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Atenção a Si e Psicoterapia Corporal: - UFRJ

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Paralelamente a esta posição de redescoberta pela esquerda engajada, registra-se um<br />

movimento de redescoberta do aspecto reformista sexual de sua obra pela esquerda ‘festiva’ “que<br />

entroniza-o como o profeta de uma revolução sexual, entendida geralmente nos moldes de um<br />

hedonismo vulgar.” (LASKA. 2004, p. 18)<br />

A Nova Esquerda de 68 inspirava-se na psicanálise, era mais freudiana do que reichiana e<br />

pode ter redescoberto Reich mais por conveniência sexual - vale lembrar que o período coincide com<br />

o advento da pílula anticoncepcional - do que por qualquer outro motivo.<br />

Laska argumenta a favor da interpretação de uma retomada superficial ao salientar que “os<br />

livros dele deixaram poucas marcas em seu discurso, apesar das grandes tiragens.” (LASKA. 2004, p.<br />

18); e se Freud era recebido com certas restrições políticas, os demais ideólogos que balizavam o<br />

pensamento neo-esquerdista das barricadas de Maio de 68 como “Adorno, Horkheimer, Marcuse e<br />

até Mitscherlich mantinham um silêncio significativo a respeito de Reich, como, aliás, já acontecera<br />

nos anos 30.” (LASKA.. Op. cit.)<br />

A Nova Esquerda embalada nas barricadas parisienses por palavras de ordem como ‘A<br />

imaginação no poder’ ou ‘É proibido proibir’ parecia reproduzir esse silêncio no sentido exato desejado<br />

pela tendência freudiana, ou seja: embora ativamente engajados numa revolução de costumes ainda<br />

se mostravam submissos a algum tipo de autoridade estabelecida pela tradição:<br />

“...teoricamente, Reich não podia ser levado a sério, nem o primeiro e<br />

menos ainda o último Reich [...] O banimento de Reich, que tinha sido aceito com<br />

surpreendente docilidade já nos anos 30, encontrou continuidade nos jovens<br />

freudo-marxistas, que consideravam o Reich pós-1934 um louco (o que parecia<br />

justificar também a sua expulsão do movimento psicanalista).” (LASKA. 2004, pp.<br />

18/19; parênteses no original)<br />

Ainda assim, o movimento de Maio de 68 parece ter guardado em algum lugar dos<br />

subterrâneos de sua inconsciência coletiva algum resíduo do princípio reichiano da potência<br />

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