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da sua importância histórica para o movimento operário<br />

brasileiro. Até mesmo porque não aceitaram participar<br />

das “Câmaras Setoriais” e dos pactos com o governo.<br />

Na CUT, a ASS (Alternativa Sindical Socialista) e o MTS<br />

(Movimento por uma Tendência Socialista), entre outras<br />

tendências de orientação socialista, estão concentrando<br />

esforços para unificar esses setores no interior da central.<br />

A CST (Corrente Sindical Classista) vem pautando sua<br />

política dúbia, ora mais próxima da articulação sindical,<br />

ora mais próxima da esquerda, afirmou Antunes. Segundo<br />

lorestan ernandes, em Que tipo de República (1986), a<br />

solução para os problemas sociais da maioria do povo<br />

não vem de cima, vem da organização e da pressão popular.<br />

Gilmar Mauro (MST) reafirma uma frase de Lênin:<br />

“Vale mais um passo no movimento real de massas do<br />

que mil projetos” e completa (In Barsotti e Pericás, 1999,<br />

p. 225): “A estratégia na luta de classes só se encontra<br />

no próprio processo da luta de classes (...) É a luta imediata<br />

com luta política, essa que é a conjugação. Se você<br />

não tem claro o rumo, cai na luta imediata. Se você não<br />

tem claro a realidade objetiva do povo, vai lá em cima e<br />

fica voando e sem fazer nada...”.<br />

3 A HISTÓRIA DE DIADEMA – ALGUNS<br />

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS<br />

No início da colonização da região, os índios<br />

serviram como guias indispensáveis para os bandeirantes,<br />

porque eles sabiam melhor que ninguém criar caminhos<br />

de penetração mata adentro ou pelo próprio litoral, tanto<br />

para a agricultura quanto para a mineração. Segundo Iokoi<br />

(2001), nos primeiros séculos de história, o estado de<br />

São Paulo teve maior lucratividade com a comercialização<br />

de escravos índios e criação do gado, do que outros<br />

negócios.<br />

A construção de cidades na região não seguiu<br />

planejamento urbano. Seguiu uma lógica semelhante à<br />

dos portugueses no Brasil, cuja relação foi comercial e<br />

também à revelia da necessidade dos pobres. Segundo<br />

Buarque de Holanda, as primeiras cidades brasileiras<br />

não foram planejadas, porque construir cidades ou<br />

construir uma nova nação não fazia parte dos objetivos<br />

dos portugueses, “estavam aqui com saudades de lá”,<br />

apenas querendo enriquecer a Europa. Os primeiros<br />

núcleos coloniais dos imigrantes europeus se instalaram<br />

em São Bernardo entre 1876 e 1886, tanto na Sede<br />

Colonial quanto nas “regiões rurais limítrofes”. O<br />

Núcleo de São Bernardo transformou-se de reguesia<br />

48<br />

CADERNO DE PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO/IMES<br />

para Vila em 1889 e, em 1902, para Município. A diversificação<br />

de funções dos imigrantes, que deixavam de<br />

ser apenas agricultores, exercendo outras profissões, são<br />

os principais responsáveis pelo rápido crescimento dessa<br />

região.<br />

Diadema era bairro residencial para os de baixa<br />

renda na periferia de São Bernardo do Campo, sua<br />

afirmação e evolução como cidade se deu dentro do processo<br />

de industrialização regional. Com suas características<br />

de cidade dormitório para os trabalhadores, no<br />

processo de industrialização da região, Diadema ampliou<br />

seus índices demográficos. Em dez anos (entre 1960 e<br />

1970), a população cresceu de 12.308 para 79.316 (544%).<br />

E os trabalhadores da indústria aumentaram de 632 para<br />

9.622 (1.422%). Diadema também não foi planejada,<br />

organizou-se por ocupação à revelia do planejamento. A<br />

cidade foi edificada e tomou forma a partir da instalação<br />

das fábricas, da construção das casas, da abertura das<br />

avenidas e ruas para suprir necessidades do momento.<br />

A população foi crescendo, as exigências dos trabalhadores<br />

nas fábricas por melhores condições de trabalho<br />

passaram a ser, nos bairros, também as exigências por<br />

melhores condições de moradia e de vida. Diadema possui<br />

uma população atual de 375.064 habitantes (IBGE,<br />

2000), em uma área de 30,7 Km2 , a segunda densidade<br />

demográfica do país, superada apenas pela Baixada<br />

luminense. Os primeiros moradores de Diadema eram<br />

imigrantes alemães. Depois vieram os migrantes de vários<br />

estados do país. A maioria dos migrantes veio da Bahia,<br />

Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Rio Grande<br />

do Norte, Paraná e de outras partes do estado de São<br />

Paulo.<br />

No período do Estado novo, da ditadura Vargas<br />

(1937 a 1945), iniciou-se o processo de busca maior da<br />

cidade como espaço de sobrevivência da sociedade, em<br />

virtude da industrialização do País (modelo substituição<br />

de importações). A passagem do modelo “agro-exportador”<br />

para uma economia em vias de industrialização na região<br />

se deu a partir da década de 1930. A indústria automobilística<br />

se organizou na proximidade da Via Anchieta.<br />

Ali se instalaram a Willys (ord), a Mercedes-Benz, a<br />

Scania e a Volkswagen. A ampliação dos postos de trabalho<br />

nessas empresas foi intensificando também a procura<br />

de terrenos residenciais em São Bernardo e Diadema<br />

nos anos 1950. Entre 1945 e 1947, o setor industrial<br />

foi se consolidando no ABC, especificamente ao longo<br />

da ferrovia Santos-Jundiaí.<br />

N. 9 – 2. semestre de 2003

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