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Carlos Otaviano Brenner de Morais - Ministério Público - RS

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atrás tínhamos um superinten<strong>de</strong>nte, um <strong>de</strong>legado fe<strong>de</strong>ral aposentado, um homem honesto e<br />

simples, daqueles gordos queridos e ele me dizia: — “<strong>Otaviano</strong>, não sei como é que eu faço,<br />

eu recebo aquelas intimações <strong>de</strong> juízes ali, dizendo que eu vou ser preso por <strong>de</strong>sobediência,<br />

mas eu tenho cinco mil locomoções-mês que os juízes <strong>de</strong>terminam. Eles não me perguntam se<br />

eu tenho ou não tenho gente, se eu tenho combustível, se eu tenho carro, nem a agenda <strong>de</strong>les<br />

confere com a minha, como é que eu vou fazer?”. Pois é um sujeito que não conhece nada,<br />

não é que seja <strong>de</strong> má-fé o juiz, ele não se <strong>de</strong>u conta, ele nunca viveu aquilo. Então quem tem<br />

uma experiência fora do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, vê que algum tipo <strong>de</strong> controle, uma válvula <strong>de</strong><br />

escape para certas situações. Então, concluindo, sou a favor sim da participação da classe<br />

nisso tudo. Acho que o processo uninominal aten<strong>de</strong> aos interesses corporativos, mas talvez<br />

não interesses institucionais. Os interesses institucionais e sociais melhor atendidos estariam<br />

se a classe participasse mas a instância <strong>de</strong>cisória fosse, à simetria do que é hoje o Conselho<br />

Nacional do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, que passa pelo Parlamento.<br />

Memorial: Vamos falar um pouco mais agora da sua atuação como Corregedor-Geral<br />

entre 1997 e 1998.<br />

Entrevistado: É 1997, 1998. Sabe que é uma experiência que jamais imaginei que iria<br />

<strong>de</strong>sfrutar pela minha personalida<strong>de</strong>, não sou disciplinado, na realida<strong>de</strong> acabo, no meu trabalho,<br />

não na minha vida, mas no meu trabalho, sendo exigente. E na época não me lembro bem<br />

como é que isso surgiu, mas enfim, quando vi, estava participando daquele processo e era<br />

inclusive o candidato mais moço, concorri, acho que com cinco ou seis candidatos, havia o<br />

Mário Romera, <strong>de</strong>ntre outros candidatos. O colégio dos procuradores era bem menor, eram 60,<br />

só sei que fiz 34 votos e eles fizeram 32 votos somados e o que tirou segundo lugar ficou como<br />

subcorregedor teve oito votos. Os 32 votos eram somados entre todos eles. Enfim, foi uma<br />

passagem em relação a qual no curso da carreira tenho um especial orgulho <strong>de</strong> ter exercido a<br />

Corregedoria-Geral, primeiro porque imprimi, e aqueles que na época viviam o <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> são testemunhas disso, na Corregedoria uma atuação muito mais <strong>de</strong> orientação, <strong>de</strong><br />

acompanhamento, <strong>de</strong> auxílio, <strong>de</strong> estímulo, <strong>de</strong> reconhecimento quando <strong>de</strong>vido, do que<br />

propriamente <strong>de</strong> fiscalização pela fiscalização. Não <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> fiscalizar, ainda alguns registros<br />

eu guardo <strong>de</strong> colegas que não compreen<strong>de</strong>m e também não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser compreensível essa<br />

falta, às vezes, <strong>de</strong> compreensão quanto à atuação da Corregedoria. E fui enérgico sempre que<br />

necessário, mas a ênfase foi na orientação e isso fez com que eu aproveitasse também a<br />

sensibilida<strong>de</strong> do Procurador-Geral na época, que era o Sérgio Porto, para segurar em Porto<br />

Alegre, não me recordo se 90, 120 dias, mas por um bom período <strong>de</strong> tempo esse grupo <strong>de</strong><br />

novos promotores para que eles tivessem aqui um estágio sob o ponto <strong>de</strong> vista material e não<br />

apenas aquela formalida<strong>de</strong>. Eles assistiam necropsia, eles foram nas <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> Polícia,<br />

eles foram em presídios, eles tiveram aulas <strong>de</strong> administração pública, eles receberam palestras<br />

<strong>de</strong> políticos nesses encontros, enfim, foi uma larga experiência. E também nessa época da<br />

Corregedoria, eu participando do Conselho Nacional, fui o primeiro gaúcho a presidir o<br />

Conselho Nacional. Até então nenhum corregedor-geral gaúcho tinha presidido o Conselho. E<br />

no Conselho Nacional propus, e se criaram a partir daí, as chamadas súmulas do Conselho<br />

Nacional, as súmulas como extratos dos pensamentos. A Corregedoria <strong>de</strong>ve traduzir numa<br />

súmula a sua orientação, e se nós conseguirmos naquelas questões comuns nacionalmente<br />

estipularmos uma súmula do Conselho Nacional, nós daremos não apenas uniformida<strong>de</strong> às<br />

nossas idéias, mas também visibilida<strong>de</strong> para a socieda<strong>de</strong> do pensamento do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />

notadamente através das obras jurídicas, <strong>de</strong>sses códigos penais comentados. Há a súmula da<br />

Or<strong>de</strong>m dos Advogados, a súmula do Conselho Nacional. E foi uma proposta aceita, inclusive<br />

na época oferecemos várias súmulas, realizamos aqui no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul encontros <strong>de</strong>sse<br />

conselho nacional. Acho que a instituição tem que ter 24 horas por dia alguém à disposição dos<br />

colegas e criei um serviço <strong>de</strong> plantão na Corregedoria, então na época o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>,<br />

muito pobre, tinha somente um celular, que <strong>de</strong>i ao plantonista, e eu, <strong>de</strong> vez em quando, ligava<br />

para saber se me aten<strong>de</strong>riam. Inclusive teve uma situação com um colega, que acabou tendo<br />

que sair da Corregedoria, que em um feriado não se fez disponível e eu fazia a conferência,<br />

pois se era oferecido o serviço, ele <strong>de</strong>veria ser efetivamente prestado. Depois na época <strong>de</strong>mos<br />

ênfase à criação da “Ficai”: ficha <strong>de</strong> comunicação do aluno infrequente. A “Ficai” era um<br />

programa <strong>de</strong> parceria do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> com as secretarias municipais da Secretaria<br />

Estadual <strong>de</strong> Educação para controle da frequência do aluno, até hoje é um elemento <strong>de</strong><br />

sucesso do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>.<br />

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