12.05.2013 Views

1068-1078 - Universidade de Coimbra

1068-1078 - Universidade de Coimbra

1068-1078 - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

-TT7-<br />

Carta do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

25 — XII—go5.<br />

25 <strong>de</strong> Dezembro —NATAL<br />

O dia <strong>de</strong> hoje em Portugal, como<br />

aqui, é consagrado ao convívio familiar,<br />

procurando todos no lar a alegria e o<br />

conforto ao pssso que, sabe Deus quantos<br />

ha lutando com as intemperies da<br />

vida em luta a fome negra<br />

E' em casos taes que squi se ach»m<br />

muitos filhos <strong>de</strong> Portugal; e, quando digo<br />

que alguns sentem os martírios da<br />

fome, não exagero.<br />

Hi dias, não muitos ainda, vi caido<br />

numa das ruas da cida<strong>de</strong> utío individuo,<br />

a quem chegavam aos lábios algumas<br />

gotas <strong>de</strong> leite que alma bemfa<br />

seja lhe mandara dar.<br />

Depois <strong>de</strong> morosamente engulir o<br />

liquido, oou<strong>de</strong> dizer :<br />

Ha quatro dias que o meu alimento<br />

ê uma chávena <strong>de</strong> café.<br />

O infeliz pelo seu modo <strong>de</strong>licado,<br />

bem como pelo vestuário velho mas<br />

tratado, mostrava pertencer, ou ter pertencido,<br />

ao commercio. Sendo lhe perguntado<br />

por um guarda porque não<br />

pedia, respon<strong>de</strong>u com voz lenta mas<br />

firme :<br />

«Os filhos da minha terra morrem<br />

com fome, mas não pe<strong>de</strong>m nesta terra<br />

a ninguém».<br />

Depois <strong>de</strong> tomar uma chicara <strong>de</strong><br />

leite, e amparado senão levado por<br />

dois guardas, sem que <strong>de</strong>clarasse o seu<br />

nome, foi a caminho... dizia não querer<br />

ir para a estação poli.ial; pois que<br />

aquillo era passageiro.<br />

Era filho talvez <strong>de</strong> família que vi<br />

veu na abundancia; é <strong>de</strong>ssa terra que<br />

tantos abandonam, iludidos com os<br />

atraentes futuros que aqui não mais<br />

existem. Era portuguez.<br />

Não julguem os leitores que este<br />

caso é o único; dá-se todos os dias e<br />

mais do que uma vez por infelicida<strong>de</strong><br />

das vitimas e para vergonha da nossa<br />

colonia que recusa o auxilio ao necessitado<br />

com a mesma franqueia com que<br />

recusa os serviços dafuêles <strong>de</strong> que não<br />

carece.<br />

E continuará tal estado ds crise e<br />

miséria, visto que a nossa emigração<br />

continua <strong>de</strong> forma assustadora, <strong>de</strong>sembarcando<br />

nos portos do Brazil centenas<br />

<strong>de</strong> pessoas todas as semanas, vindo<br />

cair no I ço que outros mais felizes,<br />

e noutros tempos, involuntariamente<br />

lhes armaram.<br />

Trinda<strong>de</strong><br />

Agra<strong>de</strong>cimento<br />

Alvaro d'Assumpção, sentindo a<br />

alma cheia <strong>de</strong> dor e <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>, pela<br />

morte <strong>de</strong> sua tão querida e chorada<br />

esposa, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo algum calar<br />

em seu coração a voz <strong>de</strong> reconhecido<br />

agra<strong>de</strong>cimento que professará eternamente<br />

a todas as pessoas que se dignaram<br />

acompanhar os restos rnortaes <strong>de</strong><br />

sua esposa á ultima morada, cujo funeral<br />

se realizou no dia 10 do corrente,<br />

sahindo da rua <strong>de</strong> S. Jeronimc, para o<br />

cemitério.<br />

Outrosim se consi<strong>de</strong>ra muito grato<br />

(25) Folhetim da "RESISTÊNCIA,,<br />

Francisc Enne & Fernand Delisle<br />

A CONDESSA DINAMITE<br />

Só o con<strong>de</strong> <strong>de</strong> La Plata se aproximou<br />

do morto, o ex-minou friamente,<br />

e convencido que tinha <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> viver,<br />

levantou os hombros, dizendo:<br />

— Que tolo!<br />

Só <strong>de</strong> madrugada é que o comissário<br />

veio verificar o suicídio.<br />

O magistrado encontrou no bolso<br />

do morto uma carta, explicando a sinistra<br />

<strong>de</strong>cisão. Filho <strong>de</strong> uma viuva da<br />

província, <strong>de</strong> poucos meios, tinha uma<br />

irmã mais nova dois annos do que êle<br />

e que ia casar-se.<br />

A mãe mandara o a Paris negociar<br />

acções para o dote da irmã. Era esse<br />

dinheiro que êle acabava <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r!<br />

Não se atrevendo a entrar mais em<br />

Casa, preferira morrer: «Assim, minha<br />

pobre irmã ficará com a minha parte»,<br />

escrevia êle no fim da sua carta.<br />

II - * i<br />

DINAMITE<br />

No mez <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1869, á noite,<br />

pelas 10 horas, parou um fiacre á porta<br />

fie um palácio do boulevard, dos Italia-<br />

"FeBlstencia,, - Qnínta-felra, IS d© Janeiro <strong>de</strong> 1OO0<br />

para cora o#ex. m "' srs. dr. José Diniz,<br />

medico assistente, dr. A<strong>de</strong>lino Vieirs<br />

<strong>de</strong> Campos e dr. Arthur Leitão, facultativo<br />

do Banco, que na sua doença<br />

lhe dispensaram relevantes serviços,<br />

procurando por todos os meios, a sua<br />

salvação.<br />

E ao ver a sentida homenagem prestada<br />

pelos seus companheiros e amigos,<br />

á extincta, evi<strong>de</strong>nceia a sua gratidão<br />

por não po<strong>de</strong>r calar em sua alma,<br />

tantas provas <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> que recebeu,<br />

pelo que se confessa eternamente reco<br />

nhecido.<br />

<strong>Coimbra</strong>, 12 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 190b.<br />

Associação <strong>de</strong> socorros maínos<br />

dos Artistas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />

Balancete do 4 a trimestre <strong>de</strong> igo5<br />

Receita i:o38®688<br />

Despeza 1:017^179<br />

Saldo positivo. 21Í&509<br />

Fundos existentes em 3o<br />

<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1905.. 4:783^191<br />

Fundos existentes em 3o<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> igõ5 . 4:80436700<br />

<strong>Coimbra</strong>, 3i <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1905.<br />

Pelo secretario,<br />

Men<strong>de</strong>s Alcantara.<br />

MODA ILLUSTRADA<br />

Jornal da» fainãl'a*<br />

MagniGca publicação semanal<br />

Diretôra: D. LEONOR MALDONADO<br />

Condições <strong>de</strong> assignatura: por atino<br />

cora 1:800 gravuras era preto e colloridas,<br />

52 mol<strong>de</strong>s cortados, tamanho natural<br />

52 números com 1:040 gravuras <strong>de</strong> bordados,<br />

5#000 réis.<br />

Semestre, 26 números com 990 gravuras<br />

em preto e coloridas; 26 mol<strong>de</strong>s<br />

cortados, tamanho natural, 26 números<br />

com 550 gravuras <strong>de</strong> bordados, 2#500<br />

réis.<br />

Trimestre, 13 números cora 450 gravuras<br />

em preto e coloridas, 13 mol<strong>de</strong>s<br />

cortados, tamanho natural, 13 números<br />

com 260 gravuras do bordados, 1)5300 réis.<br />

Cada número da Moda Illustrada é<br />

acompanhado dum número do Tetit Eco<br />

<strong>de</strong> la Bro<strong>de</strong>rie jornal especial <strong>de</strong> bordados<br />

era todoa oa géneros, roupas do corpo,<br />

<strong>de</strong> mêsa, enxovais para crianças, tapeçarias,<br />

croché, ponto <strong>de</strong> agulba, obras<br />

<strong>de</strong> tantazia, rendas, etc., etc. Encontra-se<br />

na Moda Illustrada, a tradução era por<br />

tuguês daquelle jornal.<br />

Assina-se em todas as livrarias do<br />

reino e na do editor — Antiga Casa Bertrand<br />

Jozé Bastos — rua Garrett, 73 e 75<br />

Lisboa.<br />

LEON TOLSTuI<br />

A escravidão mo<strong>de</strong>rna<br />

GUIMARÃES & C. a - Editores<br />

Lisboa — 1905<br />

nos; um homem embrulhado num cascão<br />

elegante, cuja gola e mangas<br />

eram guarnecidas <strong>de</strong> peles <strong>de</strong> raposa<br />

cinzenta, apeou-se dêle, <strong>de</strong>u um luizao<br />

cocheiro; <strong>de</strong>pois tocou.<br />

O guarda portão veio abrir.<br />

— Ah! E' o sr. Gontran ? A senhora<br />

está á meza para jantar.<br />

— E' verda<strong>de</strong>, meu amigo, venho<br />

aprazado, respon<strong>de</strong>u a pessoa a quem<br />

o creado acabara <strong>de</strong> dar o nome <strong>de</strong><br />

Gontran.<br />

Depois dirigiu-se para as escadas;<br />

subiu-as rapidamente com o ar <strong>de</strong> um<br />

homem que entra em sua casa, <strong>de</strong>u algumas<br />

or<strong>de</strong>ns ao creado que estava <strong>de</strong><br />

plantão no vestibulo-estufa, e entrou<br />

nos aposentos.<br />

—Toma! O sr. Gontran vem com ar<br />

<strong>de</strong> caso! Mascou o porteiro tornando a<br />

entrar na sua loja.<br />

Os parisienses, que passam pelo<br />

bolevard dos inválidos, mal distinguem<br />

o palácio em que Gontran acabava <strong>de</strong><br />

ser introduzido.<br />

Está com efeito edificado entre um<br />

páteo muito assombreado e um jardim<br />

formado por um matagal <strong>de</strong> arvores<br />

mal tratadas.<br />

No estio, <strong>de</strong>saparéce complétamente<br />

no meio da verdura; <strong>de</strong> inverno, po<strong>de</strong><br />

aperceber-se através dos ramo9 <strong>de</strong>sfolhados<br />

o telhado agudo e as duas<br />

torres cobertas <strong>de</strong> verdura.<br />

Ex m ° Sr. — Como a época invernosa<br />

exige um bom agasalho, venho<br />

lembrar a Vv. Ex." o<br />

Gabão elegante <strong>de</strong> Aveiro<br />

o único agasalho até hoje conhecido<br />

para combater o frio, vento e chuva.<br />

O titulo<br />

Gabão Elegante d'Aveiro<br />

é proprieda<strong>de</strong> minha ha "muitos an^cs.<br />

Porém, em Aveiro e noutras terras<br />

do paiz, anunciam o<br />

Gabão Elegante<br />

mercadores <strong>de</strong> quem não po<strong>de</strong>m ser<br />

acreditados os seus reclamos por que<br />

são uns simples ven<strong>de</strong>dores retalhista<br />

<strong>de</strong> fazendas e não conhecem a arte.<br />

Lembro a V. Ex. a que se não iludam<br />

com estes reclamistas, se consciência<br />

do que anunciam, porque esses<br />

gabões são feitos por qualquer quidam<br />

para expôr á venda no seu estabelecimento.<br />

O meu G A B Ã O é conhecido<br />

nas principaes cida<strong>de</strong>s do paiz, taes<br />

como Lisboa, Santarém, Leiria, Figueira<br />

da Foz, <strong>Coimbra</strong>, Porto, etc., etc.<br />

Agra<strong>de</strong>cendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já as suas apreciáveis<br />

or<strong>de</strong>ns, ás quaes diligenciarei<br />

dar completa execução, subscrevo-me<br />

com muita estima.<br />

ANADIA — Outubro <strong>de</strong> 1903.<br />

Joaquim José <strong>de</strong> Pinho<br />

ESCARRADORES<br />

Mo<strong>de</strong>lo da Assistência Nacional aos Tubercu osos<br />

(Edital do governo civil <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> outubro)<br />

Preços sem competencia<br />

A Construetora<br />

Uma marquise, ricamente sustenta<br />

da por ornatos <strong>de</strong> ferro batido, abriga<br />

a entrada.<br />

O palacio é construído ao mo<strong>de</strong>rno,<br />

no e*tilo pretencioso e ao mesmo tempo<br />

utilitário que caracterisa os edifícios<br />

do segundo império, e cujos mo<strong>de</strong>los<br />

mais notáveis existem na Avenida do<br />

Bosque <strong>de</strong> Bolonha, ao cimo dos Campos<br />

Elisios, no faubourg Saint Honoré.<br />

Compõc-se dum edifício quadrado,<br />

flanqueado por duas álas em forma <strong>de</strong><br />

torres medievaes; na torre direita, enxertáram,<br />

por assim dizer, uma espécie<br />

<strong>de</strong> varanda servindo <strong>de</strong> boudoir e<br />

<strong>de</strong> estufa ao mesmo tempo; através<br />

dos vidros apercébem-se as folhas largas<br />

afiládas das plantas exóticas; substituem<br />

as roupagens e as cortinas.<br />

Do lado da gra<strong>de</strong> que abre para o<br />

boulevard dos inválidos são os aposentos<br />

do porteiro; do outro as cocheiras,<br />

cavalariças e os quartos dos cocheiros<br />

e tratador.<br />

Nas paré<strong>de</strong>s não ha faianças curiosas<br />

e preciosas; fe nos bufétes e etágéres<br />

não se vêem bibelots raros.<br />

Ao entrar, o mais insignificante<br />

observador teria sdvinhado que estava<br />

na presença duma instalação precipitada<br />

ou provisoria: talvez mesmo que<br />

tudo aquilo fossse alugado, como acontéce<br />

em tantas- casas <strong>de</strong> Paris.<br />

Os proprios creados, á e*cé$ão do<br />

AVISO<br />

Por or<strong>de</strong>m do sr. presi<strong>de</strong>nte da<br />

assembleia geral da Associação Com<br />

mercial é convocada a assembleia ge<br />

j ral p^ra o dia 25 do corrente para lhe<br />

ser presente e discutido o parecer <strong>de</strong><br />

commissão <strong>de</strong> contas conforme <strong>de</strong>terminam<br />

os estatutos.<br />

<strong>Coimbra</strong>, 16 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1906.<br />

O j.° Secretario da Assembleia geral,<br />

Cassiano Augusto M. Ribeiro.<br />

Assembleia geral extraordinária da<br />

Real Companhia Vinícola Central<br />

<strong>de</strong> Portngal<br />

Afim <strong>de</strong> se dar cumprimento ao que<br />

dispõe o artigo 10 0 dos Estatutos, e<br />

para apresentação do balancete relativo<br />

a 3i <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro proximo passado, é<br />

convocada extraordinariamente a assembleia<br />

geral da Real Companhia Central<br />

Vinícola <strong>de</strong> Portugal, p&ra reunir no<br />

dia 21 do corrente mez <strong>de</strong> janeiro nos j<br />

P^ços do Concelho <strong>de</strong>3ta cida<strong>de</strong>, pela '<br />

uma hata da tsr<strong>de</strong>.<br />

<strong>Coimbra</strong>, 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1906.<br />

tt<br />

O Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Assembleia Geral,<br />

Dr. Gonçalo d'Almeida Garrett.<br />

VICTORIA 11<br />

PERDEU-SE<br />

Na Sé Nova, <strong>de</strong>pois da missa das<br />

9 horas e meia, um guarda-chuva <strong>de</strong><br />

senhora. A quem o tiver encontrado<br />

pe<strong>de</strong>-se a fineza <strong>de</strong> o entregar no Collegio<br />

<strong>de</strong> S. Pedro, na Quinta <strong>de</strong> Santa<br />

Cruz, on<strong>de</strong> receberá alviçaras.<br />

MERCEARIA<br />

Trespassa se em boas condições<br />

na baixa, por o seu dono ter que retirar<br />

p:ra fora, é empate <strong>de</strong> pouco capital,<br />

e em sisio <strong>de</strong> fazer negocio bastante.<br />

Nesta redacção se diz.<br />

CAIXEIRO<br />

Oferece-se um com pratica <strong>de</strong> mercearia.<br />

Referencias na rua Sargento Mór,<br />

52— <strong>Coimbra</strong>.<br />

GABÕES<br />

pêlo sistema <strong>de</strong> Aveiro<br />

Machado— Alfaiate<br />

Sofia, 58 a 6S£<br />

Novo aparelho produtor <strong>de</strong> gaz acetylene<br />

o melhor e mais completo até boje<br />

Nem pressão <strong>de</strong>masiada, nem fumo, não entope<br />

os bicos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!