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1068-1078 - Universidade de Coimbra

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mais bella ainda, Generoso, cavalheiresco<br />

e leal, encerrava, no débil peito<br />

<strong>de</strong> tisico, a mais surpreen<strong>de</strong>nte magnitu<strong>de</strong><br />

da dignida<strong>de</strong> dos homens, Coração<br />

mais sensível e mais nobre não o<br />

conheci ainda Aquelle ar carrancudo,<br />

maguado e doloroso, que lhe punha<br />

papos <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma sob os olhos fulgidos,<br />

<strong>de</strong>svanecia-se como um nevoeiro mal<br />

lhe <strong>de</strong>spertasse, no quadrante da vida<br />

o momento luminoso <strong>de</strong> fazer bem Tinha<br />

ternuras quasi infantis; e, como<br />

nunca gostei <strong>de</strong> o comparar a um <strong>de</strong>us,<br />

que íó soubesse fazer o bem, muitas<br />

vezes o comparei ás creanças, que não<br />

sabem fazer o mal.<br />

A <strong>de</strong>feza da Comuna <strong>de</strong> Pans,<br />

num folheto que ficou celebre, tem<br />

como nzão <strong>de</strong>'ser a pieda<strong>de</strong> da sua<br />

alma. Desabrochou do fundo da sua<br />

bondaae, como a haste, antes <strong>de</strong> ser<br />

transformada em chibata, <strong>de</strong>sabrocha<br />

expontaneamente e sem esforço da terra<br />

fecunda.<br />

A Cartilha do Povo, doce e amo<br />

roso poema da Terra e do Homem,<br />

tem ainda como razão <strong>de</strong> ser o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> atenuar o sofrimento pavoroso<br />

dos humil<strong>de</strong>s. Por isso tão gran<strong>de</strong> encanto<br />

resalta das paginas <strong>de</strong>sse pequeno<br />

livro, que, ainda hoje, em Portugal,<br />

corre mundo sem cessar, como um inséto<br />

<strong>de</strong> azas doiradas zumbindo suave,<br />

que levasse nas antenas o pólen da fecundação<br />

revolucionaria.<br />

Os seus artigos <strong>de</strong> combate, dis<br />

persos pelas folhas volantes do jornalismo,<br />

se são, muitas vezes, <strong>de</strong> uma<br />

dureza metslics, esmagando na sua<br />

pressão <strong>de</strong> tenaz a alma vil dos nossos<br />

políticos <strong>de</strong> libré, quantas vezes eles<br />

não são um grito, a um tempo heroico<br />

e lacrimoso, que o seu peito <strong>de</strong> heroe<br />

e poeta solta, uma vibração arrebatada,<br />

em favor da terra em que nasceu ?..<br />

Soberba organisação <strong>de</strong> revolucio<br />

nario, como muitas certamente não<br />

apareceram ainda em Portugal.<br />

Homem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia e <strong>de</strong> acção; amo<br />

roso e energico; impetuoso como se o<br />

seu berço fosse embalado nas vagas da<br />

Convenção; caimo como se nos seus<br />

ouvidos <strong>de</strong> creança tivesse entrado<br />

aquele lento soar das cornetas que os<br />

heroes da in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia grega tocavam<br />

nos <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iros; i<strong>de</strong>alista para conser<br />

var na alma dos seus concidadãos, intacta<br />

£ nobre, a flor romantica das revindicaçôes<br />

politicas; espirito positivo<br />

e pratico, escorado pelo materialismo<br />

scientifico, que sabe tirar as coisas <strong>de</strong><br />

sob as folhagens teóricas, mostrandoas<br />

como elas são na sua consistência<br />

<strong>de</strong> silex ou na sua moleza <strong>de</strong> borra;—<br />

e, alem <strong>de</strong> tudo, a tudo isto dominar<br />

e disciplinar, uma força <strong>de</strong> sugestão e<br />

<strong>de</strong> comunicabilida<strong>de</strong> sempre tão rara<br />

em homens do seu feitio intelectual.<br />

Tal o homem extranho e formidável<br />

que morreu ha i3 annos.<br />

Qjando em <strong>Coimbra</strong> o fomos enterrar,<br />

numa romsgem <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> fi<br />

liai, eu, falando no cemiterio <strong>de</strong> Santo<br />

Antonio dos Olivaes, á hora do <strong>de</strong>cilnar<br />

da tar<strong>de</strong> triste, quando a lua já le<br />

vantava por entre os pinheiros silen<br />

ciosos, terminei o meu discurso com<br />

estas palavras que nunca me esqueceram:<br />

«Neste momento que é o momento<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> pezar e também <strong>de</strong><br />

uma gran<strong>de</strong> apoteose, a única consagração<br />

que em Portugal lhe <strong>de</strong>ve fazer<br />

é esta: lançar para espaço silencioso e<br />

mudo esta palavra tragica: O gran<strong>de</strong><br />

homem morreu!*<br />

De facto assim foi. O gran<strong>de</strong> homem<br />

morreu. Estes i3 annos <strong>de</strong>corridos<br />

<strong>de</strong>monstram hoje bem o presagio<br />

triste daquellas pal«vras. Se êle não<br />

tivesse.morrido, não estaria eu, a estas<br />

horas, Çscreveedo estas impressões<br />

quasi sob a fiscalisação da policia judiciaria,<br />

que, dia e noite, m; ronda a<br />

porta.<br />

Não sou muito pelos gran<strong>de</strong>s homens.<br />

Sou até muito pouco por êles.<br />

A humanida<strong>de</strong>, na sua ascenção interminável<br />

e constante, vae sendo cada<br />

vez mais esíeril d'esses gran<strong>de</strong>s rebentos<br />

que tantas vízes sç transformaram<br />

na trave que a esmagou. Mas seria<br />

loucura perniciosa negar a ação dos<br />

homens excecion Imente dotados, que,<br />

sejam Pombil ou Gambeta, cumpriram<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinos, que sem êles não tenam<br />

certamente alcançado tão <strong>de</strong>pressa<br />

o final da sua orbita.<br />

José Falcão pertenceu a essa categoria<br />

<strong>de</strong> homens. Como poucos elle<br />

soube, pelo amor e pela retidão ocu-<br />

«JEfcejsisteftcía,,,— Quinta-í eira, 1& <strong>de</strong> jancíi O du 1Ô06<br />

moção e pela mesma ternura que na<br />

minha alma <strong>de</strong>spertou sempre a recordação<br />

do meu gran<strong>de</strong> e querido mestre,<br />

mais do que nunca confiado no futuro<br />

da minha Patria e no triunfo da<br />

minha causa, pronuncio do alto d'esta<br />

fí->iha revolucionaria, como o fiz em<br />

i8g3, do sito cl'um muro, em Santo<br />

Antonio dos Olivaes, as palavras em<br />

que então lhe man<strong>de</strong>i* a minha pobre<br />

homenagem: — «o gran<strong>de</strong> homem mor<br />

reuT>.<br />

Antonio José d'ilmeida.<br />

Co inicio<br />

Reuniram hontem a comissão dire<br />

tora do partido republicano no centro<br />

do paiz, e os diretotes do Centro Re<br />

publicano <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, para tratarem<br />

<strong>de</strong> discutir a realisação dum comício<br />

republicano em <strong>Coimbra</strong> contra o con<br />

trato dos tabacos.<br />

Decidiu se por unanimida<strong>de</strong> que se<br />

realisasse um comicio <strong>de</strong> protesto<br />

mais breve possível, e que não fôsse<br />

já no domingo por estar marcada, para<br />

esse dia, a inauguração solene do Cen<br />

tro Republicano Académico.<br />

Eleições<br />

Tiveram hontem logar as eleições<br />

do Grémio Literário Recreativo <strong>de</strong><br />

<strong>Coimbra</strong>, que por falta <strong>de</strong> numero <strong>de</strong><br />

socios presentes se não po<strong>de</strong>ram realisar<br />

no dia anteriormente marcado.<br />

Deram o resultado seguinte:<br />

CAssembleia geral—Presi<strong>de</strong>nte, Alvaro<br />

<strong>de</strong> Gouveia; vice presi<strong>de</strong>nte, Artur<br />

Manso Preto; i.° secretario, dr.<br />

Alberto dos Reis; 2. 0 secretario, Jacinto<br />

Betencourt.<br />

'Direcção — Presi<strong>de</strong>nte, dr. José<br />

Cid; vice-presi<strong>de</strong>nte, João Vieira <strong>de</strong><br />

Campos; secretario, dr. Luiz Viegas;<br />

vice-secretario, Adrião <strong>de</strong> Moura; tesoureiro,<br />

Francisco Vieira <strong>de</strong> Campos.<br />

'Directores efectivos — Francisco <strong>de</strong><br />

Sá Chaves Pinto, dr. Francisco P< ssoa,<br />

dr. José Nazareth, dr. José Rodrigues,<br />

Augusto Vieira <strong>de</strong> Campos, dr. Anselmo<br />

Ferraz <strong>de</strong> Carvalho, dr. Sidonio da<br />

Silva Paes, dr. José Tavares <strong>de</strong> Melo<br />

da Costa Lobo.<br />

Substitutos — Dr. Adolfo Sarmento<br />

<strong>de</strong> Sousa Pires, Manuel Espregueira,<br />

Viriato Lusitano Cabral, dr. Fre<strong>de</strong>rico<br />

Sanches <strong>de</strong> Moraes, padre Liz Teixeira,<br />

José Paes do Amaral, Francisco <strong>de</strong><br />

Almeida e Brito, Cesar da Rocha<br />

Freitas.<br />

Comissão àe antas — Presi<strong>de</strong>nte,<br />

dr. Alves Moreira; relator, dr. Cie<br />

mente <strong>de</strong> M ndoiiça; vogaes, dr. Alvaro<br />

José da Silva Basto e dr. Fortunato<br />

Temudo.<br />

Santos Lucas<br />

No sabado, a festa artística do simpático<br />

diretor do Teatro P. incipe-Real,<br />

que será como <strong>de</strong> costume uma noite<br />

<strong>de</strong> entusiasmo.<br />

Vae á scena o Frei Lui\ <strong>de</strong> Sousa,<br />

a obra prima <strong>de</strong> Garrett, conhecida <strong>de</strong><br />

todos, e que todos ouvem sempre avi<br />

damente, como se pela primeira vez a<br />

vissem.<br />

A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Coutinho terá, como <strong>de</strong><br />

costume, a ovação a que lhe.dá direito,<br />

o esforço que faz para interpretar as<br />

gran<strong>de</strong>s criações da arte dramatica.<br />

A casa está quasi passada, o que<br />

acontece sempre nas festas do estimado<br />

diretor do Teatro Príncipe-Real.<br />

que conseguiu estabelecer uma corrente<br />

dos atores <strong>de</strong> Lisboa e Porto para<br />

<strong>Coimbra</strong>, tendo nos feito ouvir os nossos<br />

melhores atores, em todos os generos,<br />

nas melhores peças do seu reportorio.<br />

Durante o mez <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro passaram<br />

se do governo civil <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />

340 passaportes, sendo 225 para o Brazil<br />

e i5 para a Africa.<br />

E X P E D I E N T E<br />

Prevenimos oi no»>«« premado*<br />

nssignantes. <strong>de</strong> fóra <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>»<br />

<strong>de</strong> que já foram enviados para a*<br />

diversa» estações os recibos das<br />

suas assignaturas. referentes ao<br />

semestre que finda em IS <strong>de</strong> fevereiro<br />

proximo<br />

Esperamos que todos sedignem<br />

Bar o logar que as suas faculda<strong>de</strong>s lhe ! mandar resgatal-os logo que se-<br />

~ r jam avi«ado* evitando assim a<br />

Clarearam <strong>de</strong>volução dos recibos e as <strong>de</strong>spe-<br />

Por isso mesmo hoje, como ha lá qUè taes <strong>de</strong>voluções acarre-<br />

4onos, eu; dominado jpele mesma ço- ima.<br />

NOTAS E IMPRESSÕES<br />

A guarda era <strong>de</strong> 24 horas e durante<br />

ela tínhamos a obrigação <strong>de</strong> examinar<br />

os casos novos que chegassem e <strong>de</strong><br />

assistir aos partos normaes, levando a<br />

nossa assistência até ao enfaxamento<br />

do recem nascido.<br />

A proposito <strong>de</strong> enfaxamento,<br />

rniter que muitos julgarão humilhante,<br />

Bonnaíre contou a seguinte historia:<br />

Um dia chamaram o professor Budin,<br />

para assistir a um parto. Budin<br />

chegou um pouco tar<strong>de</strong>, a criançi já<br />

jnha nascido. Budin, o Mestre, não<br />

U gou ainda assim inútil a sua presença,<br />

íomou a criança, fez lhe loJa a toillete,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a ter enfaxado como uma<br />

parteira, poz ao peito do bébé, a flor<br />

vermelha que trazia na lapella, e foi<br />

"eva lo ao pae. Em troca d'este serviço<br />

recebeu, sem o solicitar, tanto como<br />

se tivesse feito uma difícil intervenção.<br />

Mas adiante.<br />

Além do que aproveitei com as excelentes<br />

liçÕas e concelhos do dr. B><br />

naire, hoje meu amigo, tive o prsaer<br />

<strong>de</strong> mais uma vez ver que o trabalho<br />

vence. Eu entrei ao serviço do professor<br />

Bonaire, sem uma apresaentação,<br />

ó com a minha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar,<br />

e saí tendo alcançado a sua amiza<strong>de</strong> e<br />

consi<strong>de</strong>ração. Com prazer e justa vai<br />

da<strong>de</strong> o digo.<br />

Hão <strong>de</strong> chamar-me vaidoso e pedante.<br />

mas se tanto f lo <strong>de</strong> mim e das<br />

minhas coisas, é porque julgo que não<br />

erá indifferente a muitos, saber como se<br />

;ó<strong>de</strong> estudar por cá, e como por cá<br />

se pô<strong>de</strong> conseguir esta satisfação e este<br />

prazer incomparável, <strong>de</strong> caminhar a<br />

ós com a sua vonta<strong>de</strong>.<br />

Méry nos Enfants-mala<strong>de</strong>s Méryquesubstitue<br />

o proéssor<br />

Gaucher, é um bom homem,<br />

nuito simples, exemplar typico <strong>de</strong> me<br />

dico <strong>de</strong> creanças; paciente e carinhoso.<br />

Assisti a <strong>de</strong>zenas das suas lições sobre<br />

ldtamcnto.<br />

qne o estudante francez<br />

sabi<br />

O estudante<br />

francez em re<br />

granão estuda<br />

não sabe, ou melhor, não estuda<br />

como ahi seestuda, e não sabe, na<br />

cepção que ahi se dá a esta ex<br />

jressão. Ea me cxp'i:o.<br />

Não pega em livro para as aulas.<br />

Vae á aula quando quer e on<strong>de</strong> quer.<br />

"em que preparar os seus exames!<br />

— ?!...<br />

— E' o que vos digo. Pois se em<br />

radióme (é assim que o francez lê radium),<br />

ha óme e radi...<br />

Escrevam com a verda<strong>de</strong>ira ortografia<br />

e... perceberão.<br />

e. v.<br />

Foi para juizo o auto levantado no<br />

comissariado <strong>de</strong> policia a José Lucas<br />

da Siva e Santos, Augusto Haro <strong>de</strong><br />

Oliveira, o QÁmarguras, e Antonio<br />

Paulo da Costa, acusados do assassina-<br />

Escolhe o professor que enten<strong>de</strong> e es- j to <strong>de</strong> Antonio Mano.<br />

tuda quando lhe ajpctece. Não compra ' E já nâç foi sem tempo..<br />

REFORMA ELEITORAL<br />

livros. Vae até ás conferencias da Faculda<strong>de</strong>,<br />

ouve e toma as suas notar. E<br />

eis tudo; pelo que diz respeito ao en- Está em assinatura uma reclamação<br />

PARIS sino teorico. Para a preparação dos<br />

0 meu segundo certificado <strong>de</strong> Quando, <strong>de</strong>-<br />

br -s <strong>de</strong> todas as classes sociaes<br />

est dos<br />

pois <strong>de</strong> ter<br />

e representantes <strong>de</strong> todas as opi-<br />

acabado o<br />

niões politicas, reclamam uma<br />

meu serviço Cheç Totocki, procurei<br />

reforma eleitoral que. baseada<br />

on<strong>de</strong> passar alguns mezes trabalhando<br />

no sufrágio universal, e consi-<br />

am partos, aquele serviço que mais in<br />

gnando a auton mia politica das<br />

listentemente me aconselharam ccmo<br />

cida<strong>de</strong>s e a proporcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

o melhor, <strong>de</strong>baixo do ponto <strong>de</strong> vista<br />

representação, permita a inter-<br />

pelo menos do aproveitamento, foi o<br />

venção <strong>de</strong> todos os agrupamentos<br />

do dr Bumaire, parteiro muito consi-<br />

partidarios na gerência dos ne<strong>de</strong>rado,<br />

chefe <strong>de</strong> serviço no Lariboi-<br />

gocios públicos.<br />

siére, e agrejê da Faculda<strong>de</strong>. E não<br />

se enganaram.<br />

Não ha na Maternida<strong>de</strong> da Lariboisiére<br />

o encombrement <strong>de</strong> alumnos com<br />

que se topa nas Maternida<strong>de</strong>s oficiaes,<br />

e á parte isso, e á parte mesmo o me<br />

rito incontestável do professor, ha ainda<br />

mais o gran<strong>de</strong> movimento que tem<br />

aquele serviço <strong>de</strong> partos, cujos sujets<br />

se recrutam no meio pobre e fértil em<br />

bons casos do bairro operário importante<br />

no seio do qual fica situado.<br />

Dois mezes estive como estagiario<br />

na Maternida<strong>de</strong> Lariboisiére, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

saí com sauda<strong>de</strong>s, honra e proveito.<br />

O serviço começáva ás 9 horas da<br />

manhã. Principiamos por uma lição<br />

feita por alguns dos assistentes, que<br />

rataram resumidamente, durante o<br />

nosso estagio, <strong>de</strong> todos os principaes<br />

contos da obstétrica; e ás 10 horas es<br />

peravamos pelo nosso chefe—o patron<br />

como por cá se diz, em calão hospitalar.<br />

Scava então a sineta, e tudo se<br />

punha a postos: assistentes, interno<br />

e externo, parteiras e estagiários. Começava<br />

a visita. Bonnaire, um homemzarrão,<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpo e alma, fazia<br />

então as suas belas lições, clinicas a<br />

valer, cheias <strong>de</strong> ensinamentos práticos<br />

e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pequeninas coisas- A' vi<br />

zita seguis se a consulta, on<strong>de</strong> todos<br />

nós praticavamos, e <strong>de</strong>pois da consulta, Espirito francez. O francez á força <strong>de</strong><br />

iam todos embora, excepto os alunos<br />

ser artista chegou a<br />

^ue ficavam <strong>de</strong> guarda- Todos éramos per<strong>de</strong>r o pudor.<br />

obrigádos a este bom tirocínio. Entra- Ponham uma estatua nua <strong>de</strong>ante<br />

ra mos <strong>de</strong> guarda tres vezes por se- duns olhos portuguezes. Por mais divima<br />

n?.<br />

nal, por mais artística e por mais bem<br />

feita que ela seja, classifica-la hão <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>cencia, e escon<strong>de</strong> la-hão, <strong>de</strong> mistura<br />

com os livros <strong>de</strong> leitura só para<br />

homens O portuguez é bem o homem<br />

do p q das uvas e da parra Sem parra<br />

não vse nada.<br />

Des<strong>de</strong> que h ja a te e espirito o<br />

francez tudo perdoa.<br />

E ahi vae a ultima... graça que<br />

ouvi:<br />

Numa peça <strong>de</strong> teatro, ha uma atriz<br />

que dá uma charge nos trabalhos <strong>de</strong><br />

Burck: sobre o radio e geração expon<br />

tanea.<br />

Ora ao começar a charge a actriz<br />

dá a nova <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>scoberta a uma ou<br />

ira que muito naturalmente lhe respon<strong>de</strong><br />

:<br />

— Mis isso não tem nada <strong>de</strong> extraordinário.<br />

A coisa é velha, velho o pro<br />

cesso.<br />

cu j 3 texto é o seguinte:<br />

exames, uzam-se dos trues aí conhe- ; m<br />

eidos. Têem largo consumo os precis »&»»*

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