Uma Igreja na trilha do Cristo pastor - Arquidiocese de Maringá
Uma Igreja na trilha do Cristo pastor - Arquidiocese de Maringá
Uma Igreja na trilha do Cristo pastor - Arquidiocese de Maringá
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Não será exagero <strong>de</strong>clarar que, em 1º <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1956, quan<strong>do</strong> foi anunciada a criação da diocese<br />
<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, o Norte <strong>do</strong> Paraná assemelhava-se muito mais à terra <strong>de</strong>scoberta por Cabral no seu <strong>de</strong>sembar-<br />
que <strong>do</strong> que à região como a conhecemos em nossos dias. Há consenso em reconhecer que o Brasil alcançou,<br />
nos últimos 50 anos da sua história, <strong>de</strong>senvolvimento incomparavelmente superior ao consegui<strong>do</strong> nos 450<br />
anteriores. Isso é ainda mais exato se aplica<strong>do</strong> ao Norte <strong>do</strong> Paraná. Não ape<strong>na</strong>s quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra o progresso<br />
econômico-social da região. No tocante à vida inter<strong>na</strong> da <strong>Igreja</strong> e à sua ação evangeliza<strong>do</strong>ra, as cinco<br />
últimas décadas atestam uma transformação realmente notável. Se, por algum artifício <strong>de</strong> mágica impossível,<br />
um túnel <strong>do</strong> tempo sugasse hoje um católico norte-para<strong>na</strong>ense <strong>de</strong> volta a 1956 ou 1957, ele teria dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reconhecer a sua terra e, até com maior razão, a sua <strong>Igreja</strong>. Por mais que alguns insistam <strong>na</strong> idéia <strong>de</strong> que a<br />
<strong>Igreja</strong> Católica estacionou no tempo, é preciso reconhecer que ela empreen<strong>de</strong>u mudanças não peque<strong>na</strong>s, em<br />
especial, a partir da década <strong>de</strong> 1960.<br />
Ao tempo da criação e instalação canônica da diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, a <strong>Igreja</strong> Católica orientava-se por um<br />
referencial <strong>do</strong>utrinário e evangeliza<strong>do</strong>r liga<strong>do</strong> fortemente às diretrizes <strong>do</strong> Concílio <strong>de</strong> Trento (1545-1563).<br />
Era compreensível, <strong>de</strong> vez que não se fizera sentir ainda o impacto que iria provocar em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> o<br />
Concílio Vaticano II (1962-1965), <strong>na</strong>sci<strong>do</strong> não “como um fruto <strong>de</strong> prolongada consi<strong>de</strong>ração, mas como uma<br />
flor <strong>de</strong> inesperada primavera”, no dizer <strong>de</strong> João XXIII, a quem ocorreu a inspiração <strong>de</strong> convocá-lo. A diocese<br />
<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> foi instalada cinco anos antes daquele que se tor<strong>na</strong>ria o mais importante evento eclesial <strong>do</strong> século<br />
XX. O Concílio Ecumênico Vaticano II surpreen<strong>de</strong>u-a engatinhan<strong>do</strong>, ainda em fase <strong>de</strong> organização.<br />
A quem participa da vida eclesial <strong>de</strong> nossos dias talvez pareçam <strong>de</strong>scabidas disposições em vigor <strong>na</strong><br />
época. Normas que às gerações <strong>de</strong> hoje configuram <strong>de</strong>smedida concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r eram então admitidas<br />
como praxe não só <strong>de</strong> roti<strong>na</strong> senão por inteiro justificadas. Encerra<strong>do</strong> às pressas, por causa da situação<br />
política rei<strong>na</strong>nte <strong>na</strong> Itália, o Concílio Vaticano I (1869-1870) conseguiu elaborar a <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> <strong>do</strong> prima<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
romano pontífice, mas não dispôs <strong>de</strong> tempo necessário para aprofundar a teologia <strong>do</strong> episcopa<strong>do</strong>. Se, <strong>de</strong> uma<br />
parte, <strong>de</strong>finiu a infalibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> papa, quan<strong>do</strong> este se pronuncia ex cathedra sobre questões <strong>de</strong> fé e costumes,<br />
<strong>de</strong> outra, não levou adiante questões vitais para a <strong>Igreja</strong>, a exemplo da sacramentalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> episcopa<strong>do</strong>, da<br />
evangelização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> confiada aos bispos, e <strong>do</strong> múnus <strong>do</strong> bispo como pai e mestre <strong>de</strong> sua <strong>Igreja</strong>... Por<br />
conseqüência, não foi difícil, durante longo perío<strong>do</strong>, encontrar quem visse no bispo uma categoria <strong>de</strong> auxiliar<br />
ou representante <strong>do</strong> papa, em vez <strong>de</strong> legítimo sucessor <strong>do</strong>s apóstolos, responsável, juntamente com o colégio<br />
episcopal e por força <strong>do</strong> mandato <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, pela evangelização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os povos, razão <strong>de</strong> ser da <strong>Igreja</strong>. Era<br />
225<br />
Os 50 anos da Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>