Portuguese - Publications
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Não existem marcas de escrita nas cavernas pré-designadas, ainda que<br />
segundo a literatura consultada este aspecto seja comum. Provavelmente, a<br />
razão que explica isso é que naquela área o balastro era muito compacto e<br />
colocado de forma apertada entre as cavernas, podendo a sua acção mecânica<br />
na madeira ter apagado as marcas.<br />
Também vale a pena notar que não encontrámos embornais abertos nas<br />
cavernas deste barco, para permitir a drenagem da água do porão.<br />
Todas as cavernas que sobreviveram tinham perdido a extremidade de<br />
bombordo (a leste da quilha), permanecendo apenas uma extensão de 0.50m<br />
na maioria delas, por isso desapareceu a junção a leste com as primeiras<br />
ligações. A oeste não foi possível observar os escarves de junção entre as<br />
cavernas e as primeiras ligações, nem as suas cavilhas ou pregos, porque estão<br />
todos localizados por debaixo do tabuado do fundo. Como os topos das<br />
primeiras ligações e as cavernas podiam ser vistos por debaixo do tabuado,<br />
foram feitas medições dos seus comprimentos e larguras.<br />
Ligações<br />
Nos restos da estrutura do casco foi possível identificar 60 primeiras ligações,<br />
sendo possível tirar medidas a 27 delas. Na secção mestra do barco, todos as<br />
primeiras ligações começam quase debaixo do tabuado do fundo, por isso foi<br />
possível tirar medidas de comprimento e largura, ainda que o sistema de junção<br />
não tenha sido observado. Todas as primeiras ligações estudadas estão<br />
associadas a segundas e terceiras ligações, de tal forma que o seu conjunto se<br />
adapta ao formato do barco. Tudo segue um padrão bastante regular, mais<br />
coerente nas suas funções estruturais do que nas suas medidas.<br />
Tudo foi construído numa madeira resistente que varia de altura e largura entre<br />
0.24m e 0.26m. O seu comprimento varia de acordo com a sua junção com as<br />
cavernas (que não têm todas as mesmas medidas) e a sua localização na<br />
estrutura; mas, em todos os casos, tende a acabar debaixo do dormente da<br />
primeira coberta ou no seu trincaniz (Quadro 4). Assim, em termos gerais,<br />
todas as primeiras ligações identificadas nascem debaixo do tabuado do forro<br />
(onde se juntam às cavernas) e acabam entre o dormente da primeira coberta<br />
e o trincaniz da coberta inferior (onde se juntam com as segundas e terceiras<br />
ligações), à excepção de Ft1-14, Ft1-20 e Ft1-22 que ultrapassam este nível e<br />
terminam na escoa contígua.<br />
Para reforçar o comentário acima: temos o exemplo das primeiras ligações<br />
compostas por mais de uma peça. São os casos de Ft1-2, Ft1-9, Ft1-11, Ft1-13,<br />
Ft1-14, Ft1-17, Ft1-36 e Ft1-37, costituídas por duas peças ligadas por meio de<br />
um plano inclinado, correspondendo evidentemente à necessidade de atingir o<br />
nível da coberta inferior sem ter tábuas desse comprimento à disposição. Talvez<br />
os melhores exemplos disto sejam Ft1-11 e Ft1-36, cujas segundas peças só<br />
têm respectivamente 0.80m e 0.70m, não fazendo sentido que essas peças não<br />
acabem num encaixe que permita juntar uma ligação à seguinte.<br />
Todos as primeiras ligações estão fixas nos dois lados (ré e proa) com peças de<br />
cada (segundas ligações) que ligam as primeiras às terceiras ligações. Para<br />
mais explicações, nós vamos pegar naquelas que estão ligadas à proa e<br />
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