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Revista Volume L 19 01 2008.p65 - Academia Mineira de Letras

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36 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />

lida<strong>de</strong> – nem na vida real nem nos trabalhos intelectuais – não ter<br />

empunhado a ban<strong>de</strong>ira dos direitos da minoria gay, extremamente<br />

discriminada, ridicularizada e mesmo punida em sua época. Mário<br />

po<strong>de</strong>ria tê-lo feito? Acredito que não. Não tinha meios nem mecanismos<br />

para ultrapassar os limites do possível, para pagar o alto preço que isso<br />

lhe custaria. E mais: a literatura do paulista é completamente diversa da<br />

<strong>de</strong> Machado, fato que só fez agravar a incompreensão.<br />

Às críticas <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> suce<strong>de</strong>ram as <strong>de</strong> Agripino Grieco,<br />

importante crítico literário fluminense, consi<strong>de</strong>rado do contra e contraditório.<br />

Em <strong>19</strong>36 publica o grosso volume Machado <strong>de</strong> Assis, on<strong>de</strong><br />

afirma que ele não é um escritor ma<strong>de</strong> in England, mas ma<strong>de</strong> in France.<br />

Se hoje essa diferença po<strong>de</strong> parecer insignificante, à época era<br />

fundamental para se classificar um escritor como filiado à cultura<br />

britânica ou à francesa, as quais exerciam influências marcantes em nossa<br />

vida literária. Grieco dispara sua metralhadora:<br />

“Faltava a Machado o brilho, a graça, a bonomia na malícia, caindo<br />

ele constantemente na insipi<strong>de</strong>z, ou seja na tediosa monotonia...<br />

Romancista propriamente não foi ele. Juntava contos e pensava<br />

fazer romance, po<strong>de</strong>ndo retirar-se das suas ficções extensas qualquer<br />

trecho, sem que o trecho perca ou perca o conjunto.” 6<br />

E mais adiante:<br />

“[...] Há muito <strong>de</strong> infantil ou <strong>de</strong> simiesco nas suas senhoras.<br />

Catalogou pequenos vícios e manias como outros colecionam selos ou<br />

borboletas.” 7<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma crítica impressionista, lugar-comum na década <strong>de</strong><br />

30. De início contradiz Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, afirmando que Machado não é<br />

um escritor à moda inglesa, mas à francesa. Em seguida, <strong>de</strong>squalifica a<br />

6 GRIECO, Agripino. Machado <strong>de</strong> Assis. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Conquista, <strong>19</strong>60. p. 327.<br />

7 GRIECO, Agripino. Op. cit., p. 331.

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