10.05.2013 Views

Revista Volume L 19 01 2008.p65 - Academia Mineira de Letras

Revista Volume L 19 01 2008.p65 - Academia Mineira de Letras

Revista Volume L 19 01 2008.p65 - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

50 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />

língua com o saber dos <strong>de</strong>mais utentes do país na construção <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> idiomática mais ampla, <strong>de</strong> caráter nacional, unida<strong>de</strong> que iria<br />

construir aquilo a que ele mesmo, em célebre artigo estampado em O<br />

Novo Mundo, em Nova York, em 1873, chamou Instinto <strong>de</strong><br />

Nacionalida<strong>de</strong>. Vale a pena recordar o que <strong>de</strong>clara o jovem Machado<br />

com apenas 23 anos:<br />

Sempre achei que uma gramática é uma coisa séria. Uma<br />

boa gramática é um alto serviço a uma língua e a um país. Se<br />

essa língua é a nossa, e o país é este em que vivemos, o<br />

serviço cresce ainda e a empresa torna-se mais difícil.<br />

(Assis: <strong>19</strong>53, p.21).<br />

Isto para concluir que uma gramática procura assentar em cada<br />

falante da língua <strong>de</strong> um país a sua ciência filológica [entenda-se: a sua<br />

competência lingüística], cuja unida<strong>de</strong> espelha o instinto <strong>de</strong><br />

nacionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro do conjunto <strong>de</strong> outros saberes nacionais, para se<br />

consubstanciar numa futura construção da consciência <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong><br />

mediante a língua.<br />

Quase cem anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ssa resenha, o italiano Antonino<br />

Pagliaro, um dos cinco mais esclarecidos e geniais lingüistas do século<br />

XX, repetia com maior profundida<strong>de</strong> e agu<strong>de</strong>za, mas com a mesma<br />

essência <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, do alto <strong>de</strong> sua excelsa competência:<br />

A língua constitui a imagem mais completa e genuína da<br />

fisionomia natural e histórica dos povos. Disse-o, há mais <strong>de</strong><br />

um século, Guilherme von Humboldt, bom conhecedor <strong>de</strong><br />

assuntos <strong>de</strong>sta natureza e, pelo que sei, ninguém jamais o<br />

contradisse. Acrescentava ele que a índole espiritual <strong>de</strong> uma<br />

comunida<strong>de</strong> e a estrutura da língua estão intimamente tão<br />

ligadas entre si que, conhecida uma, a outra <strong>de</strong>via com<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir-se da primeira. Sobre isso não há<br />

controvérsia: a língua, representando por um lado a maneira<br />

natural através da qual um povo vê e conhece a realida<strong>de</strong>,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!