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Construindo uma nova masculinidade: - Fazendo Gênero 10 - UFSC

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Além da instrução propriamente dita, o Ginásio Diocesano, ao acolher os meninos-moços<br />

oriundos das famílias mais abastadas da serra, apresentava a particularidade de garantir um trabalho<br />

educacional que tendia não somente a firmar a instrução de saberes necessários ao bom desempenho<br />

nos exames de concurso público e a entrada nos cursos superiores. Para além disso, esta escola<br />

colocada para a educação de poucos, assegurava <strong>uma</strong> educação do espírito e do corpo que substitui ou<br />

reforça o trabalho de educação propriamente familiar, trata-se de tomar a seu cargo também a<br />

incultação e a interiorização das boas maneiras, mas também, a autodisciplina do espírito e do corpo<br />

que é a única forma de garantir a possibilidade de ocupar, de maneira eficaz, a posição social eminente<br />

que o nascimento permitiu vislumbrar (PINÇON;PINÇON-CHARLOT, 2002:20).<br />

Assim, a escola dos padres franciscanos tem o dever de formar a personalidade completa de<br />

seus alunos e não somente desenvolver suas capacidades intelectuais, configurando, desta maneira, a<br />

“educação global” posta em marcha durante os cinco anos do curso ginasial. Neste intuito, o ensino<br />

centrava-se no controle total da instituição sobre a utilização do tempo do aluno, vigilância esta<br />

possibilitada entre outras razões pela estrutura da escolarização do semi-internato e mais precisamente<br />

do internato. O ritmo solicitado aos alunos deixa muito pouco tempo para tomarem “fôlego” ao saírem<br />

das aulas de manhã para o refeitório ao meio-dia e, em seguida, ao terminarem as aulas da tarde, para a<br />

quadra de esportes ou os clubes escolares no fim do dia, antes de voltarem ao refeitório e dirigirem-se<br />

para a sala de estudo, à noite. Toda esta dinâmica estava centrada em <strong>uma</strong> lógica de controlar o tempo,<br />

as relações, o espaço, assim como, a personalidade dos ginasianos.<br />

Além de espaço de instruir e educar, era o Diocesano um lugar de socialização entre os filhos<br />

das famílias abastadas da serra. A escola correspondia à expectativa dos pais em afastar os filhos –<br />

enquanto não atingirem a idade de emancipação legítima – dos perigos e tentações da vida exterior, da<br />

vida estudantil e de tudo o que poderia levar o adolescente a distanciar-se do seu meio de origem. Na<br />

medida que é aplicado em tempo integral, o modelo de formação colocado em exercício tende a separar<br />

claramente os alunos não só do universo escolar, assim como, extra-escolar dos outros adolescentes<br />

(JAY,2002:125). As inúmeras atividades esportivas e culturais, além das de lazer e descanso, são<br />

propostas no interior da instituição e constitui um significante fator de confinamento.<br />

No Ginásio franciscano foram colocadas em marcha à fundação de várias associações, das quais<br />

os próprios alunos em seus tempos “livres” organizavam suas atividades. Entre elas estavam a<br />

“Congregação Mariana Nossa Senhora do Bom Conselho e São Luiz Gonzaga”, “Liga das Boas<br />

Conversas”, “Grupo dos Escoteiros Católicos” e o “Clube Esportivo”. Fazia parte de cada <strong>uma</strong> destas<br />

associações do projeto pedagógico de assimilar com naturalidade a construção de um “capital cultural”<br />

e “capital social” ligado à religiosidade e brasilidade, sob o signo de educação de distinção. Além<br />

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