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MARCAS QUE DEMARCAM - Repositório do ISCTE-IUL

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necessariamente conheci<strong>do</strong> e o que não vemos e encontramos pode ser exótico mas, até certo<br />

ponto, conheci<strong>do</strong>. No entanto, estamos sempre pressupon<strong>do</strong> familiaridades e exotismos como<br />

fontes de conhecimento ou desconhecimento, respectivamente» (Velho, 1987 [1981]:126).<br />

2. Objectivos e questões de partida<br />

Perante o cenário traça<strong>do</strong>, o trabalho de investigação efectua<strong>do</strong> vem abordar a relação<br />

<strong>do</strong>s jovens com o seu corpo, no âmbito da problemática <strong>do</strong>s processos de construção identitária<br />

específicos à sociedade contemporânea, a partir de um caso particular focaliza<strong>do</strong> em sujeitos<br />

que, em da<strong>do</strong> momento das suas vidas, geralmente localiza<strong>do</strong> na transição da “a<strong>do</strong>lescência”<br />

para a “idade jovem”, começam a marcar extensivamente o seu corpo com tatuagens e body<br />

piercing. O trabalho centraliza-se, mais particularmente, na articulação entre esta forma de<br />

mobilização “radical” <strong>do</strong> corpo – isto é, que supõe uma forma voluntária de usar, de explorar e de<br />

intervir no corpo que tende a ser socialmente reconhecida como “excessiva” ou “transgressiva”,<br />

consideran<strong>do</strong> os limites físicos, as convenções culturais e as normatividades sociais que tendem<br />

a regular actualmente as suas possibilidades de mobilização – e as estruturas sócio-simbólicas<br />

que manifesta enquanto prática de referência nos processos de construção de identidades<br />

sociais e pessoais em determina<strong>do</strong>s contextos juvenis.<br />

Uma das chaves analíticas fundamentais para entender o que os investimentos (materiais,<br />

simbólicos e sociais) em práticas de marcação corporal significam, hoje, para os sujeitos que as<br />

mobilizam, passa por reconhecer que: por um la<strong>do</strong>, quanto mais permanente e inalienável é a<br />

posse de determina<strong>do</strong>s objectos, maior valor simbólico é susceptível de lhes ser individualmente<br />

investi<strong>do</strong> e socialmente atribuí<strong>do</strong>; e que, por consequência, objectos como as tatuagens e o body<br />

piercing, dada a sua natureza indelével, intencionalmente ou não passam a fazer parte estável e<br />

durável da identidade social <strong>do</strong> seu praticante.<br />

Nesta óptica, este trabalho propõe-se descobrir, compreender e interpretar<br />

sociologicamente os significa<strong>do</strong>s subjectivos que os praticantes investem neste tipo de objectos,<br />

alcançar as lógicas simbólicas que estão subjacentes à utilização destes recursos corporais, e<br />

examinar a relação entre a posse destes objectos e o respectivo papel na criação e manutenção<br />

de um senti<strong>do</strong> de identidade. Propõe-se ainda analisar os efeitos sociais que daí decorrem,<br />

numa sociedade que exige um eleva<strong>do</strong> grau de plasticidade identitária e de maleabilidade<br />

corporal, e que ainda vive com alguma relutância e preconceito a modificação corporal mais<br />

perene, nomeadamente a que revisita e evoca figuras corporais historicamente estigmatizadas<br />

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