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1068-1078 - Universidade de Coimbra

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"KèsisteUoía,, - Domingo, 14 <strong>de</strong> janeiro do 19O0<br />

^JL. C o m m u x i a . d e P ^ x r ã . ^<br />

e o governo «ie Versailles<br />

Nesta hora gran<strong>de</strong> e sinistra, em mos interesses, isto é, todos os mono- dos teus crimes. Ha oitenta annos que veias, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> lhe ter offerecido o<br />

que a maldição dos vencedores se junpolios. Os seus príncipes atraiçoam e a cólera popular quebrou os gonzos pão e a vida dos filhos; quando todos,<br />

ta ao sangue dos vencidos; e a cólera conspiram. Os seus estadistas corrom- das tuas portas, para arrancar do teu todos! gemiam no lucto e na penúria,<br />

implacavel dos Senhores triumphantes pem e traficam. Esse partido é a pus- seio um rei perjuro, e uma realeza havia <strong>de</strong> o proprietário ter o direito <strong>de</strong><br />

persegue até a memoria daquelles <strong>de</strong> tula da consciência politica. O seu i<strong>de</strong>al maldita. E não tiveste emenda! ser o único que nada per<strong>de</strong>sse na<br />

quem só restam os cadaveres mutila- é Luiz Philippe ou Montpensier. A caverna do crime podia ficar, gran<strong>de</strong> catastrophe que <strong>de</strong>vorava seus<br />

dos pela metralha; nesta hora, única Finalmente, existe a Democracia So- para attestar ás gerações a justiça do irmão*! Ó vós todos que gritaes con-<br />

nos annaes das catastrophes humanas, cialista. Este partido consi<strong>de</strong>ra o pro povo. Mas o antro da prostituição, sra o roubo, quando não po<strong>de</strong>is matar<br />

que se ouça ao menos uma voz pedin- blema politico como mera conseqaencia esse, só podia ser purificado pelas la- a se<strong>de</strong> nas lagrimas e no sangue dos<br />

do respeito para os mortos, maldição do problema economico; isto é, enten<strong>de</strong> baredas do incêndio.<br />

vossos escravos, cautela! que vos es-<br />

para os verdugos, e o pelourinho da que a humanida<strong>de</strong> (com excepção <strong>de</strong> al- Ao lado da Pariz oficial havia a pera uma expiação medonha.<br />

consciência humana indignada contra guns milhares <strong>de</strong> parasitas improducti- Pariz oficiosa. Esta era o caravanser- Mas que mais fez a Communa?<br />

os canibaes que, na embriaguez da sua vos) só alcançará a felicida<strong>de</strong>, quando ralho <strong>de</strong> todos os vadios do universo. Aboliu o recrutamento, e o exercito<br />

selvageria, nem ás mulheres <strong>de</strong>ram a producção, repartição e consumo dos Era a Pariz dos perfumes, do melo- permanente; isto é, restituiu ao traba-<br />

quartel.<br />

producto do trabalho estiverem organidrama pútrido, da quinquilharia, do lho, e por tanto á riqueza publica, um<br />

Sim! Nós <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a Communa sados <strong>de</strong> modo, que o producto do tra- romance <strong>de</strong>lererio, do cancã e da Dama milhão <strong>de</strong> braços, q ie serviam só para<br />

<strong>de</strong> Pariz.<br />

balho pertença exclusivamente aos que das (amelias. E' por esta Pariz aphro produzir catastrophes; como aquella<br />

Mas esta causa santa que abraça- trabalham, como é justo, e não a uma disiaca que hoje chora o sentimenta que acaba <strong>de</strong> abysmar a França; ou<br />

mos, e sagrada para nós, não pela pie- minoria exploradora, parasita e <strong>de</strong>spó- lismo europeu. A Babylonia faz falta então, para segurar no throno todas as<br />

da<strong>de</strong> que a todas as almas nobres instica, que só <strong>de</strong>ixa ao escravo que a en- aos satrapas do <strong>de</strong>boche.<br />

cruéis e ignóbeis tyrannias, como as<br />

piram os gran<strong>de</strong>s infortúnios; mas riquece o sufficiente para elle não mor- A outra Pariz, essa ninguém a vê, <strong>de</strong> Napoleão I e III; e para conservar<br />

porque é a causa do Direito e da Jusrer <strong>de</strong> frio e <strong>de</strong> fome, e po<strong>de</strong>r produ- senão para a amaldiçoar! Restos mu- sempre a transbordar <strong>de</strong> angustia o<br />

tiça.zir<br />

<strong>de</strong> novo no dia seguinte; quando tilados, dispersos, carbonisados do coração das mães, a quem o minotauro<br />

Para o provar, basta examinar sem não leva a carida<strong>de</strong> evangélica a me- 'povo vencido e assassinado, recebei as da guerra todos os annos dévora os<br />

gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> critica as peripecías tralhar cincoenta mil <strong>de</strong> uma vez, como lagrimas da minha pieda<strong>de</strong>. Irmãos, filhos das suas entranhas e do seu<br />

características da assombrosa tragedia; acaba <strong>de</strong> fazer o bom do sr. Thiers, <strong>de</strong>ixai me chorar com as vossas espo- amor. Além d'isso a melhor parte da<br />

e, sobre tudo, o estado da consciência com applauso <strong>de</strong> todas as beatas, e <strong>de</strong> sas votadas á miséria, e com as vossas riqueza publica é todos os annos su-<br />

e do espirito publico em França naquel- todos os sacripantas.<br />

filhas <strong>de</strong>stinadas... talvez a serem g ida pelo imposto, para alimentar um<br />

las classes, cuja acção é mais proemi- A's vezes tanrbem consolam o pobre prostituídas pelos vossos vencedores !... milhão <strong>de</strong> parasitas, quando não é<br />

nente na evolução do Drama humano. proletário servindo <strong>de</strong> amparo ás fi- Com a serenida<strong>de</strong> compatível com para comprar canhões e metralhado-<br />

No estado actual da socieda<strong>de</strong> franlhas... mas só durante a mocida<strong>de</strong>, a nossa consternação, examinemos os ras, que servem para ensinar aos esceza<br />

dois gran<strong>de</strong>s problemas occupam que é ida<strong>de</strong> cheia <strong>de</strong> perigos. po<strong>de</strong>rosos motivos que provocaram a cravos os mandamentos do Senhor.<br />

o espirito publico — o problema politi- Este partido, que é o partido do insurreição.<br />

Esta medida da Communa tinha<br />

co, e o problema economico. Examine- futuro, em quanto a metralha não con A Assembléa <strong>de</strong> Bordéus, logo no apenas o alcance <strong>de</strong> poupar á humanimos<br />

um e outro <strong>de</strong>stes problemas. sente que seja o partido do presente, tem principio, mostrou os mais inequívocos da<strong>de</strong> alguns séculos <strong>de</strong> miséria e escra-<br />

Que é o problema politico? Definr todavia o seu i<strong>de</strong>al politico — é a Repu- intuitos <strong>de</strong> acabar com a Republica. O vidão.<br />

a essencia e fins do governo, e, como blica Fedaral. Enten<strong>de</strong> que não está no modo grosseiro e infame como tratou E o <strong>de</strong>creto que mandou <strong>de</strong>molir a<br />

corollario, <strong>de</strong>terminar o mais perfeito espirito da socieda<strong>de</strong> humana suppri- Garibaldi, que generosamente offere- columna Vendô-me ? Palavras d'aquellas<br />

e justo systema <strong>de</strong> relações entre gomir a individualida<strong>de</strong>, e toda a existêncera á França, abandonada <strong>de</strong> todos, já se não ouviam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se tinham<br />

vernantes e governados. Por outras pacia collectiva intermedia, para só <strong>de</strong>ixar o seu sangue e o <strong>de</strong> seus filhos, seria apagado os fogos do Sinai. Mas os Julavras,<br />

buscar a melhor fórma <strong>de</strong> go- subsistir uma gran<strong>de</strong> existencia geral, bastante para julgar sem appellação do <strong>de</strong>us fuzilaram a Prophetisa, e contiverno.<br />

em que se absorvam todas as outras, espirito d'aquella Assembléa. Mas nuam a adorar o bezerro <strong>de</strong> ouro.<br />

A solução <strong>de</strong>ste problema é diversa asphyxiando a liberda<strong>de</strong> n'esta violenta muitos outros factos positivos vieram Mas para que havemos <strong>de</strong> continuar.<br />

nos diversos partidos.<br />

concentração. O partido da commUna mostrar até á ultima evi<strong>de</strong>ncia aquillo Os mortos estão mortos, e as feras lan-<br />

Quaes são pois os partidos políticos<br />

enten<strong>de</strong>, que se ha cousas que <strong>de</strong>vem que ninguém hoje contesta — que a çaram lhes os restos carbonisados ao<br />

em França, que buscam a solução do<br />

ser feitas pela gran<strong>de</strong> unida<strong>de</strong> social ou Assembléa só esperava occasião para rio fatídico das revoluções.<br />

problema nos elementos constitutivos<br />

nacional, ha outras, e em muito maior chamar um Rei.<br />

O morticínio foi longo, cruel, sel-<br />

dos seus respectivos organismos? Po-<br />

numero, que <strong>de</strong>vem fazer se por meio Mas como impor á França repuvagem, infame!<br />

<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s collectivas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m infe<strong>de</strong>mos<br />

reduzil-os a tres; e talvez mais<br />

blicana, e republicana socialista nas Primeiro Duval.<br />

rior, pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>partamental, com<br />

um quarto, que só dum modo indire-<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, um governo monar- Quem se não lembra da morte he-<br />

munal, ou das associações industriaes<br />

cto busca a solução do problema. Este<br />

chico? Só havia um meio — a força. róica d'aquella nobre victima, Duval<br />

e commerciaes, pelas numerosas unida-<br />

quarto é o partido da Communa.<br />

Mas a força só podia ser bem succe- ijpresenta-se como parlamentario diante<br />

<strong>de</strong>s <strong>de</strong> famílias, e, sobre tudo, pelas<br />

Os tres primeiros são — o partido<br />

dida, quebrando as armas nas mãos do general inimigo. Perguntado quem<br />

unida<strong>de</strong>s individuaes.<br />

legitimista, ou do direito divino. O<br />

<strong>de</strong> duzentos mil guardas nacionaes que é e o que quer, respon<strong>de</strong> que é Duval,<br />

partido Orleanista, ou partido das clas- Foi este o programma da Com- havia em Pariz; e como isso não era general da Communa, e que pretenses<br />

medias, tendo por credo as garanmuna; por elle <strong>de</strong>rramon o seu ge- possível, recorreram á astúcia. <strong>de</strong>... — Que fuzilem o general Duval,<br />

tias dos interesses materiaes, isto é, a neroso sangue; e oxalá que ao lado da O plano era simples: tirar á guarda respon<strong>de</strong> o feroz Vinoy. E elle, o heroe<br />

garantia do feudalismo capitalista, pro- liberda<strong>de</strong>, que sempre fljrece no san nacional o direito <strong>de</strong> eleger os seus <strong>de</strong> vinte annos, só pe<strong>de</strong> para dar a voz<br />

prietário e industrial, contra o direito<br />

gue dos martyres, não cresça lambem chefes, e por tanto paralysar lhe toda <strong>de</strong> — fogo — ao pelotão que o vai fuzi-<br />

do trabalho, única origem <strong>de</strong> toda a<br />

a arvore da vingança, para cobrir os a acção, <strong>de</strong>sarmando-a <strong>de</strong>pois. Vinoy, lar ! Cahiu como heroe, dando um viva<br />

riqueza humana. E, finalmente, o par-<br />

nossos filhos com a sua sombra fatal. sei<strong>de</strong> napoleonico, um dos execrados á republica ! Marechaes da França que<br />

tido Jacobino, que se vangloria <strong>de</strong> re- Feito este rápido esboço, examine- pretorianos do golpe <strong>de</strong> estado, foi o não soubesteis vencer nem morrer, vê<strong>de</strong><br />

presentar a <strong>de</strong>mocracia, e que se quer mos os motivos que provocaram a in- escolhido para ser o executor <strong>de</strong> alta como morre um chefe <strong>de</strong> claque! um<br />

justificar no direito sobre-humano do surreição <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> março.<br />

justiça. O janizaro começou por sup- republicano.<br />

suffragio universal; mas que só sabe A França, mutilada pela metralha primir diversos jornaes, por <strong>de</strong>clarar E tu, nobre Flourens, rico, sábio,<br />

governar com golpes <strong>de</strong> estado e dicta- prussiana; humilhada no sangue do Pariz em estado <strong>de</strong> sitio, e final affavel, estimado, foste cruelmente asduras;<br />

e que hoje jura por Robespíer- seu sangue — a sua vaida<strong>de</strong> guerreira; mente, por ver se insidiosamente se sassinado, quando, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vencido e<br />

re, e ámanhã por Cesar Napoleão; com os seus exercitos vencidos, <strong>de</strong>s apo<strong>de</strong>rava da artilharia da guarda na- prisioneiro, acordavas do <strong>de</strong>smaio em<br />

gran<strong>de</strong> ou pequeno pouco importa. troçados e prisioneiros; com as suas cional. Além d'isto, Thiers e a Assem- que te tinham lançado dous dias <strong>de</strong><br />

O partido da Communa, isto é, a aguias esmagadas sob as patas dos bléa <strong>de</strong> Bordéus, juntaram o insulto á combate, cxhdusto <strong>de</strong> sê<strong>de</strong> e <strong>de</strong> fome.<br />

<strong>de</strong>mocracia-socialista, só se interessa<br />

esquadrões germânicos; a França, traição. A Pariz, que salvou a honra E como vós, centos e centos, fuzi-<br />

no problema politico <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um<br />

exhausta e quasi agonisante, na pertur- da França, resistindo aos «prussianos, lados sem misericórdia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ven-<br />

ponto <strong>de</strong> vista meramente negativo.<br />

bação mental da sua agonia, nomeou em quanto lhe restou um bocado <strong>de</strong> cidos e <strong>de</strong>sarmados.<br />

Todos os seus esforços convergem <strong>de</strong><br />

uma Assembleia com o fim exclusivo pão negro para enganar a fome; á Mas o diaes iraes aproxima-se. A<br />

preferencia para a solução do problema<br />

<strong>de</strong> fazer a paz. A este motivo que a Pariz, que supportou vinte annos o gran<strong>de</strong> hecatombe está perto.<br />

conduziu á urna só associou um outro jugo do império, fóra da lei e do di-<br />

economico.<br />

E vós, entretanto, usáveis por ven-<br />

sentimento — um rancor cheio <strong>de</strong> indireito commum, e que ha perto <strong>de</strong> vinte<br />

O partido Jacobino tem dous ramos<br />

tura do direito <strong>de</strong> represálias ? não!<br />

gnação contra todos os que, <strong>de</strong> longe, annos con<strong>de</strong>mnava no escrutínio a tor-<br />

característicos — uma esquerda, e uma<br />

generosos sempre, guardaveis os prisio-<br />

ou <strong>de</strong> perto, serviram a bachanal na pe tyrannia imperial; á Pariz, que<br />

direita.<br />

neiros e as refens, contentando-vos em<br />

poleonica.<br />

nunca ven<strong>de</strong>u a consciência ás ephe<br />

ameaçar as feras raivosas, que não da<br />

O partido da direita ficou sepul-<br />

meras glorias napoleónicas; negam lhe<br />

tado na lama ensanguentada <strong>de</strong> Sedan. No entanto Pariz, pallida <strong>de</strong> fome,<br />

vim quxrtel!<br />

o direito <strong>de</strong> capital, consagrado por<br />

Era o Império.<br />

<strong>de</strong> miséria e <strong>de</strong> heroísmo, impunha tres dynastias e tres revoluções I<br />

Mas não fallemos só dos vencidos;<br />

O da esquerda está envolvido na respeito ao mundo Pariz a gran<strong>de</strong>.<br />

duas palavras também sobre os algo-<br />

lama das botas do sr. Thiers. E' a es- A Pariz do trabalho, do pensamento E a guarda nacional <strong>de</strong>via entregar zes.querda<br />

republicana <strong>de</strong> Versailles, que e da Revolução. Não a Pariz da moda, os pulsos ás algemas da tyrannia, e Thiers, Fabre, Picard, Simon, que<br />

tem por chefe Luiz Blanc, e que ficou do baile, do melodrama, dos Cesares quebrar as armas aos pés dos seus vos pedia Pariz; que exigencias eram<br />

coberto <strong>de</strong> ignominia <strong>de</strong>ante da Histo- e dos pretorianos.<br />

eternos inimigos?! Oh! que não; mil as suas, que á transacção preferiste.* o<br />

ria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a hora em que applaudiu em Porque na gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> havia<br />

vezes não.<br />

extermínio ? Pariz queria só o direito<br />

Versailles a noticia das carnificinas <strong>de</strong> duas cida<strong>de</strong>s.<br />

Já que só lhe restava a insurreição, <strong>de</strong> administrar os seus interesses, ele-<br />

Pariz. Este partido, ha muito con De um lado, a canalha, a espuma insurgiu-se.<br />

ger o seu município e os seus maires,<br />

<strong>de</strong>mnado pela sciencia, revolta hoje a social, a protervia, a <strong>de</strong>smoralisação e O resto sabem-no todos; todavia e escolher os chefes da sua guarda cí-<br />

consciência. E' a cobardia ignara. o <strong>de</strong>boche.<br />

recor<strong>de</strong>mol-o.<br />

vica. Vós mentis, como vilões, quando<br />

O partido legitimista, logico, sin- Do outro, o trabalho, a miséria, a Os fastos legislativos da Communa dizeis que elles roubavam a propriecero,<br />

grandioso como a i<strong>de</strong>ia que lhe escravidão, a fatnilia, e a consciência são a revindicação do direito e da dida<strong>de</strong> e dissolviam a família. Elles da<br />

<strong>de</strong>u vida durante séculos e séculos — a da dignida<strong>de</strong> humana ultrajada. gnida<strong>de</strong> humana. Os seus fastos mili vam, a vós parasitas ociosos, a meta<strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ia religiosa; esse partido, hoje o mais Sim, dissemos o <strong>de</strong>boche. Quem tares, esses, hão <strong>de</strong> ser o assombro da d > seu trabalho em troca <strong>de</strong> uma pouca<br />

impossível, porque presentemente nada viu a <strong>de</strong>scripção <strong>de</strong> um baile das Tu- Historia.<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Não vos lembra já <strong>de</strong> que<br />

vale uma genealogia divina <strong>de</strong>ante da lherias, que não sentisse o pudor hu Que <strong>de</strong>cretou a Communa? O seu pedistes vinte annos ao império, aquillo<br />

consciência humana, que per<strong>de</strong>u a es- mano infamemente ultrajado? As mu primeiro acto foi a isenção concedida mesmo que vos pedia agora Pariz ? Cy<br />

perança <strong>de</strong> encontrar o Direito e a Jus- lheres, <strong>de</strong>cotadas até á cinta, em tra- aos locatários pobres <strong>de</strong> pagarem a nicos! Não vos lembraes já <strong>de</strong> que<br />

tiça fóra da humanida<strong>de</strong>; este partido jos que íó podiam ser inventados pelo renda das casas durante o tempo do ainda hontem chamaveis a cólera do<br />

é ainda assás forte em França. <strong>de</strong>monio da luxuria, eram as bachan- cerco. Este acto, taxado <strong>de</strong> expoliação, ceo e da terra contra os prussianos, que<br />

O partido Orleanista, que preten<strong>de</strong> tes <strong>de</strong> uma orgia infame, que afasta- foi da mais absoluta justiça. Pois que! só bombar<strong>de</strong>aram Pariz por alguns<br />

governar com a classe media, não tem vam do seio os proprios filhos, para quando meta<strong>de</strong> da França estava sem dias, e vós, com a vo*sa metralha, pe-<br />

i<strong>de</strong>ias. Não affirma, nem nega. Tran- melhor avassalarem os conquistadores! trabalho, e por tanto sem pão; quando cra por pedra, não fazeis ha dous mesige,<br />

quando não po<strong>de</strong> corromper. Não Tulherias, antro fatal! as tuas co o trabalhador largava a sua ferramenta, zes senão <strong>de</strong>molir o que era hontera a<br />

é pela religião, nem pelo pensamento. lummtas e os teus porticos não po- entregando os filhos á protecção da cida<strong>de</strong> sánta, e a que chamaes hoje o<br />

Tem a pretensão ds garantir os le$itidiam absolver-te das tuas torpezas, e fome, para dar á patria o sangue das antro do crime!<br />

Não sei o que mais espanta : se °<br />

vosso cynismo; se a vossa cobardia; s e<br />

a vossa ferocida<strong>de</strong>. Vossa, e <strong>de</strong> vossa<br />

corte, que vos applau<strong>de</strong> em Versailles.<br />

On<strong>de</strong> ha ahi coração <strong>de</strong> bronze, que<br />

não sentisse a febre da indignação, ao<br />

vêr os applausos d'essa horda chamada<br />

Assembleia Nacional, quando Thiers<br />

<strong>de</strong>screvia os horrores da carnificina da<br />

guarda nacional! Thiers, pequeno monstro,<br />

tu parecias Satanaz subindo ao<br />

monte da transfiguração, possuído do<br />

espirito <strong>de</strong> Ezequiel, <strong>de</strong> Dante e Miguel<br />

Angelo, ao <strong>de</strong>screveres os assombros<br />

d'aquelle diaes irae, os horrores daquelle<br />

inferno: — jorros <strong>de</strong> sangue alagam<br />

as ruas, arrastando os cadaveres mutilados<br />

dos rebel<strong>de</strong>s. (Applausos). Membros,<br />

palpitantes ainda, se agitam como<br />

a testemunhar a ultima agonia da insur<br />

reição (Redobram os applausos). Cadaveres<br />

<strong>de</strong> mulheres, mutilados pelas<br />

baionetas dos nossos heroicos soldados,<br />

abraçados ainda os restos inanimados<br />

dos vencidos. (Acclamações <strong>de</strong>lirantes<br />

em todos os bancos; e Thiers, com o<br />

valoroso exercito e o invictoMac Mahon<br />

são <strong>de</strong>clarados benemeritos da patria!)<br />

Horror !...<br />

E tu, generosa victima, cabeça loura<br />

e angeliga; orphão <strong>de</strong> pae, <strong>de</strong> mãe<br />

e <strong>de</strong> patria; tu, excelso filho da Polonia<br />

Martyr; tu, paladino da honra e da<br />

<strong>de</strong>sgraça, nobre Dombrow ki, aceita,<br />

acima <strong>de</strong> todos, a pieda<strong>de</strong> dos que<br />

choram os gran<strong>de</strong>s infortúnios. Quem<br />

ouviu a sua lenda, que o não chore!<br />

Apenas sahido da adolescência, e dos<br />

ru<strong>de</strong>s combates do Cáucaso, e eil-o<br />

cahido, exangue e vencido, no ultimo<br />

campo <strong>de</strong> batalha, on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>stiuo o<br />

não <strong>de</strong>ixou morrer com a patria. Depois,<br />

lá vai caminho da Sibéria, daquelle<br />

calvario gelado <strong>de</strong> uma nação inteira,<br />

para também lá acabar numa longa<br />

agonia. Mas, não I a sorte negra cubiçou-lhe<br />

ainda o peuco sangue que lhe<br />

restava nas veias. De lá foram as baionetas<br />

francezas buscar a purpura que<br />

ha-<strong>de</strong> tingir o manto real, que Tniers<br />

acaba <strong>de</strong> tecer para o futuro rei <strong>de</strong><br />

França!<br />

Nobre guerreiro do Norte, viste a<br />

França no potro da agonia, trahida pelos<br />

filhos, e abandonada pelos alliados,<br />

e só tu não fugiste nem tremeste. E<br />

ella, a cavalleirosa França, pagava-te<br />

como se paga ao cobar<strong>de</strong>, que no cam<br />

po <strong>de</strong> batalha foge diante do inimigo!<br />

Basta! Parece que ouvimos o estertor<br />

das victimas, nas vascas da ultima<br />

agonia, e cahe nos a penna da<br />

mão.<br />

Ahi vão as ultimas nrtxias. Agora<br />

só fala o verdugo. A bôca dos vencidos<br />

cerrou a para sempre a mão da morte.<br />

— Os insurgentes ainda se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />

com <strong>de</strong>sesperação. Calcula se que<br />

seis mil já estão mortos.<br />

— Entre os chefes da insurreição<br />

fuzilados citam-se Vallès, Amouroux,<br />

Brunet, Rigault, Parisel, Dombrow^ki,<br />

Lefrançais e Bousquet.<br />

— Assevera-se que Mac Mahon intimou<br />

pela ultima vez os insurgentes a<br />

ren<strong>de</strong>rem-se : serão fuzilados daqui em<br />

<strong>de</strong>ante todos aquelles que forem apanhados<br />

com as armas na mão.<br />

— O governo da Bélgica annuncia<br />

que é sua intenção tratar os communistas<br />

como criminosos e não como refugiados<br />

politicos.<br />

— Cakula-se cincoenta mil mortos<br />

em casas e .a<strong>de</strong>gas.<br />

— Em Pariz tem havido execuções<br />

summarias <strong>de</strong> prisioneiros em numero<br />

consi<strong>de</strong>rável.<br />

— Calcula se que durante a semana<br />

passada foram mortos quarenta mil insurgentes.<br />

— Tentaram fugir <strong>de</strong> Beleville novecentos<br />

insurgentes, atravessando as<br />

linhas prussianas, mas os prussianos<br />

mataram cem <strong>de</strong>lles e pren<strong>de</strong>ram os<br />

mais, entregando-os logo ao governo<br />

<strong>de</strong> Versailles.<br />

— Quasi todos os membros da Communa<br />

foram presos e immediatamente<br />

fuzilados.<br />

— A <strong>de</strong>feza do ministério da marinha<br />

foi obra <strong>de</strong> um batalhão <strong>de</strong> mulheres<br />

que se bateram como hyenas*<br />

O almirante <strong>de</strong> Pothuau mandou fuzilar<br />

as setenta e quatro amazonas, que<br />

foram aprisionadas <strong>de</strong>pois do combate,<br />

sobre as ruinas fumegantes.<br />

— Os garibaldinos e batalhões es<br />

trangeiros batiam-se como le<strong>de</strong>», &n

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