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Cad Pesq 9_FINAL.pmd - USCS

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De fato, o impacto da globalização e da revolução<br />

científico-tecnológica produz mudanças conjunturais e<br />

estruturais em torno do conceito de região. Assim, tornase<br />

necessário interpretar o conceito de região levando<br />

em consideração outros fatores, tais como a vinculação<br />

a processos produtivos. Nesse sentido, estudo realizado<br />

pela Universidade Nacional de Rosário (1997) define<br />

alguns aspectos importantes na definição de uma região:<br />

• encadeamento de fatores produtivos (vinculação<br />

de atividades produtivas);<br />

• recursos que a rodeiam (fatores produtivos<br />

predominantes);<br />

• empreendimentos comuns (obras, planos, instituições);<br />

• problemáticas concretas (demandas sociais<br />

focalizadas, desafios competitivos, negociações<br />

similares com outras instâncias estatais, fuga de<br />

fatores regionais de produção).<br />

Boisier (1996, p. 20), por sua vez, considera que:<br />

“Atualmente uma região constitui uma estrutura<br />

complexa e interativa, com múltiplos balizamentos, na<br />

qual o conteúdo define o continente (limites, dimensões<br />

e outros atributos geográficos). A região é, pois, entendida<br />

como una e múltipla simultaneamente, visto que<br />

já supera a noção de contigüidade, pois qualquer uma<br />

pode estabelecer alianças táticas com outras regiões<br />

com vistas ao alcance de objetivos específicos e por<br />

prazo determinado, a fim de posicionar-se melhor no<br />

contexto internacional. A partir de um núcleo original<br />

configuram-se muitas espirais associativas que dão<br />

origem a novas instâncias regionais, sem que a unidade<br />

básica perca a sua própria natureza”.<br />

A flexibilidade na definição de região, por sua<br />

vez, favorece sua adjetivação. Assim, lorida (1995, p.<br />

527), denomina regiões inteligentes aquelas capazes de<br />

funcionar como depositárias e geradoras de conhecimentos<br />

e idéias, que dispõem do ambiente e da infraestrutura<br />

necessária para facilitar os fluxos de conhecimentos<br />

e idéias e práticas de aprendizagem. Segundo<br />

Boisier (1996), essas regiões inteligentes, ou “regiões que<br />

aprendem” são aquelas capazes de adaptar seus padrões<br />

de conduta em meio a entornos turbulentos. Elas<br />

demandam pelo menos cinco habilidades: capacidade de<br />

resolução sistemática de conflitos; experimentação de<br />

novos enfoques; aproveitamento de sua própria expe-<br />

14<br />

CADERNO DE PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO/IMES<br />

riência para aprender; capacidade de aprender as experiências<br />

e práticas mais apropriadas de outras regiões; e<br />

habilidade para transmitir rápida e eficazmente o conhecimento<br />

no território.<br />

2.4 Tipos de região<br />

A Geografia tradicional procurou classificar as<br />

regiões segundo critérios naturais, dos quais o mais importante<br />

foi o clima, considerado a “alma da região”<br />

(Moreira, 1993). A rigor, o clima foi entendido como a<br />

própria região em que a temperatura e as demais condições<br />

atmosféricas permaneciam as mesmas. O clima,<br />

onipresente na natureza, constituiu a base territorial das<br />

regiões para os geógrafos da escola determinista, fundada<br />

por riedrich Ratzel (1844-1904). Segundo essa escola,<br />

o homem adaptar-se-ia às condições naturais reinantes,<br />

cabendo, portanto, à Geografia, classificar as regiões e<br />

as populações do ponto de vista das condições naturais.<br />

Com a evolução do conhecimento geográfico e<br />

o surgimento de novos enfoques teóricos, como o da<br />

Escola Possibilista de Vidal de La Blache, da Nova<br />

Geografia e da Geografia Crítica, o ser humano passou a<br />

ser visto como agente ativo na região. Assim, passou-se<br />

a classificar as regiões considerando em primeiro lugar<br />

os aspectos sociais, econômicos e administrativos e não<br />

espaciais.<br />

A classificação das regiões torna-se muito<br />

importante para a definição de processos de regionalização<br />

e para o planejamento regional. Assim, nessa<br />

perspectiva, Boisier (1996) concebe a existência de três<br />

tipos de região:<br />

• Regiões pivotais: são os territórios organizados,<br />

complexos e identificáveis na escala da divisão<br />

político-administrativo-histórica. Estas regiões<br />

em alguns países constituem as províncias, os<br />

departamentos ou os estados. Em todos os casos<br />

são as menores unidades administrativas que ao<br />

mesmo tempo são estruturalmente complexas,<br />

possuem cultura e identidade e têm flexibilidade.<br />

• Regiões associativas: são regiões de maior amplitude,<br />

constituídas a partir da união voluntária<br />

de regiões pivotais com unidades territoriais<br />

adjacentes.<br />

• Regiões virtuais: são o resultado de acordos cooperativos<br />

táticos (formais ou não) entre duas ou<br />

mais regiões pivotais ou associativas (não<br />

N. 9 – 2. semestre de 2003

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