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Carlos Otaviano Brenner de Morais - Ministério Público - RS

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Memorial: O senhor ingressou no <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> antes <strong>de</strong> 1988. Como o senhor vê<br />

a mudança no perfil institucional do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> antes e <strong>de</strong>pois da Constituição?<br />

Entrevistado: Tenho muito orgulho <strong>de</strong> pertencer a uma instituição como o <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong>, <strong>de</strong> fazer parte <strong>de</strong>ssa instituição também neste momento <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong> seu perfil.<br />

A socieda<strong>de</strong> acredita no <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> a partir dos resultados que ele tem produzido sob o<br />

ponto <strong>de</strong> vista social. Na confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus membros, não há <strong>de</strong>ntro do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />

corrupção, por exemplo. Po<strong>de</strong> uma pessoa às vezes numa simpatia, numa antipatia, que é da<br />

natureza humana ser mais ou menos simpática a um argumento mas jamais no sentido <strong>de</strong><br />

alterar a verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ignorar uma legalida<strong>de</strong> para a satisfação <strong>de</strong> interesses pessoais, muito<br />

menos a corrupção e <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> dinheiro. Se hoje nós fechássemos os olhos e pensássemos no<br />

setor público em que órgão se confia? É um órgão forte que atua com eficácia. Nem o estado<br />

e muitos entes públicos, via <strong>de</strong> regra, não dispõem <strong>de</strong>ssa credibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ssa eficácia como o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>. Composto muitas vezes <strong>de</strong> gente moça, <strong>de</strong> gente i<strong>de</strong>alista, isso po<strong>de</strong> fazer<br />

com que alguns seguimentos não <strong>de</strong>em o <strong>de</strong>vido mérito, o <strong>de</strong>vido reconhecimento. E ele<br />

inclusive se propõe a se fazer hostil, mas para a socieda<strong>de</strong> em geral, o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> tem<br />

sido um instrumento importantíssimo em transformações <strong>de</strong> vulto. Nós através do <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> ingressamos em áreas até então não trabalhadas. Na área da infância e juventu<strong>de</strong> o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> é protagonista na modificação do enfoque. Na minha época o menor era um<br />

objeto <strong>de</strong> uma relação, o menor seguia o interesse do seu pai, da sua mãe, do seu<br />

responsável, como objeto ele não tinha vez, não tinha voz. O Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente o transforma num sujeito <strong>de</strong> direito. Mas o que é que faz com que essa cultura, <strong>de</strong><br />

fato, se modifique? No dia a dia, no cotidiano das promotorias, isso é <strong>de</strong> um valor tremendo do<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>. O <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> é a única instituição que tem um atendimento direto do<br />

chefe ao público. O promotor é o chefe da promotoria e no dia a dia recebe, dá um atendimento<br />

pessoal, um atendimento direto à população e com isso passa a conhecê-la e passa a saber<br />

das suas realida<strong>de</strong>s e, muitas vezes, se solidarizando com essas situações se faz um guardião,<br />

um agente responsável pela modificação. Então o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> tem tido um papel muito<br />

importante. Na área do consumo, ainda hoje talvez se você mandar lavar a sua gravata e ela<br />

vier cortada, você sai gritando da lavan<strong>de</strong>ria sem ter quem lhe ouça a<strong>de</strong>quadamente. Mas se<br />

nós pensarmos em como eram as coisas há 15, 20 anos atrás. Meio ambiente, olha só o salto<br />

que se <strong>de</strong>u no Meio Ambiente promovido pelo <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, a questão da probida<strong>de</strong><br />

administrativa. Então vejo sob o ponto <strong>de</strong> vista institucional uma modificação superior, algo<br />

digno <strong>de</strong> atenção como experiência pública. Não vejo semelhante na América do Sul que é<br />

on<strong>de</strong> a gente tem o maior contato com os outros <strong>Ministério</strong>s <strong>Público</strong>s. Outros sistemas como o<br />

europeu e o norte-americano já se diferenciam um pouco do nosso. Lá há a mistura com a<br />

magistratura, aqui a instituição não se mistura com a magistratura, mas ficou perto da<br />

magistratura e se equipara com a magistratura, mas com ela não se confun<strong>de</strong> e ao longo<br />

<strong>de</strong>sses últimos 30 anos tem sido um agente importante sob o ponto <strong>de</strong> vista do setor público <strong>de</strong><br />

progresso, transformação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Memorial: O senhor po<strong>de</strong>ria falar um pouco sobre a sua atuação nos processos<br />

constituintes tanto fe<strong>de</strong>ral quanto estadual e pontualmente em relação à escolha do chefe do<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, o senhor acha que <strong>de</strong>ve ser superada a escolha pelo Executivo? O senhor<br />

acha que é necessário avançar nisso?<br />

Entrevistado: Na época da Constituinte fe<strong>de</strong>ral eu estava no interior e naquele período<br />

nós participávamos muito mais das ações que se <strong>de</strong>senvolviam pela Associação ou pela<br />

Instituição, mas em nível local, junto a <strong>de</strong>putados, às representações políticas da região ou em<br />

eventos que tinham como objeto a discussão da Constituição. Já na estadual, em 1989, que é<br />

quando venho para cá e passo a participar da Associação, aí inclusive na diretoria cultural.<br />

Depois com o Voltaire Moraes, ele presi<strong>de</strong>nte, tenho uma participação, digamos assim,<br />

politicamente mais ativa, especialmente junto à Assembléia e às comissões. A respeito da<br />

eleição para Procurador-Geral, passei por três processos eleitorais <strong>de</strong>ntro do <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong>, ou melhor, passei por quatro contando a eleição para a Corregedoria. Participei <strong>de</strong> um<br />

processo eleitoral em 1992 quando foi escolhido o Voltaire e <strong>de</strong>pois em 1998, eu acho, quando<br />

foi escolhido o Cláudio Barros e participei agora quando foi escolhido o Mauro Renner há dois<br />

anos. Aquela primeira participação foi muito mais para firmar o processo do que para disputar.<br />

Em 1992 nós vínhamos <strong>de</strong> uma época recente em que a classe po<strong>de</strong>ria escolher uma lista para<br />

oferecê-la ao governador. Quando entrei no <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, o governador po<strong>de</strong>ria escolher<br />

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