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Caderno III - Ministério do Esporte

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Organiza<strong>do</strong>ra<br />

Cássia Damiani<br />

Comitê Editorial<br />

Cássia Damiani - SE<br />

Gianna Lepre Perim SNEED<br />

Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto - SNDEL<br />

Marco Aurélio Ravanelli Klein - SNEAR<br />

Colabora<strong>do</strong>res<br />

Ana Cristina Gonçalves <strong>do</strong>s Santos<br />

Andréa Nascimento Ewerton<br />

Bianca Alves Silveira<br />

Cláudia Marins de Souza<br />

Cyro Viegas<br />

Fernan<strong>do</strong> Marinho Mezzadri<br />

Juliana de Oliveira Freire<br />

Micheli Ortega Escobar<br />

Rossana Valeria Souza e Silva<br />

Fotógrafos <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>:<br />

Al<strong>do</strong> Dias<br />

Bruno Carvalho<br />

Francisco Medeiros<br />

Coletânea <strong>Esporte</strong> e Lazer: Políticas de Esta<strong>do</strong> (2.: 2009: <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

DF): <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>: Desenvolvimento Institucional.<br />

Brasília: <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, 2009.<br />

82 p.<br />

1. <strong>Esporte</strong>s Congresso. 2. Conferência Nacional de <strong>Esporte</strong> . 3. Política<br />

Pública. Título.<br />

CDU 796 (042,3)


Sumário<br />

Palavra <strong>do</strong> Ministro ................................................................................................................................ 7<br />

Apresentação .......................................................................................................................................... 9<br />

A intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na formação das políticas públicas de esporte no Brasil ......................... 11<br />

Secretaria Executiva ............................................................................................................................. 21<br />

Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> Educacional ....................................................................................... 33<br />

Secretaria Nacional de Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong> e de Lazer ....................................................... 43<br />

Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento ......................................................................... 53<br />

Grandes Eventos Esportivos ................................................................................................................ 66<br />

Considerações finais ............................................................................................................................. 81


7<br />

Palavra <strong>do</strong> Ministro<br />

O Brasil vive o momento em que o desenvolvimento social e a redução das desigualdades se concretizam<br />

em consonância com o crescimento econômico e com ampliação de liberdades democráticas. Assim, o país<br />

conquistou definitivamente o reconhecimento e a confiança internacional. Isso eleva a qualidade de vida e a<br />

esperança <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />

Nos últimos anos, tivemos também avanços e conquistas no esporte nacional. Os resulta<strong>do</strong>s, antes de serem<br />

espontâneos, espelham a determinação política <strong>do</strong> presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em 2003, pela<br />

primeira vez na nossa história, criou um ministério exclusivo para o setor e com isso, o esporte e o lazer firmaram-se<br />

como direitos de cidadania. O Brasil definiu como centro da política de esporte a inclusão social e o<br />

desenvolvimento humano, e criou programas esportivos e sociais que o projetaram no cenário internacional.<br />

A vitória <strong>do</strong> Rio de Janeiro como cidade sede para as Olimpíadas e Para-olimpíadas de 2016, concretiza os esforços<br />

<strong>do</strong> governo federal para colocar o país no centro <strong>do</strong>s grandes eventos esportivos mundiais. Um marco<br />

decisivo foi a realização, em 2007, no Rio, <strong>do</strong>s melhores Jogos Pan-Americanos da história. Trouxemos a Copa<br />

de 2014 e agora as Olimpíadas 2016, um feito inédito. A conquista de sediar os maiores eventos esportivo<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se sustenta no paradigma <strong>do</strong>s lega<strong>do</strong>s que contribui com o crescimento <strong>do</strong> Brasil, a transformação<br />

urbana das cidades e o desenvolvimento social sustentável por meio <strong>do</strong> esporte.<br />

Isso significa impulso às ações da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, maior acesso das crianças e da juventude ao<br />

esporte e ao lazer, ampliação da formação esportiva e <strong>do</strong> desenvolvimento da carreira de atletas, elevação<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s esportivos e da qualidade <strong>do</strong>s programas sociais, como o Segun<strong>do</strong> Tempo e o <strong>Esporte</strong> e Lazer<br />

da Cidade.<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> quer consolidar o esporte e o lazer como políticas de esta<strong>do</strong> que, além de fomentar<br />

a cadeia produtiva <strong>do</strong> esporte, possibilitarão novas oportunidades de trabalho e renda, e aumentarão a capacidade<br />

administrativa e tecnológica <strong>do</strong> país para realizar grandes eventos esportivos.<br />

Esse conjunto de fatores torna a política <strong>do</strong> esporte estratégica para o desenvolvimento <strong>do</strong> país que pretende<br />

ser a quinta potência econômica em 2016 e, figurar entre as dez maiores potências olímpicas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Fazer o esporte participar <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> Brasil implica na estruturação <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

e Lazer, tema que merece nossa atenção porque representa mais órgãos próprios de gestão nos esta<strong>do</strong>s e<br />

municípios, mais orçamento para o esporte e lazer e o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s mecanismos democráticos e de<br />

instâncias como a Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, que contribuem com<br />

o controle social das políticas públicas.<br />

Amadurecemos e tornamos pujante o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, agora apresentamos ao debate sua trajetória no<br />

campo institucional. A coletânea “<strong>Esporte</strong> e Lazer: Políticas de Esta<strong>do</strong>” é um convite para o leitor conhecer o<br />

espaço de materialização da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


9<br />

Apresentação<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> cria<strong>do</strong> em 2003 com a missão de “Formular e implementar políticas públicas inclusivas<br />

e de afirmação <strong>do</strong> esporte e lazer como direitos sociais <strong>do</strong>s cidadãos, colaboran<strong>do</strong> para o desenvolvimento<br />

nacional e humano”, apresenta esta coletânea, que objetiva sistematizar as experiências <strong>do</strong> Governo Federal<br />

na gestão de políticas públicas de esporte e lazer.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, para qualificar e aperfeiçoar o trato com conhecimento e a execução <strong>do</strong>s programas e ações,<br />

consideran<strong>do</strong> a evolução conceitual, a formação, os instrumentos administrativos e os mecanismos de participação<br />

social, bem como fazer resgate histórico e democratizar o acesso à informação e <strong>do</strong>cumentação dessas<br />

Políticas Públicas, a presente coletânea está organizada em três volumes. Dois volumes tratam <strong>do</strong>s debates<br />

ocorri<strong>do</strong>s na Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> - CNE, instituída por Decreto Presidencial em 2004, um marco<br />

histórico para área <strong>do</strong> esporte e lazer no Brasil, e o terceiro volume apresentará os programas e ações <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

O <strong>Caderno</strong> I - <strong>Esporte</strong>, Lazer e Desenvolvimento Humano, traz as produções da I CNE, desde a Carta de Brasília,<br />

que sintetiza o conteú<strong>do</strong> debati<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> por milhares de pessoas em to<strong>do</strong> Brasil, indica subsídios<br />

para construção da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e a resolução de Criação <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e<br />

Lazer e finaliza esse volume com a apresentação da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, aprovada pelo Conselho<br />

Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> no ano de 2005.<br />

O <strong>Caderno</strong> II – Construin<strong>do</strong> o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer apresenta três textos preparatórios da II<br />

CNE, elabora<strong>do</strong>s para orientar os debates nas conferências municipais e estaduais, culminan<strong>do</strong> nas deliberações<br />

da Etapa Nacional, sen<strong>do</strong> eles: Fundamentação sobre o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, Relatório <strong>do</strong><br />

I Fórum <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, Considerações sobre o Projeto de Lei <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

Ainda nesse volume serão apresenta<strong>do</strong>s: Documento final com as resoluções da II CNE, como também o <strong>do</strong>cumento<br />

síntese de elaborações teóricas de Especialistas (Pesquisa<strong>do</strong>res de IES e institutos, dirigentes esportivos,<br />

professores, gestores, e outros), após os debates da Reunião sobre o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer,<br />

promovida pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, de 03 a 07 de dezembro de 2007. Esta reunião deliberou a criação de<br />

um Fórum Virtual para problematizar o tema, que deu origem ao último texto desse volume: Subsídios para<br />

concepção <strong>do</strong> Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />

O <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong> – Programas e Ações <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é um espaço de socialização das ações das Secretarias<br />

Finalísticas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>, apresentan<strong>do</strong> as diretrizes, os principais programas e projetos, seus conceitos,<br />

funcionamento, formas de acesso e abrangência. Neste <strong>Caderno</strong> preparan<strong>do</strong> o debate para a <strong>III</strong> Conferência,<br />

será apresenta<strong>do</strong> um diálogo com outras áreas que construíram e/ou estão construin<strong>do</strong> seus respectivos sistemas.<br />

E por fim apresenta as linhas para um debate em torno da construção de um Plano Decenal de <strong>Esporte</strong><br />

e Lazer.<br />

Espera-se que essa coletânea seja uma contribuição aos gestores de esporte e lazer municipais e estaduais,<br />

bem como a to<strong>do</strong>s que direta ou indiretamente formulam, implementam, pesquisam ou participam de políticas<br />

públicas de esporte e lazer para atender com qualidade os anseios da população brasileira.<br />

Comitê Editorial<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Foto: Acervo ME<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

10


Breve histórico sobre a intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na<br />

formação das políticas públicas de esporte no Brasil<br />

O esporte nos dias atuais é pensa<strong>do</strong> e considera<strong>do</strong><br />

mundialmente como um bem cultural e como<br />

direito social a ser compartilha<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s indistintamente.<br />

Essa consideração é levada a sério<br />

pelo Brasil e, como tal, uma responsabilidade assumida<br />

pelo Esta<strong>do</strong> . Isso implica na realização de<br />

condições reais para o acesso igualitário de to<strong>do</strong>s<br />

ao esporte e ao lazer. Um <strong>do</strong>s grandes desafios da<br />

gestão pública no Brasil é tornar esse acesso uma<br />

realidade para to<strong>do</strong>s, com perspectiva emancipatória<br />

que possibilite condições de igualdade social,<br />

enfrentan<strong>do</strong> atitudes de tutela ou paternalismo <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> nesse campo. Muito tem si<strong>do</strong> feito pelo esporte<br />

no país, ainda assim, os desafios são imensos<br />

para concretizar sua universalização e seu potencial<br />

de desenvolvimento humano.<br />

Para entender a atual estrutura de esporte e lazer<br />

no país e apontar os caminhos futuros é preciso<br />

compreender a dinâmica das políticas sociais nesse<br />

campo. Assim, uma reflexão a partir <strong>do</strong> contexto<br />

histórico em que os seus elementos foram forma<strong>do</strong>s<br />

possibilita clareza na elaboração das ações da<br />

gestão pública. Recuperar, brevemente, um pouco<br />

de nossa trajetória política, econômica e social<br />

permite situar os aspectos pertinentes às áreas de<br />

intervenção social de esporte e lazer no desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> pensamento que as orientou e, portanto,<br />

entender o caminho de construção dessa<br />

estrutura.<br />

A introdução das primeiras manifestações esportivas<br />

no país ocorreu ainda no século XIX a partir das<br />

influências <strong>do</strong>s imigrantes europeus. Desde então<br />

o caminho <strong>do</strong> esporte passou por momentos distintos<br />

de nossa história ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> objeto de avanços,<br />

retrocessos e contradições no que diz respeito<br />

à sua democratização. As diversas modalidades<br />

esportivas foram cain<strong>do</strong> no gosto popular e pouco<br />

tempo depois começaram a ser organizadas em<br />

clubes, associações, agremiações e outras diversas<br />

formas de instituição pela própria população.<br />

11<br />

A modernização <strong>do</strong> país, condição para realização<br />

da democracia em todas as áreas, iniciou-se a partir<br />

de fatos marcantes e importantes como a Abolição<br />

da Escravatura e a Proclamação da República.<br />

Porém, como processo social e histórico, esses fatos<br />

desencadearam uma série de transformações<br />

sociais que nem sempre estiveram conectadas aos<br />

objetivos modernos e liberais, ao menos <strong>do</strong> ponto<br />

de vista formal, de tornar os indivíduos livres, iguais<br />

e autônomos.<br />

Isso se deve ao fato de que, historicamente, a sociedade<br />

brasileira foi fundada sob as bases de uma<br />

cultura violenta, patriarcalista, escravocrata, hierárquica<br />

e pessoalista 1 que desenvolveu um Esta<strong>do</strong>,<br />

ainda que republicano, com uma burocracia patrimonialista<br />

2 . Nessas condições a participação popular,<br />

o senti<strong>do</strong> de nação, a democracia e a cidadania<br />

foram sempre elementos a serem conquista<strong>do</strong>s por<br />

massas freqüentemente subsumidas pelo poder<br />

das oligarquias e <strong>do</strong>s interesses de grupos <strong>do</strong>minantes.<br />

No plano social, político e econômico, no início <strong>do</strong><br />

século XX, o Esta<strong>do</strong> e a sociedade brasileira fundaram<br />

as primeiras bases da modernização. A partir<br />

<strong>do</strong>s lucros da monocultura exporta<strong>do</strong>ra de café,<br />

vários fazendeiros haviam diversifica<strong>do</strong> seus negócios<br />

e financia<strong>do</strong> parte de uma estrutura necessá-<br />

1 O Pessoalismo é um conceito presente na obra <strong>do</strong> antropólogo<br />

Roberto DaMatta e trata de compreender os traços hierárquicos<br />

existentes na maneira de estabelecer as relações sociais<br />

no Brasil. O pessoalismo identifica a posição social <strong>do</strong>s<br />

interlocutores e define o tratamento a ser utiliza<strong>do</strong> mediante<br />

a importância social das posições de poder em jogo.<br />

2 Burocracia Patrimonialista é um conceito elabora<strong>do</strong> a partir<br />

da obra Economia e Sociedade de Max Weber em que o<br />

patrimonialismo designa um tipo de gestão presente no perío<strong>do</strong><br />

feudal, portanto anterior à modernidade, e que define o tipo de<br />

organização <strong>do</strong> poder a partir de critérios pessoais. Está liga<strong>do</strong><br />

ao conceito sociológico <strong>do</strong> tipo de <strong>do</strong>minação tradicional e foi<br />

utiliza<strong>do</strong> por teóricos da política brasileira para explicar o Esta<strong>do</strong><br />

nacional constituí<strong>do</strong> desde o perío<strong>do</strong> imperial, sen<strong>do</strong> presente<br />

também no perío<strong>do</strong> republicano, principalmente em seu início.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


ia ao intercâmbio da tecnologia da época para a<br />

industrialização e o trânsito de comércio, serviços<br />

e informações. A República caminhava com os desafios<br />

de envolver uma população em sua maioria<br />

iletrada e sem recursos, já que o sal<strong>do</strong> da escravidão<br />

e da falta de políticas de inclusão social que se<br />

seguissem à abolição foi a marginalização. Nesse<br />

contexto, o país, mesmo republicano, ainda estava<br />

longe de consolidar a democracia em seu cotidiano.<br />

O esporte, nesse perío<strong>do</strong>, entre os anos 20 e 30,<br />

usufruía de certa autonomia e independência.<br />

Dentre as diversas modalidades esportivas que<br />

começaram a ser introduzidas no Brasil, algumas<br />

permaneceram de elite como o tênis, outras se popularizam<br />

primeiro como os esportes náuticos. A<br />

prática esportiva, assim como as instituições que as<br />

organizavam, os clubes e associações foram se forman<strong>do</strong><br />

de maneira espontânea, sem a participação<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Durante a década de 1920, as organizações<br />

esportivas apresentavam uma organização<br />

informal preferin<strong>do</strong> manterem-se independentes<br />

das estruturas esportivas oficiais. Nas primeiras manifestações<br />

<strong>do</strong> esporte no país, sua prática social<br />

era ainda tímida, com baixos níveis de conflito e de<br />

necessidades, ausência de interesses secundários<br />

e pequena intervenção por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Durante<br />

a caminhada <strong>do</strong> esporte ao longo da história<br />

brasileira, tais condições se alteraram significativamente.<br />

No plano da cultura, o país começava a esboçar a<br />

necessidade de uma unidade de identidade, algo<br />

que singularizasse a cultura brasileira. A Semana<br />

de Arte Moderna de 1922 que se seguiu à chamada<br />

Belle Époque (perío<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pelo cosmopolitismo)<br />

demonstrou uma busca pela valorização<br />

das características da cultura brasileira e da arte<br />

produzida pelos brasileiros. No mesmo perío<strong>do</strong>, as<br />

chamadas classes médias, representadas pelo movimento<br />

tenentista, começaram a abalar as oligar-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

quias <strong>do</strong> poder e em 1930, a Aliança Liberal empossou<br />

Getúlio Vargas.<br />

Houve um esforço em vários setores da sociedade<br />

pelo nacionalismo ou pelo reconhecimento de<br />

uma identidade nacional que foi impulsiona<strong>do</strong> com<br />

a Substituição de Importações. O governo Vargas,<br />

alian<strong>do</strong> a política da industrialização à ideologia<br />

trabalhista, reforçou os ideais de patriotismo, buscan<strong>do</strong><br />

afastar, ao mesmo tempo, a influência da<br />

experiência socialista na URSS e o conflito entre as<br />

classes.<br />

Na tentativa de resolução da questão social no Brasil,<br />

seguiu-se um modelo de governo interventor<br />

que focou na industrialização e no trabalhismo<br />

como fontes de moralização da população. O Esta<strong>do</strong><br />

deveria atuar como potência disciplina<strong>do</strong>ra.<br />

O compromisso <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Autoritário era conciliar<br />

as classes e promover a sua colaboração. Diante<br />

disso, os sindicatos foram tutela<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong> e<br />

as leis trabalhistas estabelecidas a partir de uma<br />

ideologia populista que afirmava se antecipar às<br />

lutas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. A esse conjunto de ações<br />

somava-se, ainda, uma forte intervenção na cultura,<br />

como a censura feita aos sambas da época que<br />

exaltavam a figura <strong>do</strong> malandro carioca e a crítica<br />

ao trabalho, que era tão ideologiza<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

Toda a sociedade estava sob a rígida égide <strong>do</strong> trabalhismo<br />

e da carteira de trabalho.<br />

Como não poderia deixar de ser, nesse momento<br />

a escola concentrava a difusão <strong>do</strong> esporte no país<br />

pela Educação Física. Em que pesem os conteú<strong>do</strong>s<br />

a serem trabalha<strong>do</strong>s, a escola torna-se o local da<br />

conjugação entre os ideais de higienização e moralização3<br />

. E, como instrumento para essa equação,<br />

a educação física entrou compon<strong>do</strong> os currículos<br />

escolares.<br />

O esporte e o lazer, pensa<strong>do</strong>s nesse contexto, também<br />

incorporam a lógica <strong>do</strong> trabalhismo. O esporte<br />

para a disciplina corporal e o lazer como recarga de<br />

12


energias para a reprodução da força de trabalho. Foi<br />

assim que, pela primeira vez, através <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />

nº 3.199, de 14/01/1941 o Esta<strong>do</strong> passou a intervir<br />

nas entidades denominadas “desportivas”, limitan<strong>do</strong><br />

a autonomia e impon<strong>do</strong> um sistema de organização<br />

das entidades de esporte no país de mo<strong>do</strong><br />

verticaliza<strong>do</strong>. Esse decreto surgiu para evitar os conflitos<br />

internos nas entidades e as disputas locais pelo<br />

poder, era o traço <strong>do</strong> intervencionismo estatal com<br />

o objetivo autoritarista de manter toda a sociedade<br />

controlada. Afinal, nesta concepção de Esta<strong>do</strong>,<br />

o seu dirigente sabe o que é melhor para sua gente.<br />

As demandas da sociedade civil ou <strong>do</strong>s clubes, locais<br />

de organização <strong>do</strong> esporte neste perío<strong>do</strong> foram<br />

sufocadas pela tentativa de pacificar os conflitos<br />

de interesses ou negar-lhes as sua existência. Até<br />

mesmo as indicações <strong>do</strong>s responsáveis pelo esporte<br />

eram feitas pelo governo, o que permitia o favoritismo<br />

e distinções no desenvolvimento da área.<br />

No transcorrer da vigência dessa Lei foi cria<strong>do</strong> o<br />

Conselho Nacional de Desportos (CND) que também<br />

continha os objetivos de fiscalizar e orientar<br />

as atividades esportivas por intermédio de pessoas<br />

de confiança <strong>do</strong> governo. Com a criação <strong>do</strong> CND,<br />

implantou-se o Sistema Desportivo Nacional, assumin<strong>do</strong><br />

a tarefa de coordenar as atividades das<br />

entidades esportivas. O Art. 3º dessa Lei definia o<br />

CND como responsável por disciplinar, financiar e<br />

organizar as associações esportivas, promover a<br />

educação física, afirmar a cultura nacional, garantir<br />

moralidade no esporte profissional, apoiar o esporte<br />

ama<strong>do</strong>r e promover a participação <strong>do</strong> Brasil<br />

3 Esses ideais faziam parte <strong>do</strong> pensamento científico, da época,<br />

que produziu as teorias raciais na tentativa de entendimento<br />

das fontes <strong>do</strong>s problemas e desigualdades sociais, bem<br />

como <strong>do</strong>s povos descobertos e coloniza<strong>do</strong>s pelas potências<br />

européias no início <strong>do</strong> século. Essas teorias possibilitaram as<br />

teses sobre o branqueamento da população brasileira como<br />

resolução para o atraso sócio-econômico, esteve presente<br />

no pensamento que orientou políticas em todas as áreas<br />

e, ainda, o embasamento para tanto para o imperialismo<br />

quanto para o eugenismo desenvolvi<strong>do</strong> pelo nazifacismo.<br />

13<br />

em eventos internacionais. As ações estatais para<br />

o esporte ficaram separadas, houve uma divisão<br />

responsável pela Educação Física enquanto o Conselho<br />

Nacional de Desporto coordenava o sistema<br />

desportivo.<br />

A estrutura das políticas de esporte nesse perío<strong>do</strong><br />

possuía um modelo rígi<strong>do</strong> em que as práticas<br />

esportivas recreativas e participativas eram entendidas<br />

como contrárias à construção <strong>do</strong> ideal de<br />

um indivíduo molda<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>. As ideias de<br />

nacionalismo e patriotismo estavam presentes na<br />

formulação dessas políticas e conectadas ao objetivo<br />

maior de manter toda a sociedade brasileira sob<br />

o controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou, mais precisamente, sob<br />

o controle <strong>do</strong> estadista. O que aponta elementos<br />

presentes de totalitarismo nas concepções políticas<br />

daquele governo.<br />

O Sistema Nacional foi estrutura<strong>do</strong> estimulan<strong>do</strong> as<br />

confederações, federações, ligas e associações esportivas.<br />

Ocorreu uma divisão <strong>do</strong>s tipos de esporte:<br />

esporte militar, esporte universitário e esporte escolar<br />

– chama<strong>do</strong> esporte da juventude, to<strong>do</strong>s com<br />

objetivos bem específicos. O poder público representa<strong>do</strong><br />

pela União, Esta<strong>do</strong>s, Municípios, ficou responsável<br />

pela construção de instalações esportivas,<br />

também assumin<strong>do</strong> o encargo de subvencionar as<br />

entidades esportivas no desenvolvimento de suas<br />

atividades.<br />

É nesse senti<strong>do</strong> que o futebol, como esporte mais<br />

difundi<strong>do</strong> e de gosto popular, começa a receber<br />

atributos construtivos da identidade nacional, potencializa<strong>do</strong><br />

nos momentos das disputas <strong>do</strong>s jogos<br />

da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Os elementos que gestaram<br />

essa popularização, de certa forma, estiveram atrela<strong>do</strong>s<br />

a uma postura <strong>do</strong>s dirigentes públicos que<br />

identificaram no esporte um meio de negação e<br />

substituição de conflitos sociais. É sob essa condição<br />

que o futebol, antes um esporte de elite começa<br />

a ser difundi<strong>do</strong> no seio da modernização brasileira<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


pelos ingleses no início <strong>do</strong> século XX. Em termos de<br />

organização da prática esportiva <strong>do</strong> futebol, essa<br />

era a modalidade que recebia maior montante de<br />

recursos e visibilidade. As outras modalidades ficaram<br />

em segun<strong>do</strong> plano e se desenvolveram de<br />

maneira ama<strong>do</strong>ra.<br />

Os segmentos de esporte que não faziam parte da<br />

normatização foram excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema esportivo<br />

oficial e, portanto, <strong>do</strong> financiamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Diante disso, os dirigentes disputavam a garantia<br />

de manutenção de suas posições utilizan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong><br />

prestigio que lhes era da<strong>do</strong>, o que reforçava e legitimava<br />

a estrutura ora vigente. Também, nesse modelo,<br />

houve um processo de divulgação <strong>do</strong> esporte,<br />

porém sem que acompanhasse a sua democratização.<br />

Havia a ausência de uma política de acesso<br />

ao esporte. A relação da população com o esporte<br />

estava situada meramente na torcida das seleções,<br />

isto é, ser expecta<strong>do</strong>r já era participação no esporte,<br />

ainda que de maneira passiva.<br />

O desenvolvimento de esporte e lazer no transcurso<br />

da história, nas décadas de 1950 e 1960<br />

continuava com a mesma perspectiva com a forte<br />

intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Entretanto, começaram a<br />

surgir gradativamente os Departamentos de <strong>Esporte</strong><br />

e Recreação nos Municípios e nos Esta<strong>do</strong>s. A<br />

gestão pública centraliza<strong>do</strong>ra daquele perío<strong>do</strong> enxergava<br />

no <strong>Esporte</strong>, e particularmente no futebol,<br />

um grande meio de estabelecer intervenções nas<br />

diversas modalidades esportivas, e obter possíveis<br />

vantagens políticas com essas ações. Nesta direção,<br />

havia investimentos por parte <strong>do</strong>s governos<br />

municipais, estaduais e federal, sem regulação ou<br />

critério universal para pagamento de arbitragem<br />

<strong>do</strong>s diversos campeonatos e jogos, compra de uniformes<br />

das equipes, troféus e medalhas para os<br />

vence<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s torneios organiza<strong>do</strong>s pelo poder<br />

público. Em paralelo a estas ações, começaram,<br />

de maneira bastante incisiva, as construções, pelo<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

poder público, de ginásios de esportes e estádios<br />

de futebol.<br />

A ideia de progresso tornou-se emblemática para<br />

esse perío<strong>do</strong>. O desenvolvimento da industrialização,<br />

da urbanização e das massas tem no nacional-desenvolvimentismo<br />

o impulso necessário para<br />

gerar a euforia <strong>do</strong> crescimento. Esse contexto foi<br />

propício ao esporte. Como prática social, o espaço<br />

urbano delimitava o lugar da sua realização separa<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> lugar <strong>do</strong> trabalho, isto é, da indústria. Ícone<br />

da modernização. Esse modelo de gestão pública<br />

centraliza<strong>do</strong>ra, desenvolvida nesse perío<strong>do</strong>, buscava<br />

interferir na estrutura esportiva junto às respectivas<br />

confederações, federações, ligas, clubes e<br />

demais entidades esportivas, manten<strong>do</strong> o Sistema<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> sob forte influência <strong>do</strong> poder<br />

público. A prática esportiva começava a ser inserida<br />

no âmbito escolar com mais força, ocupan<strong>do</strong><br />

gradativamente o espaço da Educação Física.<br />

Esse perío<strong>do</strong> marca um momento considera<strong>do</strong> de<br />

relativa democracia e de otimismo, até o governo<br />

de João Goulart ser considera<strong>do</strong> instável e ameaça<strong>do</strong>r<br />

para a segurança nacional devi<strong>do</strong> a interesses<br />

de determina<strong>do</strong>s grupos da elite no país. Em 1964<br />

as instituições políticas brasileiras são corrompidas<br />

pelo Golpe de Esta<strong>do</strong> perpetra<strong>do</strong> pelos militares. O<br />

esporte chegou à década de 60 envolto em conflitos<br />

e interesses particularistas. No perío<strong>do</strong> da<br />

ditadura militar foi submeti<strong>do</strong> a um controle burocrático<br />

e tecnocrático pelo Esta<strong>do</strong> e sua visibilidade<br />

estava condicionada aos interesses de uma unidade<br />

construída da identidade nacional. Durante os<br />

campeonatos da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, em especial em<br />

1970, a seleção brasileira era enaltecida e o fervor<br />

da torcida incentiva<strong>do</strong> pelo patriotismo a partir<br />

de um ideal da identidade brasileira. O patriotismo,<br />

nesse momento, não surgiu <strong>do</strong> sentimento de<br />

pertencimento desenvolvi<strong>do</strong> a partir de uma comunhão<br />

de cidadania, mas da manipulação e imposição<br />

ideológica.<br />

14


Entre as décadas de 1960 e mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos<br />

1980, a base da gestão pública continuava sustentada<br />

na centralização <strong>do</strong> poder e no autoritarismo.<br />

Cabia aos governantes definir as prioridades para<br />

a demanda social e continuava a intervenção <strong>do</strong>s<br />

governos municipais, estaduais e federal na construção<br />

<strong>do</strong>s estádios de futebol, no financiamento<br />

das equipes esportivas e no fortalecimento da organização<br />

<strong>do</strong> Sistema Desportivo Nacional.<br />

O planejamento no setor esportivo ocorreu de maneira<br />

análoga aos demais setores da burocracia estatal.<br />

A tecnocracia que ocupou esse setor estava<br />

atrelada à centralização que caracterizou o Esta<strong>do</strong><br />

Ditatorial e diferenciou o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anteriores<br />

pelo desenvolvimento de projetos, planos e diretrizes<br />

promovi<strong>do</strong>s, sempre, pelo poder executivo<br />

com ações de regulamentação e legislação. Essa<br />

centralização pode ser reconhecida na criação <strong>do</strong><br />

Departamento de Educação Física e Desportos, <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> da Educação e Cultura que com os recursos<br />

da loteria esportiva, criada em 27/05/1969<br />

pelo (DECRETO-LEI) DEL 594/1969 para prover programas<br />

de educação física e esportes, creditava em<br />

conta <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional de Desenvolvimento da<br />

Educação e cedia apoio financeiro a órgãos públicos<br />

e entidades que integrassem o sistema.<br />

O fato de integrar em um só órgão tinha o objetivo<br />

de reter a autonomia que o sistema estava ganhan<strong>do</strong>,<br />

além de incorporar a Educação Física escolar<br />

no Sistema Esportivo em uma estrutura piramidal<br />

na qual o vértice era o esporte de alto rendimento.<br />

Toda a organização esportiva, os conteú<strong>do</strong>s, méto<strong>do</strong>s<br />

e avaliação da área se estruturavam para a<br />

seletividade e para o rendimento. Não se defendia,<br />

nem se possibilitava a prática esportiva pelo direito,<br />

a formação integral ou direito ao usufruto de um<br />

bem cultural das práticas corporais. O que surge<br />

aparentemente como inovação é a definição das<br />

diferentes maneiras de organização <strong>do</strong> desporto:<br />

comunitário, estudantil, militar e classista, mas os<br />

15<br />

significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conceitos não refletiam a prática,<br />

pois a estrutura piramidal permaneceu em to<strong>do</strong>s os<br />

níveis, principalmente no comunitário, para o qual<br />

to<strong>do</strong>s poderiam migrar. A prática esportiva, quan<strong>do</strong><br />

não direcionada a atletas, tinha como objetivo<br />

a manutenção e o controle da força produtiva <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res. A racionalização <strong>do</strong> trabalho nesse<br />

modelo taylorista em busca da eficiência estendiase,<br />

pela repetição e divisão de tarefas, também à<br />

prática esportiva.<br />

As bases comunitárias e os movimentos sociais<br />

influíram no setor esportivo. Na última etapa da<br />

ditadura militar, o esporte com características burocrático-autoritárias<br />

começava a apresentar sinais<br />

de exaustão. A sociedade pouco a pouco exigia de<br />

volta a democracia, cerceada nos diversos momentos<br />

<strong>do</strong> século XX.<br />

A Ditadura Militar, que havia implanta<strong>do</strong> uma gestão<br />

centraliza<strong>do</strong>ra com forte repressão em to<strong>do</strong>s<br />

os setores, promoveu o crescimento econômico no<br />

senti<strong>do</strong> de manter uma visão desenvolvimentista.<br />

O Milagre Econômico forneceu indústrias pesadas<br />

e de base que possibilitaram o incremento <strong>do</strong>s empregos<br />

e <strong>do</strong>s serviços sociais manti<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

Ainda que não tivesse a estrutura que foi consolidada<br />

na Europa, o perío<strong>do</strong> entre os anos 30 e 70 estabeleceu<br />

uma versão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Bem-Estar Social<br />

no Brasil. Insuficiente, mas já de grande alcance<br />

para um país pobre, analfabeto, oprimi<strong>do</strong>, sem<br />

experiência democrática e de instituições corrompidas.<br />

Essas condições e mais a repressão jurídicomilitar<br />

levaram a população a manter-se submetida<br />

ao poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Porém, como as contradições<br />

<strong>do</strong> sistema foram aprofundadas, à medida que o<br />

modelo foi se degradan<strong>do</strong>, a economia entran<strong>do</strong><br />

em colapso com o grande endividamento externo<br />

e interno, a assistência social sen<strong>do</strong> insuficiente em<br />

seu alcance, as lutas sociais foram se fortalecen<strong>do</strong>.<br />

Principalmente a partir <strong>do</strong> movimento sindical e <strong>do</strong><br />

movimento estudantil que apoia<strong>do</strong>s nas Comuni-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


dades Eclesiais de Base (CEBs), face progressista da<br />

Igreja Católica, promoveram um avanço à abertura<br />

política <strong>do</strong> país.<br />

Em 1971 houve a criação <strong>do</strong> Plano de Educação<br />

Física e Desportos para melhor compreensão <strong>do</strong><br />

contexto que precedeu a regulamentação <strong>do</strong> novo<br />

sistema em 1975. Com justificativas técnicas como<br />

a falta de aptidão física da população, a má qualidade<br />

da Educação Física escolar e o ideal de um<br />

país ativo, saudável e em crescimento, o plano entendeu<br />

a atividade física como direito de to<strong>do</strong>s.<br />

Esse foi um importante traço da primeira referência<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> reconhecen<strong>do</strong> a necessidade de políticas<br />

públicas que considerassem o esporte como<br />

um direito <strong>do</strong>s cidadãos. Dentre seus projetos, a<br />

Campanha Nacional de Desenvolvimento Esportivo<br />

(CNED) destaca-se por ter si<strong>do</strong> importante na utilização<br />

<strong>do</strong> esporte como instrumento para agregar<br />

valor e boa imagem ao governo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> que<br />

sofria com o crescimento das desigualdades e a<br />

repressão aos movimentos sociais. A transmissão<br />

de eventos esportivos foi incentivada para a formação<br />

de uma cultura ufanista em relação ao esporte.<br />

Apesar de estar prevista a duração de 10 anos, a<br />

campanha foi extinta em 1974, por disputas internas<br />

pelo poder e o esporte só foi regulamenta<strong>do</strong><br />

como direito, somente na Constituição de 1988,<br />

ao garantir a autonomia de organização e funcionamento<br />

às entidades de administração e prática<br />

esportiva, além da promoção prioritária <strong>do</strong> esporte<br />

educacional.<br />

A abertura política, 1980, deu início um forte debate<br />

sobre a necessidade de alterações, sistema a<br />

partir de demandas reprimidas advindas das entidades<br />

esportivas, <strong>do</strong>s agentes esportivos e <strong>do</strong> lazer<br />

e da própria sociedade em geral. As mudanças requeridas<br />

influenciaram no conceito <strong>do</strong> esporte, na<br />

inserção <strong>do</strong> termo lazer na pauta de prioridades,<br />

no início da produção <strong>do</strong> conhecimento nesta área,<br />

na alteração da estrutura <strong>do</strong> sistema esportivo e,<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

por fim, impulsionaram uma alteração de gestão<br />

publica.<br />

Seguin<strong>do</strong> as tendências mundiais, principalmente<br />

após a queda <strong>do</strong> muro de Berlim e o fim da Guerra<br />

Fria, o Brasil abre seus merca<strong>do</strong>s à concorrência estrangeira.<br />

Do nacional-desenvolvimentismo voltase<br />

a uma visão liberal de economia. Sem intervenção<br />

direta <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas políticas sociais e impulso<br />

à auto-gestão da sociedade civil, os governos que<br />

se seguiram iniciaram uma espécie de desmonte<br />

das estruturas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Se por um la<strong>do</strong>, os agentes <strong>do</strong> poder público começavam<br />

a debater sobre qual o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

frente aos novos desafios de esporte e lazer, por<br />

outro, as entidades esportivas reivindicavam autonomia<br />

frente às intervenções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e às mudanças<br />

na legislação esportiva. Exatamente nesta<br />

direção que o Art. 217 da Constituição Brasileira<br />

foi construí<strong>do</strong>. Se o caput deste artigo transcreve<br />

sobre o direito <strong>do</strong>s cidadãos na prática de esporte<br />

e lazer, o Parágrafo 1º desta Lei está fundamenta<strong>do</strong><br />

na autonomia das entidades. Este problema,<br />

por sinal, que persiste até os dias atuais, deve ser<br />

equaciona<strong>do</strong> com a definição <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

com concretização e universalização <strong>do</strong> acesso às<br />

práticas de esporte e lazer e com a descrição das<br />

competências das entidades esportivas, conforme<br />

apontou a II Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

O outro fato na transformação <strong>do</strong> esporte no país<br />

foi à regulamentação da Constituição Federal de<br />

1988, efetivada pela Lei-Federal nº. 8.672/93 (conhecida<br />

como Lei Zico). Entre os vários pontos da<br />

Lei, pode-se destacar: A necessidade de redefinição<br />

de papéis <strong>do</strong>s diversos segmentos da sociedade e<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em relação ao esporte e ao futebol mudanças<br />

jurídico-desportiva-institucionais. Não obstante<br />

a essas relações, a ênfase dada na Lei foi a<br />

<strong>do</strong> esporte de alto rendimento, da autonomia das<br />

entidades esportivas e principalmente <strong>do</strong> futebol.<br />

16


A partir de 1994 houve uma atenção mais específica<br />

ao esporte, com a criação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> de<br />

Esta<strong>do</strong> Extraordinário <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, pelo então presidente<br />

Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> o exjoga<strong>do</strong>r<br />

de futebol Edson Arantes <strong>do</strong> Nascimento<br />

- Pelé (1995 a 1998), como Secretário de Desportos<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação, mas que ainda cabia à<br />

Secretaria de Desportos. Esta secretaria foi transformada<br />

no Instituto Nacional de Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Desporto (INDESP), desvincula<strong>do</strong> <strong>do</strong> MEC e subordina<strong>do</strong><br />

ao <strong>Ministério</strong> Extraordinário <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

Em 1998, a pasta de esporte foi unida a de turismo<br />

com a criação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Turismo,<br />

pela Medida Provisória n° 1.794-8, no segun<strong>do</strong><br />

mandato <strong>do</strong> presidente Fernan<strong>do</strong> Henrique. O IN-<br />

DESP, vincula<strong>do</strong> a este órgão, tinha como função<br />

aplicar as deliberações sobre a política e programas<br />

de desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, estabelecer intercâmbio<br />

com órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s e captar<br />

recursos financeiros para financiar projetos na área<br />

esportiva.<br />

A abertura política que o país estava viven<strong>do</strong> possibilitou<br />

que outra abertura em curso no mun<strong>do</strong><br />

começasse a se firmar no Brasil, a abertura econômica.<br />

É nesse senti<strong>do</strong> que as orientações de não<br />

intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas questões econômicas<br />

refletiram também na gestão das políticas sociais.<br />

Com a aprovação de Leis, o Governo Federal começava<br />

a diminuir gradativamente sua interferência<br />

na vida cotidiana das entidades esportivas, pelo<br />

menos no que diz respeito a estrutura de esporte<br />

e lazer, mas não no financiamento. Nitidamente o<br />

esporte e o lazer reproduziam o modelo neoliberal<br />

de desregulamentação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que se instalara<br />

no Brasil na década de 1990.<br />

Uma preocupação com o aumento da participação<br />

da iniciativa privada, que refletia sua mercantilização,<br />

relacionava-se com o financiamento destina<strong>do</strong><br />

ao esporte. Pela regulamentação <strong>do</strong>s jogos de<br />

bingo, eles deveriam, com a finalidade de angariar<br />

17<br />

recursos para o fomento <strong>do</strong> desporto, repassar no<br />

mínimo 7% da receita para a entidade esportiva<br />

associada à empresa de bingo. Era o INDESP e os<br />

Esta<strong>do</strong>s convenia<strong>do</strong>s quem credenciavam as entidades<br />

esportivas, autorizan<strong>do</strong> e fiscalizan<strong>do</strong> as<br />

casas de bingo. Conseqüências ligadas a essa mercantilização<br />

foi a corrupção relacionada ao jogo <strong>do</strong><br />

bingo, a tal ponto que o Instituto Nacional <strong>do</strong> Desporto,<br />

(INDESP) foi envolvi<strong>do</strong> na crise <strong>do</strong>s bingos e<br />

acabou sen<strong>do</strong> extinto e substituí<strong>do</strong> por uma nova<br />

estrutura.<br />

Com o aparente distanciamento da intervenção<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o discurso muda, projeta-se a gestão<br />

tecnocrata com os técnicos das áreas de esporte e<br />

lazer estipulan<strong>do</strong> as prioridades da demanda social.<br />

Embora o processo democrático estivesse avança<strong>do</strong><br />

no país em outras áreas, as políticas públicas<br />

nas áreas de esporte e lazer eram definidas pela<br />

lógica circunscrita no esporte de alto rendimento.<br />

O esporte ao longo das décadas de 80 e 90 passou<br />

por um lento e gradual processo de abertura<br />

democrática. Inclusive o modelo esportivo vigente<br />

pela lei 6.251/75 passou a sofrer críticas e houve<br />

discussões sobre mudanças.<br />

Nesse contexto foi envia<strong>do</strong> ao Congresso o PL nº<br />

956/ 91, que posteriormente foi aprova<strong>do</strong> e transformou-se<br />

na Lei 8.672/93, conhecida como Lei<br />

Zico, que pôs fim à tutela <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ao esporte.<br />

Mas as alterações pautavam-se muito na autonomia<br />

das entidades esportivas, abrin<strong>do</strong> a possibilidade<br />

<strong>do</strong>s clubes esportivos se tornarem empresas,<br />

na livre iniciativa e pouco na democratização <strong>do</strong><br />

acesso ao esporte. Nessa condição, o esporte passou<br />

a seguir os interesses <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. O esporte<br />

de rendimento, que influenciava as outras dimensões<br />

<strong>do</strong> esporte, tinha maior aporte <strong>do</strong>s recursos<br />

destina<strong>do</strong>s ao setor, passou a incorporar a lógica<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, a exportação de joga<strong>do</strong>res, os patrocínios<br />

de grandes times de futebol e a outras<br />

modalidades emergentes. A iniciativa privada per-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


cebeu as vantagens de incorporar o esporte à suas<br />

estratégias de marketing.<br />

A estrutura desse Sistema Brasileiro <strong>do</strong> Desporto<br />

apresentou poucas alterações em relação ao sistema<br />

anterior, não refletin<strong>do</strong> a variedade de segmentos<br />

representativos <strong>do</strong> esporte. Foi integra<strong>do</strong><br />

pelo Conselho Superior de Desporto, de caráter<br />

consultivo e normativo, o antigo Conselho Nacional<br />

Desportivo, no qual seus representantes permaneceram<br />

sen<strong>do</strong> o alto rendimento, sem os poderes<br />

arbitrários de antigamente, a Secretaria de Desporto<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação e <strong>do</strong> Desporto e os<br />

Sistemas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais<br />

Desportivos com autonomia para constituírem seus<br />

próprios sistemas. A Lei Zico, no entanto, não avançou,<br />

nem propiciou a participação popular e a descentralização<br />

<strong>do</strong> processo de tomada de decisões.<br />

Dessa forma, o esporte ainda não tinha consegui<strong>do</strong><br />

caminhar em direção à sua democratização. Não<br />

conseguiu, ainda, concretizar-se como direito porque<br />

a lei que previa o esporte como direito não<br />

definiu meios para sua efetivação.<br />

Logo após a implantação da Lei Zico, ocorre uma<br />

nova mudança na legislação brasileira. Surge a Lei<br />

nº. 9.615 (conhecida como Lei Pelé), que foi aprovada<br />

em 25 de março de 1998. O futebol encontrava-se<br />

no centro das atenções. O conteú<strong>do</strong> dessas<br />

duas leis destacou o futebol e suas prerrogativas<br />

deixan<strong>do</strong> as discussões sobre a estrutura esportiva<br />

relegada a um segun<strong>do</strong> plano.<br />

A Lei Pelé, que regula o presente Sistema Brasileiro<br />

<strong>do</strong> Desporto, foi sancionada com a finalidade de<br />

aperfeiçoar a Lei Zico. Apesar de tratar o esporte<br />

de forma geral, suas principais conseqüências foram<br />

mudanças no futebol, principalmente o fim<br />

<strong>do</strong> “passe livre”. No entanto, a liberação <strong>do</strong> passe<br />

ocorreu sem regulamentar ou assegurar os direitos<br />

<strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res. A estrutura permaneceu quase a<br />

mesma. A composição <strong>do</strong> sistema inclui o Ministé-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

rio <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Turismo substituin<strong>do</strong> a Secretaria<br />

de Desporto <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação e <strong>do</strong> Desporto;<br />

o Conselho de Desenvolvimento <strong>do</strong> Desporto<br />

Brasileiro que com a lei 10.672/03 passou a ser o<br />

Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>; os Sistemas Federal,<br />

Estaduais, Distrital e Municipais Desportivos com<br />

autonomia para estabelecerem seus próprios sistemas.<br />

O Comitê Olímpico Brasileiro constituiu-se<br />

como subsistema <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> Desporto<br />

e recebeu uma posição central na medida em que a<br />

Lei Pelé colocou como foco <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong><br />

Desporto o esporte de alto rendimento e vinculou<br />

a aquela entidade o repasse de recursos financeiros<br />

destina<strong>do</strong>s ao esporte.<br />

As mudanças na legislação não foram tão profundas<br />

como se pretendia inicialmente, vez que<br />

se mantiveram alguns privilégios. Era necessário<br />

o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s mecanismos regulatórios<br />

tanto como se desejava reduzir as desigualdades.<br />

Porém, conservan<strong>do</strong> os princípios da lei anterior, as<br />

maiores mudanças ficaram no âmbito <strong>do</strong> esporte<br />

profissional, em que se previu o fim da lei <strong>do</strong> passe<br />

na profissionalização <strong>do</strong>s clubes, a autonomia das<br />

empresas e a fiscalização <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> Público. A<br />

essência <strong>do</strong> conceito de esporte e da estrutura legislativa<br />

da área foi mantida na Lei Pelé.<br />

O contexto de mudanças sociais que se seguiu ao<br />

fim da ditadura acompanhou as mudanças em curso<br />

no mun<strong>do</strong> e também possibilitou que a população<br />

brasileira experimentasse novos cenários de<br />

participação e interferência social. Foi nesse “espírito”<br />

que as manifestações em defesa <strong>do</strong> debate<br />

democrático e da lisura política abriram a amplitude<br />

das discussões sobre os problemas sociais brasileiros.<br />

A dimensão e o alcance das condições de<br />

atraso social evidenciaram as décadas sofridas de<br />

um Esta<strong>do</strong> Autoritário que colocou interesses particularistas<br />

à frente <strong>do</strong> interesse da nação.<br />

18


Foi nesse esteio que as reivindicações para o esporte<br />

também se articularam ao novo panorama de<br />

possibilidades que a volta à democracia criava. No<br />

que tange ao processo de democratização sofri<strong>do</strong><br />

pelo esporte nos anos 90, a sua real abertura para<br />

a participação popular e a contribuição <strong>do</strong>s mais<br />

diferentes setores da sociedade brasileira sobre os<br />

caminhos das políticas sociais no esporte, só veio a<br />

ser concretiza<strong>do</strong> a partir de 2003.<br />

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro<br />

de 2003 criou um <strong>Ministério</strong> próprio para o esporte.<br />

A mudança de governo nesse ano foi um marco<br />

para o esporte e lazer. Sob a percepção de que a<br />

participação popular, o controle social, a descentralização<br />

<strong>do</strong>s mecanismos de gestão, o envolvimento<br />

<strong>do</strong>s movimentos organiza<strong>do</strong>s da sociedade,<br />

a ênfase no diagnóstico, a orientação consistente,<br />

a responsabilidade e o compromisso são itens fundamentais<br />

para a elaboração de políticas públicas e<br />

sociais, novos rumos começaram a ser visualiza<strong>do</strong>s<br />

para o esporte e lazer.<br />

O Brasil tem vivencia<strong>do</strong>, após décadas de dificuldades<br />

e problemas, momentos de grandes avanços<br />

em todas as áreas. Frente à concorrência internacional<br />

e ao merca<strong>do</strong> financeiro, o país tem se mostra<strong>do</strong><br />

capaz de ir além <strong>do</strong> emblema de desigualdades,<br />

pobreza e marginalização. São recuperações<br />

que ainda se mostram insuficientes para dar conta<br />

das dimensões de nossos problemas, mas que possibilitam<br />

um grande otimismo quanto à efetividade<br />

das ações que têm si<strong>do</strong> desenvolvidas pela esfera<br />

governamental. Isso, claro, demonstra também o<br />

potencial presente na nação brasileira para a superação.<br />

É nesse prisma que a necessidade de democratização<br />

<strong>do</strong> esporte o coloca no plano <strong>do</strong>s direitos. A<br />

partir <strong>do</strong> instante em que se ampliam as oportunidades<br />

e o acesso a essas oportunidades, que se<br />

pauta pela inclusão social e que o Esta<strong>do</strong> assume<br />

19<br />

a obrigação em garantir essas condições, o esporte<br />

assume o seu caráter público e de direito. É na<br />

esfera <strong>do</strong>s direitos sociais que a visualização da democratização<br />

<strong>do</strong> esporte chega.<br />

No percurso de to<strong>do</strong> um século, as demandas <strong>do</strong>s<br />

diversos atores, no campo das políticas de esporte,<br />

estiveram submetidas a interesses políticos desconecta<strong>do</strong>s<br />

da realidade das experiências e <strong>do</strong>s<br />

problemas cotidianos da sociedade, mas volta<strong>do</strong>s<br />

aos interesses de grupos hegemônicos. Fornecer<br />

definição clara, a partir de critérios consistentes, e<br />

pautar-se pela ética buscan<strong>do</strong> a realização conjunta<br />

com a população são prerrogativas da atuação<br />

da gestão pública que se iniciou em 2003. A criação<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e a realização da I<br />

Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, em 2004, e da<br />

II Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, em 2006, foram<br />

processos decisivos para a formulação da Política<br />

Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005) e <strong>do</strong>s princípios,<br />

diretrizes e as bases para a construção <strong>do</strong> Sistema<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer. Esses foram marcos<br />

estruturantes da política pública para o setor.<br />

A decisão <strong>do</strong> governo de realizar a primeira Conferência<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong>, em 2004 demonstrou<br />

que, enfim, o processo democrático instala<strong>do</strong><br />

no Brasil, na década de 1980, chegou às áreas<br />

de esporte e lazer. Com a ampla participação<br />

popular e das entidades esportivas, obteve-se<br />

como resulta<strong>do</strong> deste debate a Política Nacional<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (PNE, 2005). A sua base foi o entendimento<br />

de que a cultura corporal é imprescindível<br />

para o desenvolvimento humano pleno, assim<br />

como a sua conquista depende da inclusão social.<br />

Como conhecimento inalienável de to<strong>do</strong> cidadão,<br />

o esporte tem que ser efetiva<strong>do</strong> como prática acessível<br />

a to<strong>do</strong>s sem distinções.<br />

Sob essa perspectiva, democratizar e universalizar<br />

o acesso ao esporte e lazer, melhorar a qualidade<br />

de vida da população brasileira, promover a cons-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


trução e o fortalecimento da cidadania, assegurar<br />

o acesso às práticas esportivas e ao conhecimento<br />

científico-tecnológico, descentralizar a gestão das<br />

políticas públicas de esporte e lazer, fomentar a<br />

prática esportiva de caráter educativo e participativo<br />

para toda a população, fortalecer a identidade<br />

cultural esportiva com ações integradas a outros<br />

segmentos, incentivar o desenvolvimento de talentos<br />

esportivos e aprimorar o desempenho de atletas<br />

e paraatletas de alto rendimento promoven<strong>do</strong><br />

a democratização dessa manifestação esportiva<br />

são os objetivos da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

(2005).<br />

Conferir concretude à Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

(2005) significa dar unidade meto<strong>do</strong>lógica, conceitual<br />

e política para se alçar novos patamares de<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> país. Desta forma faz-se necessário<br />

conhecer de forma articulada as ações que<br />

conferem materialidade e consistência à política de<br />

esporte vigente. Fruto de diálogo social, resultante<br />

das edições da CNE, planejamento estratégicos,<br />

setoriais <strong>do</strong> Plano Plurianual - PPA e de decisiva direção<br />

política, o Ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> estabeleceu,<br />

como intuito de gestão, o Plano Nacional de Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> 2007-2010.<br />

Esse plano estruturou-se em linhas estratégicas<br />

que organizaram prioridades, metas e os setores<br />

responsáveis. Vale destacar as linhas e programas<br />

correspondentes que permitam uma visão geral e<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

inseparável <strong>do</strong> to<strong>do</strong> que constitui o conjunto de atividades<br />

desenvolvidas pelas Secretarias Nacionais e<br />

Secretaria Executiva <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

Os eixos da estrutura <strong>do</strong> plano foram defini<strong>do</strong>s como<br />

Inclusão Social pelo <strong>Esporte</strong> e Lazer, Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento, Infraestrutura<br />

e Desenvolvimento Institucional. Nas atividades <strong>do</strong><br />

eixo Inclusão Social pelo <strong>Esporte</strong> e Lazer ficaram defini<strong>do</strong>s<br />

o desenvolvimento <strong>do</strong>s seguintes programas:<br />

Segun<strong>do</strong> Tempo, Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, Pintan<strong>do</strong><br />

a Cidadania e <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade. No eixo<br />

Desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />

o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> desenvolve os programas:<br />

Brasil no <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento, Futebol: Patrimônio<br />

<strong>do</strong> Brasil, e Promoção de Grandes Eventos<br />

Esportivos. No eixo de Infraestrutura são defini<strong>do</strong>s<br />

Equipamentos esportivos e de lazer nas escolas e<br />

universidades e Praça da Juventude. E por fim, o<br />

eixo Desenvolvimento Institucional com o Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer,<br />

Financiamento e Indústria <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> no Brasil.<br />

Esses programas e ações se articulam com a gestão<br />

que é aperfeiçoada a cada tempo determina<strong>do</strong><br />

acompanhan<strong>do</strong> o movimento real de esporte e lazer.<br />

Essa articulação apresenta, enquanto prática<br />

social, as condições necessárias para fazer <strong>do</strong> esporte<br />

em menos de oito anos uma das principais<br />

áreas de consolidação de políticas sociais importantes<br />

e impulso ao desenvolvimento nacional.<br />

20


Secretaria Executiva


<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

22


A Secretaria Executiva - SE auxilia o Ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

na supervisão e coordenação das atividades<br />

das secretarias nacionais, integradas à estrutura <strong>do</strong><br />

ministério, e na definição das diretrizes e políticas<br />

no âmbito da Política Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005).<br />

Também supervisiona e coordena as atividades relacionadas<br />

aos sistemas federais de planejamento e<br />

orçamento, organização e modernização administrativa,<br />

recursos humanos e de serviços gerais.<br />

Vem contribuin<strong>do</strong> com avanços significativos no<br />

âmbito <strong>do</strong> fortalecimento institucional <strong>do</strong> esporte<br />

e lazer, demarca<strong>do</strong>s pela articulação <strong>do</strong>s vários órgãos<br />

e esferas governamentais, sobremaneira em<br />

2008 e 2009. Os esforços para a conquista da candidatura<br />

<strong>do</strong> Rio às Olimpíadas e Paraolimpíadas de<br />

2016, são emblemáticos e englobou 27 órgãos da<br />

administração federal. Some-se a isso, a conquista<br />

das garantias governamentais necessárias a preparação<br />

<strong>do</strong> país para realização da Copa Mundial de<br />

Futebol, em 2014.<br />

A Secretaria Executiva teve atuação preponderante<br />

nessas articulações que, além de assegurar sintonia<br />

entre o planejamento e a execução orçamentária,<br />

assiste diretamente ao Ministro e seu Gabinete na<br />

implementação <strong>do</strong> Plano Nacional de Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> 2007-2010.<br />

Para potencializar a execução <strong>do</strong>s seus programas<br />

sociais, o ME buscou intensificar parcerias que permitiu<br />

maior integração com outros programas <strong>do</strong><br />

Governo Federal, em especial, com aqueles volta<strong>do</strong>s<br />

à promoção da inclusão social com a redução<br />

das desigualdades e garantia <strong>do</strong>s direitos humanos,<br />

atitude que se soma ao ensejo de inserir o esporte<br />

e o lazer na agenda <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />

país. A Secretaria Executiva procura, na elaboração<br />

<strong>do</strong>s Planos de Ação Anuais, efetivar os objetivos<br />

estratégicos da gestão. Desta forma, articula as secretarias<br />

finalísticas para que a execução <strong>do</strong>s seus<br />

programas e ações converjam com os Objetivos de<br />

23<br />

Governo, em especial, a promoção da inclusão social<br />

com a redução das desigualdades e o fortalecimento<br />

da democracia com transparência, diálogo<br />

social e garantia <strong>do</strong>s direitos humanos, estrutura<strong>do</strong>s<br />

em quatro objetivos setoriais:<br />

1) Fortalecer o esporte de alto rendimento, elevan<strong>do</strong><br />

o nível esportivo <strong>do</strong> país .<br />

2) Promover o desenvolvimento humano e a inclusão<br />

social por meio de esporte e lazer, em todas<br />

as suas dimensões.<br />

3) Democratizar e universalizar o acesso ao esporte<br />

e lazer, em todas as suas dimensões.<br />

4) Implementar e desenvolver o Sistema Nacional<br />

de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />

Tais objetivos integra<strong>do</strong>s buscam a inserção <strong>do</strong> esporte<br />

e lazer na pauta <strong>do</strong> desenvolvimento nacional.<br />

O fortalecimento institucional, para o <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, também se expressa no aperfeiçoamento<br />

<strong>do</strong> aparato legal e a reestruturação <strong>do</strong> Sistema<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

a Secretaria Executiva que coordena o processo da<br />

<strong>III</strong> Conferência Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> tem realiza<strong>do</strong><br />

reuniões com os diversos segmentos <strong>do</strong> esporte,<br />

no âmbito <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, com<br />

representantes das Secretarias Nacionais e com<br />

outros agentes externos como consultores, especialistas<br />

e gestores, para preparar os <strong>do</strong>cumentos<br />

e o debate e sobre o Plano Decenal de <strong>Esporte</strong> e<br />

Lazer, asseguran<strong>do</strong> as resoluções das conferências<br />

anteriores.<br />

Com este instrumento, permea<strong>do</strong> pela vontade<br />

popular, será possível conquistar, num horizonte<br />

estratégico, caminhos para a universalização <strong>do</strong><br />

acesso ao esporte e ao lazer, a projeção <strong>do</strong> país<br />

como potência esportiva, garantin<strong>do</strong> a elevação da<br />

cultura esportiva <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />

A seguir serão apresentadas as ações sob a responsabilidade<br />

da Secretaria Executiva<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


PRAÇA DA JUVENTUDE<br />

Resulta<strong>do</strong> de debates e estu<strong>do</strong>s que destacam a importância<br />

<strong>do</strong> espaço físico para prática <strong>do</strong> esporte,<br />

o projeto Praça da Juventude foi cria<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> como meio para levar ao espaço de<br />

convivência das comunidades, equipamentos para<br />

a prática qualificada <strong>do</strong> esporte e aumentar os instrumentos<br />

de interatividade principalmente para a<br />

juventude.<br />

De acor<strong>do</strong> com o resulta<strong>do</strong> da I Conferência Nacional<br />

da Juventude, uma das demandas mais reivindicadas<br />

pelos jovens brasileiros são as políticas públicas<br />

de esporte. Entenden<strong>do</strong> as reivindicações da<br />

parcela mais jovem da população brasileira, e compreenden<strong>do</strong><br />

a extensão <strong>do</strong>s valores relaciona<strong>do</strong>s ao<br />

esporte e seu impacto direto no teci<strong>do</strong> social, outros<br />

agentes se somam ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> para garantir<br />

a construção das Praças da Juventude e fortalecer<br />

os benefícios que se agregam à proposta.<br />

Assim o Programa Nacional de Segurança Pública<br />

com Cidadania (PRONASCI), <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Justiça,<br />

tornou-se um <strong>do</strong>s principais parceiros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, na implementação das primeiras<br />

Praças em áreas metropolitanas e capitais, em vários<br />

esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país, investin<strong>do</strong> no propósito de incentivar<br />

a inclusão social, a promoção da saúde e a prevenção<br />

da violência, usan<strong>do</strong> a cultura da paz como<br />

estratégia de transformação da sociedade.<br />

Mais que um espaço público, a Praça da Juventude<br />

deve proporcionar ludicidade e incentivar a autoorganização,<br />

além de valorizar a identidade das comunidades<br />

que a recebem. No projeto original está<br />

previsto para cada Praça da Juventude uma área de<br />

7mil m², distribuí<strong>do</strong>s em um complexo que conta<br />

com ginásio poliesportivo, campo de futebol, quadra<br />

de vôlei de praia, pista de atletismo, pista de<br />

skate, sala de ginástica, teatro de arena, centro de<br />

convivência da terceira idade e setor de administra-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

ção, onde serão desenvolvidas de forma multidisciplinar<br />

atividades culturais e esportivas.<br />

Os espaços são ajustáveis às necessidades <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s<br />

e abrigará ações de outros programas<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a exemplo <strong>do</strong> Programa<br />

Segun<strong>do</strong> Tempo e <strong>do</strong> Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer nas<br />

Cidades – PELC. Essa experiência permite instituir<br />

modelos de gestão interativa e compartilhada, instituin<strong>do</strong><br />

valores como a responsabilidade coletiva e<br />

respeito ao patrimônio público.<br />

O padrão proposto materializa o conceito de gestão<br />

compartilhada e utilização <strong>do</strong>s espaços urbanos<br />

públicos propostos e aprova<strong>do</strong>s na II Conferência<br />

Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e exige acompanhamento e<br />

avaliação processual desde a implantação, até a<br />

utilização <strong>do</strong>s espaços, com motivação de ações integradas.<br />

Os recursos investi<strong>do</strong>s na infraestrutura podem ser<br />

capta<strong>do</strong>s por meio de emendas parlamentares, convênios<br />

específicos ou com <strong>do</strong>tação própria <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>. A contrapartida é a mesma prevista<br />

em lei para qualquer repasse de obra de infraestrutura<br />

e varia de acor<strong>do</strong> com a região.<br />

O projeto pode ser pleitea<strong>do</strong> pelas prefeituras e governos<br />

estaduais. A propriedade <strong>do</strong> terreno deve ser<br />

<strong>do</strong> ente que firmará o contrato para execução da<br />

obra e deve estar nivela<strong>do</strong> e corresponder à área mínima<br />

exigida. Aqui a parceria com o poder público<br />

deve reverter-se em política estruturante e perene,<br />

viabilizan<strong>do</strong> a integração entre governo e sociedade<br />

em um espaço geri<strong>do</strong> de forma compartilhada.<br />

Na medida em que esta nova experiência provoque<br />

o enraizamento da juventude na comunidade, a<br />

convivência intergeracional, e estimule valores como<br />

o trabalho em equipe e conceitos relaciona<strong>do</strong>s à ética<br />

desportiva, gradativamente estaremos melhoran<strong>do</strong><br />

a qualidade de vida e redescobrin<strong>do</strong> o potencial<br />

criativo <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />

24


PINTANDo A LIbERDADE<br />

O programa Pintan<strong>do</strong> a Liberdade contribui com a<br />

ressocialização de apena<strong>do</strong>s oferecen<strong>do</strong> uma oportunidade<br />

de reinserção social através <strong>do</strong> trabalho.<br />

Realiza<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong> Sistema Penitenciário Nacional,<br />

o programa oferece aos detentos <strong>do</strong> país uma oportunidade<br />

de trabalho por meio da confecção de material<br />

e equipamentos esportivos.<br />

Dentro das unidades instaladas pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong> nos presídios, são confeccionadas redes e<br />

bolas de seis modalidades, uniformes, agasalhos,<br />

bolsas, bonés, sacolas e bandeiras. O programa está<br />

em funcionamento em 26 esta<strong>do</strong>s e no Distrito Federal.<br />

A mão-de-obra envolvida supera o número de<br />

12 mil presos beneficia<strong>do</strong>s.<br />

To<strong>do</strong> o material produzi<strong>do</strong>, cerca de um 1,8 milhão<br />

de itens esportivos por ano, é distribuí<strong>do</strong> aos programas<br />

sociais <strong>do</strong> próprio ministério e em escolas<br />

da rede pública <strong>do</strong> país, benefician<strong>do</strong> cerca de 6 milhões<br />

de estudantes.<br />

A participação <strong>do</strong> preso é voluntária. A cada três<br />

dias trabalha<strong>do</strong>s ele ganha a redução de um dia na<br />

pena. O interno ocupa o tempo ocioso, aprende<br />

a uma profissão e recebe por produção. O valor é<br />

pago em duas etapas: uma parte durante o cumprimento<br />

da pena e outra, depois.<br />

Preocupação com o Meio Ambiente<br />

De forma concreta, as ações da Política Nacional<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005) resultam em grande potencial da<br />

tecnologia esportiva, graças ao investimento na ciência,<br />

na pesquisa e na evolução de equipamentos.<br />

Nas fábricas <strong>do</strong> Pintan<strong>do</strong> a Liberdade são realizadas<br />

experiências com novos materiais, incentivan<strong>do</strong> o<br />

uso inteligente <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> meio ambiente. É o<br />

caso das bolas ecológicas. Produzida por detentos<br />

da penitenciária de Rio Branco (AC), o látex é mistu-<br />

25<br />

ra<strong>do</strong> com resinas de cascas de árvores e adiciona<strong>do</strong><br />

a um teci<strong>do</strong> composto de retalhos de lonas usadas<br />

em caminhões. Seco, o material, chama<strong>do</strong> couro<br />

ecológico, é recorta<strong>do</strong> com base em uma forma e<br />

costura<strong>do</strong> com linha encerada.<br />

As cores são produzidas a partir de resinas naturais.<br />

Por ser produzida como matéria prima extraída da<br />

natureza, a bola ecológica é utilizada para uso em<br />

recreação e decompõe-se totalmente em alguns<br />

meses. As bolas industriais, ao contrário, podem<br />

demorar mais de um século para serem absorvidas<br />

pelo meio ambiente.<br />

Foto: Acervo ME<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Tecnologia e Redução da Reincidência<br />

Enfrentan<strong>do</strong> o desafio de elevar a qualidade <strong>do</strong> material<br />

produzi<strong>do</strong>, o programa realiza um trabalho de<br />

sucesso na cidade de Feira de Santana (BA). Utilizan<strong>do</strong><br />

a mão-de-obra de 1.200 pessoas entre jovens ex-internos<br />

da Fazenda <strong>do</strong> Menor, detentos <strong>do</strong> Complexo<br />

Penitenciário e 700 trabalha<strong>do</strong>ras na periferia, o Pintan<strong>do</strong><br />

a Liberdade contribui com a redução <strong>do</strong> índice<br />

de reincidência criminal e supera barreiras produzin<strong>do</strong><br />

bolas para cegos com padrão profissional.<br />

Feitas com guizos sonoros, para atrair e orientar joga<strong>do</strong>res<br />

deficientes visuais ou cegos, a bola fornecida<br />

pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro é a<br />

única no mun<strong>do</strong> reconhecida para uso em competições<br />

oficiais de futebol de cinco. O produto é homologa<strong>do</strong><br />

pela Federação Internacional de <strong>Esporte</strong>s para<br />

Cegos (IBSA), com sede na Espanha. Nas últimas paraolimpíadas<br />

(Pequim, na China), um total de 100 bolas<br />

brasilerias com guizo foram utilizadas.<br />

Avançan<strong>do</strong> na Liberdade<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> amplia seu raio de ação<br />

chegan<strong>do</strong> às penitenciárias federais <strong>do</strong> Brasil. Por<br />

medida de segurança, o trabalho envolve apenas a<br />

costura manual de bolas e se soma às atividades ressocialização<br />

em presídios estaduais.<br />

Além da qualificação profissional, o Pintan<strong>do</strong> a Liberdade<br />

promove o resgate da auto-estima <strong>do</strong>s internos<br />

e prova que é possível de forma intersetorial<br />

garantir o direito a cidadania e ajudar na construção<br />

de uma nação mais forte e solidária.<br />

Pintan<strong>do</strong> a Cidadania<br />

No âmbito da consolidação de direitos sociais, o <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> busca desenvolver políticas públicas<br />

calcadas no desenvolvimento e no fortalecimento da<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

identidade sócio-cultural <strong>do</strong> povo brasileiro, elevan<strong>do</strong><br />

sua auto-estima e buscan<strong>do</strong> mobilizar a sociedade<br />

para soluções de suas demandas.<br />

O programa Pintan<strong>do</strong> a Cidadania aparece como<br />

uma solução inova<strong>do</strong>ra e oferece uma alternativa de<br />

inclusão social, emprego e renda aos mora<strong>do</strong>res de<br />

comunidades em risco social. Por meio de cooperativas<br />

de trabalho mais de quatro mil pessoas de baixa<br />

renda, em sete cidades brasileiras e uma africana,<br />

recebem salário pela confecção de redes e bolas de<br />

seis modalidades, uniformes, agasalhos, bolsas, bonés,<br />

sacolas e bandeiras.<br />

O Pintan<strong>do</strong> a Cidadania traz o diferencial da produção<br />

de jogos de xadrez, de jogos de damas e de pistas<br />

de atletismo. A exemplo <strong>do</strong> que acontece com<br />

o Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, to<strong>do</strong> o material esportivo<br />

produzi<strong>do</strong> é distribuí<strong>do</strong> gratuitamente e tem como<br />

destino as escolas públicas brasileiras, os programas<br />

sociais <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> como Segun<strong>do</strong><br />

Tempo e <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade (PELC) e países<br />

com os quais a pasta mantém relações de cooperação<br />

internacional.<br />

Dentro de seu programa de desenvolvimento --<br />

abarcan<strong>do</strong> uma visão mais ampla <strong>do</strong> potencial <strong>do</strong><br />

esporte como instrumento de inclusão social -- o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> busca o diálogo interministerial<br />

e estimula a articulação de entidades públicas e<br />

privadas para discutir e implementar novas unidades<br />

<strong>do</strong> programa.<br />

Destacan<strong>do</strong> o trabalho na confecção de materiais<br />

esportivos como possibilidade de acesso aos direitos<br />

fundamentais da população, o Pintan<strong>do</strong> a Cidadania<br />

se constitui também como importante ação no<br />

campo da cooperação internacional. Como forma<br />

de colaborar com a massificação <strong>do</strong> esporte nas 12<br />

províncias de Moçambique, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

<strong>do</strong> governo brasileiro <strong>do</strong>ou ao governo <strong>do</strong> país africano<br />

uma fábrica de produção de 7.500 bolas de<br />

26


asquete, futebol, vôlei, handebol e futsal, atenden<strong>do</strong><br />

a 150 mil jovens em programas sociais.<br />

A fábrica funciona na capital moçambicana de Maputo<br />

e gera emprego e renda para 56 costura<strong>do</strong>res<br />

de bola que foram capacita<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro. As bolas serão utilizadas<br />

em um grande programa nacional desportivo <strong>do</strong><br />

governo moçambicano, que inclui escolas públicas,<br />

times de futebol, equipes esportivas e entidades que<br />

trabalham com o desporto social.<br />

A atuação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> através <strong>do</strong><br />

Pintan<strong>do</strong> a Cidadania mostra que é possível, a<br />

partir <strong>do</strong> debate coletivo, encontrar soluções que<br />

possibilitem fazer o enfrentamento da violência, a<br />

promoção da paz, o direito a cidadania e a integração<br />

internacional.<br />

LEI DE INCENTIVo Ao EsPoRTE<br />

Mais que um aparato legal, a Lei 11.438/06 -- conhecida<br />

como Lei de Incentivo ao <strong>Esporte</strong> -- significa um<br />

avanço na construção de um paradigma diferencia<strong>do</strong><br />

na concepção <strong>do</strong> esporte como direito constitucional.<br />

A Lei possibilita que pessoas físicas e jurídicas descontem<br />

<strong>do</strong> Imposto de Renda <strong>do</strong>ações ou patrocínios<br />

para realização de projetos esportivos.<br />

Regulamentada pelo Decreto 6.180/07, esta legislação<br />

permite ao Governo Federal instituir uma política<br />

de financiamento que mobilize, articule, diversifique<br />

e dinamize tais recursos. Assim, a Lei de Incentivo<br />

se constitui como uma importante ferramenta para<br />

o fortalecimento de uma política que evidencie o<br />

esporte como ação integrada e complementar ao<br />

desenvolvimento humano.<br />

As <strong>do</strong>ações de que trata a Lei podem ser direcionadas<br />

apenas para apoio direto a projetos aprova<strong>do</strong>s<br />

pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e avalia<strong>do</strong>s pela Comissão<br />

Técnica, que é composta por seis membros, en-<br />

27<br />

tre representantes <strong>do</strong> Governo e da sociedade civil.<br />

As deduções, a título de patrocínio, estão limitadas<br />

em 1% para Pessoa Jurídica e 6% para Pessoa Física,<br />

na declaração de ajuste anual.<br />

No âmbito das propostas a serem analisadas, considera-se<br />

projeto desportivo o conjunto de ações<br />

organizadas por entidades de natureza esportiva,<br />

destina<strong>do</strong> à implementação, à prática, ao ensino, ao<br />

estu<strong>do</strong>, à pesquisa e ao desenvolvimento <strong>do</strong> desporto,<br />

atenden<strong>do</strong> a pelo menos uma das manifestações<br />

previstas no art. 4º <strong>do</strong> Decreto 6.180/07. Ou seja,<br />

atenden<strong>do</strong> ao desporto educacional, de participação<br />

e/ou de rendimento. As ações devem ter como<br />

princípio a garantia <strong>do</strong> interesse público e da democratização<br />

<strong>do</strong> acesso aos bens e serviços resultantes<br />

<strong>do</strong>s projetos incentiva<strong>do</strong>s.<br />

Conforme a Lei Pelé, que orientou a Lei de Incentivo,<br />

entende-se como de cunho educacional os<br />

projetos cujo público beneficiário seja de alunos regularmente<br />

matricula<strong>do</strong>s em instituição de ensino<br />

de qualquer sistema, evitan<strong>do</strong>-se a seletividade e a<br />

hipercompetitividade de seus praticantes.<br />

O desporto de Participação é caracteriza<strong>do</strong> pela prática<br />

voluntária, com finalidade de contribuir para a integração<br />

<strong>do</strong>s praticantes na plenitude da vida social, na<br />

promoção da saúde e educação, e na preservação <strong>do</strong><br />

meio ambiente. Por desporto de Rendimento pode ser<br />

entendi<strong>do</strong> aquele pratica<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as regras nacionais<br />

e internacionais, com a finalidade de obter resulta<strong>do</strong>s,<br />

integrar pessoas e comunidades <strong>do</strong> País, e estas<br />

com as de outras nações.<br />

Para propor programas que recebam os benefícios<br />

da Lei de Incentivo as entidades precisam ter natureza<br />

esportiva, sem fins econômicos, e ter CNPJ registra<strong>do</strong><br />

há mais de um ano. Os recursos provenientes<br />

da Lei de Incentivo não podem ser utiliza<strong>do</strong>s para<br />

pagamento de remuneração aos atletas profissionais,<br />

atividades de alto rendimento ou competições<br />

profissionais.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


O pedi<strong>do</strong> de avaliação deve ser dirigi<strong>do</strong> à Comissão<br />

Técnica, com a indicação da manifestação<br />

desportiva. O projeto deve conter justificativa,<br />

objetivos, cronograma de execução física e financeira,<br />

estratégia de ação, metas qualitativas e<br />

quantitativas e plano de aplicação <strong>do</strong>s recursos.<br />

Além disso, deve constar orçamento analítico e<br />

comprovação de que os preços orça<strong>do</strong>s são compatíveis<br />

com os pratica<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong>.<br />

Os proponentes devem fazer o cadastro, elaborar<br />

o projeto preenchen<strong>do</strong> os formulários, anexar a<br />

<strong>do</strong>cumentação necessária e enviar ao protocolo<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>, onde será analisa<strong>do</strong> pela Comissão<br />

Técnica. Verificada sua viabilidade técnica e<br />

orçamentária, receberá o parecer de aprovação<br />

total, parcial ou indeferimento. Com o pronunciamento<br />

da comissão responsável, pode ainda<br />

ser feito um pedi<strong>do</strong> de reconsideração no prazo<br />

de até cinco dias da decisão.<br />

Todas essas particularidades estão retratadas no<br />

site <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (www.esporte.gov.<br />

br), que contém um manual <strong>do</strong> usuário detalhan<strong>do</strong><br />

a <strong>do</strong>cumentação exigida e instruin<strong>do</strong> quanto<br />

aos procedimentos necessários.<br />

Sensibilização e responsabilidade social - Desde a<br />

regulamentação da lei em 2007, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong> acatou 327 projetos, com o valor aprova<strong>do</strong><br />

para captação de mais de R$ 470 milhões. Os<br />

números apontam um crescimento nas taxas de<br />

aprovação e captação, e geram a expectativa de<br />

até 2012 cumprir os objetivos previstos quan<strong>do</strong><br />

da criação <strong>do</strong> projeto de lei: diversificar as fontes<br />

de financiamento e democratizar o acesso à prática<br />

<strong>do</strong> esporte no Brasil.<br />

LEgIsLAÇão:<br />

Portaria nº 208, de 11 de novembro de 2009 -<br />

Altera a Portaria n° 120 de 03 de julho de 2009.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

Portaria nº 172, de 28 de setembro de 2009<br />

- Designa novos membros para compor a Comissão<br />

Técnica.<br />

Portaria nº 120, de 03 de julho de 2009 - Dispõe<br />

sobre a tramitação, a avaliação e a aprovação<br />

<strong>do</strong> enquadramento <strong>do</strong>s projetos desportivos ou<br />

paradesportivos, bem como a captação, o acompanhamento<br />

e monitoramento da execução e da<br />

prestação de contas <strong>do</strong>s projetos devidamente<br />

aprova<strong>do</strong>s, de que trata a Lei nº 11.438, de 29<br />

de dezembro de 2006 e o Decreto nº 6.180, de 3<br />

de agosto de 2007, no âmbito <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>, e dá outras providências.<br />

Portaria nº 30, de 20 de fevereiro de 2009 -<br />

Constituir Comissão Técnica destinada a avaliar<br />

e aprovar o enquadramento <strong>do</strong>s projetos desportivos<br />

e paradesportivos a serem beneficia<strong>do</strong>s por<br />

incentivos fiscais, oriun<strong>do</strong>s da Lei no 11.438, de<br />

29 de dezembro de 2006, destina<strong>do</strong>s a fomentar<br />

as atividades de caráter desportivo. - Revoga-se a<br />

Portaria nº 011, de 16 de janeiro de 2008.<br />

Decreto nº 6.180, de 03 de agosto de 2007<br />

- Regulamenta a Lei nº 11.438, de 29 de dezembro<br />

de 2006, que trata <strong>do</strong>s incentivos e benefícios<br />

para fomentar as atividades de caráter desportivo.<br />

Lei n º 11.472, de 2 de maio de 2007 - Altera<br />

e acresce dispositivos à Lei nº 11.438, de 29 de<br />

dezembro de 2006, que dispõe sobre incentivos<br />

e benefícios para fomentar as atividades de caráter<br />

desportivo.<br />

Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006<br />

- Dispõe sobre incentivos e benefícios para fomentar<br />

as atividades de caráter desportivo e dá<br />

outras providências.<br />

28


FUTEboL<br />

Políticas Públicas e Lega<strong>do</strong> social<br />

Lançan<strong>do</strong> um olhar sistemático sobre os diversos<br />

segmentos <strong>do</strong> futebol, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> esporte passa<br />

a um nível diferencia<strong>do</strong> de intervenção nas políticas<br />

públicas relacionadas ao esporte mais popular <strong>do</strong><br />

país, buscan<strong>do</strong> analisar sob os mais diversos ângulos<br />

as necessidades <strong>do</strong>s clubes, <strong>do</strong>s atletas e o potencial<br />

inclusivo advin<strong>do</strong> desta modalidade.<br />

Pela demanda de ações relacionadas ao futebol e sua<br />

característica intrínseca de principal prática esportiva<br />

nacional, o Congresso aprovou um Projeto de Lei<br />

crian<strong>do</strong> na estrutura <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a Secretaria<br />

Nacional <strong>do</strong> Futebol e da Defesa <strong>do</strong>s Direitos<br />

<strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, que tem como principais competências,<br />

planejar, desenvolver, acompanhar e monitorar as<br />

atividades <strong>do</strong> setor.<br />

A criação da secretaria inaugura um novo perío<strong>do</strong> na<br />

atuação política, que guarda em seu histórico momentos<br />

importantes como a criação <strong>do</strong> Estatuto de<br />

Defesa <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r que tornou-se um marco para<br />

a qualificação <strong>do</strong> espetáculo proporciona<strong>do</strong> pelo esporte.<br />

Sancionada em 15 de maio de 2003, a Lei<br />

Foto: Al<strong>do</strong> Dias<br />

29<br />

10.671/03 defende competições organizadas e transparentes,<br />

com segurança, conforto e qualidade para<br />

os torce<strong>do</strong>res.<br />

A Timemania, jogo de loteria cria<strong>do</strong> através da Lei nº<br />

11.345/06 é pontualmente outro marco da política nacional<br />

voltada ao futebol. Considerada um grande incentivo<br />

para os clubes brasileiros, 98 times recebem 22%<br />

<strong>do</strong> valor arrecada<strong>do</strong> pelas apostas que são desconta<strong>do</strong>s<br />

diretamente da dívida destes com a União.<br />

Em junho de 2009, uma alteração na Lei nº 11.345<br />

aju<strong>do</strong>u os times participantes a continuarem adimplentes<br />

perante o Governo Federal. As alterações na<br />

Timemania - uma iniciativa <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

em conjunto com o <strong>Ministério</strong> da Fazenda - permitiram<br />

que os clubes planejassem melhor o pagamento<br />

<strong>do</strong>s débitos com o Tesouro Nacional, manten<strong>do</strong> as<br />

parcelas mensais e a porcentagem de reajuste anual<br />

de suas prestações.<br />

Alteração na Lei Pelé<br />

Em 2005 um Projeto de Lei (5.186/2005) foi apresenta<strong>do</strong><br />

para buscar mecanismos para adequar a Lei<br />

nº 9.615/1998 (Lei Pelé) às necessidades <strong>do</strong> quadro<br />

atual. As principais alterações envolvem a proteção<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


<strong>do</strong> atleta em formação, o incentivo ao clube forma<strong>do</strong>r<br />

e a definição de questões controversas na<br />

relação de trabalho entre o clube e o atleta.<br />

O objetivo central da alteração é regulamentar a<br />

relação trabalhista entre o atleta e o clube. O <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> participa de todas as discussões<br />

com membros <strong>do</strong> Governo e de órgãos esportivos<br />

para aprimorar a Lei Pelé. Além da participação,<br />

o <strong>Ministério</strong> defende a proteção <strong>do</strong> menor de 14<br />

anos, visan<strong>do</strong> respeitar os direitos da criança. Na<br />

Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s uma Comissão especial<br />

foi criada para relatar a matéria. Agora o Projeto<br />

de Lei aguarda a votação no plenário.<br />

Paz no <strong>Esporte</strong><br />

Os esforços para prevenção da violência nos<br />

estádios merece destaque específico. Um <strong>do</strong>s<br />

principais desafios encara<strong>do</strong>s atualmente pelo<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é diminuir a violência dentro<br />

e nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s estádios. Para isso um<br />

debate permanente com os mais diversos setores<br />

liga<strong>do</strong>s ao tema vem sen<strong>do</strong> estimula<strong>do</strong> mediante<br />

a Comissão Paz no <strong>Esporte</strong> que, articulada à<br />

consolidação <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r propõe a<br />

requalificação na operação <strong>do</strong>s estádios, a legislação<br />

para controle de torcidas organizadas e a<br />

inibição <strong>do</strong> vandalismo.<br />

Em 16 de março de 2009, o Governo anunciou<br />

medidas de segurança para os torce<strong>do</strong>res nos<br />

estádios, intituladas de Torcida Legal. Foram três<br />

os <strong>do</strong>cumentos assina<strong>do</strong>s na ocasião: Projeto de<br />

Lei que altera o Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, Decreto<br />

presidencial que regulamenta os lau<strong>do</strong>s técnicos<br />

utiliza<strong>do</strong>s na vistoria das condições de segurança<br />

<strong>do</strong>s estádios, e Termo de Cooperação Técnica<br />

entre o Conselho Nacional de Justiça, <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, <strong>Ministério</strong> da Justiça, Confederação<br />

Brasileira de Futebol e Conselho Nacional <strong>do</strong>s<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

Procura<strong>do</strong>res-Gerais <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> Público <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

e da União.<br />

Mudanças Penais<br />

O Projeto de Lei que altera o Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r<br />

prevê mudanças penais. Ações como promover<br />

tumulto e incitar a violência serão tipificadas<br />

como crimes preven<strong>do</strong> pena de reclusão de um<br />

a <strong>do</strong>is anos. A mesma pena é válida para quem<br />

cometer crimes iguais no raio de cinco mil metros<br />

ao re<strong>do</strong>r das arenas, ou durante o trajeto de ida<br />

ou volta <strong>do</strong> local da competição.<br />

Conforme o Projeto de Lei, também serão puni<strong>do</strong>s<br />

árbitros desonestos que forjarem ou manipularem<br />

os resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s jogos, poden<strong>do</strong> pegar pena de<br />

reclusão de até seis anos. Objetos que garantem<br />

a festa da torcida durante uma partida de futebol<br />

como balões, bandeiras, cornetas, cartazes e cantorias,<br />

serão permiti<strong>do</strong>s para entrada no estádio.<br />

No entanto, quem portar, deter ou transportar<br />

qualquer instrumento que possa ser utilizada na<br />

prática de violência dentro, nos arre<strong>do</strong>res ou no<br />

trajeto para os jogos, vai ser puni<strong>do</strong> com a reclusão<br />

de um a <strong>do</strong>is anos.<br />

O projeto que já foi aprova<strong>do</strong> na Câmara <strong>do</strong>s<br />

Deputa<strong>do</strong>s e tramita no Sena<strong>do</strong> trata ainda <strong>do</strong>s<br />

cambistas, que ficarão sujeitos a penalidade caso<br />

vendam ingressos por preço superior ao estampa<strong>do</strong><br />

no bilhete. Estabelece, ainda, responsabilidades<br />

legais para as torcidas organizadas. To<strong>do</strong>s<br />

os pontos têm si<strong>do</strong> debati<strong>do</strong>s com membros de<br />

torcidas organizadas que participam ativamente<br />

da situação <strong>do</strong> projeto.<br />

Debate e Envolvimento social<br />

Outra medida <strong>do</strong> Torcida Legal foi regulamentar<br />

o artigo 23 <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Torce<strong>do</strong>r, através <strong>do</strong><br />

30


Decreto presidencial 6.795. O artigo 23 está relaciona<strong>do</strong><br />

aos lau<strong>do</strong>s técnicos exigi<strong>do</strong>s na vistoria<br />

de um estádio. Antigamente três lau<strong>do</strong>s técnicos<br />

eram exigi<strong>do</strong>s para a aprovação de um estádio:<br />

prevenção e combate de incêndio; segurança; e<br />

de condições sanitárias e de higiene.<br />

Com o Decreto, mais <strong>do</strong>is lau<strong>do</strong>s foram incluí<strong>do</strong>s:<br />

o de vistoria de engenharia e, em casos considera<strong>do</strong>s<br />

excepcionais, o de estabilidade estrutural.<br />

Com a inclusão <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> de vistoria de engenharia,<br />

engenheiros <strong>do</strong> CREA de to<strong>do</strong> o Brasil reuniram-se<br />

e formularam uma proposta, conten<strong>do</strong><br />

instruções e sugestões de como um estádio deve<br />

Foto: Al<strong>do</strong> Dias<br />

31<br />

estar, <strong>do</strong> ponto de vista estrutural, para receber<br />

uma partida.<br />

A partir <strong>do</strong> Decreto, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> criou<br />

a Comissão Especial de Estu<strong>do</strong>s formada por representantes<br />

da Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária - ANVISA, <strong>Ministério</strong> da Justiça, Vigilância<br />

Sanitária Municipal, Corpo de Bombeiros, Comitê<br />

Organiza<strong>do</strong>r Brasileiro da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />

FIFA 2014, Confederação Brasileira de Futebol,<br />

Polícia Militar e <strong>do</strong> próprio <strong>Ministério</strong> para discutir<br />

e elaborar os lau<strong>do</strong>s.<br />

O acúmulo <strong>do</strong>s debates resultou na Portaria nº<br />

124, publicada no Diário Oficial da União, em 20<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


de julho de 2009, explicitan<strong>do</strong> a nova exigência<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para o funcionamento <strong>do</strong>s estádios<br />

CoPA Do MUNDo FIFA 2014<br />

O Brasil vai sediar o maior evento futebolístico<br />

<strong>do</strong> planeta, a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> FIFA 2014. Desde<br />

2007 quan<strong>do</strong> a FIFA confirmou que o Brasil sediaria<br />

evento, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> discute as questões<br />

relacionadas direta e indiretamente ao evento.<br />

O <strong>Ministério</strong> coordenou a elaboração e acompanha<br />

a execução das onze garantias, exigidas pela FIFA,<br />

para a realização da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> no Brasil. Um<br />

grupo interministerial foi cria<strong>do</strong> para acompanhar e<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

discutir sobre os temas relaciona<strong>do</strong>s ao evento. O<br />

grupo vai acompanhar os avanços de infra-estrutura<br />

nas <strong>do</strong>ze cidades sede: Cuiabá, Brasília, Rio de Janeiro,<br />

Porto Alegre, Curitiba, Salva<strong>do</strong>r, Fortaleza, Belo<br />

Horizonte, São Paulo, Manaus, Natal e Recife.<br />

Além de projetar o país internacionalmente, a expectativa<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> é que a Copa<br />

2014 deixe um lega<strong>do</strong> social de valor inestimável,<br />

que evidencie e promova valores de nacionalidade,<br />

solidariedade e integração, além de contribuir com a<br />

geração de trabalho e renda, com a profissionalização<br />

e qualificação de recursos humanos e finalmente<br />

com a qualificação de infra-estrutura esportiva e<br />

urbanística.<br />

32


Secretaria Nacional de<br />

<strong>Esporte</strong> Educacional


Foto: Acervo ME<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

34


A Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> Educacional -<br />

SNEED/ME nasce como órgão singular instituí<strong>do</strong><br />

pelo Decreto nº 4.668, de 09 de abril de 2003, diretamente<br />

subordina<strong>do</strong> ao Ministro de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>.<br />

Cabe à SNEED a responsabilidade principal de elaborar<br />

e implementar políticas voltadas ao esporte<br />

educacional brasileiro. Impõe-se às suas ações a<br />

marca da transversalidade e a estreita articulação<br />

com as políticas públicas educacionais vigentes no<br />

País.<br />

Fomentar o estabelecimento de políticas públicas<br />

de <strong>Esporte</strong> Educacional efetivas, desenvolvidas de<br />

forma abrangente e continuada, para que seus<br />

resulta<strong>do</strong>s possam ser avalia<strong>do</strong>s e mensura<strong>do</strong>s<br />

quanto à qualidade, eficácia e efetividade de seus<br />

objetivos, é o grande desafio estratégico da atuação<br />

da SNEED. Por essa razão, assumem caráter<br />

estratégico as parcerias institucionais com Esta<strong>do</strong>s<br />

e Municípios e as ações que envolvam as estruturas<br />

educacionais, nas três esferas.<br />

A forma concreta de viabilização desse propósito<br />

da SNEED é a execução <strong>do</strong> Programa Orçamentário<br />

Vivência e Iniciação Esportiva Educacional – Segun<strong>do</strong><br />

Tempo, cuja estratégia de funcionamento é o<br />

estabelecimento de alianças e parcerias institucionais,<br />

mediante a descentralização da execução orçamentária<br />

e financeira para governos estaduais,<br />

governos municipais, organizações não-governamentais<br />

e entidades nacionais e internacionais, públicas<br />

ou privadas sem fins lucrativos.<br />

A SNEED parte <strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong> esporte como<br />

expressão de cultura, como um fator de desenvolvimento<br />

humano e como direito fundamental <strong>do</strong><br />

ser humano.<br />

As ações estratégicas da SNEED, para o perío<strong>do</strong> de<br />

2007 a 2010, estão descritas em seu Planejamento<br />

Estratégico e integram o Plano Nacional de De-<br />

35<br />

senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> que, por sua vez, tem<br />

como base as Orientações Estratégicas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

– OEM. As OEM tem origem no processo de elaboração<br />

<strong>do</strong> PPA 2007-2010, apresentan<strong>do</strong> relação<br />

direta com as Orientações Estratégicas <strong>do</strong> Governo.<br />

Quase a totalidade das ações estratégicas da SNEED<br />

está voltada para o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo. De<br />

fato, apesar <strong>do</strong> movimento atual de ampliação de<br />

seu projeto inicial, a SNEED nasceu e se estruturou<br />

em torno <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo.<br />

AÇõEs EsTRATégICAs DA sNEED<br />

Qualificar e ampliar a abrangência <strong>do</strong> Programa<br />

Segun<strong>do</strong> Tempo. Com esta ação pretende-se: assegurar<br />

o atendimento médio anual de 800.000<br />

beneficia<strong>do</strong>s em 4.000 núcleos; atualizar e aperfeiçoar<br />

o atual modelo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />

(meto<strong>do</strong>logia, modelo de conveniamento, forma<br />

de execução, etc.) agregan<strong>do</strong> valores aos núcleos<br />

de <strong>Esporte</strong> Educacional e, ainda, fortalecer e estruturar<br />

a parceria com o <strong>Ministério</strong> da Educação<br />

– MEC, manten<strong>do</strong> a identidade <strong>do</strong> ME. Além disso,<br />

busca-se fortalecer as parcerias institucionais; articular<br />

a existência de núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />

Tempo em equipamentos construí<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (infra-estrutura esportiva) bem como<br />

estabelecer nexos entre os Projetos Especiais com o<br />

funcionamento de núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />

Tempo (Navegar, Comunidades Indígenas, Comunidades<br />

Quilombolas, Xadrez, entre outros).<br />

Assegurar a oferta <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />

volta<strong>do</strong> ao público <strong>do</strong> Ensino Médio e Superior<br />

é a ação estratégica que visa desenvolver<br />

um modelo específico bem como, implantar<br />

núcleos <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo no Ensino<br />

Técnico médio e no Ensino Superior visan<strong>do</strong><br />

articular atividades nos núcleos com Programas<br />

de emprego e renda para a juventude.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


A terceira ação estratégica da SNEED busca<br />

oportunizar aos beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Programa<br />

eventos e programações diferenciadas ao longo<br />

<strong>do</strong> ano por meio <strong>do</strong> atendimento nos perío<strong>do</strong>s<br />

de férias escolares e da realização de festivais<br />

Inter-núcleos <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo.<br />

Também faz parte das ações estratégicas da<br />

Secretaria qualificar e aprimorar a gestão <strong>do</strong><br />

Programa. Para isso, torna-se necessário organizar<br />

estratégias de gestão e implantar a nova<br />

estrutura organizacional, com novos processos<br />

gerenciais e, ainda, implantar Sistema de Controle,<br />

Monitoramento e Avaliação, com definição<br />

de indica<strong>do</strong>res, avaliação de impacto, transparência<br />

e controle social, além de assegurar<br />

os recursos e a infra-estrutura física e materiais<br />

necessários ao pleno funcionamento da SNEED.<br />

Articula<strong>do</strong>s com esta mesma ação estão: a<br />

construção de referenciais teóricos que contribuam<br />

para a <strong>do</strong>cumentação e qualificação <strong>do</strong><br />

Programa Segun<strong>do</strong> Tempo; o fortalecimento da<br />

captação de recursos incentiva<strong>do</strong>s (Conselho<br />

Nacional <strong>do</strong>s Direitos da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente<br />

- CONANDA e Lei de Incentivo Fiscal ao<br />

Foto: Acervo ME<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

<strong>Esporte</strong>) e a ampliação e qualificação da equipe<br />

da SNEED/ME.<br />

A quinta ação estratégica da SNEED volta-se<br />

para a qualificação <strong>do</strong> processo de capacitação<br />

de gestores <strong>do</strong> Programa, professores e<br />

monitores. O propósito é não apenas capacitar<br />

a equipe interna da SNEED como também, capacitar<br />

e qualificar to<strong>do</strong>s os recursos humanos<br />

(gestores, professores e monitores) <strong>do</strong>s convênios,<br />

de forma descentralizada e permanente,<br />

potencializan<strong>do</strong> e qualifican<strong>do</strong> a abrangência<br />

<strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo em todas as suas<br />

vertentes.<br />

A sexta ação estratégica da SNEED para o perío<strong>do</strong><br />

de 2007-2010 é o fortalecimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

Educacional brasileiro. A implementação<br />

<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer; o fortalecimento<br />

das parcerias com a Confederação<br />

Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) e com a<br />

Confederação Brasileira de Desporto Universitário<br />

(CBDU); o apoio à participação de escolares<br />

em jogos e eventos nacionais e internacionais e<br />

a realização de eventos e ações nacionais e internacionais<br />

de caráter educacional, tornam-se,<br />

portanto, fundamentais.<br />

36


o PRogRAMA sEgUNDo TEMPo<br />

Conceitos e objetivos<br />

O Segun<strong>do</strong> Tempo é um Programa Estratégico <strong>do</strong><br />

governo federal que tem por objetivo democratizar<br />

o acesso à prática e à cultura <strong>do</strong> esporte de forma<br />

a promover o desenvolvimento integral de crianças,<br />

a<strong>do</strong>lescentes e jovens, como fator de formação da<br />

cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente<br />

daqueles que se encontram em áreas de<br />

vulnerabilidade social. Trata-se de um programa vincula<strong>do</strong><br />

ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com vistas a democratizar<br />

o acesso a atividades esportivas e complementares<br />

no contra-turno escolar, desenvolvidas em<br />

espaços físicos públicos ou priva<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> como<br />

enfoque principal o esporte educacional.<br />

A finalidade <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo (PST) é o<br />

desenvolvimento de valores sociais, a melhoria das<br />

capacidades físicas e habilidades motoras, a melhoria<br />

da qualidade de vida, a diminuição da exposição<br />

aos riscos sociais, e a conscientização da prática<br />

esportiva, para crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens,<br />

asseguran<strong>do</strong> o exercício da cidadania. O Programa<br />

volta-se, ainda, para o desenvolvimento de estu<strong>do</strong>s<br />

e a melhoria da infra-estrutura esportiva, a democratização<br />

<strong>do</strong> acesso à prática esportiva e o desenvolvimento<br />

de valores sociais.<br />

A partir das orientações dadas pelo projeto democrático<br />

e popular <strong>do</strong> Governo Federal aos programas<br />

sociais esportivos, volta<strong>do</strong>s à inclusão social e para<br />

a gestão democrática, o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo<br />

contribui para a reversão <strong>do</strong> quadro de injustiça, de<br />

exclusão e vulnerabilidade social a que é submetida<br />

grande parcela de população brasileira.<br />

Os principais objetivos <strong>do</strong> Programa são: proporcionar<br />

a inclusão social, democratizar o acesso e garantir<br />

a iniciação e a vivência esportiva de caráter<br />

educacional para crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens,<br />

com vistas ao desenvolvimento integral, à formação<br />

37<br />

humana e à construção da cidadania, promoven<strong>do</strong><br />

a saúde, a qualidade de vida e contribuin<strong>do</strong> para a<br />

melhoria da educação <strong>do</strong> País.<br />

Funcionamento e acesso ao Programa<br />

Todas as ações previstas no Programa de inclusão<br />

social, iniciação e vivência esportiva de crianças,<br />

a<strong>do</strong>lescentes e jovens - Segun<strong>do</strong> Tempo são executadas<br />

de forma descentralizada, por meio de parceiros<br />

convenia<strong>do</strong>s.<br />

A apresentação de pleitos ao programa é feita por<br />

intermédio <strong>do</strong> Sistema “on line”, disponível no portal<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> na internet, poden<strong>do</strong> ser<br />

contempla<strong>do</strong>s aqueles que atenderem aos critérios<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pela Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

Educacional, através de Instrução Normativa e Normas<br />

Gerais que regem a celebração de convênios,<br />

desde que haja disponibilidade orçamentária.<br />

O Programa Segun<strong>do</strong> Tempo é viabiliza<strong>do</strong> por intermédio<br />

<strong>do</strong>s Núcleos de <strong>Esporte</strong> Educacional. Nos<br />

Núcleos, o contra-turno escolar das crianças, a<strong>do</strong>lescentes<br />

e jovens é ocupa<strong>do</strong> (no mínimo três vezes por<br />

semana, duas horas por dia em seu modelo padrão),<br />

por atividades esportivas oferecidas sob orientação<br />

de professores e monitores de Educação Física e/ou<br />

<strong>Esporte</strong>. Também são forneci<strong>do</strong>s reforço alimentar e<br />

atividades complementares.<br />

As parcerias que viabilizam a implantação <strong>do</strong>s núcleos<br />

são definidas a partir <strong>do</strong> Modelo e das Diretrizes<br />

apresentadas no Manual <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />

Tempo e da realidade local de cada projeto. De<br />

acor<strong>do</strong> com a evolução <strong>do</strong> Programa, o Modelo e<br />

as Diretrizes foram sen<strong>do</strong> modifica<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a<br />

aprimorar to<strong>do</strong> o sistema.<br />

Estabelecimento de Parceria<br />

Para fins de definição <strong>do</strong>s Projetos/Programas que<br />

poderão ser objeto de apresentação de pleitos e<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


propostas, em função das orientações específicas e<br />

prazos estabeleci<strong>do</strong>s, são consideradas as seguintes<br />

dimensões:<br />

a) Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />

Educacional<br />

b) Eventos e Atividades Esportivas Educacionais<br />

As parcerias com o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo podem<br />

ser estabelecidas com Entidade Públicas (Federais,<br />

Estaduais e Municipais) e Privadas sem fins<br />

lucrativos, e nesse caso, que tenham, comprovadamente,<br />

mais de três anos de atuação na área de<br />

abrangência <strong>do</strong> Projeto, mediante descentralização<br />

da execução orçamentária e financeira. O cadastramento<br />

de Pleitos de Funcionamento de Núcleos, seja<br />

de implantação ou Renovação <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo<br />

é realiza<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> Portal on-line <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>:<br />

http://www.esporte.gov.br/segun<strong>do</strong>tempo. Os prazos<br />

e as orientações para cadastramento destes são<br />

divulga<strong>do</strong>s anualmente no próprio Portal.<br />

É desafio constante para a Gestão da SNEED assegurar<br />

o aperfeiçoamento e a qualificação da formalização<br />

de convênios no âmbito <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo<br />

em busca <strong>do</strong> seu bom desempenho, eficiência e<br />

eficácia.<br />

O processo de formalização e de renovação de<br />

parcerias, desde 2007, teve seu foco principal nas<br />

parcerias que apresentam importantes resulta<strong>do</strong>s<br />

no processo de execução <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />

Tempo.<br />

Também foram priorizadas as formalizações com<br />

órgãos públicos manten<strong>do</strong> diretrizes já vigentes desde<br />

o ano anterior. Não foram celebra<strong>do</strong>s convênios<br />

de implantação (novas parcerias) com Organizações<br />

Não Governamentais em 2008.<br />

PANoRAMA NACIoNAL ATUAL<br />

Desde sua criação em 2003, o PST já atendeu mais<br />

de três milhões de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

Atualmente, o Programa atende simultaneamente<br />

em torno de um milhão de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e<br />

jovens distribuí<strong>do</strong>s em 1.300 municípios de todas as<br />

regiões <strong>do</strong> país.<br />

O Programa implantou mais de 14 mil núcleos de<br />

esporte educacional, numa ação concentrada de<br />

mais de 14 mil coordena<strong>do</strong>res. Além disso, mais de<br />

38 mil estágios foram ofereci<strong>do</strong>s para estudantes de<br />

Educação Física, Pedagogia e <strong>Esporte</strong>.<br />

Apesar de expressivos, esses números ainda estão<br />

longe de serem significativos quan<strong>do</strong> tomamos<br />

como referência um universo de 35 milhões de potenciais<br />

beneficia<strong>do</strong>s, se considerarmos o total de<br />

alunos matricula<strong>do</strong>s na Educação Básica no ano de<br />

2008, conforme da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE, senso 2008.<br />

O Relatório de Gestão 2007 já destacou que desde<br />

sua criação, o Programa cresceu, ganhou visibilidade,<br />

se consoli<strong>do</strong>u. Contu<strong>do</strong>, como não poderia<br />

deixar de ser, também evidenciou limitações e deficiências<br />

no processo de implantação que precisam<br />

ser superadas. Algumas das alternativas para superação<br />

dessas limitações são apresentadas no próximo<br />

item.<br />

APRIMoRAMENTo DA gEsTão<br />

Capacitação e sistema de Acompanhamento<br />

Apesar <strong>do</strong> crescimento quantitativo <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong><br />

Tempo, nos últimos anos, a SNEED tem consciência<br />

de seus limites na busca da universalização <strong>do</strong><br />

acesso ao esporte – seja pelo orçamento que não<br />

alcança a magnitude da demanda, seja pelo modelo<br />

de execução pauta<strong>do</strong> na descentralização de recursos<br />

prevista na norma, que, entre outras questões,<br />

impacta na descontinuidade <strong>do</strong> atendimento.<br />

Contu<strong>do</strong>, a SNEED entende que o caminho para a<br />

democratização <strong>do</strong> esporte é a articulação entre o<br />

38


sistema educacional e o sistema esportivo, entenden<strong>do</strong>-a<br />

como essencial para assegurar a ampliação<br />

da participação de escolares, de to<strong>do</strong>s os níveis de<br />

ensino, em atividades e eventos esportivos. Assim,<br />

há prioridade em articulação por parte desta Secretaria<br />

em todas as ações que envolvam a escola e o<br />

esporte como um <strong>do</strong>s eixos nortea<strong>do</strong>res.<br />

No ano de 2007, a SNEED concentrou esforços na<br />

revisão das Diretrizes Operacionais e no processo de<br />

construção de sua Proposta Pedagógica, concebida<br />

a partir dessa compreensão de <strong>Esporte</strong> Educacional,<br />

visan<strong>do</strong> ao estabelecimento de uma identidade nacional<br />

para o Programa e ao desenvolvimento de um<br />

novo modelo de capacitação. Esse modelo está mais<br />

adequa<strong>do</strong> à sua realidade, em função das dificuldades<br />

identificadas no decorrer <strong>do</strong> processo de capacitação,<br />

na modalidade de Educação a Distância,<br />

desenvolvi<strong>do</strong>, nos anos de 2004 a 2006.<br />

A SNEED buscou apoio nas Universidades, entenden<strong>do</strong><br />

que era preciso se pautar no conhecimento<br />

e na experiência de estudiosos da área não apenas<br />

Foto: Acervo ME<br />

39<br />

para colocar em prática mais uma política pública,<br />

mas essencialmente para dar um novo significa<strong>do</strong> à<br />

Política de <strong>Esporte</strong> Educacional, promoven<strong>do</strong> discussões<br />

conceituais e a produção coletiva de sua nova<br />

concepção.<br />

A ação da SNEED também esteve voltada à qualificação<br />

da seleção <strong>do</strong>s profissionais que atuam no<br />

programa, por ocasião da formalização das parcerias.<br />

Em 2007, estabeleceu-se como obrigatória a<br />

graduação em Educação Física ou <strong>Esporte</strong> para os<br />

profissionais que coordenam os Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />

Educacional, e no caso <strong>do</strong>s monitores de atividades<br />

esportivas devem estar matricula<strong>do</strong>s na graduação<br />

em Educação Física ou <strong>Esporte</strong>.<br />

Em 2008, to<strong>do</strong> o trabalho da Secretaria esteve foca<strong>do</strong><br />

na concretização das mudanças, a partir da<br />

valorização <strong>do</strong> papel que os recursos humanos podem<br />

desempenhar na superação <strong>do</strong>s problemas e<br />

no alcance <strong>do</strong>s desafios estabeleci<strong>do</strong>s para qualificar<br />

o Programa.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Diferentemente da realidade entre 2004-2005,<br />

quan<strong>do</strong> muitos leigos e profissionais de outras áreas<br />

atuavam no Programa Segun<strong>do</strong> Tempo, nos <strong>do</strong>is<br />

últimos anos essa realidade alterou-se substancialmente.<br />

Em da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em 2008, mais de 95%<br />

<strong>do</strong>s coordena<strong>do</strong>res que atuavam no Programa eram<br />

gradua<strong>do</strong>s em Educação Física4 .<br />

Segun<strong>do</strong> estatísticas da SNEED, entre 2003 e 2006,<br />

o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo empregou mais de<br />

13.500 coordena<strong>do</strong>res de núcleo e mais de 38.000<br />

monitores. Nos convênios vigentes em 2009, atuam<br />

no programa 4.965 coordena<strong>do</strong>res e 13.106 monitores,<br />

fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo um <strong>do</strong>s<br />

maiores emprega<strong>do</strong>res de profissionais de Educação<br />

Física <strong>do</strong> país.<br />

A essência <strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong> se pautou na necessidade<br />

de implementação das Diretrizes Pedagógicas,<br />

embasadas nos Fundamentos Pedagógicos para<br />

o Programa Segun<strong>do</strong> Tempo, e <strong>do</strong> novo modelo de<br />

capacitação que passou a ser obrigatória para to<strong>do</strong>s<br />

os recursos humanos inseri<strong>do</strong>s no Programa por meio<br />

da formação de multiplica<strong>do</strong>res, de forma presencial e<br />

descentralizada.<br />

Em 2008, foi realiza<strong>do</strong> o 1º Ciclo Nacional de Capacitação<br />

<strong>do</strong>s Coordena<strong>do</strong>res de Núcleo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong><br />

Tempo. Durante aquele ano, foram realiza<strong>do</strong>s<br />

três eventos de Capacitação de Coordena<strong>do</strong>res-Gerais<br />

e 48 eventos de Capacitação de Coordena<strong>do</strong>res Pedagógicos,<br />

Setoriais e de Núcleos de forma presencial,<br />

em vinte localidades, contemplan<strong>do</strong> todas as regiões<br />

<strong>do</strong> país. Os Encontros de Formação Pedagógica foram<br />

realiza<strong>do</strong>s nas capitais e/ou cidades próximas <strong>do</strong>s locais<br />

de funcionamento <strong>do</strong>s núcleos <strong>do</strong>s convênios. Essa es-<br />

4 OLIVEIRA, A. A. Bássoli de; PERIM, G. L.; OLIVEIRA FILHO,<br />

A.; RECHENCKOSKY, L.; SOUZA, S. A. de.; COUTINHO, S. da S.<br />

Avaliação Geral <strong>do</strong> 1º Ciclo de Capacitação <strong>do</strong>s Coordena<strong>do</strong>res<br />

de Núcleo <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo. Trabalho apresenta<strong>do</strong><br />

no XII Congresso de Ciências <strong>do</strong> Desporto e Educação Física<br />

<strong>do</strong>s Países de Língua Portuguesa, realiza<strong>do</strong> entre os dias<br />

17 a 20 setembro de 2008, em Porto Alegre/RS, Brasil.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

trutura permitiu atender a 4.481 coordena<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

PST durante o ano de 2008.<br />

MAIs EDUCAÇão CoM MAIs EsPoRTE<br />

Programa segun<strong>do</strong> Tempo no Programa Mais<br />

Educação<br />

Ampliar o acesso à prática esportiva a to<strong>do</strong>s os alunos<br />

das Escolas Públicas da Educação Básica das redes<br />

municipal e estadual é o objetivo geral da inserção <strong>do</strong><br />

Programa <strong>do</strong> Governo Federal, vincula<strong>do</strong> ao <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e denomina<strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo, ao Programa<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Educação: Mais Educação. O<br />

que se prevê em médio e em longo prazo é diminuir a<br />

discriminação por condições físicas, sociais, de raça, de<br />

cor ou de qualquer natureza que limitem o acesso de<br />

crianças e jovens à prática esportiva.<br />

Pretende-se oferecer conhecimentos da prática esportiva<br />

nas dimensões lúdica e inclusiva, além de ampliar<br />

o conhecimento <strong>do</strong>s estudantes sobre a prática esportiva<br />

e suas relações com a cultura, educação, saúde e<br />

vida ativa.<br />

A união desses <strong>do</strong>is programas ampliará o tempo de<br />

permanência <strong>do</strong>s alunos na escola e contribuirá para<br />

a melhoria da qualidade da Educação Básica e para o<br />

fortalecimento de hábitos e valores que incrementem<br />

a formação da cidadania.<br />

O Programa Mais Educação, instituí<strong>do</strong> em abril de<br />

2007, por Portaria Interministerial, busca contribuir<br />

com a formação integral de crianças, a<strong>do</strong>lescentes e<br />

jovens, por intermédio da articulação de ações, projetos<br />

e programas <strong>do</strong> governo federal. Promove ações<br />

sociais e educacionais em escolas e em outros espaços<br />

socioculturais. A proposta prevê ações conjuntas voltadas<br />

para a formulação das políticas públicas <strong>do</strong> Programa<br />

envolven<strong>do</strong> os <strong>Ministério</strong>s da Educação (MEC), da<br />

Cultura (MinC), <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate<br />

à Fome (MDS) e <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (ME).<br />

40


O Mais Educação prioriza as comunidades possui<strong>do</strong>ras<br />

de altos índices de vulnerabilidade social, pobreza e<br />

violência e visa a melhoria da qualidade da experiência<br />

educativa de crianças e jovens que freqüentam as escolas<br />

públicas <strong>do</strong> ensino fundamental brasileiro.<br />

Como uma das ações previstas no Plano de Desenvolvimento<br />

da Educação (PDE), o Mais Educação tem objetivos<br />

volta<strong>do</strong>s para a ampliação de espaços, tempos<br />

e oportunidades educativas; para a oferta de novas<br />

atividades educacionais e para a redução da evasão,<br />

da repetência e das distorções de idade-série, por meio<br />

de ações culturais, educativas, esportivas, de educação<br />

ambiental, de educação em direitos humanos e de lazer.<br />

Sua coordenação está sob a responsabilidade da<br />

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e<br />

Diversidade (Secad).<br />

O programa é composto por sete macrocampos, referentes<br />

ao acompanhamento pedagógico; ao meio<br />

ambiente; ao esporte e ao lazer; aos direitos humanos<br />

e à cidadania; à cultura e às artes, à inclusão digital; à<br />

saúde, à alimentação e à prevenção.<br />

É nesse contexto que se situa a inserção <strong>do</strong> Programa<br />

Segun<strong>do</strong> Tempo no Mais Educação. A parceria entre o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o <strong>Ministério</strong> da Educação efe-<br />

Foto: Acervo ME<br />

41<br />

tiva uma Política Educacional Unitária para o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com reflexos tanto na melhoria da<br />

qualidade da educação, como na melhoria <strong>do</strong> esporte<br />

nacional.<br />

Cabe ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> formular e implementar<br />

políticas públicas inclusivas e de afirmação <strong>do</strong> esporte<br />

e lazer como direitos sociais <strong>do</strong>s cidadãos. As práticas<br />

esportivas são fundamentais para o desenvolvimento<br />

das habilidades e aptidões que nos caracterizam como<br />

homens visto que elas não se transmitem como herança<br />

biológica, e sim se formam ao longo da vida pela assimilação<br />

da cultura criada pelos nossos antecessores.<br />

Este é um poderoso fator que exige da escola o oferecimento<br />

de práticas esportivas direcionadas à educação,<br />

ao prolongamento de vidas saudáveis, ao acesso<br />

ao conhecimento, ao fomento <strong>do</strong> potencial intelectual<br />

e ao acesso aos bens culturais, científicos e tecnológicos<br />

produzi<strong>do</strong>s pela humanidade.<br />

Universalizar o esporte no Brasil e oferecer educação<br />

de qualidade para todas as crianças, a<strong>do</strong>lescentes<br />

e jovens é uma tarefa que só se concretizará<br />

com ações conjuntas que garantam que to<strong>do</strong>s tenham<br />

o atendimento desse direito social.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Secretaria Nacional de Desenvolvimento<br />

de <strong>Esporte</strong> e de Lazer


Foto: Acervo ME<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

44


Ten<strong>do</strong> como referência a Constituição da República<br />

Federativa <strong>do</strong> Brasil (1988), especialmente consideran<strong>do</strong><br />

o art. 217 que trata <strong>do</strong> dever <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> fomentar<br />

práticas desportivas formais e não formais<br />

e de lazer como direito de to<strong>do</strong>s os cidadãos, e o<br />

art. 218, segun<strong>do</strong> o qual o Esta<strong>do</strong> promoverá e incentivará<br />

o desenvolvimento científico, a pesquisa<br />

e a capacitação tecnológica, foi criada, em 2003, a<br />

SNDEL como finalidade de:<br />

• assegurar a configuração de uma política<br />

social <strong>do</strong> esporte e lazer centrada no parâmetro<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento humano, em cooperação<br />

técnica e financeira com outros órgãos da<br />

administração pública federal, <strong>do</strong> Distrito Federal,<br />

esta<strong>do</strong>s, municípios, instituições de ensino<br />

superior e entidades não-governamentais sem fins<br />

lucrativos;<br />

• zelar pelo cumprimento da legislação esportiva,<br />

relativa à sua área de atuação;<br />

• promover o desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer<br />

por meio de políticas integradas com as demais<br />

áreas da administração pública federal, articuladas<br />

às redes de interações que mobilizam;<br />

• manter intercâmbio com organismos públicos e<br />

priva<strong>do</strong>s, nacionais, e internacionais, em prol <strong>do</strong><br />

desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer.<br />

Finalidades consolidadas e ampliadas pelas contínuas<br />

demandas de interesse público, incluin<strong>do</strong> as<br />

necessidades específicas das ações estratégicas definidas<br />

pelas Conferências Nacionais de <strong>Esporte</strong> e<br />

Lazer (2004 e 2006), a Política Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

(2005), o Plano Nacional Desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

(2008-2011) e os Planos Plurianuais - PPAs.<br />

Ação política construída numa sociedade desigual<br />

em termos de acesso da população ao patrimônio<br />

histórico-cultural de esporte e lazer, as oportunidades<br />

de conhecimento, assistência e prática <strong>do</strong>s<br />

seus diversifica<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s.<br />

A SNDEL ocupa, assim, um espaço político institucional<br />

importante na política nacional de direitos<br />

sociais, constituin<strong>do</strong>-se em um locus prioritário<br />

45<br />

para investimentos e ações relativas à produção, divulgação<br />

e socialização de conhecimentos e ações<br />

educativas nas áreas <strong>do</strong> esporte recreativo e lazer,<br />

parte essencial da política social <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>, integrada às demais ações <strong>do</strong> Governo<br />

Federal.<br />

DIRETRIZEs DA sNDEL<br />

• democratização e universalização <strong>do</strong> acesso às<br />

práticas e conhecimentos sobre esporte e o lazer<br />

a to<strong>do</strong>s os cidadãos brasileiros: crianças, jovens,<br />

adultos e i<strong>do</strong>sos, <strong>do</strong>s diferentes gêneros e etnias,<br />

com diferentes habilidades e potenciais corporais<br />

e, especialmente, pertencentes aos segmentos<br />

sociais e comunidades que vivem em circunstâncias<br />

de desvantagens educativa e econômica;<br />

• desenvolvimento de ações educativas na<br />

perspectiva da emancipação humana, <strong>do</strong><br />

desenvolvimento comunitário e da transformação<br />

de políticas de governo em políticas de esta<strong>do</strong><br />

com vistas à garantia de direitos;<br />

• valorização da diversidade cultural das práticas<br />

esportivas e de lazer, em especial as de criação<br />

nacional;<br />

• desenvolvimento de ações estratégicas que<br />

articulem pesquisa com ações educativas,<br />

informação e práticas de gestão de políticas<br />

públicas, representan<strong>do</strong> experiências indispensáveis<br />

à qualificação das políticas educativas de esporte<br />

e lazer como fator de desenvolvimento humano e<br />

inclusão social e cultural;<br />

• implementação de ações intersetoriais,<br />

amplian<strong>do</strong> abrangência de atuação sobre os<br />

dilemas e oportunidades trata<strong>do</strong>s;<br />

• articulação de redes de cooperação com<br />

universidades, esta<strong>do</strong>s, municípios e outros<br />

ministérios, ten<strong>do</strong> em vista o trato das demandas<br />

sociais sob sua responsabilidade;<br />

• articulação de redes de cooperação internacional,<br />

direcionadas para o desenvolvimento da ciência e<br />

tecnologia social em esporte e lazer, pautan<strong>do</strong>-se<br />

pelo respeito à autonomia e a soberania cultural<br />

<strong>do</strong>s povos, assim como o espírito de colaboração<br />

solidária.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


o PRogRAMA EsPoRTE E LAZER DA CIDADE - PELC<br />

A SNDEL é responsável pelo Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer<br />

da Cidade (PELC) - Programa <strong>do</strong> tipo finalístico<br />

cria<strong>do</strong> em 2003 e cujo problema gera<strong>do</strong>r, que justifica<br />

a sua existência, é a desigualdade de acesso ao<br />

esporte e lazer por parcela significativa da população<br />

brasileira. Seu objetivo central é ampliar, democratizar<br />

e universalizar o acesso à prática e ao conhecimento<br />

<strong>do</strong> esporte recreativo e de lazer, integran<strong>do</strong><br />

suas ações às demais políticas públicas, favorecen<strong>do</strong><br />

o desenvolvimento humano e a inclusão social.<br />

São três os eixos centrais <strong>do</strong> PELC:<br />

1. Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong> Recreativo<br />

e de Lazer, nas diversas regiões <strong>do</strong> Brasil, com o<br />

objetivo de garantir o direito ao acesso de qualidade<br />

a políticas públicas de lazer e de esporte, em sua<br />

dimensão recreativa, para as diversas faixas etárias,<br />

garantin<strong>do</strong> a inclusão de pessoas com deficiência.<br />

2. Funcionamento da Rede CEDES - Centros de<br />

Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong> Recreativo e de Lazer<br />

junto às Instituições de Ensino Superior – por meio<br />

<strong>do</strong> estímulo e fomento à produção e difusão de<br />

conhecimentos científico-tecnológicos, volta<strong>do</strong>s à<br />

qualificação da política pública de esporte recreativo<br />

e <strong>do</strong> lazer.<br />

3. Implantação e Modernização de Infra-Estrutura<br />

para <strong>Esporte</strong> Recreativo e Lazer, que prevê a construção<br />

e reforma de equipamentos, ação executada<br />

pela Secretaria Executiva <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

As ações que integram o Programa têm como focos<br />

centrais a formação de agentes e gestores (municipais,<br />

estaduais, de universidades, ONGs e OSCIPs) e<br />

o intercâmbio de conhecimentos e experiências em<br />

âmbitos nacional e internacional, particularmente<br />

estabeleci<strong>do</strong> com a América Latina.<br />

A principal justificativa para a consolidação <strong>do</strong> PELC<br />

é a conscientização <strong>do</strong>s parceiros a respeito da importância<br />

<strong>do</strong> investimento nas políticas públicas de<br />

esporte e lazer, no senti<strong>do</strong> de contribuir para que<br />

estas avancem <strong>do</strong> atual estágio de política de um<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

governo para a dimensão mais ampla de política de<br />

esta<strong>do</strong>.<br />

Desde sua criação, o Programa vem amplian<strong>do</strong>,<br />

qualitativa e quantitativamente, suas ações. Para assegurar<br />

sua estrutura nacional têm si<strong>do</strong> multiplicadas<br />

experiências de parcerias com outros Programas<br />

estruturantes da Política Social <strong>do</strong> Governo Federal,<br />

buscan<strong>do</strong> aprimorar o controle social e a intersetorialidade.<br />

Embora os valores investi<strong>do</strong>s ainda sejam<br />

reduzi<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong> tratar-se de um Programa<br />

Federal, o crescente aumento de recursos e de pessoas<br />

beneficiadas aponta para a ampliação e valorização<br />

das políticas públicas de esporte e lazer no<br />

nível local após a experiência com o PELC.<br />

Enquanto ações gerais, o Programa desenvolve<br />

em 2009: o Funcionamento de Núcleos de <strong>Esporte</strong><br />

e Lazer para todas as idades; o Funcionamento<br />

de Núcleos Vida Saudável para adultos e i<strong>do</strong>sos; o<br />

Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PRONASCI PELC para<br />

jovens de 15 a 24 anos em contextos de violência;<br />

o fomento de pesquisas para o desenvolvimento de<br />

políticas sociais de esporte recreativo e de lazer pela<br />

Rede CEDES; a promoção de eventos científicos,<br />

tecnológicos e interdisciplinares volta<strong>do</strong>s ao desenvolvimento<br />

de políticas sociais de esporte e lazer; e<br />

o desenvolvimento <strong>do</strong> sistema de gestão compartilhada<br />

<strong>do</strong> esporte e lazer.<br />

Além disso, o PELC é um <strong>do</strong>s principais atores na<br />

execução <strong>do</strong> Prêmio Brasil de <strong>Esporte</strong> e Lazer de Inclusão<br />

Social – Nacional; Sistema de Documentação<br />

e Informação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – CEDIME;<br />

realização <strong>do</strong>s Jogos Nacionais <strong>do</strong>s Povos Indígenas;<br />

no planejamento e mobilização <strong>do</strong>s I Jogos Brasileiros<br />

<strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos; e na mobilização <strong>do</strong>s parceiros para<br />

envolvimento direto nas discussões das Conferências<br />

Nacionais <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e criação <strong>do</strong> Sistema Nacional<br />

de <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />

46


sobre as Ações <strong>do</strong> Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade<br />

- PELC<br />

Estratégia 1<br />

AÇÃO EDUCATIVA: formação continuada de gestores,<br />

agentes, lideranças comunitárias, pesquisa<strong>do</strong>res,<br />

legisla<strong>do</strong>res e outros parceiros atuantes nas esferas<br />

públicas federal, estadual e municipal, com vistas à<br />

formulação e implementação de políticas públicas de<br />

esporte e lazer de inclusão social e cultural.<br />

Principais ações:<br />

Até o ano de 2008, o Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong><br />

PELC, em órgãos públicos federais, estaduais, municipais<br />

e organizações não-governamentais, abrangeu<br />

19 Esta<strong>do</strong>s brasileiros e o Distrito Federal. O apoio<br />

financeiro para esta ação se dá via seleção de proje-<br />

Foto: Acervo ME<br />

47<br />

tos por meio de Chamadas Públicas, divulgadas pelo<br />

Portal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Diário Oficial, ou<br />

defini<strong>do</strong> por Emendas Parlamentares.<br />

Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PELC para todas<br />

as idades<br />

Promover o desenvolvimento de atividades educativas<br />

de esporte recreativo e lazer, incluin<strong>do</strong> o de criação<br />

nacional e de identidade cultural, para crianças,<br />

a<strong>do</strong>lescentes, jovens, adultos, i<strong>do</strong>sos, pessoas com<br />

deficiências.<br />

Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PELC Vida Saudável<br />

Promover o desenvolvimento de atividades educativas<br />

físicas, de esporte recreativo e de lazer, para<br />

pessoas com idade acima de 45 anos, atenden<strong>do</strong><br />

pessoas com deficiências, em atividades sistemá-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


ticas como oficinas de esporte, dança, ginástica,<br />

teatro, música, orientação a caminhada, capoeira<br />

e outras dimensões da cultura local, bem como a<br />

organização popular na realização de macros eventos<br />

de lazer.<br />

Em parceria com o <strong>Ministério</strong> da Justiça, integran<strong>do</strong><br />

o Programa Nacional de Segurança Pública com<br />

Cidadania (PRONASCI) de enfrentamento à violência<br />

e volta<strong>do</strong> para jovens de 15 a 24 anos é fomenta<strong>do</strong><br />

o:<br />

Funcionamento de Núcleos <strong>do</strong> PRONASCI<br />

PELC<br />

Desenvolve atividades físicas, jogos e brincadeiras,<br />

oficinas artísticas, salas de leitura e de discussão<br />

de filmes, artes marciais, capoeira, ginástica e outras.<br />

Estimula a convivência social, a formação de<br />

gestores e lideranças comunitárias, a elevação da<br />

autoestima <strong>do</strong>s participantes, amplian<strong>do</strong> condições<br />

de acesso ao esporte recreativo e ao lazer.<br />

Estratégia 2<br />

PESQUISA: fomento de estu<strong>do</strong>s, fundamenta<strong>do</strong>s<br />

na pesquisa social, sobre temas prioritários para<br />

a qualificação de políticas públicas de esporte e<br />

lazer de inclusão social e cultural, desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

por Instituições de Ensino Superior de todas as<br />

regiões brasileiras, expandin<strong>do</strong> e modernizan<strong>do</strong> a<br />

base científico-tecnológica que vem sen<strong>do</strong> construída<br />

sobre esporte e lazer pela pesquisa social<br />

no Brasil.<br />

Principal ação:<br />

Rede CEDES – Centros de Desenvolvimento de <strong>Esporte</strong><br />

e Lazer<br />

Até o ano de 2008, a Rede CEDES integrou 62 Grupos<br />

de Estu<strong>do</strong>s de Educação Física, <strong>Esporte</strong> e/ou Lazer,<br />

de 35 Instituições de Ensino Superior de to<strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

o País. A Rede fomenta a produção e difusão de<br />

pesquisas induzidas e semi-induzidas, selecionadas<br />

via Chamada Pública divulgada pelo Portal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o Diário Oficial, consideran<strong>do</strong><br />

nove linhas temáticas:<br />

1. Memória da educação física, <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong><br />

lazer no Brasil.<br />

2. Perfil <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e<br />

municípios brasileiros.<br />

3. Avaliação de políticas públicas e programas<br />

de esporte e lazer (desenvolvi<strong>do</strong>s pelo governo<br />

federal, em particular os Programas <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>: <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cidade, Segun<strong>do</strong><br />

Tempo, Pintan<strong>do</strong> a Liberdade, Bolsa Atleta).<br />

4. Novos programas sociais de esporte e lazer<br />

de alcance nacional (estu<strong>do</strong>s que subsidiem o<br />

atendimento de demandas específicas como:<br />

fases da vida, gêneros, etnias/raças, deficientes,<br />

famílias, populações rurais, populações indígenas,<br />

quilombolas, ribeirinhas, manifestações de<br />

identidade nacional, etc.).<br />

5. Observatório <strong>do</strong> esporte (estu<strong>do</strong>s sobre torcidas<br />

organizadas, violência no esporte, mídia esportiva,<br />

políticas públicas de esporte, legislação esportiva,<br />

educação olímpica, esporte escolar e universitário,<br />

megaeventos esportivos, futebol, dentre outros<br />

temas).<br />

6. Programas intersetoriais (estu<strong>do</strong>s que subsidiem<br />

ações integradas <strong>do</strong> esporte e lazer com outras<br />

áreas da política pública brasileira: educação,<br />

saúde, justiça, trabalho, juventude, cultura,<br />

desenvolvimento social, meio ambiente, turismo,<br />

dentre outras).<br />

7. Gestão <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer (estu<strong>do</strong>s sobre<br />

planejamento, gestão de pessoas, atividades,<br />

ação comunitária, animação sociocultural,<br />

meto<strong>do</strong>logias, controle social e outros temas que<br />

qualifiquem a gestão <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer).<br />

8. Infraestrutura de esporte e lazer (estu<strong>do</strong>s sobre<br />

implantação, manutenção, uso, acessibilidade e<br />

novas tecnologias de infraestruturas, prioritariamente<br />

públicas).<br />

9. Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer (estu<strong>do</strong>s<br />

sobre fundamentos e referências, eixos e marcos<br />

legais, redes de interações, dentre outros aspectos<br />

fundamentais para a criação e implementação <strong>do</strong><br />

Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer).<br />

48


PRêMIo bRAsIL DE EsPoRTE E LAZER DE INCLUsão<br />

soCIAL<br />

Ten<strong>do</strong> como objetivos incentivar, apoiar e valorizar<br />

produções científicas, tecnológicas e pedagógicas<br />

que contribuam para a qualificação<br />

e inovação de políticas públicas de esporte e lazer<br />

de inclusão social é realiza<strong>do</strong> bianualmente<br />

concurso com conseqüente premiação e difusão<br />

<strong>do</strong>s três primeiros trabalhos classifica<strong>do</strong>s, por<br />

mérito, em cada uma das cinco Categorias <strong>do</strong><br />

Prêmio, a saber:<br />

Categorias com Premiação Regional<br />

Categoria 1: Dissertações de Mestra<strong>do</strong>, Teses<br />

de Doutora<strong>do</strong> e Pesquisas Independentes<br />

Categoria 2: Monografias de Graduação e<br />

Especialização Lato Sensu<br />

Categoria 3: Relatos de Experiências<br />

Categorias com Premiação Nacional<br />

Categoria 4: Ensaios<br />

Categoria 5: Novas Mídias<br />

O Regulamento <strong>do</strong> Prêmio é divulga<strong>do</strong> via Edital<br />

pelo site <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (www.esporte.gov.br),<br />

por meio <strong>do</strong> qual também são socializa<strong>do</strong>s<br />

o livro, vídeos e catálogo que reúnem as<br />

obras e os autores premia<strong>do</strong>s.<br />

Em sua 1ª Edição (2008), foram premia<strong>do</strong>s 27<br />

trabalhos, de todas as regiões <strong>do</strong> País, que receberam<br />

troféus, certifica<strong>do</strong>s, trabalho publica<strong>do</strong><br />

e prêmios em dinheiro, conforme defini<strong>do</strong> pelo<br />

Regulamento <strong>do</strong> concurso.<br />

Estratégia 3<br />

GESTÃO COMPARTILHADA: Política de gestão<br />

compartilhada de programas, projetos e atividades<br />

de esporte e de lazer, articulan<strong>do</strong> redes<br />

de gestores, legisla<strong>do</strong>res, agentes comunitários,<br />

49<br />

pesquisa<strong>do</strong>res e outros parceiros <strong>do</strong> PELC, estabelecen<strong>do</strong><br />

trocas de experiências, organizan<strong>do</strong><br />

diretrizes e qualifican<strong>do</strong> práticas de gestão, contribuin<strong>do</strong><br />

com a qualificação da Política Nacional<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (2005), a construção <strong>do</strong> Sistema<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> e Lazer, de mecanismos e<br />

de indica<strong>do</strong>res de controle e participação social.<br />

Principais ações:<br />

Eventos científicos e tecnológicos de esporte<br />

e lazer<br />

Apoio e/ou realização de conferências, congressos,<br />

seminários, palestras, reuniões técnicas,<br />

entre outros eventos de abrangência nacional<br />

e/ou internacional, promoven<strong>do</strong> intercâmbios<br />

científicos e tecnológicos, assim como a divulgação,<br />

transmissão e disponibilização, em<br />

meios eletrônicos e impressos, <strong>do</strong>s registros relativos<br />

aos conteú<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s. São apoia<strong>do</strong>s<br />

projetos de educação física, esporte e lazer,<br />

de abrangência nacional e/ou internacional, desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

em continuidade, seleciona<strong>do</strong>s pela<br />

SNDEL, dentre os inscritos nesta Secretaria.<br />

Eventos interdisciplinares de esporte e<br />

lazer<br />

Apoio a projetos de eventos de natureza interdisciplinar,<br />

de abrangência nacional, articulan<strong>do</strong><br />

a discussão sobre esporte recreativo e lazer,<br />

inclusive de criação nacional e identidade cultural,<br />

com temas afetos ao meio ambiente, à educação,<br />

à cultura e à saúde, dentre outras ações<br />

transversais.<br />

Formação de gestores, agentes comunitários<br />

e forma<strong>do</strong>res<br />

Em parceria com universidades, ministérios e<br />

outros órgãos públicos, realização de cursos,<br />

palestras e seminários presenciais e à distância<br />

sobre políticas públicas de esporte e lazer.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Cooperação e intercâmbio técnico-científico<br />

Promoção de ações de cooperação e intercâmbio institucional,<br />

em âmbito nacional e internacional, com<br />

vistas ao fomento <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> esporte e lazer<br />

a partir da troca de conhecimentos e experiências,<br />

estu<strong>do</strong>s e pesquisas.<br />

Ações intersetoriais - Como por exemplo:<br />

“Jogos <strong>do</strong>s Povos Indígenas”, integra os <strong>Ministério</strong>s<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, Justiça, Educação, Cultura, Saúde, a Secretaria<br />

Especial de Promoção de Políticas de Promoção<br />

da Igualdade Racial, governos municipais e estaduais,<br />

com o Comitê Intertribal e outros parceiros.<br />

“<strong>Esporte</strong>, Lazer e Educação Integral”, ação integrada<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>/Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer da<br />

Cidade e <strong>Ministério</strong> da Educação/Programas Mais Educação<br />

e Escola Aberta com desenvolvimento de atividades<br />

de abrangência nacional e internacional.<br />

Estratégia 4<br />

INFORMAÇÃO: política de <strong>do</strong>cumentação, informação<br />

e difusão, articulada a “gestão <strong>do</strong> conhe-<br />

Foto: Francisco Medeiros<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

cimento e da informação” para subsidiar, avaliar<br />

e qualificar políticas públicas de esporte e lazer de<br />

inclusão social e cultural, sistematizan<strong>do</strong> e difundin<strong>do</strong><br />

conhecimentos, dan<strong>do</strong> suporte a intercâmbios<br />

nacionais e internacionais e à construção de<br />

relações estreitas entre esporte educacional, de<br />

rendimento e de lazer.<br />

As ações desenvolvidas integram as atividades <strong>do</strong><br />

CEDIME – Centro de Documentação e Informação<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> -, sob a responsabilidade<br />

da SNDEL.<br />

Centro de Documentação e Informação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – CEDIME<br />

Objetiva <strong>do</strong>cumentar, preservar e difundir conhecimentos<br />

e informações científicas, tecnológicas<br />

de esporte e lazer, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s instrumentos básicos<br />

para a implementação <strong>do</strong> Sistema Nacional<br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer. Utiliza-se de meios eletrônicos<br />

(digitalização, armazenamento e disponibilização<br />

de <strong>do</strong>cumentos, imagens e informações) e físicos<br />

(edição e distribuição de catálogos, livros, periódicos<br />

científicos, entre outros). Suas ações associam<br />

a recuperação e manutenção de acervos <strong>do</strong>cumen-<br />

50


tal, museológico e bibliográfico com possibilidade<br />

de acesso aberto a diferentes públicos interessa<strong>do</strong>s<br />

em esporte e lazer, como pesquisa<strong>do</strong>res, gestores,<br />

estudantes, comunidades, dentre outros.<br />

Principais atividades:<br />

Centros de Memória e Museus: Apoio à pesquisa,<br />

organização e catalogação, bem como recuperação,<br />

preservação, conservação e segurança de acervos,<br />

conforme projeto museológico <strong>do</strong> Centro (temática,<br />

evento, história de vida, etc). Os Centros de<br />

Memórias e museus têm como funções principais a<br />

pesquisa, digitalização, catalogação, preservação,<br />

restauração, conservação, segurança de acervos e<br />

disponibilização ampla de seus acervos, conforme<br />

sua política museológica, geran<strong>do</strong> oportunidades<br />

de produção permanente de novos acervos, consulta,<br />

intercâmbio, participação de pesquisa<strong>do</strong>res e<br />

comunidades interessadas nas informações relacionadas<br />

à especificidade de seu acervo.<br />

Periódicos: Apoio a periódicos brasileiros que registram,<br />

difundem e compartilham publicamente (por<br />

meio impresso e digital) o conhecimento construí<strong>do</strong><br />

nas áreas da Educação Física, <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e <strong>do</strong><br />

Foto: Francisco Medeiros<br />

51<br />

Lazer, contribuin<strong>do</strong> com o avanço qualitativo <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s e experiências desenvolvidas nestas áreas.<br />

Linha Editorial: produção e difusão de publicações<br />

impressas e digitais de esporte e lazer, que possam<br />

contribuir com o desenvolvimento científico, tecnológico<br />

e pedagógico das políticas públicas nestes<br />

campos.<br />

FoRMAs DE PARTICIPAÇão Nos EVENTos, CURsos<br />

E PUbLICAÇõEs<br />

Análise e seleção individual de pleitos, para apoio<br />

técnico e apoio financeiro dentro <strong>do</strong> limite orçamentário<br />

da SNDEL, consideran<strong>do</strong> os critérios préestabeleci<strong>do</strong>s<br />

nas diretrizes e estratégias de cada<br />

ação, os princípios da democratização e da priorização<br />

social e o equilíbrio regional.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

de Alto Rendimento


Foto: Francisco Medeiros<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

54


O esporte ganhou força no Brasil com a vitória <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro na disputa pela realização <strong>do</strong>s Jogos<br />

Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A partir<br />

desse fato histórico, o esporte de alto rendimento<br />

brasileiro tem uma chance inigualável de se transformar,<br />

e para isso é necessário esforço conjunto e<br />

articula<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os responsáveis por este segmento<br />

no País.<br />

No <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, a Secretaria Nacional de<br />

<strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento (SNEAR) é a unidade<br />

administrativa que atua no segmento esportivo de<br />

rendimento – o esporte competitivo – que engloba<br />

entidades esportivas <strong>do</strong> Sistema Nacional de<br />

Desporto tais como Comitês, Confederações, Federações<br />

e Clubes, entre outras instituições. Além<br />

disso, atua em parceria com Secretarias Municipais<br />

e Estaduais de <strong>Esporte</strong> e instituições da sociedade<br />

como ONGs e representações da sociedade civil.<br />

Sua atuação está focada, numa perspectiva de intersetorialidade,<br />

em propiciar ao cidadão que se<br />

dedica ou tem aptidão para o esporte competitivo<br />

melhores condições para acesso, desenvolvimento<br />

e conquista de resulta<strong>do</strong>s, de mo<strong>do</strong> complementar<br />

às iniciativas <strong>do</strong>s agentes que compõem o segmento.<br />

A Secretaria tem diversas atribuições, entre elas<br />

a de dar forma à política para o esporte de alta<br />

competitividade, ensejar mudanças necessárias na<br />

legislação, buscar soluções para melhorias nas condições<br />

de atuação <strong>do</strong> setor, estimular o aprimoramento<br />

<strong>do</strong>s níveis de competências administrativas<br />

e técnico-esportivas e propiciar acesso ao esporte<br />

de rendimento, desde a identificação <strong>do</strong> talento,<br />

passan<strong>do</strong> pelo desenvolvimento das potencialidades<br />

esportivas <strong>do</strong>s atletas e para-atletas, até a fase<br />

pós-carreira atlética.<br />

Para tanto, a Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto<br />

Rendimento, em seu mais recente planejamento<br />

estratégico, em março de 2009, estabeleceu con-<br />

55<br />

ceitos, missão, diretrizes e as principais linhas de<br />

ação e os projetos para uma gestão moderna e eficaz<br />

da política pública de esporte de rendimento<br />

no Brasil. O objetivo maior é tornar o Brasil uma<br />

potência esportiva.<br />

A Lei 9.615/98 e suas alterações definem o esporte<br />

de rendimento como aquele exerci<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> regras<br />

nacionais e internacionais de prática esportiva<br />

com a finalidade de obter resulta<strong>do</strong>s e integrar pessoas<br />

e comunidades <strong>do</strong> País e estas com as comunidades<br />

de outras nações. Com o passar <strong>do</strong> tempo,<br />

a dinâmica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> e os avanços da<br />

sociedade, a prática esportiva de rendimento vem<br />

sen<strong>do</strong> rediscutida, remodelada, segmentada.<br />

Estu<strong>do</strong>s buscam novos enfoques e diversas possibilidades<br />

de abordagem no tradicional conceito legal<br />

. A Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />

neste novo contexto, se ocupa da articulação<br />

com as demais manifestações esportivas – educacional<br />

e de participação – sem a histórica relação<br />

de hierarquia. Do mesmo mo<strong>do</strong> que atua em conexão<br />

com os demais entes envolvi<strong>do</strong>s na cadeia de<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> esporte de rendimento para<br />

além <strong>do</strong> atual Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong> conti<strong>do</strong><br />

no Sistema Brasileiro Desportivo, evoluin<strong>do</strong>, conforme<br />

apontou a II CNE, para um outro Sistema<br />

mais abrangente, mais moderno e eficaz que traduza<br />

a realidade atual de esporte no Brasil.<br />

Este novo olhar para o esporte de competição<br />

tem se traduzi<strong>do</strong> na superação de uma relação de<br />

atendimento a necessidades pontuais de equipes<br />

e representações esportivas nacionais em eventos,<br />

para uma relação planejada e articulada que<br />

abrange desde a intervenção direta no desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> esporte brasileiro até a ação indireta,<br />

quan<strong>do</strong> mobiliza o governo e a sociedade em busca<br />

da realização de grandes eventos esportivos no<br />

Brasil e se ocupa de fazer com que eles deixem<br />

forte lega<strong>do</strong>.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Foi assim nos Jogos Pan e Parapan-americanos <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro em 2007. E foi assim no processo<br />

de disputa pelos Jogos de 2016 que culminou na<br />

histórica vitória <strong>do</strong> dia 2 de outubro de 2009. E<br />

foi assim também na conquista <strong>do</strong>s 5º Jogos Mundiais<br />

Militares que se realizarão no Rio de Janeiro<br />

em 2011.<br />

Essa nova forma de lidar com o esporte de rendimento<br />

ganhou força no planejamento estratégico<br />

da Secretaria no início de 2009, já com a perspectiva<br />

da vitória na disputa pelos Jogos Olímpicos e<br />

Paraolímpicos. A concepção é a de que a realização<br />

desses eventos multiesportivos no Brasil conduz o<br />

esporte de rendimento à busca de novo patamar<br />

de organização e de competição.<br />

Mais adiante, neste caderno, o relato da experiência<br />

de realizar os Jogos Pan e Parapan-americanos<br />

e de vencer a disputa pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.<br />

Este caderno também apresenta informações sobre<br />

os projetos da Secretaria de Alto Rendimento, alguns<br />

já em andamento há bastante tempo, outros<br />

em fase de implantação. Por essa razão, nem to<strong>do</strong>s<br />

os projetos contêm detalhamento <strong>do</strong>s procedimentos<br />

– que serão oportunamente coloca<strong>do</strong>s à disposição<br />

na página <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> na internet.<br />

DIRETRIZEs DE ATUAÇão DA sNEAR<br />

A atual missão da SNEAR é: “Trabalhar em políticas,<br />

meios e ações para desenvolver o esporte de<br />

rendimento, de forma a elevar o Brasil à condição<br />

de potência esportiva, reconhecida mundialmente,<br />

bem como estimular a realização regular de<br />

competições e da prática esportivas em to<strong>do</strong>s os<br />

níveis.”<br />

As diretrizes para busca da missão e implementação<br />

das ações são:<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

• Atuar para que todas as ações <strong>do</strong> esporte de<br />

alto rendimento tenham foco nos atletas, em<br />

seus objetivos, necessidades e capacidades.<br />

• Estimular a utilização da infraestrutura<br />

esportiva existente através da realização regular<br />

de competições e eventos;<br />

• Estimular a modernização da infraestrutura<br />

esportiva existente ten<strong>do</strong> como parâmetros as<br />

melhores especificações técnicas e modelos<br />

internacionais;<br />

• Atuar para o desenvolvimento de modalidades<br />

esportivas olímpicas e paraolímpicas com mais<br />

possibilidades de medalhas;<br />

• Promover o planejamento e alinhamento<br />

<strong>do</strong>s investimentos públicos e priva<strong>do</strong>s nas<br />

modalidades esportivas selecionadas;<br />

• Definir, reconhecer e fomentar vocações locais<br />

de municípios e regiões;<br />

• Fortalecer o Sistema Nacional <strong>do</strong> Desporto por<br />

meio da qualificação geral da gestão <strong>do</strong> esporte<br />

e em particular <strong>do</strong> estímulo compensatório para<br />

as entidades de administração e as de prática<br />

esportiva;<br />

• Fomentar o desenvolvimento da ciência e da<br />

tecnologia aplicadas ao esporte de rendimento,<br />

em parceria com instituições federais de ensino<br />

e pesquisa;<br />

• Priorizar o investimento alinha<strong>do</strong> ao<br />

planejamento das entidades esportivas que se<br />

comprometerem com a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> novo modelo<br />

de gestão e governança;<br />

• Assegurar acesso à informação e disseminar<br />

os valores <strong>do</strong> esporte em to<strong>do</strong>s os programas da<br />

SNEAR;<br />

• Fomentar o desenvolvimento da cadeia<br />

produtiva associada ao esporte de forma a<br />

fortalecer a indústria nacional e promover os<br />

produtos brasileiros;<br />

• Divulgar de forma sistêmica os principais<br />

conceitos de gestão e governança, bem como o<br />

conceito de Cadeia Produtiva no <strong>Esporte</strong>;<br />

• Divulgar as atividades da SNEAR para as<br />

entidades públicas e privadas.<br />

56


Foto: Bruno Carvalho<br />

ÁREAs DE AÇão<br />

A atuação da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de<br />

Alto Rendimento está distribuída nas seguintes<br />

macroáreas:<br />

Competições e Eventos<br />

* Estimular a realização de competições e de eventos<br />

regulares que contribuam com o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> esporte de rendimento.<br />

Infraestrutura para o <strong>Esporte</strong><br />

* Criar a Rede Nacional de Treinamento;<br />

* Implantar a Rede de "Cidade Esportiva";<br />

* Fomentar a cadeia produtiva <strong>do</strong> esporte de forma<br />

integrada e sistêmica, atuan<strong>do</strong> com outras entidades<br />

públicas e privadas;<br />

57<br />

* Garantir sustentabilidade de instalações ten<strong>do</strong><br />

como objetivo assegurar o lega<strong>do</strong> da estrutura.<br />

Gestão e Processos<br />

* Desenvolvimento <strong>do</strong>s atletas de rendimento e<br />

preparação para a transição de carreira, ou destreinamento;<br />

* Criar modelo de gestão e governança para a SNE-<br />

AR e para entidades da administração e da prática<br />

esportivas;<br />

* Relacionar a boa governança com a obtenção<br />

de recursos;<br />

* Repensar a estruturação <strong>do</strong> Sistema Brasileiro<br />

de Desporto;<br />

* Atuar pela integração de programas, projetos e<br />

ações relacionadas ao esporte de rendimento;<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


* Fomentar modelos de gestão e governança para<br />

a sustentabilidade e a utilização de lega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esporte<br />

de alto rendimento;<br />

* Promover o desenvolvimento nacional e/ou local<br />

de modalidades olímpicas e paraolímpicas.<br />

Capacitação de Recursos Humanos<br />

* Incentivar a capacitação <strong>do</strong>s diversos atores envolvi<strong>do</strong>s<br />

no esporte de alto rendimento.<br />

Inteligência e Informação<br />

* Tornar a SNEAR referência nacional em conhecimento,<br />

desenvolvimento, gestão, governança e<br />

informação esportiva.<br />

Ciência e Tecnologia<br />

* Fomentar o desenvolvimento da ciência e da<br />

tecnologia aplicadas ao esporte.<br />

PRoJETos<br />

As ações da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de<br />

Alto Rendimento estão vinculadas ao programa<br />

Brasil Campeão, um instrumento de organização<br />

da atuação governamental que articula um conjunto<br />

de ações para se atingir um objetivo comum<br />

visan<strong>do</strong> a suprir uma necessidade da sociedade e<br />

em particular <strong>do</strong> esporte.<br />

O Brasil Campeão é executa<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong>s seguintes<br />

programas, projetos e ações, alguns já<br />

existentes e outros em fase de implantação:<br />

Empresa brasileira de Excelência Esportiva<br />

Uma das principais ações nesta nova fase <strong>do</strong> alto<br />

rendimento no País é a implantação da Empresa<br />

Brasileira de Excelência Esportiva (EBE), uma empresa<br />

pública federal, com a finalidade de imple-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

mentar a Rede Nacional de Treinamento, propiciar<br />

capacitação de profissionais para as diversas<br />

funções que o esporte requer, promover pesquisa<br />

de alto nível no campo esportivo e desenvolver<br />

atividades em diversas áreas <strong>do</strong> esporte de rendimento<br />

relacionadas com a educação e o desenvolvimento<br />

científico e tecnológico.<br />

A EBE deverá, entre outras atribuições:<br />

I – Colaborar na formulação e na execução<br />

da Política Nacional de <strong>Esporte</strong>, da Política<br />

Nacional de Ciência e Tecnologia e da Política<br />

Nacional de Educação, estas duas no que tange<br />

à correlação com o esporte;<br />

II – Incentivar e realizar pesquisas que<br />

contribuam com a evolução <strong>do</strong> esporte de<br />

alto rendimento, assim como propor critérios<br />

e mecanismos para o desenvolvimento das<br />

atividades de pesquisa e tecnologia para o<br />

esporte;<br />

<strong>III</strong> – Formar e capacitar recursos humanos para<br />

o esporte;<br />

IV – Desenvolver tecnologias de interesse para<br />

o esporte;<br />

V – Desenvolver atividades de referência para<br />

a avaliação e o controle da qualidade em<br />

esporte;<br />

VI – Gerir e manter a Rede Nacional de<br />

Treinamento, composta pelos Centros de<br />

Treinamento de Alto Rendimento articula<strong>do</strong>s<br />

pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>;<br />

VII – Apoiar entidades de administração e de<br />

prática esportiva, atletas, esta<strong>do</strong>s, Distrito<br />

Federal e municípios no desenvolvimento e<br />

aprimoramento esportivo;<br />

V<strong>III</strong> – Desenvolver atividades de análise e<br />

difusão de informação para o esporte;<br />

IX – Desenvolver atividades de prestação de<br />

serviços e cooperação técnica no campo <strong>do</strong><br />

esporte, da ciência e da tecnologia;<br />

X – Articular-se, em sua área de atuação, com<br />

instituições nacionais e internacionais para<br />

ações de cooperação institucional, técnica e<br />

financeira, bilateral e multilateral;<br />

XI – Promover atividades de pesquisa, ensino,<br />

desenvolvimento tecnológico e cooperação<br />

técnica voltadas para o esporte.<br />

58


Sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Excelência<br />

Esportiva (EBE) estarão:<br />

* Implementação da Rede Nacional de Treinamento,<br />

que se constituirá de diversos “braços” em diferentes<br />

esferas, dan<strong>do</strong> prioridade a centros já existentes<br />

ou planeja<strong>do</strong>s, entre os quais:<br />

a) Complexo Federal de Treinamento (CFT),<br />

localiza<strong>do</strong> no Rio de Janeiro, nos bairros da Barra<br />

da Tijuca e de Deo<strong>do</strong>ro.<br />

b) Centro de Treinamento da Fiocruz, em<br />

Jacarepaguá.<br />

c) "Cidade Esportiva", a serem implantadas e que<br />

se constituirão em Centros Locais e Regionais de<br />

Treinamento.<br />

d) Centros de Treinamento de Modalidades.<br />

* Criação de um modelo de gestão interliga<strong>do</strong> entre<br />

o esporte de base (iniciação esportiva), os Centros<br />

Locais, os Centros Regionais e o Complexo Federal<br />

de Treinamento.<br />

* Implantação de Divisão de Ensino, para:<br />

a) Formação de treina<strong>do</strong>res e árbitros.<br />

b) Gestão esportiva.<br />

c) Cursos técnicos profissionalizantes.<br />

d) Especialização, mestra<strong>do</strong> e<br />

formação complementar.<br />

e) Ensino a distância.<br />

* Implantação de Divisão de Pesquisa, a se constituir de:<br />

a) Laboratórios da EBE e de instituições parceiras.<br />

b) Centro de Inteligência Esportiva.<br />

c) Parcerias com a Rede Cenesp<br />

e outras instituições.<br />

Rede Nacional de Treinamento<br />

Complexo Federal de Treinamento (CFT), no Rio de<br />

Janeiro, organiza<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is campus, nos bairros<br />

da Barra da Tijuca e de Deo<strong>do</strong>ro. Será o ponto de<br />

partida <strong>do</strong> modelo de excelência e terá infraestru-<br />

59<br />

tura e profissionais de alta qualidade para oferecer<br />

treinamento e intercâmbio esportivo para atletas de<br />

elite e seleções das modalidades-foco. E se apoiará<br />

na aplicação da ciência esportiva ao treinamento.<br />

Também dará apoio aos demais centros da Rede<br />

Nacional de Treinamento.<br />

Centros Regionais de Treinamento. Aplicação prática<br />

<strong>do</strong> programa "Cidade Esportiva", os Centros<br />

Regionais vão fazer a ponte entre a formação esportiva<br />

e a elite <strong>do</strong> alto rendimento. Se destinarão<br />

ao treinamento com apoio de pesquisa, via Rede<br />

Cenesp, sob a liderança da EBE.<br />

Centros Locais de Treinamento. Também acopla<strong>do</strong>s<br />

ao "Cidade Esportiva", os Centros Locais vão<br />

se constituir de um centro ou conjunto esportivo<br />

forma<strong>do</strong> por instalações diversas, clubes e Sistema<br />

S, entre outras possibilidades, e terão uma coordenação<br />

de gestão. Devem permitir o treinamento<br />

de talentos e jovens atletas em suas regiões de<br />

origem.<br />

<strong>Esporte</strong> de base: aí se situam núcleos de iniciação<br />

esportiva espalha<strong>do</strong>s pelo País, núcleos <strong>do</strong> programa<br />

Segun<strong>do</strong> Tempo, <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, e<br />

projetos de esporte escolar.<br />

"Cidade Esportiva"<br />

O programa "Cidade Esportiva" foi estrutura<strong>do</strong><br />

pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> com o objetivo de propiciar<br />

espaço para formação de atletas nos municípios<br />

brasileiros. O foco será em modalidades que<br />

compõem os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, com<br />

o propósito de ampliar a participação brasileira na<br />

disputa de finais e, com isso, melhorar a posição <strong>do</strong><br />

País no quadro de medalhas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eventos.<br />

Outro objetivo é fomentar o desenvolvimento <strong>do</strong><br />

esporte de rendimento nas regiões que vierem a<br />

aderir à iniciativa. O programa terá conexão com<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


projetos de esporte social e educacional, como<br />

o Segun<strong>do</strong> Tempo, <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, de<br />

onde poderão surgir talentos que venham a se desenvolver<br />

posteriormente no "Cidade Esportiva"<br />

e na Rede Nacional de Treinamento.<br />

O que se pretende é que o <strong>Ministério</strong> forneça<br />

certificação a esta<strong>do</strong>s e municípios para o desenvolvimento<br />

de projetos direciona<strong>do</strong>s aos esportes<br />

olímpicos e paraolímpicos conforme a vocação de<br />

cada cidade. A vocação pode ser, a partir de esportes<br />

já desenvolvi<strong>do</strong>s no município ou na região,<br />

ou induzida, com projetos defini<strong>do</strong>s conforme a<br />

necessidade que o País terá de fortalecer-se em determinadas<br />

modalidades.<br />

Para isso, a infraestrutura local precisará ser adequada<br />

ao esporte – ou esportes – escolhi<strong>do</strong> naquela<br />

cidade. Esta<strong>do</strong>s e municípios deverão utilizar<br />

prioritariamente a infraestrutura já existente, que<br />

poderá ser reformada ou ampliada de acor<strong>do</strong> com<br />

a necessidade de cada local. Além de ser o indutor<br />

das ações e o articula<strong>do</strong>r das cidades, o governo<br />

federal irá colaborar financeiramente com a<br />

modernização <strong>do</strong>s equipamentos esportivos. E os<br />

municípios deverão contar com a parceria das Confederações<br />

e <strong>do</strong>s Comitês Olímpico e Paraolímpico<br />

Brasileiros para o planejamento e o desenvolvimento<br />

técnico <strong>do</strong> projeto, com acompanhamento <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong>.<br />

Os locais onde o programa vai se desenrolar serão<br />

denomina<strong>do</strong>s Centro Local ou Centro Regional de<br />

Treinamento, e vão fazer parte da Rede Nacional<br />

de Treinamento de alto nível que o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong> está estruturan<strong>do</strong>.<br />

As cidades, portanto, devem eleger modalidades,<br />

priorizar recursos, incumbir-se da manutenção e<br />

operação <strong>do</strong> Centro Local e estabelecer parcerias<br />

com Esta<strong>do</strong>, União e Confederações para <strong>do</strong>tar<br />

atletas, clubes e escolas de meios para o desenvol-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

vimento máximo possível da modalidade escolhida,<br />

da base até o nível olímpico.<br />

O projeto "Cidade Esportiva" significa a aplicação<br />

em âmbito local da política nacional de esporte<br />

de rendimento, ou seja, um sistema interligan<strong>do</strong><br />

governo federal, esta<strong>do</strong>s, municípios, entidades<br />

esportivas, clubes sociais e associações (ex.: AABB),<br />

Sistema S, unidades militares, iniciativa privada e<br />

outros interessa<strong>do</strong>s, para ampliar a base da alta<br />

performance. Esse será o Sistema Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

de Alto Rendimento.<br />

Iniciação Esportiva<br />

O esporte de base reúne duas ações <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

que passam a coexistir e se articular: a Descoberta<br />

<strong>do</strong> Talento Esportivo e os Núcleos de <strong>Esporte</strong> de<br />

Base, agora denominadas de Iniciação Esportiva,<br />

com objetivo de descoberta, desenvolvimento e<br />

aprimoramento de atletas de categorias de base <strong>do</strong><br />

esporte de rendimento. Passa a incluir também núcleos<br />

de esporte educacional e <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Tempo,<br />

no caso de neles despontarem talentos que possam<br />

vir a ser foca<strong>do</strong>s para o alto rendimento. Inclui<br />

ainda núcleos de esporte social desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

por organizações não-governamentais espalha<strong>do</strong>s<br />

pelo País. To<strong>do</strong>s terão a orientação necessária sobre<br />

os procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s em caso<br />

de se detectar jovens com potencial e interesse em<br />

seguir no esporte competitivo.O propósito é que<br />

eles sejam encaminha<strong>do</strong>s a entidades e instituições<br />

componentes da Rede Nacional de Treinamento<br />

para prosseguimento no trabalho de formação e<br />

desenvolvimento de atleta.<br />

A Descoberta <strong>do</strong> Talento Esportivo é uma ação<br />

desenvolvida pelo <strong>Ministério</strong> que detecta talentos<br />

motores por meio de um sistema informatiza<strong>do</strong> e<br />

os identifica no Banco de Talentos <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>, que também passará por reformulação.<br />

Desde o início <strong>do</strong> projeto, foram avalia<strong>do</strong>s cerca<br />

60


de 200 mil estudantes, e atualmente estão disponíveis<br />

no banco de talentos cerca de 15 mil nomes<br />

destaca<strong>do</strong>s.<br />

O Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base é estrutura<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>Ministério</strong> para apoio a ações de formação esportiva<br />

e paradesportiva especializada que possibilitem<br />

a melhoria das condições de iniciação e formação<br />

de atletas. O talento descoberto é encaminha<strong>do</strong><br />

ao Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base de uma determinada<br />

modalidade, onde deve ter oportunidade de<br />

desenvolver suas aptidões esportivas, de maneira<br />

orientada, junto com outros atletas que já estiverem<br />

treinan<strong>do</strong> naquele núcleo. O núcleo não é<br />

exclusivo para os talentos descobertos no projeto<br />

governamental; ele acolhe jovens de diferentes<br />

projetos.<br />

Clubes, associações, federações, confederações,<br />

universidades, “escolinhas” e outras entidades<br />

esportivas devem encaminhar projeto básico à Secretaria<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento.<br />

Cada Núcleo de <strong>Esporte</strong> de Base deve contemplar<br />

somente uma modalidade esportiva ou paradesportiva.<br />

Uma entidade pode solicitar mais de um<br />

núcleo.<br />

Rede Cenesp<br />

É uma rede de Centros de Excelência Esportiva<br />

formada por Instituições de Ensino Superior (IES)<br />

com a finalidade de desenvolver e implementar<br />

ações de Ciência e Tecnologia aplicadas ao esporte<br />

de rendimento, assim como assessorar a Secretaria<br />

de Alto Rendimento em assuntos relativos a<br />

essa área.<br />

A atuação da rede ganha impulso com a criação<br />

da Empresa Brasileira de Excelência Esportiva (EBE),<br />

e com isso passa a ser melhor aproveitada a capacidade<br />

e a experiência de seus especialistas, em<br />

serviços de avaliação de atletas e equipes de ren-<br />

61<br />

dimento, estu<strong>do</strong>s e pesquisas, capacitação de pessoas<br />

e intercâmbio de conhecimento por meio da<br />

realização e participação em eventos científicos.<br />

A Rede Cenesp é formada atualmente por 14 instituições:<br />

Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong><br />

Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria<br />

(UFSM), Universidade Estadual de Santa Catarina<br />

(Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina<br />

(UFSC), Universidade Estadual de Londrina (UEL),<br />

Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual<br />

de Campinas (Unicamp), Universidade Federal<br />

de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de Minas<br />

Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia<br />

(UFU), Universidade de Brasília (UnB), Universidade<br />

Católica de Brasília (UCB), Universidade de<br />

Pernambuco (UPE), Diretoria de Pesquisa e Estu<strong>do</strong>s<br />

de Pessoal <strong>do</strong> Exército (DPEP-RJ).<br />

As instituições interessadas em fazer parte da<br />

Rede Cenesp devem acessar o sítio <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – www.esporte.gov.br –, no link<br />

da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong> de Alto Rendimento,<br />

ícone da Rede Cenesp, e encaminhar<br />

a proposta conforme critérios estabeleci<strong>do</strong>s em<br />

portaria ministerial.<br />

bolsa-Atleta<br />

O Bolsa-Atleta foi cria<strong>do</strong> pela Lei nº 10.891, de 9<br />

de julho de 2004, e suas alterações e regulamenta<strong>do</strong><br />

pelo Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de<br />

2005, ano em que entrou em vigor.<br />

É um <strong>do</strong>s maiores programas de patrocínio de atletas<br />

no mun<strong>do</strong>. Tem como principal objetivo oferecer<br />

subvenção para garantir manutenção pessoal mínima<br />

a atletas de alto rendimento que não possuem<br />

patrocínio, buscan<strong>do</strong> dar-lhes condições para se dedicarem<br />

ao treinamento e participarem de competições<br />

estudantis, olímpicas e paraolímpicas, nacionais<br />

e internacionais, visan<strong>do</strong> ao desenvolvimento pleno<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Foto: Francisco Medeiros<br />

de sua carreira. Os beneficia<strong>do</strong>s precisam ter obti<strong>do</strong><br />

bons resulta<strong>do</strong>s nacionais e internacionais em<br />

competições de sua modalidade no ano anterior ao<br />

ingresso no programa. E não podem receber salário<br />

de entidade de prática desportiva.<br />

Pela primeira vez o governo federal estabeleceu<br />

uma relação direta entre o poder público e o atleta,<br />

principal ator <strong>do</strong> esporte.<br />

Recentemente, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> fez uma revisão<br />

no programa e a<strong>do</strong>tou medidas para ajustar<br />

o foco <strong>do</strong> benefício. Além das quatro categorias de<br />

Bolsa-Atleta existentes desde o início <strong>do</strong> programa<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

(Estudantil; Nacional; Internacional; e Olímpica e Paraolímpica),<br />

foram instituídas duas novas categorias:<br />

Atleta de Base e Atleta de Ouro.<br />

Com os ajustes, o Bolsa-Atleta passa a ser concedi<strong>do</strong><br />

prioritariamente a atletas de rendimento das<br />

modalidades olímpicas e paraolímpicas vinculadas<br />

respectivamente ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao<br />

Comitê Paraolímpico Brasileiro, e subsidiariamente<br />

a atletas de modalidades não-olímpicas e não-paraolímpicas.<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> submeterá ao Conselho<br />

Nacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> (CNE) a decisão de quais as<br />

modalidades não-olímpicas e não-paraolímpicas, e<br />

em quais categorias, serão atendidas no respectivo<br />

exercício, observan<strong>do</strong>-se as prioridades da Política<br />

Nacional de <strong>Esporte</strong> e as disponibilidades financeiras<br />

<strong>do</strong> programa.<br />

Os atletas contempla<strong>do</strong>s recebem a ajuda mensal<br />

durante um ano. A partir de 2010, aqueles que já<br />

receberem o benefício e conquistarem medalhas<br />

nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e os atletas<br />

da categoria Atleta de Ouro terão prioridade para<br />

renovação das suas respectivas bolsas, desde que<br />

atendi<strong>do</strong>s os requisitos legais.<br />

A partir de 2008, o programa passou a atender 100%<br />

<strong>do</strong>s atletas aptos a receber o benefício. No total, desde<br />

que foi instituí<strong>do</strong>, o programa atendeu 10.252<br />

atletas e foram investi<strong>do</strong>s R$ 135,1 milhões.<br />

O atleta, somente ele, deve acessar o sítio <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – www.esporte.gov.br –, no ícone<br />

Bolsa-Atleta, e seguir as instruções de preenchimento<br />

da ficha de inscrição e as condições esportivas<br />

necessárias para tanto. As demais informações também<br />

são obtidas na internet.<br />

62


Atleta de ouro<br />

O Atleta de Ouro é um novo programa <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, que, entre outras ações, se vinculará<br />

a uma nova categoria <strong>do</strong> programa Bolsa-Atleta,<br />

a Atleta de Ouro. Foi projeta<strong>do</strong> para contemplar<br />

atletas de elite <strong>do</strong> esporte olímpico e paraolímpico<br />

com reais condições de vitória em disputa de medalhas<br />

em Mundiais, Olimpíadas e Paraolimpíadas<br />

– os eventos máximos de cada esporte. Se o atleta<br />

já está ranquea<strong>do</strong> entre os 20 melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

ele se enquadra no processo de escolha. O benefício<br />

é exclusivo para participantes de modalidades individuais,<br />

e não exclui a hipótese de o atleta já contar<br />

com patrocínios priva<strong>do</strong>s ou públicos.<br />

O programa tem como objetivo fornecer as melhores<br />

condições de desempenho ao atleta, oferecen<strong>do</strong>-lhe<br />

ajuda de custo, se necessária – por meio<br />

da bolsa Atleta de Ouro –, equipe multidisciplinar<br />

(fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, treina<strong>do</strong>r,<br />

etc), materiais e equipamentos de primeira linha. A<br />

ajuda de custo é prevista também para o treina<strong>do</strong>r<br />

principal <strong>do</strong> atleta contempla<strong>do</strong>. O programa oferecerá<br />

ainda apoio a intercâmbio de treinamento<br />

esportivo internacional e à participação <strong>do</strong> atleta<br />

nas principais competições, mas exigirá que parte<br />

<strong>do</strong>s recursos seja investida na formação educacional<br />

<strong>do</strong> atleta, preparan<strong>do</strong>-o para o perío<strong>do</strong> pós-carreira<br />

esportiva.<br />

Trata-se, portanto, de um conjunto de medidas com<br />

diversas ações de apoio suplementar ao atleta. Se<br />

ele dispuser de patrocínio, o <strong>Ministério</strong>, por exemplo,<br />

pode assumir despesas com passagens, hospedagens<br />

e outros gastos de custeio e o patrocina<strong>do</strong>r<br />

arca com o salário. Essa iniciativa teria, entre outros,<br />

o mérito de elevar o salário pago pelo patrocina<strong>do</strong>r<br />

a padrões internacionais.<br />

Os atletas serão beneficia<strong>do</strong>s por um ciclo olímpico<br />

completo, sen<strong>do</strong> que a sua permanência no progra-<br />

63<br />

ma será reavaliada anualmente ten<strong>do</strong> como parâmetro<br />

o cumprimento <strong>do</strong> plano esportivo previamente<br />

aprova<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>.<br />

Para a efetivação <strong>do</strong> programa, serão estabelecidas<br />

claramente as responsabilidades de confederações,<br />

clubes, patrocina<strong>do</strong>res e poder público no planejamento<br />

e no desenvolvimento <strong>do</strong> atleta. Também<br />

serão definidas metas de treinamento e competição<br />

e formas de controle de resulta<strong>do</strong>s.<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, junto com o Comitê Olímpico<br />

(COB), o Comitê Paraolímpico (CPB) e a confederação<br />

de cada modalidade, vai fazer a triagem<br />

<strong>do</strong>s atletas beneficia<strong>do</strong>s. O <strong>Ministério</strong> também prevê<br />

arcar com o orçamento necessário ao programa,<br />

que poderá ser otimiza<strong>do</strong> com a soma de esforços e<br />

de recursos de to<strong>do</strong>s os parceiros envolvi<strong>do</strong>s.<br />

Autoridade brasileira de Controle de Dopagem<br />

O governo federal propôs a criação da Autoridade<br />

Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), uma<br />

autarquia pública federal vinculada ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>, com sede na cidade de Brasília (DF), com<br />

a finalidade de difundir a consciência anti<strong>do</strong>ping e<br />

defender o direito fundamental <strong>do</strong>s atletas de participar<br />

de competições esportivas livres de quaisquer<br />

formas de <strong>do</strong>ping.<br />

O órgão será responsável pela implementação da<br />

Política Nacional de Combate ao Doping, em consonância<br />

com a Convenção da Unesco sobre o assunto,<br />

da qual o Brasil é signatário. E será independente<br />

das entidades esportivas e de organizações<br />

privadas, com autonomia para tomar decisões. A<br />

criação da Autoridade era uma necessidade <strong>do</strong> País<br />

e uma obrigação <strong>do</strong>s países que sediam os Jogos<br />

Olímpicos e Paraolímpicos. Por essa razão, o Brasil<br />

assumiu esse compromisso com o Comitê Olímpico<br />

Internacional.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Outras atribuições da Autoridade são:<br />

I – Estabelecer procedimentos e rotinas para<br />

to<strong>do</strong> processo de controle de <strong>do</strong>ping em eventos<br />

esportivos de alto nível;<br />

II – A<strong>do</strong>tar e implementar as regras anti<strong>do</strong>ping em<br />

consonância com o Código Mundial Anti<strong>do</strong>ping;<br />

<strong>III</strong> – Gerir os resulta<strong>do</strong>s analíticos proferi<strong>do</strong>s por<br />

laboratório de referência;<br />

IV – Apoiar e estimular pesquisa e desenvolvimento<br />

de tecnologias aplicadas a controle, prevenção e<br />

determinação de <strong>do</strong>ping;<br />

V – Atuar na disseminação de valores positivos<br />

relativos à cultura de prevenção ao <strong>do</strong>ping;<br />

VI – Planejar, implementar e monitorar programas<br />

de educação sobre prevenção ao <strong>do</strong>ping;<br />

VII – Capacitar tecnicamente e certificar pessoal<br />

responsável pela coleta de material biológico em<br />

campo;<br />

Foto: Bruno Carvalho<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

V<strong>III</strong> – Elaborar e/ou aprimorar rotinas, padrões,<br />

procedimentos operacionais e normas para o<br />

controle <strong>do</strong> <strong>do</strong>ping no País;<br />

IX – Comunicar-se com a sociedade sobre to<strong>do</strong>s<br />

os aspectos relativos ao <strong>do</strong>ping;<br />

X – Estimular o aprimoramento da pesquisa sobre<br />

controle de <strong>do</strong>ping.<br />

Competições Nacionais Internacionais<br />

Esta ação é permanente e desenvolvida em conjunto<br />

com entidades e outros governos. O objetivo é<br />

a captação, promoção e participação em competições<br />

nacionais e internacionais de diferentes esportes<br />

e modalidades. Colabora com o aprimoramento<br />

de equipes e atletas brasileiros ao propiciar<br />

a integração com competi<strong>do</strong>res de países, histórias<br />

e formações distintas.<br />

64


As Entidades Nacionais de Administração <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

organiza<strong>do</strong>ras, realiza<strong>do</strong>ras ou participantes de<br />

eventos esportivos devem apresentar proposta de<br />

parceria ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> via Portal de Convênios<br />

– www.convenio.gov.br –, de acor<strong>do</strong> com<br />

critérios estabeleci<strong>do</strong>s nas instruções normativas e<br />

portarias regulatórias <strong>do</strong> governo federal.<br />

A solicitação deve estar em consonância com o<br />

planejamento da modalidade no País e deve haver<br />

definição clara <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a serem busca<strong>do</strong>s<br />

com a proposta. O apoio será defini<strong>do</strong> com base<br />

nas diretrizes de atuação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>,<br />

particularmente da Secretaria Nacional de <strong>Esporte</strong><br />

de Alto Rendimento.<br />

65<br />

oUTRAs AÇõEs Do ALTo RENDIMENTo<br />

A SNEAR incentiva e executa ações que visem a<br />

qualificar e modernizar a gestão <strong>do</strong> esporte no<br />

País. Entre elas estão:<br />

• Implementação de Câmaras Técnicas para<br />

discussão e desenvolvimento de modalidades<br />

esportivas;<br />

• Orientação e suporte para gestão de<br />

infraestrutura esportiva;<br />

• Sistematização de núcleo de inteligência para<br />

integração de informações relativas ao esporte de<br />

rendimento no Brasil;<br />

• Capacitação de gestores e técnicos esportivos;<br />

• Cooperação internacional para troca de<br />

experiências e projetos com outras nações.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


gRANDEs EVENTos EsPoRTIVos<br />

Neste trecho <strong>do</strong> caderno relatamos, sucintamente,<br />

a experiência de disputa, preparação e realização<br />

de grandes eventos multiesportivos internacionais,<br />

atividade que impacta em todas as ações <strong>do</strong> ME.<br />

O Brasil vive um ciclo especial neste quesito. Após<br />

ter realiza<strong>do</strong>, em caráter emergencial, os Jogos Sulamericanos<br />

de 2002, o País realizou com sucesso<br />

os Jogos Pan-americanos e os Jogos Parapan-americanos<br />

Rio 2007. Disputou, e ganhou, de mo<strong>do</strong><br />

memorável a sede <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos<br />

de 2016. E está organizan<strong>do</strong> os Jogos Mundiais<br />

Militares de 2011, no Rio de Janeiro. A seguir,<br />

um breve relato de cada situação.<br />

A Vitoriosa Campanha Pelos Jogos de 2016<br />

O Brasil entrou na disputa <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e<br />

Paraolímpicos de 2016 para ganhar. Ancora<strong>do</strong> na<br />

experiência adquirida com a organização <strong>do</strong>s Jogos<br />

Pan e Parapan-americanos, pelo apoio <strong>do</strong>s três níveis<br />

de governo e por um projeto técnico eficiente,<br />

o Rio de Janeiro enfrentou o desafio de convencer<br />

o movimento olímpico internacional de que pela<br />

primeira vez uma cidade da América <strong>do</strong> Sul reunia<br />

todas as condições para sediar o maior evento multiesportivo<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E conseguiu.<br />

O governo federal apoiou o Rio desde a fase de<br />

aspiração da cidade, em 2007, quan<strong>do</strong> concorria<br />

com mais sete cidades. Até fevereiro de 2008, o<br />

presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,<br />

já havia manifesta<strong>do</strong> em quatro ocasiões o apoio<br />

governamental e as garantias necessárias para que<br />

a candidatura brasileira obtivesse a credibilidade<br />

exigida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).<br />

Em 2008, o governo federal decidiu arcar com<br />

os custos da Comissão de Candidatura Rio 2016,<br />

como parte de sua estratégia de promoção <strong>do</strong> País<br />

e de inserção no calendário internacional de gran-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

des eventos. No decorrer <strong>do</strong> processo, a campanha<br />

empolgou o empresaria<strong>do</strong> e conseguiu angariar<br />

também recursos priva<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> a necessidade<br />

de aporte público. Parte <strong>do</strong> orçamento suplementar<br />

aprova<strong>do</strong> para o governo federal foi utilizada<br />

em ações próprias <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

relacionadas à candidatura, como a contratação de<br />

consultorias, realização de campanhas de divulgação<br />

institucional <strong>do</strong> projeto olímpico, produção de<br />

<strong>Caderno</strong>s de Lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio 2016 e outras ações<br />

governamentais relacionadas à disputa.<br />

Junto com o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio, a prefeitura<br />

<strong>do</strong> Rio, o Comitê Olímpico Brasileiro e a iniciativa<br />

privada, o governo brasileiro aju<strong>do</strong>u a construir um<br />

projeto olímpico sintoniza<strong>do</strong> com políticas públicas<br />

que vão gerar lega<strong>do</strong>s dura<strong>do</strong>uros para a população<br />

carioca e fluminense, como a revitalização<br />

de rios e lagoas da cidade, recuperação da região<br />

portuária, modernização <strong>do</strong> Aeroporto <strong>do</strong> Galeão,<br />

ampliação <strong>do</strong> sistema metroviário e implantação de<br />

corre<strong>do</strong>res expressos de ônibus (BRTs), entre outros.<br />

Estes e outros projetos receberão recursos <strong>do</strong><br />

governo federal, através <strong>do</strong> Plano de Aceleração<br />

<strong>do</strong> Crescimento (PAC), de programas ministeriais<br />

ou de instituições financia<strong>do</strong>ras, como o BNDES e a<br />

Caixa Econômica Federal.<br />

A universalização <strong>do</strong> Programa Segun<strong>do</strong> Tempo na<br />

cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro é outro exemplo deste<br />

compromisso, consubstancia<strong>do</strong> no <strong>do</strong>ssiê de candidatura.<br />

A transformação social através <strong>do</strong> esporte e<br />

o engajamento <strong>do</strong>s jovens no projeto olímpico foi<br />

um <strong>do</strong>s pilares da campanha Rio 2016. Dois <strong>do</strong>s<br />

grandes lega<strong>do</strong>s esportivos <strong>do</strong>s Jogos virão de estruturas<br />

financiadas pelo governo federal: o Parque<br />

Radical, no bairro de Deo<strong>do</strong>ro, região de maior população<br />

jovem <strong>do</strong> município <strong>do</strong> Rio, e o Complexo<br />

Federal de Treinamento, que terá instalações na<br />

Barra da Tijuca e em Deo<strong>do</strong>ro.<br />

66


Após a classificação <strong>do</strong> Rio para a fase final da<br />

disputa olímpica, o governo federal se envolveu<br />

de corpo e alma na campanha internacional. Vale<br />

lembrar que o COI estabelece um rígi<strong>do</strong> código<br />

de conduta para as cidades candidatas, limitan<strong>do</strong><br />

ações de promoção, entrega de materiais e abordagem<br />

aos seus membros. Nesta etapa, o presidente<br />

Lula se transformou no maior cabo eleitoral<br />

da candidatura, incluin<strong>do</strong> o assunto em suas viagens<br />

internacionais e nas ocasiões em que, no Brasil,<br />

recebia chefes de Esta<strong>do</strong> e outras autoridades<br />

governamentais e esportivas. Diversos órgãos da<br />

União também atuaram incansavelmente em nível<br />

internacional pela candidatura brasileira, como o<br />

Itamaraty, a Embratur e a Secom, entre outros. A<br />

seguir, mencionamos algumas das principais ações<br />

<strong>do</strong> governo federal durante o processo que redun<strong>do</strong>u<br />

na histórica vitória brasileira em Copenhague,<br />

no dia 2 de outubro de 2009.<br />

A Fase de Aspiração<br />

O envolvimento <strong>do</strong> governo federal no projeto Rio<br />

2016 começou <strong>do</strong>is meses após o fim <strong>do</strong>s Jogos<br />

Pan-americanos de 2007. Já no dia 30 de outubro<br />

de 2007, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> coman<strong>do</strong>u<br />

a primeira reunião <strong>do</strong> Grupo Técnico Interministerial<br />

(GTI) para organizar as ações da União durante<br />

a fase de aspiração. Nesta etapa, as sete cidades<br />

aspirantes deveriam preencher um extenso questionário<br />

técnico sobre 17 temas, a ser entregue ao<br />

Comitê Olímpico Internacional em janeiro de 2008.<br />

Naquele início de caminhada, o governo federal tinha<br />

como desafio principal fornecer garantias técnicas<br />

e financeiras ao projeto sempre que algum de<br />

seus órgãos estivesse envolvi<strong>do</strong>.<br />

A partir de então, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> passou a<br />

coordenar a atuação <strong>do</strong> governo federal em dez comissões<br />

temáticas criadas pelo Comitê de Postulação<br />

para desenvolver as respostas ao questionário: espor-<br />

67<br />

te, finanças, garantias, comunicação e marketing,<br />

aeroportos, acomodações, meio ambiente, segurança,<br />

transporte e instalações. Através desta atuação, a<br />

União passou a conhecer detalhadamente os conceitos<br />

técnicos <strong>do</strong> projeto, seu entrelaçamento com o<br />

plano diretor da cidade e com os investimentos previstos<br />

pelo governo estadual, e as especificidades de<br />

cada área, o que permitiu ao governo federal amadurecer<br />

e propor uma série de ações que, sintonizadas<br />

com o projeto olímpico, contribuiriam para o desenvolvimento<br />

da capital fluminense.<br />

Entre a entrega <strong>do</strong> questionário, em janeiro de 2008,<br />

e o anúncio das cidades candidatas, em junho daquele<br />

ano, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> organizou mais<br />

três reuniões <strong>do</strong> GTI para aprofundar o nível de conhecimento<br />

<strong>do</strong> governo federal sobre o projeto e<br />

prepará-lo para a produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura,<br />

<strong>do</strong>cumento ainda mais complexo e detalha<strong>do</strong> que o<br />

anterior. Mesmo antes da decisão de junho, os três<br />

níveis de governo já estavam mobiliza<strong>do</strong>s na elaboração<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. Além disso, o governo federal<br />

já iniciava o planejamento da segunda etapa da campanha,<br />

caso o Rio de Janeiro fosse confirma<strong>do</strong> como<br />

cidade candidata.<br />

Primeira Vez na Fase Final<br />

A confirmação veio no dia 6 de junho, em Atenas, na<br />

Grécia. Rio, Madri, Chicago e Tóquio passaram para a<br />

etapa final. Doha, Praga e Baku saíram da disputa. De<br />

lá, o ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, Orlan<strong>do</strong> Silva, deu a tônica<br />

de como seria o trabalho nesta fase: "Creio que a<br />

organização será marcada, assim como no Pan, por<br />

muito profissionalismo, transparência e planejamento<br />

consistente. São três itens importantes da agenda<br />

<strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos 2016". A definição<br />

de estratégias da nova etapa e o envolvimento da<br />

União na produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura deram a<br />

tônica da reunião <strong>do</strong> GTI no dia 18 de junho.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Naquela ocasião, o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> anteviu o<br />

peso que teria a apresentação <strong>do</strong> projeto Rio 2016<br />

em Lausanne, na Suíça, um ano mais tarde, como<br />

mostra este trecho da ata da reunião <strong>do</strong> grupo interministerial:<br />

"Esta etapa, em junho, talvez seja o<br />

grande momento de mostrar e convencê-los de que<br />

somos capazes de realizar os Jogos Olímpicos de<br />

2016. E passaremos então a ter três questões técnicas<br />

importantes: a entrega <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê, o acompanhamento<br />

da comissão técnica <strong>do</strong> COI no Rio de Janeiro<br />

e a apresentação técnica aos membros <strong>do</strong> COI em<br />

Lausanne".<br />

Em 23 de junho de 2008, no Rio de Janeiro, o presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto crian<strong>do</strong><br />

o Comitê de Gestão das Ações Governamentais<br />

para a Candidatura Rio 2016, forma<strong>do</strong> inicialmente<br />

por 27 instituições federais e posteriormente amplia<strong>do</strong><br />

para 42, sob a presidência <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>. O decreto, publica<strong>do</strong> no Diário Oficial da<br />

Foto: Bruno Carvalho<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

União <strong>do</strong> dia 14 de julho, estabelecia, entre outras<br />

responsabilidades: a) avaliar, aprovar, implementar e<br />

gerenciar o plano estratégico das ações <strong>do</strong> governo<br />

federal visan<strong>do</strong> à candidatura <strong>do</strong> Rio, articulan<strong>do</strong>-se<br />

com os demais órgãos, entes e entidades, públicos ou<br />

priva<strong>do</strong>s, nacionais ou estrangeiros; b) acompanhar<br />

e monitorar a implementação <strong>do</strong> plano de ações; c)<br />

mobilizar e conscientizar a sociedade brasileira para a<br />

importância da realização <strong>do</strong> evento e; d) promover a<br />

candidatura internacionalmente.<br />

Uma Casa brasileira em Pequim<br />

A primeira grande ação internacional da candidatura<br />

Rio 2016 foi a Casa Brasil em Pequim, instalada<br />

durante os Jogos Olímpicos, em agosto de 2008.<br />

Aquele pedaço de mil metros quadra<strong>do</strong>s divulgou o<br />

Brasil como destino turístico, destacan<strong>do</strong> suas belezas<br />

naturais, sua diversidade, a qualidade de seus produ-<br />

68


tos e as áreas de comércio e serviços, difundiu programas<br />

e projetos que compõem a política nacional<br />

de esporte e lazer e realizou ações de promoção da<br />

candidatura <strong>do</strong> Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos e<br />

Paraolímpicos de 2016.<br />

A iniciativa foi a<strong>do</strong>tada pela primeira vez em 1996<br />

pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas foi em<br />

Pequim que o projeto ganhou uma dimensão muito<br />

maior, graças ao engajamento <strong>do</strong> governo federal.<br />

A operação internacional de montagem e funcionamento<br />

da Casa começou em janeiro de 2008, e<br />

contou com a decisiva participação da Embratur, <strong>do</strong>s<br />

<strong>Ministério</strong>s da Cultura e das Relações Exteriores, da<br />

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da<br />

República (Secom) e da Agência Brasileira de Promoção<br />

de Exportações e Investimentos (Apex), vinculada<br />

ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior.<br />

o Dossiê de Candidatura<br />

A produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê de candidatura foi um capítulo<br />

à parte, que envolveu cerca de 500 profissionais, entre<br />

membros da Comissão de Candidatura, técnicos<br />

<strong>do</strong>s três níveis de governo e consultores. Suas 538<br />

páginas, divididas em três volumes, contêm informações<br />

sobre 300 questões técnicas divididas em 17<br />

temas. Para atender todas as exigências <strong>do</strong> Comitê<br />

Olímpico Internacional foram anexa<strong>do</strong>s cerca de 130<br />

<strong>do</strong>cumentos de garantias – <strong>do</strong>s quais 64 são federais<br />

–, que empilha<strong>do</strong>s alcançam 2,5m de altura. A qualidade<br />

<strong>do</strong> projeto também impressionou em to<strong>do</strong>s os<br />

aspectos, comprovan<strong>do</strong> o entrosamento entre to<strong>do</strong>s<br />

os atores <strong>do</strong> processo e a maturidade da candidatura.<br />

Além de atuar em todas as frentes, o governo federal<br />

foi peça-chave para consolidar a visão e o projeto<br />

de lega<strong>do</strong> da candidatura Rio 2016, que agora será<br />

coloca<strong>do</strong> em prática na organização <strong>do</strong>s Jogos. Além<br />

de coordenar o grupo de trabalho liga<strong>do</strong> ao tema, a<br />

69<br />

União promoveu uma série de debates e encontros<br />

com outros níveis de governo, a iniciativa privada e<br />

outras organizações da sociedade.<br />

Nesses encontros, foram apresenta<strong>do</strong>s vários projetos<br />

que depois foram contempla<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>ssiê de<br />

candidatura, como a revitalização da área <strong>do</strong> Porto,<br />

a reforma <strong>do</strong> Aeroporto Internacional Tom Jobim<br />

e a reformulação <strong>do</strong> Maracanã, entre outros. Conforme<br />

os trabalhos avançavam, mais projetos foram<br />

sen<strong>do</strong> agrega<strong>do</strong>s ao conceito de lega<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> o<br />

Dossiê foi entregue ao COI, em fevereiro de 2009, o<br />

orçamento Não-Cojo, isto é, a fatia de investimentos<br />

propostos pelo poder público para melhorar a infraestrutura<br />

da cidade, estava composto de projetos de<br />

amplos lega<strong>do</strong>s para a sociedade, com ações estruturantes<br />

em três eixos centrais: <strong>Esporte</strong>; Regeneração<br />

Urbana e Meio Ambiente; Inclusão Social, Juventude<br />

e Educação.<br />

Do orçamento total de US$ 14,4 bilhões, US$ 11,6<br />

bi foram destina<strong>do</strong>s a intervenções em áreas como<br />

infraestrutura urbana, transporte, habitação, meio<br />

ambiente e programas socioesportivos, entre outros<br />

itens que constam <strong>do</strong> plano de longo prazo da cidade.<br />

Desse montante, 70% correspondem a ações<br />

que estão em andamento ou já estavam planejadas<br />

para o Rio mesmo que a cidade não viesse a sediar<br />

o evento. Muitos destes projetos estão previstos no<br />

Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC), que<br />

deve incluir novas ações com a conquista <strong>do</strong> Rio.<br />

A Autoridade Pública olímpica<br />

Outra contribuição importante <strong>do</strong> governo federal<br />

para o Dossiê de Candidatura foi na área de governança.<br />

Após fazer uma série de levantamentos e conhecer<br />

a realidade de outras cidades que sediaram<br />

ou vão sediar em breve os Jogos, como Londres,<br />

o governo brasileiro sugeriu aos envolvi<strong>do</strong>s com a<br />

candidatura a criação de uma Autoridade Pública<br />

Olímpica (APO), um órgão intergovernamental que<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


centralizará toda a coordenação de serviços públicos<br />

e a entrega da infraestrutura necessária à realização<br />

<strong>do</strong>s Jogos. A estrutura da APO deverá conter,<br />

entre outras, divisões dedicadas a tráfego e transporte<br />

olímpico, segurança, sustentabilidade, promoção e<br />

marketing <strong>do</strong> País e preparação das subsedes <strong>do</strong> futebol.<br />

Deverá assegurar a entrega <strong>do</strong> Parque Olímpico e<br />

de todas as demais instalações nos prazos previstos. E<br />

supervisionar projetos de regeneração urbana.<br />

Entre as atribuições da APO também estarão a coordenação<br />

e o gerenciamento de to<strong>do</strong> o lega<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos<br />

Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A Autoridade<br />

Pública Olímpica será interlocutora de toda demanda<br />

<strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos<br />

de 2016 que necessite de atuação de órgão<br />

ou entidade vinculada a qualquer <strong>do</strong>s entes da administração<br />

pública.<br />

A Visita de Avaliação <strong>do</strong> CoI<br />

Um <strong>do</strong>s momentos mais importantes da candidatura<br />

carioca foi a visita da Comissão de Avaliação <strong>do</strong> Comitê<br />

Olímpico Internacional ao Rio de Janeiro entre<br />

27 de abril e 3 de maio de 2009. Para o COI, a visita<br />

tinha como finalidade analisar o projeto da cidade<br />

em questão, incluin<strong>do</strong> um dia de visita aos locais de<br />

competição propostos. Para a candidatura Rio 2016,<br />

era a oportunidade única de vender o projeto olímpico<br />

brasileiro, fortalecen<strong>do</strong> as qualidades positivas <strong>do</strong> projeto<br />

e melhoran<strong>do</strong> o desempenho em aspectos não<br />

tão bem avalia<strong>do</strong>s na etapa anterior. A programação<br />

também previa uma extensa sabatina técnica de três<br />

dias, o que exigia mobilização de to<strong>do</strong>s os órgãos <strong>do</strong><br />

governo federal envolvi<strong>do</strong>s no projeto. A visita resultaria<br />

na produção de um relatório pelos 16 membros da<br />

comissão, a ser divulga<strong>do</strong> em 2 de setembro, um mês<br />

antes da escolha da cidade-sede.<br />

Os preparativos para receber a Comissão de Avaliação<br />

foram intensos. Cada apresentação foi ensaiada pelas<br />

diversas autoridades e personalidades incumbidas das<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

apresentações e revisadas pelo corpo técnico de cada<br />

esfera de governo. Ministros e outros ocupantes de<br />

cargo no primeiro escalão <strong>do</strong> governo participaram de<br />

ensaios. O principal deles aconteceu entre 7 e 10 de<br />

abril, no Rio de Janeiro, diante de especialistas internacionais<br />

em cada um <strong>do</strong>s 17 temas <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssiê. Além de<br />

dar to<strong>do</strong> suporte técnico às apresentações e às respostas<br />

aos questionamentos <strong>do</strong>s membros da Comissão,<br />

o governo federal participou <strong>do</strong> centro de gerenciamento<br />

de crise, monta<strong>do</strong> durante a visita. Equipes <strong>do</strong><br />

governo federal participaram da organização e acompanharam<br />

os membros <strong>do</strong> COI na visita às instalações<br />

esportivas propostas no projeto Rio 2016.<br />

Participaram da programação da visita o presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva, diversos ministros, o presidente<br />

<strong>do</strong> Banco Central, Henrique Meirelles, e outras<br />

autoridades federais. "O sal<strong>do</strong> da visita é positivo. Nenhum<br />

questionamento feito pela Comissão durante as<br />

apresentações ficou sem resposta. Nós mostramos capacidade<br />

técnica, solidez econômica e vontade política<br />

para trazer os Jogos para o País", afirmou o ministro<br />

Orlan<strong>do</strong> Silva na ocasião. A presidente da Comissão, a<br />

ex-atleta marroquina Nawal El Moutawakel, corroborou<br />

essa afirmativa ao dizer que os responsáveis pela<br />

candidatura responderam a todas as dúvidas que os<br />

avalia<strong>do</strong>res tiveram durante a semana de sabatinas. Ela<br />

também ressaltou a participação de atletas olímpicos e<br />

paraolímpicos durante os trabalhos no Rio: "A presença<br />

<strong>do</strong>s atletas foi algo muito tocante".<br />

A Reta Final<br />

Os aplausos recebi<strong>do</strong>s pela candidatura em Lausanne<br />

(Suíça) após a apresentação para 93 membros <strong>do</strong> COI,<br />

em junho de 2009, foi o melhor indica<strong>do</strong>r de que a<br />

campanha Rio 2016 estava no caminho certo, combinan<strong>do</strong><br />

eficiência técnica com a emoção característica<br />

<strong>do</strong> povo brasileiro. Esta certeza, porém, veio apenas no<br />

dia 2 de setembro, quan<strong>do</strong> o COI divulgou o relatório<br />

de avaliação das visitas feitas às quatro cidades candi-<br />

70


datas. De azarão, o Rio emergia como forte concorrente<br />

na reta final. Pelo menos na avaliação de boa parte<br />

da imprensa internacional. As autoridades brasileiras<br />

comemoraram discretamente o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> relatório.<br />

Para o ministro Orlan<strong>do</strong> Silva Jr., o relatório demonstrou<br />

a consistência <strong>do</strong> projeto Rio 2016 e a confiança<br />

internacional no nosso País. "Se alguém tinha dúvida<br />

sobre a capacidade de o Brasil fazer os Jogos, essa dúvida<br />

foi dirimida com o relatório".<br />

O <strong>do</strong>cumento <strong>do</strong> COI ressaltou várias qualidades <strong>do</strong><br />

projeto Rio 2016, como o "excelente plano de lega<strong>do</strong>s"<br />

e o engajamento <strong>do</strong>s três níveis de governo e da<br />

iniciativa privada, bem como a existência de um comitê<br />

olímpico nacional estrutura<strong>do</strong>, que atuariam de mo<strong>do</strong><br />

coordena<strong>do</strong> na organização <strong>do</strong>s Jogos no Rio de Janeiro.<br />

O orçamento <strong>do</strong>s Jogos no Brasil foi considera<strong>do</strong><br />

bem prepara<strong>do</strong>, "com uma grande quantidade de<br />

detalhes". O relatório também apontou que a experiência<br />

de realizar os Jogos Pan-americanos e Parapanamericanos<br />

Rio 2007 trouxe uma "grande aprendizagem<br />

que leva a uma maior segurança e confiança na<br />

realização de grandes eventos esportivos no País".<br />

Vitória Histórica<br />

O resulta<strong>do</strong> histórico to<strong>do</strong>s conhecem: o Rio de Janeiro<br />

sediará os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016,<br />

ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> 66 votos na votação final da assembléia<br />

<strong>do</strong> COI, no dia 2 de outubro em Copenhague,<br />

na Dinamarca. Mas a operação que deu suporte à<br />

apresentação final da candidatura, de 45 minutos, e à<br />

atuação das autoridades e personalidades presentes –<br />

como Pelé, o escritor Paulo Coelho e o tenista Gustavo<br />

Küerten, entre outros – começou vários dias antes.<br />

As primeiras equipes técnicas <strong>do</strong> governo federal chegaram<br />

no dia 25 de setembro para organizar uma<br />

gama de atividades que incluía a montagem da sala<br />

<strong>do</strong> governo, organização de chegadas e partidas,<br />

trasla<strong>do</strong>s e hospedagem, distribuição de material promocional,<br />

revisão <strong>do</strong>s compromissos, participação em<br />

71<br />

coletivas de imprensa, ensaios e formatação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong><br />

da apresentação final e <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>s nossos<br />

principais cabos eleitorais.<br />

Aqui no Brasil, o governo federal participou da organização,<br />

junto com a prefeitura <strong>do</strong> Rio, da recepção a<br />

autoridades que foram à Praia de Copacabana acompanhar<br />

a votação transmitida ao vivo em telões para<br />

uma multidão de cerca de 100 mil pessoas.<br />

Estu<strong>do</strong>s e Lega<strong>do</strong>s<br />

O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> contratou serviços de consultorias<br />

para estu<strong>do</strong>s de diversos tipos destina<strong>do</strong>s a balizar<br />

decisões relativas à candidatura e à própria realização<br />

<strong>do</strong>s Jogos de 2016. A contratação de consultorias<br />

de planejamento, orçamento e estu<strong>do</strong>s de viabilidade<br />

e sustentabilidade em diversas áreas feita pelo <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> segue recomendação <strong>do</strong> Tribunal de<br />

Contas da União para que o governo federal planeje<br />

adequadamente sua atuação em todas as etapas<br />

<strong>do</strong> processo de disputa e de organização de grandes<br />

eventos esportivos.<br />

Esses estu<strong>do</strong>s poderão ser utiliza<strong>do</strong>s em ocasiões futuras<br />

na preparação de outros eventos e mesmo em outras<br />

decisões <strong>do</strong> poder público. Entre os serviços estão<br />

estu<strong>do</strong>s de viabilidade das instalações esportivas e não<br />

esportivas propostas no <strong>do</strong>ssiê, abrangen<strong>do</strong>: geografia<br />

de merca<strong>do</strong> ou sustentabilidade das instalações; estu<strong>do</strong>s<br />

preliminares de impacto ambiental; viabilidade de<br />

incorporações imobiliárias; impacto econômico e social<br />

no entorno das instalações; valorização imobiliária<br />

na região de cada uma delas; e estu<strong>do</strong> sobre lega<strong>do</strong><br />

e impactos socioeconômicos <strong>do</strong>s Jogos na cidade <strong>do</strong><br />

Rio e no País. Há ainda estu<strong>do</strong>s para a criação da Autoridade<br />

Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD)<br />

e da Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão a<br />

ser cria<strong>do</strong> pelos governos federal, estadual e municipal<br />

para centralizar em uma só estrutura toda<br />

a coordenação de obras e serviços públicos para<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


a entrega da infraestrutura necessária à realização<br />

<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos no Rio.<br />

O <strong>Ministério</strong> também investiu na qualificação de equipes<br />

envolvidas com a gestão e organização de grandes<br />

eventos esportivos, incluin<strong>do</strong> os Jogos Mundiais<br />

Militares de 2011 que também ocorrerão no Rio, e<br />

na elaboração de um sistema padrão de "orçamentação"<br />

para eventos esportivos que ficará à disposição<br />

da administração pública, de organiza<strong>do</strong>res de eventos<br />

e de entidades esportivas interessadas.<br />

Além disso, o <strong>Ministério</strong> produziu uma coleção intitulada<br />

"<strong>Caderno</strong>s de Lega<strong>do</strong>" realçan<strong>do</strong> alguns<br />

<strong>do</strong>s principais benefícios que se esperam da realização<br />

<strong>do</strong>s Jogos no Brasil. Um <strong>do</strong>s cadernos aborda<br />

o Lega<strong>do</strong> Social e outro trata <strong>do</strong> Lega<strong>do</strong> Urbano<br />

e Ambiental. Um terceiro volume, "Brasil, Este é o<br />

País", contém da<strong>do</strong>s sobre o País e o Rio de Janeiro<br />

demonstran<strong>do</strong> a pujança econômica nacional, a<br />

consolidação da democracia, a crescente liderança<br />

política <strong>do</strong> Brasil não apenas no continente mas em<br />

âmbito mundial, o pioneirismo brasileiro em diversos<br />

segmentos econômicos, científicos e tecnológicos,<br />

os destaques <strong>do</strong> País no esporte e nas artes em<br />

geral, as características geográficas, econômicas e<br />

culturais <strong>do</strong> Rio de Janeiro, a miscigenação, a generosidade<br />

e o trabalho <strong>do</strong> povo brasileiro, enfim,<br />

informações que contribuíram para que os votantes<br />

<strong>do</strong> COI tivessem sobre o Brasil um olhar global, de<br />

nação que se equipara às tradicionalmente mais poderosas<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Esse material foi entregue aos membros <strong>do</strong> COI, em inglês<br />

e francês, e distribuí<strong>do</strong> no Brasil a entidades esportivas,<br />

atletas, parlamentares, imprensa, órgãos governamentais,<br />

representações sindicais, sociais, empresariais e<br />

comunitárias, entre outros destinatários.<br />

Por fim, o governo também incumbiu-se de fazer<br />

campanha de divulgação institucional da candidatura<br />

dentro <strong>do</strong> País. Isso ocorreu por meio de campanhas<br />

em TV e anúncios em revista, jornais e internet.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

Também foi utilizada mídia exterior em aeroportos<br />

e uma ação de promoção durante o GP Brasil de<br />

Fórmula 1 em Interlagos em 2008. Duas campanhas<br />

publicitárias ganharam o Prêmio Colunistas Brasília,<br />

organiza<strong>do</strong> pela Associação Brasileira <strong>do</strong>s Colunistas<br />

de Marketing e Propaganda (Abracomp).<br />

5º Jogos Mundiais Militares Rio 2011<br />

De 17 a 24 de julho de 2011, o Rio de Janeiro receberá<br />

os 5º Jogos Mundiais Militares Rio 2011, os<br />

"Jogos da Paz". A sua realização faz parte <strong>do</strong> ciclo<br />

de megaeventos esportivos <strong>do</strong> País, que conta ainda<br />

com a Copa das Confederações em 2013 e a Copa<br />

<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> em 2014 e culmina em 2016 com a sede<br />

<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.<br />

Os três níveis de governo atuam em conjunto para a<br />

execução <strong>do</strong>s Jogos Mundiais Militares: a Prefeitura<br />

da Cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />

um comitê <strong>do</strong> governo federal forma<strong>do</strong> por 16 ministérios<br />

e pelas três forças militares, em alinhamento<br />

com o Conselho Internacional <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> Militar<br />

(CISM, na sigla em francês), que reúne 131 países.<br />

O evento é realiza<strong>do</strong> de quatro em quatro anos, e a<br />

última edição, de 2007, foi sediada pelas cidades de<br />

Hyderabad e Bombain, na Índia, e tiveram a adesão<br />

de mais de 4 mil atletas. Os Jogos de 2011 reunirão<br />

mais de 6 mil atletas para competir em 38 modalidades<br />

de 20 esportes, como vôlei, natação, triatlo,<br />

pentatlo militar, hipismo e paraquedismo, nas instalações<br />

construídas ou reformadas para os Jogos<br />

Pan-americanos e Parapan-americanos Rio 2007,<br />

como o Engenhão, o Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro<br />

e o Maracanãzinho, e em estruturas militares<br />

de referência, como a Escola de Educação Física <strong>do</strong><br />

Exército, no Rio.<br />

A preparação nacional para os Jogos Mundiais Militares<br />

de 2011 começou antes mesmo <strong>do</strong> anúncio da<br />

sede no Rio de Janeiro, porque o calendário espor-<br />

72


tivo da cidade consoli<strong>do</strong>u-se a partir de 2002, com<br />

os Jogos Sul-americanos – realiza<strong>do</strong>s no Rio, em São<br />

Paulo, Curitiba e Belém – e com a escolha <strong>do</strong> Rio<br />

para o Pan de 2007, que legariam a maior parte das<br />

estruturas necessárias para 2011. A postulação da<br />

cidade fluminense, em março de 2006, como candidata<br />

para a quinta edição <strong>do</strong> maior evento esportivo<br />

militar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> deu sequência ao calendário<br />

esportivo, em busca <strong>do</strong> fortalecimento <strong>do</strong> esporte<br />

militar e da contínua reafirmação da cidade como<br />

sede de megaeventos.<br />

O Brasil, então, disputava a sede com a Turquia, em<br />

uma concorrência acirrada. De 3 a 7 de fevereiro de<br />

2007, uma Comissão de Avaliação designada pelo<br />

CISM fez uma visita técnica de inspeção ao Rio. Antes<br />

mesmo de o Rio 2007 começar, foi possível avaliar<br />

a realização de um evento internacional em uma<br />

das principais instalações para o Rio 2011: o <strong>Ministério</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e o <strong>Ministério</strong> da Defesa apoiaram<br />

a realização <strong>do</strong> 39° Campeonato Mundial Militar<br />

de Pentatlo Moderno, evento-teste para o Pan que<br />

aconteceu de 14 a 16 de maio de 2007 no Complexo<br />

Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro.<br />

Poucos dias depois, em 25 de maio daquele ano, o<br />

Brasil fez uma apresentação técnica <strong>do</strong> projeto Rio<br />

2011 liderada pela Comissão Desportiva Militar <strong>do</strong><br />

Brasil (CDMB), durante a 62ª Assembléia Geral <strong>do</strong><br />

CISM, em Burkina Faso, na África. Com votação de<br />

representantes de 127 países, a cidade <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro foi escolhida como sede.<br />

A partir de então, o governo federal tomou as providências<br />

necessárias para a organização <strong>do</strong> evento<br />

em consonância com a então candidatura Rio<br />

2016 para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. O<br />

presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,<br />

assinou, em 9 de junho de 2008, decreto que instituiu<br />

o Comitê Interministerial de Gestão das Ações<br />

Governamentais para os 5º Jogos Mundiais Militares<br />

Rio 2011.<br />

73<br />

Presidi<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> da Defesa em atuação conjunta<br />

com o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> e em alinhamento<br />

com os planos de trabalho para a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />

e os Jogos Olímpicos, o Comitê Gestor conta ainda<br />

com a participação ativa <strong>do</strong>s ministérios da Justiça;<br />

das Relações Exteriores; <strong>do</strong> Turismo; da Fazenda;<br />

<strong>do</strong> Planejamento, Orçamento e Gestão; da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento; da Educação; das<br />

Comunicações; da Saúde; da Ciência e Tecnologia;<br />

Casa Civil; Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria<br />

de Relações Institucionais; e Secretaria de<br />

Comunicação Social da Presidência da República;<br />

além <strong>do</strong>s coman<strong>do</strong>s da Marinha, <strong>do</strong> Exército e da<br />

Aeronáutica.<br />

Um mês depois de sua criação o Comitê realizou<br />

a primeira reunião interministerial, e o governo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio criou "Força Tarefa" constituída por<br />

17 secretarias e órgãos sob a coordenação da Secretaria<br />

Estadual de Turismo, <strong>Esporte</strong> e Lazer.<br />

Em 18 de setembro de 2009, os Jogos Rio 2011 foram<br />

lança<strong>do</strong>s oficialmente em cerimônia pública no<br />

Forte São João, na Urca, com a presença <strong>do</strong> presidente<br />

<strong>do</strong> CISM, o italiano General Gianni Gola.<br />

Na ocasião, o general afirmou que o Brasil "está<br />

fazen<strong>do</strong> esforços em favor <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />

esporte como fator fundamental para fomentar a<br />

amizade e promover a paz". O ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>,<br />

Orlan<strong>do</strong> Silva Jr., considerou que a realização <strong>do</strong>s<br />

Jogos Mundiais Militares no País "será mais uma<br />

demonstração <strong>do</strong> compromisso <strong>do</strong> Brasil com sua<br />

juventude, com o esporte e com a paz".<br />

os Jogos Pan e Parapan-Americanos Rio 2007<br />

Para chegar à vitória na eleição <strong>do</strong> COI em Copenhague,<br />

um <strong>do</strong>s pontos positivos leva<strong>do</strong>s em conta<br />

pelos votantes foi a experiência exitosa na realização<br />

<strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan em 2007, no Rio. O governo<br />

federal foi ator de destaque na preparação e<br />

no financiamento <strong>do</strong> maior evento multiesportivo<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Foto: Francisco Medeiros<br />

já ocorri<strong>do</strong> no Brasil. Foi responsável pelo aporte de<br />

52,3% <strong>do</strong> total de recursos investi<strong>do</strong>s no Pan e no<br />

Parapan, além de participar ativamente <strong>do</strong> Comitê<br />

Organiza<strong>do</strong>r Rio 2007 (CO-Rio). Este apoio foi fundamental<br />

para garantir o sucesso <strong>do</strong>s Jogos no alto<br />

padrão em que foram realiza<strong>do</strong>s. Os Jogos Panamericanos<br />

geraram diversos lega<strong>do</strong>s, movimentaram<br />

a economia carioca, fluminense e nacional e<br />

consolidaram a presença brasileira no cenário <strong>do</strong>s<br />

eventos esportivos internacionais, além de terem<br />

contribuí<strong>do</strong> de forma decisiva para a conquista inédita<br />

<strong>do</strong>s Jogos Olímpicos de 2016.<br />

Inédita também foi a vitória <strong>do</strong> dia 24 de agosto<br />

de 2002, na Cidade <strong>do</strong> México, durante assembleia<br />

da Organização Desportiva Pan-americana<br />

(Odepa), quan<strong>do</strong> o Rio tornou-se a primeira cidade<br />

candidata a bater uma cidade norte-americana<br />

(San Antonio). No início <strong>do</strong> ano seguinte, o Comitê<br />

Organiza<strong>do</strong>r fez a primeira revisão <strong>do</strong> projeto e<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

o apresentou aos parceiros governamentais. Para<br />

cumprir suas responsabilidades no evento internacional,<br />

a União alocou recursos no Plano Plurianual<br />

de 2004/2007, aprova<strong>do</strong> pelo Congresso Nacional,<br />

através <strong>do</strong> programa Rumo ao Pan, para a construção<br />

das instalações <strong>do</strong> Complexo Esportivo de<br />

Deo<strong>do</strong>ro; a compra de equipamentos esportivos de<br />

primeira linha para diversas modalidades; e o custeio<br />

de tecnologia e <strong>do</strong> programa anti<strong>do</strong>ping, entre<br />

outras iniciativas.<br />

Para organizar a participação <strong>do</strong> governo federal<br />

nos preparativos <strong>do</strong> evento, o presidente Luiz Inácio<br />

Lula da Silva assinou, em 18 de julho de 2003,<br />

decreto instituin<strong>do</strong> o Comitê de Gestão das Ações<br />

Governamentais nos XV Jogos Pan-Americanos de<br />

2007. Presidi<strong>do</strong> pelo ministro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, o órgão<br />

reunia outros 11 ministros: chefe da Casa Civil da<br />

Presidência da República; chefe <strong>do</strong> Gabinete de Se-<br />

74


gurança Institucional da Presidência da República;<br />

ministros da Defesa; Fazenda; Justiça; Comunicações;<br />

Relações Exteriores; Planejamento, Orçamento<br />

e Gestão; Turismo; Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior; e o chefe da Secretaria de<br />

Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da<br />

Presidência da República.<br />

A partir de 2005, o governo federal assumiu,<br />

paulatinamente, uma série de compromissos<br />

que estavam originalmente sob responsabilidade<br />

de outros entes e responsabilizou-se por<br />

itens essenciais à realização <strong>do</strong>s Jogos que estavam<br />

ausentes ou subestima<strong>do</strong>s no planejamento<br />

inicial, como o financiamento <strong>do</strong> Parapan, o<br />

plano de segurança pública e os serviços de tecnologia<br />

e telecomunicações. O novo papel da<br />

União na organização também abarcou ações<br />

que garantiriam visibilidade aos Jogos, mobilização<br />

popular e promoção da cultura, <strong>do</strong> esporte<br />

e <strong>do</strong> turismo <strong>do</strong> Brasil, como o revezamento<br />

da Tocha Pan-americana por to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s<br />

brasileiros e as belas cerimônias de abertura e<br />

encerramento <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan, entre outras<br />

iniciativas que ganharam recursos federais<br />

ao longo da organização.<br />

A secretaria Executiva <strong>do</strong> Pan<br />

O novo patamar de participação exigiu um modelo<br />

gerencial mais dinâmico e presente no cotidiano <strong>do</strong><br />

CO-Rio e na relação intragovernamental. O Comitê<br />

de Gestão cria<strong>do</strong> pelo presidente da República para<br />

atender a uma demanda mais tímida precisava ser<br />

aperfeiçoa<strong>do</strong>. A nova estrutura surgiu em meio às<br />

negociações da segunda revisão orçamentária proposta<br />

pelo Comitê Organiza<strong>do</strong>r, em abril de 2005,<br />

mas já vinha sen<strong>do</strong> desenhada desde o segun<strong>do</strong><br />

semestre de 2004, quan<strong>do</strong> o governo federal se<br />

75<br />

preparava para o aumento das demandas sob sua<br />

responsabilidade.<br />

Em abril de 2005, novo decreto da Presidência da<br />

República criou a Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê<br />

de Gestão das Ações Governamentais para os Jogos<br />

Rio 2007 (Sepan), vinculada ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Esporte</strong>. Além das responsabilidades já definidas na<br />

criação <strong>do</strong> Comitê em 2003, a Secretaria tinha a<br />

missão de coordenar a atuação de to<strong>do</strong>s os órgãos<br />

da administração federal envolvi<strong>do</strong>s com o Pan e<br />

elaborar e executar o plano de ações governamentais,<br />

ainda em fase inicial de produção.<br />

A sede <strong>do</strong> Comitê foi fixada na capital fluminense.<br />

Além de coordenar todas as ações de governo, a<br />

Sepan tinha como grande desafio integrar as ações<br />

e os interesses <strong>do</strong> governo federal junto às outras<br />

esferas governamentais, uma ação delicada em se<br />

tratan<strong>do</strong> da história da política e da administração<br />

pública brasileiras. Outro aspecto importante que<br />

exigiria grande esforço técnico e político da Sepan<br />

seria o relacionamento, basea<strong>do</strong> na transparência e<br />

na autonomia <strong>do</strong>s poderes, com o Parlamento, em<br />

especial com o Congresso Nacional, e com órgãos<br />

de controle (entre os quais o Tribunal de Contas e<br />

a Controla<strong>do</strong>ria Geral da União).<br />

Em 2006, a Sepan publicou o Plano Estratégico de<br />

Ações Governamentais (PAG) conten<strong>do</strong> as diretrizes<br />

da administração federal para os Jogos Panamericanos<br />

e os Jogos Parapan-americanos. O PAG<br />

balizou a ação <strong>do</strong>s ministérios e demais órgãos da<br />

União, que, àquela altura, somavam mais de 30<br />

envolvi<strong>do</strong>s na preparação <strong>do</strong> evento, ao definir<br />

projetos, metas e financiamentos que o governo<br />

federal assumiria no processo de organização. O<br />

PAG abrangia as áreas de Segurança, Tecnologia,<br />

Recursos Humanos, Operações, Turismo, Comunicação<br />

e Marketing, Jogos Parapan-americanos, <strong>Esporte</strong>,<br />

Cultura e Educação, Instalações e Vila Panamericana.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Consultorias Especializadas<br />

Para dar suporte às novas obrigações e aos compromissos<br />

assumi<strong>do</strong>s desde o início <strong>do</strong> projeto, como o<br />

aporte de recursos na área de tecnologia e as obras <strong>do</strong><br />

Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro, a Sepan contratou<br />

as consultorias especializadas da Fundação Instituto<br />

de Administração (FIA) e da Fundação Getúlio Vargas<br />

(FGV), através de cooperação com o Programa das<br />

Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), instituição<br />

internacional que apoia projetos de combate<br />

à pobreza e a implementação de políticas públicas<br />

variadas.<br />

A FIA criou um sistema de apoio à tomada de decisão<br />

e monitoramento <strong>do</strong> governo federal. Um <strong>do</strong>s produtos<br />

previstos no plano de trabalho foi a elaboração de<br />

relatórios bimestrais de acompanhamento das ações<br />

governamentais. Cada relatório era composto por:<br />

cadastro da <strong>do</strong>cumentação tramitada no perío<strong>do</strong>;<br />

evolução fotográfica comentada das obras licitadas<br />

pelo governo federal; desenvolvimento físico-financeiro<br />

<strong>do</strong>s projetos; análises <strong>do</strong> desempenho de cada<br />

ação, sistematizadas em gráficos e tabelas; análise de<br />

eventuais conflitos de cada área e das decisões tomadas;<br />

ações executadas pelos demais órgãos <strong>do</strong> Comitê<br />

de Gestão; arquivo de conhecimento sobre gestão;<br />

relatórios de prestação de contas de consultorias especializadas<br />

contratadas pelo governo federal; e, por<br />

fim, resumo da atuação das gerências da Sepan.<br />

Outro importante trabalho realiza<strong>do</strong> em conjunto<br />

pela FIA e o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, por meio da Secretaria<br />

<strong>do</strong> Pan, foi o acompanhamento detalha<strong>do</strong> da<br />

execução de to<strong>do</strong>s os contratos de responsabilidade<br />

<strong>do</strong> governo federal antes, durante e após o Pan e o<br />

Parapan, incluin<strong>do</strong> a fase de prestação de contas. Esta<br />

medida garantiu que a Sepan, gestora <strong>do</strong>s contratos,<br />

pudesse fiscalizar com qualidade a entrega das obras<br />

e <strong>do</strong>s serviços e acompanhar o encerramento <strong>do</strong>s 16<br />

contratos e 68 convênios celebra<strong>do</strong>s com a finalidade<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

de garantir a realização <strong>do</strong>s Jogos em alto nível de<br />

qualidade.<br />

Já a FGV tornou-se, em 2006, responsável pelo apoio<br />

técnico à coordenação da área de tecnologia <strong>do</strong> governo<br />

federal, montan<strong>do</strong> no Rio de Janeiro um escritório<br />

de projetos dedica<strong>do</strong> às ações relativas aos<br />

Jogos Pan-americanos. O escritório gerenciou uma<br />

estrutura complexa e multifacetada: foram 300 projetos<br />

e subprojetos da área, agrupa<strong>do</strong>s em três grandes<br />

blocos: integração de tecnologia, telecomunicações e<br />

serviços de áudio e vídeo <strong>do</strong> Pan.<br />

Apoio à Prefeitura e ao governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

A ação <strong>do</strong> governo federal foi fundamental para que<br />

algumas obras e obrigações da Prefeitura <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro pudessem ser levadas a cabo, garantin<strong>do</strong> a<br />

entrega <strong>do</strong>s serviços e equipamentos necessários à<br />

realização <strong>do</strong>s Jogos. A União repassou para os cofres<br />

<strong>do</strong> Município recursos para a construção <strong>do</strong> Parque<br />

Aquático Maria Lenk e para obras de infra-estrutura<br />

no entorno da Vila Pan-americana.<br />

Além disso, o governo federal assumiu responsabilidades<br />

que originalmente eram da Prefeitura, como<br />

o pagamento de passagens das delegações <strong>do</strong>s países<br />

participantes e o custeio <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r,<br />

entre outras. O investimento da União na área de<br />

recursos humanos <strong>do</strong> CO-Rio garantiu a expansão<br />

funcional necessária para realizar as operações com<br />

qualidade. Além disso, a Secretaria Nacional de Segurança<br />

Pública (Senasp) assumiu a gerência de segurança<br />

<strong>do</strong>s Jogos, deslocan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o efetivo necessário<br />

para a administração da área.<br />

A União também repassou recursos para o governo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio concluir as reformas <strong>do</strong> estádio <strong>do</strong><br />

Maracanã, <strong>do</strong> ginásio <strong>do</strong> Maracanãzinho e <strong>do</strong> Parque<br />

Aquático Júlio Delamare, que enfrentavam sérios<br />

problemas de atraso. O <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ainda<br />

garantiu recursos para que o Esta<strong>do</strong> fizesse a monta-<br />

76


gem de instalações provisórias de apoio às competições<br />

no Complexo <strong>do</strong> Maracanã<br />

A Matriz de Responsabilidade<br />

Até o início de 2007 não haviam si<strong>do</strong> consolidadas<br />

as responsabilidades de cada governo – federal, estadual<br />

e municipal – e <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

Jogos (CO-Rio) no processo de preparação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

eventos. A divisão original de tarefas e investimentos<br />

revelou-se incipiente no decorrer da organização,<br />

quan<strong>do</strong> foram se detectan<strong>do</strong> que várias ações não<br />

estavam programadas ou haviam si<strong>do</strong> subestimadas,<br />

entre outros motivos, porque o evento projeta<strong>do</strong> em<br />

2002 era muito mais simples <strong>do</strong> que o que foi realiza<strong>do</strong>.<br />

No segun<strong>do</strong> semestre de 2006, o governo<br />

federal incitou os parceiros governamentais e o CO-<br />

Rio a fazer, em conjunto, um esforço para determinar<br />

quais eram os itens que ainda estavam em aberto e<br />

quem os assumiria. Era preciso formalizar os acor<strong>do</strong>s<br />

e as obrigações assumidas numa grande matriz, pela<br />

qual se pudessem vislumbrar todas as ações necessárias<br />

para a realização <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan e quem<br />

respondia por elas.<br />

Após vários meses de reuniões e negociações, a Matriz<br />

de Responsabilidade foi assinada em 14 de fevereiro<br />

de 2007 pelas três esferas de governo e pelo<br />

Comitê Organiza<strong>do</strong>r. A carta de acor<strong>do</strong> reuniu mais<br />

de cem itens que compunham o orçamento <strong>do</strong> Pan e<br />

<strong>do</strong> Parapan. Integram o <strong>do</strong>cumento obras, operações<br />

e ações diversas que já estavam sen<strong>do</strong> executadas<br />

por cada órgão, e novas responsabilidades, ratificadas<br />

por meio de um processo de diálogo político e<br />

integração técnica. Graças a ele, foi possível identificar<br />

todas as necessidades indispensáveis para que<br />

as duas competições fossem realizadas com sucesso,<br />

e delimitar um horizonte orçamentário próximo <strong>do</strong>s<br />

valores efetivamente gastos.<br />

O <strong>do</strong>cumento apresenta os compromissos de financiamento<br />

e execução de União, Esta<strong>do</strong>, Prefeitura e<br />

77<br />

CO-Rio, além de dar solução, à época, a demandas<br />

que ainda não tinham "paternidade", numa demonstração<br />

de amadurecimento <strong>do</strong> poder público. O<br />

maior valor desse acor<strong>do</strong> não foi, necessariamente, o<br />

financeiro: representou o aperfeiçoamento das relações<br />

intergovernamentais; criou ambiente de diálogo<br />

e cooperação, o que fortaleceu o processo de governança,<br />

necessária ao sucesso de eventos que exigem<br />

integração de órgãos e esferas de governo.<br />

Atuação <strong>do</strong> governo Federal Durante os Jogos<br />

O governo federal participou ativamente das operações<br />

<strong>do</strong>s Jogos Pan e Parapan-americanos. Uma das<br />

tarefas que mais exigiram mobilização de to<strong>do</strong>s os<br />

representantes da União envolvi<strong>do</strong>s nas duas competições<br />

foi a atuação no MOC – Centro Principal de<br />

Operações – que funcionou na sede <strong>do</strong> CO-Rio, na<br />

Barra da Tijuca, e operou <strong>do</strong> dia 28 de junho ao dia<br />

24 de agosto de 2007, ininterruptamente. Por este<br />

sistema nervoso <strong>do</strong>s Jogos circularam as principais<br />

informações e nele foram analisadas inúmeras situações<br />

relativas à organização <strong>do</strong> Pan e <strong>do</strong> Parapan. O<br />

Comitê Olímpico Internacional orienta os comitês organiza<strong>do</strong>res<br />

de Jogos Olímpicos a a<strong>do</strong>tarem para este<br />

tipo de operação um modelo de organização cujos<br />

pilares sejam comunicação, coordenação e controle,<br />

fundamentais para que o centro possa fornecer suporte<br />

operacional ágil às áreas funcionais, equipes<br />

das instalações e outros atores que participam <strong>do</strong><br />

evento.<br />

Além <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, atuaram no MOC<br />

diversos representantes <strong>do</strong> poder público, como a<br />

Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp),<br />

a Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê de Gestão <strong>do</strong> Governo<br />

Federal para os Jogos Rio 2007 (Sepan), órgãos<br />

de Operações da Cidade (da Prefeitura <strong>do</strong> Rio<br />

de Janeiro), Companhia de Engenharia de Tráfego<br />

(CET-Rio), Secretaria Especial Rio 2007 <strong>do</strong> Município<br />

e Instituto Nacional de Meteorologia (InMet),<br />

entre outros.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


o Centro de operações <strong>do</strong> governo Federal<br />

Para dar apoio à atuação dentro <strong>do</strong> MOC, foi cria<strong>do</strong><br />

o Centro de Operações <strong>do</strong> Governo Federal<br />

(COGF). A estrutura recebia as demandas, avaliava<br />

seus impactos, sistematizava as informações e mobilizava<br />

as áreas <strong>do</strong> governo federal envolvidas no<br />

Pan e no Parapan para solucionar os problemas.<br />

Cerca de 20 pessoas trabalharam no COGF, que<br />

funcionou das 7h às 23h durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eventos, em um escritório próximo ao<br />

CO-Rio. A criação <strong>do</strong> Centro permitiu ao governo<br />

federal resolver os problemas com mais agilidade,<br />

e também detectar e solucionar outras questões<br />

antes que elas chegassem ao Centro Principal de<br />

Operações <strong>do</strong>s Jogos Rio 2007 (MOC). Vale lembrar<br />

que o gabinete <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> foi<br />

Foto: Francisco Medeiros<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

transferi<strong>do</strong> de Brasília para o Rio de Janeiro durante<br />

o Pan.<br />

Foi dada atenção especial a questões referentes<br />

à operação <strong>do</strong>s Jogos Parapan-americanos já que<br />

muitas ações dependiam de órgãos federais, como<br />

embarque e desembarque em aeroportos e vigilância<br />

sanitária, entre outros. Entre os órgãos federais<br />

mobiliza<strong>do</strong>s para as operações <strong>do</strong> Parapan estavam<br />

Polícia Federal, Secretaria Nacional de Segurança<br />

Pública, Receita Federal, <strong>Ministério</strong> da Agricultura,<br />

Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Infraero.<br />

À Anvisa cabia analisar e aprovar as listas de<br />

medicamentos importa<strong>do</strong>s trazi<strong>do</strong>s pelos atletas e<br />

autorizar sua entrada nos aeroportos por onde as<br />

delegações iriam passar. A Agência também deu<br />

atenção especial à certificação internacional de<br />

vacinação. Já o <strong>Ministério</strong> da Agricultura estava<br />

prepara<strong>do</strong> para atender com brevidade às neces-<br />

78


sidades <strong>do</strong>s atletas quanto a animais (cães-guia) e<br />

outras questões, como madeiramento especial e<br />

alimentos. A adaptação das instalações esportivas<br />

e da Vila Pan-americana às necessidades das competições<br />

parapan-americanas também foi tema <strong>do</strong><br />

COGF.<br />

Além disso, o governo federal utilizou duas salas<br />

no Centro Principal de Imprensa (MPC) durante os<br />

Jogos Pan-americanos. O espaço, coordena<strong>do</strong> pela<br />

Secretaria Executiva <strong>do</strong> Comitê de Gestão Federal<br />

para os Jogos Rio 2007 (Sepan), tinha como objetivo<br />

centralizar as ações de Assessoria de Imprensa<br />

<strong>do</strong> governo federal durante os Jogos (atendimento<br />

à imprensa, organização de entrevistas coletivas e<br />

individuais, acompanhamento de autoridades, cobertura<br />

de eventos e produção de pautas próprias<br />

<strong>do</strong> governo).<br />

Foto: Acervo ME<br />

79<br />

os Lega<strong>do</strong>s<br />

O investimento feito pelos três governos trouxe considerável<br />

lega<strong>do</strong> esportivo para o País, especialmente à<br />

cidade <strong>do</strong> Rio. Como exemplo, pode-se citar a construção<br />

<strong>do</strong> Complexo Esportivo de Deo<strong>do</strong>ro, <strong>do</strong> estádio<br />

<strong>do</strong> Engenhão e da Cidade <strong>do</strong>s <strong>Esporte</strong>s (Arena<br />

Multiuso, Parque Aquático Maria Lenk e Velódromo<br />

da Barra), a reforma <strong>do</strong> Parque Aquático Júlio Delamare<br />

e <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Maracanã e Maracanãzinho,<br />

além de melhorias no Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo<br />

de Freitas. O governo federal participou diretamente<br />

<strong>do</strong> financiamento de boa parte dessas obras.<br />

A partir <strong>do</strong> Pan, o Rio ficou com infra-estrutura esportiva<br />

capaz de receber grandes eventos, um <strong>do</strong>s pontos<br />

favoráveis à vitória pelos Jogos Olímpicos. Todas<br />

as instalações construídas ou reformadas para o Pan<br />

serão utilizadas nos Jogos de 2016.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>


Outra decisão <strong>do</strong> governo brasileiro foi a de investir<br />

fortemente em segurança para o Pan, não apenas<br />

visan<strong>do</strong> a garantir a segurança nos locais de competição,<br />

mas para melhorar a infra-estrutura de<br />

segurança na cidade, algo que permaneceu como<br />

lega<strong>do</strong> à população <strong>do</strong> Rio depois <strong>do</strong> evento. Da<br />

mesma forma, a União decidiu investir em tecnologia<br />

da informação para implantar uma moderna<br />

rede de comunicação para os Jogos, com 550<br />

quilômetros de fibra ótica espalha<strong>do</strong>s pela cidade,<br />

aparelhos de última geração para medição de resulta<strong>do</strong>s,<br />

sistema integra<strong>do</strong> de operação <strong>do</strong>s serviços<br />

e competições, sonorização com instalação de<br />

telões e transmissão de vídeo digital no nível utili-<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong><br />

za<strong>do</strong> na Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de Futebol da Alemanha,<br />

entre outros itens.<br />

Além disso, houve marcante herança de materiais<br />

e equipamentos esportivos de primeira linha cuja<br />

importação foi custeada pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong><br />

especialmente para o evento, entre eles a pista <strong>do</strong><br />

Velódromo, a mais moderna no Brasil. Esse material<br />

ficou disponível para o treinamento de atletas<br />

e o uso em competições de diferentes tipos. Em<br />

resumo, o Brasil e o Rio ganharam com os investimentos<br />

feitos para os Jogos. Para alcançar esse<br />

patamar de desenvolvimento esportivo, de segurança<br />

e de conhecimento, foi necessário assegurar<br />

grande investimento.<br />

80


Esse <strong>III</strong> <strong>Caderno</strong> teve como desafio sistematizar e<br />

apresentar o conjunto de ações, programas e projetos<br />

implementa<strong>do</strong>s pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, o que<br />

constitui, na essência, a política <strong>do</strong> Governo Federal<br />

para o esporte e o lazer. Para explicar o atual grau de<br />

desenvolvimento da política esportiva <strong>do</strong> país, seus<br />

limites e possibilidades, fez-se necessário fazer uma<br />

breve incursão na história da formação das políticas de<br />

esporte e suas relações com o Esta<strong>do</strong>.<br />

A intenção foi demonstrar as estratégias implementadas<br />

pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, desde sua criação,<br />

que nortearam e norteiam a formação de agenda, formulação<br />

e implementação de programas e ações de<br />

esporte e lazer, e assim, consolidá-los como política de<br />

Esta<strong>do</strong> e direito social da população brasileira.<br />

Importa perceber, ao final dessa Coletânea, que muito<br />

foi feito pelo esporte e pelo lazer no Brasil, desde a<br />

criação <strong>do</strong> ME em 2003. Porém, muito ainda se tem a<br />

fazer, os desafios são imensos e serão enfrenta<strong>do</strong>s pelo<br />

poder público, mas, sobremaneira compartilhan<strong>do</strong> responsabilidades<br />

a sociedade civil. Em especial ouvin<strong>do</strong><br />

as críticas e sugestões <strong>do</strong>s setores a que se destinam<br />

as políticas de esporte e lazer, os pesquisa<strong>do</strong>res, professores,<br />

agentes sociais, produtores culturais, atletas,<br />

ex-atletas, dirigentes esportivos, dentre outros.<br />

No fechamento dessa publicação, vale destaque o<br />

momento ímpar em que vive o esporte no país. O<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> tem implementa<strong>do</strong> programas<br />

sociais esportivos da maior relevância com projeção<br />

internacional, reconheci<strong>do</strong>s, inclusive, pela UNESCO,<br />

tem, também, valoriza<strong>do</strong> a produção <strong>do</strong> conhecimento<br />

com publicações importantes, estabelecen<strong>do</strong><br />

bases para o desenvolvimento científico e tecnológico<br />

<strong>do</strong> setor, além disso, contribuiu para a realização <strong>do</strong>s<br />

melhores Jogos Panamericanos e Parapanamericanos<br />

da história, que tiveram também a melhor participação<br />

brasileira. Agora o Brasil se prepara para realizar os<br />

Jogos Mundiais Militares em 2011, a Copa das Confederações<br />

em 2013 e o Mundial de Futebol em 2014,<br />

81<br />

Considerações finais<br />

ambos da FIFA. E, a mais recente conquista são os Jogos<br />

Olímpicos e Paraolímpicos em 2016. Essa agenda<br />

coloca o Brasil, por dez anos, no palco central <strong>do</strong> esporte<br />

internacional.<br />

Essas conquistas e realizações não são acontecimentos<br />

fortuitos. Elas expressam mudanças no mun<strong>do</strong> e revelam<br />

o novo protagonismo <strong>do</strong> país na cena mundial.<br />

Esses eventos abrem horizontes para a temática esportiva<br />

contribuir com a estratégia de desenvolvimento<br />

nacional, na medida em que servem para balizar investimentos<br />

em infraestrutura e serviços essenciais para a<br />

vida de nossas principais metrópoles, principalmente<br />

o Rio de Janeiro – o portal <strong>do</strong> Brasil para o mun<strong>do</strong>.<br />

Ao mesmo tempo, são plataformas sem igual para a<br />

promoção <strong>do</strong> país. O turismo terá um grande e positivo<br />

impacto. Mas o maior ganho será para a imagem<br />

<strong>do</strong> país. O mun<strong>do</strong> conhecerá mais de perto um<br />

país-continente, democrático, estável, moderno, uno<br />

na diversidade cultural, uma nação vocacionada para<br />

a integração e um povo mistura<strong>do</strong> que é uma síntese<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Os dirigentes que assumirem o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> esporte<br />

nacional a partir de 2010 terão bases sólidas e sustentáveis<br />

para manter o desenvolvimento e poderão<br />

fazer muito mais. Já contarão com orçamento quatro<br />

vezes superior ao encontra<strong>do</strong> na época da criação <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong>. O esporte estará consolida<strong>do</strong> como política<br />

pública, colaboran<strong>do</strong> numa visão inter-setorial com a<br />

melhoria da educação, a promoção da saúde, o respeito<br />

ao meio ambiente, a integração social e a qualidade<br />

de vida <strong>do</strong>s brasileiros.<br />

É motivo de satisfação disponibilizar essa Coletânea<br />

aos gestores públicos; Municipais e Estaduais, as entidades<br />

de administração <strong>do</strong> esporte, as associações comunitárias<br />

ligadas ao esporte e lazer, as universidades<br />

e demais instituições científicas, a to<strong>do</strong>s e todas que<br />

querem continuar esse diálogo em busca da democratização<br />

<strong>do</strong> esporte e lazer com qualidade social para o<br />

povo brasileiro.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> ••• <strong>Esporte</strong> e Lazer - Políticas de Esta<strong>do</strong> ••• <strong>Caderno</strong> <strong>III</strong>

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