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Dispositivos semicondutores: diodos. - DEMAR

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<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong>.<br />

Diodo de junção PN.<br />

Os <strong>diodos</strong> são dispositivos <strong>semicondutores</strong> confeccionados na maioria das vezes<br />

por uma junção PN. A Fig. 1 mostra o esquema de uma junção de dois materiais<br />

<strong>semicondutores</strong>, um do tipo P e o outro do tipo N. O semicondutor tipo P é o anodo e o<br />

semicondutor tipo N é o catodo. O funcionamento do diodo ocorre na região entre o<br />

anodo e o catodo, chamada de junção.<br />

Junção PN<br />

+ -<br />

Anodo P N<br />

Catodo<br />

Anodo<br />

Fig. 1 Diodo de junção PN e símbolo elétrico.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 1<br />

+<br />

i D<br />

-<br />

Catodo<br />

A Fig.2a mostra os portadores majoritários em cada material semicondutor:<br />

lacunas no tipo P e elétrons livres no tipo N. A estrutura do diodo é contínua de um lado<br />

a outro da junção.Devido à continuidade da estrutura cristalina do diodo, os portadores<br />

podem se mover através da junção. Após a formação do diodo, alguns elétrons podem<br />

migrar para o anodo nas proximidades da junção. Ao encontrar as lacunas, ocorre a<br />

recombinação do par elétron-lacuna e, consequentemente, o aniquilamento dos<br />

portadores de carga majoritários na junção. A região formada pela neutralização das<br />

cargas é denominada região de depleção por não haver portadores de carga (Fig. 2b). A<br />

região de depleção não irá crescer muito além da junção por causa do campo elétrico<br />

formado. Na verdade, a região de depleção funcionará como um capacitor e o campo<br />

elétrico gerado impedirá a migração de novos elétrons livres difundidos do semicondutor<br />

tipo N para se recombinar com as lacunas do lado P.<br />

+<br />

+<br />

Lacunas<br />

Junção<br />

P N<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

- -<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Elétrons livres<br />

(a) (b)<br />

+<br />

+<br />

P<br />

Junção<br />

N<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

- -<br />

-<br />

- -<br />

Região de depleção<br />

Fig. 2 (a) Portadores de carga majoritários em cada lado da junção, (b) difusão de<br />

elétrons recombinando-se com as lacunas do anodo, formando a região de depleção.<br />

Assim, quando um diodo é fabricado, alguns elétrons atravessam a junção e<br />

preenchem as lacunas existentes no semicondutor tipo P criando uma barreira de<br />

potencial na região próxima à junção. Como na região de depleção não há cargas, é de se<br />

esperar que ela funcione como um isolante. Para vencer a barreira de potencial é


necessário aplicar um campo elétrico numa direção apropriada, de tal forma a colapsar a<br />

região de depleção preenchendo-a com portadores de carga. A Fig. 3 ilustra o processo<br />

de colapso da região de depleção através da aplicação de um campo elétrico com o<br />

anodo polarizado positivamente e o catodo polarizado negativamente. O sentido<br />

convencional da corrente é o sentido das cargas positivas e contrário ao sentido dos<br />

elétrons livres.<br />

+<br />

+<br />

+<br />

Corrente<br />

Colapso da região de depleção<br />

P N<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

+ -<br />

Fig. 3 Polarização direta do diodo de junção PN.<br />

Com o colapso da região de depleção, o diodo passa a conduzir corrente. A<br />

condição de operação do diodo mostrada na Fig. 3 é denominada polarização direta<br />

(forward bias). Em Eletrônica, a polarização (bias)é uma tensão ou corrente aplicada a<br />

um dispositivo para “ligá-lo”. No caso do diodo, a tensão de polarização é aplicada para<br />

vencer a barreira de potencial originada pela região de depleção. Se o diodo for<br />

polarizado reversamente, isto é, se for aplicado um potencial com polaridade negativa no<br />

anodo e positiva no catodo, a região de depleção se alargará, como mostra a Fig. 4.<br />

P N<br />

+ + +<br />

+<br />

+ +<br />

+ +<br />

+ +<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Alargamento da<br />

região de depleção<br />

-<br />

Fig. 4 Efeito da polarização reversa sobre a região de depleção.<br />

Como a região de depleção é isolante, o seu alargamento causará o bloqueio do<br />

fluxo de corrente pelo diodo. Na realidade, uma ínfima corrente flui devido aos<br />

portadores minoritários. O semicondutor tipo P possui alguns elétrons minoritários que<br />

serão empurrados para a junção por causa da repulsão causada pelo terminal negativo da<br />

fonte de tensão. O semicondutor tipo N, por sua vez, também possui algumas lacunas<br />

minoritárias, que serão empurradas para a junção. Dessa forma, uma corrente de fuga se<br />

estabelece quando o diodo está polarizado reversamente.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 2<br />

+


Curvas características de <strong>diodos</strong> de junção PN.<br />

Os <strong>diodos</strong> conduzem numa direção mas não na outra. Esta é a característica mais<br />

importante do diodo e que a torna importante em Eletrônica. A curva corrente-tensão ou<br />

curva I-V é a curva característica de um dispositivo eletrônico, seja ele um resistor, um<br />

capacitor ou um diodo. Enquanto a curva I-V de um resistor que obedece a lei de Ohm<br />

(resistor ôhmico) é uma reta, a curva característica de um diodo apresenta uma forma<br />

não-linear, como a mostrada na Fig. 5.<br />

Quando uma tensão positiva é aplicada entre o anodo e o catodo, uma corrente iD<br />

flui através do diodo, desde que essa tensão seja superior a um valor VD determinado<br />

pelo tipo e pelo material utilizado na fabricação do diodo. Para um diodo de silício, esse<br />

valor de tensão é cerca de 0,6 V, enquanto que um diodo de germânio, a tensão de<br />

polarização é cerca de 0,3 V (Fig. 5). À medida que a corrente iD aumenta, a tensão VD<br />

também aumenta, porém, a maior queda de tensão no diodo é devido à sua polarização.<br />

Se uma tensão reversa negativa VR é aplicada sobre o diodo (do anodo para o<br />

catodo), o dispositivo exibe uma grande resistência à passagem de corrente e esta<br />

corrente denomina-se corrente de fuga reversa (iR). Se a intensidade da tensão reversa<br />

exceder um valor crítico, ocorre uma avalanche de corrente quando os portadores<br />

minoritários adquirem energia suficiente para colidir com os elétrons de valência e leválos<br />

para a banda de energia de condução. Este processo causa uma avalanche de<br />

portadores de carga e a corrente aumenta rapidamente. A tensão em que ocorre a<br />

avalanche de corrente é denominada tensão de ruptura reversa (VBR) e para o diodo de<br />

silício está compreendido entre 50 e 1000 V, dependendo do processo de fabricação do<br />

diodo.<br />

Fig. 5 Curvas características I-V para <strong>diodos</strong> de germânio e silício<br />

A temperatura afeta as características operacionais do diodo, como mostra a<br />

Fig.6, por causa da influência da ativação térmica sobre a junção e na criação de<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 3


portadores majoritários. Normalmente, quanto maior a temperatura, maior será a<br />

condutividade elétrica e menor será a tensão de polarização do diodo. Este fato concorda<br />

com as características de coeficiente negativo da temperatura (NTC) para os materiais<br />

<strong>semicondutores</strong>.<br />

Fig. 6 Curvas características I-V para o diodo de silício mostrando a influência da<br />

temperatura.<br />

Quando o diodo está conduzindo no sentido direto, isto é, do anodo para o<br />

catodo, e a corrente reverte abruptamente, ele se “esquece” de bloquear esta corrente<br />

reversa durante um curto intervalo de tempo, chamado tempo de recuperação reversa trr.<br />

Durante este tempo, uma grande corrente é conduzida pelo diodo e esta corrente<br />

denomina-se corrente de recuperação reversa irr.<br />

Processo de fabricação de <strong>diodos</strong>.<br />

Os <strong>diodos</strong> atualmente são fabricados utilizando-se técnicas desenvolvidas para a<br />

fabricação de dispositivos <strong>semicondutores</strong>, como os transistores e circuitos integrados. A<br />

Fig. 7 mostra o fluxograma de fabricação de diodo empregando tecnologia planar.<br />

Empregam-se etapas de deposição de polímeros, reação química no estado gasoso e no<br />

estado sólido, utilizando-se fornos de crescimento de cristal e de reação química por<br />

vapor (CVD). Alguns desses equipamentos estão ilustrados nas Figuras 8, 9 e 10.<br />

O aspecto real de um diodo está apresentado na Fig. 11, onde se observa a<br />

estrutura de camadas crescidas, depositadas e difundidas, para a fabricação da junção PN<br />

e das conexões elétricas externas.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 4


N+<br />

Substrato<br />

(Si monocristalino dopado)<br />

N<br />

N+<br />

Deposição<br />

Máscara<br />

Resina fotoresistiva<br />

Ataque químico<br />

do isolante<br />

Dopagem<br />

N<br />

Camada epitaxial<br />

N<br />

N+<br />

Luz ultravioleta<br />

N<br />

N+<br />

Impurezas tipo P<br />

P<br />

N+<br />

Oxidação<br />

Metalização<br />

Fotolitografia<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 5<br />

N<br />

N+<br />

Contatos metálicos<br />

Fig. 7 Processo de fabricação de diodo de junção PN com tecnologia planar<br />

(Rezende, 1996).<br />

Fig. 8 Esquema de deposição de vapor e crescimento epitaxial.<br />

SiO 2<br />

isolante


Fig. 9 Forno de crescimento epitaxial.<br />

Fig. 10 Forno para deposição e difusão de dopante em cristal semicondutor.<br />

Metal<br />

Tipo P (anodo)<br />

Metal<br />

Tipo N (catodo)<br />

Fig. 11 Esquema de um diodo de junção PN real.<br />

Isolante (SiO )<br />

2<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 6


Diodo Schottky<br />

A Fig. 12 mostra um diodo Schottky. A sua aparência é bastante semelhante à do<br />

diodo de junção PN, mas, ao invés de ter uma camada P implantada, ele possui uma<br />

barreira metálica denominada barreira Schottky, formando uma junção metalsemicondutor.<br />

As guardas constituem-se em anéis metálicos, cuja função é tornar as<br />

características de ruptura reversa do dispositivo mais robustas. Tanto o metal quanto o<br />

semicondutor são materiais do tipo N, de modo que a condução de carga ocorre apenas<br />

através de portadores majoritários, sem haver injeção, armazenamento ou recombinação<br />

de portadores minoritários. Isto explica a ausência de recuperação reversa do diodo<br />

Schottky, tornando-o ideal para aplicações em altas freqüências, tais como circuitos<br />

detectores de alta freqüência ou em circuitos de chaveamento rápido. As características<br />

da curva I-V são semelhantes às do diodo PN.<br />

Metal<br />

Metal<br />

Guarda<br />

Camada epitaxial tipo N-<br />

Substrato tipo N+<br />

Fig. 12 Estrutura do diodo Schottky.<br />

Barreira Schottky<br />

Isolante (SiO )<br />

2<br />

O que diferencia as características de condução dos <strong>diodos</strong> comuns em relação<br />

aos <strong>diodos</strong> Schottky é a tecnologia de fabricação e o material usado. Desse modo, para<br />

obter uma barreira de condução baixa existem diversas tecnologias que são empregadas,<br />

determinando outras características do componente. Enquanto os <strong>diodos</strong> PN apresentam<br />

uma característica de operação de alta temperatura, baixas fugas e uma queda de tensão<br />

no sentido direto relativamente alta, os <strong>diodos</strong> Schottky são projetados para operar em<br />

temperaturas mais baixas (< 125 o C) apresentando correntes de fugas mais elevadas e<br />

uma queda de tensão no sentido direto menor.<br />

Nos <strong>diodos</strong> Schottky de barreira alta o metal usado na barreira é o “nicromo”<br />

(Ni-Cr), enquanto que no de barreira baixa o material é o nicromo-platina. O tipo de<br />

geometria usada na estrutura do diodo é que vai determinar as características elétricas<br />

básicas do componente. A baixa tensão direta, da ordem de microvolts, e o baixíssimo<br />

tempo de recuperação da ordem de picossegundos, devem-se ao metal usado no ponto<br />

em que se tem a barreira de potencial. Na Fig. 13 é mostrada a curva característica I-V<br />

para este componente, observando-se a tensão muito baixa em que ele começa a<br />

conduzir quando polarizado no sentido direto.<br />

A barreira metálica também é responsável pela baixa tensão de polarização direta<br />

do diodo Schottky. A sua desvantagem é a corrente de fuga, muito superior ao do diodo<br />

de junção PN. Em algumas aplicações, esta corrente de fuga pode levar ao dispositivo a<br />

exceder sua temperatura de junção. À medida que a temperatura da junção aumenta, a<br />

tensão de polarização direta cai, enquanto que a corrente de fuga aumenta.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 7


Fig. 13 Curva característica I-V do diodo Schottky.<br />

A Fig. 14 mostra o gráfico comparativo entre o tempo de recuperação reversa<br />

para o diodo PN e o diodo Schottky.<br />

(a) (b)<br />

Fig. 14 (a) Recuperação reversa de um diodo PN comum e (b) recuperação reversa de<br />

um diodo Schottky.<br />

Diodo Zener<br />

Um diodo Zener é um tipo especial de diodo que opera na região de tensão<br />

reversa de ruptura. O efeito avalanche foi observado por Clarence Zener, que propôs a<br />

sua utilização como elemento de regulação de tensão. A Fig. 15 mostra o símbolo do<br />

diodo zener.<br />

Fig. 15 Símbolo do diodo zener.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 8


No circuito da Fig. 16, o diodo zener 1N4743 é utilizado como regulador de<br />

tensão. Observe que, para tensões reversas maiores do que a tensão de ruptura zener<br />

(VZ), um pequeno incremento na tensão causa uma grande variação na corrente reversa<br />

no zener. Suponha que a fonte de tensão Vin não seja uma fonte regulada, que forneça<br />

uma tensão de 21 V. Esta fonte está conectada a uma carga de resistência RL , para a<br />

qual desejamos aplicar uma tensão fixa de +15 V. Observe que o diodo zener escolhido<br />

tem tensão zener VZ = 15 V. O resistor R é colocado para limitar a corrente e o seu valor<br />

pode ser calculado para limitar a corrente em 20% da corrente máxima do zener<br />

(IZ max = 61 mA). Supondo que a corrente para alimentar a carga seja de 150 mA, então<br />

podemos calcular R à partir de:<br />

V = 21 V<br />

in<br />

+<br />

-<br />

Vin<br />

− VZ<br />

21−<br />

15<br />

= =<br />

−3<br />

−<br />

i + 0,<br />

2I<br />

150.<br />

10 + 0,<br />

2.<br />

61.<br />

10<br />

R 3<br />

L Z max<br />

R<br />

V Z<br />

i L<br />

= 37 Ω<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 9<br />

R<br />

Diodo zener 1N4743<br />

VZ = 15 V, 1 W<br />

ZZ = 17 Ω a IZ = 17 mA<br />

IZ (máx) = 61 mA<br />

Fig. 16 Circuito regulador de tensão com diodo zener.<br />

Assim, o diodo zener 1N4743 limita a tensão entre os seus terminais em 15 V. A<br />

diferença para a tensão de alimentação de 21 V é dissipada sobre o resistor de 37 Ω,<br />

limitando a corrente no diodo zener em 12,2 mA (que corresponde a 20% de IZ máx).<br />

Se for necessário limitar uma tensão maior, pode-se colocar vários <strong>diodos</strong> zener<br />

em série, de forma que a tensão de regulação é a soma das tensões zener de cada um dos<br />

<strong>diodos</strong>.<br />

Diodo Varicap<br />

O diodo varicap é um tipo especial de diodo obtido através do controle das<br />

condições de fabricação da junção PN. Neste caso, a concentração de dopante na junção<br />

é gradual, isto é, a concentração de dopante aumenta de um lado da junção em relação<br />

ao outro, de modo que a capacitância da junção varia com a intensidade da tensão<br />

reversa. Todos os <strong>diodos</strong> de junção PN exibem esta característica, porém, no caso do<br />

varicap, este comportamento é mais pronunciado, como mostra a Fig. 17. Assim, um<br />

varicap é um capacitor controlado por tensão (VCC) e é utilizado em circuitos de<br />

sintonia de rádio-freqüência no lugar de capacitores variáveis de ar tipo borboleta.


Capacitância do diodo (pF)<br />

100<br />

10<br />

Diodo varicap<br />

Diodo normal<br />

1<br />

0,1 1 10 100<br />

Tensão reversa, V R (V)<br />

Fig. 17 Curvas de capacitância para um diodo normal e um diodo varicap.<br />

Diodo Túnel<br />

O diodo túnel é feito com uma concentração de impurezas acima do normal.<br />

Como resultado, a curva característica I-V é diferente daquela apresentada pelo diodo de<br />

junção PN de silício, como mostra a Fig. 18.<br />

Fig. 18 Curvas I-V para um diodo normal e um diodo túnel.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 10


O comportamento do diodo túnel é caracterizado pela presença de um pico (Ip e<br />

Vp) e de um vale (Iv e Vv) na curva I-V. A região entre Vp e Vv é chamada de região de<br />

resistência negativa porque a corrente diminui com o aumento da tensão. Na região<br />

além do vale, o diodo túnel comporta-se como um diodo normal. Se colocarmos o diodo<br />

para operar no ponto do meio do vale da curva I-V, ele funcionará como um oscilador<br />

de alta freqüência. O nome diodo túnel foi dado porque o fenômeno quântico de<br />

tunelamento de elétrons através da barreira da junção foi usado para explicar o seu<br />

funcionamento.<br />

A Fig. 19 mostra os símbolos eletrônicos de alguns <strong>diodos</strong> especiais, como o<br />

diodo Schottky, diodo varicap e diodo túnel.<br />

-<br />

Diodo Schottky Diodo Varicap Diodo Túnel<br />

Fig. 19 Símbolos para alguns <strong>diodos</strong> especiais.<br />

Tipos e especificação de <strong>diodos</strong> comerciais<br />

A Tabela 1 apresenta os principais tipos e especificações de <strong>diodos</strong> para<br />

aplicações eletrônicas. De maneira simples, os <strong>diodos</strong> para aplicações eletrônicas são<br />

divididos em três tipos básicos:<br />

• 1N4148 (<strong>diodos</strong> de pequeno sinal)<br />

• Família 1N5400 (<strong>diodos</strong> retificadores)<br />

• Família BZX61 (<strong>diodos</strong> Zener)<br />

TABELA 1 Tipos e aplicações de <strong>diodos</strong>.<br />

TIPO USO CORRENTE VR máx. (V)<br />

1N914 detector/alta velocidade 75 mA 75<br />

1N4148 detector/alta velocidade 200 mA 75<br />

BB119 varicap usado em CAF ------ ------<br />

BB809 varicap usado em VHF ------ ------<br />

1N4001 retificador 1 A 50<br />

1N4002 retificador 1 A 100<br />

1N4003 retificador 1 A 200<br />

1N4004 retificador 1 A 400<br />

1N4005 retificador 1 A 600<br />

1N4006 retificador 1 A 800<br />

1N4007 retificador 1 A 1000<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 11<br />

+


Diodo emissor de luz (LED)<br />

A emissão de luz num dispositivo semicondutor ocorre por um processo diferente<br />

daquele que ocorre em lâmpadas incandescentes. Enqunato nesta, o processo de emissão<br />

de luz ocorre por aquecimento de um filamento, no semicondutor a emissão se baseia em<br />

processos quânticos de radiação denominado luminescência. A luminescência é a<br />

emissão de fótons que ocorre quando um átomo passa de um nível energético excitado<br />

para outro de menor energia. A excitação pode-se dar por absorção de luz<br />

(foto-luminescência), bombardeamento com feixe de elétrons (catodo-luminescência) e<br />

pela aplicação de campo ou corrente elétrica (eletro-luminescência). A<br />

foto-luminescência é o princípio de funcionamento dos lasers de estado sólido; a<br />

catodo-luminescência é a base de operação dos cinescópios de aparelhos de TV e a<br />

eletro-luminescência acontece nos <strong>diodos</strong> emissores de luz (LED – light emitting diode).<br />

O funcionamento do LED é baseado na eletro-luminescência causada pela injeção<br />

de portadores numa junção PN. Quando a junção PN é diretamente polarizada, as<br />

lacunas do semicondutor tipo P e os elétrons livres do semicondutor tipo N movem-se<br />

em sentidos opostos em relação à camada de depleção. As lacunas injetadas no lado N<br />

recombinam-se com os elétrons livres que chegam da camada de depleção, enquanto que<br />

os elétrons livres injetados no lado P recombinam-se com as lacunas vindas da camada<br />

de depleção. Assim, todos os portadores recombinam-se nas imediações da camada de<br />

depleção. Se o semicondutor tiver um gap de energia direto, a recombinação de cada par<br />

elétron-lacuna resulta na emissão de um fóton. Por não haver dissipação de energia, o<br />

processo de emissão de luz num diodo é extremamente eficiente.<br />

Os materiais utilizados na fabricação de LEDs são as ligas ternárias GaxAl1-xAs e<br />

GaAs1-xPx, além da liga GaAs.<br />

Os LEDs que operam no visível são muito utilizados para a confecção de painéis<br />

indicadores de equipamentos elétricos e eletrônicos e na fabricação de displays digitais<br />

constituídos de segmentos.<br />

Diodo laser<br />

(a) (b)<br />

Fig. 20 - (a) Fotodiodo e (b) diodo PIN (fotosensor de raios x)<br />

A radiação produzida por uma lâmpada incandescente ou por um LED é<br />

composta por fótons emitidos espontaneamente por átomos ou moléculas independentes.<br />

No processo de emissão espontânea, um sistema quântico passa de um nível energético<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 12


para outro de menor energia devido a flutuações aleatórias. Conseqüentemente, a fase do<br />

campo resultante varia aleatoriamente no tempo e espaço, fazendo com que a radiação<br />

seja incoerente. Num laser, a radiação é produzida por amplificação estimulada da luz.<br />

Ela resulta das emissões de átomos e moléculas estimuladas por um campo<br />

eletromagnético. Neste processo, as fases dos campos dos fótons emitidos estão<br />

correlacionados e, em conseqüência, a radiação é coerente. Além disso, a radiação<br />

também é altamente monocromática, isto é, o seu espectro de freqüência é bastante<br />

estreito.<br />

Diodos de potência<br />

Estrutura do diodo laser (Halliday, 1993)<br />

Diodo laser (Halliday, 1993).<br />

Os <strong>diodos</strong> de potência apresentam além das duas camadas P e N, uma terceira<br />

camada (Fig. 21a). A camada N extra e intermediaria às duas convencionais é de baixa<br />

dopagem (N-) e sua função é aumentar a capacidade do componente quando aplicado<br />

em tensões elevadas. Essa camada acrescenta uma parcela resistiva ao diodo quando em<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 13


condução. Além disso, a área da seção transversal das junções é maior do que a de um<br />

diodo normal, pois a corrente circulante também é maior e isso agrega urna parcela<br />

capacitiva ao diodo quando em bloqueio (Fig. 21b). Essas características são indesejáveis<br />

porque introduzem distorções na forma de onda da comutação de um diodo de potência,<br />

conforme mostra a Fig. 7. Entretanto, como o dispositivo é suficientemente robusto,<br />

essas características não deverão afetar o seu funcionamento. Mesmo assim, é<br />

recomendável utilizar-se algumas técnicas de filtragem e amortecimento dos transientes<br />

provocados pela comutação dos <strong>diodos</strong> de potência.<br />

(a) (b)<br />

Fig. 21 (a) Estrutura de um diodo de potência, (b) circuito equivalente de um diodo real.<br />

A resistência e a capacitância parasitas formadas em um diodo de potência<br />

podem gerar sobretensões no circuito, principalmente quando são chaveadas cargas<br />

indutivas. Os novos <strong>diodos</strong>, denominados “soft-recovery”, minimizam esses efeitos,<br />

sendo que sua resposta é da ordem de alguns μs. Apenas como comparação, os <strong>diodos</strong><br />

mais antigos apresentavam dezenas e até centenas de μs de atraso na comutação.<br />

Fig. 19 Formas de onda na comutação do diodo.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 14


Modelos comerciais de <strong>diodos</strong> de potência (Aegis)<br />

Recuperação Normal<br />

¢ £ ¤ ¥ ¦ ¡ § ¨ © ¨ <br />

¡<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Recuperação rápida<br />

<br />

<br />

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<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 15


Fig. 23 Diodo retificador de potência tipo rosca<br />

Fig.24 Diodo retificador de potência tipo disco<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 16


Fig.25 Diodo retificador de potência tipo press fit<br />

Fig. 26 Pontes retificadoras compactas<br />

Fig. 27 Pontes retificadoras montadas com dissipadores<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 17


Referências bibliográficas<br />

Fig. 28 Módulo de <strong>diodos</strong> de potência<br />

AEGIS Semicondutores Ltda. Disponível online http://www.aegis.com.br/produtos.htm<br />

BARANAUSKAS, V.Técnicas instrumentais de caracterização de <strong>semicondutores</strong>.<br />

Campinas: Editora da UNICAMP, 1989.<br />

DIEFENDERFER, A.J. Principles of electronic instrumentation. Philadelphia, PA:<br />

Sauders College Publishing, 1979.<br />

HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. Fundamentals of physics – Extended<br />

with modern physics. New York: John Wiley, 1993.<br />

MILLMAN, J. & HALKIAS, C.C. Electronic devices and circuits (International student<br />

edition). Tokyo: McGraw-Hill Kogakusha, 1967.<br />

SCHULER, C.A. Electronics principles and applications. New York: McGraw-Hill,<br />

1985.<br />

REZENDE, S.M. A física de materiais e dispositivos eletrônicos. Recife, PE: Editora<br />

Universitária da UFPE, 1996.<br />

<strong>Dispositivos</strong> <strong>semicondutores</strong>: <strong>diodos</strong> 18

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