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MARCAS QUE DEMARCAM - Repositório do ISCTE-IUL

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propriamente juvenis? Que prevalência adquirem determinadas práticas mobilizadas com o<br />

corpo e sobre o corpo entre os jovens portugueses de hoje e respectivas ancoragens sociais?<br />

Que relações se estabelecem entre as suas diferentes formas de mobilização e as actuais<br />

formas <strong>do</strong>s processos de transição para a idade adulta?<br />

Este quadro de questões de partida remete para a aproximação ao contexto analítico que,<br />

objectivamente, enquadra sociologicamente o lugar corporal na sociedade contemporânea. Tal<br />

contexto corresponde ao conjunto de variáveis sociologicamente relevantes (condições<br />

estruturais, institucionais, materiais e/ou ideológicas de existência) que inscrevem o fenómeno<br />

social num determina<strong>do</strong> espaço e tempo. Assim sen<strong>do</strong>, a construção desta linha de abordagem<br />

supõe a identificação <strong>do</strong>s elementos que, na realidade social, são pertinentes para a<br />

compreensão sociológica <strong>do</strong> objecto de estu<strong>do</strong>. Tal implica uma operação de recorte analítico da<br />

realidade social, um processo de construção sociológica que permite descobrir «aquilo que os<br />

respectivos autores [da acção social] não se propunham directamente comunicar ou, até, se<br />

proporiam ocultar» (Pais, 1993:523).<br />

Nesta perspectiva, os contextos analíticos acabam por traduzir os enquadramentos de<br />

vida que norteiam as condutas 5 , aqui, especificamente, as que implicam a mobilização <strong>do</strong> corpo<br />

por parte de determina<strong>do</strong>s segmentos sociais juvenis. Em últimas instância, a primeira parte<br />

deste trabalho corresponderá ao levantamento e análise das condições objectivas que<br />

circunscrevem os códigos e lógicas simbólicas que consubstanciam diferentes culturas<br />

somáticas (Boltantsky, 1975) partilhadas em diferentes contextos sociais, permitin<strong>do</strong> aceder à<br />

profundidade antropológica das respectivas acções com o corpo e sobre o corpo na sociedade<br />

de hoje.<br />

Consideran<strong>do</strong> a visibilidade social e a relevância simbólica adquirida pelo “corpo marca<strong>do</strong>”<br />

entre os jovens de hoje, este foi selecciona<strong>do</strong> como universo observável entre várias<br />

manifestações juvenis onde o corpo se impõe pela espectacularidade e expressividade de que<br />

se reveste. Assim sen<strong>do</strong>, a segunda parte deste trabalho será totalmente dedicada à análise<br />

compreensiva da colocação de tatuagens e piercings, sociologicamente observada e interpelada<br />

na sua utilização mais “radicalizada” por parte de alguns jovens. Que jovens são estes? Quais os<br />

respectivos ancoramentos sociais? Que configurações de senti<strong>do</strong> associam aos seus corpos<br />

extensivamente marca<strong>do</strong>s por tatuagens e body piercing? Que constelações de valores e<br />

representações sociais informam as suas mobilizações mais “radicalizadas”? Que justificações e<br />

5 Comportamentos individuais orienta<strong>do</strong>s (em graus de conformidade ou transgressão diversos) por sistemas<br />

normativos, ou seja, maneiras de agir socialmente consolidadas e legitimadas que servem de referências<br />

prescritivas às ditas condutas.<br />

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