13ª edição - Hospital Sírio Libanês
13ª edição - Hospital Sírio Libanês
13ª edição - Hospital Sírio Libanês
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Boletim do NAT<br />
Publicação Bimestral do Núcleo Avançado do Tórax do <strong>Hospital</strong> <strong>Sírio</strong>-<strong>Libanês</strong><br />
Dieta e doenças pulmonares:<br />
você é o que você come?<br />
Dra. Elnara Negri,<br />
Pneumologista do Núcleo Avançado do Tórax do HSL<br />
Muitas doenças pulmonares - tais como asma, enfisema<br />
e bronquite crônica (DPOC), fibrose cística, pneumonia, fibrose<br />
pulmonar, tuberculose, entre outras - têm sido associadas<br />
ao chamado estresse oxidativo. Esse processo ocorre<br />
constantemente no organismo e representa uma luta permanente<br />
entre fatores oxidantes e antioxidantes, dependendo<br />
de um equilíbrio da ação destas forças nos tecidos de nosso<br />
corpo. Os radicais livres são a causa básica destes processos<br />
destrutivos. Sua ação no organismo pode ser modificada por<br />
fatores genéticos e ambientais. Eles são formados numa estrutura<br />
que existe dentro das nossas células (mitocôndria),<br />
responsável pelo processamento de toda a energia do organismo.<br />
Durante a “queima” da glicose no interior da mitocôndria<br />
normalmente são produzidas uma série de substâncias<br />
eletricamente instáveis, potencialmente reativas com<br />
moléculas dos tecidos, capazes de causar dano irreversível<br />
à célula. Estas substâncias são denominadas radicais livres.<br />
Tabagismo, exposição à poluição ambiental e infecções são<br />
algumas situações que aumentam esse processo lesivo no organismo.<br />
A dieta pode interferir positiva ou negativamente<br />
na sua produção. Nutrientes com poder antioxidante, ou seja,<br />
que combatem ou anulam os radicais livres, estão presentes<br />
principalmente em frutas, vegetais frescos, grãos, sementes<br />
e peixes e incluem a vitamina C, vitamina E, carotenóides, vitamina<br />
A, algumas gorduras, minerais como magnésio e selênio,<br />
entre outros.<br />
O estudo do impacto destes nutrientes na evolução natural<br />
das doenças pulmonares é bastante complexo devido à<br />
enorme quantidade de fatores de confusão em estudos puramente<br />
observacionais. A vitamina C é o antioxidante mais<br />
abundante no nosso corpo e por se diluir na água, ela se distri-<br />
Janeiro / Fevereiro / Março - 2011 13 ª <strong>edição</strong><br />
bui pelos tecidos e age “neutralizando” o efeito destruidor de<br />
alguns radicais livres. A vitamina E tem poder reparador das<br />
membranas das células. O selênio é capaz de “limpar” o corpo<br />
de alguns antioxidantes e é encontrado nos grãos e sementes,<br />
carnes e frutos do mar.<br />
Frutas frescas e vegetais contêm grandes quantidades de<br />
vitamina C e carotenóides como a vitamina A, outro importante<br />
antioxidante. As maiores fontes de vitamina E na dieta são<br />
os óleos vegetais, manteiga e ovos. O Omega III também tem<br />
sido apontado como um “protetor” de lesão e envelhecimento<br />
pulmonar, mas algumas evidências ainda são controversas.<br />
Tendo todos estes conhecimentos em mente, o importante<br />
é saber que a ingestão de algumas destas vitaminas sem<br />
orientação médica é muito perigosa e pode causar hipervitaminose<br />
e intoxicações. Sem dúvida, a grande verdade irrefutável<br />
é que hábitos saudáveis de vida e alimentação melhoram<br />
e protegem o organismo de doenças e lesões. A ingestão de<br />
frutas e vegetais deve ser de no mínimo três porções diárias e<br />
variadas. Só este hábito nutricional pode resultar em grande<br />
bem-estar. Lembre-se sempre de evitar a automedicação, mesmo<br />
no que diz respeito às vitaminas.<br />
Nesta Edição<br />
Derrames pleurais pág. 2<br />
Teste ergoespirométrico pág. 4
2<br />
Derrame pleural<br />
Líquido na<br />
cavidade pleural<br />
Compressão do pulmão<br />
direito pela presença de líquido<br />
na cavidade pleural<br />
Derrames pleurais<br />
Dr. Fabio Haddad,<br />
Cirurgião Torácico do Núcleo Avançado do Tórax do HSL<br />
O derrame pleural é o acúmulo anormal de líquido<br />
na cavidade pleural (espaço virtual entre duas películas<br />
chamadas pleuras). A pleura parietal é aquela que reveste<br />
a parede do tórax internamente e a visceral é a que envolve<br />
os pulmões externamente. Todos nós possuímos<br />
uma quantidade de líquido pleural, que varia entre 5 ml<br />
e 20 ml, que é continuamente produzido e absorvido, em<br />
condições normais. Entre 5 e 10 litros de líquido chegam a<br />
percorrer a cavidade pleural por dia. Ainda em condições<br />
normais, este líquido mantém as pleuras apostas, o que é<br />
essencial para que os pulmões permaneçam expandidos<br />
durante a respiração.<br />
O desbalanço entre a produção e a absorção desse<br />
líquido leva ao seu acúmulo na cavidade pleural, o que determina<br />
uma compressão do pulmão do lado acometido,<br />
resultando em redução da capacidade respiratória. O principal<br />
sintoma da presença de líquido pleural é a falta de<br />
ar. No entanto, pequenas quantidades de derrame pleural<br />
podem não causar sintomas.<br />
Esse derrame pode ocorrer com ou sem a inflamação<br />
da pleura. Quando não existe inflamação, a causa mais<br />
comum costuma ser a insuficiência cardíaca, isto é, a capacidade<br />
de bombeamento do sangue pelo coração esta<br />
prejudicada, o que causa um represamento do líquido no<br />
espaço pleural. Estando a pleura inflamada, as causas mais<br />
comuns de derrame são as infecções e a presença de células<br />
cancerosas na pleura.<br />
As infecções pulmonares mais comuns, como as<br />
pneumonias bacterianas, podem levar à inflamação da<br />
Boletim do NAT<br />
pleura por vizinhança. Essa inflamação, por si só, gera o<br />
aumento da produção de líquido pleural, mesmo sem a<br />
presença de bactérias no líquido (empiema).<br />
A pleura pode ser ainda acometida por células de tumores<br />
originárias de outros órgãos. Nos homens, o câncer que<br />
mais se associa ao derrame pleural é o de pulmão. Entre as<br />
mulheres, o câncer da mama. Os implantes de células cancerosas<br />
na pleura geram uma inflamação que ocasiona tanto o<br />
aumento na produção, quanto a diminuição da reabsorção do<br />
líquido pleural.<br />
A presença do derrame pleural pode ser suspeitada<br />
pela história e pelo exame clínico do paciente. Os exames<br />
de imagem, como radiografias e tomografias computadorizadas<br />
do tórax, são muito úteis na detecção e quantificação<br />
do derrame pleural.<br />
Uma vez diagnosticado, é preciso tentar encontrar a<br />
causa. Se a suspeita recai sobre problemas cardíacos, podese<br />
lançar mão de tratamento medicamentoso e esperar a<br />
resolução do derrame pleural com a melhora da função<br />
cardíaca. Para o caso de derrames associados a inflamações<br />
da pleura, o passo inicial costuma ser a toracocentese. Esta<br />
nada mais é que a retirada do líquido pleural por meio de<br />
uma punção com agulha, feita habitualmente com anestesia<br />
local, com o paciente acordado e sentado. O ponto mais<br />
baixo da cavidade torácica fica no dorso, e, por isso, a punção<br />
é feita nas costas do paciente, do lado acometido.<br />
O líquido deve sempre ser encaminhado para análise,<br />
a fim de se verificar a origem do derrame pleural.
www.hospitalsiriolibanes.org.br/torax<br />
Entre em contato com o NAT pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: nucleo.torax@hsl.org.br<br />
O tratamento depende de sua causa. Assim, a solução<br />
de problemas cardíacos e de infecções (como as pneumonias<br />
e a tuberculose) pode levar à resolução do derrame<br />
pleural sem maiores intervenções. Quando a infecção é<br />
mais grave e faz com que o líquido pleural fique mais espesso,<br />
pode ser necessária a colocação de um dreno na<br />
pleura. Nos casos em que o líquido fica compartimentalizado<br />
dentro do tórax, pode ser necessária uma cirurgia<br />
para resolver a infecção. A indicação precoce da cirurgia<br />
facilita o tratamento da infecção pleural por meio de técnicas<br />
minimamente invasivas, como a videotoracoscopia,<br />
ou seja, a cirurgia realizada com auxílio de uma câmera,<br />
que costuma resultar em cortes pequenos, menor trauma<br />
cirúrgico e pronta recuperação do paciente.<br />
Os derrames pleurais causados pela instalação de<br />
células cancerosas na pleura podem ser resolvidos com<br />
quimioterapia, para os casos de tumores mais sensíveis às<br />
medicações. Entretanto, esse não é o cenário mais comum.<br />
Esse tipo de derrame costuma recidivar (ou seja, ressurgir),<br />
o que pode levar a falta de ar recorrente com prejuízo<br />
severo da qualidade de vida do paciente. Nessa situação,<br />
pode-se lançar mão de procedimentos que fazem uma<br />
colagem das pleuras, eliminando o espaço onde o líquido<br />
viria a se reacumular. O modo mais efetivo e com menor<br />
risco para colagem das pleuras é a irritação das superfícies<br />
pleurais. Esse processo pode ser desencadeado por<br />
vários agentes, mas o mais efetivo, acessível e utilizado no<br />
mundo é o talco esterilizado. Ele pode ser introduzido no<br />
espaço pleural por meio de um dreno colocado sob anestesia<br />
local ou, ainda, durante um procedimento cirúrgico<br />
auxiliado por uma câmera de vídeo sob anestesia geral,<br />
em que o talco pode ser pulverizado na cavidade.<br />
A escolha do tipo de procedimento deve ser decidida<br />
caso a caso, explicando-se ao paciente as opções de tratamento,<br />
seus resultados e suas potenciais complicações.<br />
Em resumo, o tratamento dos derrames pleurais depende<br />
da elucidação da sua origem, a fim de orientar os<br />
passos a serem tomados para sua resolução, seja ela de<br />
tratamento medicamentoso ou, eventualmente, cirúrgico.<br />
Posicionamento do paciente para punção para retirada<br />
do líquido (toracocentese) pleural), no caso, à direita.<br />
Compressão<br />
do pulmão<br />
pelo líquido<br />
Agulha de<br />
punção<br />
Derrame pleural<br />
Paciente sentado de<br />
costas para o médico<br />
Posição do paciente para realização da toracocentese<br />
(retirada do líquido pleural sob anestesia local)<br />
Derrame<br />
pleural<br />
esquerdo<br />
Saco coletor<br />
3
4<br />
O teste ergoespirométrico, também chamado de cardiopulmonar,<br />
tornou-se bastante difundido nos últimos anos,<br />
com uma alta procura nos hospitais e centros diagnósticos. É<br />
uma prova de esforço máximo, que pode ser feita em esteira<br />
ergométrica ou em bicicleta, com aumento progressivo da carga<br />
de esforço e duração total aproximada entre 8 e 12 minutos.<br />
Nesse exame, caso não ocorra qualquer intercorrência médica,<br />
quem determina o final do teste é o paciente, mesmo que ele<br />
já tenha atingido a frequência cardíaca máxima esperada. Por<br />
isto, também é denominado teste limitado por sintomas, normalmente<br />
por cansaço geral ou por cansaço nas pernas.<br />
Durante o repouso (2 minutos), o esforço físico (8 minutos)<br />
e o período de descanso (recuperação), o paciente tem o<br />
seu ritmo e frequência cardíaca monitorados, além de medidas<br />
seriadas da pressão arterial. Como adicional, o sistema respiratório<br />
também é avaliado continuamente (a cada respiração), assim<br />
como o consumo de oxigênio (o famoso VO2) e a produção<br />
de gás carbônico pelos músculos de todo o corpo. Com isto, é<br />
possível fazer uma avaliação contínua do sistema cardiovascular<br />
e respiratório, além do componente muscular. Mais importante,<br />
são observadas as respostas dinâmicas desses três principais sistemas<br />
do organismo quando submetidos ao esforço físico, uma<br />
grande vantagem para a investigação médica de doenças leves<br />
que não mostram alterações quando avaliadas ao repouso.<br />
Portanto, uma das principais indicações do teste ergoespirométrico<br />
é na busca diagnóstica de pacientes que apresentam<br />
sintomas (cansaço, falta de ar) principalmente durante atividades<br />
físicas e, muitas vezes, assintomáticos ao repouso. O clínico<br />
e o paciente poderão esclarecer se a causa desses sintomas ao<br />
esforço é cardíaca, RFpulmonar<br />
ou muscular periférico (pernas),<br />
podendo ainda auxiliar na diferenciação de descondicionamento<br />
físico (sedentarismo) e doença.<br />
O teste ergoespirométrico vem fornecendo cada vez mais<br />
índices extremamente úteis na prática clínica, auxiliando na<br />
definição do tratamento em determinadas doenças. No transplante<br />
cardíaco, por exemplo, sabe-se que o consumo máximo<br />
de oxigênio atingido pelo paciente tem forte implicação na de-<br />
Boletim do NAT<br />
Entre em contato com o NAT pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: nucleo.torax@hsl.org.br<br />
As múltiplas utilidades do<br />
teste ergoespirométrico<br />
Dr. André Albuquerque,<br />
Pneumologista do Núcleo Avançado do Tórax do HSL<br />
cisão de se já indicar ou não este tratamento. O mesmo vale na<br />
avaliação para transplante pulmonar. Os pacientes cardíacos ou<br />
pulmonares em um estágio mais leve, sem indicação de transplante,<br />
também se beneficiam significativamente no melhor<br />
entendimento do comportamento da sua doença no momento<br />
atual e ao longo do tempo. O teste ergoespirométrico permite<br />
identificar a capacidade máxima de exercício e o comportamento<br />
dinâmico das respostas do sistema cardiovascular, pulmonar<br />
e muscular periférico do paciente avaliado. Respostas muito<br />
alteradas indicam uma progressão mais acentuada da doença<br />
e, portanto, a necessidade de um maior cuidado por parte da<br />
equipe clínica.<br />
Por fim, pessoas saudáveis também realizam o teste ergoespirométrico<br />
por diversas indicações. Para aqueles que desejam<br />
iniciar atividade física regular, além de permitir confirmar<br />
que as respostas cardiovasculares, pulmonares e musculares estão<br />
normais, pode-se fornecer os limiares de treinamento para<br />
serem discutidos com o seu orientador físico. Com isto, durante<br />
a prática esportiva monitorada com sensores da frequência cardíaca<br />
(Polar®, por exemplo), a pessoa terá a segurança de estar<br />
treinando justamente na intensidade alvo, evitando assim riscos<br />
maiores e buscando seu objetivo. O laboratório de ergoespirometria<br />
ligado ao Núcleo Avançado de Tórax do HSL, em associação<br />
com o serviço de ergometria, tem uma estrutura física<br />
e humana de qualidade para a realização dos testes, tanto em<br />
esteira como na bicicleta ergométrica. Os exames estão disponíveis<br />
de segunda a sexta-feira na sala de ergometria 2, 1S bloco<br />
D e o agendamento pode ser feito pelo telefone (11) 3155-0200<br />
(Call Center).<br />
Expediente<br />
Editor: Prof. Dr. Riad Younes<br />
Gerência de Comunicação: Katia Camata Ribeiro<br />
Edição e Produção: Estela Ladner (Espaço 2 Comunicações) Tel: (11) 3815-3686<br />
Arte: Adriana Cassiano<br />
Jornalista Responsável: Simon Widman (Mtb. 15460)<br />
Endereço: Rua Dona Adma Jafet, 91 Cep 01308-050<br />
Tel: (11) 3155-8231 Fax: (11) 3155-1031<br />
E-mail: katia.ribeiro@hsl.org.br<br />
Tiragem: 14.000 exemplares