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i COPPE/UFRJ A MODELAGEM HIDRODINÂMICA COMO AUXÍLIO ...

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<strong>COPPE</strong>/<strong>UFRJ</strong><br />

A <strong>MODELAGEM</strong> <strong>HIDRODINÂMICA</strong> <strong>COMO</strong> <strong>AUXÍLIO</strong> À NAVEGAÇÃO NO<br />

CANAL NORTE DO ESTUÁRIO DO AMAZONAS<br />

Maria Fernanda Rezende Arentz<br />

Dissertação de Mestrado apresentada ao<br />

Programa de Pós-graduação em Engenharia<br />

Oceânica, <strong>COPPE</strong>, da Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos<br />

necessários à obtenção do título de Mestre em<br />

Engenharia Oceânica.<br />

Orientadora: Susana Beatriz Vinzon<br />

Rio de Janeiro<br />

Abril de 2009<br />

i


A <strong>MODELAGEM</strong> <strong>HIDRODINÂMICA</strong> <strong>COMO</strong> <strong>AUXÍLIO</strong> À NAVEGAÇÃO NO<br />

CANAL NORTE DO ESTUÁRIO DO AMAZONAS<br />

Maria Fernanda Rezende Arentz<br />

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO<br />

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA<br />

(<strong>COPPE</strong>) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO <strong>COMO</strong> PARTE<br />

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE<br />

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.<br />

Aprovada por:<br />

_____________________________________________<br />

Prof a Susana Beatriz Vinzon, D. Sc.<br />

_____________________________________________<br />

Prof. Paulo Cesar Colonna Rosman, Ph. D.<br />

_____________________________________________<br />

Dr. Reinaldo Antonio Ferreira de Lima, D. Sc.<br />

_____________________________________________<br />

Dr. Antonio Fernando Garcez Faria, Ph. D.<br />

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL<br />

ABRIL DE 2009<br />

ii


Arentz, Maria Fernanda Rezende<br />

A Modelagem Hidrodinâmica como Auxílio à<br />

Navegação no Canal Norte do Estuário do Amazonas/<br />

Maria Fernanda Rezende Arentz. – Rio de Janeiro:<br />

<strong>UFRJ</strong>/<strong>COPPE</strong>, 2009.<br />

XVI, 166 p.: il.; 29,7 cm.<br />

Orientadora: Susana Beatriz Vinzon<br />

Dissertação (mestrado) – <strong>UFRJ</strong>/ <strong>COPPE</strong>/ Programa de<br />

Engenharia Oceânica, 2009.<br />

Referencias Bibliográficas: p. 133-139.<br />

1. Modelagem Hidrodinâmica. 2. Maré. 3. Estuário do<br />

Rio Amazonas. I. Vinzon, Susana Beatriz. II.<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro, <strong>COPPE</strong>,<br />

Programa de Engenharia Oceânica. III. Título.<br />

iii


“Deus ao mar o abismo e o perigo deu,<br />

Mas nele é que espelhou o céu.” (Fernando Pessoa)<br />

iv


AGRADECIMENTOS<br />

À Marinha, representada pela DHN e pelo CHM, pela oportunidade de realizar o<br />

mestrado, pela disponibilidade de recursos, dados e informações em todos os<br />

momentos.<br />

À FINEP por ter financiado o projeto “Modelagem hidrodinâmica e monitoramento<br />

do nível do mar na Barra Norte do Rio Amazonas – Correção de sondagens para<br />

construção da Carta Náutica” do qual faz parte esta dissertação.<br />

À professora Susana pela sua orientação e dedicação. Obrigada por me motivar a<br />

buscar cada vez mais conhecimento e embasamento para este trabalho, fornecendo<br />

preciosas sugestões nas horas certas.<br />

Ao Comandante Marcelo, meu orientador do CHM, por toda a confiança depositada<br />

desde que ingressei na DHN. Obrigada por ter acompanhando a minha trajetória como<br />

um exemplo a ser seguido.<br />

Ao Comandante Augusto coordenador do projeto “Modelagem hidrodinâmica e<br />

monitoramento do nível do mar na Barra Norte do Rio Amazonas – Correção de<br />

sondagens para construção da Carta Náutica” por todo apoio e confiança.<br />

Ao Almirante Ferreira de Lima, Comandante Garcez e Professor Rosman, por terem<br />

aceitado integrar a banca, contribuindo para melhorar este trabalho. Especialmente, à<br />

professora Josefa pela disponibilidade e compreensão.<br />

Foi uma grata satisfação integrar a equipe do LDSC. Agradeço a todos os amigos do<br />

laboratório, em particular à Luana, Marcos, Rodrigo, Carla, Gabriela, Débora, Iran e<br />

Leonardo pela colaboração em todas as etapas do curso e do desenvolvimento desta<br />

dissertação e pelo respeito, profissionalismo e cordialidade com que fui tratada. A<br />

amizade de vocês será guardada para sempre.<br />

À tripulação do NHi Sirius e em especial aos Comandante Costa Neves, que<br />

contribuiu para a idealização do projeto Barra Norte, e ao Comandante Leandro, que<br />

prosseguiu com as atividades do navio com o mesmo empenho.<br />

Aos Comandantes Norberto e Torres, que à frente do CHM-30 prestaram inestimável<br />

apoio durante e após o curso.<br />

A toda a equipe do DHN-20, pelo auxílio e a orientação durante o mestrado,<br />

especialmente ao Comandante Alenquer.<br />

Ao SSN-4 pelo apoio com as estações maregráficas.<br />

Ao SHOM, na pessoa do Comandante Yves Guillam, pela oportunidade de estágio em<br />

um centro de excelência em hidrografia, e a Dra. Lucia Pineau-Guillou pela<br />

receptividade e por todas as informações prestadas e material técnico cedido.<br />

v


A todos os professores do PENO, pelos ensinamentos passados e aos funcionários<br />

pela atenção dispensada.<br />

Aos que me fizeram aprender a gostar das marés e me levaram de alguma forma a<br />

escolher o tema desta pesquisa: Almirante Franco, Suboficial Cardoso, Professor<br />

Geraldo e Venceslau (Robusto).<br />

À Divisão de Levantamentos e aos hidrógrafos e não-hidrógrafos que por ela<br />

passaram e que me inspiram a tentar entender a Barra Norte, em especial o<br />

Comandante Briones e o Comandante Magno.<br />

Aos velhos e novos companheiros da Seção de Marés (e agregados): Neide, Priscila,<br />

Borba, Caúla, Comandante Mauricio e todos os militares e civis que também<br />

registraram o nome naquela régua de marés e ajudaram a construir esse legado. Em<br />

particular à minha chefe, Comandante Rosuita, que me encorajou a apostar nesta<br />

capacitação profissional e acreditou na proposta deste trabalho.<br />

Ao Alberto, pelo atendimento primoroso hoje e sempre, fornecendo os dados do<br />

BNDO com presteza e eficiência.<br />

Ao Comandante Ramos, futuro parceiro nos desdobramentos deste trabalho, pelo<br />

espírito de coleguismo, pelo auxílio com os dados do FES2004 e pelas aulas de<br />

geodésia.<br />

À Flavia e à Comandante Ana Angélica, pelo ótimo trabalho com o Geosoft que tanto<br />

valorizou a apresentação dos resultados finais.<br />

Aos colegas da Área da Costeira pelo excelente convívio nestes últimos anos e pela<br />

amizade que permanecerá. Agradeço principalmente à Sonia, por todos estes anos de<br />

amizade e trocas de experiência na oceanografia e nas coisas da vida.<br />

À Marise, por tudo que ela é e representa para nós alunos da Costeira. Obrigada<br />

especialmente pelo carinho naqueles momentos mais complicados.<br />

À minha família, especialmente aos meus pais. Nenhuma palavra pode expressar a<br />

gratidão e orgulho que sinto por vocês.<br />

À Carolina minha querida filha, que cresceu junto com este trabalho e foi minha<br />

maior fonte de inspiração e alegria: muito obrigada!<br />

Ao Carlos companheiro querido de todos os momentos, pelo seu otimismo e<br />

serenidade, amor e paciência que nunca me deixarão esmorecer perante os desafios da<br />

vida. Dedico esta dissertação a você e à nossa filhinha.<br />

vi


Resumo da Dissertação apresentada à <strong>COPPE</strong>/<strong>UFRJ</strong> como parte dos requisitos<br />

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)<br />

A <strong>MODELAGEM</strong> <strong>HIDRODINÂMICA</strong> <strong>COMO</strong> <strong>AUXÍLIO</strong> À NAVEGAÇÃO NO<br />

CANAL NORTE DO ESTUÁRIO DO AMAZONAS<br />

Orientadora: Susana Beatriz Vinzon<br />

Programa: Engenharia Oceânica<br />

Maria Fernanda Rezende Arentz<br />

Abril/2009<br />

O Canal Norte do estuário do rio Amazonas, nas proximidades da Barra Norte,<br />

se configura como uma área crítica para a navegação, em virtude da elevada taxa de<br />

migração de bancos arenosos aliada a um regime de macro-maré. O objetivo<br />

principal deste trabalho é aplicar a modelagem hidrodinâmica como ferramenta para a<br />

determinação de níveis de redução da carta náutica e para a redução de sondagens em<br />

levantamentos hidrográficos, contribuindo para melhorar as condições de<br />

navegabilidade e segurança da região. Experimentos numéricos realizados com o<br />

modelo hidrodinâmico 2DH reproduziram cenários de um ano e consideraram como<br />

principais forçantes a vazão fluvial e a maré astronômica. As séries temporais de<br />

elevações simuladas foram confrontadas aos dados maregráficos observados e<br />

analisadas pelo método harmônico, gerando como resultado mapas de variação de<br />

níveis de redução e LAT. Os resultados do modelo foram utilizados, com um bom<br />

nível de confiança (incertezas de 5%), na correção de maré de um conjunto recente de<br />

dados batimétricos. A sensibilidade do modelo às variações na batimetria foi<br />

igualmente avaliada a fim de permitir a validação do método. A metodologia se<br />

mostrou particularmente útil para a correção de dados batimétricos e para a previsão<br />

de níveis d’água. No entanto, para a adoção do método é fundamental que,<br />

concomitantemente aos levantamentos hidrográficos, sejam coletados dados de maré<br />

nas áreas mais estratégicas.<br />

vii


Abstract of Dissertation presented to <strong>COPPE</strong>/<strong>UFRJ</strong> as a partial fulfillment of the<br />

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)<br />

THE USE OF HYDRODYNAMIC MODELING IN NAVIGATION AIDS ALONG<br />

THE NORTHERN CHANNEL OF THE AMAZON ESTUARY<br />

Advisor: Susana Beatriz Vinzon<br />

Department: Ocean Engineering<br />

Maria Fernanda Rezende Arentz<br />

April/2009<br />

The Northern Channel of the Amazon Estuary is considered a critical area for<br />

navigation due to sandy banks high rate of migration and macrotides occurrence. The<br />

main purpose of this work is to apply hydrodynamic modeling for determining<br />

nautical chart datum and reducting sounding data in order to improve the navigability<br />

and safety in that area. The hydrodynamic 2DH model was forced by astronomical<br />

tide and river flow in order to generate one year of simulations. The forecasted water<br />

level time series has been compared to tide-gauge observations and further analyzed<br />

with the harmonic method producing nautical chart datum maps. Modeling results<br />

have been used to implement reliable tidal corrections in a set of recent bathymetric<br />

data. Uncertainties of 5% were found in the overall results. Model sensitivity related<br />

to variations in the bathymetry has also been assessed to support the validation of the<br />

method. This methodology was considered particularly useful for bathymetric data<br />

correction and for water level predictions. However, even using the presented tool it is<br />

essential to collect water level data in strategic places during the hydrographic survey.<br />

viii


SUMÁRIO<br />

Capítulo 1.........................................................................................................................1<br />

1. Introdução ...................................................................................................................1<br />

1.2. A navegação na Barra Norte do rio Amazonas..................................................2<br />

1.3. Motivação técnico-científica..............................................................................4<br />

1.4. Objetivo Geral....................................................................................................9<br />

1.5. Objetivos Específicos.........................................................................................9<br />

1.6. Estruturação da dissertação..............................................................................10<br />

Capítulo 2.......................................................................................................................12<br />

2. Revisão Metodológica ...............................................................................................12<br />

2.1. Introdução ........................................................................................................12<br />

2.2. Os datums verticais de maré segurança para a navegação: NR e LAT ...........18<br />

2.3. A redução de sondagens...................................................................................24<br />

2.4. A previsão de marés.........................................................................................28<br />

Capítulo 3.......................................................................................................................32<br />

3. Caracterização da área de estudo............................................................................32<br />

Capítulo 4.......................................................................................................................40<br />

4. A modelagem hidrodinâmica...................................................................................40<br />

4.1. Malha de Elementos Finitos.............................................................................42<br />

4.2. Cenários de Modelagem ..................................................................................43<br />

4.3. Condições de contorno, batimetria e rugosidade considerados nas<br />

simulações...............................................................................................................44<br />

4.3.1. Batimetria..................................................................................................45<br />

4.3.2. Rugosidade de fundo.................................................................................48<br />

4.3.3. Condições de Contorno Fluvial: vazão dos rios afluentes........................50<br />

4.3.4. Condições de Contorno Oceânica: a maré astronômica ...........................52<br />

Capítulo 5.......................................................................................................................57<br />

5. Ajuste do Modelo e análises de sensibilidade à batimetria ...................................57<br />

5.1. Dados e informações consideradas para o ajuste do modelo...........................57<br />

ix


5.2. A qualificação das séries simuladas.................................................................61<br />

5.3. Resultados das Simulações ..............................................................................63<br />

5.4. Teste de sensibilidade do modelo à batimetria ................................................79<br />

5.5. Resultados do teste de sensibilidade à batimetria............................................81<br />

Capítulo 6.......................................................................................................................88<br />

6. Análise e discussão dos resultados...........................................................................88<br />

6.1. O cálculo do Nível de Redução e do Lowest Astronomical Tide (LAT) .........88<br />

6.2. Mapas de distribuição espacial do NR e LAT .................................................89<br />

6.3. Procedimentos adotados para a redução de sondagens..................................101<br />

6.4. Considerações sobre a interpolação linear.....................................................110<br />

6.5. Redução das sondagens: resultados obtidos ..................................................112<br />

6.6. Previsão dos níveis.........................................................................................124<br />

Capítulo 7.....................................................................................................................128<br />

7. Conclusões e Recomendações.................................................................................128<br />

Capítulo 8.....................................................................................................................133<br />

8. Referências Bibliográficas......................................................................................133<br />

APÊNDICES ...............................................................................................................140<br />

Apêndice A (Formulações matemáticas dos modelos adotados) ............................140<br />

Apêndice B (Constantes Harmônicas e Fichas de Descrição de Estação<br />

Maregráfica)................................................................................................................147<br />

Apêndice C (Projeto BATHYELLI (SHOM, França).............................................163<br />

Apêndice D (Rotinas de Matlab) ...............................................................................165<br />

x


ÍNDICE DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Linhas batimétricas de 10m indicando a posição dos bancos e sua<br />

evolução temporal de (a) 1983 a 1986, (b) 1986 a 1990, (c) 1990 a 1998, e (d)<br />

1998 a 2001 (OLIVEIRA e VINZON, 2004). .........................................................3<br />

Figura 2 – Esquema de redução de sondagens (modificação de desenho cedido pelo<br />

CHM) ...................................................................................................................15<br />

Figura 3 – Gráfico com os valores de IVT máximos permitidos por categoria de LH<br />

(IHO, 2008)..........................................................................................................18<br />

Figura 4 – Mapa da área de estudo com isolinhas de batimetria. O retângulo<br />

vermelho indica a região de interesse para este trabalho (Barra Norte). No<br />

detalhe, o polígono de cor laranja reproduz a área de redução de sondagens<br />

adotada pela DHN e os círculos de cor azul representam os pontos de fundeio<br />

realizados pelo NHi Sirius nos anos de 2006 e 2007. .........................................33<br />

Figura 5 – Carta náutica número 200 editada pela DHN, apresentando a região de<br />

interesse. ..............................................................................................................34<br />

Figura 6 – Mapa de assimetria da maré (FERNANDES, 2006): região em azul<br />

representando assimetria positiva (tempo de enchente menor do que 6 horas) e,<br />

em vermelho, assimetria negativa (tempo de enchente maior do que 6 horas)...36<br />

Figura 7– Malha de discretização em elementos finitos quadrangulares do domínio<br />

de modelagem do estuário do rio Amazonas, em coordenadas métricas............43<br />

Figura 8 – Destaque para a carta náutica número 200 (DHN) e o diagrama contendo<br />

o mosaico de levantamentos realizados em escalas espaciais distintas e em<br />

diferentes períodos...............................................................................................45<br />

Figura 9 – Domínio de modelagem do estuário do rio Amazonas em coordenadas<br />

métricas, mostrando isolinhas de profundidade (batimetrias referidas ao nível<br />

médio do mar, NMM)...........................................................................................48<br />

Figura 10 – Rugosidade equivalente de fundo adotada no domínio de modelagem<br />

segundo GALLO (2004).......................................................................................49<br />

Figura 11– Hidrogramas de vazões diárias para os rios Amazonas, Tapajós, Xingu e<br />

Tocantins..............................................................................................................51<br />

Figura 12 – Hidrogramas de vazões diárias para o rio Amazonas nos anos de 2006 e<br />

2007......................................................................................................................51<br />

Figura 13 – Esquema ilustrativo das vazões nodais adotadas para o rio Amazonas. 52<br />

Figura 14 – Amplitudes de M2 para o estuário do rio Amazonas (FES2004).............54<br />

Figura 15 – Fases de M2 para o estuário do rio Amazonas (FES2004). ....................54<br />

Figura 16 – Exemplo de séries temporais impostas como condição de contorno<br />

oceânica. ..............................................................................................................56<br />

Figura 17 – Mapa de localização das estações maregráficas e dos pontos de fundeio<br />

do NHi Sirius........................................................................................................59<br />

xi


Figura 18 – Foto da Estação Maregráfica Escola do Igarapé Grande do Curuá<br />

(Barra Norte). ......................................................................................................60<br />

Figura 19 – Fotos da estação maregráfica Ponta do Céu I em dois ângulos diferentes.<br />

..............................................................................................................................61<br />

Figura 20 – Gráfico apresentando a comparação entre os resultados do modelo e as<br />

observações para o período compreendido entre 11/05 a 13/05 de 2006. A<br />

interpolação temporal das séries foi feita com a função Cubic Spline. ..............64<br />

Figura 21 – Correlação cruzada entre o resultado do modelo e a série observada na<br />

estação Barra Norte, indicando que o modelo está adiantado 44 minutos em<br />

relação aos dados. ...............................................................................................65<br />

Figura 22 – Defasagens entre a série temporal de nível resultante da segunda<br />

simulação para o ano de 2006, a previsão harmônica e os dados coletados para<br />

a estação Barra Norte..........................................................................................67<br />

Figura 23 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o<br />

ecobatímetro e séries de níveis modelados nos pontos 1 e 2...............................68<br />

Figura 24 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o<br />

ecobatímetro e séries de níveis modelados nos pontos 3 e 4...............................69<br />

Figura 25 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o<br />

ecobatímetro e séries de níveis modelados nos pontos 5 e 6...............................70<br />

Figura 26 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante a sondagem de 2006 e flutuações locais do nível médio........................71<br />

Figura 27– Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante a sondagem após ter sido filtrada a oscilação de baixa-frequência......72<br />

Figura 28 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 36 dias de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................72<br />

Figura 29 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 8 dias de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................73<br />

Figura 30 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 24 horas de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................73<br />

Figura 31– Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 8 dias comparados ao resultados do modelo e à previsão harmônica<br />

(nível de referência: zero do modelo) em 2006. ..................................................74<br />

Figura 32 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 24 horas, comparados ao resultado do modelo e à previsão harmônica<br />

(nível de referência: zero do modelo) em 2006. ..................................................74<br />

Figura 33 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante a sondagem de 2007 e flutuações locais do nível médio........................75<br />

Figura 34 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 36 dias de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................75<br />

xii


Figura 35 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 8 dias de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................76<br />

Figura 36 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte)<br />

durante 24 horas de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do<br />

modelo). ...............................................................................................................76<br />

Figura 37 – Dados observados na Ponta do Céu I (proximidade da Barra Norte)<br />

resultados do modelo de 2007 e previsão harmônica (nível de referência: zero<br />

do modelo). ..........................................................................................................77<br />

Figura 38 – Dados observados na Ponta do Céu I (proximidade da Barra Norte)<br />

resultados do modelo de 2007 e previsão harmônica para oito dias (nível de<br />

referência: zero do modelo).................................................................................77<br />

Figura 39 – Gráfico com as vazões diárias em Óbidos durante parte de 2006,<br />

destacando os períodos considerados para o teste de sensibilidade do modelo à<br />

batimetria.............................................................................................................80<br />

Figura 40 – Nós da malha de discretização onde a batimetria foi alterada para o<br />

teste de sensibilidade (os nós estão contidos no polígono vermelho). ................81<br />

Figura 41 – Resultados do teste de sensibilidade para um dia na cheia do regime<br />

fluvial do Amazonas.............................................................................................83<br />

Figura 42 – Resultados do teste de sensibilidade para um dia na seca do regime<br />

fluvial do Amazonas.............................................................................................83<br />

Figura 43 – Comparação dos resultados do teste de sensibilidade com os dados<br />

observados em duas escalas temporais distintas.................................................84<br />

Figura 44 – Resultados dos testes de sensibilidade nos pontos de fundeio 1, 2 e 3....86<br />

Figura 45 – Resultados dos testes de sensibilidade nos pontos de fundeio 3, 4 e 5....87<br />

Figura 46- Fluxograma de processamento para o cálculo dos data verticais............88<br />

Figura 47 – Distribuição espacial do NR em relação ao NM local, ao longo do<br />

polígono de redução de sondagens (assinalado em vermelho). Valores em<br />

centímetros. O trecho onde foi realizado LH de 2006 está destacado em amarelo.<br />

..............................................................................................................................91<br />

Figura 48– Distribuição espacial do LAT em relação ao NM local, ao longo do<br />

polígono de redução de sondagens (assinalado em vermelho). Valores em<br />

centímetros. O trecho onde foi realizado LH de 2006 está destacado em amarelo.<br />

..............................................................................................................................91<br />

Figura 49 – Distribuição espacial das diferenças entre NR e LAT. Em azul está a<br />

região onde o plano do LAT está situado abaixo do NR, em amarelo estão as<br />

áreas em que ocorre o inverso e em branco onde ambos os planos de referência<br />

são coincidentes...................................................................................................92<br />

Figura 50 – Mapa da área de interesse destacando os pontos de fundeios analisados<br />

em vermelho, a estação Barra Norte e os nós onde ocorreram as maiores<br />

discrepâncias em verde........................................................................................93<br />

Figura 51 – Séries modeladas para o nó 4026, onde a presença da Msf se faz sentir e<br />

o NR passa a ser um critério mais restritivo e menos realista do que o LAT. ....95<br />

xiii


Figura 52 – Distribuição espacial da componente harmônica Msf. ...........................96<br />

Figura 53 - Séries modeladas para o nó 4010, onde a presença da relação de fase<br />

2gM2-gM4 (no caso= 180° ) se faz presente. O LAT passa a ser um critério mais<br />

restritivo e mais realista do que o NR. ................................................................97<br />

Figura 54 – Mapa de assimetria indicando em azul a assimetria positiva, em<br />

vermelho a assimetria negativa e os pontos onde a curva de maré assume a<br />

configuração de duplas baixa-mares ou duplas-preamares................................99<br />

Figura 55 - Duas escalas temporais distintas apresentando a complexidade da<br />

propagação de maré na área de estudo e três casos de determinação de data<br />

verticais LAT e NR.............................................................................................100<br />

Figura 56- Mapa da região, com destaque para a área do Canal Norte, apresentando<br />

as estações maregráficas em vermelho, pontos de fundeio em azul, polígono de<br />

redução em laranja e a área levantada pelo NHi Sirius em 2006 em amarelo.102<br />

Figura 57 - Mapa da região destacando em azul os 12 elementos da malha<br />

correspondentes à área sondada pelo NHi Sirius em 2006. Para a redução<br />

foram utilizadas as séries de elevação produzidas por 20 nós..........................103<br />

Figura 58 – Esquema mostrando diversas possibilidades de ditribuições espaciais do<br />

LAT e NR. Setas verticais representam os valores da série temporal utilizados na<br />

correção das sondagens para cada um dos data...............................................104<br />

Figura 59 – Variação espacial do NM na área de interesse.....................................105<br />

Figura 60 – Esquema representativo do caso 1: NM da estação de referência, Z0(NR)<br />

da estação de referência. ...................................................................................106<br />

Figura 61 – Esquema representativo Caso 2: NM da estação de referência, Z0(NR)<br />

local....................................................................................................................106<br />

Figura 62 – Esquema representativo Caso 3: NM da estação de referência, Z0(LAT)<br />

local....................................................................................................................107<br />

Figura 63 – Esquema representativo Caso 4: NM da estação de referência com<br />

variação horária, Z0(NR) local. ...........................................................................107<br />

Figura 64 – Esquema representativo Caso 5: NM com variação espacial, Z0(NR) local.<br />

............................................................................................................................108<br />

Figura 65 - Esquema representativo Caso 6: NM com variação espacial e temporal,<br />

Z0(NR) local..........................................................................................................108<br />

Figura 66 – Modelo de arquivo de pontos contendo as coordenadas X e Y e os<br />

instantes T de coleta dos dados batimétricos. O tempo está representado em<br />

formato numérico com quatro casas decimais. .................................................109<br />

Figura 67- Esquema da interpolação espacial para o ponto de fundeio 6. ..............110<br />

Figura 68– Valores de diferenças nas elevações encontradas para o Fundeio 6 em<br />

função do método de obtenção da série temporal para um período de um ano.<br />

............................................................................................................................111<br />

Figura 69 – Valores de diferenças nas elevações encontradas para o Fundeio 6 em<br />

função do método de obtenção da série temporal. ............................................111<br />

xiv


Figura 70 – Profundidades reduzidas pelo NHi Sirius (método do Zoneamento<br />

Discreto de Maré, NM uniforme e NR variado). ...............................................113<br />

Figura 71 - Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o NR da estação de referência como datum vertical). A<br />

linha verde envolve o trecho sondado. ..............................................................115<br />

Figura 72 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente). A<br />

linha verde envolve o trecho sondado. ..............................................................116<br />

Figura 73 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o LAT como datum vertical, variado espacialmente). A<br />

linha verde envolve o trecho sondado. ..............................................................117<br />

Figura 74 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM<br />

uniforme e variável). A linha verde envolve o trecho sondado. ........................118<br />

Figura 75 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM<br />

variado). A linha verde envolve o trecho sondado. ...........................................119<br />

Figura 76 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método<br />

empregado (utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM<br />

variado e variável). A linha verde envolve o trecho sondado. ..........................120<br />

Figura 77 – Mapa das diferenças com a sobreposição dos limites das subáreas de<br />

redução. .............................................................................................................121<br />

Figura 78 – Diferenças na profundidade reduzida pela modelagem hidrodinâmica<br />

entre os casos 1 e 2, NR uniforme (est. de referência) em contraposição ao NR<br />

variado. A linha verde envolve o trecho sondado..............................................122<br />

Figura 79 – Mapa de batimetrias reduzidas realizadas no LH de 2006 (zoneamento<br />

discreto). ............................................................................................................123<br />

Figura 80 – Mapa de batimetrias reduzidas realizadas com a modelagem numérica<br />

(caso 4)...............................................................................................................124<br />

Figura 81 – Extrato da carta náutica 200 contendo nota sobre a “Estação H”. ....125<br />

Figura 82 – Mapa de localização das estações e do Ponto H..................................126<br />

Figura 83 – Valores interpolados para o Ponto H (exemplo de 1 dia)....................126<br />

Figura 84 – Gráfico apresentando as previsões realizadas para o PONTO H com o<br />

modelo hidrodinâmico e com o método harmônico (a partir das constantes<br />

geradas com o modelo), além dos valores de preamares e baixa-mares<br />

calculados conforme instrução da carta náutica...............................................127<br />

Figura 85– Sistema de coordenadas do sistema de modelagem 2DH. No caso 2DH, Ui<br />

representa a velocidade promediada na vertical. As coordenadas e velocidades<br />

horizontais são representadas como (x, y) = (x1, x2) e (u, v) = (u1, u2) utilizando<br />

o índice i = 1,2 (ROSMAN, 2008). ....................................................................141<br />

Figura 86 - Comparação entre um levantamento clássico e um levantamento com<br />

GPS cinemático: sem necessidade de correção de maré e efeitos meteorológicos<br />

(cedida pelo SHOM). .........................................................................................164<br />

xv


ÍNDICE DE TABELAS<br />

Tabela 1– Fórmulas para o cálculo da IVT máxima permitida em LH, segundo a<br />

classificação do levantamento (IHO, 2008). .......................................................17<br />

Tabela 2 – Fórmulas para o Cálculo do NR segundo os critérios de Courtier (1938) e<br />

Balay (1952).........................................................................................................20<br />

Tabela 3 – Estações consideradas para o ajuste do modelo.......................................58<br />

Tabela 4 – Resultados alcançados com a segunda rodada de 2006 em comparação<br />

com os níveis observados e previstos para as estações do domínio. Destaque<br />

para os valores assinalados em vermelho e azul correspondentes à área de<br />

interesse. Nas colunas “prevmod” foi feita a comparação entre a previsão<br />

harmônica e o modelo e nas colunas “obsmod” houve a comparação entre a<br />

observação e o modelo.........................................................................................66<br />

Tabela 5 – Cenários com as simulações realizadas para o teste de sensibilidade do<br />

modelo à batimetria. ............................................................................................79<br />

Tabela 6 – Resultados alcançados com o teste de sensibilidade. Diferenças entre os<br />

cenários simulados e o modelo original de 2006 no período de cheia. ..............81<br />

Tabela 7 – Resultados alcançados com o teste de sensibilidade. Diferenças entre os<br />

cenários simulados e o modelo original de 2006 no período de seca.................82<br />

Tabela 8 – Resultados obtidos para o Z0 LAT e NR. ...................................................90<br />

Tabela 9 – Diferenças nas profundidades reduzidas em função do método de redução<br />

(zoneamento discreto-Sirius x modelagem hidrodinâmica- casos 1 ao 6). .......114<br />

Tabela 10 – Resultados da comparação entre a aplicação do datum vertical variado e<br />

o datum vertical uniforme utilizando a mesma metodologia.............................122<br />

Tabela 11 – Valores para a rugosidade equivalente de fundo (ε), segundo o tipo de<br />

sedimento. ..........................................................................................................146<br />

xvi


1. Introdução<br />

Capítulo 1<br />

Os rios da bacia Amazônica sempre desempenharam um importante papel histórico na<br />

integração e no desenvolvimento regional, possibilitando o acesso a áreas inóspitas e<br />

desabitadas e compondo praticamente a única via de transporte para a população<br />

ribeirinha. A bacia Amazônica cobre uma área de 6.879.761 Km 2 com 50.000 km de<br />

rios navegáveis, dos quais 10.000 km atendem navios com mais de 1.000 toneladas.<br />

Somente o rio Amazonas possui 5.085 km de navegação contínua durante todo o ano<br />

e o trecho de 1.500km de via navegável que vai de Manaus à foz, corresponde a 50%<br />

do tráfego aquaviário de toda a bacia. A existência de grandes cidades como Belém e<br />

Manaus e outros núcleos populacionais de pequeno e médio porte ao longo do rio<br />

geram uma demanda relativamente alta por bens e serviços estimulando sobremaneira<br />

a navegação fluvial (DOMINGUES, 2004).<br />

O modelo de desenvolvimento das décadas de 60-70, caracterizado por políticas<br />

públicas de incentivo à ocupação da região norte do Brasil, foi substituído no início<br />

deste século por um modelo que pressupõe um grande aporte de capital privado para<br />

atender o mercado global, nas áreas de mineração, agropecuária e exploração<br />

madeireira. De fato, as exportações da Amazônia aumentaram consideravelmente nos<br />

últimos anos. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior (MDIC), no ano de 2006 foram exportados aproximadamente 15<br />

bilhões de dólares por essa região, algo em torno de 11% do total nacional, sendo o<br />

Pará o estado com maior participação no valor exportado (45%). Os produtos<br />

exportados foram predominantemente metais e minerais (40%), derivados vegetais<br />

(principalmente grãos), respondendo por 19%, e em terceiro lugar derivados de<br />

madeira, com 8% de participação nas exportações (CELENTANO e VERÍSSIMO,<br />

2007). A principal via de escoamento para toda esta produção é a malha hidroviária<br />

do rio Amazonas. Segundo informações da Agência Nacional de Transportes<br />

Aquaviários, no Brasil, cerca de 90% do comércio com o mundo exterior passa<br />

atualmente pelos portos (ANTAQ, 2006; ANTAQ, 2007).<br />

1


Da mesma forma, o transporte de petróleo e derivados visando o abastecimento dos<br />

grandes centros urbanos da região norte do país é realizado através das vias<br />

navegáveis da região amazônica. Essa atividade representa o risco potencial de<br />

contaminação do meio ambiente por óleo. Os impactos ambientais decorrentes desse<br />

tipo de poluição assumem proporções distintas, podendo ser causados tanto por<br />

grandes acidentes de navegação envolvendo encalhes de petroleiros, quanto por<br />

freqüentes derrames operacionais de menor magnitude. O assunto motivou a<br />

idealização do projeto PIATAM, um dos maiores programas científicos da atualidade<br />

com foco na Amazônia, cujo objetivo é monitorar as atividades de produção e<br />

transporte de petróleo e gás natural naquela região prevenindo possíveis prejuízos ao<br />

meio ambiente (CUNHA et al., 2004).<br />

Em face ao exposto, é consenso na sociedade que a manutenção do transporte<br />

aquaviário na região Amazônica em condições seguras e operacionais assuma uma<br />

importância cada vez mais estratégica. Conseqüentemente, nos últimos três anos<br />

foram alocados recursos orçamentários do fundo setorial CT-Transporte Aquaviário e<br />

de Construção Naval da ordem de dois milhões de dólares para o desenvolvimento<br />

científico e tecnológico do setor aquaviário na região. Os fundos setoriais fazem parte<br />

da atual política do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que visa induzir o<br />

aumento dos investimentos privados em ciência e tecnologia e impulsionar o<br />

desenvolvimento tecnológico dos setores considerados, além de incentivar a geração<br />

de conhecimentos e inovações que contribuam para a solução dos grandes problemas,<br />

consolidando parcerias entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo<br />

(MCT, 2008).<br />

1.2. A navegação na Barra Norte do rio Amazonas<br />

A região da Barra Norte, também conhecida como Canal Grande do Curuá, situada na<br />

foz do Amazonas, consiste em uma área particularmente sensível para navegação<br />

devido à existência de bancos arenosos. FERNANDES (comunicação pessoal, 2008)<br />

descreveu essas feições sedimentares como ridges típicas de estuários de macro-maré<br />

com desembocadura larga, conforme esquema classificatório de DYER e HUNTLEY<br />

(1999). Esses bancos alongados e alinhados com o escoamento situam-se entre canais<br />

2


de enchente e vazante e apresentam um padrão de migração cíclico. A análise de<br />

dados batimétricos do período de 1983 a 2001 efetuada por OLIVEIRA e VINZON<br />

(2004) revelou que os bancos da foz do Amazonas apresentaram uma taxa de<br />

migração da ordem de até 250m por ano. A Figura 1 apresenta a evolução temporal da<br />

posição dos bancos a partir das linhas isobatimétricas de 10m.<br />

130000<br />

125000<br />

120000<br />

115000<br />

110000<br />

105000<br />

100000<br />

95000<br />

90000<br />

620000 625000 630000 635000 640000 645000 650000 655000<br />

125000<br />

120000<br />

115000<br />

110000<br />

105000<br />

100000<br />

95000<br />

90000<br />

1997<br />

1986<br />

1985<br />

1983<br />

Sentido de<br />

migração<br />

dos bancos<br />

1990<br />

ÁREA DO CANAL DE<br />

NAVEGAÇÃO (1992)<br />

1998<br />

Sentido de<br />

migração<br />

dos bancos<br />

ÁREA DO CANAL DE<br />

NAVEGAÇÃO (1992)<br />

620000 625000 630000 635000 640000 645000 650000 655000<br />

130000<br />

125000<br />

120000<br />

115000<br />

110000<br />

105000<br />

100000<br />

95000<br />

90000<br />

620000 625000 630000 635000 640000 645000 650000 655000<br />

130000<br />

125000<br />

120000<br />

115000<br />

110000<br />

105000<br />

100000<br />

95000<br />

90000<br />

620000 625000 630000 635000 640000 645000 650000 655000<br />

Figura 1 – Linhas batimétricas de 10m indicando a posição dos bancos e sua evolução temporal<br />

de (a) 1983 a 1986, (b) 1986 a 1990, (c) 1990 a 1998, e (d) 1998 a 2001 (OLIVEIRA e VINZON,<br />

2004).<br />

A ocorrência de bancos no canal de acesso se traduz em variabilidade nas<br />

profundidades cartografadas e na posição da calha navegável que, somados ao intenso<br />

tráfego de embarcações, tornam essa área de especial interesse para verificações<br />

sistemáticas da batimetria. Atualmente a demanda pelo canal da Barra Norte está<br />

limitada ao calado máximo de 11,5 metros (CPAOR, 2006). Segundo dados da<br />

Companhia Docas de Santana, 890 navios mercantes passaram pelo canal da Barra<br />

Norte com destino ao porto de Santana no ano de 2005. Em 2006, navegaram pela<br />

1986<br />

1988<br />

Sentido de<br />

migração<br />

dos bancos<br />

2000<br />

1999<br />

1998<br />

Sentido de<br />

migração<br />

dos bancos<br />

1990<br />

ÁREA DO CANAL DE<br />

NAVEGAÇÃO (1992)<br />

2001<br />

ÁREA DO CANAL DE<br />

NAVEGAÇÃO (1992)<br />

3


egião 831 mercantes. Em 2007, de acordo com informações prestadas pela Capitania<br />

dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), 795 navios atravessaram o canal, tendo<br />

sido registrados 20 incidentes naquela região. Ainda segundo a CPAOR, no ano<br />

anterior, dentre os Inquéritos de Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) instaurados,<br />

quatro casos corresponderam a encalhes de navios mercantes.<br />

Uma forma de aprimorar a navegação na Barra Norte do Amazonas é disponibilizar<br />

aos navegantes, por meio da carta náutica, informações hidrográficas periodicamente<br />

atualizadas. Isso requer um planejamento sistemático para a coleta de dados<br />

batimétricos e a operacionalização de uma metodologia para tratamento desses dados.<br />

Ambas as tarefas cabem à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). É importante<br />

frisar que estabelecer precisamente as profundidades em um canal de navegação com<br />

as características hidrográficas observadas na Barra Norte, manifesta-se como uma<br />

solução de compromisso entre garantir segurança à navegação e, ao mesmo tempo,<br />

viabilizar o acesso das embarcações que demandam os portos do interior do estuário.<br />

Em suma, as profundidades precisam ser rigorosamente determinadas, evitando gerar<br />

impactos econômicos negativos, seja em razão de um acidente de navegação, seja pela<br />

interdição do tráfego aos mercantes de maior calado.<br />

1.3. Motivação técnico-científica<br />

A hidrografia, segundo a IHO (International Hydrographic Organization), pode ser<br />

definida como o ramo das ciências aplicadas que trata das medições e descrições dos<br />

mares e áreas costeiras para a navegação (como objetivo principal) e para todas as<br />

demais atividades relacionadas ao mar, como pesquisa científica, proteção ao meio<br />

ambiente, serviços de previsão, entre outros (IHO, 2005). Em termos práticos, as<br />

medições são realizadas por ocasião de Levantamentos Hidrográficos (LH) no qual<br />

são coletados dados topográficos, geodésicos, oceanográficos, meterológicos,<br />

batimétricos, hidrológicos, geomorfológicos, aerofotogramétricos e de sensoriamento<br />

remoto. Por seu turno, a base de dados gerada a partir dos LH permite a produção de<br />

uma série de informações que, em última instância, são divulgadas por meio das<br />

cartas náuticas e demais documentos (almanaques, tábuas, avisos, boletins, etc.). A<br />

hidrografia compartilha com a navegação a mesma singularidade, na qual<br />

4


metodologias tradicionais já consagradas convivem harmoniosamente com sistemas<br />

de aquisição de última geração. A DHN é o órgão da Marinha do Brasil responsável<br />

por dar prosseguimento, de forma consolidada, à atividade hidrográfica no Brasil.<br />

O caráter multidisciplinar e a importância da qual se reveste a hidrografia no atual<br />

cenário de globalização e preocupação iminente com as questões ambientais,<br />

conferem a esta ciência considerável repercussão, evidenciando o mérito da existência<br />

de uma organização com a competência para emitir diretrizes e orientações em âmbito<br />

mundial. As resoluções divulgadas pela IHO para a comunidade hidrográfica<br />

internacional permitem que se estabeleça um fórum para diversos temas, entre os<br />

quais o escolhido para a elaboração deste trabalho, que se encontra comprometido em<br />

seus propósitos com a questão da segurança da navegação e procura se pautar nas<br />

recomendações daquela Organização.<br />

Sob o ponto de vista metodológico, a escolha do tema deste trabalho foi motivada por<br />

uma série de aspectos como, por exemplo: a questão do nível de referência vertical ao<br />

qual estão relacionadas as profundidades cartografadas, a aplicação de modelos<br />

numéricos para a hidrografia, entre outros.<br />

Um dos aspectos técnicos que suscitou o interesse pelo assunto diz respeito aos planos<br />

de referência genericamente denominados pela IHO como Chart Datum (CD). Na<br />

maioria das vezes, os níveis de referência para as sondagens batimétricas aplicam-se a<br />

pontos específicos na costa onde estão instaladas as estações maregráficas. Esses<br />

planos são definidos em função da maré astronômica local, correspondendo a um<br />

nível teórico tão baixo que somente excepcionalmente seja ultrapassado pelas baixamares<br />

mais baixas. Os métodos de cálculo utilizados na determinação desses data 1 de<br />

maré (tidal datums) variam amplamente na literatura hidrográfica, assim como suas<br />

denominações. Porém, independente da técnica escolhida, esses níveis devem<br />

obrigatoriamente ser referenciados a um ponto fixo materializado no terreno,<br />

geralmente denominado referência de nível (RN), que por sua vez deverá estar<br />

relacionado a um sistema de referência geocêntrico (e.g.. WGS-84, International<br />

Terrestrial Reference Frame- ITRF), assim como à rede geodésica nacional. No<br />

1 Nesta dissertação, data será empregado como o plural de datum. Nos textos em inglês, adota-se datums como plural de datum,<br />

conforme pode ser consultado em NOS (2000).<br />

5


Brasil, a DHN adota a terminologia Nível de Redução (NR) para o datum de maré que<br />

representa o nível de referência tanto para as profundidades da carta náutica quanto<br />

para as previsões de maré divulgadas pelas Tábuas das Marés. Nesse mister, a DHN<br />

recomenda que o NR, após determinado, seja referenciado à Rede Altimétrica de Alta<br />

Precisão (RAAP) do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) 2 . Normalmente, o cálculo<br />

do NR é efetuado em conformidade com o método descrito por COURTIER (1938),<br />

preferencialmente sobre uma série temporal de medições do nível do mar de, no<br />

mínimo, um ano de duração em função da maré astronômica pura. É importante que o<br />

NR seja perenizado após a sua determinação, a fim de atender ao critério de<br />

estabilidade do datum.<br />

Inconsistências no estabelecimento de NR podem ocorrer por vários motivos: seja em<br />

função da qualidade e da duração da série temporal de nível do mar, da correção ou<br />

não de efeitos meteorológicos e oceanográficos, do método de cálculo adotado, de<br />

alteração das constantes harmônicas do local, de variações de longo termo do nível<br />

médio do mar (SIMON, 2007). O problema se torna evidente quando há grande<br />

incidência de baixa-mares de sizígia situadas abaixo do NR. A fim de cumprir as<br />

deliberações mais recentes da IHO, o serviço hidrográfico brasileiro deverá<br />

especificar nos documentos náuticos a diferença entre o datum nacional (NR) e o<br />

datum internacional, LAT (Lowest Astronomical Tide). Recomenda-se que o LAT<br />

corresponda ao nível mais baixo da maré calculada sobre um período mínimo de 19<br />

anos de previsão harmônica, usando as constantes harmônicas derivadas de um<br />

mínimo de observações de um ano (sob circunstâncias meteorológicas médias).<br />

Como os níveis de referência para a batimetria são considerados data locais<br />

referenciados a pontos específicos na linha de costa, a sua extrapolação para regiões<br />

ao largo a partir da metodologia tradicional se torna uma tarefa complicada. O<br />

conceito de data de maré, que vigora na literatura atual, preconiza a idéia de que estes<br />

planos constituem-se em superfícies tridimensionais que variam espacialmente em<br />

elevação (HESS, 2003). Os modelos numéricos são ferramentas que podem ser<br />

2 A partir dos marcos geodésicos da RAAP, são medidas as altitudes de todo o Território Brasileiro para os mais variados objetivos:<br />

obras de saneamento, irrigação, estradas, telecomunicações, usinas hidrelétricas, mapeamentos e estudos científicos (IBGE, 2007).<br />

A integração das informações de cartas topográficas e cartas náuticas é possível se as RN-DHN das estações maregráficas<br />

brasileiras forem niveladas aos marcos da RAAP.<br />

6


aplicadas na tentativa de representar a variabilidade espacial dessas superfícies.<br />

Alguns métodos foram desenvolvidos para essa finalidade como, por exemplo, o<br />

TCARI (Tidal Constituent and Residual Interpolation), desenvolvido pelo Coast<br />

Survey Development Laboratory, que interpola espacialmente dados de um conjunto<br />

de estações maregráficas a partir da solução numérica da Equação de Laplace (HESS,<br />

2003). Outros métodos são baseados em modelagem hidrodinâmica, os quais<br />

produzem séries temporais de níveis ao longo de um domínio pré-determinado, que<br />

por sua vez permitem que se obtenha um conjunto de valores de data pontuais a<br />

serem interpolados espacialmente (HESS, 2001; LE ROY e SIMON, 2003, LE ROY e<br />

SIMON, 2004a; LE ROY e SIMON, 2004b, PINEAU-GUILLOU, 2005).<br />

Os trabalhos hidrográficos atualmente conduzidos pela DHN representam a variação<br />

espacial do NR de forma bastante simplificada, geralmente a partir dos dados de uma<br />

estação maregráfica de referência, muitas vezes fora da área do levantamento<br />

hidrográfico propriamente dito. Nesses trabalhos é adotada a concepção de nível de<br />

redução de “áreas de redução de sondagem” e o critério segundo o qual não pode<br />

haver variação superior a 10 cm entre os NR de áreas adjacentes, independente da<br />

amplitude de maré do local. Essa particularidade do método tradicional contribui<br />

significativamente para a incerteza da profundidade reduzida. Paralelamente, a DHN<br />

já vem aplicando a tecnologia GPS RTK/RTG, considerada o estado-da-arte em<br />

reduções batimétricas (RAMOS, 2007). Essa técnica, a princípio, dispensa os dados<br />

provenientes de estações maregráficas durante a realização do levantamento<br />

hidrográfico, porém requer o conhecimento prévio da variabilidade espacial do campo<br />

de NR. Segundo RAMOS e KRUEGER (2006), os sistemas de posicionamento e<br />

aquisição de dados GPS RTK/RTG apresentam resultados com precisão de ordem<br />

subcentimétrica, incompatíveis com a acurácia observada pelas técnicas<br />

tradicionalmente usadas no cálculo dos níveis de redução.<br />

Para este trabalho foi escolhido o emprego da modelagem hidrodinâmica, pois a<br />

metodologia TCARI (HESS, 2003; HESS et al., 2004) pressupõe a existência de uma<br />

ampla rede permanente de observação do nível do mar na área de estudo, o que não é<br />

o caso da Barra Norte do rio Amazonas. Em contrapartida, apesar da carência de<br />

dados observados, a área de interesse se mostra particularmente útil para a<br />

investigação da variabilidade espacial do NR, por estar inserida em um estuário de<br />

7


intensa dinâmica, submetido tanto a um regime de macro-maré quanto à maior<br />

descarga fluvial do mundo.<br />

Os modelos hidrodinâmicos, além de serem utilizados com a finalidade de mapear os<br />

níveis de referência das profundidades, também podem ser aplicados para a previsão<br />

de níveis do mar e para a redução batimétrica propriamente dita. FERNANDES<br />

(2006) apresentou resultados consistentes com o uso do modelo hidrodinâmico<br />

SisBaHiA® (módulo 2DH) na Barra Norte do rio Amazonas, para a previsão de<br />

níveis e para a redução de sondagens ao longo de três áreas de redução definidas pela<br />

DHN. Seu estudo mostrou que o método tradicional empregado naquela região,<br />

baseado na extrapolação de medições a partir de uma única estação marégrafica de<br />

referência (situada fora da área do LH), não propicia informações suficientemente<br />

acuradas para a redução de sondagens ao longo do canal de navegação. Isso se dá em<br />

função das características da maré astronômica, do nível médio do mar e dos efeitos<br />

não-astronômicos sofrerem variações significativas ao longo do espaço e do tempo,<br />

que não podem ser devidamente representadas em áreas discretas contendo valores de<br />

amplitude e fase de maré pré-fixadas.<br />

Um outro aspecto relevante e que justifica o uso de modelagem hidrodinâmica é a<br />

necessidade de tornar operacional o processo de redução de sondagens, otimizando o<br />

tempo de coleta e processamento de dados batimétricos. Essa necessidade é reforçada<br />

principalmente quando são aplicados ecobatímetros multi-feixe, os quais geram um<br />

volume de dados substancialmente maior do que os equipamentos de feixe único. Este<br />

trabalho pretende fornecer subsídios à DHN para a operacionalização do método,<br />

tanto para a própria região da foz do Amazonas quanto para outras áreas críticas à<br />

navegação.<br />

Ao se empregar os resultados de modelos hidrodinâmicos na redução de sondagens,<br />

ou seja, para a produção de dados batimétricos corrigidos, é necessário avaliar<br />

previamente a sensibilidade do modelo à batimetria inserida como dado de entrada na<br />

malha de elementos finitos. A batimetria inserida no modelo pode ser considerada, a<br />

priori, menos precisa do que a que se deseja calcular. Sendo assim, é desejável que se<br />

determine o quanto os níveis calculados pelo modelo são afetados por variações na<br />

8


atimetria de entrada, assim como a ordem de grandeza da incerteza introduzida no<br />

resultado final.<br />

1.4. Objetivo Geral<br />

Esta dissertação é parte do projeto “Modelagem hidrodinâmica e monitoramento do<br />

nível do mar na Barra Norte do Rio Amazonas – Correção de sondagens para<br />

construção da Carta Náutica” financiado com recursos do Fundo Setorial CT-<br />

Transporte Aquaviário e de Construção Naval e foi desenvolvida graças a um<br />

convênio entre o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) e o Laboratório de<br />

Dinâmica de Sedimentos Coesivos (LDSC) da Universidade Federal do Rio de<br />

Janeiro (<strong>UFRJ</strong>).<br />

Este trabalho tem como propósito aplicar a modelagem hidrodinâmica como<br />

ferramenta para a determinação de níveis de redução (NR) e LAT (Lowest<br />

Astronomical Tide), redução de sondagens em levantamentos hidrográficos e para a<br />

previsão de maré, contribuindo para melhorar as condições de navegabilidade e<br />

segurança da navegação da Barra Norte do rio Amazonas.<br />

1.5. Objetivos Específicos<br />

Por fim, com o intuito de colaborar para a aplicação de uma metodologia mais<br />

acurada para o tratamento dos dados hidrográficos da região de estudo, considerando<br />

os aspectos supramencionados, podem ser instituídos os seguintes objetivos<br />

específicos para este trabalho:<br />

1) Avaliar a sensibilidade do modelo hidrodinâmico à alterações na batimetria;<br />

2) Definir novos NR e LAT (Lowest Astronomical Tide) para a região da Barra Norte<br />

do rio Amazonas, seguindo as atuais recomendações da International Hydrographic<br />

Organization (IHO, 2004) e verificando a variabilidade espacial destes data;<br />

9


3) Realizar a redução dos dados batimétricos brutos coletados pelo Levantamento<br />

Hidrográfico nº 001/06, realizado pelo Navio Hidrográfico Sirius, a partir dos<br />

resultados obtidos com a modelagem hidrodinâmica, de forma a estabelecer e testar<br />

um novo procedimento metodológico;<br />

4) Avaliar a capacidade do modelo hidrodinâmico em reproduzir a maré astronômica<br />

como ferramenta para previsões de níveis; e<br />

5) Validar a metodologia para futuras aplicações.<br />

1.6. Estruturação da dissertação<br />

A presente dissertação encontra-se organizada em oito capítulos e quatro Apêndices.<br />

No presente capítulo, faz-se uma exposição das motivações que justificaram a escolha<br />

do tema do trabalho nos contextos sócio-econômico e técnico-científico. Também são<br />

apresentados os objetivos específicos e o objetivo geral da dissertação.<br />

No Capítulo 2 é feita uma revisão da bibliografia disponível a respeito das<br />

metodologias em vigor para o estabelecimento dos data verticais da carta náutica (NR<br />

e LAT), redução de sondagens e previsão de maré, além de suas particularidades e<br />

limitações. Nesse capítulo também são introduzidos alguns conceitos fundamentais<br />

para o entendimento da metodologia e também se faz menção às principais<br />

recomendações da IHO sobre o tema.<br />

O Capítulo 3 apresenta uma caracterização dos aspectos físicos da área de estudo, por<br />

meio de uma revisão da bibliografia disponível relacionada ao ambiente do estuário<br />

do Amazonas, bacias contribuintes e plataforma continental adjacente.<br />

Os aspectos relativos à implementação do modelo hidrodinâmico, principal<br />

ferramenta para a geração dos resultados obtidos ao longo do desenvolvimento do<br />

presente estudo e os cenários de simulação propostos são abordados no Capítulo 4.<br />

O Capítulo 5 trata da calibração do modelo com base nos dados disponíveis e da<br />

configuração dos testes de sensibilidade efetuados.<br />

10


No Capítulo 6 são descritos os procedimentos empregados na análise e pósprocessamento<br />

dos resultados alcançados com o modelo hidrodinâmico, sendo em<br />

seguida apresentados e discutidos os resultados finais do trabalho.<br />

As conclusões deste estudo constam no Capítulo 7, onde são também sugeridos<br />

alguns temas e oferecidas recomendações para futuros trabalhos. O Capítulo 8<br />

relaciona todas as referências bibliográficas consultadas e citadas ao longo da<br />

dissertação.<br />

Finalmente, os Apêndices agregam ao presente documento uma série de informações<br />

suplementares para uma leitura mais aprofundada como, por exemplo, as formulações<br />

matemáticas que governam o modelo hidrodinâmico e algumas parametrizações. Os<br />

Apêndices também apresentam, de forma sistematizada, fichas, tabelas e outros<br />

documentos que não ficariam convenientemente dispostos no corpo da dissertação.<br />

11


2. Revisão Metodológica<br />

2.1. Introdução<br />

Capítulo 2<br />

No item que trata de profundidades na publicação Especificações para Levantamentos<br />

Hidrográficos (IHO, 2008), é feita a seguinte consideração:<br />

A navegação mercante requer um conhecimento acurado da profundidade da água sob a quilha<br />

a fim de explorar com segurança a capacidade máxima de transporte de carga, bem como a<br />

disponibilidade máxima da lâmina d'água para a navegação com segurança. Nos lugares onde<br />

a folga abaixo da quilha for um fator crítico, as incertezas de profundidade precisam ser<br />

controladas com um rigor maior e melhor conhecidas.<br />

A profundidade a que se refere tal documento é a profundidade reduzida, ou seja,<br />

aquela lançada na carta náutica e referida a um datum vertical que, no caso brasileiro,<br />

corresponde ao Nível de Redução (NR). O NR é o nível de referência a partir do qual<br />

são contadas as sondagens batimétricas representadas nas cartas náuticas e as alturas<br />

previstas de maré divulgadas pela publicação náutica Tábuas das Marés. O NR é uma<br />

medida relativa ao nível médio do mar local e teoricamente corresponde a um nível<br />

tão baixo que “apenas excepcionalmente” será ultrapassado pelas baixa-mares mais<br />

baixas. Como será visto no item 2.2, o NR é calculado a partir de um critério<br />

puramente astronômico, considerando apenas as principais componentes harmônicas<br />

de um dado local.<br />

A escolha do NR nas proximidades das baixa-mares mais significativas, apesar de<br />

arbitrária, implica em segurança à navegação, pois ao navegante é praticamente<br />

garantido que, no mínimo, haverá a quantidade de água indicada nas cartas náuticas.<br />

12


Nesta dissertação também será calculado o datum internacional LAT (Lowest<br />

Astronomical Tide) correspondente ao nível mínimo da maré obtido sobre um período<br />

mínimo de 19 anos de previsão harmônica. As constantes harmônicas empregadas no<br />

cálculo são originárias de um período mínimo de observações de um ano (sob<br />

circunstâncias meteorológicas médias).<br />

O método proposto por FRANCO (1997) baseado nos trabalhos de PUGH e VASSIE<br />

(1978 apud FRANCO, 1997), para a definição dos níveis mínimos, não pôde ser<br />

testado nesta dissertação por insuficiência de registros observados superiores a um<br />

ano. Esse método é baseado na estatística de níveis extremos e tem como resultado a<br />

combinação do nível mínimo da maré astronômica (determinístico) e do mínimo do<br />

efeito meteorológico (probabilístico) efetuada em termos de períodos de retorno e de<br />

densidade de probabilidade. Segundo FRANCO (1997), de acordo com essa<br />

metodologia o NR passaria a ser definido estatisticamente da seguinte forma: “O nível<br />

de redução das sondagens será tal que, de acordo com a estatística da previsão,<br />

efetuada com todas as componentes fornecidas pela análise e não rejeitadas pelo teste<br />

estatístico, forneça, no máximo, X% de valores negativos”.<br />

Durante a execução de um Levantamento Hidrográfico (LH), cada dado de batimetria<br />

obtido por navio hidroceanográfico refere-se a um nível do mar instantâneo.<br />

Entretanto, o nível do mar está constantemente variando durante a realização das<br />

sondagens, em função principalmente de efeitos meteorológicos e de oscilações de<br />

maré. Para referenciar o dado batimétrico a uma superfície estável (e.g. NR) executase<br />

o que se convencionou chamar de redução de sondagens. Nesse processo, o dado<br />

batimétrico 3 é decomposto em duas partes: uma que consiste na oscilação do nível do<br />

mar sobre o NR, que será descartada (parte variável, vulgarmente conhecida como<br />

“correção de maré”), e outra que será efetivamente lançada nas folhas de bordo e,<br />

posteriormente, nas cartas náuticas, corresponde à profundidade reduzida (a<br />

sondagem contada a partir do NR até o leito submarino), que se deseja efetivamente<br />

conhecer.<br />

3 Admitindo-se que o dado batimétrico já sofreu as demais correções (instrumental, de posição do transdutor, movimentos da<br />

embarcação e de velocidade do som) conforme DHN (1998).<br />

13


Conforme a metodologia atualmente em vigor na DHN, a decomposição do dado<br />

batimétrico somente poderá ser realizada se forem efetuadas medições das oscilações<br />

do nível do mar simultaneamente ao momento da sondagem, em uma ou mais<br />

estações maregráficas de referência para o levantamento batimétrico. Por sua vez, as<br />

observações de nível do mar englobam basicamente duas componentes. A primeira é<br />

denominada maré astronômica. Ela é determinística por guardar relação com a<br />

resultante gravitacional do sistema Sol-Terra-Lua, podendo ser decomposta ou<br />

reproduzida a partir, respectivamente, da análise ou do somatório de diversos<br />

constituintes harmônicos, através dos métodos de análise e previsão harmônica<br />

(FRANCO, 1997). A segunda componente, denominada resíduo, não possui caráter<br />

harmônico e consiste no resultado da combinação de efeitos causados por eventos<br />

meteorológicos, variações de longo termo do nível médio do mar, influência de<br />

descargas fluviais no caso de áreas costeiras, entre outros. Desta forma, como regra<br />

geral, as profundidades medidas pelo ecobatímetro durante o LH devem ser reduzidas<br />

ao datum vertical da carta com base nos dados efetivamente observados (variação real<br />

do nível do mar) e não pela maré prevista, que corresponde ao fenômeno estritamente<br />

astronômico.<br />

Em certas localidades, a contribuição da maré meteorológica é significativa e, ao<br />

desprezá-la, poder-se-ia incorrer em erros superiores à precisão requerida durante a<br />

redução das sondagens. Durante o LH, o resíduo (e.g. maré meteorológica) é levado<br />

em consideração na redução das sondagens a partir do momento em que as correções<br />

batimétricas são feitas com base em dados observados (onde o resíduo está implícito).<br />

A Figura 2 apresenta um esquema ilustrativo do NR e de outros importantes planos de<br />

referência (inclusive o elipsóide de um sistema geodésico de referência) e o que vem a<br />

ser a correção de maré aplicada durante o procedimento de redução de sondagens.<br />

14


Figura 2 – Esquema de redução de sondagens (modificação de desenho cedido pelo CHM)<br />

15


Segundo a IHO, o procedimento de redução de sondagens deverá ser sempre efetuado<br />

quando as profundidades medidas forem inferiores a 200m ou quando a maré<br />

contribuir significativamente para a Incerteza Total Propagada (ITP). Entende-se<br />

como ITP a combinação de todas as incertezas individuais ocorridas durante o LH,<br />

aleatórias ou sistemáticas. A ITP propagada combina os efeitos das incertezas de<br />

medição de várias fontes com as incertezas produzidas por parâmetros derivados ou<br />

calculados (IHO, 2008 ).<br />

A incerteza vertical corresponde à parcela da ITP relacionada à incerteza das<br />

profundidades reduzidas. As fontes de incertezas verticais individuais precisam ser<br />

quantificadas para a determinação da incerteza vertical. Todas as incertezas devem ser<br />

combinadas estatisticamente para que se obtenha a incerteza vertical total (IVT), isto<br />

é, a componente da ITP calculada na dimensão vertical (IHO, 2008). As alturas de<br />

maré observadas durante a sondagem e outras fontes de incerteza para as<br />

profundidades reduzidas como, por exemplo, o zoneamento de maré, deverão ser<br />

computadas de modo que sua combinação situe-se dentro dos limites máximos<br />

estabelecidos. Tais limites variam conforme a ordem do LH. As classificações<br />

propostas pela IHO (2008) são as seguintes:<br />

Ordem Especial<br />

É a mais rigorosa das ordens e seu uso é pretendido somente para aquelas áreas onde a folga<br />

abaixo da quilha é crítica. Como a folga abaixo da quilha é crítica, é improvável que<br />

levantamentos de Ordem Especial sejam conduzidos em águas com profundidade maior que<br />

40 metros. Exemplos de áreas que possam exigir levantamentos de Ordem Especial são: áreas<br />

de atracação, baías e áreas críticas de navegação em canais.<br />

Ordem 1a<br />

Esta ordem é destinada àquelas áreas suficientemente rasas para permitir que feições naturais<br />

ou artificiais no leito marinho tornem-se objetos de preocupação para o tráfego marítimo de<br />

superfície esperado a transitar na área, mas onde a folga abaixo da quilha é menos crítica que<br />

na Ordem Especial acima. Levantamentos de Ordem 1a podem ser limitados a águas com<br />

menos de 100 metros de profundidade.<br />

Ordem 1b<br />

Este tipo de ordem destina-se a áreas com profundidades menores que 100 metros, onde uma<br />

descrição geral do leito marinho é considerada apropriada para o tipo de navegação de<br />

superfície a transitar na área. Esta ordem de levantamento somente é recomendada onde a<br />

folga abaixo da quilha não for relevante. Um exemplo desta situação seria uma determinada<br />

área onde as características do leito marinho são tais que a probabilidade de haver uma feição<br />

natural ou artificial que possa colocar em risco o tipo de embarcação de superfície esperada a<br />

navegar na área seja baixa.<br />

16


Ordem 2<br />

Esta é a ordem menos estrita e destina-se àquelas áreas onde a profundidade da água é tal que<br />

uma descrição geral do leito marinho é considera adequada. Recomenda-se que os<br />

levantamentos de Ordem 2 limitem-se a áreas com profundidade maior que 100 metros.<br />

A fórmula exposta na Tabela 1 deve ser utilizada para calcular, em um nível de<br />

confiança de 95%, a IVT máxima permitida. Os parâmetros “a” e “b” para cada<br />

ordem, juntamente com a profundidade “d”, devem ser inseridos na fórmula para<br />

calcular a IVT máxima permitida para uma profundidade específica. A IHO (2008)<br />

recomenda que a incerteza vertical em um nível de confiança de 95% deve ser<br />

registrada juntamente com os dados do levantamento hidrográfico.<br />

Tabela 1– Fórmulas para o cálculo da IVT máxima permitida em LH, segundo a classificação do<br />

levantamento (IHO, 2008).<br />

Fórmula Onde:<br />

±<br />

( ) 2<br />

b d<br />

2<br />

a + ×<br />

Ordem especial a = 0,25m b= 0,0075m<br />

Ordem1 a = 0, 5m b= 0,013m<br />

Ordem 2 a = 1,0m b= 0,023m<br />

a representa a parcela da incerteza que não varia<br />

com a profundidade<br />

b é um coeficiente que representa aquela parcela<br />

da incerteza que varia com a profundidade<br />

d é a profundidade<br />

b × d representa aquela parcela da incerteza que<br />

varia com a profundidade<br />

Adotando a fórmula proposta, nos levantamentos de ordem especial, por exemplo, a<br />

IVT autorizada varia de 26cm a 10m de profundidade até 45cm a 50m de<br />

profundidade. A Figura 3 apresenta um gráfico com os valores máximos aceitos de<br />

Incerteza Vertical Total para cada tipo de LH. No caso do acesso a Barra Norte, cuja<br />

profundidade é de 11,5m, a IVT autorizada é de 26,4cm em LH de Ordem Especial e<br />

de 52,2cm em LH de Ordem 1.<br />

17


incerteza (cm)<br />

160<br />

155<br />

150<br />

145<br />

140<br />

135<br />

130<br />

125<br />

120<br />

115<br />

110<br />

105<br />

100<br />

95<br />

90<br />

85<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0<br />

2<br />

4<br />

6<br />

8<br />

10<br />

12<br />

Valores de IVT máximos permitidos<br />

14<br />

16<br />

18<br />

20<br />

22<br />

24<br />

26<br />

28<br />

30<br />

32<br />

34<br />

profundidade (m)<br />

Ordem Especial Ordem 1 Ordem 2<br />

Figura 3 – Gráfico com os valores de IVT máximos permitidos por categoria de LH (IHO, 2008)<br />

2.2. Os data verticais de maré: NR e LAT<br />

O NR das estações maregráficas brasileiras é definido no âmbito da DHN, com base<br />

nos resultados das análises dos relatórios de Levantamentos Hidrográficos e dos<br />

dados maregráficos obtidos por ocasião destes LH. Uma vez validados, os NR são<br />

divulgados por meio das Fichas Descritivas de Estações Maregráficas (F-41).<br />

A fim de preservar a determinação do NR, a perenidade de uma estação maregráfica e<br />

a conseqüente continuidade das séries históricas de observação daquele local,<br />

referências de nível (RN) são implantadas, constituindo uma rede de RN daquela<br />

estação. Dessa rede farão parte uma RN principal ou fundamental e demais<br />

referências secundárias. Os desníveis entre as RN são estabelecidos por nivelamentos<br />

geométricos e constam na ficha descritiva F-41. Recomenda-se que a altitude da RN<br />

principal da estação maregráfica seja definida em termos de um sistema de referência<br />

geocêntrico (WGS-84, ITRF). Além disso, convém que a RN principal da estação<br />

esteja relacionada ao menos a um marco geodésico da Rede Altimétrica de Alta<br />

Precisão (RAAP) do Sistema Geodésico Brasileiro (SBG), sob a responsabilidade do<br />

36<br />

38<br />

40<br />

42<br />

44<br />

46<br />

48<br />

50<br />

18


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atualmente, o que se espera é<br />

que, somente com o cumprimento dessas especificações, a validação do NR possa ser<br />

efetivada.<br />

A metodologia em vigor na DHN para o estabelecimento do NR das estações<br />

maregráficas divide-se basicamente nas seguintes etapas:<br />

• Seleção de um “período padrão”: escolha de uma série temporal de<br />

observação do nível do mar com duração mínima de 30 dias (o recomendável<br />

é de que seja 1 ano) e, preferencialmente, recente;<br />

• Análise harmônica da série correspondente ao “período padrão”. As<br />

constantes harmônicas “padrão” e o nível médio obtidos nessa análise serão<br />

utilizados no cálculo do NR e das previsões divulgadas nas Tábuas das<br />

Marés;<br />

• A partir das constantes harmônicas “padrão” classifica-se a maré conforme o<br />

número de forma (Tabela 2) (COURTIER, 1938).<br />

• Dependendo da classificação pelo tipo de maré, calcula-se o somatório das<br />

amplitudes das principais componentes harmônicas, conforme as fórmulas<br />

dispostas na Tabela 2, segundo COURTIER (1938) e BALAY (1952). O<br />

resultado corresponderá à amplitude máxima a partir do nível médio do mar<br />

local (Z0). Isso é, o Z0 é a cota que situa o NR sob o nível médio local (NM).<br />

É indispensável que ambos os níveis de referência (NR e NM) sejam cotados<br />

ao zero da régua maregráfica (origem das observações do “período padrão”) e<br />

desta forma permaneçam amarrados à rede de Referências de Nível (RN) da<br />

estação e com isso, estabilizados.<br />

As fórmulas contidas na Tabela 2 mostram a importância crescente da introdução de<br />

componentes diurnas para o cálculo do NR na medida em que a maré passa a<br />

apresentar desigualdades diurnas, o que é observado a partir da classificação<br />

“semidiurna com desigualdades diurnas”. O fator 2k procura relacionar as fases da<br />

principal componente lunar semidiurna M2 à combinação das fases das componentes<br />

diurnas O1 e K1.<br />

19


Tabela 2 – Fórmulas para o Cálculo do NR segundo os critérios de Courtier (1938) e Balay<br />

(1952).<br />

Número de Forma (NF) Classificação Altura do NR sob o NM (ZO)<br />

H(K1)+H(O1)/H(M2)+H(S2)<br />

0


(FRANCO, 1997). Um método tão eficiente quanto à análise espectral cruzada na<br />

comparação de constantes harmônicas entre estações maregráficas próximas é<br />

conhecido como “concordância por espécie”. Essa técnica foi apresentada por<br />

SIMON (2007) e tem sido empregada de forma operacional no SHOM (Service<br />

Hydrographique e Océanographique de la Marine), há alguns anos. No mesmo<br />

Serviço há um método disponível para a estimativa dos chamados valores<br />

característicos de maré 4 de uma estação secundária por meio da construção de uma<br />

reta de regressão com os dados históricos de longo período de uma estação primária<br />

próxima. A classificação de estações será vista em detalhe mais adiante neste item.<br />

Porém, as componentes harmônicas de maré são ainda melhor identificadas se a<br />

análise ocorrer sobre um período de observação de longa duração. O ideal é dispor de<br />

uma série de 19 anos de medições, a fim de levar em conta a modulação das<br />

constituintes lunares devido às variações de longo termo da órbita da lua, conhecida<br />

como “regressão dos nodos lunares”. Atualmente, preconiza-se que um ano de<br />

observação contínua é considerado como o intervalo mínimo para obter resultados<br />

suficientemente precisos para as previsões de maré. Alguns serviços hidrográficos<br />

internacionais têm como conduta a manutenção de estações maregráficas permanentes<br />

para que seus data verticais históricos sejam precisamente determinados a partir de<br />

estatística de longas séries (e.g. Mean Lower Low Water no NOS/NOAA 5 /Estados<br />

Unidos). Em outros casos, há uma tentativa incessante de resgatar e manter os data<br />

históricos nacionais de maré, mesmo que eles não mais correspondam precisamente à<br />

realidade. Esse último é o caso do serviço hidrográfico francês (SHOM) no que<br />

concerne ao datum Zéro Hydrographique (WÖPPELMANN, et al., 2006).<br />

4 Ex: Mean Low Water Spring (MLWS), Mean Low Water Neap (MLWN), Mean High Water Spring (MHWS), Mean High Water Neap<br />

(MHWN), etc. Em português tais níveis são traduzidos como média das baixa-mares de sizígia e quadratura e média das preamares<br />

de sizígia e quadratura.<br />

5 National Ocean Service/ National Oceanic and Atmospheric Administration<br />

21


O Tidal and Water Level Working Group (TWLWG) da IHO vem divulgando<br />

resoluções a respeito dos data verticais de maré a serem aplicados na cartografia<br />

náutica pelos países membros daquela organização (IHO, 2004). O datum em questão<br />

para o escopo deste trabalho é o Lowest Astronomical Tide (LAT) e as deliberações<br />

do grupo de trabalho são transcritas a seguir:<br />

Resolve-se que a referência para as previsões de maré será a mesma que a referência da carta<br />

(referência para a redução de sondagens). Além disso, resolve-se que a maré astronômica mais<br />

baixa (LAT), ou tão próxima e equivalente a este nível quanto seja aceitável pelos Serviços<br />

Hidrográficos, seja adotada como a referência da carta onde as marés têm um efeito apreciável<br />

no nível de água. Alternativamente as diferenças entre LAT e data nacionais da carta podem<br />

ser especificadas nos documentos náuticos. Se os mais baixos níveis de água em uma área<br />

específica diferem freqüentemente do LAT, a referência da carta pode ser adaptada.<br />

E ainda:<br />

LAT é definido como o nível mais baixo da maré que pode ser previsto ocorrendo sob<br />

circunstâncias meteorológicas médias e sob toda a combinação de circunstâncias<br />

astronômicas. Recomenda-se que LAT seja calculado sobre um período mínimo de 19 anos<br />

usando as constantes harmônicas derivadas de um mínimo de observações de um ano, ou por<br />

outros métodos que comprovadamente forneçam resultados de confiança. Os níveis da maré<br />

devem, se praticáveis, refletir os valores estimados do erro obtidos durante a determinação<br />

destes níveis.<br />

A IHO (2005) classifica as estações maregráficas em três tipos:<br />

• Estações primárias (estações de controle): são geralmente aquelas que têm<br />

sido operadas por 19 anos ou mais e que deverão continuar operando<br />

permanentemente no futuro. São utilizadas para obter registros contínuos do<br />

nível do mar. Nessas estações há a efetiva materialização do NR.<br />

• Estações secundárias: são aquelas que operam por menos de 19 anos e mais de<br />

um ano, de forma temporária. Estações secundárias possibilitam o<br />

monitoramento em baías e estuários onde os efeitos de maré localizados não<br />

podem ser verificados na estação de controle. As observações na estação<br />

secundária usualmente não são suficientes para uma determinação precisa e<br />

independente de NR, mas quando utilizadas para a redução de sondagens, após<br />

comparação simultânea das observações com uma adequada estação de<br />

controle, pode-se obter resultados bastante satisfatórios.<br />

22


• Estações terciárias: são aquelas que operam por mais de 1 mês e menos de 1<br />

ano.<br />

A IHO recomenda que o LAT em estações terciárias e secundárias seja definido em<br />

função do LAT de uma estação de controle, a partir de comparações entre<br />

observações simultâneas.<br />

Além disso, recomenda que a escolha do local para a instalação de uma estação<br />

maregráfica deva considerar os seguintes fatores:<br />

• Cobertura das variabilidades inerentes às características de maré (tipo,<br />

amplitude, fase, nível médio diário, tendência de longo termo de nível médio);<br />

• Cobertura de áreas críticas para a navegação;<br />

• Locais históricos;<br />

• Proximidade aos marcos da rede geodésica nacional;<br />

• Disponibilidade de estruturas próprias para a instalação (caso dos portos em<br />

geral).<br />

No Brasil, devido à carência de séries observadas de nível do mar, atualmente são<br />

poucas as estações cujos NR foram calculados com base em períodos superiores a um<br />

ano. Na prática, a maioria das estações maregráficas nacionais hoje cadastradas no<br />

Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO) é classificada como terciária, de<br />

acordo com o critério da IHO. ROSO (2006) aponta que apenas 15% das estações<br />

brasileiras contidas na base de dados do BNDO apresentam séries de observação<br />

maregráfica de um ano de duração. Isso configura um dos maiores obstáculos para a<br />

migração do NR para o LAT pela DHN.<br />

Face ao exposto conclui-se que, ao longo do tempo, podem ter ocorrido<br />

materializações imperfeitas do NR nas diversas estações brasileiras, o que é passível<br />

de acontecer graças a diversos fatores, dentre os quais se destacam: a própria evolução<br />

do nível médio do mar, a adoção de critérios técnicos ultrapassados na coleta e no<br />

processamento dos dados maregráficos, ou mesmo mudanças locais no regime de<br />

marés.<br />

23


Mas, independente da qualidade do resultado obtido, habitualmente o plano do nível<br />

de redução, uma vez definido, costumava ser mantido, salvo diante de casos<br />

excepcionais em que a variação em relação à definição teórica o tornasse<br />

completamente inaceitável (alta incidência de previsões de maré negativas), ou se<br />

viesse a comprometer a segurança da navegação (valores de profundidades<br />

cartografadas superestimadas), ou se constituísse entrave à navegação por ser um<br />

plano de referência excessivamente restritivo.<br />

É desejável que os NR sejam reavaliados sempre que houver a oportunidade de tornálos<br />

mais precisos e coerentes com as orientações da IHO e, talvez um dia<br />

definitivamente substituídos pelo datum internacional LAT. Para que isso possa<br />

acontecer é importante que o Brasil promova suas estações maregráficas terciárias a<br />

primárias e secundárias.<br />

A questão da determinação dos data verticais de referência para a carta, a partir da<br />

altimetria espacial e do GPS, foge do escopo deste trabalho. Contudo, por se tratar de<br />

um assunto de fundamental relevância, será brevemente comentado no Apêndice C,<br />

que descreve o que tem sido feito no âmbito do Projeto BATHYELLI desenvolvido<br />

pelo SHOM (PINEAU-GUILLOU e DUPONT, 2007; PINEAU-GUILLOU, 2008).<br />

Outros importantes projetos internacionais são o VORF (The Vertical Offshore<br />

Reference Frame), idealizado para a integração de todos os data verticais e<br />

superficies de referência adotadas no Reino Unido e Irlanda, voltado especialmente<br />

para os data usados na cartografia náutica<br />

(http://www.cege.ucl.ac.uk/research/geomatics/vorf), e o Vdatum, ferramenta<br />

computacional americana desenvolvida para transformar dados geoespaciais em uma<br />

gama de data verticais de maré, ortométricos e elipsoidais (http://vdatum.noaa.gov/).<br />

2.3. A redução de sondagens<br />

Quando o LH é realizado em uma área com grande variação das condições<br />

hidrodinâmicas, por vezes a simples obtenção dos dados em estações maregráficas<br />

não é suficiente para garantir a acurácia da redução de sondagens. Neste caso, os<br />

dados coletados nas estações não refletem a realidade encontrada na região do<br />

24


levantamento e é necessário interpolar ou extrapolar as informações contidas nas<br />

séries temporais coletadas. Este processo é conhecido genericamente pela<br />

denominação de zoneamento de maré. Segundo RAMOS e KRUEGER (2006) as<br />

maiores fontes de erros presentes na profundidade reduzida são oriundas do processo<br />

de redução de sondagens e das correções do movimento da embarcação 6 durante o<br />

momento da sondagem. Por sua vez, a incerteza decorrente da redução de sondagens<br />

(IVT) é fortemente influenciada pela incorreta estimativa do comportamento da maré<br />

ao longo da área de sondagem e principalmente, pela distância da estação maregráfica<br />

de referência.<br />

O zoneamento discreto da maré empregado no National Ocean Service (NOS/NOAA)<br />

dos Estados Unidos e o método das subáreas de redução aplicado na DHN são muito<br />

similares e têm como objetivo prover as correções de maré por zonas específicas. O<br />

número de zonas do LH depende da complexidade da maré do local e cada zona é<br />

descrita por uma razão de amplitude, uma correção de fase e um fator de ajuste do<br />

datum vertical. Todos esses parâmetros são definidos em relação a uma estação<br />

maregráfica de referência. Análises de dados históricos, modelagens e outras<br />

pesquisas permitem que se estabeleçam os parâmetros de cada zona a partir da<br />

construção de mapas de isolinhas de fase e amplitude de maré. No pós-processamento<br />

dos dados batimétricos brutos as correções de maré, próprias de cada zona, são<br />

aplicadas. NOS (2008) estabelece a criação de uma nova zona a cada 0,06 m de<br />

mudança na amplitude média da maré e a cada 0,3 horas de progressão da maré no<br />

tempo (i.e. deslocamento em fase da onda de maré) e recomenda degraus de 6cm<br />

entre os data verticais de cada área. Além disso, é recomendável que o método<br />

somente seja usado em áreas onde predominem as mesmas condições de ventos, de<br />

pressão atmosférica, de vazão fluvial, etc. Maiores detalhes sobre essa abordagem<br />

podem ser obtidos em DE PAULA (1999), MILLS e GILL (2005), FERNANDES<br />

(2006), RAMOS (2007) e NOS (2008).<br />

6 Na prática esses efeitos podem estar combinados no instante da sondagem, mas são medidos de forma independente. Assim,<br />

podem gerar uma certa complicação na fase de pós-processamento do dado batimétrico (SCARFE, 2002 apud RAMOS e<br />

KRUEGER, 2006)<br />

25


A DHN, desde 1995, adota o zoneamento discreto de maré na região da Barra Norte<br />

do estuário do rio Amazonas (DHN, 1995). Todas as informações sobre os fatores de<br />

correção de maré utilizados e as particularidades do método para aquela região foram<br />

calculadas por DE PAULA (1999) e são até o presente momento empregadas nos LH<br />

daquela região. FERNANDES (2006) revisou o método proposto para o Canal da<br />

Barra Norte utilizando resultados de modelagem hidrodinâmica e chegou a um<br />

número de 26 subáreas de redução (de acordo com o critério proposto pelo NOS)<br />

contra as 9 subáreas inicialmente propostas por DE PAULA (op. cit.). Além disso, a<br />

configuração das áreas apresentou um arranjo espacial completamente diferente do<br />

original. As principais críticas de FERNANDES (2006) ao método tradicionalmente<br />

utilizado para aquela região em particular são as seguintes: a hipótese de que o Z0 da<br />

estação de referência é constante e uniforme em toda a área do LH não é válida; a<br />

assimetria da maré não pode ser desprezada, pois afeta os fatores de correção de fase<br />

das zonas de redução; os fatores de correção são fixados para um cenário específico<br />

do passado e empregados em momentos atuais onde os processos físicos podem ser<br />

completamente diferentes (em outras palavras, o método desconsidera os efeitos<br />

inerentes à sazonalidade como, por exemplo na vazão fluvial); por fim, ao comparar<br />

os resultados obtidos com o modelo hidrodinâmico, encontrou diferenças de, em<br />

média, 3 metros em módulo e desvio padrão de 1,14m nas profundidades reduzidas.<br />

Diante das limitações do método do Zoneamento Discreto da Maré e da dificuldade<br />

de torná-lo operacional na prática hidrográfica, estão sendo implementadas novas<br />

técnicas para o mapeamento espacial da maré, diminuindo as incertezas relacionadas à<br />

correção das sondagens. Alguns desses métodos são o TCARI, o Masg2 e a<br />

modelagem hidrodinâmica. As três abordagens apresentam a vantagem de gerarem<br />

valores de correção de maré pontuais para o instante e o local exato da sondagem e de<br />

poderem ser facilmente integradas aos sistemas de referenciamento geodésico<br />

elipsoidais.<br />

O TCARI (HESS, 2003; HESS et al., 2004) desenvolvido pelo NOS é um método de<br />

simulação de níveis relativos ao datum vertical, que usa os valores observados em<br />

estações maregráficas e os interpola espacialmente ao longo de uma dada região. Os<br />

26


valores observados e interpolados são: a amplitude e a fase de cada constituinte de<br />

maré; o resíduo; e o que no método é chamado offset, que tanto pode ser a diferença<br />

entre o nível médio do mar local (MSL) e o MLLW (datum vertical das cartas dos<br />

Estados Unidos), como também um datum vertical de maré qualquer referido ao<br />

elipsóide. O nível de cada ponto é computado somando a maré astronômica<br />

(interpolação das componentes harmônicas) ao resíduo e ao offset interpolados. As<br />

interpolações espaciais no cerne dessa técnica são realizadas a partir da utilização de<br />

uma série de funções de ponderação que quantificam as contribuições locais de cada<br />

estação maregráfica. As funções de ponderação, por sua vez, são geradas pela solução<br />

numérica da Equação de Laplace. O peso dado na interpolação não é baseado em<br />

distâncias retilíneas, uma vez que considera a presença de linhas de costa irregulares e<br />

ilhas (FERNANDES, 2006). Para esse método é necessário dispor de uma densa rede<br />

de observação do nível do mar.<br />

O SHOM, desde 2005, vem utilizando para a redução de sondagens o programa<br />

Masg2, que permite estimar o valor da altura real de maré em cada ponto sondado em<br />

relação ao datum vertical (SHOM, 2006). A altura de maré calculada pelo Masg2<br />

compreende a previsão de maré astronômica e mais uma estimativa dos efeitos<br />

meteorológicos reinantes no momento da sondagem, por meio de observações de<br />

maré obtidas tanto de marégrafos de pressão fundeados na área de sondagem quanto<br />

na própria estação de referência. A redução de sondagens propriamente dita não é<br />

efetuada pelo Masg2 e sim pelos sistemas de processamento de dados batimétricos<br />

(ex. CARIS – www.caris.com). No entanto, é o Masg2 que permite a criação do<br />

arquivo de correções de maré no formato “posição, data, hora, altura referida ao<br />

datum vertical” a ser utilizado no módulo de processamento das batimetrias. Como<br />

dados de entrada para o Masg2 são necessários:<br />

- um modelo de maré prevista para a área de interesse onde a resolução espacial é<br />

opcional;<br />

- um arquivo de constantes harmônicas da estação de referência da zona de maré onde<br />

está sendo realizado o LH;<br />

- um arquivo de alturas de maré observadas no porto de referência (opcionalmente os<br />

dados observados da estação secundária também poderão ser incluídos); e<br />

- um arquivo com os dados da sondagem (data, hora, posição da sondagem).<br />

27


O datum vertical considerado pelo Masg2 é o LAT, a ser posteriormente convertido<br />

para o Zéro Hydrographique (SIMON, 2007). O resíduo meteorológico é calculado<br />

nas estações de referência e nos pontos de fundeio e aplicado para toda a área de<br />

sondagem. Esse programa necessita que as áreas de sondagem não sejam<br />

demasiadamente amplas para que não haja comprometimento da estimativa do<br />

resíduo.<br />

Finalmente, um dos métodos considerados mais promissores em regiões de maior<br />

complexidade e praticamente a única alternativa para a interpolação e extrapolação de<br />

dados em áreas com carência de dados é aquele que utiliza a modelagem<br />

hidrodinâmica. PINEAU-GUILLOU (2005) aplicou um modelo de circulação<br />

hidrodinâmica em duas dimensões horizontais para a região do Golfo de Morbihan<br />

(França), visto que neste golfo a propagação de maré assume um comportamento<br />

complexo, gerando significativos gradientes na amplitude de maré em certos pontos<br />

(notadamente na proximidade de ilhas). Esse fenômeno não pôde ser bem<br />

representado com os métodos anteriores baseados apenas na interpolação de<br />

medições. Nesse trabalho os níveis gerados pelo modelo foram calibrados às<br />

constantes harmônicas disponíveis em 21 pontos de medição. Após a calibração foram<br />

encontradas diferenças entre as amplitudes produzidas pelo modelo e pela previsão<br />

de, em média, 4,2cm (desvio padrão de 2cm) e defasagem de 5 minutos em preamar e<br />

9 minutos em baixa-mar. As alturas de maré do golfo são inferiores a 3 metros. Os<br />

resultados, além de terem sido aplicados na redução de sondagens, também foram<br />

úteis para o cálculo e mapeamento do LAT e também para a geração de constantes<br />

harmônicas nos nós da malha. Essas constantes foram igualmente exportadas para a<br />

base de dados do modelo global de previsão de marés francês desenvolvido no SHOM<br />

conhecido como MARMONDE (sigla para “maré do mundo”).<br />

2.4. A previsão de marés<br />

Durante a navegação e fazendo-se uso da carta náutica, a lógica da previsão de marés<br />

é inversa ao processo de redução das sondagens: acrescenta-se à profundidade local<br />

representada a “porção variável da coluna d´água” que pode ser reproduzida para o<br />

28


dia e o local desejados. As previsões de maré astronômica são divulgadas pelos<br />

serviços hidrográficos de todo o mundo por publicações conhecidas como Tábuas das<br />

Marés.<br />

A DHN realiza as previsões de maré por meio do método harmônico (FRANCO,<br />

1997; PUGH, 2004). Em algumas situações, o método harmônico apresenta algumas<br />

limitações, dentre as quais se destacam:<br />

• O método harmônico baseia-se no conhecimento das freqüências das<br />

componentes presentes em pontos específicos de observação prévia de maré<br />

astronômica, onde as constantes harmônicas já tenham sido definidas. Ou<br />

seja, é imprescindível que haja dados coletados e, de preferência, com boa<br />

qualidade (baixo resíduo) e de longo termo;<br />

• As previsões harmônicas são pontuais. No caso brasileiro, as Tábuas das<br />

Marés apresentam as previsões apenas para os principais portos. Em outros<br />

países, as Tábuas apresentam coeficientes de maré a serem empregados nos<br />

valores previstos dos portos principais visando estimar as preamares e baixamares<br />

em portos secundários. Mas, em ambos os casos, a maré astronômica<br />

somente pode ser reproduzida por meio da previsão harmônica, em locais<br />

muito específicos e não em um ponto qualquer de interesse. Essa regra vale,<br />

inclusive, para algumas versões de tábuas de marés digitais, as quais não<br />

devem ser confundidas com modelos de maré. Alguns exemplos de<br />

aplicativos comerciais que realizam previsões eletrônicas são: o TOTALTIDE<br />

homologado pelo serviço hidrográfico inglês; o SHOMAR, em fase de<br />

validação na França; e o PREVMARÉ, desenvolvido em meados da década<br />

de 90 no Brasil (FRANCO, comunicação pessoal).<br />

• As previsões baseadas no método harmônico não contemplam efeitos<br />

decorrentes de forçantes não astronômicas. Assim sendo, em regiões onde,<br />

por exemplo, há significativa variabilidade das condições meteorológicas ou<br />

29


em que influências fluviais são marcantes, as constantes harmônicas obtidas<br />

por ocasião de eventos extremos não se prestam a uma previsão astronômica<br />

acurada para outros períodos. Os fenômenos não-relacionados à maré<br />

astronômica podem interagir de forma não-linear com as constantes,<br />

modificando-as.<br />

Quanto a esse último aspecto, especificamente em regiões estuarinas, como é o caso<br />

da foz do Amazonas, a sazonalidade inerente ao ciclo hidrológico faz com que as<br />

constantes harmônicas deixem de se comportar efetivamente como constantes,<br />

passando a apresentar variações condicionadas pela vazão fluvial. GALLO (2004)<br />

identificou a não-estacionariedade da maré astronômica na região mais a montante do<br />

estuário do Amazonas, a partir da localidade de Canivete. Esse estudo comprovou que<br />

o emprego de constantes oriundas de período de cheia ou estiagem, visando a geração<br />

de previsões para todo o ano, ou para períodos diferentes daqueles analisados, poderia<br />

incidir em erros consideráveis.<br />

Uma forma de complementar o método harmônico é empregar modelos<br />

hidrodinâmicos numéricos para gerar previsão de níveis. A idéia de resolver as<br />

equações da hidrodinâmica no meio de propagação da maré não é nova, mas somente<br />

se tornou viável com o atual desempenho dos computadores (SIMON, 2007).<br />

O grande benefício da adoção dos modelos é a abrangência espacial dos resultados<br />

obtidos. Com os modelos há a possibilidade de prover previsões para uma grande<br />

quantidade de pontos, dependendo do grau de refinamento da malha de cálculo. Outra<br />

vantagem está relacionada à capacidade do modelo simular os fenômenos nãoharmônicos<br />

(efeitos de ventos, de descargas fluviais, etc.) que na maioria das vezes<br />

aparecem nos registros observados, mas não podem ser reconstituídos pelo método da<br />

previsão harmônica (NOS, 2007).<br />

A modelagem numérica passa a ser uma opção interessante para aplicações mais<br />

específicas, principalmente onde a maré sofre uma variabilidade espacial relevante.<br />

30


No caso da área focalizada neste estudo, a modelagem hidrodinâmica pode ser<br />

considerada a ferramenta preditiva de níveis mais promitente.<br />

Essa abordagem tem sido aplicada pelo SHOM desde o início desta década,<br />

considerando modelos específicos para a previsão de maré astronômica. Modelos<br />

regionais são criados a partir de um modelo global (MARMONDE). Esse modelo<br />

integra: uma base de 143 componentes harmônicas (com respectivas constantes)<br />

provenientes de pontos de observação, dados de altimetria espacial e também<br />

componentes harmônicas resultantes de modelos hidrodinâmicos costeiros validados<br />

(implementados em áreas mais sensíveis). O modelo global realiza uma interpolação<br />

espacial de duas variáveis na resolução espacial desejada das constantes (G e H), para<br />

cada componente e, em seguida, efetua a previsão harmônica para cada nó da malha.<br />

31


3. Caracterização da área de estudo<br />

Capítulo 3<br />

A região abrangida pela modelagem hidrodinâmica situa-se na região norte do Brasil,<br />

nos estados do Amapá e Pará, entre os paralelos 3º S e 4º N e os meridianos 56º W e<br />

46ºW, compreendendo o estuário 7 do rio Amazonas. Neste trabalho o estuário será<br />

delimitado a montante pela cidade de Óbidos 8 (a cerca de 800 km da foz do rio<br />

Amazonas), se prolongando até a plataforma continental amazônica adjacente, região<br />

onde se projeta a frente salina. A área estudada inclui ainda os principais rios<br />

contribuintes da bacia hidrográfica do Amazonas neste trecho: rios Xingu, Tapajós,<br />

Tocantins-Pará e o rio Amazonas. A desembocadura do rio Amazonas consiste na<br />

área de baixas profundidades compreendida entre o Cabo Maguari, na Ilha de Marajó,<br />

e o Cabo Norte no Estado do Amapá (BEARDSLEY et al., 1995). A região de maior<br />

interesse para este estudo localiza-se nas imediações da Barra Norte, conforme já<br />

especificado no capítulo anterior e apresentado na Figura 4 e Figura 5 a seguir.<br />

A região da plataforma amazônica foi intensamente estudada no final da década de 80<br />

e início da década de 90 durante o projeto AmasSeds (A Multidisciplinary Amazon<br />

Shelf Sediment Study), com o objetivo de investigar a interação entre os processos<br />

oceanográficos físicos, transporte de sedimentos, transformações biogeoquímicas e<br />

sedimentação. Alguns desses estudos fornecem até hoje grandes subsídios para a<br />

compreensão da dinâmica daquela região. O uso da modelagem numérica como<br />

ferramenta para explorar questões como a manutenção da frente salina, efeitos de<br />

ventos sobre a pluma do Amazonas e a influência da Corrente Norte do Brasil na<br />

hidrodinâmica da plataforma continental amazônica, no entanto, foi um aspecto não<br />

amplamente contemplado pelo projeto AmasSeds (GEYER e BEARDSLEY,1995).<br />

7 Segue-se a definição de DYER (1997) para estuários: “corpos d´ água costeiros semi-fechados que possuem conexão livre com o<br />

oceano, se estendendo ao longo do rio até o limite da influencia de maré e no qual a água do mar é mensuravelmente diluída na<br />

água doce proveniente da drenagem continental”.<br />

8 Oscilações verticais periódicas de poucos centímetros, devido à influência de maré, são perceptíveis até Óbidos (GALLO e<br />

VINZON, 2005).<br />

32


Por outro lado, os trabalhos pioneiros desenvolvidos no âmbito do AmasSeds<br />

encorajaram alguns estudos mais recentes, tais como os conduzidos pela equipe do<br />

LDSC, que começaram a utilizar a modelagem numérica como método investigatório<br />

para os processos típicos daquela região (GABIOUX et al., 2005; GALLO e<br />

VINZON, 2005; FERNANDES et al., 2007).<br />

Latitude (°)<br />

4°<br />

3°<br />

2°<br />

1°<br />

0°<br />

-1°<br />

-2°<br />

-3°<br />

Rio Tapajós<br />

Rio Amazonas<br />

Rio Xingu<br />

Cabo<br />

Cassiporé<br />

Macapá<br />

Cabo Norte<br />

Longitude (°)<br />

Ilha<br />

de Maracá<br />

Ilha de<br />

Marajó<br />

Rio Pará<br />

Belém<br />

Ilha de Maracá<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

56° 55° 54° 53° 52° 51° 50° 49° 48° 47° 46°<br />

Guará<br />

Barra Norte<br />

Detalhe da Barra Norte<br />

Figura 4 – Mapa da área de estudo com isolinhas de batimetria. O retângulo vermelho indica a<br />

região de interesse para este trabalho (Barra Norte). No detalhe, o polígono de cor laranja<br />

reproduz a área de redução de sondagens adotada pela DHN e os círculos de cor azul<br />

representam os pontos de fundeio realizados pelo NHi Sirius nos anos de 2006 e 2007.<br />

33


Figura 5 – Carta náutica número 200 editada pela DHN, apresentando a região de interesse.<br />

Nota-se que alguns dos mais importantes modelos classificatórios para estuários<br />

encontrados na literatura (DYER, 1997) são dificilmente aplicados ao caso do estuário<br />

do rio Amazonas, em virtude de algumas características encontradas neste ambiente.<br />

Por exemplo: em regime de marés de quadratura, apresenta estratificação da coluna<br />

34


d´água, tipicamente observada nos estuários de “cunha salina”; em contrapartida, nas<br />

sizígias, assume características do tipo “parcialmente misturado” 9 (VINZON, 1997).<br />

A classificação proposta por DAVIES (1964 apud DYER, 1997), baseada nas alturas<br />

de maré (tidal range), permite caracterizar a área de estudo como um estuário de<br />

macromaré (variações de 4 a 6 m). As marés são semidiurnas e as principais<br />

componentes harmônicas encontradas na desembocadura são M2, S2 e N2 (dois ciclos<br />

por dia) e K1 e O1 (um ciclo por dia), com amplitudes 10 da ordem de 140, 30, 20, 10 e<br />

5 cm, respectivamente (GALLO e VINZON, 2005).<br />

A componente M2 constitui-se na forçante de maré mais importante na plataforma<br />

continental amazônica, contribuindo com cerca de 70% da elevação total de maré.<br />

Essa componente se comporta como uma onda progressiva na região localizada ao sul<br />

do banco que se estende a partir do Cabo Norte, se propagando ao longo do estuário<br />

até Óbidos. Já na porção ao norte daquele banco, a M2 assume a característica de uma<br />

onda estacionária. No embaiamento entre o banco do Cabo Norte e a linha de costa,<br />

são detectadas amplitudes de maré superiores à 5m nas sizígias, em função de efeitos<br />

relacionados à ressonância (BEARDSLEY et al.,1995; NITTROUER et al.,1995) e à<br />

redução do atrito (GABIOUX et. al., 2005).<br />

A forte influência da vazão fluvial no estuário do Amazonas é responsável pelo<br />

amortecimento de diversas componentes de maré, bem como pela geração de novos<br />

harmônicos, tais como a componente M4, sobre-harmônico da componente M2 e a<br />

componente Msf, composição dos constituintes de maré M2 e S2. Conforme resultados<br />

obtidos através de modelagem hidrodinâmica, as correntes invertem seu sentido a<br />

aproximadamente 150 km e 300 km da foz, em função de situações de máximas ou<br />

mínimas vazões, respectivamente (GALLO, 2004).<br />

FERNANDES (2006) analisou o comportamento da assimetria de maré ao longo do<br />

estuário, considerando apenas os níveis obtidos com a modelagem numérica para<br />

diversas estações. Seus resultados indicaram uma assimetria positiva (com tempos de<br />

9 Ambos os tipos correspondem à classificação para estuários de PRITCHARD (1955 apud Miranda et al., 2002) e CAMERON e<br />

PRITCHARD (1963 apud Miranda et al., 2002) baseada na estrutura salina.<br />

10 Metade da diferença em altura entre uma preamar e uma baixa-mar (MAGLIOCCA, 1987)<br />

35


enchente inferiores a 6 horas) na porção mais interior do estuário, evoluindo para uma<br />

assimetria negativa (tempos de enchente superiores a 6 horas) ao largo (Figura 6).<br />

Figura 6 – Mapa de assimetria da maré (FERNANDES, 2006): região em azul representando<br />

assimetria positiva (tempo de enchente menor do que 6 horas) e, em vermelho, assimetria<br />

negativa (tempo de enchente maior do que 6 horas).<br />

GALLO (2004) compartimentou o estuário do Amazonas em três zonas distintas<br />

conforme a propagação da maré: uma primeira região de forte influência oceânica,<br />

próxima à foz, onde há o predomínio das componentes semi-diurnas puras; um<br />

segundo trecho intermediário que se estende até Gurupá (distando cerca de 300 km da<br />

foz), em que surgem harmônicos de alta freqüência (e.g. M4) e de longo período (e.g.<br />

Msf); e, finalmente, uma região de domínio fluvial, onde ocorre forte amortecimento<br />

dos harmônicos e aumento da importância das componentes harmônicas de longo<br />

período. Os limites entre essas regiões variam conforme a vazão fluvial considerada.<br />

Algumas conclusões importantes daquele trabalho são: as componentes harmônicas<br />

astronômicas somente apresentam fases e amplitudes constantes na região mais<br />

36


próxima à foz; enquanto a geração dos harmônicos de água rasa é dependente da<br />

vazão fluvial em todo o estuário, entre outros fatores.<br />

A vazão líquida média anual do Amazonas, estimada em 1,8 × 10 5 m 3 s -1 , é<br />

considerada a maior fonte pontual de água doce existente nos oceanos e forma a mais<br />

extensa pluma estuarina identificável em áreas oceânicas, podendo ser inclusive<br />

percebida no Atlântico Norte (MIRANDA et al., 2002). O ciclo hidrológico do<br />

Amazonas é bem determinado, com períodos de cheia ocorrendo entre os meses de<br />

maio e julho e de estiagem entre outubro e dezembro. As vazões líquidas variam<br />

sazonalmente de 1,0 a 2,8 × 10 5 m 3 s -1 (GIBBS, 1970; MEADE et al., 1985 apud<br />

KINEKE e STERNBERG, 1995). As vazões do Amazonas, em conjunto com a<br />

morfologia, constituem fatores importantes para impedir que haja intrusão salina na<br />

desembocadura do rio. A frente salina (região de maior gradiente horizontal de<br />

salinidade) se forma na plataforma continental interna, entre as isóbatas de 10 e 30 m<br />

(GIBBS, 1970).<br />

A plataforma continental amazônica é definida como a região que se estende da linha<br />

de costa até a quebra da plataforma (isóbata de 100m, aproximadamente), entre o<br />

estuário do rio Pará e a latitude de 5º N. A plataforma média (limitada pelas linhas<br />

isobatimétricas de 40 e 60 m) apresenta um gradiente relativamente íngreme, superior<br />

a 1:500, enquanto a plataforma interna se configura de forma mais ampla e suave,<br />

com declividades superiores a 1:3000 (NITTROUER e DEMASTER, 1986 apud<br />

KINEKE e STERNBERG, 1995). A largura da plataforma varia de um mínimo de<br />

100 Km a noroeste, perto da latitude de 4º N, até um máximo de 250 Km perto da foz<br />

dos rios Amazonas e Pará. A sudeste, perto da longitude de 45º W, apresenta uma<br />

largura de 150 Km. A topografia de fundo na desembocadura do rio Amazonas é<br />

bastante complexa e pouco conhecida. As profundidades típicas nos canais Norte e<br />

Sul excedem 20 m porém, nas proximidades da embocadura, as profundidades<br />

tornam-se inferiores a 7 m (BEARDSLEY et al., 1995).<br />

Através da plataforma continental a Corrente Norte do Brasil (CNB) flui com<br />

velocidades de 40-80 cm/s (LENTZ, 1995 apud NITTROUER et al., 1995).<br />

Flutuações sazonais na velocidade da CNB apresentam um máximo em agostosetembro<br />

e um mínimo em abril (NITTROUER et al., 1995). A influência da CNB na<br />

37


circulação da plataforma continental amazônica ainda não foi detalhadamente<br />

documentada segundo GEYER e KINEKE (1995).<br />

A pluma de baixa salinidade gerada pela descarga líquida do amazonas é, em larga<br />

escala, desviada para noroeste. As variações na largura, na concentração de sal e na<br />

dinâmica da pluma estuarina do Amazonas, associadas às escalas temporais de dias a<br />

semanas, parecem estar relacionadas ao regime local de ventos (GIBBS, 1970 apud<br />

VINZON, 1997).<br />

A circulação atmosférica superficial é dominada pelos ventos alísios (NITTROUER e<br />

DEMASTER, 1996), que sopram de forma consistente sobre a plataforma e variam<br />

conforme a oscilação sazonal da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) do<br />

Oceano Atlântico. Os ventos na região variam entre os quadrantes de N-E (janeiro a<br />

março, com velocidades máximas da ordem de 9 m/s) e os quadrantes de S-E (junho a<br />

novembro, com velocidades da ordem de 3 m/s) (NITTROUER et al., 1995;<br />

FERNANDES, 2006).<br />

A bacia hidrográfica do rio Amazonas drena uma área de 6,9 × 10 6 km 2 , que se<br />

estende da encosta oriental dos Andes até o oceano (RICHEY e VICTORIA, 1993<br />

apud KINEKE e STERNBERG, 1995). A descarga do Amazonas transporta,<br />

anualmente, aproximadamente 1,2 × 10 9 toneladas de sedimento através de Óbidos<br />

(MEADE et al., 1985 apud NITTROUER et al., 1995), sendo que a maior parte do<br />

sedimento transportado em suspensão pelo Amazonas (85-95%) corresponde à fração<br />

silte-argila (KINEKE e STERNBERG, 1995). Os sedimentos aportados pelo rio<br />

Amazonas são retidos na plataforma continental amazônica, formando densas<br />

camadas de sedimento em suspensão (lama fluida) ao longo da frente salina (KINEKE<br />

et al., 1996).<br />

Segundo GABIOUX (2002), durante o projeto AmasSeds foram registradas, na região<br />

noroeste da plataforma, camadas de sedimentos em suspensão próximas ao fundo,<br />

com espessura variando de 2 a 4 m (chegando a 7 m), concentrações da ordem de 10 1<br />

a 10 2 g/l e fortes gradientes verticais (lutoclinas). A ocorrência de lamas fluidas na<br />

plataforma continental amazônica vem sendo sistematicamente investigada, tendo em<br />

vista a sua importância na hidrodinâmica daquele sistema. Essas camadas interferem<br />

38


na propagação de marés, amplificando-as (mediante redução da tensão de atrito de<br />

fundo), assim como modificam a estrutura vertical do escoamento e as conseqüentes<br />

trocas entre a coluna d´água e o fundo, afetando importantes processos químicos,<br />

biológicos e geológicos.<br />

39


4. A modelagem hidrodinâmica<br />

Capítulo 4<br />

Os modelos hidrodinâmicos adotados neste trabalho são parte integrante do<br />

SisBaHiA®–Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental, que corresponde a um<br />

sistema de modelos computacionais registrado pela Fundação Coppetec, da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro (<strong>UFRJ</strong>).<br />

Esse sistema foi escolhido por já ter sido aplicado para a região amazônica em estudos<br />

anteriores, fornecendo bons resultados. Além disso, o SisBaHiA® tem sido<br />

continuamente aperfeiçoado no âmbito da <strong>COPPE</strong> desde 1987, por meio de projetos<br />

de pesquisa, dissertações de mestrado e teses de doutorado e vem sendo aplicado com<br />

sucesso em diversos estudos que envolvem a modelagem de corpos de água naturais.<br />

Nesse contexto, o fato de existir na própria <strong>UFRJ</strong> um grupo de pesquisadores com<br />

substancial domínio do sistema favoreceu um intenso aprendizado que culminou na<br />

consecução deste trabalho.<br />

Nesta dissertação foram utilizados dois módulos da versão 6.5 do SisBaHiA®: o<br />

modelo hidrodinâmico bidimensional horizontal (2DH) e o módulo de Análise &<br />

Previsão de Marés. Para informações sobre outros módulos e modelos do SisBaHiA®,<br />

acesse www.sisbahia.coppe.ufrj.br.<br />

Segundo a Referência Técnica do SisBaHiA® (ROSMAN, 2008), o módulo<br />

correspondente ao modelo hidrodinâmico consiste em um modelo de circulação<br />

hidrodinâmica 3D ou 2DH otimizado para corpos de água naturais nos quais efeitos<br />

de baroclinicidade possam ser desprezados. Trata-se de um modelo planejado para<br />

melhor representação de escoamentos em domínios naturais com geometria complexa<br />

(contornos recortados e batimetria espacialmente variada). Os processos de<br />

calibração são minimizados devido a: discretização espacial via elementos finitos<br />

quadráticos e transformação σ, permitindo mapeamento de corpos de água com linhas<br />

de costa e batimetrias complexas; campos de vento e atrito do fundo que podem variar<br />

dinamicamente no tempo e no espaço; e modelagem de turbulência multi-escala<br />

baseada em Simulação de Grandes Vórtices (LES).<br />

40


O tratamento da turbulência do SisBaHiA® é baseado em técnicas de filtragem<br />

propostas originalmente por ALDAMA (1985) e emprega esquemas auto-ajustáveis<br />

na escala da submalha. A fim de garantir que os efeitos dos termos de filtragem, e<br />

com isso as tensões turbulentas, sejam sempre dissipativos, foi incorporada ao modelo<br />

de turbulência a modificação proposta por ROSMAN e GOBBI (1990), que considera<br />

a variação local da escala da largura do filtro nas dimensões espacial e temporal.<br />

O sistema utiliza para a discretização do domínio espacial do módulo 2DH elementos<br />

finitos quadrangulares de nove nós em uma formulação Lagrangeana sub-paramétrica.<br />

As variáveis do escoamento e os parâmetros do domínio são definidos por polinômios<br />

Lagrangeanos quadráticos e, para a geometria, são feitas interpolações lineares. Um<br />

esquema numérico potencialmente de quarta ordem é garantido pelo fato do sistema<br />

considerar nós intermediários em cada lado dos elementos, além de um nó no centro<br />

de cada um dos elementos da malha de discretização. O SisBaHiA® também admite<br />

elementos finitos triangulares de seis nós, os quais não foram aplicados neste trabalho.<br />

Como as funções de forma Lagrangeana são independentes do tempo, as dimensões<br />

temporal e espacial podem ser discretizadas por meio de diferentes esquemas<br />

numéricos. Para a discretização temporal no módulo hidrodinâmico do sistema são<br />

empregados esquemas implícitos de diferenças finitas de segunda ordem. Nos termos<br />

não-lineares faz-se uso de uma fatoração implícita de segunda ordem e, nos termos<br />

lineares, emprega-se o esquema de Cranck-Nicholson (ROSMAN, 2008).<br />

Através do Módulo de Análise & Previsão de Marés é possível realizar análises<br />

harmônicas de registros de níveis ou correntes para obtenção das constantes<br />

harmônicas. Os cálculos de previsão são executados a partir de constantes harmônicas<br />

de níveis ou de correntes. As previsões podem ser em termos de valores, tanto em<br />

séries temporais a intervalos a serem definidos, quanto em séries de máximos e<br />

mínimos para a data previamente especificada. Os algoritmos de análise e previsão<br />

implementados no SisBaHiA® foram elaborados a partir das rotinas propostas no IOS<br />

Tidal Package (ROSMAN, 2008). Maiores informações podem ser obtidas nos<br />

manuais originais do IOS Tidal Package: FOREMAN (1977), FOREMAN (1978),<br />

FOREMAN e HENRY (1979).<br />

41


As formulações matemáticas dos modelos implementados no SisBaHiA® encontramse<br />

descritas no Apêndice A.<br />

4.1. Malha de Elementos Finitos<br />

Neste trabalho foi considerada a geometria do domínio de modelagem dos trabalhos<br />

de FERNANDES (2006) e GALLO (2004). O contorno do mapa-base utilizado na<br />

modelagem foi extraído a partir de um processo de digitalização de cartas náuticas da<br />

Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). Todos os pontos foram referidos a um<br />

sistema métrico de coordenadas com origem no ponto 3,0°S e 56,2°W de coordenadas<br />

geográficas (coordenadas UTM 588952.99, 9668415.69 com meridiano central<br />

57°W).<br />

A malha de discretização em elementos finitos foi gerada com o programa Argus One,<br />

da Argus Interware Inc. (www.argusint.com) e contém 1022 elementos<br />

quadrangulares, de dimensões que variam de aproximadamente 30 x 30 km na<br />

fronteira aberta até 5 x 5 km na foz do estuário. O interior do estuário foi discretizado<br />

com duas fileiras de elementos de tamanho médio de 4 x 2 km. No total, o domínio<br />

apresenta 5042 nós de cálculo, dentre os quais 3078 constituem nós internos, 1901<br />

configuram nós de contorno continental e 63 de contorno oceânico (Figura 7). No<br />

total o domínio possui uma área de 172.570,190 km². O contorno oceânico do<br />

domínio apresenta algo em torno de 880 km de comprimento e a distância de Óbidos<br />

(limite mais interior do domínio) à fronteira aberta em uma trajetória reta supera 1000<br />

km.<br />

42


800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Fonte: Fernandes (2005)<br />

Barra Norte<br />

Ilha de<br />

Marajó<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Figura 7– Malha de discretização em elementos finitos quadrangulares do domínio de<br />

modelagem do estuário do rio Amazonas, em coordenadas métricas.<br />

4.2. Cenários de Modelagem<br />

Foram realizadas duas rodadas principais com o modelo hidrodinâmico 2DH, datadas<br />

e cobrindo os seguintes períodos:<br />

• Ano de 2006 de 01/09/2005 a 13/11/2006<br />

• Ano de 2007 de 01/09/2006 a 31/12/2007<br />

Os resultados relativos a estas duas simulações foram pós-processados no decorrer do<br />

estudo e estão apresentados no Capítulo 5 desta dissertação.<br />

A duração das simulações foi planejada de forma que o primeiro mês servisse ao<br />

propósito de dar “aquecimento” ao modelo hidrodinâmico (i.e. não influenciar os<br />

resultados pelas condições iniciais), tendo em vista a dimensão do domínio de<br />

modelagem.<br />

A primeira simulação foi mais curta por indisponibilidade de séries de vazão nas<br />

fronteiras continentais do modelo para o mês de dezembro de 2006. A segunda<br />

simulação perdurou até o último dia de 2007, para permitir que os resultados fossem<br />

confrontados aos dados coletados em dezembro de 2007 na estação maregráfica Ponta<br />

43


do Céu I, recém equipada pelo Centro de Hidrografia da Marinha com um sensor<br />

radar KRH102-SDI da VEJA/VAISSALA.<br />

A finalidade das simulações de longo prazo tem o intuito de tornar possível o cálculo<br />

dos níveis de redução e dos LAT. Como os resultados também foram utilizados para<br />

reduzir as sondagens, foi necessário que a escolha do período também abrangesse os<br />

dias de sondagem.<br />

Algumas rodadas intermediárias de teste foram realizadas, nas quais foram<br />

melhoradas as condições de contorno, até que as séries temporais de níveis produzidas<br />

pelo modelo fossem compatíveis às séries observadas e/ou às séries calculadas com a<br />

previsão harmônica nas diversas estações maregráficas.<br />

Foram assumidas como condições iniciais para as simulações: nível zero nas<br />

elevações e velocidades nulas para componentes u e v, em todo o domínio.<br />

Fatores como ventos, maré meteorológica e possíveis efeitos baroclínicos presentes na<br />

região, além da influência da corrente Norte do Brasil e das variações sazonais de<br />

nível médio atuantes na fronteira oceânica do modelo, não foram considerados nas<br />

simulações. Quanto à Força de Coriolis, o domínio como um todo foi<br />

aproximadamente considerado na latitude de 0°, de forma que os efeitos decorrentes<br />

desta força foram desconsiderados.<br />

4.3. Condições de contorno, batimetria e rugosidade considerados nas<br />

simulações<br />

As informações apresentadas neste item dizem respeito aos dados que foram<br />

utilizados como entrada para a modelagem hidrodinâmica. São eles: os dados de<br />

batimetria e de rugosidade de fundo já implementados em modelos anteriores<br />

(FERNANDES, 2006; GALLO, 2004; GABIOUX, 2002) e os dados utilizados como<br />

condições de contorno fluvial (vazão dos rios afluentes) e oceânica (maré<br />

astronômica).<br />

44


4.3.1. Batimetria<br />

Dados de batimetria são cruciais para a implementação de modelos hidrodinâmicos,<br />

porém, na maioria das vezes e principalmente ao se modelar domínios com escalas<br />

espaciais muito extensas, esbarra-se em algumas dificuldades.<br />

Em primeiro lugar, frequentemente, não há disponibilidade de dados recentes e<br />

uniformemente distribuídos para região de interesse. Os dados são normalmente<br />

provenientes de cartas náuticas que, na maioria das vezes, foram editadas há décadas.<br />

É importante frisar que mesmo havendo levantamentos hidrográficos (LH) recentes,<br />

não necessariamente toda área de uma carta náutica é coberta e não são todos os LH<br />

que dão origem a novas edições de cartas. A Figura 8 apresenta parte da carta náutica<br />

200 editada pela DHN, onde consta um diagrama contendo as várias áreas levantadas<br />

desde 1956 até 1995 em diferentes escalas.<br />

Figura 8 – Destaque para a carta náutica número 200 (DHN) e o diagrama contendo o mosaico<br />

de levantamentos realizados em escalas espaciais distintas e em diferentes períodos.<br />

Um outro aspecto relevante é a questão do datum vertical utilizado como referência<br />

para as cartas náuticas: o nível de redução (NR). No Brasil, a grande maioria dos NR<br />

45


das estações maregráficas foi estabelecida no passado, a partir de períodos de<br />

referência distintos para cada estação, com os meios disponíveis à época da execução<br />

dos LH. Ou seja, nem sempre foram adotados os mesmos métodos de coleta,<br />

tratamento e análise de dados, o que acarretou na instituição de data históricos cuja<br />

acurácia não pode ser precisamente determinada. Além disso, os NR foram calculados<br />

de forma independente uns em relação aos outros. Dessa forma, eventualmente são<br />

encontrados desníveis de NR de alguns centímetros entre duas cartas náuticas<br />

adjacentes ou mesmo entre trechos de uma mesma carta.<br />

Em domínios de modelagem de grandes dimensões, caso não seja feito um ajuste de<br />

datum sobre os dados batimétricos, descontinuidades significativas na batimetria<br />

podem se encontradas, principalmente nos trechos da malha correspondentes aos<br />

limites entre cartas náuticas.<br />

O domínio de discretização numérica estabelecido neste trabalho e nos estudos<br />

anteriores contempla dois tipos de NR: um relativo à porção fluvial, que é<br />

normalmente definido em termos das cotas mínimas observadas das séries<br />

hidrológicas históricas (10% das mínimas), e outro relativo à parte marinha do<br />

domínio, que é determinado a partir de séries de nível do mar e equivale<br />

aproximadamente ao nível da média das baixa-mares de sizígia. Assim sendo, sem<br />

que se efetuassem os devidos ajustes, os desníveis também apareceriam na fronteira<br />

que separa as cartas relativas à área fluvial e à área marinha.<br />

Em face do exposto, antes de inserir as profundidades no modelo, GALLO (2004)<br />

efetuou uma correção nos dados batimétricos de forma a referi-los a um mesmo plano.<br />

Esse plano de referência único passou a ser adotado como o nível zero de todo o<br />

domínio da modelagem e equivale aproximadamente ao plano do nível médio do mar<br />

(NMM). Trata-se de uma aproximação, tendo em vista que na verdade o NMM não<br />

pode ser considerado uniforme ao longo do domínio.<br />

46


O procedimento utilizado por GALLO (2004) para a correção foi dividido em duas<br />

etapas. Primeiramente, adicionou-se aos dados batimétricos de cada carta náutica da<br />

área marinha o valor do Z0 equivalente àquela carta. O Z0 corresponde à cota entre o<br />

Nível de Redução e o NMM local. Em segundo lugar, considerou-se para a área sob<br />

influência fluvial uma variação linear do NR de modo que no limite mais a leste, em<br />

torno de 51° W, o NR fosse equivalente ao nível do mar (cota 0 m) e no extremo mais<br />

a oeste, nas imediações do Porto de Santarém (54.74° W), fosse considerado como<br />

3,35m. Esse último valor é igual a soma de 1,80m, referente à cota do zero da régua,<br />

em relação ao NMM, com 1,45m que corresponde ao nível de redução de Santarém.<br />

Tal NR é equivalente a 20% das mínimas registradas naquela régua, em 20 anos de<br />

observação.<br />

Maiores informações sobre as correções efetuadas sobre a batimetria e a sua posterior<br />

validação a partir de comparações com perfis ADCP (Acoustic Doppler Current<br />

Profiler) e com mapas batimétricos produzidos em trabalhos científicos anteriores,<br />

podem ser consultadas em GALLO (2004).<br />

As informações relativas à batimetria utilizadas no estudo de GALLO (op. cit.) e<br />

aproveitadas para este trabalho foram retiradas das cartas náuticas DHN n o : 4101 A,<br />

4103 B, 4103 A, 4102 B, 4102 A, 4101 B e 4101 na escala 1:100000; 244 e 243 na<br />

escala 1:79984; 242, 241 e 204 na escala 1:80000; 200 na escala 1:317059; 41 na<br />

escala 1:356649 e 40 na escala 1:159563.<br />

As batimetrias corrigidas ao NMM foram interpoladas para gerar as profundidades em<br />

cada nó da malha de elementos finitos. A Figura 8 mostra o domínio de modelagem<br />

do estuário do rio Amazonas em coordenadas métricas e as isolinhas de profundidade<br />

empregadas na modelagem.<br />

47


800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Ilha de<br />

Marajó<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Figura 9 – Domínio de modelagem do estuário do rio Amazonas em coordenadas métricas,<br />

mostrando isolinhas de profundidade (batimetrias referidas ao nível médio do mar, NMM).<br />

4.3.2. Rugosidade de fundo<br />

Os valores de rugosidade equivalente do fundo (ε) aplicados à modelagem estão<br />

associados à composição do sedimento de fundo e encontram-se especificados na<br />

Tabela 11 do Apêndice A.<br />

A região do estuário do rio Amazonas apresenta uma extensa gama de depósitos de<br />

sedimentos. GALLO (2004) compilou as informações de diversos trabalhos anteriores<br />

(KINEKE e STENBERG, 1995; KINEKE et al., 1996) e dividiu o domínio em<br />

regiões com os seguintes depósitos:<br />

- fração areia fina (plataforma externa, parte inferior do rio Amazonas até a<br />

desembocadura e o banco Santa Rosa),<br />

- lama consolidada (plataforma interna até a isóbata de 50m, área em frente ao canal<br />

Sul e proximidades do banco do Cabo Norte).<br />

48<br />

Profundidades (m)<br />

100<br />

95<br />

85<br />

65<br />

50<br />

35<br />

20<br />

12<br />

8<br />

5<br />

2


O autor também considerou a presença de lama fluida (silte e argila) defronte à<br />

desembocadura do canal Norte e na porção norte da plataforma Amazônica, de acordo<br />

com o que foi apresentado por GABIOUX (2002) e GABIOUX et al. (2005) ao<br />

estudar a propagação da maré em presença de lama fluida.<br />

A Figura 10 ilustra a distribuição dos valores de rugosidade assumidos na modelagem<br />

em função do sedimento associado.<br />

800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

rio Tapajós<br />

5E-3 m a 1E-2 m<br />

rio Amazonas<br />

1E-9 m<br />

rio Xingú<br />

canal Norte (CN)<br />

canal Sul (CS)<br />

rio Tocantis-Pará<br />

Oceano Atlântico<br />

1E-7 m<br />

1E-2 m<br />

1E-4 m<br />

regiões de amortecimento<br />

Fonte: Gallo (2004)<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Figura 10 – Rugosidade equivalente de fundo adotada no domínio de modelagem segundo<br />

GALLO (2004).<br />

Para a camada de lama consolidada foi proposto o valor equivalente ao fundo de<br />

concreto liso (1×10 -4 m). O leito arenoso foi classificado na faixa de valores relativa ao<br />

leito de terra com transporte de sedimentos (5 a 10 × 10 -3 m). Valores elevados de<br />

rugosidade foram adotados ao longo do rio Pará, assim como na costa sul da<br />

plataforma, visando evitar efeitos de reflexão da onda de maré. No que concerne às<br />

camadas de lama fluida, foi considerada a parametrização proposta por VINZON e<br />

METHA (2001) e por GABIOUX (2002) e GABIOUX et al. (2005). Desta forma,<br />

49


optou-se pelo valor de 1 × 10 -9 m de rugosidade equivalente para representar uma<br />

camada limite viscosa oscilatória (FERNANDES, 2006).<br />

4.3.3. Condições de Contorno Fluvial: vazão dos rios afluentes<br />

As fronteiras continentais deste modelo caracterizam as margens do estuário e seus<br />

rios afluentes onde foi necessário prescrever vazões. Nos nós de fronteira de terra<br />

típicos de margens foi imposto o valor zero para os fluxos normais à fronteira, pois as<br />

margens foram consideradas impermeáveis. Em outras palavras, este trabalho não<br />

adotou áreas de alagamentos laterais. Nos rios foram prescritas as vazões nodais e<br />

imposta uma componente tangencial nula da velocidade para todos os nós.<br />

Apenas os rios de vazão mais significativa, Amazonas, Tapajós, Xingu e Tocantins,<br />

foram considerados de interesse para este trabalho. Os dados relativos às vazões (Q)<br />

desses rios foram obtidos junto à Agência Nacional de Águas 11 (ANA) para as<br />

estações de Óbidos (rio Amazonas), Fortaleza (rio Tapajós), Altamira (rio Xingu) e<br />

Tucuruí (rio Tocantins).<br />

As vazões do Amazonas são superiores em uma ordem de grandeza às vazões dos<br />

demais rios e, portanto, são preponderantes na dinâmica do sistema estuarino. São<br />

apresentados na Figura 11 os hidrogramas de vazões medidas para o ano de 2006<br />

impostos como condição de contorno na modelagem. Na Figura 12 é apresentada uma<br />

comparação entre as vazões medidas em Óbidos nos anos de 2006 e 2007.<br />

11 <br />

50


Vazões (m 3 /s)<br />

300000<br />

250000<br />

200000<br />

150000<br />

100000<br />

50000<br />

0<br />

01/09/2005<br />

15/09/2005<br />

29/09/2005<br />

13/10/2005<br />

Vazões diárias nos rios afluentes em 2006<br />

27/10/2005<br />

10/11/2005<br />

24/11/2005<br />

08/12/2005<br />

22/12/2005<br />

05/01/2006<br />

19/01/2006<br />

02/02/2006<br />

16/02/2006<br />

02/03/2006<br />

16/03/2006<br />

vazão média em Fortaleza - 9986 m 3 /s<br />

vazão média em Altamira - 8458 m 3 /s<br />

vazão média em Tucuruí - 10218 m 3 /s<br />

30/03/2006<br />

13/04/2006<br />

Data<br />

27/04/2006<br />

11/05/2006<br />

25/05/2006<br />

08/06/2006<br />

vazão média em Óbidos - 168170 m 3 /s<br />

Óbidos (Amazonas) Fortaleza (Tapajós) Altamira (Xingu) Tucuruí (Tocantins)<br />

Figura 11– Hidrogramas de vazões diárias para os rios Amazonas, Tapajós, Xingu e Tocantins<br />

vazões (m 3 /s)<br />

300000<br />

250000<br />

200000<br />

150000<br />

100000<br />

50000<br />

0<br />

16-set<br />

30-set<br />

14-out<br />

28-out<br />

11-nov<br />

25-nov<br />

9-dez<br />

23-dez<br />

6-jan<br />

20-jan<br />

3-fev<br />

Vazões em Óbidos<br />

17-fev<br />

3-mar<br />

17-mar<br />

31-mar<br />

22/06/2006<br />

06/07/2006<br />

20/07/2006<br />

vazão média em Óbidos em 2007-<br />

161457m 3 /s<br />

14-abr<br />

datas<br />

28-abr<br />

12-mai<br />

26-mai<br />

9-jun<br />

Óbidos 2006 Óbidos 2007<br />

23-jun<br />

7-jul<br />

21-jul<br />

03/08/2006<br />

4-ago<br />

17/08/2006<br />

18-ago<br />

31/08/2006<br />

1-set<br />

14/09/2006<br />

15-set<br />

28/09/2006<br />

vazão média em Óbidos em 2006 -<br />

168170 m 3 /s<br />

Figura 12 – Hidrogramas de vazões diárias para o rio Amazonas nos anos de 2006 e 2007<br />

29-set<br />

12/10/2006<br />

13-out<br />

26/10/2006<br />

27-out<br />

09/11/2006<br />

10-nov<br />

51


As condições de contorno prescritas nas cabeceiras dos rios correspondem, na prática,<br />

às vazões nodais (q) definidas em função da largura de suas seções transversais (L).<br />

Cada vazão (Q) horária foi distribuída ao longo da seção de forma homogênea,<br />

conforme apresentado no esquema da Figura 13.<br />

L<br />

Q<br />

qi= q =<br />

L<br />

Figura 13 – Esquema ilustrativo das vazões nodais adotadas para o rio Amazonas.<br />

4.3.4. Condições de Contorno Oceânica: a maré astronômica<br />

A imposição da elevação da superfície livre é geralmente a principal forçante prescrita<br />

ao longo dos contornos abertos. Em um domínio de modelagem, contornos abertos<br />

representam limites do domínio como, por exemplo, a entrada de uma baía ou<br />

estuário, e não um contorno físico (ROSMAN, 2008). Os modelos hidrodinâmicos<br />

implementados neste trabalho consideraram apenas a maré astronômica como<br />

forçante no contorno oceânico do domínio.<br />

As condições de maré prescritas para a fronteira aberta do modelo consistiram em<br />

séries de elevações previstas para os anos de 2006 e 2007, geradas a partir dos valores<br />

de constantes harmônicas para 13 componentes de maré (Mm, Mf, O1, Q1, P1, S1, K1,<br />

M2, K2, S2, N2, 2N2 e M4) obtidas do Atlas Global de Maré FES2004 (LYARD et al.,<br />

2006).<br />

52


As informações do FES2004 foram escolhidas para representar a fronteira aberta do<br />

modelo hidrodinâmico pela inexistência de séries de medições de nível do mar<br />

oceânicas que pudessem ser utilizadas nas simulações.<br />

Os dados divulgados nos Atlas FES2004 são reputados o estado-da-arte em cobertura<br />

global de marés. Esse esforço teve início no âmbito da missão Topex / Poseidon (T /<br />

P), quando a comunidade científica internacional dedicada a compreender as marés<br />

em uma escala global assumiu a enorme tarefa de desenvolver novos modelos de<br />

marés, visando a atingir previsões de maré com uma precisão centímétrica. Essa<br />

mobilização internacional se dividiu em duas abordagens principais: a primeira<br />

chamada abordagem empírica, baseada na análise direta das séries temporais do nível<br />

do mar obtidas por altimetria, e uma segunda fundamentada na modelagem<br />

hidrodinâmica e em modelos de assimilação. Posteriormente, a interação entre as duas<br />

concepções foi um fator determinante para o sucesso global na melhoria da acurácia<br />

na previsão, atingindo os requisitos do Topex/Poseidon (LYARD et al., 2006).<br />

O grupo Modélisation des Ecoulements Océaniques à Moyenne et<br />

grande échelle, liderados por Le Provost em Grenoble, seguiu a segunda abordagem,<br />

por meio do desenvolvimento de um modelo hidrodinâmico em elementos finitos<br />

concebido sobre a resolução de equações não-lineares barotrópicas para águas rasas,<br />

para um corpo em rotação, denominado Code aux Eléments Finis pour la Marée<br />

Océanique (CEFMO), e o modelo de assimilação a ele associado, Code d'Assimilation<br />

de Données Orienté Représenteur (CADOR). O CEFMO conta com cerca de 100.000<br />

nós computacionais de cálculo na malha de elementos finitos (P2 Lagrange). Por meio<br />

do CADOR, são assimiladas as constantes harmônicas provenientes da análise dos<br />

dados de altimetria por satélite (337 pontos de cruzamento das passagens T/P e 1254<br />

pontos de cruzamento do ERS) e das medições provenientes de 671 estações<br />

maregráficas. Os atlas produzidos a partir desses modelos receberam o genérico nome<br />

de Soluções em Elementos Finitos (FES). As principais divulgações deste grupo de<br />

pesquisa de Grenoble formaram uma produção bianual praticamente contínua entre<br />

1992 e 2004, incluindo o FES95, o FES99 e o FES2004 (LYARD et al., 2006).<br />

53


O atlas FES2004 apresenta resolução de 1/8° para as ondas de maré Mm, Mtm,<br />

Msqm, Mf, O1, Q1, P1, S1, K1, M2, K2, S2, N2, 2N2 e M4. A Figura 14 e a Figura 15<br />

apresentam mapas de isolinhas de maré em amplitude e fase, respectivamente, para a<br />

componente M2 , gerados a partir dos dados do FES2004 na área de interesse.<br />

800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Amplitudes de M2 (cm)<br />

210<br />

200<br />

190<br />

180<br />

170<br />

160<br />

150<br />

140<br />

130<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

-10<br />

Barra Norte<br />

Ilha de<br />

Marajó<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Figura 14 – Amplitudes de M2 para o estuário do rio Amazonas (FES2004).<br />

800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Fases de M2 (rad)<br />

7<br />

6.5<br />

6<br />

5.5<br />

5<br />

4.5<br />

4<br />

3.5<br />

3<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

Barra Norte<br />

Ilha de<br />

Marajó<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Figura 15 – Fases de M2 para o estuário do rio Amazonas (FES2004).<br />

54


O pré-processamento dos dados para a imposição da condição de fronteira aberta<br />

divide-se basicamente nas seguintes etapas:<br />

- Cálculo dos pares de constantes harmônicas (amplitudes e fases) para cada nó da<br />

fronteira, por meio de interpolação espacial das constantes extraídas da base de dados<br />

do FES2004 para a área de estudo, devidamente convertidas para as coordenadas<br />

métricas do modelo. Para tornar as informações do atlas compatíveis com a resolução<br />

espacial do modelo, foram construídas três grades (grids) para o domínio contendo as<br />

interpolações para cada onda de maré 12 . A gridagem 13 foi execuada com auxílio do<br />

programa Surfer 8 da Golden Software Inc (www.goldensoftware.com) e a técnica<br />

escolhida para a interpolação espacial foi o Kriging (ISAAKS e SRIVASTAVA,<br />

1989; JOURNEL, 1989; CRESSIE, 1990; CRESSIE, 1991).;<br />

- Inserção dos pares de constantes no Módulo de Análise e Previsão de marés do<br />

SisBaHiA® para cada um dos 63 nós da fronteira aberta do modelo, compondo uma<br />

base de dados específica para a previsão de marés;<br />

- Realização de previsões de séries horárias sintéticas para os nós do contorno<br />

oceânico com o módulo de previsão de marés do SisBaHiA®, cobrindo os dois<br />

períodos de simulação: 01/09/2005 a 13/11/2006 e 1/09/2006 a 31/12/2007. Estas<br />

previsões foram posteriormente corrigidas para o fuso -3 (P), visto que os dados<br />

originais do FES2004 referem-se a Greenwich; e<br />

- Importação das informações de séries horárias para um arquivo compatível com o<br />

formato de entrada de dados do modelo hidrodinâmico. O gráfico da Figura 16<br />

exemplifica 48 horas de séries temporais de entrada em seis nós do contorno<br />

oceânico.<br />

12 Para cada uma das componentes de maré considerada utilizou-se uma grade para a amplitude, e duas para a fase, já que esta<br />

última foi decomposta em seno e cosseno. Posteriormente, as grades de senos e cossenos foram combinadas para se chegar aos<br />

valores de fase em graus.<br />

13 Gridagem é um processo de interpolação de dados distribuídos em uma malha regularmente espaçada (grade) e referidos a um<br />

sistema de coordenadas x-y devidamente especificado.<br />

55


Elevações em cm acima do NMM<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

12/11/06 0:00<br />

12/11/06 2:00<br />

12/11/06 4:00<br />

12/11/06 6:00<br />

12/11/06 8:00<br />

Séries temporais de entrada em seis nós da fronteira aberta<br />

12/11/06 10:00<br />

12/11/06 12:00<br />

12/11/06 14:00<br />

12/11/06 16:00<br />

12/11/06 18:00<br />

12/11/06 20:00<br />

12/11/06 22:00<br />

13/11/06 0:00<br />

data-hora<br />

nó 4283 nó 4281 nó 4279 nó 4277 nó 4275 nó 4273<br />

Figura 16 – Exemplo de séries temporais impostas como condição de contorno oceânica.<br />

13/11/06 2:00<br />

13/11/06 4:00<br />

13/11/06 6:00<br />

13/11/06 8:00<br />

13/11/06 10:00<br />

13/11/06 12:00<br />

13/11/06 14:00<br />

13/11/06 16:00<br />

13/11/06 18:00<br />

13/11/06 20:00<br />

13/11/06 22:00<br />

14/11/06 0:00<br />

56


Capítulo 5<br />

5. Ajuste do modelo e análises de sensibilidade à batimetria<br />

5.1. Dados e informações consideradas para o ajuste do modelo<br />

Os resultados das simulações numéricas foram confrontados aos dados medidos (ou<br />

na falta dos mesmos, às previsões de maré) nos pontos onde estão localizadas estações<br />

maregráficas cadastradas no BNDO. A Tabela 3 destaca as estações próximas à Barra<br />

Norte onde ocorreram as medições, com os respectivos períodos de funcionamento<br />

dos marégrafos e também as informações sobre as constantes harmônicas (CH) que<br />

foram solicitadas ao BNDO e que viabilizaram o cálculo das previsões. As<br />

comparações permitiram que alguns parâmetros do modelo fossem alterados com a<br />

intenção de melhorar os resultados das simulações, principalmente para a área de<br />

relevância para esta pesquisa que é o Canal da Barra Norte. O Apêndice B expõe<br />

todas tabelas de CH utilizadas neste trabalho e Fichas de Descrição de Estação<br />

Maregráfica da estação Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte).<br />

Durante os anos de 2006 e de 2007 foram realizadas duas campanhas de coleta de<br />

dados pelo Navio Hidrográfico Sirius na região da Barra Norte (Comissão<br />

oceanográfica BARRA NORTE 1/2006 e BARRA NORTE 1/2007), dentro do escopo<br />

do Projeto “Modelagem hidrodinâmica e monitoramento do nível do mar na Barra<br />

Norte do Rio Amazonas – Correção de sondagens para construção da Carta Náutica”.<br />

O projeto é fruto de um convênio entre a Marinha do Brasil e a <strong>COPPE</strong>/<strong>UFRJ</strong> e tem<br />

como objetivo melhorar o monitoramento ambiental na região Barra Norte do Rio<br />

Amazonas, a fim de contribuir para a segurança da navegação, reduzindo os riscos de<br />

acidentes, aprimorando as possibilidades econômicas no transporte mercante e<br />

contribuindo para a conservação do meio ambiente (BARRA NORTE, 2006; BARRA<br />

NORTE, 2007).<br />

57


Tabela 3 – Estações consideradas para o ajuste do modelo.<br />

Estação<br />

Maregráfica<br />

Período de Observação<br />

Plataforma Penrod x-x-x-x-x<br />

Santa Maria do Cocal x-x-x-x-x<br />

Igarapé do Inferno<br />

(Ilha de Maracá)<br />

x-x-x-x-x<br />

Ponta Guará x-x-x-x-x<br />

Escola do Igarapé<br />

Grande do Curuá<br />

(Barra Norte)<br />

11/05/2006 a 17/06/2006<br />

16/06/2007 a 11/08/2007<br />

Canivete x-x-x-x-x<br />

Santana<br />

10/05/2006 a 20/06/2006<br />

26/06/2007 a 24/08/2007<br />

Afuá x-x-x-x-x<br />

Chaves x-x-x-x-x<br />

Vila Nazaré<br />

09/05/2006 a 18/06/2006<br />

22/06/2007 a 20/08/2007<br />

Ilha do Machadinho x-x-x-x-x<br />

Cabo Maguari x-x-x-x-x<br />

Período de observação que<br />

originou o cálculo das CH<br />

11/01/1974 a 11/02/1974<br />

(32 dias)<br />

22/05/1972 a 22/06/1972<br />

(32 dias)<br />

02/06/1971 a 03/07/1971<br />

(32 dias)<br />

14/04/1970 a 15/05/1970<br />

(32 dias)<br />

09/11/1996 a 10/12/1996<br />

(32 dias)<br />

02/06/1995 a 31/07/1996<br />

(426 dias)<br />

24/06/1957 a 16/06/1958<br />

(365 dias)<br />

05/08/1974 a 05/09/1974<br />

(32 dias)<br />

19/06/1966 a 20/07/1966<br />

(32 dias)<br />

23/08/1973 a 21/10/1973<br />

(60 dias)<br />

03/11/1996 a 06/12/1996<br />

(34 dias)<br />

16/07/1971 a 16/08/1971<br />

(32 dias)<br />

Número de<br />

Componentes<br />

Durante essas campanhas foram lançados diversos instrumentos, dispostos em uma<br />

“gaiola”, em pontos específicos de fundeios ao longo do Canal Grande do Curuá. Os<br />

equipamentos utilizados foram os seguintes: um perfilador CTD - 1 (Conductivity<br />

Temperature Depth), um correntógrafo acústico pontual (ADV - Acoustic Doppler<br />

Velocimeter), um medidor do tamanho médio das partículas in-situ (LISST-25X -<br />

Laser Instrument Suspended Sediment), dois turbidímetros (OBS – Optical backscattering<br />

sensor) e uma bomba tipo “sapo” para coleta de amostras de água a<br />

diferentes profundidades. Foram medidos perfis verticais de velocidade por meio de um<br />

ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler de 600 kHz). Em 2007 também foram<br />

medidas a densidade e viscosidade do fluido por meio de um reômetro DENSITUNE<br />

(BARRA NORTE, 2006; BARRA NORTE, 2007).<br />

Com isso, foram realizadas em diferentes pontos, medições de concentração de<br />

sedimentos em suspensão, tamanho das partículas e amostragens de sedimento em<br />

superfície, no fundo e ao longo da coluna de água a diferentes profundidades.<br />

36<br />

36<br />

42<br />

36<br />

27<br />

65<br />

32<br />

36<br />

36<br />

25<br />

34<br />

36<br />

58


Medições de condutividade, salinidade e temperatura também foram registradas,<br />

durante os fundeios, a cada 3 horas, mediante um condutivímetro, e perfis verticais de<br />

temperatura, salinidade e pressão foram medidos com CTD pela equipe do NHi<br />

Sirius.<br />

No período dos fundeios o ecobatímetro de bordo permaneceu em funcionamento<br />

durante 13 horas, a fim de se tentar obter as características de maré nas imediações da<br />

Barra Norte. Os dados assim coletados também foram comparados aos resultados da<br />

modelagem. A localização das estações maregráficas e dos pontos de fundeio estão<br />

assinalados na Figura 17. Nesta figura, as estações Escola do Igarapé Grande do<br />

Curuá e Ponta do Céu I estão identificadas como Barra Norte.<br />

800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Localização das Estações<br />

e Pontos de Fundeio<br />

Macapá<br />

Santana<br />

Canivete<br />

Barra Norte<br />

Penrod<br />

Santa Maria do Cocal<br />

Ilha de Maracá<br />

Guará<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Afuá<br />

Chaves<br />

Vila Nazaré<br />

Machadinho<br />

Maguari<br />

Pontos de Fundeio de 2006 Pontos de Fundeio de 2007 Estações Maregráficas<br />

Figura 17 – Mapa de localização das estações maregráficas e dos pontos de fundeio do NHi Sirius.<br />

59


A Figura 18 apresenta uma foto da estação maregráfica Escola do Igarapé Grande do<br />

Curuá (Barra Norte), que consistiu na estação mais importante para o<br />

desenvolvimento deste estudo, em virtude de estar mais próxima à área de sondagem<br />

e, por esse motivo, ser a estação de referência para a redução de sondagens naquela<br />

região.<br />

Figura 18 – Foto da Estação Maregráfica Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte).<br />

Foram utilizados igualmente, a título de comparação com os resultados do modelo<br />

numérico, os dados coletados em dezembro de 2007 na estação maregráfica Ponta do<br />

Céu I, conforme já mencionado. Fotos desta nova estação foram cedidas pelo CHM e<br />

encontram-se dispostas na Figura 19.<br />

60


Figura 19 – Fotos da estação maregráfica Ponta do Céu I em dois ângulos diferentes.<br />

5. 2. A qualificação das séries simuladas.<br />

A qualificação dos resultados provenientes das simulações foi feita mediante<br />

comparação aos dados coletados nas estações maregráficas e nos pontos de fundeio.<br />

Também foram feitas previsões de maré horárias pelo método harmônico para os<br />

pontos da malha correspondentes a estações maregráficas. As previsões foram feitas<br />

com o módulo “previsão” do pacote PACMARÉ (FRANCO, 2003) com as constantes<br />

harmônicas provenientes da base do BNDO.<br />

Nas análises comparativas foram avaliados os seguintes parâmetros estatísticos<br />

(EMERY e THOMSON, 2001; SUTHERLAND et. al., 2004):<br />

• MAE (Mean Absolute Error): erro médio absoluto, correspondente à média<br />

dos valores absolutos das diferenças entre os valores medidos e os calculados.<br />

61


Onde:<br />

Trata-se de um indicador estatístico interessante para avaliar a magnitude da<br />

diferença, independente do fato dela ser positiva ou negativa.<br />

MAE = Y − X<br />

(1)<br />

X corresponde à série de valores observados,<br />

Y corresponde à série de valores previstos (no caso, simulados com o modelo),<br />

a barra horizontal significa a média e os colchetes representam o módulo.<br />

• RMAE (Relative Mean Absolute Error). Consiste em um estimador de erro<br />

relativo recomendado por SUTHERLAND et. al. (2004). Um resultado de<br />

RMAE igual à zero significa um ajuste perfeito entre as séries temporais<br />

confrontadas, o que na prática jamais será observado. Um RMAE igual à um<br />

significa que as diferenças encontradas são da mesma magnitude dos valores<br />

observados.<br />

Y − X MAE<br />

RMAE = =<br />

(2)<br />

X X<br />

Onde: o denominador corresponde a média dos valores absolutos da observação.<br />

X<br />

=<br />

1<br />

N<br />

N<br />

∑<br />

n=<br />

1<br />

xn<br />

Onde: n é o número de dados da série temporal analisada.<br />

Apesar da tradução literal de ambos os parâmeros conter a terminologia “erro”, esta<br />

palavra foi substituída propositalmente, em toda a interpretação dos resultados, pelo<br />

termo “diferença”. Isso foi feito porque, ao se comparar os resultados do modelo aos<br />

dados observados e também à previsão harmônica, buscou-se de alguma forma avaliar<br />

quantitativamente as diferenças encontradas já que não se tem o “valor verdadeiro” da<br />

(3)<br />

62


comparação. Em outras palavras, eventualmente diferenças significativas encontradas<br />

nos resultados não necessariamente confirmam um problema na modelagem, mas<br />

podem eventualmente indicar alguma inconsistência nas medições ou mesmo nas<br />

constantes harmônicas empregadas.<br />

As diferenças em fase de cada par de séries temporais avaliado foram estimadas<br />

através da função de correlação cruzada. O cálculo estatístico foi computado no<br />

aplicativo Matlab (www.mathworks.com). O programa retorna uma seqüência de<br />

coeficientes de correlação para cada intervalo de tempo considerado, τ (time lag), com<br />

intervalo de confiança de 95%. As defasagens foram escolhidas a partir dos melhores<br />

resultados de correlação. Para que os resultados fossem dados com resolução temporal<br />

de um minuto, as seqüências horárias analisadas sofreram antes um processo de<br />

interpolação cubic spline. As fórmulas relativas à função de correlação cruzada e<br />

alguns exemplos voltados para dados oceanográficos podem ser consultadas em<br />

EMERY e THOMSON (2001). As rotinas de interpolação e cálculo da função de<br />

interpolação constam no Apêndice D desta dissertação.<br />

5.3. Resultados das simulações<br />

Os resultados da primeira rodada do ano de 2006 não foram satisfatórios para a região<br />

do Canal Norte. Ao se comparar os níveis calculados pelo modelo aos dados<br />

observados no período de 11/05 a 17/06 de 2006 na estação de referência (Barra<br />

Norte), foram encontradas diferenças de fase de 44 minutos (o modelo estando mais<br />

adiantado do que a série temporal observada) com coeficiente de correlação de 0,97.<br />

Além disso, foram verificadas significativas diferenças nas alturas de maré (Figura 20<br />

e Figura 21), em alguns casos superiores a 1m em função da defasagem.<br />

Para que fosse possível realizar as comparações entre os dados e o resultado do<br />

modelo, ambas as séries foram referidas a um nível médio coincidente e<br />

numericamente igual ao zero do modelo.<br />

Em função da qualidade dos resultados preliminares obtidos, optou-se pela realização<br />

de uma segunda rodada, modificando as condições da fronteira oceânica. Desse modo,<br />

63


cada uma das 63 previsões prescritas para os nós da fronteira oceânica foi atrasada em<br />

44 minutos. Este ajuste foi feito visando calibrar o modelo à observação da estação<br />

Barra Norte.<br />

Alturas (m)<br />

2.5000<br />

2.0000<br />

1.5000<br />

1.0000<br />

0.5000<br />

0.0000<br />

-0.5000<br />

-1.0000<br />

-1.5000<br />

-2.0000<br />

-2.5000<br />

11/5/06 9:36 11/5/06<br />

14:24<br />

11/5/06<br />

19:12<br />

Modelo x Observação (primeira rodada)<br />

Estação Barra Norte<br />

12/5/06 0:00 12/5/06 4:48 12/5/06 9:36 12/5/06<br />

14:24<br />

Data-Hora<br />

12/5/06<br />

19:12<br />

Modelo Observação Modelo interp Observação Interp<br />

13/5/06 0:00 13/5/06 4:48 13/5/06 9:36<br />

Figura 20 – Gráfico apresentando a comparação entre os resultados do modelo e as observações<br />

para o período compreendido entre 11/05 a 13/05 de 2006. A interpolação temporal das séries foi<br />

feita com a função Cubic Spline.<br />

64


Coeficientes de Correlação<br />

1<br />

0.95<br />

0.9<br />

0.85<br />

0.8<br />

0.75<br />

0,97574<br />

Resultados da Correlação Cruzada<br />

Estação Barra Norte<br />

-60<br />

-58<br />

-56<br />

-54<br />

-52<br />

-50<br />

-48<br />

-46<br />

-44<br />

-42<br />

-40<br />

-38<br />

-36<br />

-34<br />

-32<br />

-30<br />

-28<br />

-26<br />

-24<br />

-22<br />

-20<br />

-18<br />

-16<br />

-14<br />

-12<br />

-10<br />

-8<br />

-6<br />

-4<br />

-2<br />

0<br />

2<br />

4<br />

6<br />

8<br />

10<br />

12<br />

14<br />

16<br />

18<br />

20<br />

Defasagem (minuto)<br />

Figura 21 – Correlação cruzada entre o resultado do modelo e a série observada na estação<br />

Barra Norte, indicando que o modelo está adiantado 44 minutos em relação aos dados.<br />

Após o ajuste na fronteira oceânica, os resultados para a área de interesse melhoraram<br />

consideravelmente, conforme pode ser observado nos valores assinalados em azul e<br />

vermelho na Tabela 4.<br />

65


Tabela 4 – Resultados alcançados com a segunda rodada de 2006 em comparação com os níveis<br />

observados e previstos para as estações do domínio. Destaque para os valores assinalados em<br />

vermelho e azul correspondentes à área de interesse. Nas colunas “prevmod” foi feita a<br />

comparação entre a previsão harmônica e o modelo e nas colunas “obsmod” houve a comparação<br />

entre a observação e o modelo.<br />

Estação MAE(m) RMAE defasagem MAE (m) RMAE Defasagem<br />

prevmod prevmod prevmod obsmod obsmod obsmod<br />

Penrod 0.38 0.61 -35 xxxx xxxx xxxx<br />

Santa Maria do Cocal 0.80 0.46 -46 xxxx xxxx xxxx<br />

Ilha de Maracá 1.24 0.52 -53 xxxx xxxx xxxx<br />

Guará 0.34 0.52 -13 xxxx xxxx xxxx<br />

Barra Norte 0.22 0.22 -12 0.23 0.21 -6<br />

Fundeio 1* xxxx xxxx xxxx 0.14 0.24 0<br />

Fundeio 2* xxxx xxxx xxxx 0.16 0.23 0<br />

Fundeio 3* xxxx xxxx xxxx 0.12 0.18 0<br />

Fundeio 4* xxxx xxxx xxxx 0.12 0.15 0<br />

Fundeio 5* xxxx xxxx xxxx 0.10 0.13 0<br />

Fundeio 6* xxxx xxxx xxxx 0.11 0.18 0<br />

Canivete 0.20 0.26 -13 xxxx xxxx xxxx<br />

Santana 0.29 0.38 -22 0.22 0.30 -7<br />

Afuá 0.39 0.75 -65 xxxx xxxx xxxx<br />

Chaves 0.55 0.71 -69 xxxx xxxx xxxx<br />

Vila Nazaré 0.58 0.63 -69 0.61 0.55 -49<br />

Machadinho 0.59 0.69 -69 xxxx xxxx xxxx<br />

Maguari 0.56 0.69 -69 xxxx xxxx xxxx<br />

A defasagem entre a observação e o modelo passou para -6 minutos na Barra Norte, o<br />

que significa que após a modificação da fronteira oceânica a observação ainda ficou<br />

um pouco adiantada em relação ao modelo. Nas alturas, as diferenças em termos de<br />

valores absolutos (MAE) foram em média de 23 cm, o que corresponde a algo em<br />

torno de 5,75% da altura de maré do local (que é de aproximadamente 4m). O RMAE<br />

para a Barra Norte foi calculado em 0,21.<br />

Mesmo com toda a imprecisão dos dados discretos obtidos com o ecobatímetro nos<br />

pontos de fundeio e dispondo de apenas 13 horas de observação, foi possível<br />

confrontá-los aos resultados do modelo. As diferenças encontradas foram ainda<br />

menores do que aquelas verificadas na estação de referência, variando de 10 a 16 cm<br />

nos seis pontos observados. Além disso, não houve defasagem entre as curvas. Esse<br />

resultado foi considerado bastante interessante, uma vez que são os pontos de fundeio<br />

que realmente se encontram efetivamente localizados dentro da área de sondagem, ao<br />

contrário da estação de referência.<br />

66


O ajuste do modelo considerou somente a região do Canal Grande do Curuá, os<br />

resultados para as demais estações não foram considerados. Assim sendo, o modelo<br />

com esta calibração não deverá ser utilizado para subsidiar o mesmo tipo de estudo<br />

fora da região da Barra Norte.<br />

Os resultados da modelagem foram igualmente comparados à maré prevista para<br />

Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte). Em termos de média das<br />

diferenças absolutas e RMAE, os resultados foram bastante consistentes com os<br />

obtidos quando da comparação do modelo com a observação. No entanto, a diferença<br />

de fase entre o modelo e a previsão harmônica na estação de referência foi ainda<br />

maior (a previsão está adiantada em relação ao modelo em 12 minutos). A Figura 22<br />

ilustra esquematicamente as defasagens entre as séries temporais comparadas para a<br />

Barra Norte.<br />

6 minutos 12 minutos<br />

6 minutos<br />

Modelo<br />

Observação<br />

Previsão<br />

Harmônica<br />

Figura 22 – Defasagens entre a série temporal de nível resultante da segunda simulação para o<br />

ano de 2006, a previsão harmônica e os dados coletados para a estação Barra Norte.<br />

As análises comparativas mostram que a ordem de grandeza da defasagem encontrada<br />

entre o modelo e os dados e entre o modelo e a previsão das Tábuas das Marés, para a<br />

Barra Norte, é a mesma (inferior a 10 minutos). É importante frisar que as defasagens<br />

encontradas são inferiores a 10 minutos, valor da resolução do registro analógico do<br />

marégrafo e referência para o cálculo das incertezas na fase das séries analisadas.<br />

67


No que diz respeito à comparação entre a maré prevista e a observada, as diferenças<br />

encontradas foram em média de ± 24 cm e o RMAE correspondeu a 0,23. Ou seja, as<br />

incertezas relacionadas à previsão atualmente realizada pelo CHM para aquela área<br />

são da mesma magnitude que aquelas encontradas na comparação entre o modelo e os<br />

dados observados.<br />

As Figura 23, Figura 24 e Figura 25 ilustram os resultados comparativos entre as<br />

séries obtidas por simulação e os pontos de fundeio.<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Fundeio 1/2006<br />

-1.5<br />

3/6/06 7:12 3/6/06 9:36 3/6/06 12:00 3/6/06 14:24 3/6/06 16:48 3/6/06 19:12 3/6/06 21:36 4/6/06 0:00<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 1<br />

Fundeio 2/2006<br />

-1.5<br />

4/6/06 7:12 4/6/06 9:36 4/6/06 12:00 4/6/06 14:24 4/6/06 16:48 4/6/06 19:12 4/6/06 21:36 5/6/06 0:00<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 2<br />

1<br />

Barra Norte<br />

400000<br />

600000 700000 800000 900000<br />

Figura 23 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o ecobatímetro e séries<br />

de níveis modelados nos pontos 1 e 2.<br />

1<br />

600000<br />

550000<br />

500000<br />

450000<br />

Ilha de Maracá<br />

Detalhe da Barra Norte<br />

Guará<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

68


Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Fundeio 3/2006<br />

-1.5<br />

5/6/06 0:00 5/6/06 2:24 5/6/06 4:48 5/6/06 7:12 5/6/06 9:36 5/6/06 12:00 5/6/06 14:24 5/6/06 16:48<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 3<br />

Fundeio 4/2006<br />

-1.5<br />

5/6/06 16:48 5/6/06 19:12 5/6/06 21:36 6/6/06 0:00 6/6/06 2:24 6/6/06 4:48 6/6/06 7:12 6/6/06 9:36<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 4<br />

Figura 24 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o ecobatímetro e séries<br />

de níveis modelados nos pontos 3 e 4.<br />

1<br />

600000<br />

550000<br />

500000<br />

450000<br />

Ilha de Maracá<br />

Detalhe da Barra Norte<br />

Guará<br />

2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

Barra Norte<br />

400000<br />

600000 700000 800000 900000<br />

69<br />

5<br />

6


Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Fundeio 5/2006<br />

-1.5<br />

6/6/06 12:00 6/6/06 14:24 6/6/06 16:48 6/6/06 19:12 6/6/06 21:36 7/6/06 0:00 7/6/06 2:24 7/6/06 4:48<br />

Data-Hora<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Modelo Fundeio 5<br />

Fundeio 6/2006<br />

-1.5<br />

7/6/06 4:48 7/6/06 7:12 7/6/06 9:36 7/6/06 12:00 7/6/06 14:24 7/6/06 16:48 7/6/06 19:12 7/6/06 21:36<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 6<br />

Figura 25 – Comparação entre valores discretos de fundeio, obtidos com o ecobatímetro e séries<br />

de níveis modelados nos pontos 5 e 6.<br />

Os dados utilizados nas comparações referem-se apenas ao período de<br />

aproximadamente um mês durante a cheia do Amazonas e, com isso, não é possível<br />

verificar o grau de acerto do modelo no período de estiagem do rio no ano de 2006.<br />

Por outro lado, a previsão harmônica utilizada para a comparação com o modelo foi<br />

feita com as constantes oriundas de uma análise de 32 dias referentes a um período de<br />

seca. Apesar da validade destas constantes ser discutível para o cálculo de previsão<br />

1<br />

600000<br />

550000<br />

500000<br />

450000<br />

Ilha de Maracá<br />

Detalhe da Barra Norte<br />

Guará<br />

2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

Barra Norte<br />

400000<br />

600000 700000 800000 900000<br />

70<br />

5<br />

6


para um ano inteiro, este conjunto de constantes é o que consta como “padrão” no<br />

BNDO, tanto para o cálculo do atual NR da estação Escola do Igarapé Grande do<br />

Curuá, quanto para a confecção das Tábuas das Marés.<br />

Um outro aspecto importante a ser mencionado é que os dados observados na estação<br />

Barra Norte apresentaram flutuações de nível médio de até 48,98 cm durante o<br />

período de ocupação da estação maregráfica. Esse nível médio foi obtido por média<br />

móvel de 25 horas (Figura 26). As causas dessas flutuações podem estar relacionadas<br />

a fenômenos naturais de escala local, já que a estação está montada dentro de um<br />

igarapé, à presença de ventos, ou até mesmo a problemas no funcionamento do<br />

equipamento.<br />

Alturas (cm) acima do zero da régua<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

8/5/06 0:00<br />

13/5/06 0:00<br />

18/5/06 0:00<br />

Observações na estação Barra Norte<br />

23/5/06 0:00<br />

28/5/06 0:00<br />

Data-Hora<br />

2/6/06 0:00<br />

7/6/06 0:00<br />

dados observados na cheia de 2006 Nível Médio<br />

Figura 26 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante a<br />

sondagem de 2006 e flutuações locais do nível médio.<br />

Após a retirada das oscilações de baixa-frequência registradas na observação, os<br />

dados filtrados (Figura 27) foram novamente comparados ao modelo e a média do<br />

módulo das diferenças (MAE) passou para 16 cm, 4% da altura de maré local (contra<br />

os 23 cm observados na comparação com os dados originais).<br />

12/6/06 0:00<br />

17/6/06 0:00<br />

71<br />

22/6/06 0:00


Alturas (cm) acima do zero da régua<br />

350<br />

250<br />

150<br />

50<br />

-50<br />

-150<br />

-250<br />

-350<br />

8/5/06 0:00<br />

13/5/06 0:00<br />

18/5/06 0:00<br />

Observações na estação Barra Norte<br />

23/5/06 0:00<br />

28/5/06 0:00<br />

Data-Hora<br />

2/6/06 0:00<br />

7/6/06 0:00<br />

dados observados na cheia de 2006 filtrados Nível Médio<br />

Figura 27– Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante a<br />

sondagem após ter sido filtrada a oscilação de baixa-frequência.<br />

Ao se visualizar as séries de níveis obtidas com o modelo e medidas na estação<br />

maregráfica em três escalas temporais distintas, percebe-se que as diferenças de<br />

alturas encontradas são devidas às maiores alturas da série de medições em detrimento<br />

das séries simuladas (Figura 28, Figura 29 e Figura 30). As diferenças mais<br />

significativas parecem ocorrer nas baixa-mares e as curvas apresentam graus de<br />

assimetria diferenciados.<br />

Alturas (m)<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

1<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

11/5/06<br />

12:00<br />

13/5/06<br />

14:00<br />

15/5/06<br />

16:00<br />

17/5/06<br />

18:00<br />

19/5/06<br />

20:00<br />

21/5/06<br />

22:00<br />

24/5/06<br />

0:00<br />

26/5/06<br />

2:00<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

36 dias<br />

28/5/06<br />

4:00<br />

30/5/06<br />

6:00<br />

1/6/06<br />

8:00<br />

Observação Modelo<br />

Figura 28 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 36<br />

dias de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

3/6/06<br />

10:00<br />

5/6/06<br />

12:00<br />

7/6/06<br />

14:00<br />

12/6/06 0:00<br />

9/6/06<br />

16:00<br />

11/6/06<br />

18:00<br />

17/6/06 0:00<br />

13/6/06<br />

20:00<br />

22/6/06 0:00<br />

15/6/06<br />

22:00<br />

72


Alturas (m)<br />

-2.5<br />

-2<br />

-1.5<br />

-1<br />

-0.5 0<br />

0.5 1<br />

1.5 2<br />

2.5<br />

11/5/06 0:00<br />

12/5/06 0:00<br />

13/5/06 0:00<br />

14/5/06 0:00<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

oito dias<br />

15/5/06 0:00<br />

16/5/06 0:00<br />

Observação Modelo<br />

Figura 29 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 8<br />

dias de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

Alturas (m)<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

11/5/06 12:00<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

1 dia<br />

Observação Modelo<br />

Figura 30 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 24<br />

horas de 2006 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

Nas Figuras apresentadas a seguir (Figura 31e Figura 32) foi incluída a maré prevista<br />

pelo método harmônico.<br />

17/5/06 0:00<br />

18/5/06 0:00<br />

19/5/06 0:00<br />

20/5/06 0:00<br />

73<br />

21/5/06 0:00


Alturas (m)<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

11/5/06 0:00<br />

12/5/06 0:00<br />

13/5/06 0:00<br />

14/5/06 0:00<br />

Observação x Modelo x Previsão<br />

Estação Barra Norte<br />

8 dias<br />

15/5/06 0:00<br />

16/5/06 0:00<br />

17/5/06 0:00<br />

Observação Modelo Previsão Harmônica<br />

Figura 31– Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 8<br />

dias comparados ao resultados do modelo e à previsão harmônica (nível de referência: zero do<br />

modelo) em 2006.<br />

Alturas (m)<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

11/5/06 12:00<br />

11/5/06 16:48<br />

Observação x Modelo x Previsão<br />

Estação Barra Norte<br />

1 dia<br />

11/5/06 21:36<br />

Observação Modelo Previsão Harmônica<br />

12/5/06 2:24<br />

Figura 32 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 24<br />

horas, comparados ao resultado do modelo e à previsão harmônica (nível de referência: zero do<br />

modelo) em 2006.<br />

Em 2007, na estação Barra Norte, o nível médio sofreu flutuações menos intensas do<br />

que as observadas em 2006 (Figura 33). O valor mínimo encontrado foi de – 28,7cm e<br />

o máximo 26,38cm. No entanto, a mesma tendência observada em 2006, no que tange<br />

à assimetria e diferenças nas alturas, foi constatada em 2007, conforme pode ser<br />

visualizado nas Figura 34, Figura 35 eFigura 36. Em valores absolutos, a média<br />

12/5/06 7:12<br />

12/5/06 12:00<br />

18/5/06 0:00<br />

19/5/06 0:00<br />

20/5/06 0:00<br />

74


encontrada para as diferenças entre a simulação e os dados de 2007 (filtrados) foi de<br />

16,7 cm (RMAE= 0,16).<br />

Os dados coletados com o ecobatímetro nos fundeios de 2007 não apresentaram a<br />

mesma qualidade daqueles relativos à campanha de 2006 e não foram utilizados para<br />

o cálculo de diferenças.<br />

Alturas (cm) acima do zero da régua<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

Observações na Estação Barra Norte<br />

0<br />

7/6/07 0:00 17/6/07 0:00 27/6/07 0:00 7/7/07 0:00 17/7/07 0:00 27/7/07 0:00 6/8/07 0:00 16/8/07 0:00<br />

Data-Hora<br />

Dados observados na cheia de 2007 Nível Médio<br />

Figura 33 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante a<br />

sondagem de 2007 e flutuações locais do nível médio.<br />

Alturas (m)<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

16/06/07<br />

17/06/07<br />

18/06/07<br />

18/06/07<br />

19/06/07<br />

20/06/07<br />

21/06/07<br />

22/06/07<br />

22/06/07<br />

23/06/07<br />

24/06/07<br />

25/06/07<br />

26/06/07<br />

26/06/07<br />

27/06/07<br />

28/06/07<br />

29/06/07<br />

29/06/07<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

36 dias<br />

30/06/07<br />

01/07/07<br />

02/07/07<br />

03/07/07<br />

03/07/07<br />

04/07/07<br />

05/07/07<br />

06/07/07<br />

Observação Modelo<br />

Figura 34 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 36<br />

dias de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

07/07/07<br />

07/07/07<br />

08/07/07<br />

09/07/07<br />

10/07/07<br />

11/07/07<br />

11/07/07<br />

12/07/07<br />

13/07/07<br />

14/07/07<br />

15/07/07<br />

15/07/07<br />

16/07/07<br />

75<br />

17/07/07<br />

18/07/07<br />

18/07/07<br />

19/07/07<br />

20/07/07<br />

21/07/07


Alturas (m)<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

16/06/07<br />

17/06/07<br />

18/06/07<br />

19/06/07<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

8 dias<br />

20/06/07<br />

21/06/07<br />

Observação Modelo<br />

Figura 35 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 8<br />

dias de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

Alturas (m)<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

16/06/07<br />

16/06/07<br />

16/06/07<br />

Observação x Modelo<br />

Estação Barra Norte<br />

1 dia<br />

17/06/07<br />

Observação Modelo<br />

Figura 36 – Dados observados na Escola do Igarapé Grande do Curuá (Barra Norte) durante 24<br />

horas de 2007 e resultados do modelo (nível de referência: zero do modelo).<br />

Os dados coletados com o sensor radar em dezembro de 2007, na Estação Ponta do<br />

Céu I, único período disponível para a época de estiagem do rio Amazonas, também<br />

foram comparados aos resultados do modelo. Gráficos em diferentes escalas constam<br />

nas Figura 37 e Figura 38. Através de uma análise comparativa foram encontradas<br />

diferenças de, em média, 20,87 cm usando os dados efetivamente medidos e 19,71 cm<br />

usando dados cujo resíduo tenha sido filtrado (em valores absolutos). Os valores mais<br />

discrepantes foram associados a maior assimetria da curva modelada.<br />

17/06/07<br />

17/06/07<br />

22/06/07<br />

17/06/07<br />

23/06/07<br />

24/06/07<br />

76<br />

25/06/07


Alturas (cm) em realção ao zero do modelo<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

Comparação Modelo x Ponta do Céu I<br />

-250<br />

5/12/07 0:00 10/12/07 0:00 15/12/07 0:00<br />

Data-Hora<br />

20/12/07 0:00 25/12/07 0:00<br />

Dados Modelo Previsao<br />

Figura 37 – Dados observados na Ponta do Céu I (proximidade da Barra Norte) resultados do<br />

modelo de 2007 e previsão harmônica (nível de referência: zero do modelo).<br />

Alturas (cm) em realção ao zero do modelo<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

Comparação Modelo x Ponta do Céu I<br />

-250<br />

10/12/07 6:57 15/12/07 6:57<br />

Data-Hora<br />

Dados Modelo Previsao<br />

Figura 38 – Dados observados na Ponta do Céu I (proximidade da Barra Norte) resultados do<br />

modelo de 2007 e previsão harmônica para oito dias (nível de referência: zero do modelo).<br />

Conclui-se que as rodadas de 2006 e 2007 apresentaram consistência ao serem<br />

confrontadas aos dados medidos e que as diferenças em fase para a área de interesse<br />

foram reduzidas a níveis aceitáveis. Em contrapartida, diferenças nas alturas e na<br />

77


forma da curva modelada (devido à assimetria) foram verificadas sistematicamente na<br />

estação Barra Norte nos dois anos avaliados e durante todo o período investigado. O<br />

mesmo pôde ser detectado nas comparações com a Estação Ponta do Céu I. Este<br />

problema acarreta incertezas de, em média, 16,5 cm nos períodos de cheia e 19,7 cm<br />

na estiagem na estação de referência (considerando os dados filtrados). Esses valores<br />

seriam considerados inadequados, caso a redução de sondagens do Canal do Curuá<br />

fosse baseada estritamente nos resultados do modelo obtidos para a estação. No<br />

entanto, apesar destas diferenças serem incompatíveis 14 com a acurácia requerida para<br />

a definição de data de maré e redução de sondagens, elas somente foram verificadas<br />

nas imediações da estação maregráfica. Ao longo do canal, onde efetivamente foi<br />

conduzido o LH, o modelo apresentou resultados coerentes com os fundeios<br />

realizados e curvas de maré não tão distorcidas quanto nas proximidades da estação<br />

maregráfica.<br />

Algumas hipóteses (ou combinação delas) são levantadas para explicar o motivo pelo<br />

qual o modelo hidrodinâmico não conseguiu reproduzir as interações não-lineares<br />

entre as componentes harmônicas da maré de Escola do Igarapé Grande do Curuá:<br />

• O modelo não foi configurado para simular os efeitos de alagamento e<br />

secamento nas planícies de maré adjacentes,<br />

• O conjunto de dados de batimetria e rugosidade inseridos no modelo podem<br />

não ser representativos para aquele domínio (talvez reflitam condições<br />

pretéritas),<br />

• A geometria do canal pode estar sendo mal dimensionada, e<br />

• Problemas na prescrição das condições de fronteira aberta, pois o FES2004<br />

pode não ser suficientemente acurado em determinadas áreas como por<br />

exemplo a região amazônica.<br />

14 O valor recomendado por normas da DHN é 10cm.<br />

78


5.4. Teste de sensibilidade do modelo à batimetria<br />

Foram efetuados testes de sensibilidade do modelo a variações impostas nos valores<br />

de batimetria dispostos na malha de elementos finitos. Os resultados alcançados com<br />

este tipo de avaliação permitem uma calibração mais refinada do modelo contribuindo<br />

para melhorar as previsões de nível nos pontos de interesse.<br />

A configuração da batimetria de entrada influi diretamente nos resultados do modelo e<br />

indiretamente contribui para o resultado da redução de sondagens (i.e. os resultados<br />

das simulações são importantes na etapa do processamento da batimetria final que se<br />

deseja conhecer). Dessa forma, é essencial que se examine a influência da batimetria<br />

sobre as séries temporais de níveis calculados durante o processo de modelagem,<br />

assim como a ordem de grandeza da incerteza introduzida no resultado final da<br />

redução das sondagens.<br />

O teste de sensibilidade do modelo à batimetria foi conduzido considerando os<br />

cenários apresentados na Tabela 5. A batimetria foi alterada apenas na área<br />

compreendida pelo polígono de redução de sondagens.<br />

Tabela 5 – Cenários com as simulações realizadas para o teste de sensibilidade do modelo à<br />

batimetria.<br />

SECA Batimetria<br />

alterada em<br />

+20%<br />

CHEIA Batimetria<br />

alterada em<br />

+20%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-20%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-20%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+10%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+10%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-10%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-10%<br />

Batimetria alterada<br />

aleatoriamente em até<br />

+20%<br />

Batimetria alterada<br />

aleatoriamente em até<br />

+20%<br />

Batimetria alterada<br />

aleatoriamente em até<br />

-20%<br />

Batimetria alterada<br />

aleatoriamente em até<br />

-20%<br />

As simulações relativas ao teste de sensibilidade durante a cheia do rio Amazonas<br />

(CHEIA) foram realizadas para o período de 01/05/2006 a 01/07/2006. Já o teste para<br />

a época de estiagem (SECA) compreendeu o período de 13/09/2006 a 13/11/2006<br />

(Figura 39). As alterações aleatórias introduzidas na batimetria foram realizadas com<br />

auxílio do aplicativo Excel, no qual se usou a função “aleatório”.<br />

79


Vazões (m 3 /s)<br />

300000<br />

250000<br />

200000<br />

150000<br />

100000<br />

50000<br />

0<br />

20/04/06<br />

02/05/06<br />

14/05/06<br />

Período de Cheia<br />

26/05/06<br />

07/06/06<br />

19/06/06<br />

Vazões diárias em Óbidos - 2006<br />

01/07/06<br />

13/07/06<br />

25/07/06<br />

06/08/06<br />

Data<br />

18/08/06<br />

Óbidos (Amazonas)<br />

30/08/06<br />

11/09/06<br />

23/09/06<br />

Período de Seca<br />

Figura 39 – Gráfico com as vazões diárias em Óbidos durante parte de 2006, destacando os<br />

períodos considerados para o teste de sensibilidade do modelo à batimetria.<br />

Os nós da malha de discretização original contidos no polígono de redução de<br />

sondagens foram manualmente selecionados e tiveram a sua batimetria alterada para<br />

cada um dos casos (Figura 40).<br />

As séries temporais geradas pelo modelo para a estação Barra Norte, em todos os<br />

doze casos apresentados, foram comparadas às séries obtidas no modelo de 2006 para<br />

o mesmo período.<br />

05/10/06<br />

17/10/06<br />

29/10/06<br />

10/11/06<br />

80


Figura 40 – Nós da malha de discretização onde a batimetria foi alterada para o teste de<br />

sensibilidade (os nós estão contidos no polígono vermelho).<br />

5.5. Resultados do teste de sensibilidade à batimetria<br />

Os resultados alcançados para os diversos cenários contemplados nos testes de<br />

sensibilidade à batimetria foram organizados na Tabela 6 e na Tabela 7. O exemplo de<br />

um dia no período de seca e de cheia estão plotados na Figura 41 e na Figura 42.<br />

Tabela 6 – Resultados alcançados com o teste de sensibilidade. Diferenças entre os cenários<br />

simulados e o modelo original de 2006 no período de cheia.<br />

CHEIA<br />

Média das<br />

Diferenças (m)<br />

Média do<br />

módulo das<br />

Diferenças (m)<br />

Máximas ou<br />

Mínimas<br />

diferenças<br />

Encontradas<br />

(m)<br />

Barra Norte<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+20%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-20%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+10%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-10%<br />

Batimetria<br />

alterada<br />

aleatoriamente em<br />

até +20%<br />

Batimetria<br />

alterada<br />

aleatoriamente em<br />

até -20%<br />

0.083 -0.101 0.057 -0.036 0.047 -0.045<br />

0.155<br />

0.167<br />

0.085 0.074 0.075 0.074<br />

0.366 -0.398 0.251 -0.166 0.199 -0.181<br />

81


Tabela 7 – Resultados alcançados com o teste de sensibilidade. Diferenças entre os cenários<br />

simulados e o modelo original de 2006 no período de seca.<br />

SECA<br />

Média das<br />

Diferenças (m)<br />

Média do<br />

módulo das<br />

Diferenças (m)<br />

Máximas ou<br />

Mínimas<br />

diferenças<br />

Encontradas<br />

(m)<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+20%<br />

0.049<br />

0.142<br />

0.344<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-20%<br />

-0.062<br />

0.153<br />

-0.369<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

+10%<br />

Batimetria<br />

alterada em<br />

-10%<br />

Batimetria<br />

alterada<br />

aleatoriamente em<br />

até +20%<br />

0.027 -0.024 0.027<br />

Batimetria<br />

alterada<br />

aleatoriamente em<br />

até -20%<br />

-0.029<br />

0.072 0.069 0.068 0.068<br />

0.176 -0.159 0.169<br />

-0.171<br />

Os resultados não sofreram variações significativas entre os períodos analisados (seca<br />

e cheia). As diferenças de 15,3 cm na seca e 16,7 cm na cheia, encontradas no<br />

experimento em que as profundidades foram incrementadas em 20% dos valores<br />

originais, corresponde ao resultado que mais se assemelhou aos dados observados<br />

(Figura 43). As profundidades médias encontradas no polígono de redução são de,<br />

em média, 14m e uma alteração de 20%, neste caso, significa tornar a área mais<br />

profunda, em média 2,8 m.<br />

82


níveis modeladas (m)<br />

3.0000<br />

2.5000<br />

2.0000<br />

1.5000<br />

1.0000<br />

0.5000<br />

0.0000<br />

-0.5000<br />

-1.0000<br />

-1.5000<br />

11/5/06 3:00<br />

11/5/06 4:00<br />

11/5/06 5:00<br />

11/5/06 6:00<br />

11/5/06 7:00<br />

11/5/06 8:00<br />

11/5/06 9:00<br />

11/5/06 10:00<br />

11/5/06 11:00<br />

11/5/06 12:00<br />

11/5/06 13:00<br />

Cheia<br />

11/5/06 14:00<br />

11/5/06 15:00<br />

Data-Hora<br />

Modelo original bat +10 bat +20 bat + aleat. bat -10 bat -20 bat - eleat.<br />

Figura 41 – Resultados do teste de sensibilidade para um dia na cheia do regime fluvial do<br />

Amazonas.<br />

níveis modeladas (m)<br />

3.0000<br />

2.5000<br />

2.0000<br />

1.5000<br />

1.0000<br />

0.5000<br />

0.0000<br />

-0.5000<br />

-1.0000<br />

-1.5000<br />

23/9/06 3:00<br />

23/9/06 4:00<br />

23/9/06 5:00<br />

23/9/06 6:00<br />

23/9/06 7:00<br />

23/9/06 8:00<br />

23/9/06 9:00<br />

23/9/06 10:00<br />

23/9/06 11:00<br />

23/9/06 12:00<br />

23/9/06 13:00<br />

Seca<br />

23/9/06 14:00<br />

23/9/06 15:00<br />

Data-Hora<br />

Modelo original bat +10 bat +20 bat + aleat. bat -10 bat -20 bat - eleat.<br />

Figura 42 – Resultados do teste de sensibilidade para um dia na seca do regime fluvial do<br />

Amazonas.<br />

11/5/06 16:00<br />

23/9/06 16:00<br />

11/5/06 17:00<br />

23/9/06 17:00<br />

11/5/06 18:00<br />

23/9/06 18:00<br />

11/5/06 19:00<br />

23/9/06 19:00<br />

11/5/06 20:00<br />

23/9/06 20:00<br />

11/5/06 21:00<br />

23/9/06 21:00<br />

11/5/06 22:00<br />

23/9/06 22:00<br />

11/5/06 23:00<br />

23/9/06 23:00<br />

12/5/06 0:00<br />

24/9/06 0:00<br />

12/5/06 1:00<br />

24/9/06 1:00<br />

12/5/06 2:00<br />

24/9/06 2:00<br />

83<br />

12/5/06 3:00<br />

24/9/06 3:00


níveis referidos ao zero do modelo (m)<br />

níveis referidos ao<br />

zero do modelo (m)<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

-0.50<br />

-1.00<br />

-1.50<br />

-2.00<br />

3.00<br />

2.00<br />

1.00<br />

0.00<br />

-1.00<br />

-2.00<br />

Comparações dos Resultados do Teste de Sensibilidade<br />

-3.00<br />

12/5/06 0:00 14/5/06 0:00 16/5/06 0:00 18/5/06 0:00<br />

Data-Hora<br />

20/5/06 0:00 22/5/06 0:00 24/5/06 0:00<br />

Comparações dos Resultados do Teste de Sensibilidade<br />

-2.50<br />

13/5/06 0:00 13/5/06 2:24 13/5/06 4:48 13/5/06 7:12 13/5/06 9:36 13/5/06 13/5/06 13/5/06<br />

12:00<br />

Data-Hora<br />

14:24 16:48<br />

Dados Modelo Original bat +10 bat +20<br />

Dados Modelo Original bat +10 bat +20<br />

13/5/06<br />

19:12<br />

13/5/06<br />

21:36<br />

14/5/06 0:00<br />

Figura 43 – Comparação dos resultados do teste de sensibilidade com os dados observados em<br />

duas escalas temporais distintas.<br />

A avaliação proposta neste trabalho foi bastante simplista, pois só considerou<br />

variações na batimetria. Em todo caso o modelo se mostrou bastante sensível a esse<br />

parâmetro na área considerada, principalmente na região mais próxima à estação<br />

Barra Norte, onde a maré se torna mais ou menos assimétrica em função da<br />

profundidade. Na porção mais ao largo do canal, a deformação da curva de maré é<br />

menos relevante (Figura 44 e Figura 45).<br />

Outros fatores são considerados importantes na geração e modificação de harmônicos<br />

e na deformação da maré. SPEER e AUBREY (1985) mostraram que interações entre<br />

a friccção e a geometria do escoamento produzem efeitos não-lineares bastante<br />

consideráveis, na medida em que a seção transversal varia com o tempo. Para<br />

chegarem a essas conclusões, avaliaram as relações de fase entre as componentes M2<br />

e M4 em vários experimentos nos quais se modificou a geometria de um canal<br />

trapezoidal. Para uma calibração mais apurada do modelo, em futuros trabalhos,<br />

84


sugere-se que seja feita uma investigação da influência da geometria do canal nos<br />

níveis calculados, por meio de alterações controladas em outros parâmetros da seção<br />

transversal, além da profundidade.<br />

Em uma avaliação preliminar foi idealizado que um conjunto de dados batimétricos<br />

atualizado pudesse ser incorporado sistematicamente à malha de cálculo a cada novo<br />

LH de forma iterativa. Essa idéia adveio, principalmente, do fato de se tratar de um<br />

problema auto-referenciado: deseja-se conhecer melhor as profundidades, mas ao<br />

mesmo tempo, dados de batimetria são fundamentais para alimentar o sistema. O<br />

problema que não se vislumbrou à época é que os LH normalmente não cobrem toda a<br />

extensão do domínio e, portanto as batimetrias de certas áreas acabam se tornando<br />

bastante frequentemente desatualizadas. E mais ainda: realizar LH anualmente em<br />

todo o domínio é uma tarefa complicada, do ponto de vista logístico. Uma maneira de<br />

resolver essa questão, ao se decidir futuramente pela operacionalização do modelo, é<br />

considerar a batimetria de entrada do modelo como mais um fator de calibração.<br />

Assim sendo mesmo que, após a validação do modelo hidrodinâmico, o conjunto de<br />

dados batimétricos contidos na malha de cálculo não venha a refletir a realidade, isso<br />

não deverá ser encarado como uma inconsistência, visto que o que interessa<br />

primordialmente para a aplicação hidrográfica é o grau de acerto alcançado nos níveis<br />

produzidos pela ferramenta computacional.<br />

Essa abordagem reforça a necessidade da manutenção de uma rede permanente de<br />

marégrafos na área, com o intuito de calibrar os modelos já existentes e aqueles a<br />

serem implementados futuramente.<br />

85


Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Fundeio 1/2006<br />

-1.5<br />

3/6/06 7:12 3/6/06 9:36 3/6/06 12:00 3/6/06 14:24 3/6/06 16:48<br />

Data-Hora<br />

3/6/06 19:12 3/6/06 21:36 4/6/06 0:00 4/6/06 2:24<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Modelo Fundeio 1 bat +20 bat +10<br />

Fundeio 2/2006<br />

-1.5<br />

4/6/06 7:12 4/6/06 9:36 4/6/06 12:00 4/6/06 14:24 4/6/06 16:48 4/6/06 19:12 4/6/06 21:36 5/6/06 0:00<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 2 bat +20 bat +10<br />

Fundeio 3/2006<br />

-1.5<br />

5/6/06 0:00 5/6/06 2:24 5/6/06 4:48 5/6/06 7:12 5/6/06 9:36 5/6/06 12:00 5/6/06 14:24 5/6/06 16:48<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 3 bat +20 bat +10<br />

Figura 44 – Resultados dos testes de sensibilidade nos pontos de fundeio 1, 2 e 3.<br />

86


Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

Alturas em relação ao NMM (m)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Fundeio 4/2006<br />

-1.5<br />

5/6/06 16:48 5/6/06 19:12 5/6/06 21:36 6/6/06 0:00 6/6/06 2:24 6/6/06 4:48 6/6/06 7:12 6/6/06 9:36<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 4 bat +20 bat +10<br />

Fundeio 5/2006<br />

-1.5<br />

6/6/06 12:00 6/6/06 14:24 6/6/06 16:48 6/6/06 19:12 6/6/06 21:36 7/6/06 0:00 7/6/06 2:24 7/6/06 4:48<br />

Data-Hora<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

Modelo Fundeio 5 bat +20 bat +10<br />

Fundeio 6/2006<br />

-1.5<br />

7/6/06 4:48 7/6/06 7:12 7/6/06 9:36 7/6/06 12:00 7/6/06 14:24 7/6/06 16:48 7/6/06 19:12 7/6/06 21:36<br />

Data-Hora<br />

Modelo Fundeio 6 bat +20 bat +10<br />

Figura 45 – Resultados dos testes de sensibilidade nos pontos de fundeio 3, 4 e 5.<br />

87


6. Análise e discussão dos resultados<br />

Capítulo 6<br />

6.1. O cálculo do Nível de Redução (NR) e do Lowest Astronomical Tide<br />

(LAT)<br />

Cada uma das 110 séries temporais geradas pelo modelo nos nós situados dentro do<br />

polígono de redução de sondagens, para o ano de 2006, sofreu o processamento<br />

representado na Figura 46.<br />

Figura 46- Fluxograma de processamento para o cálculo dos data verticais.<br />

As análises harmônicas (PUGH, 2004, FRANCO, 1997) foram executadas no módulo<br />

“Analexec/Anhama” do PACMARE 15 para 13 espécies harmônicas e com intervalo<br />

de confiança de 95%. O espectro de amplitudes residuais também foi calculado. Os<br />

resultados da análise podem ser cadastrados em uma base de dados do módulo de<br />

Análise e Previsão de Marés do SisBaHiA® para futuras aplicações.<br />

15 O PACMARE foi escolhido por ser o programa compatível com o SISMARE do BNDO, sistema homologado pela DHN para<br />

análise e previsão de marés no Brasil, gerando entre outros produtos, as Tábuas das Marés impressas e as previsões da página<br />

oficial da DHN.<br />

88


Para o cálculo do NR foi utilizado o método de COURTIER-BALAY cujas fórmulas<br />

foram apresentadas na Tabela 2. Os resultados retratam o Z0(NR) de cada um dos 110<br />

nós investigados, isto é, correspondem ao desnível entre o nível médio local e o NR.<br />

Para o cálculo do Z0(LAT) foram feitas as previsões harmônicas de 228 meses (19<br />

anos), tendo início em 01/01/2006. As previsões foram feitas com auxílio do<br />

programa PACMARE, usando os arquivos de constantes harmônicas previamente<br />

calculadas.<br />

Posteriormente, foram plotadas, com auxílio do programa Surfer a variação espacial<br />

de ambos os resultados e a diferença entre eles ao longo do polígono de redução. O<br />

método de gridagem escolhido foi o Kriging.<br />

O LAT e o NR foram igualmente estabelecidos para a estação de referência (Barra<br />

Norte).<br />

6.2. Mapas de distribuição espacial do NR e LAT<br />

Os valores de Z0 associados ao LAT e ao NR, calculados a partir das séries modeladas<br />

permitiram a elaboração de mapas de distribuição espacial desses data locais (Figura<br />

47 e Figura 48). Neste trabalho convencionou-se adotar valores de Z0 negativos, pelo<br />

fato do NR e do LAT estarem situados em planos inferiores ao plano do NM<br />

(considerado como o nível zero). Os resultados para a região avaliada encontram-se<br />

relacionados na Tabela 8.<br />

O intervalo de variação do NR foi superior a do LAT em 26,4 cm. De acordo com os<br />

resultados obtidos, o LAT pode ser considerado para a região como um critério mais<br />

restritivo 16 para a navegação do que o NR: a diferença entre ambos foi de 22,4 cm em<br />

média. Por outro lado, 55,9% dos valores de NR situam-se abaixo da média, contra<br />

47,7% do LAT.<br />

16 Quanto maior o valor de Z0, mais baixo é o plano do NR ou do LAT e menores as profundidades cartografadas.<br />

89


Espacialmente, os padrões de distribuição do LAT e NR são bastante diferentes,<br />

conforme pode ser verificado nos mapas da Figura 47 e da Figura 48. O NR apresenta<br />

um padrão de distribuição mais gradual do que o LAT, apesar de sofrer variações<br />

mais intensas, conforme pode se observado através dos resultados de amplitude de<br />

variação e desvio padrão.<br />

Tabela 8 – Resultados obtidos para o Z0 LAT e NR.<br />

Intervalo<br />

de<br />

variação<br />

(cm)<br />

Valor<br />

Máximo<br />

(cm)<br />

Valor<br />

Mínimo<br />

(cm)<br />

Valor<br />

Médio<br />

(cm)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

% de valores<br />

mais restritivos que a<br />

média<br />

Z0NR -112,2 -273,1 -160,9 -212,8 29,2 55,9<br />

Z0LAT -85,8 -287,7 -201,9 -235,2 16,9 47,7<br />

Uma porcentagem de 81% dos NR calculados para o polígono consiste em planos<br />

situados acima do NR da estação de referência, Escola do Igarapé Grande do Curuá<br />

(Barra Norte), correspondendo a uma diferença, em média, de 34,7cm. Quanto ao<br />

LAT, 60% dos planos situam-se acima e a diferença é apenas de 14cm. Em outras<br />

palavras, ao se extrapolar o NR da estação de referência para a região do canal (NR<br />

uniforme), espera-se que as profundidades se tornem mais rasas do que se fossem<br />

adotados os data (NR e LAT) representando um campo espacialmente variado.<br />

90


500000<br />

450000<br />

Barra Norte<br />

Mapa de NR<br />

700000 750000 800000<br />

Zo (NR) em cm<br />

Figura 47 – Distribuição espacial do NR em relação ao NM local, ao longo do polígono de<br />

redução de sondagens (assinalado em vermelho). Valores em centímetros. O trecho onde foi<br />

realizado LH de 2006 está destacado em amarelo.<br />

500000<br />

450000<br />

Barra Norte<br />

Mapa de LAT<br />

700000 750000 800000<br />

-155<br />

-160<br />

-165<br />

-170<br />

-175<br />

-180<br />

-185<br />

-190<br />

-195<br />

-200<br />

-205<br />

-210<br />

-215<br />

-220<br />

-225<br />

-230<br />

-235<br />

-240<br />

-245<br />

-250<br />

-255<br />

-260<br />

-265<br />

-270<br />

-275<br />

-280<br />

-285<br />

-290<br />

Zo (LAT) em cm<br />

Figura 48– Distribuição espacial do LAT em relação ao NM local, ao longo do polígono de<br />

redução de sondagens (assinalado em vermelho). Valores em centímetros. O trecho onde foi<br />

realizado LH de 2006 está destacado em amarelo.<br />

-200<br />

-205<br />

-210<br />

-215<br />

-220<br />

-225<br />

-230<br />

-235<br />

-240<br />

-245<br />

-250<br />

-255<br />

-260<br />

-265<br />

-270<br />

-275<br />

-280<br />

-285<br />

-290<br />

91


O mapa das diferenças entre o NR e o LAT (Figura 49) mostra, diferente do esperado,<br />

que nem sempre o LAT consiste em um plano mais baixo do que o NR. O mapa<br />

indica em azul escuro uma região onde o desnível entre o LAT e o NR é muito<br />

significativo, ou seja, diferenças superiores a 50 cm chegando até 90 cm, sendo o<br />

LAT o plano mais baixo. Na região em amarelo o NR aparece como um plano mais<br />

baixo do que o LAT, porém a diferença não chega a 20 cm.<br />

500000<br />

450000<br />

Barra Norte<br />

Mapa de Diferenças entre NR e LAT<br />

700000 750000 800000<br />

Figura 49 – Distribuição espacial das diferenças entre NR e LAT. Em azul está a região onde o<br />

plano do LAT está situado abaixo do NR, em amarelo estão as áreas em que ocorre o inverso e<br />

em branco onde ambos os planos de referência são coincidentes.<br />

Diferenças entre NR e LAT (cm)<br />

Foram construídas curvas de elevação geradas pelo modelo em nós representativos<br />

para as regiões onde ocorreram as maiores diferenças, a fim de auxiliar na<br />

interpretação deste resultado.<br />

Para a área azul foi selecionado o nó 4010, onde o LAT foi determinado em um plano<br />

de 82,88cm abaixo do NR. A região amarela foi representada pelo nó 4026 (com o<br />

NR 16,21 cm abaixo do LAT). O LAT e o NR também foram plotados nas séries<br />

90<br />

85<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

92


elativas ao ponto de fundeio 11 da campanha de 2007, ao ponto de fundeio 3 de 2006<br />

e à estação de referência. A Figura 50 mostra a localização dos pontos considerados.<br />

Figura 50 – Mapa da área de interesse destacando os pontos de fundeios analisados em vermelho,<br />

a estação Barra Norte e os nós onde ocorreram as maiores discrepâncias em verde.<br />

Os resultados apresentados na Figura 51 e Figura 53 mostram que o LAT é um datum<br />

vertical mais representativo para as menores baixa-mares do que o NR na região<br />

estudada. Isto se dá pelo fato do NR ser calculado com base somente nas<br />

componentes M2, S2, K2 e N2. O NR conforme pôde ser verificado na Figura 47,<br />

representa bem a tendência geral de amortecimento da amplitude de maré à medida<br />

que ocorre o afastamento da estação de referência.<br />

93


Em contrapartida, o LAT representa melhor o conjunto das componentes harmônicas<br />

do local considerado, pois seu cálculo leva em conta toda a previsão de marés. O<br />

padrão de distribuição espacial do LAT é mais complexo do que o do NR e não<br />

consegue mostrar o amortecimento da maré indicado pela variação do NR.<br />

Na área estudada, GALLO e VINZON (2005) avaliaram a influência fluvial na<br />

geração de sobremarés e marés compostas como, por exemplo, a componente de altafrequência<br />

M4 (sobre-harmônico de M2) e a de longo período Msf (composição de M2<br />

e S2).<br />

A presença da Msf pode ser melhor percebida no gráfico da série temporal do nó<br />

4026, representativo da área amarela. A Msf atua dentro de um período de<br />

aproximadamente 15 dias, modulando os ciclos de sizígias e quadraturas e tornando<br />

as baixa-mares de ambos os períodos mais ou menos semelhantes e menos baixas do<br />

que normalmente se esperaria na ausência desta componente. A fórmula de cálculo do<br />

NR não consegue identificar a influência deste importante constituinte harmônico<br />

(Figura 51).<br />

94


Elevações Simuladas<br />

Elevações Simuladas<br />

3.00<br />

2.00<br />

1.00<br />

0.00<br />

-1.00<br />

-2.00<br />

-3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

-0.50<br />

-1.00<br />

-1.50<br />

-2.00<br />

-2.50<br />

Nó 4026<br />

13/11/05 0:00<br />

22/11/05 10:00<br />

1/12/05 20:00<br />

11/12/05 6:00<br />

20/12/05 16:00<br />

30/12/05 2:00<br />

8/1/06 12:00<br />

17/1/06 22:00<br />

27/1/06 8:00<br />

5/2/06 18:00<br />

15/2/06 4:00<br />

24/2/06 14:00<br />

6/3/06 0:00<br />

15/3/06 10:00<br />

24/3/06 20:00<br />

3/4/06 6:00<br />

12/4/06 16:00<br />

22/4/06 2:00<br />

1/5/06 12:00<br />

10/5/06 22:00<br />

20/5/06 8:00<br />

29/5/06 18:00<br />

8/6/06 4:00<br />

17/6/06 14:00<br />

27/6/06 0:00<br />

6/7/06 10:00<br />

15/7/06 20:00<br />

25/7/06 6:00<br />

3/8/06 16:00<br />

13/8/06 2:00<br />

22/8/06 12:00<br />

31/8/06 22:00<br />

10/9/06 8:00<br />

19/9/06 18:00<br />

29/9/06 4:00<br />

8/10/06 14:00<br />

18/10/06 0:00<br />

27/10/06 10:00<br />

5/11/06 20:00<br />

-3.00<br />

13/11/05<br />

0:00<br />

13/11/05<br />

4:48<br />

13/11/05<br />

9:36<br />

13/11/05<br />

14:24<br />

13/11/05<br />

19:12<br />

Data-Hora<br />

Elevações NR LAT<br />

Nó 4026<br />

14/11/05<br />

0:00<br />

Data-Hora<br />

14/11/05<br />

4:48<br />

Elevações NR LAT<br />

14/11/05<br />

9:36<br />

14/11/05<br />

14:24<br />

14/11/05<br />

19:12<br />

15/11/05<br />

0:00<br />

Figura 51 – Séries modeladas para o nó 4026, onde a presença da Msf se faz sentir e o NR passa a<br />

ser um critério mais restritivo e menos realista do que o LAT.<br />

A Figura 52 mostra a distribuição espacial da amplitude da componente Msf ao longo<br />

da área de interesse. Os valores foram determinados para cada um dos 110 nós do<br />

polígono como resultado das análises harmônicas e posteriormente interpolados<br />

espacialmente.<br />

95


Figura 52 – Distribuição espacial da componente harmônica Msf.<br />

As elevações calculadas pelo modelo para o nó 4010 apresentam uma curva com um<br />

padrão bastante característico, com baixa-mares muito mais baixas do que o esperado<br />

(Figura 53). Na escala temporal de dois dias nota-se que a duração das preamares é<br />

superior a das baixa-mares. PUGH (1987) descreve estas marés como sendo do tipo:<br />

“duplas preamares - baixa-mares mais baixas” (double high water - low water lower).<br />

Esse é um fenômeno relacionado à relação de fase de M2 e M4 (2 GM2 - GM4) que<br />

causa variações no forma da curva de maré, tornando-a mais ou menos assimétrica e<br />

com preamares e baixa-mares mais ou menos pronunciadas. No caso do nó 4010, a<br />

diferença encontrada foi de aproximadamente 180°. Também nesta situação o LAT<br />

consegue representar melhor a realidade, capturando as menores baixa-mares. O NR,<br />

como já visto, subestima o fenômeno, acarretando incertezas muito altas (da ordem de<br />

80cm). Na Figura 53 é possível perceber uma grande incidência de baixa-mares<br />

negativas em relação ao NR.<br />

96


Elevações Simuladas<br />

Elevações Simuladas<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

-0.50<br />

-1.00<br />

-1.50<br />

-2.00<br />

-2.50<br />

-3.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

-0.50<br />

-1.00<br />

-1.50<br />

-2.00<br />

-2.50<br />

Nó 4010<br />

13/11/05 0:00<br />

22/11/05 10:00<br />

1/12/05 20:00<br />

11/12/05 6:00<br />

20/12/05 16:00<br />

30/12/05 2:00<br />

8/1/06 12:00<br />

17/1/06 22:00<br />

27/1/06 8:00<br />

5/2/06 18:00<br />

15/2/06 4:00<br />

24/2/06 14:00<br />

6/3/06 0:00<br />

15/3/06 10:00<br />

24/3/06 20:00<br />

3/4/06 6:00<br />

12/4/06 16:00<br />

22/4/06 2:00<br />

1/5/06 12:00<br />

10/5/06 22:00<br />

20/5/06 8:00<br />

29/5/06 18:00<br />

8/6/06 4:00<br />

17/6/06 14:00<br />

27/6/06 0:00<br />

6/7/06 10:00<br />

15/7/06 20:00<br />

25/7/06 6:00<br />

3/8/06 16:00<br />

13/8/06 2:00<br />

22/8/06 12:00<br />

31/8/06 22:00<br />

10/9/06 8:00<br />

19/9/06 18:00<br />

29/9/06 4:00<br />

8/10/06 14:00<br />

18/10/06 0:00<br />

27/10/06 10:00<br />

5/11/06 20:00<br />

-3.00<br />

13/11/05<br />

0:00<br />

13/11/05<br />

4:48<br />

13/11/05<br />

9:36<br />

13/11/05<br />

14:24<br />

13/11/05<br />

19:12<br />

Data-Hora<br />

Elevações NR LAT<br />

Nó 4010<br />

14/11/05<br />

0:00<br />

Data-Hora<br />

14/11/05<br />

4:48<br />

Elevações NR LAT<br />

14/11/05<br />

9:36<br />

14/11/05<br />

14:24<br />

14/11/05<br />

19:12<br />

15/11/05<br />

0:00<br />

Figura 53 - Séries modeladas para o nó 4010, onde a presença da relação de fase 2gM2-gM4 (no<br />

caso= 180° ) se faz presente. O LAT passa a ser um critério mais restritivo e mais realista do que<br />

o NR.<br />

Através dos resultados da análise harmônica dos nós do polígono de redução (da<br />

mesma forma como foi elaborado o mapa de distribuição de Msf) foi possível<br />

construir um mapa de assimetria para o local, ilustrando os efeitos mencionados de<br />

distorção da maré (Figura 54). O mapa foi feito com base na relação 2GM2-GM4 tal<br />

97


qual já apresentado por FERNANDES (2006), com a diferença de que neste também<br />

foram incluídas as quatro formas básicas da maré associadas às relações M2/M4= 0°,<br />

90°, 180° e 270°.<br />

Corroborando as observações sobre as posições relativas dos data NR e LAT e a<br />

distorção sofrida pela maré ao se propagar pelo canal, a Figura 55 apresenta três<br />

situações de maré distintas representando a área de interesse (2 pontos de fundeio e a<br />

estação Barra Norte). Na figura superior é mostrado 1 dia de resultado e na inferior<br />

um período de cerca de 6 meses :<br />

• A curva da estação de referência com assimetria positiva (enchentes com<br />

duração inferior a 6 horas) e influência da componente Msf, além de NR mais<br />

baixo do que o LAT;<br />

• A curva do fundeio 3 com baixa assimetria e NR coincidente ao LAT;<br />

• A curva do fundeio 11 com forte distorção da curva de maré, LAT mais baixo<br />

do que o NR e amplitude de Msf não tão significativa.<br />

98


alturas (cm)<br />

alturas (cm)<br />

150<br />

100<br />

50<br />

150<br />

100<br />

50<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

M2+M4 quando a relação de fase = 180 graus<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

Horas<br />

M2 M4 M2+M4<br />

M2+M4 quando a relação de fase = 90 graus<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30<br />

Horas<br />

M2 M4 M2+M4<br />

M2+M4 quando a relação de fase = 0 graus<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30<br />

Figura 54 – Mapa de assimetria indicando em azul a assimetria positiva, em vermelho a<br />

assimetria negativa e os pontos onde a curva de maré assume a configuração de duplas baixamares<br />

ou duplas-preamares.<br />

alturas (cm)<br />

alturas (cm)<br />

150<br />

100<br />

50<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

150<br />

100<br />

50<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

M2+M4 quando a relação de fase = 270 graus<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30<br />

Horas<br />

Horas<br />

M2 M4 M2+M4<br />

M2 M4 M2+M4<br />

99


Elevações referidas ao zero do modelo (m)<br />

Elevações referidas ao zero do modelo (m)<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

NR<br />

LAT<br />

NR e LAT função das séries de elevação<br />

LAT<br />

NR<br />

NR=LAT<br />

-3<br />

0:00 2:24 4:48 7:12 9:36 12:00<br />

Horas<br />

14:24 16:48 19:12 21:36 0:00<br />

Fundeio 3 Fundeio 11 Barra Norte<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

NR<br />

LAT<br />

LAT<br />

NR e LAT função das séries de elevação<br />

NR NR=LAT<br />

-3<br />

0:00 0:00 0:00 0:00 0:00<br />

Horas<br />

0:00 0:00 0:00 0:00<br />

Fundeio 3 Barra Norte Fundeio 11<br />

Figura 55 - Duas escalas temporais distintas apresentando a complexidade da propagação de<br />

maré na área de estudo e três casos de determinação de data verticais LAT e NR.<br />

Em face ao exposto e com base em dados modelados, pode-se concluir que na área de<br />

estudo o LAT representa um melhor datum vertical para a carta náutica, mais realista<br />

e ao mesmo tempo capaz de prover segurança à navegação. O LAT não deve ser<br />

considerado necessariamente um critério mais conservador, tendo em vista que em<br />

certas regiões o plano do NR se situa abaixo do plano do LAT.<br />

100


É recomendável que sejam realizadas coletas de dados de nível d’água, ao longo de<br />

períodos superiores a um ano, para que se possa calcular o LAT efetivamente sobre<br />

séries observadas (e não simuladas). De preferência, devem ser testados diferentes<br />

períodos de um ano a fim de avaliar a influência das condições hidrológicas do rio<br />

Amazonas e condições meterológicas sobre as componentes harmônicas do canal da<br />

Barra Norte.<br />

6.3. Procedimentos adotados para a redução de sondagens<br />

Os dados brutos de batimetria e reduzidos utilizados neste trabalho foram levantados<br />

pelo NHi Sirius e constam em arquivos anexos ao relatório final do LH 001/2006.<br />

Os arquivos encontram-se no formato X-Y-T-Z (BRUTO) e X-Y-T-Z (REDUZIDO),<br />

sendo o tempo T em Greenwich e o X-Y em coordenadas cartesianas. A coluna T foi<br />

ordenada por data-hora-minuto-segundo e convertida para o fuso local (P) e as<br />

colunas X-Y foram convertidas para as coordenadas métricas do modelo. As posições<br />

foram plotadas no SURFER a fim de verificar a distribuição espacial das sondagens<br />

(Figura 56).<br />

Os arquivos originais de dados brutos e reduzidos continham 31539 dados de<br />

batimetria densamente distribuídos em uma área relativamente pequena quando<br />

comparada ao polígono de redução. Os dados originais haviam sido coletados pelo<br />

NHi Sirius a cada 10 segundos. Em função da dificuldade de processamento dessa<br />

quantidade de dados para o propósito deste trabalho, foi feita uma redução dos<br />

arquivos originais de forma que os dados apresentassem um taxa de amostragem de 2<br />

minutos. Os novos arquivos de dados brutos e reduzidos passaram a conter 1972<br />

linhas, correspondendo a 6,25% do conjunto de dados inicial.<br />

101


800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Localização das Estações<br />

e Pontos de Fundeio<br />

Macapá<br />

Santana<br />

Canivete<br />

Barra Norte<br />

Penrod<br />

Santa Maria do Cocal<br />

Ilha de Maracá<br />

Guará<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Afuá<br />

Chaves<br />

Vila Nazaré<br />

Machadinho<br />

Maguari<br />

Figura 56- Mapa da região, com destaque para a área do Canal Norte, apresentando as estações<br />

maregráficas em vermelho, pontos de fundeio em azul, polígono de redução em laranja e a área<br />

levantada pelo NHi Sirius em 2006 em amarelo.<br />

Os mapas de batimetria, construídos com a amostra de 6,25% dos dados originais,<br />

apresentaram de forma representativa as principais feições de fundo.<br />

Em seguida, foi criado um arquivo contendo os dados de níveis calculados pelo<br />

modelo, relativos aos 20 nós situados dentro da área do LH (Figura 57).<br />

102


Figura 57 - Mapa da região destacando em azul os 12 elementos da malha correspondentes à área<br />

sondada pelo NHi Sirius em 2006. Para a redução foram utilizadas as séries de elevação<br />

produzidas por 20 nós.<br />

Os arquivos foram formatados em quatro colunas X-Y-T-η sendo η correspondente às<br />

elevações horárias (resultantes da modelagem) relativas ao período de sondagem de<br />

04/06/06 09:00P a 17/06/06 17:00P, para cada um dos 20 nós considerados.<br />

O valor de η foi primeiramente corrigido considerando três situações distintas:<br />

• Caso 1: NM da estação de referência, Z0(NR) da estação de referência;<br />

• Caso 2: NM da estação de referência, Z0(NR) local (campo variado);<br />

• Caso 3: NM da estação de referência, Z0(LAT) local (campo variado);<br />

Nesses três casos o NM foi considerado espacialmente uniforme e constante, tendo<br />

sido calculado com base na média de todo o período observado na estação de<br />

referência (2 meses).<br />

Em LH, é necessário amarrar o NM e com ele o NR ou o LAT a uma RN ou a um<br />

elipsóide de referência; em outras palavras, é importante estabelecer uma referência<br />

absoluta para o nível médio do mar. Esses três casos analisados partem da premissa<br />

que o único ponto com amarração geodésica corresponde à estação de referência,<br />

onde efetivamente houve um nivelamento geométrico do zero da régua às referências<br />

103


de nível (RN) materializadas no terreno. Além disso, não consideraram as flutuações<br />

diárias de NM na estação de referência.<br />

Quanto aos data verticais, no primeiro caso, o NR da estação de referência foi<br />

extrapolado para toda a área de sondagem (NR uniforme) e nos outros dois casos<br />

foram consideradas as variações espaciais do NR e do LAT apresentadas no item 6.2.<br />

A Figura 58 ilustra um esquema de distribuição espacial dos data LAT, NR e NR da<br />

estação de referência para uma situação hipoteticamente mais crítica em termos das<br />

baixa-mares. Através desta figura procura-se mostrar a distribuição uniforme do NR<br />

da estação de referência (extrapolado para toda a área de interesse) e a ondulação do<br />

NR e do LAT, acompanhando as baixa-mares mais baixas ao longo de quatro nós do<br />

domínio de modelagem. Em alguns pontos o NR situa-se acima do LAT, em outros<br />

ocorre o oposto e há ainda a possibilidade de ambos os planos serem coincidentes. As<br />

setas verticais indicam as diferentes correções a serem aplicadas na redução das<br />

sondagens em função do datum escolhido.<br />

Figura 58 – Esquema mostrando diversas possibilidades de ditribuições espaciais do LAT e NR.<br />

Setas verticais representam os valores da série temporal utilizados na correção das sondagens<br />

para cada um dos data.<br />

O quarto caso analisado considerou o NM uniforme espacialmente, mas incluiu os<br />

efeitos decorrentes das variações diárias do NM observados na Barra Norte (resíduo),<br />

nos dados de saída do modelo η. Nesse caso, o datum vertical consistiu no NR<br />

104


espacialmente variado, isto é, foram aplicadas correções de Z0(NR) em cada um dos 20<br />

nós considerados.<br />

• Caso 4: NM da estação de referência variável no tempo, Z0(NR) local (campo<br />

variado).<br />

No quinto caso foram adotados o NM e o NR espacialmente variados nas séries<br />

modeladas. Os NM variados no domínio foram calculados em relação ao zero do<br />

modelo durante o processo de análise harmônica com auxílio do PACMARE, para<br />

cada um dos nós avaliados, e sua distribuição ao longo do polígono de redução é<br />

apresentada na Figura 59.<br />

• Caso 5: NM variado (zero do modelo como referência), Z0(NR) local (campo<br />

variado).<br />

Finalmente o sexto caso incorporou ao Caso 5, o resíduo observado na estação de<br />

referência.<br />

• Caso 6: NM variado (zero do modelo como referência) somado às variações<br />

temporais, Z0(NR) local (campo variado).<br />

Os seis casos estão esquematicamente representados da Figura 60 à Figura 65.<br />

Figura 59 – Variação espacial do NM na área de interesse.<br />

105


Caso 1<br />

Figura 60 – Esquema representativo do caso 1: NM da estação de referência, Z0(NR) da estação de<br />

referência.<br />

Caso 2<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(NR) est de ref<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(NR) do nó (local)<br />

NM da est de ref.<br />

NR da est de ref.<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

NM da est de ref.<br />

NR do nó local<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

Z0(NR) est de ref<br />

Z0(NR) do nó<br />

Figura 61 – Esquema representativo Caso 2: NM da estação de referência, Z0(NR) local.<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

106<br />

η<br />

η


Caso 3<br />

Figura 62 – Esquema representativo Caso 3: NM da estação de referência, Z0(LAT) local.<br />

Caso 4<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(LAT) do nó (local)<br />

NM da est de ref.<br />

Variável (instante 1)<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(NR) do nó<br />

NM da est de ref.<br />

LAT do nó local<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

NM da est de ref.<br />

Variável (instante 2)<br />

NR do nó local<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

Z0(LAT) do nó<br />

Z0(NR) do nó<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

Figura 63 – Esquema representativo Caso 4: NM da estação de referência com variação horária,<br />

Z0(NR) local.<br />

107<br />

η<br />

η


Figura 64 – Esquema representativo Caso 5: NM com variação espacial, Z0(NR) local.<br />

Caso 6<br />

Caso 5<br />

NM da est de ref.<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(NR) do nó<br />

NM da est de ref. (instante 1)<br />

So=414,16cm<br />

Zero da régua da est de<br />

ref.<br />

η = ELEV + Z0(NR) do nó<br />

NR do nó local<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

NM da est de ref. (instante 2) NM do nó<br />

(instante 2)<br />

NR do nó local<br />

ELEV (resultado do modelo para o nó corrigido para o NM considerado)<br />

Z0(NR) do nó<br />

Z0(NR) do nó<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

Figura 65 - Esquema representativo Caso 6: NM com variação espacial e temporal, Z0(NR) local.<br />

η<br />

Nó da área<br />

de sondagem<br />

108<br />

η<br />

NM do nó<br />

NM do nó<br />

(instante 1)


Foi elaborada uma rotina no Matlab para o cálculo das correções de maré a serem<br />

empregadas nas batimetrias brutas (para cada um dos seis casos apresentados). A<br />

rotina está transcrita no Apêndice D e basicamente realiza uma interpolação linear das<br />

informações contidas no arquivo X-Y-T-η (saída do modelo) para os 1972 pontos<br />

onde foram medidas as profundidades nos respectivos horários. O arquivo de pontos<br />

contém o formato reproduzido na Figura 66<br />

X Y T<br />

Figura 66 – Modelo de arquivo de pontos contendo as coordenadas X e Y e os instantes T de<br />

coleta dos dados batimétricos. O tempo está representado em formato numérico com quatro<br />

casas decimais.<br />

No item 6.4 são feitas considerações sobre a interpolação linear adotada.<br />

Os arquivos de correção calculados para cada um dos casos foram aplicados à<br />

batimetria bruta gerando dados reduzidos os quais foram confrontados ao arquivo de<br />

dados batimétricos fornecido pelo CHM cuja redução foi feita pelo NHi Sirius<br />

utilizando o método das subáreas de redução.<br />

Um esquema com as principais cotas da estação de referência (Escola do Igarapé<br />

Grande do Curuá/ Barra Norte) foi incluído no Apêndice B. Em tal esquema estão<br />

indicados: o zero do modelo, o zero da régua de 1996 (referente ao período padrão da<br />

estação) e o zero da régua de 2006 (relativo à observação), além dos planos do NM e<br />

NR compilados das Fichas F-41.<br />

109


6.4. Considerações sobre a interpolação linear<br />

Foram feitos dois tipos de testes a fim de verificar a incerteza introduzida na<br />

metodologia diante do uso da interpolação linear sobre as séries temporais produzidas<br />

pelo modelo hidrodinâmico.<br />

O primeiro teste foi conduzido no sentido de avaliar a interpolação linear ao longo do<br />

espaço. Foram comparados os resultados das elevações calculadas pelo modelo para o<br />

ponto correspondente ao Fundeio 6 com as séries interpoladas para o mesmo ponto a<br />

partir dos quatro nós mais próximos. O cálculo da interpolação espacial foi feito por<br />

meio de uma rotina desenvolvida no programa Matlab (Apêndice D). Os lados do<br />

quadrilátero considerado são de aproximadamente 9,2 km (Figura 67). As diferenças<br />

encontradas foram em média inferiores a 1cm (Figura 68).<br />

3903<br />

3902<br />

Fundeio 6<br />

3962<br />

~ 5 km<br />

~ 9, 2km<br />

3961<br />

Figura 67- Esquema da interpolação espacial para o ponto de fundeio 6.<br />

110


Diferenças (cm)<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

série obtida diretamente pelo modelo<br />

x<br />

Série obtida por interpolação linear dos nós vizinhos<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

1 581 1161 1741 2321 2901 3481 4061 4641 5221 5801 6381 6961 7541 8121 8701<br />

número de horas<br />

Figura 68– Valores de diferenças nas elevações encontradas para o Fundeio 6 em função do<br />

método de obtenção da série temporal para um período de um ano.<br />

O segundo teste procurou avaliar dois métodos de interpolação temporal distintos,<br />

linear e cubic spline, em uma série oriunda do modelo. A série foi convertida da taxa<br />

amostral de 1 hora para 1 minuto utilizando os dois métodos. A função cubic spline<br />

foi considerada por SILVA e ALVES (2002) mais precisa para a construção de<br />

diagramas de redução de profundidades a intervalos regulares de 10 minutos<br />

interpolados a partir de dados horários. As séries comparadas foram plotadas na<br />

Figura 69. As diferenças encontradas foram em média de 2,3cm.<br />

elevações (cm)<br />

Comparação interpolação linear e cubic spline<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

1 306 611 916 1221 1526 1831 2136 2441 2746 3051 3356 3661 3966 4271 4576 4881 5186 5491<br />

número de horas<br />

interpolação temporal Cubic Spline interpolação temporal Linear<br />

Figura 69 – Valores de diferenças nas elevações encontradas para o Fundeio 6 em função do<br />

método de obtenção da série temporal.<br />

111


Conclui-se que o método de interpolação linear, utilizado nesta dissertação para o<br />

cálculo das correções de maré a serem aplicadas nas sondagens, agrega à metodologia<br />

incertezas inferiores a 0,5% das alturas de maré encontradas na região de estudo.<br />

6.5 Redução das sondagens : resultados obtidos<br />

Na apresentação dos resultados referentes à redução da batimetria, é importante<br />

salientar que a área de sondagem deste teste corresponde a uma pequena região do<br />

polígono de redução. Para se ter uma idéia da ordem de grandeza, a distância entre<br />

nós extremos do polígono de redução é de aproximadamente 144 km, enquanto entre<br />

os limites da área sondada pelo NHi Sirius em 2006 há apenas 27,5 km. Sem dúvida,<br />

neste pequeno trecho a variação da maré não é tão significativa quanto se fosse<br />

considerada a área total e portanto, o teste metodológico torna-se limitado pela<br />

ausência de dados batimétricos em todo trecho investigado. Além disso, devido à<br />

proximidade da estação de referência, a maré da área da sondagem de 2006 guarda<br />

uma forte relação com os dados medidos durante a execução do LH. Assim sendo, as<br />

diferenças observadas em relação ao NR e LAT não serão tão evidentes nesta pequena<br />

área.<br />

Isso também significa dizer que as incertezas resultantes da aplicação do método de<br />

redução proposto não poderão ser extrapoladas para toda a batimetria do canal. Assim<br />

que forem coletados dados batimétricos ao longo de toda a extensão do Canal do<br />

Curuá, o método deverá ser novamente testado, principalmente nos pontos situados no<br />

limite do polígono de redução, onde as incertezas decorrentes do zoneamento discreto<br />

de marés são bem mais significativas.<br />

Em futuros trabalhos será possível agregar informações do mapeamento do NM ao<br />

elipsóide do sistema WGS-84 em cada nó do modelo (e também o NR e o LAT), a<br />

partir de levantamentos com GPS diferencial preciso, conforme proposto por RAMOS<br />

e KRUEGER (2006). Somente diante dessa perspectiva será possível realizar os LH<br />

sem necessidade da régua maregráfica da estação de referência.<br />

112


Em todos os seis casos testados existe uma considerável incerteza associada ao NM<br />

na área de sondagem, tanto ao se extrapolar o NM da estação de referência para toda a<br />

área, quanto ao se adotar os resultados de NM do modelo. A limitação do método<br />

adotado, relacionada à determinação do NM, também poderá ser corrigida com a<br />

devida amarração ao elipsóide do sistema WGS-84. Essa tarefa será possivelmente<br />

empreendida como continuação a este estudo pelo Centro de Hidrografia da Marinha.<br />

Vale a pena frisar que o método empregado pelo NHi Sirius parte do pressuposto que<br />

o NM é coincidente para toda área de sondagem, ou seja, equivale a abordagem dos<br />

casos 1, 2, 3 e 4.<br />

O mapa de batimetria reduzida feito por ocasião do LH 001/2006 (NHi Sirius) é<br />

apresentado na Figura 70. A variação do NR no método do zoneamento discreto é<br />

feita por faixas com desníveis de, no máximo 10 cm, e o NM é o mesmo calculado na<br />

estação maregráfica de referência.<br />

452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

REDUÇÃO SIRIUS<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Profundidades<br />

Reduzidas (m)<br />

Figura 70 – Profundidades reduzidas pelo NHi Sirius (método do Zoneamento Discreto de Maré,<br />

NM uniforme e NR variado).<br />

21<br />

20<br />

19<br />

18<br />

17<br />

16<br />

15<br />

14<br />

13<br />

12<br />

11<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

113


As profundidades variam significativamente entre os métodos avaliados conforme<br />

pode ser observado na Tabela 9. Diferenças de até ± 4m foram encontradas em todos<br />

os casos. As diferenças absolutas médias encontradas foram da ordem de 1,30 m e se<br />

alternam entre valores negativos e positivos. Esses resultados mostram que as<br />

incertezas decorrentes da metodologia empregada para a redução de sondagens situem<br />

esta área fora da classificação de Ordem Especial ou mesmo de Primeira Ordem,<br />

conforme preconizado pelo IHO, confirmando os resultados encontrados no trabalho<br />

anterior de FERNANDES (2006).<br />

Tabela 9 – Diferenças nas profundidades reduzidas em função do método de redução<br />

(zoneamento discreto-Sirius x modelagem hidrodinâmica- casos 1 ao 6).<br />

Método das subáreas<br />

x<br />

Método da<br />

Modelagem<br />

Intervalo de<br />

variação das Diferenças<br />

(m)<br />

Diferença<br />

Máxima<br />

(m)<br />

Caso 1 4,59 2,30<br />

Caso 2<br />

4,05<br />

2,46<br />

Caso 3 4,07 2,52<br />

Caso 4<br />

4.89<br />

2.60<br />

Caso 5 4.92 2.63<br />

Caso 6<br />

4.02<br />

2.77<br />

Diferença<br />

Mínima<br />

(m)<br />

MAE<br />

(m)<br />

-2,29 1,17<br />

-1,59<br />

-1,55<br />

-2.29<br />

1,20<br />

1,22<br />

1,27<br />

-2.29 1,35<br />

-1.25<br />

As diferenças entre as batimetrias reduzidas foram mapeadas e apresentadas da Figura<br />

71 à Figura 76. As diferenças negativas em vermelho significam que a profundidade<br />

final obtida pelo Sirius é menor do que a calculada pelo método proposto (o navio<br />

está assumindo uma batimetria mais rasa e, portanto, pode ser mais seguro e mais<br />

proibitivo navegar nestes trechos). Diferenças positivas em azul significam que a<br />

profundidade reduzida pelo Sirius é maior do que a sugerida pelo método da<br />

modelagem (o navio está admitindo uma batimetria mais profunda, dando<br />

teoricamente mais calado em áreas eventualmente mais rasas).<br />

1,42<br />

114


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 1)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 71 - Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o NR da estação de referência como datum vertical). A linha verde envolve o trecho<br />

sondado.<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

-1.6<br />

115


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 2)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 72 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente). A linha verde envolve o trecho<br />

sondado.<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

-1.6<br />

116


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 3)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 73 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o LAT como datum vertical, variado espacialmente). A linha verde envolve o trecho<br />

sondado.<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

-1.6<br />

117


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 4)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 74 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM uniforme e variável). A linha<br />

verde envolve o trecho sondado.<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

-1.6<br />

-1.8<br />

-2<br />

118


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 5)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 75 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM variado). A linha verde<br />

envolve o trecho sondado.<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

-1.6<br />

-1.8<br />

-2<br />

119


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre o Zoneamento Discreto<br />

e Modelagem (Caso 6)<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 76 – Diferenças observadas na redução das sondagens em função do método empregado<br />

(utilizando o NR como datum vertical, variado espacialmente e NM variado e variável). A linha<br />

verde envolve o trecho sondado.<br />

Os mapas de diferenças, contrapondo as correções advindas do modelo às correções<br />

pelo método das subáreas de redução, mostram nitidamente o problema de se<br />

empregar a discretização espacial na redução dos dados brutos de batimetria. Esse<br />

método gera um padrão listrado de áreas com diferenças tanto positivas quanto<br />

negativas. Os “degraus” encontrados se correlacionam espacialmente com os limites<br />

das subáreas conforme pode ser verificado na Figura 77. Pode-se deduzir que o<br />

método do zoneamento discreto implica em incertezas que ora podem colocar em<br />

risco a navegação, ora podem criar uma situação de excessiva precaução, dependendo<br />

da subárea de redução em que estiver trafegando a embarcação.<br />

3.2<br />

3<br />

2.8<br />

2.6<br />

2.4<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1<br />

-1.2<br />

-1.4<br />

120


520000<br />

500000<br />

480000<br />

460000<br />

440000<br />

700000 720000 740000 760000 780000 800000 820000<br />

Figura 77 – Mapa das diferenças com a sobreposição dos limites das subáreas de redução.<br />

Os resultados dos casos 2 e 3 são os mais similares, já que o trecho sondado<br />

corresponde a uma região onde o LAT e o NR são praticamente coincidentes. Em<br />

função da referência vertical empregada não ser relevante na área do LH, os casos 4, 5<br />

e 6 foram testados apenas para o NR.<br />

A variação entre dois casos é ilustrada na Figura 78, onde são representadas as<br />

diferenças encontradas entre os Casos 1 e 2, NR variado e NR uniforme (proveniente<br />

da estação de referência). Observa-se que a distribuição espacial das diferenças é bem<br />

mais suave (sem os degraus), com valores de, no máximo, 30 centímetros. Conforme<br />

pode ser verificado na Tabela 10, esta incerteza encontrada é muito menos<br />

significativa do que aquelas observadas na comparação entre casos 1 ao 6 com o<br />

método do zoneamento discreto. Porém, cabe salientar novamente que na área total de<br />

redução são esperadas variações maiores.<br />

121


452000<br />

450000<br />

448000<br />

446000<br />

444000<br />

442000<br />

440000<br />

438000<br />

436000<br />

Diferenças entre a redução feita com a modelagem numérica<br />

NR variado x NR uniforme<br />

710000 712000 714000 716000 718000 720000 722000<br />

Diferenças em metros<br />

Figura 78 – Diferenças na profundidade reduzida pela modelagem hidrodinâmica entre os casos<br />

1 e 2, NR uniforme (est. de referência) em contraposição ao NR variado. A linha verde envolve o<br />

trecho sondado.<br />

Tabela 10 – Resultados da comparação entre a aplicação do datum vertical variado e o datum<br />

vertical uniforme utilizando a mesma metodologia.<br />

Método da<br />

Modelagem<br />

NR uniforme<br />

x<br />

NR variado<br />

Intervalo de<br />

variação das Diferenças<br />

(m)<br />

0,5044<br />

0.22<br />

0.2<br />

0.18<br />

0.16<br />

0.14<br />

0.12<br />

0.1<br />

0.08<br />

0.06<br />

0.04<br />

0.02<br />

0<br />

-0.02<br />

-0.04<br />

-0.06<br />

-0.08<br />

-0.1<br />

-0.12<br />

-0.14<br />

-0.16<br />

-0.18<br />

-0.2<br />

-0.22<br />

-0.24<br />

-0.26<br />

-0.28<br />

-0.3<br />

Diferença<br />

Máxima<br />

(m)<br />

0,22<br />

Diferença<br />

Mínima<br />

(m)<br />

-0,28<br />

MAE<br />

(m)<br />

Na Figura 79 e na Figura 80 são apresentados, a título de ilustração, mapas de<br />

batimetrias reduzidas, construídos com o aplicativo Geosoft (www.geosoft.com). Os<br />

exemplos correspondem à redução feita com o método do zoneamento discreto e com<br />

a modelagem numérica (caso 4).<br />

0,13<br />

122


Figura 79 – Mapa de batimetrias reduzidas realizadas no LH de 2006 (zoneamento discreto).<br />

123


Figura 80 – Mapa de batimetrias reduzidas realizadas com a modelagem numérica (caso 4).<br />

6.6. Previsão dos níveis<br />

Como foi verificado no item 6.1, o modelo hidrodinâmico implementado ao longo do<br />

desenvolvimento deste trabalho consiste, por si só, em uma ferramenta para a efetiva<br />

previsão de níveis. Os resultados fornecidos pelos modelos também podem ser<br />

explorados indiretamente para a geração de diversos produtos voltados para a<br />

navegação na Barra Norte, e um exemplo de aplicação é a obtenção de constantes<br />

harmônicas específicas para determinados pontos ao longo de todo o canal de<br />

navegação.<br />

124


Atualmente na região da Barra Norte, o CHM divulga previsões harmônicas (Tábuas<br />

das Marés) apenas para a estação Ponta do Céu. Além disso, publica uma nota na<br />

carta 200 “Da Ilha de Maracá à Ilha do Machadinho”, com a explicação de um<br />

método expedito para a previsão de maré para um único ponto denominado “estação<br />

H”, a partir de informações provenientes de Ponta do Céu (Figura 81 e Figura 82). Os<br />

fatores de correção em fase e amplitude empregados na previsão de Ponta do Céu e<br />

apresentados na nota foram calculados a partir dos dados dos fundeios de 1999,<br />

também utilizados no estudo de DE PAULA (1999).<br />

Figura 81 – Extrato da carta náutica 200 contendo nota sobre a “Estação H”.<br />

Com o resultado do modelo, foi possível obter séries de elevações dos nós 3901,<br />

3960, 3900 e 3959, mais próximos a este ponto, e realizar uma interpolação linear<br />

para as coordenadas do PONTO H. A Figura 83 mostra o resultado desta interpolação.<br />

A série interpolada foi analisada pelo método harmônico para a posterior previsão (as<br />

constantes harmônicas estão listadas no Apêndice B).<br />

125


800000<br />

600000<br />

400000<br />

200000<br />

0<br />

Localização das Estações<br />

e do Ponto H<br />

Macapá<br />

Santana<br />

Canivete<br />

Barra Norte<br />

Penrod<br />

Santa Maria do Cocal<br />

Ilha de Maracá<br />

Guará<br />

Oceano<br />

Atlântico<br />

[0,0] = UTM [588952.99 , 9668415.69]<br />

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000<br />

Afuá<br />

Chaves<br />

PONTO H<br />

Vila Nazaré<br />

Machadinho<br />

Maguari<br />

Figura 82 – Mapa de localização das estações e do Ponto H.<br />

níveis (m) em relação ao zero do modelo<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

Valores interpolados para o PONTO H<br />

-2<br />

2/9/05 0:00 2/9/05 2:24 2/9/05 4:48 2/9/05 7:12 2/9/05 9:36 2/9/05 12:00 2/9/05 14:24 2/9/05 16:48 2/9/05 19:12 2/9/05 21:36<br />

Data-Hora<br />

3/9/05 0:00<br />

NÓ 3901 NÓ 3960 NÓ 3900 NÓ 3959 PONTO H<br />

Figura 83 – Valores interpolados para o Ponto H (exemplo de 1 dia).<br />

Com base nas constantes calculadas foi realizada uma previsão de maré para o ponto<br />

H e, no mesmo período, obtidos os valores de preamares e baixa-mares de acordo com<br />

o método expedito descrito na carta náutica (Figura 82). A comparação é mostrada na<br />

Figura 84. Nesse período simulado observam-se diferenças da ordem de 17 cm.<br />

126


Essa aplicação comprova o potencial do modelo para a criação de produtos de auxílio<br />

à navegação ao longo do Canal da Barra Norte. As constantes poderiam subsidiar o<br />

desenvolvimento de tábuas digitais direcionadas para os pontos mais sensíveis,<br />

facilitariam a atualização das notas das cartas náuticas impressas, tornando as<br />

informações mais fidedignas, contribuiriam para a geração de elementos para a carta<br />

eletrônica, entre outras inovações.<br />

ELEVAÇÕES (m) referidas ao zero do modelo<br />

2.5<br />

2<br />

1.5<br />

1<br />

0.5<br />

0<br />

-0.5<br />

-1<br />

-1.5<br />

-2<br />

-2.5<br />

3/3/06 0:00<br />

4/3/06 0:00<br />

5/3/06 0:00<br />

PREVISÕES DE NÍVEL PARA O PONTO H<br />

6/3/06 0:00<br />

DATA-HORA<br />

7/3/06 0:00<br />

Previsão Harmônica método da carta<br />

Figura 84 – Gráfico apresentando as previsões realizadas para o PONTO H com o modelo<br />

hidrodinâmico e com o método harmônico (a partir das constantes geradas com o modelo), além<br />

dos valores de preamares e baixa-mares calculados conforme instrução da carta náutica.<br />

8/3/06 0:00<br />

9/3/06 0:00<br />

10/3/06 0:00<br />

127


7. Conclusões e Recomendações<br />

Capítulo 7<br />

Tendo em vista os resultados alcançados, pode-se concluir que a validação de uma<br />

metodologia que emprega modelos hidrodinâmicos costeiros para a atividade<br />

hidrográfica foi um objetivo alcançado neste trabalho.<br />

Por outro lado, para a operacionalização da metodologia no âmbito do CHM, um<br />

aspecto fundamental que deverá ser empreendido como continuação a este trabalho é<br />

a validação do modelo hidrodinâmico. Nesse contexto, o estuário do Amazonas deve<br />

ser considerado um ambiente de características bastante especiais em termos de escala<br />

espacial, dinâmica de marés, vazão fluvial, dinâmica sedimentar, que tornam o<br />

processo de calibração e validação do modelo um fator complicador. As dificuldades<br />

devem-se principalmente à carência de dados e ao desconhecimento de alguns<br />

processos físicos atuantes naquela região. A calibração preliminarmente realizada<br />

neste estudo procurou dar um grau de confiabilidade aos resultados, de forma a<br />

legitimar a metodologia especificamente na área de redução de sondagens do Canal da<br />

Barra Norte. No entanto, em termos de calibração do modelo são feitas as seguintes<br />

recomendações para os próximos trabalhos:<br />

- considerar os efeitos de alagamento e secamento nas margens dos canais, em<br />

áreas de planícies de maré;<br />

- realizar testes de sensibilidade considerando a rugosidade equivalente de<br />

fundo;<br />

- ampliar a rede de observação maregráfica na região, de modo a garantir pelo<br />

menos um ano de observação nas estações maregráficas mais importantes e em pontos<br />

situados ao longo do Canal Grande do Curuá. O ideal seria realizar medições<br />

permanentes, uma vez que a maré é fortemente condicionada pela vazão fluvial;<br />

128


- realizar levantamentos batimétricos sistemáticos em todo o trecho do canal,<br />

preferencialmente com o ecobatímetro multi-feixe;<br />

- efetuar medições de correntes a fim de tornar possível a investigação dos<br />

padrões de circulação na região;<br />

- avaliar as constantes do FES 2004 divulgadas para a região, principalmente<br />

aquelas referentes à componente M4 e confrontá-las a outras bases de dados<br />

eventualmente disponíveis.<br />

Nos próximos trabalhos de modelagem hidrodinâmica na região recomenda-se<br />

incorporar ao modelo o campo de ventos e simular efeitos baroclínicos.<br />

O modelo hidrodinâmico se mostrou particularmente sensível à batimetria, sendo que<br />

no teste de sensibilidade empreendido houve pouca variação nos resultados, em<br />

função do período analisado (cheia e estiagem). Os níveis gerados com alterações na<br />

batimetria da ordem de -20% foram os que melhor se correlacionaram aos dados<br />

observados na estação Barra Norte em termos de altura e assimetria de maré; a fase da<br />

onda de maré não foi afetada pelos testes. Ao longo do canal, área efetivamente<br />

investigada no que se refere à redução de sondagens, o teste se mostrou menos<br />

expressivo. Especificamente para a aplicação proposta neste trabalho, a batimetria<br />

pode vir a ser tratada como mais um fator de calibração do modelo, face à necessidade<br />

de se estabelecer precisamente os níveis a serem usados no mapeamento dos campos<br />

de LAT e NR e na redução de sondagens e principalmente em virtude da inexistência<br />

de dados de batimetria atuais que recubram a área do domínio em toda a sua extensão.<br />

Após o ajuste da condição de contorno oceânica, as defasagens encontradas entre as<br />

séries temporais de elevação modeladas e observadas na estação Barra Norte foram de<br />

6 minutos. Em alturas foram encontradas diferenças de, em média, 23 cm. As<br />

flutuações diárias de nível médio observadas em dados medidos foram consideráveis<br />

nos dois anos avaliados (da ordem de 30 cm). Após a filtragem das oscilações de<br />

baixa freqüência nos dados observados, as diferenças em alturas passaram para<br />

aproximadamente 16 cm, o que corresponde a 4% de incerteza em relação às alturas<br />

de maré de 4 metros típicas do local. Os dados coletados nos pontos de fundeio ao<br />

129


longo do canal acompanharam de forma bastante consistente o comportamento dos<br />

níveis simulados com o modelo.<br />

Neste trabalho foi possível confirmar o potencial da modelagem hidrodinâmica na<br />

previsão de níveis. A abrangência espacial alcançada pelo modelo é o maior<br />

diferencial em relação à previsão harmônica atualmente divulgada para região. A<br />

acurácia alcançada com o modelo foi similar àquela obtida com a previsão, quando<br />

feitas comparações aos dados observados. Nesse caso, a previsão pode ser realizada<br />

tanto a partir dos resultados do modelo propriamente dito, quanto indiretamente<br />

através do emprego do conjunto de constantes harmônicas gerado nos pontos onde o<br />

modelo foi calibrado. Essa aplicação é bem promissora para a confecção de produtos<br />

de auxílio à navegação, como cartas de corrente de maré, tábuas das marés digitais,<br />

notas em cartas eletrônicas, entre outros.<br />

Em função dos resultados obtidos, pode-se concluir que a modelagem hidrodinâmica<br />

se mostrou uma ferramenta útil na determinação de níveis de referência para a carta<br />

náutica, capaz de reproduzir a variabilidade espacial destes data ao longo de todo o<br />

trecho investigado, reduzindo as incertezas decorrentes da extrapolação espacial dos<br />

planos de referência de estações maregráficas costeiras.<br />

Dentre os data avaliados, o LAT foi o que se mostrou mais interessante para as<br />

aplicações relacionadas à segurança da navegação, por representar efetivamente o<br />

nível das mais baixas baixa-mares, corroborando as recomendações da IHO. Isso se<br />

dá porque, ao contrário do NR, o cálculo do LAT é realizado de forma a levar em<br />

consideração todo o conjunto de componentes harmônicas do local, inclusive as<br />

constituintes de águas rasas (e.g. Msf e M4) que assumem grande importância em<br />

sistemas estuarinos.<br />

É necessário que o nível de confiabilidade dos resultados do modelo seja futuramente<br />

aferido, com medições de séries de nível em alguns pontos do Canal Norte<br />

correspondentes a nós de cálculo da malha de elementos finitos empregada neste<br />

estudo. As observações podem ser eventualmente realizadas com bóias RTG. Os<br />

130


dados de variação de nível utilizados neste trabalho, obtidos com o ecobatímetro,<br />

apresentam grandes limitações e considerável imprecisão.<br />

Uma das recomendações da IHO quanto à questão do referenciamento da carta<br />

náutica prevê que, caso o LAT não seja empregado diretamente nas reduções<br />

batimétricas, ao menos as diferenças entre o datum vertical nacional (NR) e o LAT<br />

sejam especificadas na carta. Na região de interesse para este trabalho, dominada por<br />

processos não-lineares que contribuem para geração de harmônicos de água rasa, as<br />

diferenças entre LAT e NR encontradas não apresentaram um padrão de variação<br />

espacial uniforme que permitisse o cumprimento da deliberação nos termos propostos.<br />

A alternativa, após o definitivo estabelecimento do datum, será migrar efetivamente a<br />

referência da carta do NR ao LAT, de modo a gerar novos valores de profundidade e<br />

novos traçados das isobatimétricas.<br />

A redução de sondagens realizada com auxílio do modelo hidrodinâmico apresentou<br />

resultados consistentes com o trabalho anterior de FERNANDES (2006). Nos casos<br />

investigados as diferenças encontradas entre a metodologia de zoneamento discreto de<br />

marés (subáreas de redução) e a modelagem foram, em termos absolutos, de 1,3 m em<br />

média. Diferenças de até ± 2,5 metros foram encontradas produzindo incertezas muito<br />

altas em uma região reputada crítica à navegação. A área pesquisada situa-se<br />

relativamente próxima à estação maregráfica de referência e corresponde a um trecho<br />

proporcionalmente pequeno quando comparado a toda região onde são realizados os<br />

levantamentos hidrográficos. Espera-se que as incertezas atribuídas à redução de<br />

sondagens ao longo do canal possam ser ainda maiores à medida que se distancia da<br />

estação maregráfica.<br />

A metodologia pressupõe que sejam efetuados registros de maré concomitantes à<br />

sondagem batimétrica, a fim de aplicar as variações de nível médio observadas na<br />

estação maregráfica às séries simuladas a serem usadas na correção das sondagens.<br />

Esta limitação do método somente poderá ser resolvida com o emprego de<br />

levantamentos com GPS diferencial preciso, que permite o referenciamento do NM e<br />

dos data verticais diretamente ao elipsóide do sistema WGS-84.<br />

131


Quanto à redução das batimetrias, o padrão de distribuição espacial das diferenças<br />

encontradas entre as metodologias testadas (em desníveis) sugere uma correlação com<br />

os limites das subáreas de redução, o que deverá ser confirmado em estudos<br />

subseqüentes.<br />

Os resultados encontrados no dado batimétrico reduzido mostraram que nesta pequena<br />

área é indiferente adotar o LAT ou NR como nível de referência vertical da carta. O<br />

mesmo não pode ser inferido para as áreas situadas ao largo do canal ou a montante<br />

do estuário.<br />

132


8. Referências Bibliográficas<br />

Capítulo 8<br />

ABBOT, M.B., BASCO, R., 1989, Computational Fluid Mechanics, An<br />

Introduction for Engineering, Longman Group, UK Limited.<br />

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139


APÊNDICES<br />

Apêndice A<br />

Formulações matemáticas dos modelos adotados<br />

A mecânica do movimento para escoamento em regime turbulento é governada pelas<br />

equações de Navier-Stokes. Essas equações representam o princípio da conservação<br />

da quantidade de movimento e, em conjunto com uma equação de estado, uma<br />

equação de transporte para cada constituinte da equação de estado e a equação da<br />

continuidade que representa a condição de escoamento incompressível, compõem o<br />

modelo matemático fundamental para qualquer corpo d’água (ROSMAN, 2008).<br />

Nos modelos adotados neste trabalho, é admitida a aproximação de Boussinesq, em<br />

que se assume uma densidade constante para todo o domínio (ρ0). Neste caso a<br />

equação de estado e as equações de transporte de cada constituinte não se aplicam.<br />

Essa aproximação pode ser feita se considerarmos que o estuário do rio Amazonas é<br />

bem misturado e não apresenta estratificação. Evidentemente, este não é o caso da<br />

região de estudo, em função da intrusão salina e das camadas de lama fluida próxima<br />

ao fundo, porém esta simplificação é válida uma vez que o interesse deste trabalho<br />

está voltado para as variações de nível. Em outras palavras, o trabalho está focado<br />

apenas nas forçantes barotrópicas do sistema. Também é assumida nas equações<br />

governantes do movimento a aproximação hidrostática, o qual passa a ser considerado<br />

como um escoamento de águas rasas, onde as escalas dos movimentos horizontais<br />

são, no mínimo, vinte vezes maiores do que a profundidade.<br />

A Figura 85 ilustra o sistema de coordenadas adotado pelos modelos.<br />

140


Z<br />

xi<br />

Figura 85– Sistema de coordenadas do sistema de modelagem 2DH. No caso 2DH, Ui representa a<br />

velocidade promediada na vertical. As coordenadas e velocidades horizontais são representadas<br />

como (x, y) = (x1, x2) e (u, v) = (u1, u2) utilizando o índice i = 1,2 (ROSMAN, 2008).<br />

As três equações necessárias para calcular as três incógnitas da circulação<br />

hidrodinâmica (U, V, ζ), no módulo 2DH (escoamento promediado em z), são<br />

resumidas abaixo:<br />

ui<br />

Ui<br />

Z=ζ<br />

H<br />

Z=-h<br />

Equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento integrado na<br />

vertical, na direção x:<br />

∂U<br />

∂U<br />

∂U<br />

∂ζ<br />

1 ⎛ ∂Hτ<br />

∂Hτ<br />

xy ⎞<br />

xx 1 S B<br />

+ U + V = −g<br />

+<br />

+ τ x −τ<br />

x + ΦsenθV<br />

t x y x ρ H<br />

⎜ +<br />

x y<br />

⎟ ( ) 2<br />

∂ ∂ ∂ ∂ 0 ⎝ ∂ ∂ ⎠ ρ0<br />

H<br />

Equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento integrado na<br />

vertical, na direção y:<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂ζ<br />

1 ⎛ ∂Hτ<br />

xy ∂Hτ<br />

yy ⎞ 1 S B<br />

+ U + V = −g<br />

+ ⎜<br />

⎟ + τ y − τ y − ΦsenθU<br />

t x y y ρ H ⎜<br />

+<br />

∂ ∂<br />

x y ⎟<br />

( ) 2<br />

∂ ∂<br />

0 ⎝ ∂ ∂ ⎠ ρ 0 H<br />

(2)<br />

(1)<br />

141


Equação da continuidade (do volume) integrada ao longo da vertical:<br />

∂ζ<br />

∂UH<br />

∂VH<br />

+ + = 0<br />

∂t<br />

∂x<br />

∂y<br />

Onde:<br />

x e y são as direções principais, longitudinal e transversal, respectivamente,<br />

U e V são as componentes das velocidades nas direções x e y,<br />

ζ é a elevação acima de um nível de referência,<br />

H é altura instantânea da coluna d’água H=ζ + h<br />

g é a aceleração da gravidade<br />

ρ 0 é uma massa específica de referência,<br />

τ xx e τ yy são as tensões turbulentas médias na vertical,<br />

B B<br />

τ x e τ y são as tensões de atrito no fundo nas direções x e y,<br />

S S<br />

τ x e τ y são as tensões de atrito na superfície nas direções x e y,<br />

Φ é a velocidade angular de rotação da Terra no sistema de coordenadas local, e<br />

θ é o ângulo de latitude.<br />

A seguir, utilizando a equação de quantidade de movimento na direção x como<br />

exemplo, o significado de cada termo das equações (1) e (3) é apresentado.<br />

Analogamente, pode-se chegar ao significado dos termos semelhantes na equação da<br />

quantidade de movimento na direção y, equação (2).<br />

(3)<br />

142


Equação (1)<br />

∂U<br />

∂t<br />

∂U<br />

∂U<br />

U + V<br />

∂x<br />

∂y<br />

∂ζ<br />

− g<br />

∂x<br />

ρ 0<br />

1 ⎛ ∂Hτ<br />

⎜<br />

H ⎝ ∂x<br />

xx<br />

∂Hτ<br />

xy ⎞<br />

+ ⎟<br />

∂y<br />

⎠<br />

Representa a aceleração local do escoamento, ou seja, em uma<br />

dada posição, a taxa de variação temporal do fluxo de quantidade<br />

de movimento 2DH por unidade de massa. Em escoamentos<br />

permanentes, esse termo é nulo.<br />

Representam a aceleração advectiva do escoamento, ou seja, em<br />

um determinado instante, esses termos representam a taxa de<br />

variação espacial do fluxo de quantidade de movimento 2DH na<br />

direção x por unidade de massa. Em escoamentos uniformes,<br />

esses termos são nulos.<br />

Representa a pressão hidrostática resultante na direção x<br />

(gradiente de pressão), devido à declividade da superfície d’água<br />

na direção x. Conforme indicado pelo sinal negativo, o<br />

escoamento flui dos níveis mais altos para os níveis mais baixos.<br />

Representam a resultante das tensões dinâmicas turbulentas 2DH<br />

no escoamento. São esses termos, por exemplo, os responsáveis<br />

pela geração de vórtices horizontais em zonas de recirculação.<br />

2 ΦsenθV<br />

Representa a força de Coriolis devido ao fato do referencial estar<br />

se movimentando na superfície da Terra.<br />

1 S<br />

( x )<br />

H τ<br />

ρ<br />

0<br />

1 B<br />

( x )<br />

H τ −<br />

ρ<br />

0<br />

Equação (3)<br />

∂ (ζ + h)<br />

∂UH<br />

∂VH<br />

= − −<br />

∂t<br />

∂x<br />

∂y<br />

Representa a tensão do vento na superfície livre por unidade de<br />

massa. Se o vento estiver no mesmo sentido do escoamento, esse<br />

termo irá acelerar o escoamento; se estiver em sentido oposto, irá<br />

retardar o escoamento.<br />

Representa a tensão de atrito no fundo atuante no escoamento por<br />

unidade de massa. Conforme indicado pelo sinal negativo, esse<br />

termo sempre atuará no sentido de desacelerar o escoamento.<br />

A altura da coluna d’água (ζ+h) varia no tempo como resultado<br />

dos fluxos efetivos através da coluna d’água nas direções x e y<br />

∂HU<br />

∂HV<br />

respectivamente, ∂x<br />

e ∂y<br />

.<br />

143


A tensão de atrito na superfície livre devido ao vento é escrita em termos de uma<br />

formulação de velocidade quadrática:<br />

S<br />

τ i<br />

2<br />

= ρarCDW10<br />

cosφi<br />

;<br />

[i=1,2] 17 (4)<br />

Onde: ρar é a densidade do ar, CD é o coeficiente de arraste do vento, W10 é o valor<br />

local da velocidade do vento medida a 10 metros acima da superfície livre, e φi é o<br />

ângulo entre o vetor de velocidade do vento local e a direção xi. O coeficiente de<br />

arraste do vento, CD, pode ser determinado a partir de uma série de fórmulas<br />

empíricas.<br />

A fórmula adotada nos modelos do SisBaHiA® é a apresentada por (WU, 1982 apud<br />

ROSMAN, 2008):<br />

−3<br />

CD = ( 0.<br />

8 + 0.<br />

065W10)<br />

× 10<br />

;<br />

[W10 em m/s] (5)<br />

Neste trabalho, a tensão de atrito na superfície livre devido ao vento não foi<br />

considerada.<br />

No módulo 2DH do SisBaHiA®, a tensão de atrito no fundo é calculada através da<br />

seguinte expressão:<br />

B<br />

τ i = ρ0<br />

βU<br />

i<br />

[i=1,2] (6)<br />

onde o parâmetro β depende da forma com que o módulo 2DH é empregado,<br />

conforme descrito a seguir:<br />

17 i=1 representa a componente x e i=2 a componente y<br />

144


Módulo 2DH desacoplado (caso deste estudo): se apenas o módulo 2DH estiver sendo<br />

utilizado, ou seja, se o módulo 2DH não for acoplado com o módulo 3D, a lei<br />

quadrática usual é empregada e tem-se:<br />

β =<br />

g<br />

C<br />

2<br />

h<br />

U<br />

2<br />

+ V<br />

2<br />

Módulo 2DH acoplado: Se o módulo 2DH for acoplado ao módulo 3D, o parâmetro β<br />

passa a depender da velocidade de atrito característica u*, que é função do perfil de<br />

velocidade 3D. Nesse caso, tem-se:<br />

β =<br />

C<br />

g<br />

h<br />

u*<br />

Em ambos os casos, Ch é o coeficiente de Chézy, definido como:<br />

C h<br />

⎛ 6H<br />

⎞<br />

= 18log10⎜ ⎟<br />

⎝ ε ⎠<br />

Os valores de rugosidade equivalente do fundo (ε) estão de acordo com os valores<br />

recomendados por ABBOT e BASCO (1989), adaptados por ROSMAN (2008) e são<br />

apresentados na Tabela 11.<br />

(7)<br />

(8)<br />

(9)<br />

145


Tabela 11 – Valores para a rugosidade equivalente de fundo (ε), segundo o tipo de sedimento.<br />

Terreno ou Leito de Terra<br />

Leito com transporte de sedimentos 0,0070m < ε < 0,0500m<br />

Fundo de pedra ou rochoso<br />

Fundo de Concreto<br />

Leito com vegetação 0,0050m < ε < 0,1500m<br />

Leito com obstáculos 0,1500m < ε < 0,4000m<br />

Fundo de alvenaria 0,0003m < ε < 0,0010m<br />

Fundo de pedra lisa 0,0010m < ε < 0,0030m<br />

Fundo de asfalto 0,0030m < ε < 0,0070m<br />

Fundo com pedregulho 0,0070m < ε < 0,0150m<br />

Fundo com pedras médias 0,0150m < ε < 0,0400m<br />

Fundo com pedras 0,0400m < ε < 0,1000m<br />

Fundo com rochas 0,1000m < ε < 0,2000m<br />

Fundo de concreto liso 0,0001m < ε < 0,0005m<br />

Fundo de concreto inacabado 0,0005m < ε < 0,0030m<br />

Fundo de concreto inacabado 0,0030m < ε < 0,0100m<br />

146


Apêndice B<br />

Tabelas de Constantes Harmônicas<br />

utilizadas (fonte: BNDO)<br />

Plataforma Penrod<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 46.8 155.0<br />

MSF 44.0 204.0<br />

K1 10.1 211.0<br />

O1 7.8 180.0<br />

P1 3.3 211.0<br />

Q1 1.1 166.0<br />

J1 1.4 198.0<br />

M1 1.5 185.0<br />

OO1 2.0 138.0<br />

SIGMA1 0.2 152.0<br />

PI1 0.2 211.0<br />

2Q1 0.2 152.0<br />

FI1 0.1 211.0<br />

PSI1 0.1 211.0<br />

M2 85.1 164.0<br />

S2 21.7 168.0<br />

N2 20.1 171.0<br />

K2 5.9 168.0<br />

NU2 3.9 171.0<br />

MU2 1.4 219.0<br />

L2 9.8 221.0<br />

T2 1.3 168.0<br />

2N2 2.7 177.0<br />

M3 1.0 133.0<br />

2SM2 2.8 82.0<br />

MK3 2.1 142.0<br />

MO3 1.1 77.0<br />

M4 5.7 189.0<br />

MS4 3.2 236.0<br />

MN4 2.7 148.0<br />

SN4 3.4 317.0<br />

M6 1.5 191.0<br />

2MS6 1.2 217.0<br />

2MN6 1.0 80.0<br />

2SM6 0.6 72.0<br />

MSN6 1.5 262.0<br />

Santa Maria do Cocal<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 6.8 229.7<br />

MSF 10.2 274.0<br />

K1 13.1 247.7<br />

O1 9.4 214.6<br />

P1 4.3 247.7<br />

Q1 2.0 210.7<br />

J1 1.9 348.4<br />

M1 1.3 301.1<br />

OO1 2.0 125.4<br />

SIGMA1 0.3 206.7<br />

PI1 0.2 247.7<br />

2Q1 0.2 206.7<br />

FI1 0.2 247.7<br />

PSI1 0.1 247.7<br />

M2 270.4 213.8<br />

S2 68.0 260.8<br />

N2 43.1 197.1<br />

K2 18.5 260.8<br />

NU2 8.4 197.1<br />

MU2 13.0 350.7<br />

L2 19.6 211.4<br />

T2 4.0 260.8<br />

2N2 5.7 180.4<br />

M3 5.3 322.0<br />

2SM2 4.0 31.2<br />

MK3 2.9 4.2<br />

MO3 6.3 22.3<br />

M4 37.6 331.3<br />

MS4 16.9 44.0<br />

MN4 9.8 299.5<br />

SN4 7.6 103.5<br />

M6 9.6 1.8<br />

2MS6 5.3 29.3<br />

2MN6 5.8 327.3<br />

2SM6 11.4 278.5<br />

MSN6 3.4 140.1<br />

147


Igarapé do Inferno (Ilha de Maracá)<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 10.5 239.5<br />

MSF 8.4 324.2<br />

Q1 7.0 209.4<br />

O1 17.2 218.8<br />

K1 16.4 235.0<br />

J1 4.3 284.9<br />

MU2 28.6 332.3<br />

N2 61.8 227.6<br />

M2 351.7 227.8<br />

L2 47.7 227.5<br />

S2 96.9 281.7<br />

MSN2 11.7 119.2<br />

2SM2 16.3 300.3<br />

2SN2 6.3 355.0<br />

MO3 7.5 52.6<br />

MK3 4.7 46.1<br />

MN4 35.4 23.1<br />

M4 80.4 15.6<br />

SN4 55.4 32.4<br />

MS4 86.0 83.9<br />

SL4 3.7 177.3<br />

2MN6 13.8 144.0<br />

M6 27.3 137.0<br />

MSN6 31.8 165.0<br />

2MS6 30.2 202.6<br />

2SM6 26.1 36.7<br />

3SM8 3.2 141.9<br />

S8 6.5 6.2<br />

2Q1 0.4 202.8<br />

SIGMA1 0.5 203.9<br />

RO1 1.3 210.7<br />

PI1 0.3 233.1<br />

P1 5.4 233.7<br />

PSI1 0.1 235.5<br />

FI1 0.2 236.2<br />

TETA1 0.8 155.6<br />

2N2 8.2 227.4<br />

NU2 11.7 227.6<br />

LAMBD2 2.5 252.8<br />

T2 5.7 279.5<br />

R2 0.8 283.8<br />

K2 26.4 286.0<br />

Ponta Guará<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 30.7 297.0<br />

MSF 48.8 28.0<br />

K1 10.4 272.0<br />

O1 6.3 251.0<br />

P1 3.4 272.0<br />

Q1 3.3 205.0<br />

J1 2.1 341.0<br />

M1 1.3 330.0<br />

OO1 1.9 132.0<br />

SIGMA1 0.2 159.0<br />

PI1 0.2 272.0<br />

2Q1 0.2 159.0<br />

FI1 0.1 272.0<br />

PSI1 0.1 272.0<br />

M2 152.7 315.0<br />

S2 40.1 354.0<br />

N2 36.6 292.0<br />

K2 10.9 354.0<br />

NU2 7.1 292.0<br />

MU2 11.4 189.0<br />

L2 6.3 306.0<br />

T2 2.4 354.0<br />

2N2 4.9 269.0<br />

M3 1.4 323.0<br />

2SM2 9.6 252.0<br />

MK3 2.6 145.0<br />

MO3 1.6 132.0<br />

M4 27.2 132.0<br />

MS4 13.3 166.0<br />

MN4 10.8 107.0<br />

SN4 4.8 193.0<br />

M6 15.0 344.0<br />

2MS6 13.4 6.0<br />

2MN6 9.2 326.0<br />

2SM6 3.0 13.0<br />

MSN6 6.6 4.0<br />

148


Escola do Igarapé Grande do Curuá<br />

(Barra Norte)<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MSF 6.7 354.0<br />

O1 5.1 297.3<br />

P1 2.0 324.1<br />

K1 6.1 326.2<br />

OO1 2.9 280.0<br />

KQ1 2.6 185.5<br />

2N2 2.9 284.3<br />

MU2 14.3 178.8<br />

N2 21.8 325.0<br />

NU2 4.1 282.2<br />

M2 157.8 5.6<br />

LAMBD2 1.1 19.5<br />

L2 13.7 45.7<br />

T2 2.1 34.4<br />

S2 36.2 35.6<br />

K2 9.8 38.0<br />

2SM2 10.9 300.4<br />

N4 3.1 230.6<br />

MN4 3.1 254.7<br />

M4 11.9 290.5<br />

SN4 2.5 314.4<br />

MS4 6.7 321.5<br />

M6 4.4 94.7<br />

3MN8 2.4 299.5<br />

M8 2.6 315.0<br />

2MSN8 2.2 321.7<br />

3MS8 4.1 2.8<br />

Canivete<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

SA 21.8 41.2<br />

SSA 7.0 31.0<br />

MM 6.4 10.6<br />

MSF 11.1 68.6<br />

O1 4.7 315.5<br />

MP1 0.8 78.9<br />

P1 1.1 356.1<br />

S1 5.4 274.8<br />

K1 8.1 333.9<br />

SO1 0.9 192.3<br />

MNS2 1.6 190.8<br />

2N2 3.2 13.7<br />

MU2 7.6 224.4<br />

2NUM2 1.5 14.9<br />

N2 21.3 14.5<br />

NU2 7.0 26.1<br />

OP2 2.1 130.7<br />

MTS2 7.8 0.5<br />

M2 121.2 43.6<br />

MKS2 4.8 273.7<br />

LAMBD2 5.4 67.0<br />

L2 8.5 78.4<br />

2SK2 1.7 72.0<br />

T2 3.4 31.2<br />

S2 26.7 73.3<br />

K2 6.0 72.6<br />

MSN2 2.6 305.8<br />

2SM2 2.3 327.4<br />

NO3 0.8 300.1<br />

MO3 2.8 313.8<br />

2MP3 0.7 55.7<br />

SO3 1.9 343.3<br />

MK3 3.1 338.3<br />

2MQ3 0.7 175.7<br />

N4 1.1 22.6<br />

3MS4 2.2 235.2<br />

MN4 3.9 18.2<br />

MNU4 1.9 40.5<br />

2MSK4 0.7 287.0<br />

2MTS4 1.6 313.2<br />

M4 10.5 51.6<br />

2MST4 0.7 212.2<br />

2MKS4 1.3 262.4<br />

2MKT4 0.6 358.2<br />

SN4 0.9 279.7<br />

3MN4 2.0 265.0<br />

MS4 3.3 76.7<br />

SL4 0.9 131.1<br />

2NM6 0.6 166.4<br />

2MN6 1.5 178.8<br />

2MNU6 0.6 209.8<br />

M6 2.9 197.8<br />

4MN6 0.7 41.1<br />

2MS6 2.4 224.3<br />

2MK6 0.9 211.4<br />

3MSN6 0.6 72.0<br />

2SM6 0.5 193.5<br />

3MN8 1.2 123.0<br />

M8 1.5 144.2<br />

2MSN8 0.8 130.7<br />

3MS8 1.8 175.1<br />

3MK8 0.6 142.6<br />

MSNK8 1 0.60 256.3<br />

2M2S8 0.7 190.2<br />

5MS12 0.6 319.9<br />

149


Santana<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

SA 24.1 45.2<br />

SSA 4.6 338.8<br />

MM 7.9 46<br />

MF 4.1 51.4<br />

MSF 12.2 40.1<br />

K1 6.4 8.2<br />

O1 5.3 358.8<br />

P1 5.3 16.2<br />

M2 117 112.8<br />

S2 27 147.1<br />

N2 23.5 85.5<br />

K2 8.9 126<br />

NU2 6.8 78.1<br />

MU2 8.2 285<br />

L2 15.4 144.4<br />

T2 6.4 112.1<br />

2N2 2.8 4.8<br />

MNS2 4.2 236.4<br />

LAMBD2 4.8 180<br />

KJ2 4.2 89.1<br />

2SM2 1.9 347.3<br />

MK3 2.4 60.6<br />

MO3 2.7 39.7<br />

M4 19.6 148.1<br />

MS4 9.3 181.8<br />

MN4 8.3 115.2<br />

MK4 3.9 159.5<br />

SN4 2.1 84.4<br />

M6 2.6 125.9<br />

2MS6 2.1 165.4<br />

OP2 5.6 185.9<br />

MKS2 2.2 60.3<br />

Afuá<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 9.0 17.0<br />

MSF 14.9 44.0<br />

K1 9.0 351.0<br />

O1 7.2 345.0<br />

P1 3.0 351.0<br />

Q1 0.3 59.0<br />

J1 0.2 263.0<br />

M1 1.2 261.0<br />

OO1 1.6 143.0<br />

SIGMA1 0.2 132.0<br />

PI1 0.2 351.0<br />

2Q1 0.2 132.0<br />

FI1 0.1 351.0<br />

PSI1 0.1 351.0<br />

M2 78.0 62.0<br />

S2 18.7 89.0<br />

N2 17.9 34.0<br />

K2 5.1 89.0<br />

NU2 3.5 34.0<br />

MU2 5.0 256.0<br />

L2 8.2 118.0<br />

T2 1.1 89.0<br />

2N2 2.4 5.0<br />

M3 0.7 174.0<br />

2SM2 0.6 281.0<br />

MK3 2.6 347.0<br />

MO3 2.2 331.0<br />

M4 15.1 39.0<br />

MS4 7.7 77.0<br />

MN4 5.8 18.0<br />

SN4 2.0 173.0<br />

M6 7.3 319.0<br />

2MS6 5.8 350.0<br />

2MN6 4.8 288.0<br />

2SM6 0.7 356.0<br />

MSN6 0.9 104.0<br />

150


Chaves<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 7.2 321.1<br />

MSF 8.8 37.8<br />

K1 8.4 326.6<br />

O1 6.1 304.0<br />

P1 2.8 326.6<br />

Q1 1.3 326.3<br />

J1 1.6 189.8<br />

M1 0.6 75.0<br />

OO1 1.6 327.8<br />

SIGMA1 0.2 348.6<br />

PI1 0.2 326.6<br />

2Q1 0.2 348.6<br />

FI1 0.1 326.6<br />

PSI1 0.1 326.6<br />

M2 116.9 8.0<br />

S2 31.5 45.1<br />

N2 18.8 340.7<br />

K2 8.6 45.1<br />

NU2 3.6 340.7<br />

MU2 2.4 190.1<br />

L2 3.8 22.3<br />

T2 1.9 45.1<br />

2N2 2.5 64.3<br />

M3 1.8 157.8<br />

2SM2 13.3 206.6<br />

MK3 4.5 282.9<br />

MO3 4.2 263.6<br />

M4 28.7 309.5<br />

MS4 15.9 357.3<br />

MN4 9.6 297.6<br />

SN4 5.2 242.6<br />

M6 8.9 212.3<br />

2MS6 8.0 257.9<br />

2MN6 4.6 195.0<br />

2SM6 0.3 67.2<br />

MSN6 6.0 157.4<br />

Vila Nazaré<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

M1 3.3 198.4<br />

P1 1.2 297.4<br />

K1 3.7 292.5<br />

2N2 2.3 285.6<br />

N2 17.0 301.2<br />

NU2 3.2 303.3<br />

M2 141.2 316.8<br />

LAMBD2 1.0 331.1<br />

T2 2.3 346.4<br />

S2 39.6 347.6<br />

K2 10.8 350.1<br />

MO3 5.0 225.4<br />

2MQ3 2.3 188.6<br />

MN4 10.3 169.6<br />

M4 24.7 167.2<br />

SN4 1.8 210.7<br />

MS4 6.7 220.7<br />

MNK5 1.3 357.0<br />

2MK5 1.8 322.1<br />

2MN6 4.3 35.3<br />

M6 9.6 357.0<br />

2MS6 3.4 69.3<br />

2NMO7 1.4 273.2<br />

3MK7 1.1 108.9<br />

2MSN8 1.1 218.5<br />

151


Ilha do Machadinho<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

O1 7.6 219.7<br />

P1 2.9 285.2<br />

K1 8.6 290.6<br />

OO1 4.6 234.4<br />

2NS2 5.0 72.1<br />

2N2 3.1 234.5<br />

MU2 6.6 173.9<br />

N2 23.3 258.1<br />

NU2 4.4 261.3<br />

M2 130.5 281.8<br />

LAMBD2 0.9 290.9<br />

T2 2.3 300.7<br />

S2 38.2 301.5<br />

K2 10.4 303.1<br />

MK3 2.7 172.6<br />

N4 8.6 84.3<br />

MN4 6.0 107.9<br />

M4 28.1 119.4<br />

SN4 4.8 120.3<br />

MS4 7.7 143.4<br />

2MO5 1.6 185.5<br />

2M2NS6 3.1 1.7<br />

4MS6 4.2 42.7<br />

2MN6 5.3 260.2<br />

M6 14.6 257.6<br />

MSN6 4.6 236.8<br />

2MS6 6.9 299.4<br />

2MNO7 0.9 37.6<br />

3MO7 1.6 28.5<br />

2M2N8 2.8 34.3<br />

3MN8 5.1 82.8<br />

M8 7.1 84.5<br />

2MSN8 3.6 92.3<br />

3MS8 6.3 134.3<br />

Cabo Maguari<br />

Componente Amplitude (cm) Fase (°)<br />

MM 9.3 334.0<br />

MSF 2.6 51.0<br />

K1 14.1 251.0<br />

O1 10.3 247.0<br />

P1 4.7 251.0<br />

Q1 1.1 111.0<br />

J1 2.6 47.0<br />

M1 1.1 156.0<br />

OO1 3.5 79.0<br />

SIGMA1 0.3 335.0<br />

PI1 0.3 251.0<br />

2Q1 0.3 335.0<br />

FI1 0.2 251.0<br />

PSI1 0.1 251.0<br />

M2 122.4 254.0<br />

S2 43.0 284.0<br />

N2 24.0 235.0<br />

K2 11.7 284.0<br />

NU2 4.7 235.0<br />

MU2 3.9 288.0<br />

L2 2.9 317.0<br />

T2 2.5 284.0<br />

2N2 3.2 217.0<br />

M3 1.5 117.0<br />

2SM2 4.6 318.0<br />

MK3 3.7 96.0<br />

MO3 2.0 48.0<br />

M4 14.1 95.0<br />

MS4 6.9 120.0<br />

MN4 4.2 76.0<br />

SN4 3.6 41.0<br />

M6 8.3 186.0<br />

2MS6 6.0 232.0<br />

2MN6 2.8 181.0<br />

2SM6 2.0 259.0<br />

MSN6 1.8 106.0<br />

152


Constantes Harmônicas calculadas para o PONTO H<br />

S<br />

1 Ponto H<br />

1 34.00 0 N<br />

49 13.00 0 W<br />

3 143 0<br />

2Q1 1 6 1 0.17 322.33<br />

SIGMA1 1 7 1 0.42 0.96<br />

Q1 1 8 1 1.84 215.78<br />

RO1 1 9 1 0.12 208.21<br />

O1 1 10 1 10.68 233.86<br />

MP1 2 28 15 1 -1 0.67 17.58<br />

M1 1 12 1 0.10 85.43<br />

P1 1 15 1 3.57 260.84<br />

S1 1 16 1 0.33 326.73<br />

K1 1 17 1 12.23 257.97<br />

TETA1 1 20 1 0.13 226.30<br />

J1 1 21 1 0.36 69.49<br />

2PO1 2 15 10 2 -1 0.08 90.15<br />

SO1 2 32 10 1 -1 0.44 73.97<br />

OO1 1 22 1 0.11 78.24<br />

2NS2 2 26 32 2 -1 0.26 100.18<br />

M(MU)S2 3 28 25 32 1 1 -1 0.41 196.11<br />

OQ2 2 10 8 1 1 0.30 247.69<br />

MNS2 3 28 26 32 1 1 -1 1.21 57.56<br />

2N2 1 24 1 2.47 220.74<br />

MU2 1 25 1 3.93 74.53<br />

N2 1 26 1 26.36 245.54<br />

NU2 1 27 1 0.51 242.87<br />

OP2 2 10 15 1 1 0.61 294.72<br />

MTS2 3 28 31 32 1 1 -1 0.21 344.31<br />

M2 1 28 1 129.14 267.72<br />

MST2 3 28 32 31 1 1 -1 0.23 359.51<br />

MKS2 3 28 34 32 1 1 -1 0.43 108.30<br />

LAMBDA2 1 29 1 1.06 300.79<br />

L2 1 30 1 3.38 332.12<br />

S2 1 32 1 35.11 289.57<br />

R2 1 33 1 0.17 355.90<br />

K2 1 34 1 9.43 285.92<br />

MSN2 3 28 32 26 1 1 -1 1.12 164.38<br />

KJ2 2 17 21 1 1 0.31 347.88<br />

2SM2 2 32 28 2 -1 1.01 164.20<br />

2MS2N2 3 28 32 26 2 1 -2 0.74 210.54<br />

NO3 2 26 10 1 1 0.14 113.73<br />

MO3 2 28 10 1 1 0.64 115.57<br />

2MP3 2 28 15 2 -1 0.29 255.36<br />

M3 1 37 1 0.22 204.21<br />

SO3 2 32 10 1 1 0.33 174.94<br />

MK3 2 28 17 1 1 0.77 136.70<br />

2MQ3 2 28 8 2 -1 0.17 310.57<br />

SK3 2 32 17 1 1 0.28 223.15<br />

N4 1 26 2 1.10 281.38<br />

3MS4 2 28 32 3 -1 3.89 21.35<br />

MN4 2 28 26 1 1 5.81 248.31<br />

M(NU)4 2 28 27 1 1 1.13 201.56<br />

2MSK4 3 28 32 34 2 1 -1 0.60 66.13<br />

2MTS4 3 28 31 32 2 1 -1 0.38 359.84<br />

M4 1 28 2 19.02 265.85<br />

2MST4 3 28 32 31 2 1 -1 0.31 270.70<br />

2MKS4 3 28 34 32 2 1 -1 0.67 52.59<br />

153


SN4 2 32 26 1 1 0.93 312.37<br />

3MN4 2 28 26 3 -1 2.49 74.06<br />

MS4 2 28 32 1 1 10.06 306.94<br />

MK4 2 28 34 1 1 2.64 302.68<br />

SL4 2 32 30 1 1 2.18 327.37<br />

S4 1 32 2 0.85 20.64<br />

SK4 2 32 34 1 1 0.37 5.80<br />

MNO5 3 28 26 10 1 1 1 0.53 90.84<br />

2MO5 2 28 10 2 1 1.05 107.06<br />

MNK5 3 28 26 17 1 1 1 0.47 108.27<br />

2MK5 2 28 17 2 1 0.84 132.80<br />

MSK5 3 28 32 17 1 1 1 0.58 168.51<br />

2M2NS6 3 28 26 32 2 2 -1 0.16 278.17<br />

3MNS6 3 28 26 32 3 1 -1 0.56 262.26<br />

2NM6 2 26 28 2 1 0.83 107.90<br />

4MS6 2 28 32 4 -1 0.82 286.53<br />

2MN6 2 28 26 2 1 3.19 122.98<br />

2M(NU)6 2 28 27 2 1 0.17 85.18<br />

3MSK6 3 28 32 34 3 1 -1 0.11 260.51<br />

M6 1 28 3 5.50 144.34<br />

MSN6 3 28 32 26 1 1 1 1.64 149.38<br />

4MN6 2 28 26 4 -1 0.33 263.66<br />

2MS6 2 28 32 2 1 4.88 170.01<br />

2MK6 2 28 34 2 1 1.30 165.68<br />

3MSN6 3 28 32 26 3 1 -1 0.59 2.12<br />

MKL6 3 28 34 30 1 1 1 0.18 201.77<br />

2SM6 2 32 28 2 1 1.14 200.34<br />

MSK6 3 28 32 34 1 1 1 0.63 193.79<br />

3MNOS7 4 28 26 10 32 3 1 1 -1 0.08 95.67<br />

2NMO7 3 26 28 10 2 1 1 0.04 296.42<br />

4MOS7 3 28 10 32 4 1 -1 0.05 111.93<br />

2MNO7 3 28 26 10 2 1 1 0.13 315.60<br />

3MNKS7 4 28 26 17 32 3 1 1 -1 0.06 74.21<br />

3MO7 2 28 10 3 1 0.19 325.49<br />

MSNO7 4 28 32 26 10 1 1 1 1 0.11 346.55<br />

2MNK7 3 28 26 17 2 1 1 0.17 345.28<br />

2MSO7 3 28 32 10 2 1 1 0.22 5.22<br />

3MK7 2 28 17 3 1 0.04 24.51<br />

MSNK7 4 28 32 26 17 1 1 1 1 0.09 4.48<br />

2MSP7 3 28 32 15 2 1 1 0.08 49.56<br />

2MSK7 3 28 32 17 2 1 1 0.20 44.23<br />

2MKK7 3 28 34 17 2 1 1 0.04 36.65<br />

3MSKN7 4 28 32 17 26 3 1 1 -1 0.04 192.37<br />

2M2N8 2 28 26 2 2 0.17 82.93<br />

3MN8 2 28 26 3 1 0.70 74.83<br />

M8 1 28 4 1.05 106.94<br />

2MSN8 3 28 32 26 2 1 1 0.49 113.78<br />

2MNK8 3 28 26 34 2 1 1 0.13 207.31<br />

3MS8 2 28 32 3 1 1.30 138.23<br />

3MK8 2 28 34 3 1 0.29 133.97<br />

MSNK8 4 28 32 26 34 1 1 1 1 0.34 274.52<br />

2M2S8 2 28 32 2 2 0.39 189.38<br />

2MSK8 3 28 32 34 2 1 1 0.21 170.24<br />

2M2NO9 3 28 26 10 2 2 1 0.03 322.81<br />

3MNO9 3 28 26 10 3 1 1 0.09 296.03<br />

4MO9 2 28 10 4 1 0.10 333.15<br />

3MNK9 3 28 26 17 3 1 1 0.09 323.76<br />

3MSO9 3 28 32 10 3 1 1 0.15 354.08<br />

4MK9 2 28 17 4 1 0.07 168.88<br />

2M2SO9 3 28 32 10 2 2 1 0.08 24.03<br />

3MSK9 3 28 32 17 3 1 1 0.12 20.60<br />

154


2M2SK9 3 28 32 17 2 2 1 0.05 62.13<br />

4MN10 2 28 26 4 1 0.40 1.62<br />

M10 1 28 5 0.46 27.62<br />

3MSN10 3 28 32 26 3 1 1 0.50 24.91<br />

4MS10 2 28 32 4 1 0.74 49.91<br />

2M2SN10 3 28 32 26 2 2 1 0.15 55.34<br />

2MNSK10 4 28 26 32 34 2 1 1 1 0.07 174.87<br />

3M2S10 2 28 32 3 2 0.33 80.58<br />

3MSK10 3 28 32 34 3 1 1 0.20 72.88<br />

5M011 2 28 10 5 1 0.02 215.52<br />

4MNP11 3 28 26 15 4 1 1 0.05 228.28<br />

4MNK11 3 28 26 17 4 1 1 0.02 216.79<br />

4MSO11 3 28 32 10 4 1 1 0.04 247.56<br />

5MK11 2 28 17 5 1 0.02 265.85<br />

3M2SO11 3 28 32 10 3 2 1 0.03 276.51<br />

4MSK11 3 28 32 17 4 1 1 0.03 276.91<br />

3M2SK11 3 28 32 17 3 2 1 0.02 308.97<br />

5MN12 2 28 26 5 1 0.08 293.16<br />

M12 1 28 6 0.05 318.99<br />

4MSN12 3 28 32 26 4 1 1 0.14 300.37<br />

5MS12 2 28 32 5 1 0.17 332.68<br />

3MNKS12 4 28 26 34 32 3 1 1 1 0.04 87.05<br />

4M2S12 2 28 32 4 2 0.10 9.94<br />

Sa 1 1 1 1.37 46.24<br />

Mm 1 3 1 2.37 12.85<br />

Msf 2 28 32 -1 1 1.39 27.51<br />

Mf 1 4 1 1.51 0.18<br />

Mtm 1 5 1 0.15 47.41<br />

Classificação pelo Número de Forma = 22,91/164,25= 0,139 semidiurna<br />

Z0= 200,04 cm<br />

155


Ficha de Descrição de Estação Maregráfica (F-41) da Escola do Igarapé Grande<br />

do Curuá confeccionada pelo NHi Sirius em 2006 e validada pela Seção de Marés<br />

do CHM<br />

156


157


Ficha de Descrição de Estação Maregráfica (F-41) da Escola do Igarapé Grande<br />

do Curuá confeccionada em 1996 (ano do período padrão para as constantes<br />

harmônicas).<br />

158


159


Ficha de Descrição de Estação Maregráfica (F-41) da Escola do Igarapé Grande<br />

do Curuá confeccionada em 2007<br />

160


161


Esquema de réguas da Escola do Igarapé do Curuá com as principais cotas<br />

utilizadas na dissertação<br />

162


Apêndice C<br />

PROJETO BATHYELLI (SHOM, França)<br />

A idéia central do projeto é a de que os data verticais calculados sobre séries históricas<br />

de marégrafos (zero hidrográfico, LAT, NR, etc.) apresentam os seguintes problemas:<br />

- As referências de nível (RN) implantadas nas proximidades da estação maregráfica<br />

podem se deslocar em função dos movimentos verticais da crosta terrestre;<br />

- À medida que nos distanciamos da costa em direção ao largo, as RN desaparecem e o<br />

acesso ao datum se torna difícil e pouco preciso; e<br />

- O datum é conhecido unicamente de forma pontual nos locais onde as medições<br />

maregráficas já foram efetuadas.<br />

Seguindo a recomendação da IHO de referir os data verticais ao sistema geodésico<br />

ITRF (International Terrestrial Reference Frame), a fim de resolver os problemas de<br />

estabilidade, precisão e acessibilidade do sistema de referência, o SHOM criou o projeto<br />

BATHYELLI. Esse projeto tem como objetivo referenciar os dados batimétricos<br />

diretamente ao sistema ITRF, a partir de levantamentos hidrográficos conduzidos por<br />

navios equipados com GPS diferencial preciso e de um modelo do zero hidrográfico em<br />

relação ao elipsóide.<br />

Uma das vantagens da implementação desse projeto é que nos futuros levantamentos<br />

hidrográficos (LH) não mais será necessário efetuar correções de maré e de efeitos<br />

meteorológicos sobre os dados batimétricos brutos e, sendo assim, será desnecessária a<br />

ocupação de estações maregráficas durante a sondagem.<br />

Como os modelos de maré na França já permitem que se estabeleça sem maiores<br />

dificuldades o zero hidrográfico, ou o LAT, em relação ao nível médio do mar (NMM),<br />

(e.g. modelo MARMONDE), o desafio do projeto BATHYELLI passa a residir na<br />

determinação do NMM em relação ao sistema ITRF. Para realizar o mapeamento do<br />

NMM três técnicas são empregadas:<br />

- Na costa: o NMM é calculado a partir das séries observadas de estações maregráficas;<br />

163


- Ao largo: O NMM é definido a partir do processamento de dados da altimetria<br />

espacial; e<br />

- entre estas duas zonas: o NMM é calculado com auxílio de medições GPS.<br />

O SHOM espera conseguir mapear a superfície do NMM e do zero hidrográfico em<br />

relação ao ITRF, com uma precisão de 5 cm e 10 cm, respectivamente. O projeto não se<br />

limita ao cálculo do zero hidrográfico, mas sim prevê igualmente que todo o conjunto<br />

de superfícies de referência utilizadas na hidrografia possa ser mapeado, permitindo, de<br />

forma simples aos usuários, mudar convenientemente de referência vertical quando<br />

necessário.<br />

Esse projeto evidencia a importância de aplicações como modelagem de data (e.g.<br />

LAT) e de constantes harmônicas e as inúmeras potencialidades destas ferramentas para<br />

a hidrografia. A Figura 86 apresenta um esquema de comparação entre um LH clássico<br />

e um LH realizado com GPS cinemático.<br />

Figura 86 - Comparação entre um levantamento clássico e um levantamento com GPS cinemático:<br />

sem necessidade de correção de maré e efeitos meteorológicos (cedida pelo SHOM).<br />

164


Apêndice D<br />

Rotinas de Matlab utilizadas na dissertação<br />

%Script para o cálculo da diferença de fase<br />

load serieobs.txt%carrega a série observada em intervalos horários<br />

load seriemod.txt%carrega a série do modelo em intervalos horários<br />

x=serieobs;y=seriemod;%define as variáveis x e y em funçao das séries analisadas<br />

z=1:355; % dimensiona o tamanho das séries (ex:355horas)<br />

z=z';%formataçao para coluna<br />

zi=1:1/60:355;%define o intervalo no qual se deseja interpolar (ex: 1/60, deseja-se de 1<br />

em 1 minuto)<br />

z=zi';%formataçao para coluna<br />

xi=interp1(z,x,zi,'spline');%Interpola a serie x com a funçao cubic spline para o<br />

intervalo desejado<br />

yi=interp1(z,y,zi,'spline');%Interpola a serie y com a funçao cubic spline para o<br />

intervalo desejado<br />

[XCF,Lags,Bounds] = crosscorr(zi,yi,60);%calcula a funçao de correlaçao cruzada para<br />

defasagens de +60 minutos a<br />

%-60 minutos, pode ser escolhido outro intervalo.<br />

result=[Lags, XCF];%cria como resultado uma matriz onde a primeira coluna<br />

%corresponde aos intervalos (lags) e a segunda aos coeficientes de<br />

%correlaçao<br />

defasagem=max(result(:,2));%escolhe como resultado para defasagem a correlaçao<br />

máxima encontrada<br />

==============================================================<br />

%Programa para a interpolação das saidas do modelo nos<br />

%pontos e horarios da sondagem. Gera elevações referidas<br />

%ao LAT local, NR local ou NR da estaçao de referencia<br />

%conforme dados de entrada<br />

load pontos2006_2.txt % carrega dados xyt das sondagens<br />

load dadosmodeloNRloc.txt % carrega saidas do modelo referidas ao plano escolhido<br />

elev=dadosmodeloNRloc;%atribui a variavel elev<br />

pontos=pontos2006_2;%atribui a variavel pontos<br />

for i=1:1972%repete o processamento para cada linha de xyt<br />

eta(i,1)=griddata3(elev(:,1),elev(:,2),elev(:,3),elev(:,4),pontos(i,1),pontos(i,2),pontos(i,<br />

3));%interpola as elevaçoes<br />

%do modelo para o xyt desejados<br />

end<br />

dlmwrite('correçoesNRloc.txt',eta,'delimiter','\t','precision',5)%grava o arquivo de<br />

correçoes<br />

165


% Script para a interpolação linear dos resultados do modelo para o ponto que se deseja<br />

% conhecer<br />

load elevacoes.txt;%carrega o arquivo de elevaçoes produzidas pelo modelo para os<br />

quatro nós mais próximos<br />

%ao ponto que se deseja obter a série interpolada. Formato: x,y,eta<br />

load ponto6.txt;% coordenadas do ponto que se deseja conhecer (no caso o ponto 6)<br />

elev=elevacoes;<br />

for i=1:8761% para cada linha de valores (no caso, há 8761 valores horários)<br />

for j=1:4% considerando cada um dos quatro nós<br />

m(j,1)=i+8761*(j-1);% m é apenas um contador<br />

end<br />

etaprimo(i,1)=griddata(elev(m,1),elev(m,2),elev(m,3),ponto6(1,1),ponto6(1,2));% faça<br />

a interpolaçao espacial<br />

%para o ponto que se deseja conhecer<br />

end<br />

save eta6 etaprimo -ascii% grava o arquivo da série interpolada para o ponto 6<br />

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