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Uma Igreja na trilha do Cristo pastor - Arquidiocese de Maringá

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onze novos municípios foram cria<strong>do</strong>s. Poucas regiões <strong>do</strong> Brasil conheceram algo pareci<strong>do</strong>.<br />

A publicação oficial da criação saiu no dia 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1968, juntamente com o nome <strong>do</strong> novo<br />

bispo, cônego Benjamin <strong>de</strong> Sousa Gomes, vigário geral da diocese <strong>de</strong> Sorocaba. No dia 9 <strong>de</strong> junho seguinte,<br />

<strong>na</strong> catedral sorocaba<strong>na</strong>, Gomes recebeu a sagração episcopal, como se dizia <strong>na</strong> época. Sua posse em Para<strong>na</strong>vaí<br />

aconteceu a 7 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1968, <strong>na</strong> igreja matriz <strong>de</strong> São Sebastião, atendida pelos fra<strong>de</strong>s carmelitas que, por<br />

um tempo, funcionou como catedral provisória.<br />

Não foi totalmente sere<strong>na</strong> a criação da nova diocese. Na contramão <strong>do</strong> empenho <strong>do</strong> bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

e da população interessada, os carmelitas alemães não revelavam entusiasmo pela nova diocese nem concorriam<br />

para a implementação das providências exigidas. No dia 29 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1967, monsenhor Mario<br />

Tagliaferri, encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> negócios da nunciatura apostólica, revelou a <strong>do</strong>m Pedro Fedalto, bispo auxiliar <strong>de</strong><br />

Curitiba, com quem se encontrou em reunião no Rio: “A diocese e o bispo <strong>de</strong> Para<strong>na</strong>vaí não sairão enquanto<br />

não for construída a residência com as <strong>de</strong>pendências para a cúria. Que a culpa não seja lançada à nunciatura<br />

apostólica” (COELHO, 1968, 1 f.). Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Jaime, Fedalto acompanhou-o, no dia 15 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1968, a Para<strong>na</strong>vaí, quan<strong>do</strong> ambos comprovaram in loco o pouco interesse com que era tratada a<br />

instalação da diocese, e ouviram <strong>do</strong>s carmelitas que a responsabilida<strong>de</strong> cabia ao bispo. Com a capacida<strong>de</strong>, que<br />

to<strong>do</strong>s conhecem, <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões difíceis, <strong>do</strong>m Jaime ameaçou levar a nova se<strong>de</strong> diocesa<strong>na</strong> para Loanda,<br />

cujas li<strong>de</strong>ranças se dispunham a montar a infra-estrutura necessária. O mesmo fez saber, <strong>de</strong>pois, por carta, à<br />

nunciatura apostólica, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> claro, porém, que sua preferência era por Para<strong>na</strong>vaí, pólo regio<strong>na</strong>l mais expressivo<br />

que Loanda. Escreven<strong>do</strong> a <strong>do</strong>m Manuel, arcebispo <strong>de</strong> Curitiba, relatou o episódio:<br />

Estive em Para<strong>na</strong>vaí e coloquei um dilema: ou Diocese em Para<strong>na</strong>vaí ou em Loanda.<br />

Logo to<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>cidiram por Para<strong>na</strong>vaí, foi comprada a casa para o Bispo (NCr$<br />

25.000,00), já em construção. Fiz a indicação <strong>de</strong> mudanças necessárias, local para a<br />

Cúria, etc. Dentro <strong>de</strong> 60 dias estará pronta. Já enviei à Nunciatura a planta da casa, bem<br />

como comuniquei já a posse <strong>de</strong> três alqueires para futuro Seminário, terreno (3 datas)<br />

para futura residência, se o Bispo assim o <strong>de</strong>sejar, tu<strong>do</strong> com Escrituras registradas, e o<br />

projeto <strong>de</strong> lei <strong>na</strong> câmara para <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> um terreno em uma praça, para futura catedral.<br />

No próximo dia 29 terei uma reunião com to<strong>do</strong>s os Padres das paróquias que comporão<br />

a futura Diocese, para estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras coisas necessárias. Espero, assim, que logo<br />

se resolva a criação da Diocese (COELHO, 1968, 1 f.).<br />

A carta traz a data <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> fevereiro. Está suficientemente claro que, mais <strong>de</strong> um mês após a visita a<br />

Para<strong>na</strong>vaí, <strong>do</strong>m Jaime acreditava <strong>na</strong> futura criação da diocese. Que, no entanto, estava criada há mais <strong>de</strong> um<br />

mês. Até hoje Fedalto estranha a proximida<strong>de</strong> entre a visita feita a Para<strong>na</strong>vaí e a data <strong>de</strong> criação. “Se no dia<br />

15 <strong>de</strong> janeiro”, argumenta, “a nunciatura esperava as providências que Para<strong>na</strong>vaí tardava em tomar, como a<br />

diocese foi criada no dia 20? Em cinco dias teria si<strong>do</strong> possível fazer tu<strong>do</strong> que normalmente leva meses?” 5 Em<br />

pleno mês <strong>de</strong> fevereiro, Tagliaferri fazia crer que ainda estava em caminho um evento já aconteci<strong>do</strong> em 20<br />

<strong>de</strong> janeiro. A surpresa <strong>de</strong> Fedalto encontra abrigo no teor da carta <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> fevereiro, escrita por Tagliaferri<br />

ao bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, <strong>na</strong> qual diz textualmente: “<strong>na</strong>s circunstâncias em que se encontra agora o processo <strong>de</strong><br />

ereção da diocese <strong>de</strong> Para<strong>na</strong>vaí”, dan<strong>do</strong> a enten<strong>de</strong>r que ainda se achava em trâmite um processo cuja resolução<br />

se <strong>de</strong>ra quase um mês antes. Posteriormente, no dia 7 <strong>de</strong> março, enviou outra carta, protocolada sob nº<br />

16633, sub secreto pontificio, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>clara:<br />

Tenho o prazer <strong>de</strong> comunicar a Vossa Excelência Reverendíssima que o Santo Padre<br />

se dignou criar a nova diocese <strong>de</strong> Para<strong>na</strong>vaí, com território <strong>de</strong>smembra<strong>do</strong> da diocese<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Ao mesmo tempo, foi nomea<strong>do</strong> primeiro bispo da recém-criada diocese o<br />

5 Fedalto expressou sua perplexida<strong>de</strong> em conversa telefônica que manteve, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Curitiba, com o autor <strong>de</strong>stas notas, no dia 23 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2006. Prometeu mais <strong>de</strong>talhes no livro que publicará sobre a história da <strong>Igreja</strong> <strong>do</strong> Paraná.<br />

237<br />

Os 50 anos da Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>

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