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CIBELE CARVALHO AS HAGIOGRAFIAS FRANCISCANAS (século ...

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I. 21<br />

pela qual se recorre a esses autores que não só analisem as obras, mas as<br />

contextualizem em seu tempo. Por essa razão Paolazzi se torna de grande<br />

relevância em sua interpretação dos escritos de Francisco, textos estes que<br />

nos revelam um pouco mais sobre Francisco e sua visão de mundo que<br />

querendo ou não são a base para a construção dos textos hagiográficos do<br />

<strong>século</strong> XIII que recorriam aos escritos do “santo” para obter uma compreensão<br />

mais apurada do ideário de Francisco.<br />

Martino Conti em Estudos e Pesquisas sobre o Franciscanismo das<br />

Origens 10 ressalta que “os hagiógrafos de Francisco ao apresentarem a sua<br />

vida, mais do que à hermenêutica medieval, se reportam aos cânones<br />

hagiográficos amplamente aprovados na hagiografia cristã do primeiro<br />

milênio.” 11 Havia sim uma regra comum a todos os hagiógrafos medievais, que<br />

na maioria das vezes era seguida. Vidas se repetiam em atos e fatos, mas há<br />

aquelas que possuíam algo que as diferenciava das demais, seja pela forma,<br />

seja pelo gênero empregado. Conti, diz ser “a analogia bíblico-franciscana, a<br />

qual recorrem os primeiros biógrafos para interpretar a vida de São<br />

Francisco” 12 . Muito presente nas primeiras biografias de Francisco e comum<br />

também a outros santos, ou seja, a transformação do homem em divino usando<br />

como exemplo Cristo e sua renúncia.<br />

A alternância de conceitos de uma hagiografia para outra, também irá<br />

diferenciar as obras sobre Francisco. Ildefonso Silveira, especialista em<br />

franciscanismo das origens e por muito tempo professor de metodologia do<br />

trabalho com fontes no IFAN (Instituto franciscano antropológico) escreve sobre<br />

as hagiografias medievais e sua importância como fonte literária a respeito do<br />

sagrado. “Mesmo que o gênero literário hagiográfico tenha grande força, com<br />

seus moldes e o modo de refletir do tempo, pode haver enormes diferenças de<br />

um para outro autor.” 13 As diferenças vão surgindo ao longo da análise,<br />

principalmente na conotação do conceito de pobreza em cada obra. Apesar de<br />

10<br />

CONTI, M. Estudos e pesquisas sobre o franciscanismo das origens.<br />

Petrópolis: Vozes, 2004.<br />

11<br />

CONTI, op. cit., p. 162-163.<br />

12<br />

CONTI, op. cit., p. 163.<br />

13<br />

SILVEIRA, I. Retrato de Santa Clara de Assis: na literatura hagiográfica.<br />

Petrópolis: Vozes, 1995. p. 17.

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