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Uma Igreja na trilha do Cristo pastor - Arquidiocese de Maringá

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254<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou da mata<br />

D’Elboux, arcebispo <strong>de</strong> Curitiba. De integrida<strong>de</strong> a toda prova e católico<br />

exemplar, era queridíssimo <strong>do</strong> arcebispo, a quem, por sua vez, <strong>de</strong>dicava<br />

profunda veneração. Sua construtora tinha ergui<strong>do</strong> o Seminário São José,<br />

em Orleans, i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> em 1959, além <strong>de</strong> outras obras da arquidiocese.<br />

Por causa da ida<strong>de</strong>, já não cuidava <strong>do</strong>s negócios. Tinha passa<strong>do</strong> a empresa<br />

ao filho Marquinhos, que a tocava com o cunha<strong>do</strong> e sobrinhos. Mas continuava<br />

in<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s os dias, ao escritório para ocupar a escrivaninha on<strong>de</strong>,<br />

por décadas, tinha <strong>de</strong>spacha<strong>do</strong>. Lia os jor<strong>na</strong>is, olhava o movimento, conversava<br />

com algum <strong>do</strong>s muitos conheci<strong>do</strong>s que entravam... Um dia retiniu<br />

o telefone e, por infeliz coincidência, no escritório, ninguém, a não ser o<br />

patriarca. “Telefone!” gritou, <strong>na</strong> esperança <strong>de</strong> que alguém viesse aten<strong>de</strong>r.<br />

Nada. Entre as suas muitas virtu<strong>de</strong>s, contu<strong>do</strong>, a origem italia<strong>na</strong> não incluíra<br />

a mansidão. Incomoda<strong>do</strong>, olhou para to<strong>do</strong> canto, procuran<strong>do</strong> um<br />

filho <strong>de</strong> Deus no escritório. Nem si<strong>na</strong>l. E o ruí<strong>do</strong> irritante insistin<strong>do</strong>, sem<br />

trégua. Com o rosto afoguea<strong>do</strong>, caminhou até o aparelho, ergueu o fone<br />

e berrou: “− Prrrronto, <strong>de</strong>môôôônio!!!”. Do outro la<strong>do</strong>, uma voz muito<br />

educada, perguntou: “− É o senhor Marcos?” “− Siiiim!!!” explodiu. E a<br />

voz: “− Aqui é o arcebispo...” O velho construtor jamais soube o que o<br />

arcebispo queria. Ator<strong>do</strong>a<strong>do</strong>, ficou sur<strong>do</strong> e mu<strong>do</strong>. Levou meses para olhar<br />

<strong>de</strong> novo <strong>do</strong>m Manuel nos olhos.<br />

AcolhidA<br />

Quan<strong>do</strong> abriu diante <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Benjamin o mapa da diocese <strong>de</strong> Para<strong>na</strong>vaí,<br />

que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alto Paraná até as ilhas <strong>do</strong> rio Paraná, <strong>do</strong>m Jaime<br />

lhe garantiu: “Ninguém po<strong>de</strong> me acusar <strong>de</strong> egoísmo. Ao contrário, sou<br />

tão generoso que <strong>de</strong>i a maior parte da minha diocese para você.” No dia da<br />

posse, em Para<strong>na</strong>vaí, ao <strong>de</strong>scerem <strong>do</strong> carro, i<strong>na</strong>dvertidamente <strong>do</strong>m Jaime<br />

bateu a porta <strong>na</strong> mão <strong>do</strong> novo bispo. Embora leve, a ferida apresentou<br />

discreto sangramento. E <strong>do</strong>m Jaime, rápi<strong>do</strong>: “Está ven<strong>do</strong>, <strong>do</strong>m Benjamin?<br />

Ninguém po<strong>de</strong> dizer que você não <strong>de</strong>rramou o sangue pela sua diocese”.<br />

Nisso, algumas religiosas correram para cumprimentar o recém-chega<strong>do</strong>.<br />

Na época, era costume beijar o anel <strong>do</strong> bispo. Ao ver o grupo que se aproximava,<br />

<strong>do</strong>m Benjamin, bo<strong>na</strong>chão, não teve dúvida: tirou <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> o anel e<br />

o entregou à primeira, recomendan<strong>do</strong>: “Irmã, beije e passe para as outras.<br />

Depois, as senhoras me <strong>de</strong>volvem”.<br />

pipocA<br />

Tempo houve em que <strong>Maringá</strong> inteira conhecia o Corcel preto 1975,<br />

que o bispo mesmo dirigia, sem precisão <strong>de</strong> motorista. Conheci<strong>do</strong> pela<br />

palavra fácil, correção lingüística e oratória inflamada, <strong>na</strong>s missas costumava<br />

esten<strong>de</strong>r a homilia para além <strong>do</strong>s costumeiros <strong>de</strong>z ou quinze minutos<br />

<strong>do</strong>s padres <strong>na</strong>s paróquias. Por causa da pregação, alguns consi<strong>de</strong>ravam<br />

sua missa <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> longa. Certo <strong>do</strong>mingo, um senhor acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

filhinho chegou à catedral. Ao passar pelo pipoqueiro que ali faz ponto, o<br />

garoto pediu: “Papai, compra pipoca”. E o pai: “Depois da missa, papai

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