbana.<br />
Entre as atribuições da APO também estarão a coordenação<br />
e o gerenciamento de to<strong>do</strong> o lega<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos<br />
Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A Autoridade<br />
Pública Olímpica será interlocutora de toda demanda<br />
<strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos<br />
de 2016 que necessite de atuação de órgão<br />
ou entidade vinculada a qualquer <strong>do</strong>s entes da administração<br />
pública.<br />
A Visita de Avaliação <strong>do</strong> CoI<br />
Um <strong>do</strong>s momentos mais importantes da candidatura<br />
carioca foi a visita da Comissão de Avaliação <strong>do</strong> Comitê<br />
Olímpico Internacional ao Rio de Janeiro entre<br />
27 de abril e 3 de maio de 2009. Para o COI, a visita<br />
tinha como finalidade analisar o projeto da cidade<br />
em questão, incluin<strong>do</strong> um dia de visita aos locais de<br />
competição propostos. Para a candidatura Rio 2016,<br />
era a oportunidade única de vender o projeto olímpico<br />
brasileiro, fortalecen<strong>do</strong> as qualidades positivas <strong>do</strong> projeto<br />
e melhoran<strong>do</strong> o desempenho em aspectos não<br />
tão bem avalia<strong>do</strong>s na etapa anterior. A programação<br />
também previa uma extensa sabatina técnica de três<br />
dias, o que exigia mobilização de to<strong>do</strong>s os órgãos <strong>do</strong><br />
governo federal envolvi<strong>do</strong>s no projeto. A visita resultaria<br />
na produção de um relatório pelos 16 membros da<br />
comissão, a ser divulga<strong>do</strong> em 2 de setembro, um mês<br />
antes da escolha da cidade-sede.<br />
Os preparativos para receber a Comissão de Avaliação<br />
foram intensos. Cada apresentação foi ensaiada pelas<br />
diversas autoridades e personalidades incumbidas das<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
apresentações e revisadas pelo corpo técnico de cada<br />
esfera de governo. Ministros e outros ocupantes de<br />
cargo no primeiro escalão <strong>do</strong> governo participaram de<br />
ensaios. O principal deles aconteceu entre 7 e 10 de<br />
abril, no Rio de Janeiro, diante de especialistas internacionais<br />
em cada um <strong>do</strong>s 17 temas <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê. Além de<br />
dar to<strong>do</strong> suporte técnico às apresentações e às respostas<br />
aos questionamentos <strong>do</strong>s membros da Comissão,<br />
o governo federal participou <strong>do</strong> centro de gerenciamento<br />
de crise, monta<strong>do</strong> durante a visita. Equipes <strong>do</strong><br />
governo federal participaram da organização e acompanharam<br />
os membros <strong>do</strong> COI na visita às instalações<br />
esportivas propostas no projeto Rio 2016.<br />
Participaram da programação da visita o presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva, diversos ministros, o presidente<br />
<strong>do</strong> Banco Central, Henrique Meirelles, e outras<br />
autoridades federais. "O sal<strong>do</strong> da visita é positivo. Nenhum<br />
questionamento feito pela Comissão durante as<br />
apresentações ficou sem resposta. Nós mostramos capacidade<br />
técnica, solidez econômica e vontade política<br />
para trazer os Jogos para o País", afirmou o ministro<br />
Orlan<strong>do</strong> Silva na ocasião. A presidente da Comissão, a<br />
ex-atleta marroquina Nawal El Moutawakel, corroborou<br />
essa afirmativa ao dizer que os responsáveis pela<br />
candidatura responderam a todas as dúvidas que os<br />
avalia<strong>do</strong>res tiveram durante a semana de sabatinas. Ela<br />
também ressaltou a participação de atletas olímpicos e<br />
paraolímpicos durante os trabalhos no Rio: "A presença<br />
<strong>do</strong>s atletas foi algo muito tocante".<br />
A Reta Final<br />
Os aplausos recebi<strong>do</strong>s pela candidatura em Lausanne<br />
(Suíça) após a apresentação para 93 membros <strong>do</strong> COI,<br />
em junho de 2009, foi o melhor indica<strong>do</strong>r de que a<br />
campanha Rio 2016 estava no caminho certo, combinan<strong>do</strong><br />
eficiência técnica com a emoção característica<br />
<strong>do</strong> povo brasileiro. Esta certeza, porém, veio apenas no<br />
dia 2 de setembro, quan<strong>do</strong> o COI divulgou o relatório<br />
de avaliação das visitas feitas às quatro cidades candi-<br />
70
datas. De azarão, o Rio emergia como forte concorrente<br />
na reta final. Pelo menos na avaliação de boa parte<br />
da imprensa internacional. As autoridades brasileiras<br />
comemoraram discretamente o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> relatório.<br />
Para o ministro Orlan<strong>do</strong> Silva Jr., o relatório demonstrou<br />
a consistência <strong>do</strong> projeto Rio 2016 e a confiança<br />
internacional no nosso País. "Se alguém tinha dúvida<br />
sobre a capacidade de o Brasil fazer os Jogos, essa dúvida<br />
foi dirimida com o relatório".<br />
O <strong>do</strong>cumento <strong>do</strong> COI ressaltou várias qualidades <strong>do</strong><br />
projeto Rio 2016, como o "excelente plano de lega<strong>do</strong>s"<br />
e o engajamento <strong>do</strong>s três níveis de governo e da<br />
iniciativa privada, bem como a existência de um comitê<br />
olímpico nacional estrutura<strong>do</strong>, que atuariam de mo<strong>do</strong><br />
coordena<strong>do</strong> na organização <strong>do</strong>s Jogos no Rio de Janeiro.<br />
O orçamento <strong>do</strong>s Jogos no Brasil foi considera<strong>do</strong><br />
bem prepara<strong>do</strong>, "com uma grande quantidade de<br />
detalhes". O relatório também apontou que a experiência<br />
de realizar os Jogos Pan-americanos e Parapanamericanos<br />
Rio 2007 trouxe uma "grande aprendizagem<br />
que leva a uma maior segurança e confiança na<br />
realização de grandes eventos esportivos no País".<br />
Vitória Histórica<br />
O resulta<strong>do</strong> histórico to<strong>do</strong>s conhecem: o Rio de Janeiro<br />
sediará os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016,<br />
ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> 66 votos na votação final da assembléia<br />
<strong>do</strong> COI, no dia 2 de outubro em Copenhague,<br />
na Dinamarca. Mas a operação que deu suporte à<br />
apresentação final da candidatura, de 45 minutos, e à<br />
atuação das autoridades e personalidades presentes –<br />
como Pelé, o escritor Paulo Coelho e o tenista Gustavo<br />
Küerten, entre outros – começou vários dias antes.<br />
As primeiras equipes técnicas <strong>do</strong> governo federal chegaram<br />
no dia 25 de setembro para organizar uma<br />
gama de atividades que incluía a montagem da sala<br />
<strong>do</strong> governo, organização de chegadas e partidas,<br />
trasla<strong>do</strong>s e hospedagem, distribuição de material promocional,<br />
revisão <strong>do</strong>s compromissos, participação em<br />
71<br />
coletivas de imprensa, ensaios e formatação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong><br />
da apresentação final e <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>s nossos<br />
principais cabos eleitorais.<br />
Aqui no Brasil, o governo federal participou da organização,<br />
junto com a prefeitura <strong>do</strong> Rio, da recepção a<br />
autoridades que foram à Praia de Copacabana acompanhar<br />
a votação transmitida ao vivo em telões para<br />
uma multidão de cerca de 100 mil pessoas.<br />
Estu<strong>do</strong>s e Lega<strong>do</strong>s<br />
O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> contratou serviços de consultorias<br />
para estu<strong>do</strong>s de diversos tipos destina<strong>do</strong>s a balizar<br />
decisões relativas à candidatura e à própria realização<br />
<strong>do</strong>s Jogos de 2016. A contratação de consultorias<br />
de planejamento, orçamento e estu<strong>do</strong>s de viabilidade<br />
e sustentabilidade em diversas áreas feita pelo <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> segue recomendação <strong>do</strong> Tribunal de<br />
Contas da União para que o governo federal planeje<br />
adequadamente sua atuação em todas as etapas<br />
<strong>do</strong> processo de disputa e de organização de grandes<br />
eventos esportivos.<br />
Esses estu<strong>do</strong>s poderão ser utiliza<strong>do</strong>s em ocasiões futuras<br />
na preparação de outros eventos e mesmo em outras<br />
decisões <strong>do</strong> poder público. Entre os serviços estão<br />
estu<strong>do</strong>s de viabilidade das instalações esportivas e não<br />
esportivas propostas no <strong>do</strong>ssiê, abrangen<strong>do</strong>: geografia<br />
de merca<strong>do</strong> ou sustentabilidade das instalações; estu<strong>do</strong>s<br />
preliminares de impacto ambiental; viabilidade de<br />
incorporações imobiliárias; impacto econômico e social<br />
no entorno das instalações; valorização imobiliária<br />
na região de cada uma delas; e estu<strong>do</strong> sobre lega<strong>do</strong><br />
e impactos socioeconômicos <strong>do</strong>s Jogos na cidade <strong>do</strong><br />
Rio e no País. Há ainda estu<strong>do</strong>s para a criação da Autoridade<br />
Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD)<br />
e da Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão a<br />
ser cria<strong>do</strong> pelos governos federal, estadual e municipal<br />
para centralizar em uma só estrutura toda<br />
a coordenação de obras e serviços públicos para<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
a entrega da infraestrutura necessária à realização<br />
<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos no Rio.<br />
O <strong>Ministério</strong> também investiu na qualificação de equipes<br />
envolvidas com a gestão e organização de grandes<br />
eventos esportivos, incluin<strong>do</strong> os Jogos Mundiais<br />
Militares de 2011 que também ocorrerão no Rio, e<br />
na elaboração de um sistema padrão de "orçamentação"<br />
para eventos esportivos que ficará à disposição<br />
da administração pública, de organiza<strong>do</strong>res de eventos<br />
e de entidades esportivas interessadas.<br />
Além disso, o <strong>Ministério</strong> produziu uma coleção intitulada<br />
"<strong>Caderno</strong>s de Lega<strong>do</strong>" realçan<strong>do</strong> alguns<br />
<strong>do</strong>s principais benefícios que se esperam da realização<br />
<strong>do</strong>s Jogos no Brasil. Um <strong>do</strong>s cadernos aborda<br />
o Lega<strong>do</strong> Social e outro trata <strong>do</strong> Lega<strong>do</strong> Urbano<br />
e Ambiental. Um terceiro volume, "Brasil, Este é o<br />
País", contém da<strong>do</strong>s sobre o País e o Rio de Janeiro<br />
demonstran<strong>do</strong> a pujança econômica nacional, a<br />
consolidação da democracia, a crescente liderança<br />
política <strong>do</strong> Brasil não apenas no continente mas em<br />
âmbito mundial, o pioneirismo brasileiro em diversos<br />
segmentos econômicos, científicos e tecnológicos,<br />
os destaques <strong>do</strong> País no esporte e nas artes em<br />
geral, as características geográficas, econômicas e<br />
culturais <strong>do</strong> Rio de Janeiro, a miscigenação, a generosidade<br />
e o trabalho <strong>do</strong> povo brasileiro, enfim,<br />
informações que contribuíram para que os votantes<br />
<strong>do</strong> COI tivessem sobre o Brasil um olhar global, de<br />
nação que se equipara às tradicionalmente mais poderosas<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Esse material foi entregue aos membros <strong>do</strong> COI, em inglês<br />
e francês, e distribuí<strong>do</strong> no Brasil a entidades esportivas,<br />
atletas, parlamentares, imprensa, órgãos governamentais,<br />
representações sindicais, sociais, empresariais e<br />
comunitárias, entre outros destinatários.<br />
Por fim, o governo também incumbiu-se de fazer<br />
campanha de divulgação institucional da candidatura<br />
dentro <strong>do</strong> País. Isso ocorreu por meio de campanhas<br />
em TV e anúncios em revista, jornais e internet.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
Também foi utilizada mídia exterior em aeroportos<br />
e uma ação de promoção durante o GP Brasil de<br />
Fórmula 1 em Interlagos em 2008. Duas campanhas<br />
publicitárias ganharam o Prêmio Colunistas Brasília,<br />
organiza<strong>do</strong> pela Associação Brasileira <strong>do</strong>s Colunistas<br />
de Marketing e Propaganda (Abracomp).<br />
5º Jogos Mundiais Militares Rio 2011<br />
De 17 a 24 de julho de 2011, o Rio de Janeiro receberá<br />
os 5º Jogos Mundiais Militares Rio 2011, os<br />
"Jogos da Paz". A sua realização faz parte <strong>do</strong> ciclo<br />
de megaeventos esportivos <strong>do</strong> País, que conta ainda<br />
com a Copa das Confederações em 2013 e a Copa<br />
<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> em 2014 e culmina em 2016 com a sede<br />
<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.<br />
Os três níveis de governo atuam em conjunto para a<br />
execução <strong>do</strong>s Jogos Mundiais Militares: a Prefeitura<br />
da Cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />
um comitê <strong>do</strong> governo federal forma<strong>do</strong> por 16 ministérios<br />
e pelas três forças militares, em alinhamento<br />
com o Conselho Internacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> Militar<br />
(CISM, na sigla em francês), que reúne 131 países.<br />
O evento é realiza<strong>do</strong> de quatro em quatro anos, e a<br />
última edição, de 2007, foi sediada pelas cidades de<br />
Hyderabad e Bombain, na Índia, e tiveram a adesão<br />
de mais de 4 mil atletas. Os Jogos de 2011 reunirão<br />
mais de 6 mil atletas para competir em 38 modalidades<br />
de 20 esportes, como vôlei, natação, triatlo,<br />
pentatlo militar, hipismo e paraquedismo, nas instalações<br />
construídas ou reformadas para os Jogos<br />
Pan-americanos e Parapan-americanos Rio 2007,<br />
como o Engenhão, o Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro<br />
e o Maracanãzinho, e em estruturas militares<br />
de referência, como a Escola de Educação Física <strong>do</strong><br />
Exército, no Rio.<br />
A preparação nacional para os Jogos Mundiais Militares<br />
de 2011 começou antes mesmo <strong>do</strong> anúncio da<br />
sede no Rio de Janeiro, porque o calendário espor-<br />
72
tivo da cidade consoli<strong>do</strong>u-se a partir de 2002, com<br />
os Jogos Sul-americanos – realiza<strong>do</strong>s no Rio, em São<br />
Paulo, Curitiba e Belém – e com a escolha <strong>do</strong> Rio<br />
para o Pan de 2007, que legariam a maior parte das<br />
estruturas necessárias para 2011. A postulação da<br />
cidade fluminense, em março de 2006, como candidata<br />
para a quinta edição <strong>do</strong> maior evento esportivo<br />
militar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> deu sequência ao calendário<br />
esportivo, em busca <strong>do</strong> fortalecimento <strong>do</strong> esporte<br />
militar e da contínua reafirmação da cidade como<br />
sede de megaeventos.<br />
O Brasil, então, disputava a sede com a Turquia, em<br />
uma concorrência acirrada. De 3 a 7 de fevereiro de<br />
2007, uma Comissão de Avaliação designada pelo<br />
CISM fez uma visita técnica de inspeção ao Rio. Antes<br />
mesmo de o Rio 2007 começar, foi possível avaliar<br />
a realização de um evento internacional em uma<br />
das principais instalações para o Rio 2011: o <strong>Ministério</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o <strong>Ministério</strong> da Defesa apoiaram<br />
a realização <strong>do</strong> 39° Campeonato Mundial Militar<br />
de Pentatlo Moderno, evento-teste para o Pan que<br />
aconteceu de 14 a 16 de maio de 2007 no Complexo<br />
Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro.<br />
Poucos dias depois, em 25 de maio daquele ano, o<br />
Brasil fez uma apresentação técnica <strong>do</strong> projeto Rio<br />
2011 liderada pela Comissão Desportiva Militar <strong>do</strong><br />
Brasil (CDMB), durante a 62ª Assembléia Geral <strong>do</strong><br />
CISM, em Burkina Faso, na África. Com votação de<br />
representantes de 127 países, a cidade <strong>do</strong> Rio de<br />
Janeiro foi escolhida como sede.<br />
A partir de então, o governo federal tomou as providências<br />
necessárias para a organização <strong>do</strong> evento<br />
em consonância com a então candidatura Rio<br />
2016 para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. O<br />
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,<br />
assinou, em 9 de junho de 2008, decreto que instituiu<br />
o Comitê Interministerial de Gestão das Ações<br />
Governamentais para os 5º Jogos Mundiais Militares<br />
Rio 2011.<br />
73<br />
Presidi<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> da Defesa em atuação conjunta<br />
com o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e em alinhamento<br />
com os planos de trabalho para a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />
e os Jogos Olímpicos, o Comitê Gestor conta ainda<br />
com a participação ativa <strong>do</strong>s ministérios da Justiça;<br />
das Relações Exteriores; <strong>do</strong> Turismo; da Fazenda;<br />
<strong>do</strong> Planejamento, Orçamento e Gestão; da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento; da Educação; das<br />
Comunicações; da Saúde; da Ciência e Tecnologia;<br />
Casa Civil; Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria<br />
de Relações Institucionais; e Secretaria de<br />
Comunicação Social da Presidência da República;<br />
além <strong>do</strong>s coman<strong>do</strong>s da Marinha, <strong>do</strong> Exército e da<br />
Aeronáutica.<br />
Um mês depois de sua criação o Comitê realizou<br />
a primeira reunião interministerial, e o governo <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio criou "Força Tarefa" constituída por<br />
17 secretarias e órgãos sob a coordenação da Secretaria<br />
Estadual de Turismo, <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />
Em 18 de setembro de 2009, os Jogos Rio 2011 foram<br />
lança<strong>do</strong>s oficialmente em cerimônia pública no<br />
Forte São João, na Urca, com a presença <strong>do</strong> presidente<br />
<strong>do</strong> CISM, o italiano General Gianni Gola.<br />
Na ocasião, o general afirmou que o Brasil "está<br />
fazen<strong>do</strong> esforços em favor <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />
esporte como fator fundamental para fomentar a<br />
amizade e promover a paz". O ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>,<br />
Orlan<strong>do</strong> Silva Jr., considerou que a realização <strong>do</strong>s<br />
Jogos Mundiais Militares no País "será mais uma<br />
demonstração <strong>do</strong> compromisso <strong>do</strong> Brasil com sua<br />
juventude, com o esporte e com a paz".<br />
os Jogos Pan e Parapan-Americanos Rio 2007<br />
Para chegar à vitória na eleição <strong>do</strong> COI em Copenhague,<br />
um <strong>do</strong>s pontos positivos leva<strong>do</strong>s em conta<br />
pelos votantes foi a experiência exitosa na realização<br />
<strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan em 2007, no Rio. O governo<br />
federal foi ator de destaque na preparação e<br />
no financiamento <strong>do</strong> maior evento multiesportivo<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Foto: Francisco Medeiros<br />
já ocorri<strong>do</strong> no Brasil. Foi responsável pelo aporte de<br />
52,3% <strong>do</strong> total de recursos investi<strong>do</strong>s no Pan e no<br />
Parapan, além de participar ativamente <strong>do</strong> Comitê<br />
Organiza<strong>do</strong>r Rio 2007 (CO-Rio). Este apoio foi fundamental<br />
para garantir o sucesso <strong>do</strong>s Jogos no alto<br />
padrão em que foram realiza<strong>do</strong>s. Os Jogos Panamericanos<br />
geraram diversos lega<strong>do</strong>s, movimentaram<br />
a economia carioca, fluminense e nacional e<br />
consolidaram a presença brasileira no cenário <strong>do</strong>s<br />
eventos esportivos internacionais, além de terem<br />
contribuí<strong>do</strong> de forma decisiva para a conquista inédita<br />
<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos de 2016.<br />
Inédita também foi a vitória <strong>do</strong> dia 24 de agosto<br />
de 2002, na Cidade <strong>do</strong> México, durante assembleia<br />
da Organização Desportiva Pan-americana<br />
(Odepa), quan<strong>do</strong> o Rio tornou-se a primeira cidade<br />
candidata a bater uma cidade norte-americana<br />
(San Antonio). No início <strong>do</strong> ano seguinte, o Comitê<br />
Organiza<strong>do</strong>r fez a primeira revisão <strong>do</strong> projeto e<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
o apresentou aos parceiros governamentais. Para<br />
cumprir suas responsabilidades no evento internacional,<br />
a União alocou recursos no Plano Plurianual<br />
de 2004/2007, aprova<strong>do</strong> pelo Congresso Nacional,<br />
através <strong>do</strong> programa Rumo ao Pan, para a construção<br />
das instalações <strong>do</strong> Complexo Esportivo de<br />
Deo<strong>do</strong>ro; a compra de equipamentos esportivos de<br />
primeira linha para diversas modalidades; e o custeio<br />
de tecnologia e <strong>do</strong> programa anti<strong>do</strong>ping, entre<br />
outras iniciativas.<br />
Para organizar a participação <strong>do</strong> governo federal<br />
nos preparativos <strong>do</strong> evento, o presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva assinou, em 18 de julho de 2003,<br />
decreto instituin<strong>do</strong> o Comitê de Gestão das Ações<br />
Governamentais nos XV Jogos Pan-Americanos de<br />
2007. Presidi<strong>do</strong> pelo ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, o órgão<br />
reunia outros 11 ministros: chefe da Casa Civil da<br />
Presidência da República; chefe <strong>do</strong> Gabinete de Se-<br />
74
gurança Institucional da Presidência da República;<br />
ministros da Defesa; Fazenda; Justiça; Comunicações;<br />
Relações Exteriores; Planejamento, Orçamento<br />
e Gestão; Turismo; Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior; e o chefe da Secretaria de<br />
Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da<br />
Presidência da República.<br />
A partir de 2005, o governo federal assumiu,<br />
paulatinamente, uma série de compromissos<br />
que estavam originalmente sob responsabilidade<br />
de outros entes e responsabilizou-se por<br />
itens essenciais à realização <strong>do</strong>s Jogos que estavam<br />
ausentes ou subestima<strong>do</strong>s no planejamento<br />
inicial, como o financiamento <strong>do</strong> Parapan, o<br />
plano de segurança pública e os serviços de tecnologia<br />
e telecomunicações. O novo papel da<br />
União na organização também abarcou ações<br />
que garantiriam visibilidade aos Jogos, mobilização<br />
popular e promoção da cultura, <strong>do</strong> esporte<br />
e <strong>do</strong> turismo <strong>do</strong> Brasil, como o revezamento<br />
da Tocha Pan-americana por to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s<br />
brasileiros e as belas cerimônias de abertura e<br />
encerramento <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan, entre outras<br />
iniciativas que ganharam recursos federais<br />
ao longo da organização.<br />
A secretaria Executiva <strong>do</strong> Pan<br />
O novo patamar de participação exigiu um modelo<br />
gerencial mais dinâmico e presente no cotidiano <strong>do</strong><br />
CO-Rio e na relação intragovernamental. O Comitê<br />
de Gestão cria<strong>do</strong> pelo presidente da República para<br />
atender a uma demanda mais tímida precisava ser<br />
aperfeiçoa<strong>do</strong>. A nova estrutura surgiu em meio às<br />
negociações da segunda revisão orçamentária proposta<br />
pelo Comitê Organiza<strong>do</strong>r, em abril de 2005,<br />
mas já vinha sen<strong>do</strong> desenhada desde o segun<strong>do</strong><br />
semestre de 2004, quan<strong>do</strong> o governo federal se<br />
75<br />
preparava para o aumento das demandas sob sua<br />
responsabilidade.<br />
Em abril de 2005, novo decreto da Presidência da<br />
República criou a Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê<br />
de Gestão das Ações Governamentais para os Jogos<br />
Rio 2007 (Sepan), vinculada ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong>. Além das responsabilidades já definidas na<br />
criação <strong>do</strong> Comitê em 2003, a Secretaria tinha a<br />
missão de coordenar a atuação de to<strong>do</strong>s os órgãos<br />
da administração federal envolvi<strong>do</strong>s com o Pan e<br />
elaborar e executar o plano de ações governamentais,<br />
ainda em fase inicial de produção.<br />
A sede <strong>do</strong> Comitê foi fixada na capital fluminense.<br />
Além de coordenar todas as ações de governo, a<br />
Sepan tinha como grande desafio integrar as ações<br />
e os interesses <strong>do</strong> governo federal junto às outras<br />
esferas governamentais, uma ação delicada em se<br />
tratan<strong>do</strong> da história da política e da administração<br />
pública brasileiras. Outro aspecto importante que<br />
exigiria grande esforço técnico e político da Sepan<br />
seria o relacionamento, basea<strong>do</strong> na transparência e<br />
na autonomia <strong>do</strong>s poderes, com o Parlamento, em<br />
especial com o Congresso Nacional, e com órgãos<br />
de controle (entre os quais o Tribunal de Contas e<br />
a Controla<strong>do</strong>ria Geral da União).<br />
Em 2006, a Sepan publicou o Plano Estratégico de<br />
Ações Governamentais (PAG) conten<strong>do</strong> as diretrizes<br />
da administração federal para os Jogos Panamericanos<br />
e os Jogos Parapan-americanos. O PAG<br />
balizou a ação <strong>do</strong>s ministérios e demais órgãos da<br />
União, que, àquela altura, somavam mais de 30<br />
envolvi<strong>do</strong>s na preparação <strong>do</strong> evento, ao definir<br />
projetos, metas e financiamentos que o governo<br />
federal assumiria no processo de organização. O<br />
PAG abrangia as áreas de Segurança, Tecnologia,<br />
Recursos Humanos, Operações, Turismo, Comunicação<br />
e Marketing, Jogos Parapan-americanos, <strong>Esporte</strong>,<br />
Cultura e Educação, Instalações e Vila Panamericana.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Consultorias Especializadas<br />
Para dar suporte às novas obrigações e aos compromissos<br />
assumi<strong>do</strong>s desde o início <strong>do</strong> projeto, como o<br />
aporte de recursos na área de tecnologia e as obras <strong>do</strong><br />
Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro, a Sepan contratou<br />
as consultorias especializadas da Fundação Instituto<br />
de Administração (FIA) e da Fundação Getúlio Vargas<br />
(FGV), através de cooperação com o Programa das<br />
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), instituição<br />
internacional que apoia projetos de combate<br />
à pobreza e a implementação de políticas públicas<br />
variadas.<br />
A FIA criou um sistema de apoio à tomada de decisão<br />
e monitoramento <strong>do</strong> governo federal. Um <strong>do</strong>s produtos<br />
previstos no plano de trabalho foi a elaboração de<br />
relatórios bimestrais de acompanhamento das ações<br />
governamentais. Cada relatório era composto por:<br />
cadastro da <strong>do</strong>cumentação tramitada no perío<strong>do</strong>;<br />
evolução fotográfica comentada das obras licitadas<br />
pelo governo federal; desenvolvimento físico-financeiro<br />
<strong>do</strong>s projetos; análises <strong>do</strong> desempenho de cada<br />
ação, sistematizadas em gráficos e tabelas; análise de<br />
eventuais conflitos de cada área e das decisões tomadas;<br />
ações executadas pelos demais órgãos <strong>do</strong> Comitê<br />
de Gestão; arquivo de conhecimento sobre gestão;<br />
relatórios de prestação de contas de consultorias especializadas<br />
contratadas pelo governo federal; e, por<br />
fim, resumo da atuação das gerências da Sepan.<br />
Outro importante trabalho realiza<strong>do</strong> em conjunto<br />
pela FIA e o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, por meio da Secretaria<br />
<strong>do</strong> Pan, foi o acompanhamento detalha<strong>do</strong> da<br />
execução de to<strong>do</strong>s os contratos de responsabilidade<br />
<strong>do</strong> governo federal antes, durante e após o Pan e o<br />
Parapan, incluin<strong>do</strong> a fase de prestação de contas. Esta<br />
medida garantiu que a Sepan, gestora <strong>do</strong>s contratos,<br />
pudesse fiscalizar com qualidade a entrega das obras<br />
e <strong>do</strong>s serviços e acompanhar o encerramento <strong>do</strong>s 16<br />
contratos e 68 convênios celebra<strong>do</strong>s com a finalidade<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
de garantir a realização <strong>do</strong>s Jogos em alto nível de<br />
qualidade.<br />
Já a FGV tornou-se, em 2006, responsável pelo apoio<br />
técnico à coordenação da área de tecnologia <strong>do</strong> governo<br />
federal, montan<strong>do</strong> no Rio de Janeiro um escritório<br />
de projetos dedica<strong>do</strong> às ações relativas aos<br />
Jogos Pan-americanos. O escritório gerenciou uma<br />
estrutura complexa e multifacetada: foram 300 projetos<br />
e subprojetos da área, agrupa<strong>do</strong>s em três grandes<br />
blocos: integração de tecnologia, telecomunicações e<br />
serviços de áudio e vídeo <strong>do</strong> Pan.<br />
Apoio à Prefeitura e ao governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
A ação <strong>do</strong> governo federal foi fundamental para que<br />
algumas obras e obrigações da Prefeitura <strong>do</strong> Rio de<br />
Janeiro pudessem ser levadas a cabo, garantin<strong>do</strong> a<br />
entrega <strong>do</strong>s serviços e equipamentos necessários à<br />
realização <strong>do</strong>s Jogos. A União repassou para os cofres<br />
<strong>do</strong> Município recursos para a construção <strong>do</strong> Parque<br />
Aquático Maria Lenk e para obras de infra-estrutura<br />
no entorno da Vila Pan-americana.<br />
Além disso, o governo federal assumiu responsabilidades<br />
que originalmente eram da Prefeitura, como<br />
o pagamento de passagens das delegações <strong>do</strong>s países<br />
participantes e o custeio <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r,<br />
entre outras. O investimento da União na área de<br />
recursos humanos <strong>do</strong> CO-Rio garantiu a expansão<br />
funcional necessária para realizar as operações com<br />
qualidade. Além disso, a Secretaria Nacional de Segurança<br />
Pública (Senasp) assumiu a gerência de segurança<br />
<strong>do</strong>s Jogos, deslocan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o efetivo necessário<br />
para a administração da área.<br />
A União também repassou recursos para o governo<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio concluir as reformas <strong>do</strong> estádio <strong>do</strong><br />
Maracanã, <strong>do</strong> ginásio <strong>do</strong> Maracanãzinho e <strong>do</strong> Parque<br />
Aquático Júlio Delamare, que enfrentavam sérios<br />
problemas de atraso. O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ainda<br />
garantiu recursos para que o Esta<strong>do</strong> fizesse a monta-<br />
76
gem de instalações provisórias de apoio às competições<br />
no Complexo <strong>do</strong> Maracanã<br />
A Matriz de Responsabilidade<br />
Até o início de 2007 não haviam si<strong>do</strong> consolidadas<br />
as responsabilidades de cada governo – federal, estadual<br />
e municipal – e <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />
Jogos (CO-Rio) no processo de preparação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />
eventos. A divisão original de tarefas e investimentos<br />
revelou-se incipiente no decorrer da organização,<br />
quan<strong>do</strong> foram se detectan<strong>do</strong> que várias ações não<br />
estavam programadas ou haviam si<strong>do</strong> subestimadas,<br />
entre outros motivos, porque o evento projeta<strong>do</strong> em<br />
2002 era muito mais simples <strong>do</strong> que o que foi realiza<strong>do</strong>.<br />
No segun<strong>do</strong> semestre de 2006, o governo<br />
federal incitou os parceiros governamentais e o CO-<br />
Rio a fazer, em conjunto, um esforço para determinar<br />
quais eram os itens que ainda estavam em aberto e<br />
quem os assumiria. Era preciso formalizar os acor<strong>do</strong>s<br />
e as obrigações assumidas numa grande matriz, pela<br />
qual se pudessem vislumbrar todas as ações necessárias<br />
para a realização <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan e quem<br />
respondia por elas.<br />
Após vários meses de reuniões e negociações, a Matriz<br />
de Responsabilidade foi assinada em 14 de fevereiro<br />
de 2007 pelas três esferas de governo e pelo<br />
Comitê Organiza<strong>do</strong>r. A carta de acor<strong>do</strong> reuniu mais<br />
de cem itens que compunham o orçamento <strong>do</strong> Pan e<br />
<strong>do</strong> Parapan. Integram o <strong>do</strong>cumento obras, operações<br />
e ações diversas que já estavam sen<strong>do</strong> executadas<br />
por cada órgão, e novas responsabilidades, ratificadas<br />
por meio de um processo de diálogo político e<br />
integração técnica. Graças a ele, foi possível identificar<br />
todas as necessidades indispensáveis para que<br />
as duas competições fossem realizadas com sucesso,<br />
e delimitar um horizonte orçamentário próximo <strong>do</strong>s<br />
valores efetivamente gastos.<br />
O <strong>do</strong>cumento apresenta os compromissos de financiamento<br />
e execução de União, Esta<strong>do</strong>, Prefeitura e<br />
77<br />
CO-Rio, além de dar solução, à época, a demandas<br />
que ainda não tinham "paternidade", numa demonstração<br />
de amadurecimento <strong>do</strong> poder público. O<br />
maior valor desse acor<strong>do</strong> não foi, necessariamente, o<br />
financeiro: representou o aperfeiçoamento das relações<br />
intergovernamentais; criou ambiente de diálogo<br />
e cooperação, o que fortaleceu o processo de governança,<br />
necessária ao sucesso de eventos que exigem<br />
integração de órgãos e esferas de governo.<br />
Atuação <strong>do</strong> governo Federal Durante os Jogos<br />
O governo federal participou ativamente das operações<br />
<strong>do</strong>s Jogos Pan e Parapan-americanos. Uma das<br />
tarefas que mais exigiram mobilização de to<strong>do</strong>s os<br />
representantes da União envolvi<strong>do</strong>s nas duas competições<br />
foi a atuação no MOC – Centro Principal de<br />
Operações – que funcionou na sede <strong>do</strong> CO-Rio, na<br />
Barra da Tijuca, e operou <strong>do</strong> dia 28 de junho ao dia<br />
24 de agosto de 2007, ininterruptamente. Por este<br />
sistema nervoso <strong>do</strong>s Jogos circularam as principais<br />
informações e nele foram analisadas inúmeras situações<br />
relativas à organização <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan. O<br />
Comitê Olímpico Internacional orienta os comitês organiza<strong>do</strong>res<br />
de Jogos Olímpicos a a<strong>do</strong>tarem para este<br />
tipo de operação um modelo de organização cujos<br />
pilares sejam comunicação, coordenação e controle,<br />
fundamentais para que o centro possa fornecer suporte<br />
operacional ágil às áreas funcionais, equipes<br />
das instalações e outros atores que participam <strong>do</strong><br />
evento.<br />
Além <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, atuaram no MOC<br />
diversos representantes <strong>do</strong> poder público, como a<br />
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp),<br />
a Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê de Gestão <strong>do</strong> Governo<br />
Federal para os Jogos Rio 2007 (Sepan), órgãos<br />
de Operações da Cidade (da Prefeitura <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro), Companhia de Engenharia de Tráfego<br />
(CET-Rio), Secretaria Especial Rio 2007 <strong>do</strong> Município<br />
e Instituto Nacional de Meteorologia (InMet),<br />
entre outros.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
o Centro de operações <strong>do</strong> governo Federal<br />
Para dar apoio à atuação dentro <strong>do</strong> MOC, foi cria<strong>do</strong><br />
o Centro de Operações <strong>do</strong> Governo Federal<br />
(COGF). A estrutura recebia as demandas, avaliava<br />
seus impactos, sistematizava as informações e mobilizava<br />
as áreas <strong>do</strong> governo federal envolvidas no<br />
Pan e no Parapan para solucionar os problemas.<br />
Cerca de 20 pessoas trabalharam no COGF, que<br />
funcionou das 7h às 23h durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eventos, em um escritório próximo ao<br />
CO-Rio. A criação <strong>do</strong> Centro permitiu ao governo<br />
federal resolver os problemas com mais agilidade,<br />
e também detectar e solucionar outras questões<br />
antes que elas chegassem ao Centro Principal de<br />
Operações <strong>do</strong>s Jogos Rio 2007 (MOC). Vale lembrar<br />
que o gabinete <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> foi<br />
Foto: Francisco Medeiros<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
transferi<strong>do</strong> de Brasília para o Rio de Janeiro durante<br />
o Pan.<br />
Foi dada atenção especial a questões referentes<br />
à operação <strong>do</strong>s Jogos Parapan-americanos já que<br />
muitas ações dependiam de órgãos federais, como<br />
embarque e desembarque em aeroportos e vigilância<br />
sanitária, entre outros. Entre os órgãos federais<br />
mobiliza<strong>do</strong>s para as operações <strong>do</strong> Parapan estavam<br />
Polícia Federal, Secretaria Nacional de Segurança<br />
Pública, Receita Federal, <strong>Ministério</strong> da Agricultura,<br />
Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Infraero.<br />
À Anvisa cabia analisar e aprovar as listas de<br />
medicamentos importa<strong>do</strong>s trazi<strong>do</strong>s pelos atletas e<br />
autorizar sua entrada nos aeroportos por onde as<br />
delegações iriam passar. A Agência também deu<br />
atenção especial à certificação internacional de<br />
vacinação. Já o <strong>Ministério</strong> da Agricultura estava<br />
prepara<strong>do</strong> para atender com brevidade às neces-<br />
78
sidades <strong>do</strong>s atletas quanto a animais (cães-guia) e<br />
outras questões, como madeiramento especial e<br />
alimentos. A adaptação das instalações esportivas<br />
e da Vila Pan-americana às necessidades das competições<br />
parapan-americanas também foi tema <strong>do</strong><br />
COGF.<br />
Além disso, o governo federal utilizou duas salas<br />
no Centro Principal de Imprensa (MPC) durante os<br />
Jogos Pan-americanos. O espaço, coordena<strong>do</strong> pela<br />
Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê de Gestão Federal<br />
para os Jogos Rio 2007 (Sepan), tinha como objetivo<br />
centralizar as ações de Assessoria de Imprensa<br />
<strong>do</strong> governo federal durante os Jogos (atendimento<br />
à imprensa, organização de entrevistas coletivas e<br />
individuais, acompanhamento de autoridades, cobertura<br />
de eventos e produção de pautas próprias<br />
<strong>do</strong> governo).<br />
Foto: Acervo ME<br />
79<br />
os Lega<strong>do</strong>s<br />
O investimento feito pelos três governos trouxe considerável<br />
lega<strong>do</strong> esportivo para o País, especialmente à<br />
cidade <strong>do</strong> Rio. Como exemplo, pode-se citar a construção<br />
<strong>do</strong> Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro, <strong>do</strong> estádio<br />
<strong>do</strong> Engenhão e da Cidade <strong>do</strong>s <strong>Esporte</strong>s (Arena<br />
Multiuso, Parque Aquático Maria Lenk e Velódromo<br />
da Barra), a reforma <strong>do</strong> Parque Aquático Júlio Delamare<br />
e <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Maracanã e Maracanãzinho,<br />
além de melhorias no Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo<br />
de Freitas. O governo federal participou diretamente<br />
<strong>do</strong> financiamento de boa parte dessas obras.<br />
A partir <strong>do</strong> Pan, o Rio ficou com infra-estrutura esportiva<br />
capaz de receber grandes eventos, um <strong>do</strong>s pontos<br />
favoráveis à vitória pelos Jogos Olímpicos. Todas<br />
as instalações construídas ou reformadas para o Pan<br />
serão utilizadas nos Jogos de 2016.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>
Outra decisão <strong>do</strong> governo brasileiro foi a de investir<br />
fortemente em segurança para o Pan, não apenas<br />
visan<strong>do</strong> a garantir a segurança nos locais de competição,<br />
mas para melhorar a infra-estrutura de<br />
segurança na cidade, algo que permaneceu como<br />
lega<strong>do</strong> à população <strong>do</strong> Rio depois <strong>do</strong> evento. Da<br />
mesma forma, a União decidiu investir em tecnologia<br />
da informação para implantar uma moderna<br />
rede de comunicação para os Jogos, com 550<br />
quilômetros de fibra ótica espalha<strong>do</strong>s pela cidade,<br />
aparelhos de última geração para medição de resulta<strong>do</strong>s,<br />
sistema integra<strong>do</strong> de operação <strong>do</strong>s serviços<br />
e competições, sonorização com instalação de<br />
telões e transmissão de vídeo digital no nível utili-<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />
za<strong>do</strong> na Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de Futebol da Alemanha,<br />
entre outros itens.<br />
Além disso, houve marcante herança de materiais<br />
e equipamentos esportivos de primeira linha cuja<br />
importação foi custeada pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />
especialmente para o evento, entre eles a pista <strong>do</strong><br />
Velódromo, a mais moderna no Brasil. Esse material<br />
ficou disponível para o treinamento de atletas<br />
e o uso em competições de diferentes tipos. Em<br />
resumo, o Brasil e o Rio ganharam com os investimentos<br />
feitos para os Jogos. Para alcançar esse<br />
patamar de desenvolvimento esportivo, de segurança<br />
e de conhecimento, foi necessário assegurar<br />
grande investimento.<br />
80
Esse <strong>III</strong> <strong>Caderno</strong> teve como desafio sistematizar e<br />
apresentar o conjunto de ações, programas e projetos<br />
implementa<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, o que<br />
constitui, na essência, a política <strong>do</strong> Governo Federal<br />
para o esporte e o lazer. Para explicar o atual grau de<br />
desenvolvimento da política esportiva <strong>do</strong> país, seus<br />
limites e possibilidades, fez-se necessário fazer uma<br />
breve incursão na história da formação das políticas de<br />
esporte e suas relações com o Esta<strong>do</strong>.<br />
A intenção foi demonstrar as estratégias implementadas<br />
pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, desde sua criação,<br />
que nortearam e norteiam a formação de agenda, formulação<br />
e implementação de programas e ações de<br />
esporte e lazer, e assim, consolidá-los como política de<br />
Esta<strong>do</strong> e direito social da população brasileira.<br />
Importa perceber, ao final dessa Coletânea, que muito<br />
foi feito pelo esporte e pelo lazer no Brasil, desde a<br />
criação <strong>do</strong> ME em 2003. Porém, muito ainda se tem a<br />
fazer, os desafios são imensos e serão enfrenta<strong>do</strong>s pelo<br />
poder público, mas, sobremaneira compartilhan<strong>do</strong> responsabilidades<br />
a sociedade civil. Em especial ouvin<strong>do</strong><br />
as críticas e sugestões <strong>do</strong>s setores a que se destinam<br />
as políticas de esporte e lazer, os pesquisa<strong>do</strong>res, professores,<br />
agentes sociais, produtores culturais, atletas,<br />
ex-atletas, dirigentes esportivos, dentre outros.<br />
No fechamento dessa publicação, vale destaque o<br />
momento ímpar em que vive o esporte no país. O<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> tem implementa<strong>do</strong> programas<br />
sociais esportivos da maior relevância com projeção<br />
internacional, reconheci<strong>do</strong>s, inclusive, pela UNESCO,<br />
tem, também, valoriza<strong>do</strong> a produção <strong>do</strong> conhecimento<br />
com publicações importantes, estabelecen<strong>do</strong><br />
bases para o desenvolvimento científico e tecnológico<br />
<strong>do</strong> setor, além disso, contribuiu para a realização <strong>do</strong>s<br />
melhores Jogos Panamericanos e Parapanamericanos<br />
da história, que tiveram também a melhor participação<br />
brasileira. Agora o Brasil se prepara para realizar os<br />
Jogos Mundiais Militares em 2011, a Copa das Confederações<br />
em 2013 e o Mundial de Futebol em 2014,<br />
81<br />
Considerações finais<br />
ambos da FIFA. E, a mais recente conquista são os Jogos<br />
Olímpicos e Paraolímpicos em 2016. Essa agenda<br />
coloca o Brasil, por dez anos, no palco central <strong>do</strong> esporte<br />
internacional.<br />
Essas conquistas e realizações não são acontecimentos<br />
fortuitos. Elas expressam mudanças no mun<strong>do</strong> e revelam<br />
o novo protagonismo <strong>do</strong> país na cena mundial.<br />
Esses eventos abrem horizontes para a temática esportiva<br />
contribuir com a estratégia de desenvolvimento<br />
nacional, na medida em que servem para balizar investimentos<br />
em infraestrutura e serviços essenciais para a<br />
vida de nossas principais metrópoles, principalmente<br />
o Rio de Janeiro – o portal <strong>do</strong> Brasil para o mun<strong>do</strong>.<br />
Ao mesmo tempo, são plataformas sem igual para a<br />
promoção <strong>do</strong> país. O turismo terá um grande e positivo<br />
impacto. Mas o maior ganho será para a imagem<br />
<strong>do</strong> país. O mun<strong>do</strong> conhecerá mais de perto um<br />
país-continente, democrático, estável, moderno, uno<br />
na diversidade cultural, uma nação vocacionada para<br />
a integração e um povo mistura<strong>do</strong> que é uma síntese<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Os dirigentes que assumirem o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> esporte<br />
nacional a partir de 2010 terão bases sólidas e sustentáveis<br />
para manter o desenvolvimento e poderão<br />
fazer muito mais. Já contarão com orçamento quatro<br />
vezes superior ao encontra<strong>do</strong> na época da criação <strong>do</strong><br />
<strong>Ministério</strong>. O esporte estará consolida<strong>do</strong> como política<br />
pública, colaboran<strong>do</strong> numa visão inter-setorial com a<br />
melhoria da educação, a promoção da saúde, o respeito<br />
ao meio ambiente, a integração social e a qualidade<br />
de vida <strong>do</strong>s brasileiros.<br />
É motivo de satisfação disponibilizar essa Coletânea<br />
aos gestores públicos; Municipais e Estaduais, as entidades<br />
de administração <strong>do</strong> esporte, as associações comunitárias<br />
ligadas ao esporte e lazer, as universidades<br />
e demais instituições científicas, a to<strong>do</strong>s e todas que<br />
querem continuar esse diálogo em busca da democratização<br />
<strong>do</strong> esporte e lazer com qualidade social para o<br />
povo brasileiro.<br />
<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>