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O TEATRO LIBERTÁRIO DE SYLVIA ORTHOF - UEM

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sociedade. Era bom o livro que trazia uma mensagem dignificante. Ou ainda o livro que<br />

trouxesse algum ensinamento gramatical ou de conteúdo para outra disciplina. Havia<br />

livros “literários” escritos com o objetivo claro de ensinar geografia ou história. Ainda<br />

hoje é comum encontrarmos educadores que escolhem a obra literária em função dos<br />

ensinamentos contidos na mesma. Assim, a literatura infantil não pode ser “só” boa<br />

literatura, ela tem que ensinar alguma coisa, é preciso que seja útil ao educando. Magda<br />

Soares observa:<br />

É desnecessário apontar a inadequação do uso de poemas<br />

para identificar substantivos comuns ou para encontrar<br />

palavras com determinado tipo de sílaba; a poesia é aqui<br />

pretexto para exercícios de gramática e ortografia, perde-se<br />

inteiramente a interação lúdica, rítmica com os poemas, que<br />

poderia levar as crianças à percepção do poético e ao gosto<br />

pela poesia. (SOARES, 2003, p. 27)<br />

Esta situação, que ainda pode ser encontrada, foi marcante até o “boom” da<br />

literatura infantil/juvenil nos anos 70-80. Segundo a Fundação Nacional do Livro<br />

Infantil e Juvenil (1977, apud Lajolo, Zilberman, 2003), nesta época, os livros infantis<br />

passaram a constituir um próspero segmento no mercado das letras e o autor nacional<br />

ganhou prestígio e espaço.<br />

Para Nelly Novaes Coelho é uma retomada da liberdade criadora iniciada com<br />

Monteiro Lobato.<br />

Desvinculada de quaisquer compromissos pedagógicos (e<br />

mesmo insurgindo-se contra o “direcionismo didático” que<br />

predominara nos anos anteriores), a nova literatura<br />

infantil/juvenil obedece às novas palavras de ordem:<br />

criatividade, consciência da linguagem e consciência crítica<br />

(COELHO, 2000, p. 130).<br />

Neste período surgiram novos autores, com propostas arrojadas e uma<br />

linguagem moderna e questionadora. Autores como Lygia Bojunga Nunes, Fernanda<br />

Lopes de Almeida, João Carlos Marinho, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, entre<br />

outros, trouxeram de volta para as crianças brasileiras o encanto da literatura infantil,<br />

que estava adormecido desde os tempos de Monteiro Lobato. Entre estes novos autores<br />

para crianças, está o nome de Sylvia Orthof.<br />

Da mesma forma que a literatura infantil foi estigmatizada como um gênero<br />

menor, também o teatro infantil sofreu esse preconceito, tendo sido considerado,<br />

durante muito tempo, um teatro de qualidade inferior, já que dirigido para um público<br />

menos exigente. O teatro infantil, assim como a literatura infantil, assumiu uma função<br />

pedagógica e a dramaturgia para crianças era voltada para ensinamentos educativos.<br />

Modificando essa situação, duas autoras se destacaram no cenário dramático<br />

infantil brasileiro criando textos questionadores, que respeitam a criança como um ser<br />

inteligente: Maria Clara Machado e Sylvia Orthof, cuja obra dramática será estudada<br />

neste trabalho.<br />

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