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Revista Volume L 19 01 2008.p65 - Academia Mineira de Letras

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34 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />

Romero às vezes compensa suas acerbas restrições com elogios<br />

irônicos, que mais se assemelham a cotas <strong>de</strong> ações afirmativas: não raro<br />

enxerga Machado como produto do meio que imita a Europa em tudo,<br />

que “copia” os escritores <strong>de</strong> lá em vez <strong>de</strong> buscar tons <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>.” 3<br />

Quanto aos capítulos pequenos, os títulos “estapafúrdios” e as reticências<br />

do Brás Cubas como índices <strong>de</strong> humor, e que não têm humor, segundo<br />

Romero, convém lembrar que o humor é uma categoria filosófica<br />

altamente subjetiva, ou seja, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> condicionantes e<br />

contextualida<strong>de</strong>s. Assim, o que é humorístico para uns po<strong>de</strong> não o ser<br />

para outros.<br />

Machado <strong>de</strong> Assis ficou aborrecido com essa crítica, além do mais<br />

porque tinha presenteado Romero com uma ca<strong>de</strong>ira na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

Brasileira <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, pois comandava a escolha <strong>de</strong> seus primeiros<br />

membros. Dois anos <strong>de</strong>pois veio em seu socorro outro acadêmico,<br />

Lafayette Rodrigues Pereira, sob o pseudônimo <strong>de</strong> Labieno, com a<br />

publicação <strong>de</strong> outro livro, chamado Vindiciae (Vingança), on<strong>de</strong> não só<br />

<strong>de</strong>fendia Machado das acusações como também <strong>de</strong>monstrava tratarem<br />

estas <strong>de</strong> pura vingança <strong>de</strong> política literária. Afinal, antes o escritor carioca<br />

havia repreendido o crítico sergipano <strong>de</strong> promover exageradamente<br />

poetas nor<strong>de</strong>stinos <strong>de</strong> mérito discutível, reprensão essa <strong>de</strong> que Romero<br />

não gostou.<br />

Já no século XX, um monstro sagrado da Literatura <strong>de</strong>sfechou<br />

pesadas críticas a Machado, em ensaio contraditório, on<strong>de</strong> se lêem<br />

também elogios. Estamos falando do paulista Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, que<br />

cito:<br />

“[Machado] foi o antimulato, no conceito que então se fazia <strong>de</strong><br />

mulatismo. Foi intelectualmente o antiproletário, no sentido em que<br />

principalmente hoje concebemos o intelectual. Uma ausência <strong>de</strong> si<br />

mesmo, um meticuloso ocultamento <strong>de</strong> tudo o que ele podia ocultar<br />

conscientemente. E na vitória contra isso tudo, Machado <strong>de</strong> Assis se fez o<br />

3 Cf. MALARD, Letícia. 110 anos <strong>de</strong> crítica literária. <strong>Revista</strong> Brasileira, Fase VII, julhoagosto-setembro<br />

2007, Ano XIII, Nº 52, p. 117.

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