08.06.2013 Views

Perfil do encarcerado no Município de Rolândia - Escola de ...

Perfil do encarcerado no Município de Rolândia - Escola de ...

Perfil do encarcerado no Município de Rolândia - Escola de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Londrina<br />

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS<br />

ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

PERFIL DO ENCARCERADO NO<br />

MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR<br />

LONDRINA - PARANÁ<br />

2008<br />

Sandro Alberto Segóvia<br />

Thiago Orlandini Pereira


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA<br />

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS<br />

ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Encarcera<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Município</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Rolândia</strong>-PR<br />

LONDRINA - PR<br />

2008<br />

Sandro Alberto Segovia<br />

Thiago Orlandini Pereira<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso apresenta<strong>do</strong><br />

ao curso <strong>de</strong> Especialização em Formulação e<br />

Gestão em Políticas Públicas, como exigência<br />

para sua conclusão, orienta<strong>do</strong> pela Professora<br />

Dra. Maria <strong>de</strong> Fátima Sales <strong>de</strong> Souza Campos.


SANDRO ALBERTO SEGÓVIA<br />

THIAGO ORLANDINI PEREIRA<br />

PERFIL DO ENCARCERADO NO<br />

MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA - PR<br />

COMISSÃO EXAMINADORA<br />

__________________________________________________________<br />

Profa. Dra. Maria <strong>de</strong> Fátima Sales <strong>de</strong> Souza Campos – Orienta<strong>do</strong>ra<br />

__________________________________________________<br />

Prof. MS. Gerson Antonio Melatti – Banca<br />

__________________________________________________<br />

Prof. MS. João Luiz Martins Esteves – Banca


DEDICATÓRIA<br />

Aos <strong>no</strong>ssos pais, que possibilitaram realizar<br />

mais esta etapa, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que foi<br />

ensina<strong>do</strong> durante <strong>no</strong>ssa convivência.


AGRADECIMENTOS<br />

A Professora Dra. Maria <strong>de</strong> Fátima Sales <strong>de</strong> Souza Campos, pelo apoio e<br />

colaboração para a elaboração <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Aos <strong>no</strong>ssos pais e <strong>de</strong>mais familiares, pelo incentivo e motivação para a conclusão <strong>de</strong><br />

mais esta etapa em <strong>no</strong>ssa formação profissional.<br />

A to<strong>do</strong>s os professores, por <strong>no</strong>s transmitirem seus conhecimentos e experiências,<br />

amplian<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssa bagagem cultural.<br />

Aos amigos e colegas <strong>do</strong> curso, pelo carinho e amiza<strong>de</strong>.<br />

Aos entrevista<strong>do</strong>s na pesquisa, por proporcionarem os meios <strong>de</strong> se traçar o perfil <strong>do</strong><br />

crimi<strong>no</strong>so que age <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>.<br />

A todas as pessoas que colaboraram para a realização e conclusão <strong>de</strong>ste trabalho.


SEGÓVIA, SANDRO ALBERTO; PEREIRA, THIAGO ORLANDINI. <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong><br />

Encarcera<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> - PR, 2008. 60 f. Mo<strong>no</strong>grafia (Trabalho <strong>de</strong><br />

Conclusão <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Especialização em Formulação e Gestão <strong>de</strong> Políticas<br />

Públicas). Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Sociais Aplica<strong>do</strong>s da UEL, Londrina, 2008.<br />

RESUMO<br />

A pesquisa tem como objetivo principal traçar o perfil <strong>do</strong> encarcera<strong>do</strong> da Ca<strong>de</strong>ira Pública <strong>do</strong> município<br />

<strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná. A partir da revisão da literatura, enfoca os aspectos gerais da<br />

criminalida<strong>de</strong>, tais como: as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> crime e <strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>so na Ciência Penal, os fatores<br />

criminóge<strong>no</strong>s, as ocasiões criminais e a influência <strong>do</strong>s fatores econômicos <strong>no</strong> aumento da<br />

criminalida<strong>de</strong>. Foram aplica<strong>do</strong>s questionários junto aos <strong>de</strong>tentos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, com<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traçar o perfil <strong>do</strong> agente crimi<strong>no</strong>so local. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que os <strong>de</strong>tentos<br />

recolhi<strong>do</strong>s na Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> são em geral jovens entre 13 e 30 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, em sua<br />

maioria são <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, são brancos e par<strong>do</strong>s, apresentam escolarida<strong>de</strong> até o Ensi<strong>no</strong><br />

Fundamental, a média <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> renda é <strong>de</strong> um a <strong>do</strong>is salários mínimos, resi<strong>de</strong>m em bairros pobres<br />

da periferia, possuem religião, mas não são praticantes. A maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s estava<br />

empregada na ocasião em que cometeu o crime, mesmo assim alega que cometeu o crime por<br />

necessida<strong>de</strong> financeira. Constatou-se que 72,32% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s praticaram o primeiro <strong>de</strong>lito<br />

antes <strong>do</strong>s 25 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Com base neste resulta<strong>do</strong>, sugere-se que os jovens sejam motiva<strong>do</strong>s a<br />

exercerem ativida<strong>de</strong>s lícitas e se tornarem membros atuantes da socieda<strong>de</strong> em que vivem. Para isso<br />

sugere-se a implantação <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> assistência às crianças e a<strong>do</strong>lescentes, on<strong>de</strong> os mesmos<br />

tenham maior acesso à educação, esportes, bem como cursos <strong>de</strong> formação técnica e profissional.<br />

Por fim, enten<strong>de</strong>-se que a solidificação da família <strong>de</strong>ve ser o pilar <strong>de</strong> todas as ações <strong>de</strong> combate às<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e à criminalida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Crime; Criminalida<strong>de</strong>; Fatores Criminóge<strong>no</strong>s, Paraná.


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por faixa etária.......................... .......... 33<br />

Tabela 2 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem................ .......... 36<br />

Tabela 3 -- Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por bairro on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m ..................... 37<br />

Tabela 4 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por tipo <strong>de</strong> crime,<br />

escolarida<strong>de</strong> e renda individual <strong>de</strong>clarada..........................................39<br />

Tabela 5 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por condição familiar.......................... 43<br />

Tabela 6 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme religião, cor da<br />

pele e se pratica ou não a religião...................................................... 44<br />

Tabela 7 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme a profissão.......................... 45<br />

Tabela 8 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ida<strong>de</strong><br />

com que praticou o primeiro <strong>de</strong>lito...................................................... 47<br />

Tabela 9 -- Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por uso ou não <strong>de</strong><br />

substância entorpecente..................................................................... 48<br />

Tabela 10 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s se tem ou não amigos<br />

que já praticaram crimes e o tipo <strong>de</strong> crime cometi<strong>do</strong>....................... 48<br />

Tabela 11 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por motivo <strong>do</strong> crime.......................... 50<br />

Tabela 12 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por sugestões<br />

para diminuir a criminalida<strong>de</strong> local................................................... 50


LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por gênero .......................................... 34<br />

Gráfico 2 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por raça.............................................. 35<br />

Gráfico 3 – Distribuição <strong>de</strong> renda Individual em salário mínimo, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a cor da pele................................................................... 41<br />

Gráfico 4 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por escolarida<strong>de</strong> e cor<br />

da pele................................................................................................ 42<br />

Gráfico 5 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por situação empregatícia.................. 46<br />

Gráfico 6 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que agiram por influência<br />

<strong>de</strong> substância entorpecente ou álcool................................................ 49<br />

8


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10<br />

1. CRIME E CRIMINOSO: ASPECTOS GERAIS .................................................... 12<br />

1.1 Crime.......................................................................................................... 12<br />

1.2 Fatores Criminóge<strong>no</strong>s ................................................................................ 15<br />

1.3 Ocasiões Criminais .................................................................................... 19<br />

1.4 Conduta <strong>do</strong>s Crimi<strong>no</strong>sos ............................................................................ 20<br />

2. A ECONOMIA DO CRIME ................................................................................... 23<br />

3. HISTÓRICO.......................................................................................................... 29<br />

3.1 Histórico <strong>do</strong> <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>............................................................ 29<br />

4. METODOLOGIA................................................................................................... 31<br />

4.1 Delineamento da Pesquisa ........................................................................ 31<br />

4.2 Coleta <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s ........................................................................................ 32<br />

4.3 Resulta<strong>do</strong>s ................................................................................................. 32<br />

4.4 Síntese Conclusiva <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa <strong>de</strong> Campo......................51<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 54<br />

6. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 57<br />

ANEXO A ................................................................................................................. 61<br />

9


INTRODUÇÃO<br />

O aumento nas taxas <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e violência é um fenôme<strong>no</strong> que atinge,<br />

<strong>de</strong> maneira geral, to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s que mais preocupam a<br />

população e os governantes. A população vive amedrontada, presa em casas e<br />

apartamentos cada vez mais seguros, evitan<strong>do</strong>, muitas vezes, sair <strong>de</strong> casa para se<br />

divertir. Além <strong>do</strong>s problemas sociais, a criminalida<strong>de</strong> também possui eleva<strong>do</strong>s<br />

custos, tornan<strong>do</strong>-se um gran<strong>de</strong> obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>de</strong><br />

uma nação.<br />

No Brasil, a taxa <strong>de</strong> homicídios por 100.000 habitantes vem crescen<strong>do</strong><br />

significativamente. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisa Econômica – IPEA<br />

mostram que em 2002 a região Su<strong>de</strong>ste era a que apresentava a maior taxa <strong>de</strong><br />

homicídios por 100.000 habitantes (36,85) e a região Sul era a que <strong>de</strong>tinha a me<strong>no</strong>r<br />

taxa (18,29). No entanto, ao analisar este índice por esta<strong>do</strong>s da região Sul,<br />

observou-se que a taxa <strong>de</strong> homicídios <strong>no</strong> Paraná (22,72) era bem maior que as <strong>do</strong><br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (18,33) e Santa Catarina (10,35).<br />

Cabe lembrar que a criminalida<strong>de</strong> não é mais um fenôme<strong>no</strong> circunscrito aos<br />

gran<strong>de</strong>s centros. Ao longo <strong>do</strong> tempo, ela vem aumentan<strong>do</strong> e se disseminan<strong>do</strong> nas<br />

pequenas cida<strong>de</strong>s. No município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> a situação da criminalida<strong>de</strong> não é<br />

diferente das <strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s brasileiras, uma vez que a incidência <strong>de</strong> crimes<br />

graves, tais como estupro, roubo, assassinato, tráfico <strong>de</strong> drogas e crimes contra o<br />

patrimônio público têm ocorri<strong>do</strong>.<br />

A literatura tem evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que os fatores que motivam os indivíduos a<br />

cometerem crimes são muitos. Os mais <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s são: a <strong>de</strong>sorientação familiar; a<br />

falta <strong>de</strong> valores morais e éticos; restrições financeiras; ausência <strong>de</strong> perspectivas <strong>de</strong><br />

um futuro melhor, leis brandas; a certeza da impunida<strong>de</strong>; a influência <strong>de</strong> traficantes e<br />

marginais <strong>no</strong> aliciamento <strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes etc.<br />

10


Pelos motivos elenca<strong>do</strong>s, este trabalho tem como objetivo geral traçar o perfil<br />

<strong>do</strong> encarcera<strong>do</strong> da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>do</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná,<br />

bem como investigar quais os fatores que o motivaram a cometer crimes.<br />

Especificamente, busca-se: a) traçar o perfil sócio-econômico <strong>do</strong>s encarcera<strong>do</strong>s na<br />

Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>; b) investigar a relação entre escolarida<strong>de</strong>, renda, tipo<br />

<strong>de</strong> crime e motivo <strong>do</strong> crime; c) investigar a relação entre criminalida<strong>de</strong> e condições<br />

sócio-econômicas adversas.<br />

A realização <strong>de</strong>sta pesquisa pautou-se, primeiramente, em uma revisão da<br />

literatura sobre criminalida<strong>de</strong> e, em um segun<strong>do</strong> momento, <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo conduzida junto aos <strong>de</strong>tentos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>. O<br />

Como instrumento <strong>de</strong> pesquisa utilizou-se um questionário com 24 (vinte e quatro)<br />

questões, que foi aplica<strong>do</strong> a 65 (sessenta e cinco) <strong>do</strong>s 96 (<strong>no</strong>venta e seis) <strong>de</strong>tentos<br />

da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>do</strong> município, que voluntariamente <strong>de</strong>sejaram participar da<br />

pesquisa. Portanto, a amostra obtida totaliza 67,71% da população total.<br />

O trabalho está dividi<strong>do</strong> em cinco seções, sen<strong>do</strong> a primeira esta introdução. A<br />

seção seguinte traz uma revisão <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s que enfocam os aspectos gerais da<br />

criminalida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> crime e <strong>do</strong> crimi<strong>no</strong>so, seguida pela seção que enfoca os estu<strong>do</strong>s<br />

conduzi<strong>do</strong>s a partir da Eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> Crime. Na quarta seção realizou-se uma<br />

retrospectiva da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> e da evolução da criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município.<br />

Na quinta seção apresenta-se a meto<strong>do</strong>logia utilizada para a pesquisa <strong>de</strong> campo,<br />

bem como os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s. As conclusões e sugestões encontram-se reunidas<br />

ao final <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

11


1. CRIME E CRIMINOSO: ASPECTOS GERAIS<br />

A criminalida<strong>de</strong> tem formas variadas, não se apresenta com a mesma<br />

tonalida<strong>de</strong> em diferentes locais e épocas diversas, embora haja sempre homens que<br />

violam as <strong>no</strong>rmas, fazen<strong>do</strong> recair sobre si a repressão penal.<br />

A ação crimi<strong>no</strong>sa é vista, algumas vezes, como inerente à própria malda<strong>de</strong><br />

humana, outras vezes como <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> taras, <strong>de</strong>ficiências biológicas e outras<br />

manifestações. A literatura também <strong>de</strong>staca o papel <strong>do</strong>s fatores antropológicos, ou<br />

seja, os inerentes à personalida<strong>de</strong> da pessoa <strong>do</strong> crimi<strong>no</strong>so, e sociais,<br />

compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>: costumes, religião, condições familiares etc.<br />

1.1 Crime<br />

A <strong>de</strong>finição mais aceita <strong>do</strong> que seja crime é a encontrada <strong>no</strong> Código Penal<br />

Brasileiro, quan<strong>do</strong> ele dá forma clara e lúcida ao conceito <strong>do</strong>utrinário <strong>de</strong> crime, que<br />

exige a configuração <strong>do</strong>s seguintes elementos fundamentais:<br />

a) o crime é um ato huma<strong>no</strong>;<br />

b) imputável ou seja, exige para o autor <strong>de</strong>sse ato capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber a<br />

imputação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito, substrato indispensável para o estabelecimento da<br />

responsabilida<strong>de</strong>;<br />

c) culposo, pratica<strong>do</strong> com voluntarieda<strong>de</strong>, o que implica em querer ou não<br />

querer, agir ou omitir a ação que vem contrariar a <strong>no</strong>rma jurídica;<br />

como crime;<br />

d) contrário à <strong>no</strong>rma jurídica, porque se exige que uma lei anterior o <strong>de</strong>fina<br />

e) passível <strong>de</strong> pena expressa em lei.<br />

12


O crime é a prática <strong>de</strong> ato <strong>no</strong>civo a outrem, <strong>de</strong>feso por lei, cujo autor estará<br />

sujeito à pena imposta também por lei. Para Lyra Filho (1980, p. 157), “[...] o crime é<br />

ato <strong>de</strong> um homem. O crime é fato social das mais graves conseqüências jurídicas e<br />

não fato jurídico <strong>de</strong> aspectos sociais”.<br />

Não há crime sem ação. É sobre o conceito <strong>de</strong> ação, ou conduta, que está a<br />

divergência mais expressiva entre os penalistas. As três principais teorias a respeito<br />

<strong>de</strong> conduta são a Teoria Causalista, a Teoria Finalista e a Teoria Social ou mista.<br />

A Teoria Causalista diz que a conduta humana é um comportamento<br />

voluntário apenas <strong>no</strong> que diz respeito ao fazer ou não fazer. É um processo<br />

mecânico, muscular e voluntário, on<strong>de</strong> não é necessário se perguntar qual é o fim a<br />

que essa vonta<strong>de</strong> se dirige. Nesta teoria, basta apenas a certeza <strong>de</strong> que o indivíduo<br />

atuou voluntariamente, sen<strong>do</strong> irrelevante o seu querer psíquico, para afirmar que<br />

praticou a ação típica.<br />

Para a Teoria Finalista to<strong>do</strong> comportamento huma<strong>no</strong> tem uma finalida<strong>de</strong>.<br />

Trata-se a conduta, <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> final humana e não <strong>de</strong> um comportamento<br />

somente casual. A conduta realiza-se mediante uma manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

dirigida a um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fim. O conteú<strong>do</strong> da vonta<strong>de</strong> está na ação dirigida a um<br />

fim. Esta teoria é a a<strong>do</strong>tada <strong>no</strong> Brasil.<br />

A Teoria Social é uma interligação entre as Teorias Causalista e Finalista, que<br />

leva em consi<strong>de</strong>ração não apenas os aspectos causalísticos e finalísticos, mas<br />

principalmente, o aspecto social da ação, ou seja, sua relevância social.<br />

A Crimi<strong>no</strong>logia reconhece que os comportamentos <strong>de</strong>sviantes rotula<strong>do</strong>s como<br />

crimes serão sempre corolário <strong>de</strong> uma escolha mais ou me<strong>no</strong>s arbitrária das<br />

agências que representam o po<strong>de</strong>r, editan<strong>do</strong> o ato legislativo que torna a conduta<br />

<strong>de</strong>sviante um fato tipifica<strong>do</strong> na lei penal.<br />

Por isso mesmo, ao la<strong>do</strong> daquelas figuras que <strong>no</strong> consenso social merecem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas crimes, e geralmente o são, existem outras que <strong>de</strong>veriam ser<br />

tipificadas e, <strong>no</strong> entanto, escapam através das malhas grossas da tolerância; e, ao<br />

revés, comportamentos me<strong>no</strong>s ofensivos, por serem comumente atribuí<strong>do</strong>s aos<br />

13


indivíduos <strong>do</strong>s estratos sociais mais baixos, são aprisiona<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong> fina da<br />

repressão e acabam converti<strong>do</strong>s em tipos penais.<br />

De um mo<strong>do</strong> mais sistemático, reconhece-se que são três as principais<br />

teorias crimi<strong>no</strong>lógicas que procuram explicar a gênese <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos, conforme<br />

assinala Walter Reckless (1970, p. 68), professor <strong>de</strong> Sociologia da Ohio State<br />

University:<br />

• Teoria Biológica e Constitucional, segun<strong>do</strong> a qual os móveis principais<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> conduta se encontram na estrutura hereditária física e<br />

mental <strong>do</strong> indivíduo;<br />

• Teoria Psicogenética, segun<strong>do</strong> a qual a formação <strong>do</strong> caráter anti-social<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>feituosos relacionamentos familiares <strong>no</strong>s primeiros<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> vida;<br />

• Teoria Sociológica, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as pressões e as influências <strong>do</strong><br />

ambiente social geram o comportamento <strong>de</strong>linqüente.<br />

Garcia-Pablos (1999) cita também as teorias da associação diferencial <strong>de</strong><br />

Sutherland, que sustenta ser o crime fruto <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> e a i<strong>de</strong>ntificação<br />

diferencial, <strong>de</strong> Glaser (1978) segun<strong>do</strong> a qual o “[...] o crimi<strong>no</strong>so absorve os mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> comportamentos daqueles grupos <strong>de</strong> referência com os quais se i<strong>de</strong>ntifica, ainda<br />

que tal i<strong>de</strong>ntificação não <strong>de</strong>corra necessariamente da proximida<strong>de</strong> entre as pessoas<br />

<strong>do</strong> grupo eleito, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> dar-se mesmo à distância” (GARCIA-PABLOS, 1999, p.<br />

306).<br />

Reckless (1970) alu<strong>de</strong>, finalmente, à Teoria <strong>do</strong>s Contensores, que se baseia<br />

na afirmativa <strong>de</strong> que existem contensores inter<strong>no</strong>s e exter<strong>no</strong>s <strong>no</strong>s indivíduos. Para<br />

este autor<br />

[...] os contensores inter<strong>no</strong>s são os componentes <strong>do</strong> ego, como o<br />

autocontrole, o bom conceito <strong>de</strong> si mesmo, a força <strong>do</strong> ego, o superego bem<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, alta tolerância às frustrações, forte resistência aos estímulos<br />

perturba<strong>do</strong>res, profun<strong>do</strong> senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, orientação para fins<br />

precisos, habilida<strong>de</strong> para encontrar satisfações substitutivas,<br />

racionalizações que reduzam a tensão, e outros. Já os contensores<br />

exter<strong>no</strong>s constituem o freio estrutural que, operante <strong>no</strong> imediato contexto<br />

social <strong>do</strong> sujeito, permite-lhe não ultrapassar os limites <strong>no</strong>rmativos.<br />

RECKLESS (1970, p. 70).<br />

14


Os contensores exter<strong>no</strong>s são compostos <strong>de</strong> alguns elementos, tais como<br />

uma linha coerente <strong>de</strong> conduta moral, um reforçamento institucional <strong>de</strong> suas <strong>no</strong>rmas,<br />

fins e expectativas sociais, uma vigilância e disciplina eficazes (controles sociais),<br />

um acervo <strong>de</strong> razoáveis prospectivas <strong>de</strong> ação (inclusive limites e responsabilida<strong>de</strong>s),<br />

que ajudam a família e outros grupos a conter o indivíduo.<br />

1.2 Fatores Criminóge<strong>no</strong>s<br />

Os fatores criminóge<strong>no</strong>s seriam a antítese <strong>do</strong>s contensores inter<strong>no</strong>s e<br />

exter<strong>no</strong>s, pois exercem influência <strong>de</strong>bilitante nas <strong>de</strong>fesas regula<strong>do</strong>ras. Também são<br />

<strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> endóge<strong>no</strong>s e exóge<strong>no</strong>s.<br />

Na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Farias Júnior (2001, p. 99), “[...] fator criminóge<strong>no</strong>, também<br />

chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> fator condicionante da criminalida<strong>de</strong>, é tu<strong>do</strong> aquilo que, pelas suas<br />

características ou condições, contribui, concorre ou enseja a prática <strong>de</strong> crime”.<br />

Para Pimentel (1983, p.17), “[...] enten<strong>de</strong>-se o crime como resultante <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> fatores, cuja estrutura é complexa, e não o produto <strong>de</strong> uma única causa,<br />

por exemplo, ao observar a população carcerária, constatou que cerca <strong>de</strong> 95% <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>tentos são das camadas mais pobres da população. Entretanto, apenas 5% <strong>do</strong>s<br />

favela<strong>do</strong>s <strong>de</strong>linqüem.”<br />

A conclusão a que se chega é a que a pobreza não é causa <strong>de</strong> crime, pois, se<br />

assim o fosse, to<strong>do</strong>s os pobres cometeriam crimes, o que não acontece. Mas,<br />

certamente a situação <strong>de</strong> pobreza contribui para a prática <strong>de</strong> crime, porque os 95%<br />

<strong>de</strong> encarcera<strong>do</strong>s são provenientes da classe mais humil<strong>de</strong>.<br />

O mesmo se po<strong>de</strong> dizer relativamente à educação, à instrução, à formação<br />

religiosa etc., fatores que, presentes ou ausentes, terão relevância para a formação<br />

<strong>do</strong>s contensores inter<strong>no</strong>s, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais fatores exóge<strong>no</strong>s ou ambientais.<br />

Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores individuais, tais como a hereditarieda<strong>de</strong>, o temperamento,<br />

o caráter, a educação, e outros, existe uma inegável influência <strong>do</strong>s fatores sociais,<br />

que a própria socieda<strong>de</strong> engendra e <strong>de</strong>senvolve, através das pressões que exerce<br />

sobre os indivíduos.<br />

15


Nem por isso será correto falar-se <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> criminógena, em senti<strong>do</strong><br />

estrito. Mais acerta<strong>do</strong> será dizer socieda<strong>de</strong> gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> fatores criminóge<strong>no</strong>s. Não<br />

se po<strong>de</strong> negar o fato <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> gera e <strong>de</strong>senvolve fatores que exercem<br />

pressão sobre os indivíduos. É fácil constatar que a socieda<strong>de</strong> se caracteriza pela<br />

mutação, pela instabilida<strong>de</strong> e pela <strong>de</strong>sorganização.<br />

Os problemas <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong>mográficos e da urbanização são<br />

também assinaladamente iguais e <strong>de</strong>terminam as mesmas conseqüências: em to<strong>do</strong>s<br />

os lugares procura-se fugir ao cumprimento das leis, seja pelo fato <strong>de</strong> haver<br />

exagera<strong>do</strong> número <strong>de</strong>las, oprimin<strong>do</strong> os cidadãos, seja em razão <strong>de</strong> confrontar-se a<br />

<strong>no</strong>rmatização com o interesse particular contraria<strong>do</strong>, ou ainda porque as leis não se<br />

i<strong>de</strong>ntificam com a realida<strong>de</strong> que preten<strong>de</strong>m <strong>no</strong>rmatizar.<br />

Todas as pessoas praticam diariamente algum tipo <strong>de</strong> comportamento<br />

contrário às <strong>no</strong>rmas vigentes, tais como pequenas infrações <strong>de</strong> trânsito (estacionar<br />

em fila dupla ou em lugar proibi<strong>do</strong>; percorrer um trecho na contramão, ultrapassar<br />

pela direita; exce<strong>de</strong>r a velocida<strong>de</strong> permitida); obtenção <strong>de</strong> alguma vantagem<br />

in<strong>de</strong>vida, mediante peque<strong>no</strong>s subor<strong>no</strong>s; <strong>de</strong>srespeitar a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong><br />

chegada em balcões ou outros locais <strong>de</strong> atendimento; comprar merca<strong>do</strong>rias<br />

estrangeiras contraban<strong>de</strong>adas, comprar moedas estrangeiras <strong>no</strong> manual, e muitos<br />

outros tipos <strong>de</strong> comportamentos transgressores <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r relevância.<br />

Estes comportamentos <strong>de</strong>sviantes, assumi<strong>do</strong>s por bons cidadãos, dão uma<br />

idéia da a<strong>no</strong>mia existente, significan<strong>do</strong> que os indivíduos não observam fielmente as<br />

<strong>no</strong>rmas <strong>de</strong> conduta preconizadas, geran<strong>do</strong> o fenôme<strong>no</strong> aludi<strong>do</strong> por Durkhein, um<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> confusão, <strong>de</strong> alegalida<strong>de</strong>, em que as pessoas procuram agir para<br />

satisfazer seus próprios interesses ou agem conforme seus valores ou fins, em<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s casos, sem se importarem com o prejuízo que possam causar aos<br />

semelhantes. Esse fenôme<strong>no</strong> social – a a<strong>no</strong>mia – é fator criminóge<strong>no</strong>, e resulta, ou<br />

po<strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> duas situações:<br />

• o indivíduo se encontra imerso em <strong>no</strong>rmas que procura respeitar,<br />

meticulosamente, até que se torna impossível obe<strong>de</strong>cer a todas e, aos<br />

poucos, <strong>de</strong>rroga por conta própria algumas <strong>de</strong>las;<br />

16


• a impunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s transgressores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que conhecida, incentiva a<br />

<strong>de</strong>sobediência, geran<strong>do</strong> o que se convencio<strong>no</strong>u chamar <strong>de</strong><br />

transparência das <strong>no</strong>rmas.<br />

Historicamente, todas as socieda<strong>de</strong>s, <strong>no</strong> seu tempo e ao seu mo<strong>do</strong>,<br />

engendram fatores criminóge<strong>no</strong>s. Os hábitos e condutas privativas <strong>do</strong>s <strong>no</strong>bres, pelo<br />

contágio hierárquico, passaram para a burguesia, tornan<strong>do</strong>-se comuns os saques,<br />

as violações, os seqüestros, a embriaguez, comportamentos que não acarretavam<br />

punições para os <strong>no</strong>bres, mas que se tornaram crimi<strong>no</strong>sos quan<strong>do</strong> cometi<strong>do</strong>s pelos<br />

homens <strong>do</strong> povo.<br />

Ainda hoje se verificam comportamentos <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong>sviante, pratica<strong>do</strong>s por<br />

pessoas altamente situadas nas esferas governamentais e políticas, que não são<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>lituosos, mas violam o sentimento <strong>de</strong> justiça da comunida<strong>de</strong>. Esses<br />

comportamentos <strong>de</strong>sviantes atuam, por contágio hierárquico, como fatores<br />

criminóge<strong>no</strong>s, estimulan<strong>do</strong> ações crimi<strong>no</strong>sas <strong>de</strong> indivíduos das classes inferiores,<br />

por imitação, convenci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> que a impunida<strong>de</strong> é a regra.<br />

Uma ressalva <strong>de</strong>ve ser feita. A pressão exercida pela socieda<strong>de</strong> é igual sobre<br />

to<strong>do</strong>s os indivíduos <strong>de</strong> uma mesma classe. Tal pressão, todavia, estimulará reações<br />

diversas aos fatores engendra<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da fatoração individual<br />

condicionante. Daí porque alguns serão vulneráveis e outros não, o que explica o<br />

fato <strong>de</strong>, em uma mesma família, um membro estar em conflito com a lei e o outro ser<br />

seu fiel segui<strong>do</strong>r.<br />

Os fatores criminóge<strong>no</strong>s predisponentes <strong>de</strong> cunho individual que são<br />

encontra<strong>do</strong>s nas personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>linqüentes, com expressiva regularida<strong>de</strong>, são: a)<br />

egocentrismo; b) labilida<strong>de</strong>; c) agressivida<strong>de</strong>; d) indiferença afetiva.<br />

Sobre cada uma das características nucleares <strong>de</strong>ssa personalida<strong>de</strong> atuam os<br />

fatores sociais, dinamizan<strong>do</strong> as potencialida<strong>de</strong>s existentes. O egocentrismo é<br />

dinamiza<strong>do</strong> pelos fatores: massificação, a<strong>no</strong>mia, contágio hierárquico, lesão <strong>do</strong><br />

sentimento <strong>de</strong> justiça, pelo progresso científico e técnico que oprime o ego,<br />

potencializan<strong>do</strong> a covardia <strong>do</strong> medíocre que se resigna, mas que impulsiona outros<br />

à fuga através das drogas ou, ainda, que provoca a reação violenta <strong>do</strong>s que não<br />

suportam a pressão e <strong>de</strong>scambam para o comportamento crimi<strong>no</strong>so.<br />

17


A socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem-estar coloca a meta da felicida<strong>de</strong> na satisfação imediata<br />

<strong>do</strong> prazer <strong>do</strong> momento. Os indivíduos são estimula<strong>do</strong>s pela propaganda, que cria<br />

<strong>de</strong>sejos artificiais, modifican<strong>do</strong> o ritmo <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong>, transforman<strong>do</strong>-a em<br />

uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo, sempre com <strong>no</strong>vas ondas <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong><br />

engendradas pela moda, pela pressão <strong>do</strong>s <strong>no</strong>ticiários sensacionalistas, pelas<br />

contínuas mudanças e o rápi<strong>do</strong> envelhecimento das <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s, dan<strong>do</strong> margem à<br />

instabilida<strong>de</strong> e à futilida<strong>de</strong>; a licenciosida<strong>de</strong> e permissivida<strong>de</strong>; o pensar pouco e o ler<br />

pouco. Os vazios são preenchi<strong>do</strong>s, erradamente, através <strong>de</strong> sensações alimentadas,<br />

permanentemente, por gastos excessivos, <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> lastro da experiência<br />

moral, dan<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> comportamentos crimi<strong>no</strong>sos.<br />

Elementos <strong>no</strong>rmais, e até mesmo essenciais, integrantes da personalida<strong>de</strong><br />

humana ajustada, como a agressivida<strong>de</strong> sadia, po<strong>de</strong>m converter-se em<br />

manifestações anti-sociais quan<strong>do</strong> pressiona<strong>do</strong>s pelos fatores gera<strong>do</strong>s pela<br />

socieda<strong>de</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, as ativida<strong>de</strong>s diárias <strong>do</strong> homem na socieda<strong>de</strong> acumulam<br />

carga emocional resultante das frustrações e da excessiva competição, causan<strong>do</strong><br />

fadiga e esgotamento. A ansieda<strong>de</strong> e a angústia elevam o nível <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>rmal e, não raramente, levam à prática <strong>de</strong> crimes ti<strong>do</strong>s como imotiva<strong>do</strong>s e que<br />

frequentemente são <strong>no</strong>ticia<strong>do</strong>s pelos jornais.<br />

A indiferença afetiva, frequentemente observada <strong>no</strong>s crimi<strong>no</strong>sos multi-<br />

reinci<strong>de</strong>ntes, é estimulada pela ação da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Tal carência se torna<br />

mais expressiva quan<strong>do</strong> a socieda<strong>de</strong> impõe, através <strong>do</strong> seu mecanismo <strong>de</strong> atuação<br />

dinâmica, o afastamento <strong>do</strong>s homens, uns <strong>do</strong>s outros, os aproxima<strong>do</strong> apenas<br />

superficialmente.<br />

Os fatores criminóge<strong>no</strong>s <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> fatos e <strong>de</strong> circunstâncias opera<strong>do</strong>s na<br />

socieda<strong>de</strong>, tais como a indiferença afetiva, a pobreza econômica e cultural, os meios<br />

<strong>de</strong> comunicação, a oposição juvenil e o contágio hierárquico, reservan<strong>do</strong>-se, ainda,<br />

uma parcela <strong>de</strong> influência à a<strong>no</strong>mia e ao <strong>de</strong>ficiente funcionamento das agências <strong>de</strong><br />

controle social, frutos da edição <strong>de</strong> leis penais discriminatórias ou <strong>de</strong> ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />

equacionamento da administração da justiça criminal através <strong>do</strong>s subsistemas<br />

policial, judiciário e penitenciário.<br />

18


1.3 Ocasiões Criminais<br />

As ocasiões criminais são aqueles momentos ou situações propícias para o<br />

crime. Pinatel apud Farias Júnior (2001, p. 100) constatou que:<br />

• O clima ou estação quentes favorecem os crimes contra a pessoa, enquanto<br />

o clima frio predispõe mais à prática <strong>de</strong> crime contra patrimônio.<br />

• Em relação à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica, quanto mais elevada é a população,<br />

mais propícias são as ocasiões criminais, valen<strong>do</strong> dizer que o índice <strong>de</strong><br />

criminalida<strong>de</strong> aumenta numa proporção geométrica, na medida das<br />

concentrações humanas. Já nas regiões <strong>de</strong> rarefação populacional, nas<br />

zonas rurais pobres, as ocasiões criminais diminuem e o nível <strong>de</strong>linquencial é<br />

baixíssimo.<br />

• A elevação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> vida corre paralela à elevação <strong>do</strong> nível da<br />

criminalida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> econômica não tem por efeito<br />

somente melhorar o nível <strong>de</strong> vida; é a fonte <strong>de</strong> ocasiões suplementares <strong>de</strong><br />

criminalida<strong>de</strong>, pela multiplicação das condições <strong>de</strong> interesses que engendra.<br />

• Existe um la<strong>do</strong> <strong>no</strong>civo da riqueza, quan<strong>do</strong> esta se abastarda pela ganância,<br />

pela volúpia <strong>do</strong> ganho fácil e <strong>de</strong>riva para as explorações, as frau<strong>de</strong>s, as<br />

falsificações e para os insidiosos, sórdi<strong>do</strong>s atos clan<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s com engenhosas<br />

articulações para explorar e enganar.<br />

• As convulsões sociais, tais como as guerras, revoluções, as turbulências e<br />

outros fenôme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> massa social, suscitam ocasiões para crimes. Alguns<br />

atos crimi<strong>no</strong>sos são pratica<strong>do</strong>s durante e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma guerra por aqueles<br />

que se aproveitam da convulsão para roubar, matar, estuprar, <strong>de</strong>struir etc.<br />

• O uso <strong>de</strong> drogas e <strong>do</strong> álcool está igualmente subordina<strong>do</strong> às ocasiões,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a sua iniciação das companhias, <strong>do</strong> momento, <strong>do</strong> local, <strong>do</strong>s<br />

influxos suasórios etc. São elevadíssimos os índices <strong>de</strong> alcoólicos e<br />

toxicôma<strong>no</strong>s com po<strong>de</strong>rosos reflexos na criminalida<strong>de</strong>.<br />

19


• O crimi<strong>no</strong>so profissional faz <strong>do</strong> crime profissão. Não exerce a sua ativida<strong>de</strong><br />

sozinho, preferin<strong>do</strong> formar grupo, alician<strong>do</strong> ou recrutan<strong>do</strong> cúmplices, e, neste<br />

caso, as ocasiões eleitas são programadas. O sucesso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da precisão<br />

<strong>do</strong> pla<strong>no</strong>. Os mais espertos evitam a morte <strong>de</strong> pessoas nas suas investidas<br />

porque o que querem é a fruição <strong>de</strong> uma vantagem patrimonial, e se houver<br />

morte não escaparão com facilida<strong>de</strong>.<br />

Como ressalta Ferri (2006, p. 127), o crimi<strong>no</strong>so profissional “[...] não distingue<br />

uma ativida<strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sa <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> honesta, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua insensibilida<strong>de</strong><br />

moral; nunca acredita na sua prisão, na sua punibilida<strong>de</strong>, mas se acontecer, encara<br />

a prisão como um risco natural, um aci<strong>de</strong>nte inerente ou próprio <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>”.<br />

1.4 Conduta <strong>do</strong>s Crimi<strong>no</strong>sos<br />

A conduta <strong>de</strong> um indivíduo é a maneira como ele se comporta, age, reage e<br />

expressa às atitu<strong>de</strong>s <strong>no</strong> meio social. A conduta <strong>do</strong> indivíduo retrata a sua<br />

personalida<strong>de</strong>.<br />

Um indivíduo tem uma conduta <strong>no</strong>rmal quan<strong>do</strong> ele respeita as <strong>no</strong>rmas e os<br />

padrões sociais <strong>do</strong> meio on<strong>de</strong> ele vive. A a<strong>no</strong>rmalida<strong>de</strong> é, então, o <strong>de</strong>svio <strong>do</strong>s<br />

padrões <strong>de</strong> comportamento socialmente aceitáveis. Ela é caracterizada pela<br />

ineficiência <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho das funções biopsicológicas e da interação social.<br />

Contu<strong>do</strong>, é preciso que essa ineficiência seja persistente e o comportamento seja<br />

inerente a todas as pessoas.<br />

Segun<strong>do</strong> Farias Júnior (2001, p. 291), “[...] existem vários tipos <strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sos,<br />

entre eles o crimi<strong>no</strong>so exóge<strong>no</strong> circunstancial, o crimi<strong>no</strong>so exóge<strong>no</strong> mesológico, os<br />

crimi<strong>no</strong>sos mesoendóge<strong>no</strong>s, os crimi<strong>no</strong>sos com personalida<strong>de</strong> neurótica e os<br />

crimi<strong>no</strong>sos patoendóge<strong>no</strong>s”.<br />

O crimi<strong>no</strong>so exóge<strong>no</strong> circunstancial é aquele indivíduo psicossomaticamente<br />

<strong>no</strong>rmal, que tem seu relacionamento <strong>no</strong>rmal com a família e com a socieda<strong>de</strong>, mas<br />

ocasionalmente ele vem a cometer crimes. Tal <strong>de</strong>linqüente po<strong>de</strong> ser chama<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>rmal, mesmo ten<strong>do</strong> ocasionalmente pratica<strong>do</strong> crimes. Para ser enquadra<strong>do</strong> neste<br />

20


tipo, além das características acima, o crimi<strong>no</strong>so <strong>de</strong>ve ser primário, não corrompi<strong>do</strong><br />

e não perverso. O exóge<strong>no</strong> circunstancial não é, portanto, perigoso.<br />

O crimi<strong>no</strong>so exóge<strong>no</strong> mesológico tem como característica principal a falta <strong>de</strong><br />

formação moral. Dessa característica <strong>de</strong>correm as <strong>de</strong>mais, que são a falta <strong>de</strong> senso<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver, <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> reprovabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus atos, <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong>, a<br />

refratarieda<strong>de</strong> ao trabalho, dificilmente estrutura família, dificilmente se entrega<br />

espontaneamente à polícia e confessa seus crimes pacificamente, não tem me<strong>do</strong> da<br />

pena <strong>de</strong> prisão como risco inerente à sua ativida<strong>de</strong>, não distingue a ativida<strong>de</strong> lícita<br />

da ilícita e se torna habitual ou profissional <strong>no</strong> crime.<br />

Lanyir apud Sznick (1996, p. 43), referin<strong>do</strong>-se aos <strong>de</strong>linqüentes habituais,<br />

escreve: “[...] indubitavelmente que, perante a reincidência e a habitualida<strong>de</strong> <strong>no</strong><br />

<strong>de</strong>lito, nada po<strong>de</strong> o direito penal que <strong>no</strong>s rege”.<br />

Os pressupostos <strong>de</strong> periculosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser reconheci<strong>do</strong>s pelos três<br />

parâmetros: Multi-reincidência, Personalida<strong>de</strong> Corrompida e Personalida<strong>de</strong><br />

Perversa.<br />

A habitualida<strong>de</strong> ou a pertinaz reincidência atesta que o crimi<strong>no</strong>so não é<br />

circunstancial, não é ocasional, mas está <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por uma tendência<br />

profundamente radicada para o cometimento <strong>do</strong> crime.<br />

A personalida<strong>de</strong> corrompida se conhece através <strong>do</strong>s antece<strong>de</strong>ntes, da história<br />

pregressa <strong>de</strong> sua vida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vida <strong>do</strong>s pais, <strong>do</strong> local on<strong>de</strong> nasceu, on<strong>de</strong> se criou,<br />

as pessoas com as quais conviveu, episódios em que foi envolvi<strong>do</strong>, a sua<br />

insensibilida<strong>de</strong> moral, até chegar aos motivos <strong>de</strong>terminantes <strong>do</strong>s fatos.<br />

A personalida<strong>de</strong> perversa é a revelada pela ín<strong>do</strong>le torpe, malvada, impie<strong>do</strong>sa,<br />

cruel, <strong>de</strong>sumana e inferida pelos motivos, ou meios ou mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> execução <strong>do</strong> crime.<br />

Os crimi<strong>no</strong>sos mesoendóge<strong>no</strong>s são personalida<strong>de</strong> psicopáticas ou neuróticas<br />

que inci<strong>de</strong>m em crimes. São insa<strong>no</strong>s constitucionais.<br />

Para Silva (1975 apud Faria Júnior, 2001, p. 297), “[...] as personalida<strong>de</strong>s<br />

psicopáticas não constituem uma entida<strong>de</strong> uniforme, mas <strong>de</strong>limitam-se como um<br />

grupo mórbi<strong>do</strong>, algo semelhante aos das esquizofrenias”.<br />

21


O porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> psicopática não é um <strong>do</strong>ente mental, mas um<br />

ser com <strong>de</strong>ficiência nativa e permanente para viver e comportar-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

satisfatório como o comum das pessoas.<br />

Segun<strong>do</strong> Silva apud Faria Júnior (2001, p. 298), “[...] este tipo <strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>so<br />

possui pouca capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se auto<strong>de</strong>terminar, uma vez que não se ajusta às<br />

<strong>no</strong>rmas da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong> bom senso; contraste entre o ser real <strong>do</strong> indivíduo e a<br />

aparência <strong>de</strong> suas exteriorizações <strong>de</strong>vidas à propensão para enganar os seus<br />

circunstantes e a si mesmo; ele é incapaz <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> autêntica, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

apresentar superiorida<strong>de</strong>s ilusórias”.<br />

As personalida<strong>de</strong>s neuróticas <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> experiências<br />

emocionais traumatizantes, tensões, fatalida<strong>de</strong>s, circunstâncias infelizes e<br />

insuportáveis ou acumulação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgraças. No entanto, as neuroses não <strong>de</strong>correm<br />

apenas <strong>do</strong>s fatores exter<strong>no</strong>s. É preciso que haja predisposição endógena para que<br />

os influxos exóge<strong>no</strong>s traumatizantes surtam efeitos.<br />

Existem, ainda, os crimi<strong>no</strong>sos patoendóge<strong>no</strong>s que são aqueles que, por<br />

<strong>do</strong>ença mental ou por <strong>de</strong>senvolvimento mental incompleto ou retarda<strong>do</strong>, são leva<strong>do</strong>s<br />

à prática <strong>de</strong> crimes. Estão incluí<strong>do</strong>s nesse tipo os crimi<strong>no</strong>sos porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mência senil ou pré-senil; psicoses associadas com infecção intracraniana ou com<br />

afecções cerebrais; psicoses associadas com afecções somáticas; esquizofrenias<br />

em qualquer <strong>de</strong> suas formas, psicoses afetivas, ciclotímicas, circulares ou outra <strong>do</strong><br />

tipo maníaco, <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>pressivo ou <strong>do</strong> tipo maníaco-<strong>de</strong>pressivo; eplepsia, paranóia,<br />

parafrenia; psicoses tóxicas; oligofrenias em to<strong>do</strong>s os seus estágios além das<br />

psicoses tóxicas.<br />

Observa-se que a legislação brasileira prevê que o crime é um ato huma<strong>no</strong>,<br />

imputável, pratica<strong>do</strong> com voluntarieda<strong>de</strong>, contrário à <strong>no</strong>rma jurídica e passível <strong>de</strong><br />

punição. Vários fatores influenciam <strong>no</strong> cometimento <strong>do</strong> crime, fatores individuais,<br />

sociais e também as ocasiões criminais, que são consi<strong>de</strong>radas fatores criminóge<strong>no</strong>s.<br />

Existem inúmeros tipos comportamentos crimi<strong>no</strong>sos, o que <strong>de</strong>monstra que em<br />

alguns casos o indivíduo é porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> transtor<strong>no</strong>s psicológicos e <strong>do</strong>enças mentais,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser induzi<strong>do</strong> a cometer crimes, mesmo sem ter a <strong>de</strong>vida <strong>no</strong>ção da<br />

gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu ato. No próximo capítulo será aborda<strong>do</strong> o crime a partir da ótica<br />

econômica.<br />

22


2. A ECONOMIA DO CRIME<br />

O Estu<strong>do</strong> da criminalida<strong>de</strong> assume relevância <strong>no</strong> Brasil e <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s custos da criminalida<strong>de</strong> para a socieda<strong>de</strong> serem eleva<strong>do</strong>s. Como<br />

exemplo, tem-se os gastos públicos e priva<strong>do</strong>s com prevenção e combate da<br />

criminalida<strong>de</strong>; prejuízos materiais, sociais etc.<br />

Entre os prejuízos sociais <strong>de</strong>stacam-se: a redução da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s<br />

indivíduos; o efeito negativo sobre a imagem <strong>de</strong> municípios <strong>de</strong>corrente da<br />

divulgação das ativida<strong>de</strong>s crimi<strong>no</strong>sas na mídia e, em <strong>de</strong>corrência, a baixa<br />

atrativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s investimentos e a fuga <strong>de</strong> turistas, com reflexos negativos sobre o<br />

emprego e a renda da região, alimentan<strong>do</strong>, ainda mais, a criminalida<strong>de</strong>.<br />

O artigo seminal <strong>de</strong> Gary Becker (1968) evi<strong>de</strong>ncia que a ativida<strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sa<br />

resulta <strong>de</strong> uma escolha racional <strong>do</strong>s indivíduos, baseada em análises custo-<br />

benefício. Os benefícios são resultantes da diferença entre os lucros obti<strong>do</strong>s com a<br />

ativida<strong>de</strong> ilícita compara<strong>do</strong>s com os provenientes da ativida<strong>de</strong> lícita. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

os custos estariam associa<strong>do</strong>s às penalida<strong>de</strong>s impostas aos crimi<strong>no</strong>sos, em caso <strong>de</strong><br />

prisão.<br />

Ehrlich (1973) procurou examinar os efeitos das taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, níveis<br />

<strong>de</strong> rendimento e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rendimentos sobre a criminalida<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> o<br />

autor, a redução da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rendimentos teve<br />

efeito significativo sobre a redução da criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

Seguin<strong>do</strong> a mesma linha, Freeman (1996) conclui que jovens em situação <strong>de</strong><br />

pobreza têm maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem presos e ir para a prisão <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s. Por sua vez, Tauchen, Witte e Griesinger (1994) encontraram resulta<strong>do</strong>s<br />

que sinalizam que, para a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, ir para o trabalho ou para<br />

a escola ten<strong>de</strong> a reduzir a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estarem envolvi<strong>do</strong>s em ativida<strong>de</strong>s<br />

crimi<strong>no</strong>sas.<br />

Herlow (2003), em um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> para o Departamento <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, constatou que 41% da população carcerária não possuía nível<br />

23


secundário, contra 18% que não possuía na população total. Por outro la<strong>do</strong>, apenas<br />

13% <strong>do</strong>s encarcera<strong>do</strong>s possuía diploma superior, contra 48% na população total.<br />

Segun<strong>do</strong> Lochner e Moretti (2004, p. 183) “Há muitas razões para esperar<br />

que a educação reduza o crime. Através <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong>s salários, a educação<br />

aumenta o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime e o custo <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> na<br />

prisão”. Em seu estu<strong>do</strong>, os autores mostraram que não terminar o nível secundário<br />

<strong>do</strong>bra as chances <strong>de</strong> um indivíduo ser preso por cometer um crime violento <strong>no</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e que a educação reduz significativamente a ativida<strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sa.<br />

De acor<strong>do</strong> com Becker (1968) “[...] o crime po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is<br />

grupos: o lucrativo ou econômico e o não-lucrativo ou não-econômico”. Os crimes<br />

econômicos são o furto, roubo ou extorsão, usurpação, apropriação indébita,<br />

estelionato, receptação, crimes contra a proprieda<strong>de</strong> imaterial, contra a fé pública,<br />

contra a administração pública, tráfico <strong>de</strong> entorpecentes. Os crimes não-econômicos<br />

são to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais, como homicídios, estupro, tortura etc.<br />

O crimi<strong>no</strong>so econômico po<strong>de</strong> ser visto como um empresário, que atua com o<br />

objetivo <strong>de</strong> adquirir vantagens lucrativas e assume os riscos inerentes a sua<br />

profissão. Ele <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> racionalmente cometer o crime, aproveita as oportunida<strong>de</strong>s<br />

quan<strong>do</strong> aparecem, sem se preocupar com o la<strong>do</strong> moral <strong>do</strong> seu ato. Este crimi<strong>no</strong>so<br />

não é uma vítima influenciada por circunstâncias.<br />

Para Balbi<strong>no</strong>tto Neto (2003, p.1):<br />

[...] os indivíduos se tornam assaltantes e crimi<strong>no</strong>sos por que os benefícios<br />

<strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s são compensa<strong>do</strong>res quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com outras<br />

ativida<strong>de</strong>s ilegais, quan<strong>do</strong> são leva<strong>do</strong>s em conta os riscos, a probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apreensão, <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação e a severida<strong>de</strong> da pena imposta. Assim, para<br />

os eco<strong>no</strong>mistas, os crimes são um grave problema para a socieda<strong>de</strong> por<br />

que, em certa medida, vale a pena cometê-los e que os mesmos implicam<br />

em significativos custos em termos sociais. O argumento básico da<br />

abordagem econômica <strong>do</strong> crime é que os infratores reagem aos incentivos,<br />

tanto positivos como negativos e que o número <strong>de</strong> infrações cometidas é<br />

influenciada pela alocação <strong>de</strong> recursos públicos e priva<strong>do</strong>s para fazer frente<br />

ao cumprimento da lei e <strong>de</strong> outros meios <strong>de</strong> preveni-los ou para dissuadir os<br />

indivíduos a cometê-los. Para os eco<strong>no</strong>mistas, o comportamento crimi<strong>no</strong>so<br />

não é visto como uma atitu<strong>de</strong> simplesmente emotiva, irracional ou antisocial,<br />

mas sim como uma ativida<strong>de</strong> eminentemente racional.<br />

Para Fernan<strong>de</strong>z (1998, p. 68) “[...] numa ativida<strong>de</strong> criminal está implícito o<br />

princípio he<strong>do</strong>nístico o máximo ganho com o mínimo <strong>de</strong> esforço, isto para varia<strong>do</strong>s<br />

graus <strong>de</strong> risco”.<br />

24


Para Balbi<strong>no</strong>tto Neto (2003), [...] a análise econômica <strong>do</strong> crime baseia-se<br />

fortemente na relação <strong>de</strong>lito-punição como <strong>de</strong>terminante da taxa criminal, em que a<br />

eficácia policial e judicial relaciona-se com a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s benefícios da<br />

ativida<strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sa suplantarem seus custos e compensarem o risco estipula<strong>do</strong>.<br />

Assim, quanto maior o nível da ativida<strong>de</strong> econômica crimi<strong>no</strong>sa, maior também será a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentos <strong>no</strong>s índices <strong>de</strong> crimes”.<br />

Para Fernan<strong>de</strong>z (1998, p. 69) “[...] a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar atenta aos<br />

elementos coibi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> crime, como a estruturação <strong>do</strong>s aparatos policiais,<br />

formação educacional, oferta <strong>de</strong> trabalho, urbanização planejada, distribuição <strong>de</strong><br />

renda, etc.”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Borilli e Shikida (2006, p. 4)<br />

25<br />

[...] a me<strong>no</strong>r ou maior incidência das ativida<strong>de</strong>s ilícitas está<br />

diretamente relacionada aos benefícios líqui<strong>do</strong>s provenientes<br />

<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>. Assim como outra ativida<strong>de</strong> econômica qualquer,<br />

os ganhos da ativida<strong>de</strong> empresarial <strong>do</strong> crime são incertos e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m essencialmente da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> suas<br />

operações. Sen<strong>do</strong> que esta probabilida<strong>de</strong> está diretamente<br />

relacionada <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> crimi<strong>no</strong>so e <strong>de</strong><br />

outro la<strong>do</strong> com a eficácia policial e efetivida<strong>de</strong> da justiça.<br />

Para Engel (2003, p. 9-10) das correntes <strong>de</strong> pensamento econômico que<br />

discutem a eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>stacada três:<br />

- Uma <strong>de</strong> origem marxista, que acredita que o aumento da criminalida<strong>de</strong> está<br />

relacionada às características <strong>do</strong> processo capitalista e é resulta<strong>do</strong> direto das<br />

alterações <strong>do</strong> comportamento empresarial <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> pós-industrial. Os cientistas<br />

enquadra<strong>do</strong>s nesta corrente <strong>de</strong> pensamento acreditam que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> o processo<br />

empresarial centraliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> capital e os avanços tec<strong>no</strong>lógicos resultantes, os<br />

ambientes sociais tornaram-se mais propensos às ativida<strong>de</strong>s crimi<strong>no</strong>sas. Segun<strong>do</strong><br />

esta linha <strong>de</strong> pensamento, o convívio social <strong>do</strong> capitalismo pós-industrial incentivou<br />

a chamada <strong>de</strong>generação moral e assim permitiu o crescimento da ativida<strong>de</strong><br />

crimi<strong>no</strong>sa.<br />

- Outra corrente, mais ampla, associa o aumento da criminalida<strong>de</strong> a<br />

problemas estruturais e conjunturais, tais como índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego,<br />

analfabetismo e baixos níveis <strong>de</strong> renda, bem como a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. Po<strong>de</strong>-se


ainda relacionar a esta corrente as ineficiências policiais e judiciais, que contribuem<br />

para a manutenção e crescimento das organizações crimi<strong>no</strong>sas.<br />

- E uma terceira e importante corrente <strong>de</strong> pensamento da eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime<br />

analisa a prática <strong>de</strong> crimes lucrativos como ativida<strong>de</strong> ou setor da eco<strong>no</strong>mia como<br />

qualquer outra ativida<strong>de</strong> econômica tradicional. O crimi<strong>no</strong>so é então o empresário na<br />

ativida<strong>de</strong> – é ele quem mobiliza recursos, assume riscos e objetiva lucros nesse<br />

setor ilegal da eco<strong>no</strong>mia. Sen<strong>do</strong> assim, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> quanto “investir” na ativida<strong>de</strong><br />

ilícita <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá diretamente da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso na ativida<strong>de</strong>, ou risco<br />

inerente a ela, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá principalmente da eficiência da polícia e da<br />

efetivida<strong>de</strong> da justiça.<br />

A teoria <strong>do</strong> crime, fundamentada basicamente em mo<strong>de</strong>lagens matemáticas,<br />

obteve recentemente alguns avanços <strong>no</strong> estu<strong>do</strong> da criminalida<strong>de</strong>. Esses mo<strong>de</strong>los<br />

po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s em quatro grupos distintos.<br />

- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> alocação ótima <strong>do</strong> tempo – postula que o indivíduo escolhe<br />

quanto <strong>do</strong> seu tempo ele <strong>de</strong>verá alocar em uma ativida<strong>de</strong> econômica, seja legal ou<br />

ilegal, procuran<strong>do</strong> maximizar sua função <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> esperada, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />

fundamentalmente, <strong>do</strong>s rendimentos das ativida<strong>de</strong>s legal e ilegal – a atuação <strong>no</strong><br />

setor ilegal ocorrerá se os custos <strong>de</strong> operação nessa ativida<strong>de</strong> forem me<strong>no</strong>res que<br />

seus benefícios;<br />

- Mo<strong>de</strong>lo Comportamental – procura explicar a ativida<strong>de</strong> criminal através das<br />

interações sociais. Segun<strong>do</strong> Glaser (1999 apud Araújo Jr. e Fainzylber 2000, p. 632)<br />

“[...] a alta variância nas taxas <strong>de</strong> crime, através <strong>do</strong> espaço, é evidência da<br />

existência <strong>de</strong> interações sociais entre os crimi<strong>no</strong>sos, neste caso, os indivíduos<br />

cometem crimes em função <strong>de</strong> seus próprios atributos e das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> seus<br />

vizinhos ou pares”;<br />

- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Migração – os indivíduos irão avaliar as oportunida<strong>de</strong>s<br />

disponíveis <strong>no</strong>s setores legal e ilegal e po<strong>de</strong>rão migrar para a ativida<strong>de</strong> criminal se<br />

os ganhos espera<strong>do</strong>s superarem os custos <strong>de</strong> migração, <strong>no</strong> qual estão inclusos os<br />

custos financeiros e não financeiros;<br />

- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Portfólio – a <strong>de</strong>cisão individual <strong>de</strong> participar <strong>do</strong> crime ocorrerá<br />

mediante a escolha <strong>de</strong> quanto da riqueza <strong>de</strong>ve ser alocada <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> legal e<br />

26


ilegal, sen<strong>do</strong> o envolvimento numa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cunho ilegal uma operação<br />

consi<strong>de</strong>rada mais arriscada (FERNANDEZ e PEREIRA, 2000).<br />

Be<strong>no</strong>ît e Osborne (1995), salientam que a ativida<strong>de</strong> criminal po<strong>de</strong> ser<br />

controlada através <strong>de</strong> punição severa e rígida e por investimentos sociais que<br />

contribuam para a redistribuição <strong>de</strong> renda, isto aumentaria o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> crime.<br />

No Brasil poucos trabalhos abordam o tema da criminalida<strong>de</strong> sob uma ótica<br />

econômica em razão <strong>do</strong> tema ser relativamente <strong>no</strong>vo e também pela escassez <strong>de</strong><br />

bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s sobre crimi<strong>no</strong>logia <strong>no</strong> país. Porém existem alguns trabalhos <strong>de</strong><br />

muita relevância para pesquisas como o <strong>de</strong> Fajnzylber e Araujo Jr. (2001), que<br />

realizaram um estu<strong>do</strong> sobre o crime e a violência nas microrregiões mineiras,<br />

citan<strong>do</strong> que: “[...] maiores níveis educacionais estão associa<strong>do</strong>s a maiores salários e,<br />

portanto, a maiores custos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para a ativida<strong>de</strong> criminal. Além disso, a<br />

educação po<strong>de</strong> ter o efeito <strong>de</strong> aumentar o custo “moral” associa<strong>do</strong> à participação em<br />

ativida<strong>de</strong>s ilegais.” (FAJNZYLBER; ARAUJO JR., 2001, p.17).<br />

Soares (2007) investigou a relação entre educação e criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> Brasil,<br />

procuran<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar se indivíduos mais educa<strong>do</strong>s têm me<strong>no</strong>res chances <strong>de</strong> serem<br />

vítimas <strong>de</strong> homicídio. O autor finaliza a pesquisa mencionan<strong>do</strong> que “[...] A única<br />

conclusão – tentativa – é que a educação formal parece ter um efeito redutor muito<br />

forte sobre a taxa <strong>de</strong> homicídio, e que isto possivelmente se <strong>de</strong>va ao papel<br />

socializa<strong>do</strong>r da escola.” (SOARES, 2007, p. 28).<br />

No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, em pesquisa realizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>-PR para<br />

analisar a eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime sob a ótica das circunstâncias econômicas da prática<br />

crimi<strong>no</strong>sa, Schaefer e Shikida (2000) verificaram que os crimes econômicos mais<br />

comuns foram o tráfico <strong>de</strong> drogas, segui<strong>do</strong>s pelo furto e roubo, estes crimes foram<br />

pratica<strong>do</strong>s por homens brancos, a maioria jovens que tinham religião e família. Os<br />

entrevista<strong>do</strong>s possuíam baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, sugerin<strong>do</strong> que maiores níveis<br />

educacionais po<strong>de</strong>m coibir a criminalida<strong>de</strong>.<br />

Entre os motivos que levaram os entrevista<strong>do</strong>s a migrarem para ativida<strong>de</strong>s<br />

crimi<strong>no</strong>sas os <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque são a indução <strong>de</strong> amigos, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar<br />

<strong>no</strong> orçamento familiar e o ganho fácil. Alguns <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s alegaram, ainda,<br />

terem entra<strong>do</strong> nesse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> por tolice e <strong>de</strong>satenção.<br />

27


De acor<strong>do</strong> com Schaefer e Shikida (2000, p. 212), “[...] surpreen<strong>de</strong>u o fato <strong>de</strong><br />

um expressivo percentual <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s estarem trabalhan<strong>do</strong> na época que<br />

praticaram o crime. Embora uma pequena fração tenha como motivo para a prática<br />

<strong>do</strong> crime o fato <strong>de</strong> estarem <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, a relação crime-<strong>de</strong>semprego não se<br />

verificou tão fortemente neste estu<strong>do</strong>. Mas as profissões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s sugerem<br />

baixos salários”.<br />

Em outro estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> nas Penitenciárias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná<br />

(Penitenciária Estadual <strong>de</strong> Piraquara, Penitenciária Central <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />

Penitenciária Feminina <strong>de</strong> Piraquara), on<strong>de</strong> foram entrevista<strong>do</strong>s presos que<br />

cumprem penas por crimes <strong>de</strong> natureza econômica, Shikida e Borilli (2005) também<br />

observaram que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s eram jovens até 28 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, brancos e com escolarida<strong>de</strong> somente até o ensi<strong>no</strong><br />

fundamental.<br />

Observan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s autores cita<strong>do</strong>s, <strong>no</strong>ta-se que os jovens <strong>do</strong> sexo<br />

masculi<strong>no</strong>, estão mais propensos a ingressarem na criminalida<strong>de</strong>, geralmente por<br />

não verem perspectiva <strong>de</strong> melhora <strong>de</strong> situação econômica, por possuírem baixos<br />

níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e andarem com más companhias.<br />

Para Fernan<strong>de</strong>z e Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong> (1999), as principais causas para as pessoas<br />

<strong>de</strong>cidirem praticar o crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas estão tanto nas razões individuais<br />

como nas <strong>de</strong> cunho social. As causas <strong>de</strong> cunho social estão ligadas a fatores como<br />

pobreza, <strong>de</strong>semprego e ig<strong>no</strong>rância. As razões individuais são: cobiça; ambição;<br />

ganho fácil, entre outras.<br />

Araújo Jr. e Fainzylber (2000) constataram que maiores níveis educacionais<br />

implicam me<strong>no</strong>res taxas <strong>de</strong> crime contra a proprieda<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda<br />

está associada a maiores taxas <strong>de</strong> homicídios e me<strong>no</strong>res taxas <strong>de</strong> roubo <strong>de</strong><br />

veículos.<br />

Na próxima seção será efetua<strong>do</strong> um breve histórico <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Rolandia<br />

apresentan<strong>do</strong> os principais motivos que contribuíram para o crescimento da<br />

criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município.<br />

28


3. HISTÓRICO<br />

3.1 Histórico <strong>do</strong> <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong><br />

O município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> foi funda<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1934, pela Companhia <strong>de</strong><br />

Terras Norte <strong>do</strong> Paraná. O <strong>no</strong>me <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> é <strong>de</strong> origem germânica, <strong>no</strong>me da<strong>do</strong><br />

em homenagem a Roland, legendário herói alemão, que na Ida<strong>de</strong> Média guerreava<br />

ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu tio, Carlos Mag<strong>no</strong>, e seu lema era lutar pela “Liberda<strong>de</strong> e Justiça”.<br />

Logo que foi fundada a cida<strong>de</strong> e construída a primeira casa o número <strong>de</strong><br />

habitantes foi crescen<strong>do</strong> a cada a<strong>no</strong>. No a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1936 <strong>Rolândia</strong> já possuía diversas<br />

casas comerciais, sen<strong>do</strong> que o número <strong>de</strong> residências nesta época era <strong>de</strong> 277.<br />

<strong>Rolândia</strong> teve seu crescimento estaciona<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1939. Para<br />

Schwengber (2003, p. 34), “[...] muitos consi<strong>de</strong>raram que este fato foi ocasiona<strong>do</strong><br />

pelo surto <strong>de</strong> tifo que assolou a região e afatou temporariamente os compra<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

terra, mas outro fator que teve gran<strong>de</strong> influência foi a Segunda Guerra Mundial e as<br />

severas restrições impostas pela Alemanha à emigração tanto <strong>de</strong> alemães como <strong>de</strong><br />

alemães-ju<strong>de</strong>us”.<br />

A exemplo <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s brasileiras, cujos <strong>no</strong>mes eram <strong>de</strong> origem<br />

germânica, <strong>Rolândia</strong> teve que mudar seu <strong>no</strong>me. Em 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1943, ao<br />

mesmo tempo em que era cria<strong>do</strong> o município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, o <strong>no</strong>me foi troca<strong>do</strong> para<br />

Caviúna. Somente em 1947 é que retor<strong>no</strong>u o antigo <strong>no</strong>me <strong>Rolândia</strong>.<br />

Dos imigrantes estrangeiros que colaboraram <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>Rolândia</strong>, <strong>de</strong>stacam-se alemães, japoneses, italia<strong>no</strong>s, portugueses, espanhóis, sírio-<br />

libaneses, húngaros, suíços, poloneses, tchecos, austríacos, entre outros.<br />

Até o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1975 a eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> ia bem, ten<strong>do</strong> o<br />

plantio <strong>de</strong> café como a sua principal fonte <strong>de</strong> renda. Algumas vezes a geada fez<br />

estragos nas plantações, porém naquele a<strong>no</strong> houve a chamada “Geada Negra”, que<br />

29


acabou arrasan<strong>do</strong> os cafezais. O estrago foi tão gran<strong>de</strong> que os agricultores não<br />

tiveram outra opção a não ser erradicar os cafezais completamente, o que causou<br />

transformações <strong>no</strong> setor econômico/social.<br />

O êxo<strong>do</strong> rural foi o mais grave problema social <strong>de</strong>corrente da erradicação <strong>do</strong>s<br />

cafezais. <strong>Rolândia</strong>, que até então <strong>de</strong>sconhecia problemas sociais, como o da<br />

formação <strong>de</strong> favelas, a partir <strong>de</strong> 1975 passa a conhecer esse problema. As famílias<br />

<strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res rurais foram obrigadas a aban<strong>do</strong>nar as fazendas on<strong>de</strong><br />

trabalhavam. Não ten<strong>do</strong> para on<strong>de</strong> ir e nem outra profissão vão se instalar na<br />

periferia da cida<strong>de</strong>, crian<strong>do</strong> com isso bolsões <strong>de</strong> miséria. Com o fim da cafeicultura,<br />

ocorreu o <strong>de</strong>semprego em massa, um <strong>do</strong>s motivos que muito contribuíram para o<br />

aumento da criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município.<br />

Nos últimos a<strong>no</strong>s houve um gran<strong>de</strong> crescimento <strong>no</strong>s índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong><br />

<strong>no</strong> município. O levantamento anual da Polícia Militar mostra que os crimes que mais<br />

vêm crescen<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s são os homicídios e o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes.<br />

De acor<strong>do</strong> com a Polícia Militar, a maior parte <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> homicídio está<br />

relacionada ao tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, que por sua vez gera ainda um aumento<br />

<strong>no</strong>s casos <strong>de</strong> furtos, roubos, estelionatos e muitos outros crimes <strong>de</strong> me<strong>no</strong>s impacto<br />

social.<br />

O município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> é uma rota em direção à costa oeste <strong>do</strong> Paraná,<br />

principalmente para as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Foz <strong>do</strong> Iguaçu, Guaíra e a região <strong>de</strong> fronteira com<br />

o Paraguai e Argentina, o que acaba sen<strong>do</strong> também uma rota para o tráfico <strong>de</strong><br />

entorpecentes. Isso está comprova<strong>do</strong> <strong>no</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> apreensões que a<br />

Polícia Ro<strong>do</strong>viária tem efetua<strong>do</strong> na área <strong>do</strong> município, sen<strong>do</strong> que a principal<br />

substância apreendida é a maconha.<br />

Outro fator que contribui para o aumento da criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município é o<br />

fato <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londrina, distante apenas 25 km <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, teve o<br />

número <strong>de</strong> policiais militares aumenta<strong>do</strong> recentemente, causan<strong>do</strong> uma sensação <strong>de</strong><br />

segurança maior, com isso os marginais migram para regiões mais propícias para<br />

suas ativida<strong>de</strong>s, principalmente municípios me<strong>no</strong>res.<br />

30


4. METODOLOGIA<br />

Neste capítulo será apresentada a meto<strong>do</strong>logia utilizada para a realização da<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo, inician<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>scrição da população escolhida, o méto<strong>do</strong><br />

utiliza<strong>do</strong> para a coleta e o tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s e expostas as questões da<br />

pesquisa.<br />

4.1 Delineamento da Pesquisa<br />

De acor<strong>do</strong> com Gil, (2000, p. 121), “[...] o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso é caracteriza<strong>do</strong> pela<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s fatores que <strong>de</strong>terminam ou que contribuem para a ocorrência <strong>do</strong>s<br />

fenôme<strong>no</strong>s analisa<strong>do</strong>s. Este tipo <strong>de</strong> pesquisa po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> tanto <strong>de</strong><br />

constatações e percepções que têm como <strong>no</strong>rte o <strong>de</strong>senvolvimento, esclarecimento<br />

ou modificação <strong>de</strong> conceitos e idéias, como <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição das características <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminada população ou fenôme<strong>no</strong>”.<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho foram utiliza<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s exploratórios<br />

e <strong>de</strong>scritivos com levantamentos bibliográficos, pesquisa <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e consultas a<br />

publicações periódicas <strong>de</strong> vários autores. Para analisar e <strong>de</strong>terminar o perfil <strong>do</strong>s<br />

crimi<strong>no</strong>sos que atuam <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, realizou-se uma investigação<br />

através <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s primários obti<strong>do</strong>s por meio da aplicação <strong>de</strong> questionário aos<br />

<strong>de</strong>tentos da Ca<strong>de</strong>ia Pública local. Portanto este estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> como<br />

pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong> campo.<br />

A população alvo foi compreen<strong>de</strong>u 96 (<strong>no</strong>venta e seis) <strong>de</strong>tentos, sen<strong>do</strong> que a<br />

amostra foi composta <strong>de</strong> 65 (sessenta e cinco) <strong>de</strong>tentos recolhi<strong>do</strong>s na Ca<strong>de</strong>ia<br />

Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>.<br />

31


4.2 Coleta <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s<br />

Com base na revisão bibliográfica, foi elabora<strong>do</strong> um questionário com 25<br />

questões, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar as características individuais, sócio-<br />

econômicas e motivacionais da população alvo para o cometimento <strong>do</strong> crime.<br />

Para a aplicação <strong>do</strong> questionário (Anexo A) obteve-se autorização verbal <strong>do</strong><br />

Delega<strong>do</strong> da Ca<strong>de</strong>ia Pública local, o qual forneceu as condições necessárias para a<br />

aplicação <strong>do</strong> mesmo. O questionário foi aplica<strong>do</strong> em dias alterna<strong>do</strong>s, conforme a<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetivo da Polícia Civil para manter a segurança tanto da<br />

estagiária como para evitar que algum <strong>do</strong>s presos tentasse fugir.<br />

A Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> conta com uma população carcerária <strong>de</strong> 96<br />

presos, 12 mulheres e 84 homens. O questionário foi aplica<strong>do</strong> a 65 <strong>de</strong>tentos, ou<br />

seja, 67,71% <strong>do</strong>s presos respon<strong>de</strong>ram voluntariamente as questões apresentadas.<br />

A população carcerária entrevistada foi quase que totalmente presa pela<br />

Polícia Militar (87,69%), sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>s 12,31% presos pela Polícia Civil, 6,15%<br />

foram presos em ações conjuntas entre a Polícia Militar e a Polícia Civil.<br />

Ao final da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, as respostas foram convertidas<br />

quantitativamente, ou seja, em números dispostos e vinte e uma tabelas, seguin<strong>do</strong> a<br />

or<strong>de</strong>m das perquntas <strong>do</strong> questionário. Estes números foram transforma<strong>do</strong>s em<br />

percentuais, facilitan<strong>do</strong> a análise e interpretação das respostas.<br />

As Tabulações cruzadas <strong>de</strong> três ou mais variáveis foram realizadas <strong>no</strong><br />

software estatístico SPSS for Win<strong>do</strong>ws, os principais resulta<strong>do</strong>s serão apresenta<strong>do</strong>s<br />

a seguir.<br />

4.3 Resulta<strong>do</strong>s<br />

A Tabela 1 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s encarcera<strong>do</strong>s da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong><br />

<strong>Rolândia</strong> por faixa etária. Nota-se que a maioria <strong>do</strong>s crimi<strong>no</strong>sos (67,68%) está na<br />

32


faixa etária entre 13 e 30 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que o crimi<strong>no</strong>so <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong><br />

é jovem, o que sinaliza que o jovem é mais disposto a migrar para o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

crime, muitas vezes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> experiência, <strong>de</strong><br />

orientação, proposta <strong>de</strong> ganho fácil etc.<br />

Tabela 1 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por faixa etária<br />

Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Me<strong>no</strong>r <strong>de</strong> 18 a<strong>no</strong>s 7 10,76<br />

De 18 a 20a<strong>no</strong>s 14 21,53<br />

De 21 a 25 a<strong>no</strong>s 13 20<br />

De 26 a 30 a<strong>no</strong>s 10 15,39<br />

De 31 a 35 a<strong>no</strong>s 6 9,24<br />

De 36 a 40 a<strong>no</strong>s 6 9,24<br />

Mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s 9 13,84<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

Para Farias Júnior (2001, p. 83),<br />

33<br />

“[...] a aquisição da capacida<strong>de</strong> potencial para o crime verifica-se<br />

mais acentuadamente entre os 12 e os 25 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, por ser<br />

justamente nessa fase que se inicia a luta pela sobrevivência, numa<br />

socieda<strong>de</strong> competitiva. Por um la<strong>do</strong>, está em jogo a afirmação <strong>do</strong><br />

jovem, ou para o mal ou para o bem, e por outro, ele está na fase <strong>de</strong><br />

maior vulnerabilida<strong>de</strong> aos influxos maléficos ou benéficos. Se recebe<br />

influxos maléficos, po<strong>de</strong>rá ten<strong>de</strong>r para o caminho <strong>do</strong> mal, se recebe<br />

influxos bons, po<strong>de</strong>rá ten<strong>de</strong>r para o caminho <strong>do</strong> bem, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

das condições favoráveis ou adversas”.<br />

Os jovens querem muitas vezes se auto-afirmarem perante o seu grupo, e o<br />

fazem através <strong>de</strong> atos crimi<strong>no</strong>sos, para <strong>de</strong>monstrar po<strong>de</strong>r, conquistar o respeito <strong>do</strong>s<br />

outros. Falam <strong>de</strong> seus atos crimi<strong>no</strong>sos com prazer, como se fossem atos heróicos.<br />

Não <strong>de</strong>monstram sentimentos <strong>de</strong> arrependimento, chegan<strong>do</strong> mesmo a achar graça<br />

<strong>do</strong>s crimes que cometem.


Dos <strong>de</strong>tentos <strong>de</strong>sta faixa etária recolhi<strong>do</strong>s na Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> o<br />

principal crime cometi<strong>do</strong> foi o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, segui<strong>do</strong> pelo roubo e pelo<br />

furto. Isto mostra que o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes está liga<strong>do</strong> diretamente a outros<br />

crimes.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar, através <strong>do</strong> Gráfico 1 que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s crimi<strong>no</strong>sos<br />

é <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (84,61%), sen<strong>do</strong> que apenas 15,39% são <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>. As<br />

mulheres presas estão numa faixa etária entre 20 e 43 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e todas estão<br />

presas por tráfico <strong>de</strong> entorpecentes.<br />

Gráfico 1 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por gênero<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

De acor<strong>do</strong> com Vergara (1998, p. 30), “[...] <strong>no</strong>s casos <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas a<br />

mulher atua muito mais como coadjuvante, sen<strong>do</strong> que o protagonista nesta situação<br />

geralmente é <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> e sempre estão liga<strong>do</strong>s por laços <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong>,<br />

como irmãos, parceiros, parentes, etc.”.<br />

Para Espi<strong>no</strong>za (2004, p. 126-7), “[...] <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s houve mudanças na<br />

conduta <strong>de</strong>litiva das mulheres. Os crimes cometi<strong>do</strong>s por elas não mais se encaixam<br />

<strong>no</strong>s <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>do</strong>s “<strong>de</strong>litos femini<strong>no</strong>s” – infanticídio, aborto, homicídio passional –<br />

pois se <strong>de</strong>u um incremento <strong>no</strong>s índices <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação por crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong><br />

entorpecentes, roubos, seqüestros, homicídios, entre outros.”<br />

34


Atualmente existem várias teorias sobre a criminalida<strong>de</strong> feminina, porém <strong>no</strong>ta-<br />

se que na maioria <strong>do</strong>s casos essa criminalida<strong>de</strong> mantém uma estreita relação com a<br />

condição social da mulher, primeiramente <strong>de</strong>ve-se observar o meio social em que<br />

essas mulheres estão inseridas e <strong>de</strong>pois observar as condições biológicas e<br />

sociológicas que também po<strong>de</strong>m contribuir para a incidência e o grau <strong>de</strong>ssa<br />

criminalida<strong>de</strong> (Gráfico 1).<br />

A maioria da população carcerária <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> (50,77%) é <strong>de</strong> cor parda,<br />

porém a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos da cor branca também é expressiva (43,08%). O<br />

que <strong>de</strong>monstra que o crime não é privilégio somente da população negra (Gráfico 2).<br />

Rocha e Campos (2007) ressaltam que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Censo 2000, a<br />

população <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> cor branca <strong>no</strong> Paraná é <strong>de</strong> 76,81% e indivíduos <strong>de</strong> cor<br />

parda 19,07%. Portanto, <strong>no</strong>ta-se diferenças substanciais entre essas proporções <strong>no</strong><br />

indivíduo encarcera<strong>do</strong> e na população como um to<strong>do</strong>.<br />

Para A<strong>do</strong>r<strong>no</strong> (1994, p. 01) “[...] não há diferenças entre o “potencial” para o<br />

crime violento revela<strong>do</strong> pelos réus negros comparativamente aos réus brancos, além<br />

disto, réus negros ten<strong>de</strong>m a ser mais persegui<strong>do</strong>s pela vigilância policial,<br />

experimentam maiores obstáculos <strong>de</strong> acesso à justiça criminal e maiores<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> usufruírem <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> ampla <strong>de</strong>fesa, em <strong>de</strong>corrência ten<strong>de</strong>m a<br />

merecer um tratamento penal mais rigoroso, representa<strong>do</strong> pela maior probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> serem puni<strong>do</strong>s comparativamente aos réus brancos”.<br />

Gráfico 2 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por raça<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelo autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

35


A Tabela 2 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

resi<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que o crimi<strong>no</strong>so que atua <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> é<br />

proveniente <strong>do</strong> próprio município. Observa-se que mesmo com a proximida<strong>de</strong> com<br />

municípios como Cambé, Arapongas e Londrina, são poucos que os crimi<strong>no</strong>sos<br />

<strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s que atuam <strong>no</strong> município. Os crimi<strong>no</strong>sos provenientes <strong>de</strong> outros<br />

Esta<strong>do</strong>s geralmente são presos pela Polícia Ro<strong>do</strong>viária Estadual durante<br />

fiscalizações em ônibus, portanto estavam somente <strong>de</strong> passagem pela cida<strong>de</strong>, uma<br />

vez que <strong>do</strong>s 7 (sete) presos <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s, 6 (seis) estão presos por tráfico <strong>de</strong><br />

entorpecentes.<br />

Tabela 2 – a Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem<br />

Cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> residiam os entrevista<strong>do</strong>s Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Rolandia 47 72,32<br />

Arapongas 1 1,54<br />

Londrina 4 6,15<br />

Sarandi 1 1,54<br />

Curitiba 1 1,54<br />

Porecatu 4 6,15<br />

Outros Esta<strong>do</strong>s 7 10,76<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A Tabela 3 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por bairro on<strong>de</strong><br />

resi<strong>de</strong>m. Dos 47 (quarenta e sete) entrevista<strong>do</strong>s que moram em <strong>Rolândia</strong> 29 (vinte e<br />

<strong>no</strong>ve) moram <strong>no</strong>s bairros mais pobres da periferia, que apresentam um gran<strong>de</strong><br />

índice <strong>de</strong> violência.<br />

No município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, como a maioria das cida<strong>de</strong>s brasileiras, existem<br />

bairros como o San Fernan<strong>do</strong>, Santiago, Padre Ângelo entre outras, on<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> é<br />

precário, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as condições <strong>de</strong> moradia até as condições morais para se viver.<br />

36


Tabela 3 -- Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por bairro on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m<br />

Bairro on<strong>de</strong> residiam os entrevista<strong>do</strong>s Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

San Fernan<strong>do</strong> 8 12,29<br />

Jardim Itália 6 9,23<br />

Padre Ângelo 5 7,69<br />

Novo Horizonte 5 7,69<br />

Jardim das Américas 3 4,61<br />

Vila Oliveira 3 4,61<br />

Jardim Aviação 1 1,54<br />

Santiago 1 1,54<br />

Jardim <strong>do</strong> Lago 2 3,08<br />

Monte Carlo II 2 3,08<br />

Califórnia 1 1,54<br />

Ceboleiro 1 1,54<br />

Parque Industrial 1 1,54<br />

Jardim Caviúna 1 1,54<br />

Jardim Nobre I 1 1,54<br />

Centro 4 6,15<br />

Jardim Cida<strong>de</strong> Ver<strong>de</strong> 1 1,54<br />

Sítio Nossa Senhora Aparecida 1 1,54<br />

Outros <strong>Município</strong>s 11 16,93<br />

Outros Esta<strong>do</strong>s 7 10,76<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

Não é difícil observar nestas regiões a presença <strong>de</strong> valores inverti<strong>do</strong>s, ou<br />

seja, o bandi<strong>do</strong> é o mocinho e a polícia é o bandi<strong>do</strong>, o que cria uma tolerância e<br />

proliferação da ativida<strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sa. Este tipo ambiente potencializa a criminalida<strong>de</strong>.<br />

Para Pires (1985), “[...] embora a criminalida<strong>de</strong> não possa ser explicada pelo<br />

aumento da pobreza, é certo que amplas camadas voltadas para o crime jamais<br />

utilizariam esta forma <strong>de</strong> sobrevivência, se a socieda<strong>de</strong> fornecesse oportunida<strong>de</strong>s<br />

mínimas para o seu sustento”.<br />

A exclusão não se refere somente à questão econômica, uma vez que a<br />

inclusão social é um fator que afeta diretamente o custo moral <strong>de</strong> praticar um crime.<br />

Se um indivíduo não se sente parte da socieda<strong>de</strong>, dificilmente irá seguir os valores e<br />

37


<strong>no</strong>rmas impostas por essa socieda<strong>de</strong>. A inclusão social reduz os custos <strong>de</strong> entrada<br />

na ativida<strong>de</strong> ilícita.<br />

A Tabela 4 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

tipo <strong>de</strong> crime cometi<strong>do</strong>, escolarida<strong>de</strong> e rendimentos em salários mínimos, <strong>no</strong>tan<strong>do</strong>-<br />

se que a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possuem escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quinta a oitava série<br />

<strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental, possuem renda <strong>de</strong> um a <strong>do</strong>is salários mínimos, e cometeram<br />

o crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />

A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda é o principal responsável pelo contingente <strong>de</strong><br />

pessoas abaixo da linha <strong>de</strong> pobreza <strong>no</strong> Brasil. O combate a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

retirar da extrema pobreza inúmeros indigentes.<br />

Para Resen<strong>de</strong> (2007, p. 01), “[...] mais que o <strong>de</strong>semprego, a pobreza ou a<br />

baixa escolarida<strong>de</strong>, parece ser a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda o principal fator sócio-<br />

econômico a impulsionar as taxas <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>”.<br />

A falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho dig<strong>no</strong>, <strong>de</strong> salário dig<strong>no</strong>, principalmente<br />

para os mais jovens também é um fator relevante na explicação da criminalida<strong>de</strong>.<br />

Este fator é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> exóge<strong>no</strong> porque está relaciona<strong>do</strong> a uma escolha <strong>de</strong> política<br />

nacional. O Esta<strong>do</strong> brasileiro escolheu gastar a maior parte <strong>de</strong> seus recursos com as<br />

faixas etárias mais altas, pagan<strong>do</strong> aposenta<strong>do</strong>rias, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras faixas<br />

etárias mais propensas à criminalida<strong>de</strong>.<br />

A CPI <strong>do</strong> Me<strong>no</strong>r (1976 apud Farias Júnior, 2001, p 156) cita que “[...] a miséria<br />

é a origem <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os males e a causa imediata da <strong>de</strong>linqüência infanto-juvenil”.<br />

Para Farias Júnior (2001, p. 56-7),<br />

“[...] um quarto da população brasileira assalariada ganha me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> um<br />

salário mínimo, e meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse contingente assalaria<strong>do</strong> ganha entre 1 e 2<br />

salários mínimos. Significa que cerca <strong>de</strong> 70% da população assalariada<br />

ganha me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2 salários mínimos, ou seja, vivem na miséria. Os filhos<br />

<strong>de</strong>sses assalaria<strong>do</strong>s são crianças ou jovens que vivem em situação <strong>de</strong> alto<br />

risco, tanto em matéria <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental como em matéria <strong>de</strong><br />

capacitação para o crime”.<br />

38


Tabela 4 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por tipo <strong>de</strong> crime, escolarida<strong>de</strong> e<br />

renda individual <strong>de</strong>clarada<br />

<strong>Escola</strong>rida<strong>de</strong> Tipo <strong>de</strong> crime Homicídio Roubo Furto Tráfico<br />

Sem<br />

escolarida<strong>de</strong><br />

1.ª a 4.ª série<br />

completa/<br />

incompleta<br />

5.ª a 8.ª série<br />

completa/<br />

incompleta<br />

Ensi<strong>no</strong> médio<br />

completo /<br />

incompleto<br />

Curso superior<br />

Lei Maria<br />

da Penha<br />

Estelionato<br />

Porte<br />

ilegal<br />

arma<br />

39<br />

Receptação Estupro Total<br />

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

De [1/2 a 1 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1<br />

De [1 a 2 SM) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1<br />

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1<br />

Mais <strong>de</strong> 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Total 1 0 0 1 0 0 1 0 0 3<br />

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

De [1/2 a 1 SM) 0 0 2 1 1 1 0 0 0 5<br />

De [1 a 2 SM) 1 3 1 2 1 0 0 0 0 8<br />

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1<br />

Mais <strong>de</strong> 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Total 1 3 3 3 2 1 0 0 1 14<br />

Sem rendimento 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1<br />

Até 1/2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1<br />

De [1/2 a 1 SM) 1 0 1 1 0 0 0 0 0 3<br />

De [1 a 2 SM) 1 1 1 6 2 0 1 1 0 13<br />

De [2 a 3 SM) 0 0 1 2 0 0 0 0 0 3<br />

Mais <strong>de</strong> 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Total 2 1 3 11 2 0 1 1 0 21<br />

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Até 1/2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1<br />

De [1/2 a 1 SM) 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1<br />

De [1 a 2 SM) 1 4 2 3 0 0 0 0 0 10<br />

De [2 a 3 SM) 0 1 0 2 0 0 0 0 0 3<br />

Mais <strong>de</strong> 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Total 1 5 3 6 0 0 0 0 0 15<br />

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

De [1/2 a 1 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

De [1 a 2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1<br />

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Mais <strong>de</strong> 3 SM 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1<br />

Total 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2<br />

Fonte: Elaborada pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.


A falta da escola afeta as pessoas <strong>de</strong> duas formas: na formação <strong>de</strong> valores<br />

morais e na acumulação <strong>de</strong> capital huma<strong>no</strong>. Na primeira forma, a escola assume um<br />

papel fundamental na formação <strong>de</strong> valores morais, pois é na escola que se começa<br />

a interagir e ter relacionamentos fora da família, portanto passa as primeiras <strong>no</strong>ções<br />

<strong>de</strong> convivência em socieda<strong>de</strong>. Os professores, assim como os pais, po<strong>de</strong>m assumir<br />

o papel <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> valores morais, que serão importantes na construção <strong>do</strong>s<br />

valores próprios da criança. Vale lembrar, que estes valores serão auto construí<strong>do</strong>s<br />

e que cada etapa da vida <strong>de</strong> um indivíduo influenciará está construção. Na segunda<br />

forma, a ausência da escola diminuirá seu estoque <strong>de</strong> capital huma<strong>no</strong> individual, que<br />

implicará em baixos retor<strong>no</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> legal <strong>no</strong> futuro e um baixo custo <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>.<br />

Para Farias Júnior (2001, p. 91), “[...] o nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> exerce gran<strong>de</strong><br />

influência na prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito. Po<strong>de</strong>-se aliar a falta <strong>de</strong> educação com a ig<strong>no</strong>rância. A<br />

ig<strong>no</strong>rância é a falta <strong>de</strong> representação da realida<strong>de</strong>; é a falta <strong>de</strong> vislumbre <strong>do</strong>s<br />

horizontes <strong>do</strong>s conhecimentos que só a sabe<strong>do</strong>ria, a cultura e os estímulos<br />

intelectuais po<strong>de</strong>m dar”.<br />

O processo <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> instrui, socializa, abre a mente para os valores da<br />

vida, a importância das relações humanas e a boa convivência social.<br />

Observa-se ainda (Tabela 4) que o crime <strong>de</strong> maior incidência entre os<br />

<strong>de</strong>tentos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> é o tráfico <strong>de</strong> substância entorpecente,<br />

segui<strong>do</strong> pelo crime <strong>de</strong> roubos e furtos, sen<strong>do</strong> que o mesmo fato foi constata<strong>do</strong> por<br />

Schaefer e Shikida (2000), na pesquisa feita na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>-PR .<br />

De acor<strong>do</strong> com A<strong>do</strong>r<strong>no</strong> (1998), “[...] consi<strong>de</strong>ra-se criminalida<strong>de</strong> violenta<br />

aquela que envolve violação grave <strong>de</strong> um direito fundamental, o direito à vida, “é um<br />

crime que coloca em risco a segurança e a vida das pessoas. Geralmente, são os<br />

assaltos, os roubos – como são conheci<strong>do</strong>s tecnicamente – estupros, homicídios. O<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas também é incluí<strong>do</strong>, já que é uma variável extremamente importante<br />

<strong>no</strong> crescimento <strong>de</strong> homicídios”.<br />

Os usuários <strong>de</strong> entorpecentes acabam entran<strong>do</strong> <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime para<br />

pagar o próprio vício, acabam se tornan<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s traficantes, roubam e<br />

até matam para conseguir algum dinheiro para comprar a droga.<br />

40


O Gráfico 3 mostra a distribuição <strong>de</strong> renda individual em salários mínimos <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a cor da pele <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. Fica caracteriza<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s mesmo sen<strong>do</strong> branco e não branco possui renda igual, entre um<br />

salário mínimo a <strong>do</strong>is salários mínimos, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que o fato <strong>de</strong> possuirem<br />

renda, mesmo sen<strong>do</strong> baixa, não os impediu <strong>de</strong> ingressarem <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime.<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

S E M<br />

R E NDIME NTO<br />

R E ND A E M S AL ÁR IOS MINIMOS<br />

ATÉ 1/2 S M) DE [1/2 A 1 S M) DE [1 A 2 S M) DE [2 A 3 S M) MAIS DE 3 S M<br />

B R ANC OS Ñ B R ANC OS<br />

Gráfico 3 – Distribuição <strong>de</strong> renda Individual em salário mínimo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com a cor da pele.<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

No Gráfico 4 encontra-se a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por escolarida<strong>de</strong>,<br />

segun<strong>do</strong> a cor da pele. Observa-se que tanto os brancos como os não brancos<br />

possuem algum tipo <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, porém observa-se que <strong>no</strong> campo sem<br />

escolarida<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> brancos é maior que o <strong>de</strong> não brancos, sen<strong>do</strong> que o mesmo<br />

ocorre <strong>no</strong> campo <strong>de</strong> 5ª a 8ª série completa/incompleta, porém os entrevista<strong>do</strong>s que<br />

possuem curso superior são brancos.<br />

41


20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

SEM ESCOLARIDADE 1.ª A 4.ª SÉRIE<br />

COMPLETA /<br />

INCOMPLETA<br />

ESCOLARIDADE<br />

5.ª A 8.ª SÉRIE<br />

COMPLETA /<br />

INCOMPLETA<br />

BRANCOS Ñ BRANCOS<br />

ENSINO MÉDIO<br />

COMPLETO /<br />

INCOMPLETO<br />

CURSO SUPERIOR<br />

Gráfico 4 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por escolarida<strong>de</strong> e cor da<br />

pele<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A Tabela 5 traz a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme a situação familiar.<br />

Observou-se que mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s (56,92%) não resi<strong>de</strong> com os<br />

pais, isto ocorre em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que apenas 7 (sete) <strong>de</strong>tentos são me<strong>no</strong>res <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

os <strong>de</strong>mais variam em ida<strong>de</strong>s que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 18 até 71 a<strong>no</strong>s. Nesta faixa etária a<br />

gran<strong>de</strong> maioria já constituiu a própria família, ou já é responsável pela própria vida.<br />

Pinatel (1979) diz que “[...] com o fator familiar chega-se à raiz mais profunda<br />

da criminalida<strong>de</strong>”. As características da família <strong>de</strong>terminam um conjunto inicial <strong>de</strong><br />

valores que po<strong>de</strong>m afetar a vida <strong>do</strong> indivíduo para sempre. Dos presos recolhi<strong>do</strong>s a<br />

Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, observa-se que 56,92% têm pais separa<strong>do</strong>s (Tabela 5).<br />

De acor<strong>do</strong> com Farias Júnior (2001, p. 89), “[...] a família exerce papel<br />

<strong>de</strong>cisivo na formação da personalida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>sintegração da família, a ausência da<br />

unida<strong>de</strong> familiar, a situação familiar conflitiva, são fatores sintomáticos da etiologia<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da criminalida<strong>de</strong>, isto é, são fatores suscetíveis <strong>de</strong> fundar o<br />

prognóstico crimi<strong>no</strong>lógico”.<br />

42


Tabela 5 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por condição familiar<br />

Resi<strong>de</strong> com os Pais? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Sim 28 43,08<br />

Não 37 56,92<br />

Total 65 100<br />

Pais Separa<strong>do</strong>s? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Sim 37 56,92<br />

Não 28 43,08<br />

Total 65 100<br />

Possui Depen<strong>de</strong>ntes? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Sim 35 53,85<br />

Não 30 46,15<br />

Total 65 100<br />

Com quem foi cria<strong>do</strong>? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Pais 30 46,15<br />

Mãe 29 44,62<br />

Avó, irmãos, outros 06 9,23<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

Tem-se a tendência em acreditar que pessoas que têm filhos ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

como pais ou irmãos, têm me<strong>no</strong>s probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressarem <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime,<br />

porém não é o que se percebe na população carcerária <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, on<strong>de</strong> 53,85%<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possuem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

Os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> crimi<strong>no</strong>sos têm direito a receber o Auxílio Reclusão que é<br />

um <strong>do</strong>s benefícios concedi<strong>do</strong>s pela Previdência Social, que é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> nas mesmas<br />

condições <strong>de</strong> pensão por morte aos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> segura<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa renda<br />

recolhi<strong>do</strong> à prisão. O principal objetivo <strong>de</strong>ste benefício é garantir à família <strong>do</strong> preso<br />

um mínimo <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>.<br />

Porém, muitos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> presidiários <strong>de</strong>sconhecem a existência <strong>de</strong>ste<br />

benefício, que muitas vezes po<strong>de</strong>ria funcionar como um meio <strong>de</strong> afastamento <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime, já que dá uma condição mais digna da família sobreviver.<br />

Nota-se ainda na Tabela 5 que 53,85% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s foram cria<strong>do</strong>s ou só<br />

pela mãe, ou por avós, irmãos e até mesmo sozinhos. Isto <strong>de</strong>monstra que a falta da<br />

43


estrutura familiar tradicional, composta <strong>de</strong> pai, mãe e irmãos também afeta os<br />

indivíduos, tornan<strong>do</strong>-os mais propensos a ingressar na criminalida<strong>de</strong>.<br />

Apesar das famílias chefiadas por mulheres serem cada vez mais comuns,<br />

elas representam um fator <strong>de</strong> risco mais <strong>do</strong> que um fator <strong>de</strong> proteção com relação à<br />

criminalida<strong>de</strong>, uma vez que possuem vários problemas, como a redução da renda<br />

familiar, pois há somente uma fonte <strong>de</strong> renda, e vão até problemas para a criação<br />

<strong>do</strong>s filhos. Como a chefe <strong>de</strong> família é a responsável pelo sustento da residência, não<br />

é incomum a criação <strong>do</strong>s indivíduos por irmãos mais velhos, por outros familiares e<br />

em casos extremos, até o aban<strong>do</strong><strong>no</strong> <strong>do</strong>s mesmos, que acabam em situação <strong>de</strong> rua.<br />

Estes problemas afetam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> indivíduo, incluin<strong>do</strong> o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento moral. Logo as famílias chefiadas por mulheres representam uma<br />

condição <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> que afeta positivamente a criminalida<strong>de</strong>.<br />

A Tabela 6 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong> confrontan<strong>do</strong> a cor<br />

da pele com a religião e se são praticantes ou não da religião. Observou-se que a<br />

maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, tanto os brancos como os não brancos, se i<strong>de</strong>ntificam<br />

como católicos, porém praticamente 50% <strong>de</strong>les não são praticantes da religião. Dos<br />

entrevista<strong>do</strong>s que se <strong>de</strong>claram evangélicos a gran<strong>de</strong> maioria não é praticante da<br />

religião.<br />

Tabela 6 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme religião, cor da pele e se<br />

Brancos<br />

Ñ Brancos<br />

pratica ou não a religião<br />

Religião Ñ tem Religião Católico Evangélico Espírita Can<strong>do</strong>mblé Total<br />

Ñ Praticante 4 10 3 0 0 17<br />

Praticante 0 9 1 0 1 11<br />

Total 4 19 4 0 1 28<br />

Ñ Praticante 5 11 7 0 0 23<br />

Praticante 0 11 2 1 0 14<br />

Total 5 22 9 1 0 37<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

44


Segun<strong>do</strong> Farias Júnior (2001, p. 88), “[...] a religião, quan<strong>do</strong> praticada com<br />

<strong>de</strong>votamento, proporciona evolução espiritual e moral capaz <strong>de</strong> opor tendências ao<br />

<strong>de</strong>suma<strong>no</strong> materialismo <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos dias e estimula o aperfeiçoamento, a ampliação e<br />

o aprofundamento <strong>do</strong>s sentimentos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong>. Uma pessoa<br />

com esses sentimentos não pratica crimes”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Borilli e Shikida (2002 e 2003, p. 16), “[...] indivíduos<br />

praticantes <strong>de</strong> qualquer religião ten<strong>de</strong>m a cometer me<strong>no</strong>s crimes violentos por<br />

possuírem “restrições/travas” morais melhor <strong>de</strong>finidas”.<br />

Porém, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Farias Júnior (2001, p. 88), “[...] o que há nas prisões é<br />

muita simulação com o intuito <strong>de</strong> obter certas vantagens. Entretanto, há presos que<br />

se convertem verda<strong>de</strong>iramente a uma seita religiosa. Entregam-se por inteiro à<br />

religião e não voltam mais ao crime, mais isso acontece muito raramente”.<br />

Tabela 7 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme a profissão<br />

Profissão Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Doméstica 2 3,08<br />

Costureira 2 3,08<br />

Metalúrgico, Funileiro, Aux. Mecânico, Solda<strong>do</strong>r 5 7,69<br />

Abana<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Café, Lavra<strong>do</strong>r, Jardineiro 3 4,61<br />

Aux. Serviços Gerais 9 13,84<br />

Pedreiro, Ajudante <strong>de</strong> Pedreiro, Pintor 9 13,84<br />

Estudante 2 3,08<br />

Ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r, Balconista 3 4,61<br />

Taxista, Moto Taxista, Motorista 5 7,69<br />

Cata<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Papel, Chapeiro 2 3,08<br />

Professor, Téc. Informática, Gerente <strong>de</strong> Compras 3 4,61<br />

Cozinheiro, Marceneiro, Frentista 4 6,15<br />

Artesão, Autô<strong>no</strong>mo 3 4,61<br />

Opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Máquina 4 6,15<br />

Agente <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Segurança 2 3,08<br />

Entrega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong> 1 1,54<br />

Monta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Isolamento térmico 1 1,54<br />

Profissional <strong>do</strong> sexo 1 1,54<br />

Não Possui Profissão 4 6,15<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

45


A Tabela 7 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s conforme a profissão<br />

<strong>de</strong> cada um. Percebe-se que para a maioria das profissões citadas o grau <strong>de</strong><br />

instrução exigi<strong>do</strong> é baixo, portanto a remuneração também é pouca, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong><br />

que o fato <strong>de</strong> estarem emprega<strong>do</strong>s, porém possuírem baixa remuneração não<br />

impe<strong>de</strong> que indivíduos migrem para a criminalida<strong>de</strong>.<br />

O Gráfico 5 mostra a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por situação empregatícia.<br />

Observa-se que apenas 35,39% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s estavam <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s na<br />

ocasião em que cometeram o crime, sen<strong>do</strong> que <strong>de</strong>stes 15,39% estavam procuran<strong>do</strong><br />

emprego. Porém, a gran<strong>de</strong> maioria (63,07%) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s estava emprega<strong>do</strong>.<br />

Isto <strong>de</strong>monstra que o problema da criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> não está<br />

na falta <strong>de</strong> empregos.<br />

Muito se tem comenta<strong>do</strong> a respeito da relação que existe entre o <strong>de</strong>semprego<br />

e a criminalida<strong>de</strong>, porém, como a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possui<br />

profissões com baixa remuneração, resi<strong>de</strong> em bairros pobres da periferia, possui<br />

pouca instrução, migra para a criminalida<strong>de</strong> como uma forma <strong>de</strong> resolver problemas<br />

financeiros e tentar melhorar <strong>de</strong> vida, uma vez que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s presos alega ter<br />

cometi<strong>do</strong> o crime por necessida<strong>de</strong> financeira.<br />

15%<br />

20%<br />

2%<br />

63%<br />

Emprega<strong>do</strong> Desemprega<strong>do</strong> / Procurava Emprego<br />

Desemprega<strong>do</strong> / Não Procurava Emprego Não Respon<strong>de</strong>u<br />

Gráfico 5 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por situação empregatícia<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelos autores com base <strong>no</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

46


A Tabela 8 traz a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por ida<strong>de</strong> com que praticaram<br />

o primeiro crime. Observa-se que 72,32% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s praticaram o primeiro<br />

<strong>de</strong>lito antes <strong>do</strong>s 25 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Nota-se ainda que somente 19,99% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s cometeram o primeiro crime entre os 26 e 40 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e apenas<br />

7,69% <strong>do</strong>s presos cometeram o crime com mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Isto reforça a<br />

teoria <strong>de</strong> que os jovens são mais propensos à criminalida<strong>de</strong>.<br />

Tabela 8 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ida<strong>de</strong> com que<br />

praticou o primeiro <strong>de</strong>lito<br />

Ida<strong>de</strong> com que praticou o primeiro <strong>de</strong>lito: Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Me<strong>no</strong>r <strong>de</strong> 18 a<strong>no</strong>s 22 33,85<br />

De 18 a 20 a<strong>no</strong>s 15 23,08<br />

De 21 a 25 a<strong>no</strong>s 10 15,39<br />

De 26 a 30 a<strong>no</strong>s 6 9,23<br />

De 31 a 35 a<strong>no</strong>s 3 4,61<br />

De 36 a 40 a<strong>no</strong>s 4 6,15<br />

Mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s 5 7,69<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A Tabela 9 apresenta os entrevista<strong>do</strong>s conforme uso ou não <strong>de</strong> substância<br />

entorpecente. Percebe-se que 66,16% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s respon<strong>de</strong>ram que não faz<br />

uso <strong>de</strong> substância entorpecente, sen<strong>do</strong> que 33,84% usam drogas como maconha,<br />

cocaína e crack.<br />

A cocaína e o crack são drogas classificadas como estimulantes e provocam<br />

excitação, euforia, hiperativida<strong>de</strong>, insônia, perda <strong>de</strong> apetite, pupilas dilatadas, enfim,<br />

<strong>de</strong>ixa a pessoa “ligada”. A maconha é classificada como alucinóge<strong>no</strong> e causa<br />

euforia, relaxamento das inibições, aumento <strong>de</strong> apetite e comportamento<br />

<strong>de</strong>sorienta<strong>do</strong>.<br />

Os mais jovens <strong>no</strong>rmalmente começam a usar drogas consi<strong>de</strong>radas mais<br />

leves como a maconha e a cola, <strong>de</strong>pois migram para as mais pesadas como cocaína<br />

e o crack.<br />

47


Tabela 9 -- Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por uso ou não <strong>de</strong> substância<br />

entorpecente<br />

Faz uso <strong>de</strong> substância entorpecente/ Qual? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Maconha 12 18,46<br />

Cocaína 1 1,54<br />

Crack 9 13,84<br />

Não 43 66,16<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

O crack é uma pasta <strong>de</strong> coca, ou seja, é a coca que não passou pelo<br />

refinamento, o que o torna muito mais barato, porém ele torna o usuário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

em muito pouco tempo em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mais ativo que a cocaína.<br />

A Tabela 10 mostra os entrevista<strong>do</strong>s que possuem amigos que já praticaram<br />

crimes. Fican<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que apenas 32,31% <strong>de</strong>les não têm amigos <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> crime, sen<strong>do</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria convive com outros crimi<strong>no</strong>sos, o que acaba<br />

colaboran<strong>do</strong> para que os que estão próximos também participem.<br />

Tabela 10 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s se tem ou não amigos que já<br />

praticaram crimes e o tipo <strong>de</strong> crime cometi<strong>do</strong><br />

Tem amigos que já praticaram crimes? Qual? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Homicídio 8 12,30<br />

Tentativa <strong>de</strong> Homicídio 1 1,54<br />

Roubo 21 32,31<br />

Furto 6 9,23<br />

Tráfico <strong>de</strong> drogas 7 10,77<br />

Sim, mas não especificou o crime 1 1,54<br />

Não 21 32,31<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

O Gráfico 6 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que cometeram o<br />

crime por influência <strong>de</strong> substância entorpecente ou álcool, uma vez que o uso <strong>de</strong><br />

48


substância entorpecente ou mesmo <strong>de</strong> álcool é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s fatores que<br />

influenciam na criminalida<strong>de</strong>. Porém, isso não se confirma entre os entrevista<strong>do</strong>s da<br />

Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> porque a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s (60%) afirma que<br />

não estava sob o efeito <strong>de</strong> substância entorpecente <strong>no</strong> momento <strong>do</strong> crime.<br />

Dos 20 (vinte) entrevista<strong>do</strong>s que cometeram o crime sob o efeito <strong>de</strong><br />

substância entorpecente ou álcool 7 (sete) praticaram furto, 5 (cinco) praticaram<br />

roubo, 4 (quatro) estavam trafican<strong>do</strong>, 2 (<strong>do</strong>is) cometeram agressão contra mulher, 1<br />

(um) praticou estupro e 1 (um) homicídio.<br />

31%<br />

Não Sim<br />

69%<br />

Gráfico 6 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que agiram por influência <strong>de</strong><br />

substância entorpecente ou álcool<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A Tabela 11 apresenta os entrevista<strong>do</strong>s analisan<strong>do</strong> os motivos que os<br />

levaram a cometer crimes. Nota-se que 24 (vinte e quatro) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s alegam<br />

ter cometi<strong>do</strong> o crime por necessida<strong>de</strong> financeira, porém 14 (quatorze) <strong>de</strong>stes<br />

estavam emprega<strong>do</strong>s. Dos que cometeram o crime por influência <strong>de</strong> amigos apenas<br />

1 (um) tem mais <strong>de</strong> 23 a<strong>no</strong>s. Dos que praticaram o crime por espírito <strong>de</strong> aventura 6<br />

(seis) cometeram roubo e furto, 2 (<strong>do</strong>is) estavam trafican<strong>do</strong>, 3 (três) são me<strong>no</strong>res <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>.<br />

49


Para Borilli e Shikida (2002 e 2003, p. 16), “[... ]a indução <strong>de</strong> parceiros (ditos<br />

“companheiros/amigos”) é uma das principais variáveis motivacionais para a<br />

migração para ativida<strong>de</strong>s ilícitas”.<br />

Tabela 11 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por motivo <strong>do</strong> crime<br />

Por que motivo cometeu o crime? Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Necessida<strong>de</strong> Financeira 24 36,93<br />

Influência <strong>de</strong> Substância entorpecente 12 18,46<br />

Influência <strong>de</strong> amigos 8 12,31<br />

Espírito <strong>de</strong> aventura 8 12,31<br />

Problemas Pessoais 7 10,77<br />

Crime Passional 3 4,61<br />

Outros 3 4,61<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

Tabela 12 – Distribuição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s por sugestões para diminuir a<br />

criminalida<strong>de</strong> local<br />

O que <strong>de</strong>veria ser feito para diminuir a<br />

criminalida<strong>de</strong> em <strong>Rolândia</strong>?<br />

50<br />

Quantida<strong>de</strong> Porcentagem<br />

Maior oferta <strong>de</strong> empregos 39 60<br />

Aumento <strong>do</strong> efetivo policial 2 3,08<br />

Mais oportunida<strong>de</strong>s na educação local 18 27,69<br />

Mais políticas públicas para aten<strong>de</strong>r população<br />

carente<br />

5 7,69<br />

Mais Justiça 1 1,54<br />

Total 65 100<br />

Fonte: Elaborada pelos autores a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A Tabela 12 mostra as sugestões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s para diminuir a<br />

criminalida<strong>de</strong> <strong>no</strong> município <strong>de</strong> Rolandia. Notan<strong>do</strong>-se que 60% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

respon<strong>de</strong>ram que <strong>de</strong>veria haver maior oferta <strong>de</strong> empregos. Porém 63,07% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s estavam emprega<strong>do</strong>s na ocasião em que cometeu o crime. Outra


sugestão <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s é oferecer maiores oportunida<strong>de</strong>s na educação local<br />

(27,69%).<br />

Observa-se que a criação <strong>de</strong> empregos po<strong>de</strong> ser um redutor da criminalida<strong>de</strong>,<br />

porém, os profissionais <strong>de</strong>vem ganhar o suficiente para ter uma vida digna, com<br />

acesso à educação e lazer.<br />

4.4 Síntese Conclusiva <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa <strong>de</strong> Campo<br />

Dos 96 (<strong>no</strong>venta e seis) presos recolhi<strong>do</strong>s a Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong><br />

foram entrevista<strong>do</strong>s 65 (sessenta e cinco), ou seja, 67,71% da população carcerária<br />

<strong>do</strong> município. Destes 10 (<strong>de</strong>z) são <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong> e 55 (cinqüenta e cinco) são <strong>do</strong><br />

sexo masculi<strong>no</strong>. As ida<strong>de</strong>s variam entre 13 e 71 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> que a gran<strong>de</strong><br />

maioria está entre os 18 e 30 a<strong>no</strong>s, sugerin<strong>do</strong> que o crimi<strong>no</strong>so <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, como<br />

nas <strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país, é jovem.<br />

Observou-se que <strong>do</strong> total <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s 67,68% têm ida<strong>de</strong> entre 13 e 30<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s crimi<strong>no</strong>sos é <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (84,61%),<br />

sen<strong>do</strong> que apenas 15,39% são <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong>. No que se refere à cor 56,92% <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>tentos são <strong>de</strong> cor negra e parda e 43,08% são <strong>de</strong> cor branca. Não há nenhum<br />

<strong>de</strong>tento <strong>de</strong> cor amarela ou indígena. 72,32% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>m em<br />

<strong>Rolândia</strong>, 16,92% resi<strong>de</strong>m em cida<strong>de</strong>s próximas e 10,76% são provenientes <strong>de</strong><br />

outros Esta<strong>do</strong>s. A gran<strong>de</strong> maioria mora em bairros da periferia da cida<strong>de</strong>, com altos<br />

índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> como o San Fernan<strong>do</strong>, Padre Ângelo, Santiago etc.<br />

Quanto à situação financeira individual <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s 13,84% não<br />

possuem renda nenhuma e 47,70% vivem com até R$ 500,00 (quinhentos) reais<br />

mensais. Apenas um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possui renda maior <strong>de</strong> R$ 1.001,00 (mil e um<br />

reais). A renda familiar <strong>de</strong> 63,08% <strong>do</strong>s presos é <strong>de</strong> até R$1.000,00 (mil reais)<br />

mensais. Somente quatro <strong>de</strong>tentos possuem renda familiar maior que R$2.000,00<br />

(<strong>do</strong>is mil reais).<br />

51


Dos entrevista<strong>do</strong>s, 56,92% não resi<strong>de</strong>m com os pais, sen<strong>do</strong> que 56,95% têm<br />

pais separa<strong>do</strong>s. 53,85% possuem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Nota-se ainda que 53,85% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s foram cria<strong>do</strong>s ou só pela mãe, ou por avós, irmãos e até mesmo<br />

sozinhos.<br />

Quanto à religião 84,61% <strong>do</strong>s presos possuem algum tipo <strong>de</strong> religião como a<br />

católica, evangélica, espírita e can<strong>do</strong>mblé. 15,39% <strong>do</strong>s presos disseram não possuir<br />

religião alguma. Porém apenas 38,47% são praticantes.<br />

As profissões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cata<strong>do</strong>r <strong>de</strong> papel, <strong>do</strong>méstica,<br />

pedreiro, ajudante <strong>de</strong> pedreiro, frentista, pintor até professor, técnico em informática<br />

e gerente <strong>de</strong> compras, porém a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possui profissões<br />

com me<strong>no</strong>r remuneração.<br />

Quanto à situação empregatícia constata-se que 63,07% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

estavam emprega<strong>do</strong>s na ocasião em que cometeram o crime e 35,39% estavam<br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. 70,76% vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o analfabetismo até o Ensi<strong>no</strong> Fundamental<br />

completo. Somente 3,08% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s possuem curso superior.<br />

Percebe-se ainda que 72,32% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s praticaram o primeiro <strong>de</strong>lito<br />

antes <strong>do</strong>s 25 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, 19,99% cometeram o primeiro crime entre os 26 e 40<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e apenas 7,69% <strong>do</strong>s presos cometeram o crime com mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. 66,16% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s respon<strong>de</strong>u que não faz uso <strong>de</strong> substância<br />

entorpecente, sen<strong>do</strong> que 33,84% usam drogas como maconha, cocaína e crack.<br />

Apenas 32,31% <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos não têm amigos que já praticaram crimes,<br />

sen<strong>do</strong> que os <strong>de</strong>mais possuem amigos que já praticaram homicídios, roubo, furto,<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas, etc. 78,45% dizem não ter utiliza<strong>do</strong> armas para cometer o crime,<br />

15,39% utilizaram armas <strong>de</strong> fogo e 3,08% utilizaram arma branca.<br />

O crime que mais ocorre <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong> é o tráfico <strong>de</strong> substância<br />

entorpecente (38,49%), segui<strong>do</strong> pelo crime <strong>de</strong> roubo (20%) e furto (15,39%). 69,23%<br />

alegam que não estavam sob efeito <strong>de</strong> substância entorpecente <strong>no</strong> momento em<br />

que cometeram o crime, 30,77% tinham usa<strong>do</strong> algum tipo <strong>de</strong> droga.<br />

52


Observa-se que 36,93% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s alegam que cometeram o crime<br />

por necessida<strong>de</strong> financeira, porém a maioria <strong>de</strong>les estava empregada na ocasião em<br />

que cometeu o crime. 18,46% estavam sob influência <strong>de</strong> substância entorpecente.<br />

Os mais jovens dizem ter cometi<strong>do</strong> o crime por influência <strong>de</strong> amigos ou espírito <strong>de</strong><br />

aventura.<br />

A maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s acredita que para acabar com a criminalida<strong>de</strong> em<br />

<strong>Rolândia</strong> é necessário a criação <strong>de</strong> mais empregos (60%), 27,69% acham que <strong>de</strong>ve<br />

haver mais oportunida<strong>de</strong>s na educação local. 7,69% dizem que é necessário a<br />

criação <strong>de</strong> mais políticas públicas para aten<strong>de</strong>r a população carente.<br />

87,69% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s foram presos pela Polícia Militar, 12,31% pela<br />

Polícia Civil, <strong>de</strong>stes meta<strong>de</strong> foram presos em operações conjuntas pelas Polícias<br />

Civil e Militar.<br />

Existem 10 (<strong>de</strong>z) <strong>de</strong>tentas <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong> recolhidas na Ca<strong>de</strong>ia Pública<br />

local, estas estão numa faixa etária entre 20 e 43 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Todas estão presas<br />

por tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes. Destas 6 (seis) são pardas e 4 (quatro) são<br />

brancas. Oito são católicas duas são evangélicas. Seis são <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>, uma <strong>de</strong><br />

Londrina e três <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s. Cinco possuem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e cinco não<br />

possuem. Seis estavam <strong>de</strong>sempregadas na ocasião em que cometeram os crimes,<br />

<strong>de</strong>stas cinco procuravam emprego. Quatro estavam empregadas. Somente uma tem<br />

o Ensi<strong>no</strong> Médio completo e uma tem curso superior. Quatro são usuárias <strong>de</strong> drogas.<br />

Nenhuma utilizou arma <strong>no</strong> crime. Sete alegam ter cometi<strong>do</strong> o crime por necessida<strong>de</strong><br />

financeira. Oito acreditam que a criminalida<strong>de</strong> diminuirá com maior oferta <strong>de</strong><br />

empregos.<br />

Observou-se ainda que os entrevista<strong>do</strong>s mais jovens (com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>), em geral são mais violentos, são os que utilizam armas, principalmente <strong>de</strong><br />

fogo, para a execução <strong>de</strong> seus crimes. Ingressaram na vida crimi<strong>no</strong>sa quan<strong>do</strong> ainda<br />

eram me<strong>no</strong>res <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. São usuários <strong>de</strong> drogas.<br />

Dos entrevista<strong>do</strong>s mais velhos (acima <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>) apenas um<br />

cometeu o primeiro crime quan<strong>do</strong> era me<strong>no</strong>r <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, somente um utilizou arma<br />

para cometer o crime.<br />

53


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O combate à criminalida<strong>de</strong> tem se revesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> matizes vários a refletir as<br />

concepções <strong>do</strong>minantes sobre a natureza e as causas da conduta <strong>de</strong>lituosa. Para se<br />

combater a criminalida<strong>de</strong> efetivamente é necessário atacar os fatores que levam<br />

indivíduos a ingressarem <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime. Acabar com a criminalida<strong>de</strong> é uma<br />

tarefa muito difícil, mas é possível minimiza-la com algumas atitu<strong>de</strong>s por parte <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e da própria socieda<strong>de</strong>.<br />

A criminalida<strong>de</strong> se forma na miséria, na falta <strong>de</strong> alimentação, na falta <strong>de</strong><br />

estrutura familiar, na falta <strong>de</strong> valores morais, escolares e culturais, na falta <strong>de</strong><br />

perspectiva para um futuro melhor.<br />

Combater a criminalida<strong>de</strong> não é tarefa apenas das Polícias Civil e Militar, é<br />

uma tarefa para governantes, po<strong>de</strong>r judiciário, ministério público, polícias e to<strong>do</strong>s os<br />

<strong>de</strong>mais segmentos da socieda<strong>de</strong>.<br />

As polícias <strong>de</strong>vem ser melhor preparadas e equipadas tanto para o combate<br />

como para a prevenção da criminalida<strong>de</strong>. As ações <strong>de</strong> polícia comunitária vêm<br />

apresentan<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> são implantadas. Programas <strong>de</strong> prevenção ao<br />

uso <strong>de</strong> drogas como o PROERD, que é realiza<strong>do</strong> pela Polícia Militar para alu<strong>no</strong>s da<br />

4ª série <strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> Fundamental <strong>de</strong> escolas públicas também tem apresenta<strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong>s satisfatórios.<br />

A Polícia Civil <strong>de</strong>ve ser melhor estruturada, <strong>no</strong> que tange ao efetivo, uma vez<br />

que atualmente os policiais não conseguem sair <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro das <strong>de</strong>legacias para a<br />

investigação <strong>de</strong> crimes, em virtu<strong>de</strong> da superpopulação <strong>de</strong> presos nas ca<strong>de</strong>ias<br />

públicas. Este fato gera a sensação <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> crime cometi<strong>do</strong>, ninguém irá<br />

investigá-lo.<br />

Campanhas como a <strong>do</strong> <strong>de</strong>sarmamento e para <strong>de</strong>sestímulo <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

entorpecentes em geral (bebidas alcoólicas, maconha, crack etc.) são outro fator que<br />

contribuirá para a diminuição das taxas <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>.<br />

54


Observou-se, neste trabalho, que o crime <strong>de</strong> maior incidência em <strong>Rolândia</strong> é<br />

o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bran<strong>do</strong>-se ainda em mais crimes, como homicídios,<br />

roubos e furtos. Portanto, é preciso combater o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes <strong>de</strong> forma<br />

mais efetiva, com punições mais severas aos traficantes. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve criar<br />

centros <strong>de</strong> tratamento para os usuários, bem como investir na prevenção, evitan<strong>do</strong><br />

que crianças e a<strong>do</strong>lescentes em situação <strong>de</strong> risco fiquem com tempo ocioso e<br />

sozinhos enquanto os pais trabalham fora.<br />

A presente pesquisa mostra que 35,36% <strong>do</strong>s crimi<strong>no</strong>sos que agem em<br />

<strong>Rolândia</strong> são provenientes <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “morro”, que compreen<strong>de</strong> os bairros San<br />

Fernan<strong>do</strong>, Jardim Itália, Padre Ângelo, Jardim Primavera, Conjunto Aviação e Jardim<br />

das Américas. Porém, os bairros mais afeta<strong>do</strong>s com a criminalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

da<strong>do</strong>s da Polícia Militar, são: Centro, Vila Oliveira, Jardim Novo Horizonte e Bairro<br />

Santiago. O Bairro San Fernan<strong>do</strong> e o Santiago são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os mais violentos,<br />

<strong>no</strong>rmalmente com ocorrências que envolvem brigas e homicídios entre traficantes.<br />

Para combater a criminalida<strong>de</strong> nesses locais será necessário maior implementação<br />

<strong>do</strong> policiamento, com operações maciças tanto da Polícia Civil como da Polícia<br />

Militar.<br />

Combater o <strong>de</strong>semprego através <strong>de</strong> melhor preparo da mão <strong>de</strong> obra já<br />

existente, ou seja, <strong>de</strong> adultos que estão <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, porém sem a<br />

<strong>de</strong>vida qualificação profissional.<br />

É necessário criar incentivos aos trabalha<strong>do</strong>res rurais para evitar que eles<br />

aban<strong>do</strong>nem a zona rural e se <strong>de</strong>sloquem para a zona urbana em busca <strong>de</strong> melhores<br />

condições <strong>de</strong> vida, aumentan<strong>do</strong> os bolsões <strong>de</strong> pobreza que afetam praticamente<br />

todas as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país.<br />

Criar campanhas <strong>de</strong> controle da natalida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r as camadas mais<br />

baixas da população, já que é nestas camadas que a miséria é maior e as famílias<br />

são mais numerosas.<br />

Reduzir a sensação <strong>de</strong> impunida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res Executivo,<br />

Legislativo, Judiciário e Ministério Público, com sanções céleres, eficientes e<br />

eficazes.<br />

55


Constatou-se que 72,32% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s praticaram o primeiro <strong>de</strong>lito antes<br />

<strong>do</strong>s 25 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Com base neste resulta<strong>do</strong>, sugere-se que os jovens sejam<br />

motiva<strong>do</strong>s a exercerem ativida<strong>de</strong>s lícitas e se tornarem membros atuantes da<br />

socieda<strong>de</strong> em que vivem. Para isso, sugere-se a implantação <strong>de</strong> centros <strong>de</strong><br />

assistência às crianças e a<strong>do</strong>lescentes, on<strong>de</strong> os mesmos tenham maior acesso à<br />

educação, esportes, bem como cursos <strong>de</strong> formação técnica e profissional. Além<br />

disto, firmar convênios entre centros <strong>de</strong> formação e capacitação <strong>de</strong> jovens e<br />

empresários locais para inseri-los <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho assim que concluírem o<br />

curso.<br />

A educação é a melhor forma <strong>de</strong> se prevenir a criminalida<strong>de</strong>, porém <strong>de</strong>ve ser<br />

uma educação com qualida<strong>de</strong>. A escola pública <strong>de</strong>ve oferecer aos seus alu<strong>no</strong>s<br />

materiais educativos, espaço para esporte e lazer com mais qualida<strong>de</strong>. Se a criança<br />

e o a<strong>do</strong>lescente tiverem uma boa escola, uma excelente educação familiar,<br />

educação moral, profissional, cívica, ambiental e religiosa já será um gran<strong>de</strong> passo<br />

na prevenção da criminalida<strong>de</strong>.<br />

Por fim, <strong>de</strong>ve-se buscar a solidificação da família como pilar <strong>de</strong> todas as<br />

ações <strong>de</strong> combate às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e à criminalida<strong>de</strong>.<br />

56


6. REFERÊNCIAS<br />

ADORNO, Sérgio. Violência Criminal <strong>no</strong> Brasil. Demografia da Violência.<br />

Brasília: CNPD, 1998.<br />

ADORNO, S. e col. A criminalida<strong>de</strong> negra <strong>no</strong> banco <strong>do</strong>s réus: discriminação e<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>no</strong> acesso à justiça penal. Relatório <strong>de</strong> pesquisa. São Paulo: Núcleo<br />

<strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s da Violência, 1994. (Fundação Ford, CNPq e FAPESP).<br />

BALBINOTTO NETO, G. A teoria econômica <strong>do</strong> crime. Revista Lea<strong>de</strong>r, Edição n.<br />

35. Fev./2003. Disponível em: http://www.iee.com.br/lea<strong>de</strong>r/edicao_35/in<strong>de</strong>x.asp<br />

Acesso em: 20/11/2007.<br />

BECKER, G. S. Crime and punishment: an eco<strong>no</strong>mic approach. Journal of<br />

political eco<strong>no</strong>my. v. 76. n. 01. 1968. p. 169-217.<br />

BENOÎT, J. P.; OSBORNE, M. J. Crime, punishment, and social expenditure.<br />

Journal of Institutional and Theoretical Eco<strong>no</strong>mics. v. 151, n. 02. 1995. p.326-347.<br />

BORILLI, S. P.; SHIKIDA, P. F. A. Eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime: Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso nas<br />

penitenciárias paranaenses. 2005.<br />

CARRARA, Francisco. Programme <strong>de</strong> cours <strong>de</strong> droit criminel. Trad. Francesa <strong>de</strong><br />

Paul Bare, 4 ed., Paris, 1876<br />

Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito. A Realida<strong>de</strong> Brasileira <strong>do</strong> Me<strong>no</strong>r. Câmara <strong>do</strong>s<br />

Deputa<strong>do</strong>s, 1976.<br />

DURKHEIN, Emile. Regras <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> Sociológico, 1885.<br />

ENGEL, L. E. F. A eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime <strong>no</strong> Paraná: Um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso na<br />

Penitenciária Industrial <strong>de</strong> Cascavel. Tole<strong>do</strong>. 2003. Mo<strong>no</strong>grafia (Bacharel em<br />

57


Ciências Econômicas) – Centro <strong>de</strong> Ciências Sociais Aplicadas, Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>do</strong> Oeste <strong>do</strong> Paraná, Campus <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>.<br />

EHRLICH, I. Participation in illegitimate activities: an theoretical and empirical<br />

investigation. Journal of Political Eco<strong>no</strong>my, v. 81, p. 521-565, 1973.<br />

ESPINOZA. Olga. Mulheres Encarceradas em Face <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Punitivo. São<br />

Paulo: IBCCrim, 2004.<br />

FARIAS JUNIOR, João . Manual <strong>de</strong> Crimi<strong>no</strong>logia. Curitiba: Juruá, 2001.<br />

FERNADEZ, J. C. A eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime revisitada. Eco<strong>no</strong>mia & Tec<strong>no</strong>logia.<br />

Campinas, v. 1, n. 3. Jul.-Set./1998. p. 36-44.<br />

FERNANDEZ, J. C.; MALDONADO, G. E. C. A eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> narcotráfico: uma<br />

abordagem a partir da experiência boliviana. Nova Eco<strong>no</strong>mia. Belo Horizonte: v.<br />

9, n. 02, <strong>de</strong>z. 1999. p.137-173.<br />

FERNANDEZ, J. C.; PEREIRA, R. A criminalida<strong>de</strong> na região policial da gran<strong>de</strong><br />

São Paulo sob a ótica da eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> crime. Revista Econômica <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, v.<br />

31, número especial, <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2000. p. 898-918.<br />

FERRI, Enrico. Sociologia Criminal. Campinas – SP: Minelli, 2006.<br />

FREEMAN, R. Why <strong>do</strong> so many young American men commit crimes and what might<br />

we <strong>do</strong> about it? Journal of Eco<strong>no</strong>mic Perspectives, v. 10, n. 1, p. 25-42, 1996<br />

GLASER, Daniel. Crime in our Changing Society. 1978<br />

GIL, Antonio C. Técnicas <strong>de</strong> pesquisa em eco<strong>no</strong>mia e elaboração <strong>de</strong> mo<strong>no</strong>grafias.<br />

São Paulo: Atlas, 2000.<br />

HARLOW, C. W. Education and correctional populations. Bureau of Justice<br />

Statistics Special Report, 2003. Disponível em:<br />

58


. Acesso em 08 jun. 2008.<br />

LANYIR, Emílio. Lês Grands Systèmes Penitenciaires Actuelles. Paris, 1950.<br />

LOCHNER, L.; MORETTI, E. The effect of education on crime: evi<strong>de</strong>nce from prison<br />

inmates, arrests, and self-reports. The American Eco<strong>no</strong>mic Review, v. 94, n. 1,<br />

mar., 2004, p. 155-189.<br />

LYRA FILHO, Roberto. Novo Direito Penal, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1980.<br />

GARCIA-PABLOS, Antonio. Crimi<strong>no</strong>logia, uma introdução a seus fundamentos<br />

teóricos, São Paulo: RT, 1999.<br />

PESQUISA Cinetífica. <strong>Rolândia</strong>. Disponível na Internet em:<br />


da meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> Heckman. Curitiba, Revista Paranaense <strong>de</strong> Desenvolvimento,<br />

nº 112, jan./jun. 2007.<br />

SCHWENGBER, Claudia Portellinha. Aspectos Históricos <strong>de</strong> <strong>Rolândia</strong>. Cambe:<br />

WA Ricieri, 2003<br />

SHIKIDA, Pery A.; ARAÚJO Jr., Ari; SHIKIDA, Cláudio D.; BORILLI, Salete P.<br />

Determinantes <strong>do</strong> Comportamento Crimi<strong>no</strong>so: Um Estu<strong>do</strong> Eco<strong>no</strong>métrico nas<br />

Penitenciárias Central, Estadual e Feminina <strong>de</strong> Piraquara- PR.<br />

SILVA, Mário Pereira da. Medicina Legal. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rio, 1975.<br />

SOARES, S. S. D. Educação: um escu<strong>do</strong> contra o homicídio? Brasília, IPEA,<br />

Texto para Discussão 1298, 2007.<br />

SZNICK, Valdir. Delito Habitual. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1996.<br />

VERGARA, F. O <strong>Perfil</strong> Sócio-Demográfico da Mulher Crimi<strong>no</strong>sa em Marília<br />

(1990-1997) 1998. Mo<strong>no</strong>grafia (Bacharela<strong>do</strong> em Ciências Sociais) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Filosofia e Ciência, Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista, Marília, 1998.<br />

VILLANUEVA, Orion. <strong>Rolândia</strong> - Terra <strong>de</strong> Pioneiros. Londrina: Gráfica Ipê, 1974.<br />

TAUCHEN, H.; WITTE, A. D.; GRIESINGER, H. Criminal <strong>de</strong>terrence: revisiting the<br />

issue with a birth cohort. This Review, v. 76, p. 399-412, 1994.<br />

60


ANEXO A<br />

QUESTIONÁRIO SOBRE O PERFIL DOS CRIMINOSOS DO MUNICÍPIO DE<br />

ROLÂNDIA<br />

1. Ida<strong>de</strong>: _________________________________________________________<br />

2. Sexo: ( ) Masculi<strong>no</strong> ( ) Femini<strong>no</strong><br />

3. Raça / Cor:<br />

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela ( ) Indígena<br />

4. Cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> : ______________________________________________<br />

Bairro : _________________________________________________________<br />

Subúrbio: ( ) Sim ( ) Não<br />

5. Renda Individual:_________________________________________________<br />

6. Renda Familiar: __________________________________________________<br />

7. Resi<strong>de</strong> com os pais? ( ) Sim ( ) Não<br />

8. Pais separa<strong>do</strong>s? ( ) Sim ( ) Não<br />

9. Possui <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes?<br />

( ) Sim ( ) Não Quantos? __________________________<br />

10. Com quem foi cria<strong>do</strong>? _____________________________________________<br />

11. Possui religião? ( ) Sim ( ) Não<br />

Qual? ( ) Católica ( ) Evangélica<br />

12. É praticante da religião? ( ) Sim ( ) Não<br />

13. Profissão: _______________________________________________________<br />

14. Estava Emprega<strong>do</strong> ou procurava emprego na ocasião em que cometeu o crime?<br />

_______________________________________________________________<br />

15. Grau <strong>de</strong> <strong>Escola</strong>rida<strong>de</strong>:<br />

( ) 1ª a 4ª série incompleto ( ) 1ª a 4ª série completo<br />

( ) 5ª a 8ª série incompleto ( ) 5ª a 8ª série completo<br />

( ) 1ª a 3ª série EM incompleto ( ) 1ª a 3ª série EM completo<br />

( ) Curso superior ( ) Sem escolarida<strong>de</strong><br />

61


16. Ida<strong>de</strong> com que praticou o primeiro <strong>de</strong>lito? _____________________________<br />

17. Faz uso <strong>de</strong> substância entorpecente?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

Qual? ( ) Maconha ( ) Crack ( ) Cocaína ( ) Outras<br />

18. Tem amigos que já praticaram crimes?<br />

( ) Sim ( ) Não Qual? _____________________________<br />

19. Utilizou arma <strong>no</strong> crime cometi<strong>do</strong>?<br />

( ) Sim ( ) Não Qual? ( ) Arma <strong>de</strong> fogo ( ) Arma Branca<br />

20. Por qual crime está preso? Se for tráfico, com qual droga estava?<br />

_______________________________________________________________<br />

21. No momento <strong>do</strong> crime estava sob efeito <strong>de</strong> substância entorpecente ou álcool?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

22. Por que motivo cometeu o crime? ____________________________________<br />

( ) Necessida<strong>de</strong> Financeira / Pessoal<br />

( ) Influência <strong>de</strong> amigos<br />

( ) Influência <strong>de</strong> substância entorpecente<br />

( ) Espírito <strong>de</strong> Aventura<br />

23. Em sua opinião, o que <strong>de</strong>veria ser feito para diminuir a criminalida<strong>de</strong> em <strong>Rolândia</strong>?<br />

( ) Maior oferta <strong>de</strong> empregos<br />

( ) Aumento <strong>do</strong> efetivo policial<br />

( ) Mais oportunida<strong>de</strong>s na educação local<br />

( ) Mais políticas públicas para aten<strong>de</strong>r população carente<br />

24. Foi preso por quem?<br />

( ) Polícia Civil<br />

( ) Polícia Militar<br />

( ) Outros. ___________________________________________________<br />

62

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!