Boletim da CARDIO - Hospital Sírio Libanês

Departamento de arritmias
do Centro de Cardiologia do HSL
Prof. Dr. Roberto Kalil Filho,
Diretor Geral do Centro de Cardiologia do HSL
O cuidado de pacientes com arritmias cardíacas vem apresentando
um enorme desenvolvimento nos últimos anos, tanto no que se
refere ao reconhecimento precoce dos fatores de risco para morte
súbita como pela possibilidade de medidas terapêuticas cada vez
mais efetivas para evitá-la. O Departamento de Arritmias do HSL
tem como objetivo oferecer aos pacientes todos os procedimentos
relacionados ao diagnóstico e tratamento das arritmias cardíacas, à
semelhança dos mais modernos centros internacionais.
A Unidade de Eletrofisiologia Clínica e Intervencionista do Departamento
de Arritmias conta com profissionais especialistas para consultoria
e realização de procedimentos como o Estudo Eletrofisiológico
e a Ablação por Radiofrequência. O Estudo Eletrofisiológico é uma
intervenção que permite a avaliação detalhada do sistema elétrico
do coração. A Ablação por Radiofrequência é um procedimento realizado
para cauterizar e eliminar os focos de origem das arritmias.
Na Estação Avançada de Cardioversão Elétrica, uma equipe multiprofissional
especializada está apta a realizar reversão elétrica (choque
para reverter arritmas) em regime de hospital-dia. O paciente
portador de determinados tipos de arritmias, após preparo domiciliar
de acordo com a orientação de seu médico pessoal, pode ser
submetido a esse choque e, após algumas horas de observação, retorna
à sua residência sem necessidade de internação.
A Unidade de Síncope disponibiliza métodos para auxiliar no esclarecimento
da causa de desmaios e uma equipe especializada para
Mapeamento eletroanatômico do coração
Boletim da CARDIO
Publicação Trimestral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês
Julho / Agosto / Setembro - 2010 8 ª edição
promover o tratamento adequado como, por exemplo, a Reabilitação
Autonômica, que consiste na orientação e prescrição de condicionamento
físico e treinamento postural (tilt training) que poderão
ser realizados à distância, sob a supervisão de um personal trainer
(leia texto sobre “Tratamento atual dos desmaios”, na pág 2).
A Unidade de Monitorização Ambulatorial do Eletrocardiograma
conta com o Sistema Holter de 24 horas e de sete dias e o Monitor
de Eventos Eletrocardiográficos (ou Loop Recorder), que permite o
acompanhamento on line do eletrocardiograma do paciente e a
monitorização cardíaca prolongada por semanas, o que torna possível
o diagnóstico de sintomas não diários, sem que o paciente modifique
seus hábitos de vida. Pode ser também de grande utilidade
para o acompanhamento de pacientes em regime de home care.
Na Unidade de Estimulação Cardíaca Artificial são realizadas as cirurgias
de implante de marca-passos, resincronizadores e cardioversores-desfibriladores
cardíacos. Resincronizadores são marca-passos
capazes de estimular as duas câmaras do coração, com o objetivo de
melhorar a sua contração em pacientes com problemas elétricos específicos
e insuficiência cardíaca. Cardioversores-desfibriladores implantáveis
são dispositivos com capacidade de reconhecer arritmias
com risco de provocar morte súbita e emitir impulsos elétricos ou
choques de baixa energia para interrompê-las. Além do implante, a
unidade disponibiliza o serviço de Avaliações Eletrônicas e Programações
periódicas para o seguimento clínico dos pacientes portadores
desses dispositivos e de uma Estação de Explante, para as situações
nas quais os pacientes tenham indicação de retirada do sistema.
Novamente, o Hospital Sírio-Libanês está inovando e oferecendo a
seus pacientes o acesso a um dos mais atuais modelos de atendimento
médico na área da Arritmologia Cardíaca.
Nesta Edição
Tratamento atual dos desmaios pág. 2
Teste ergométrico pág. 3
Cintilografia de perfusão miocárdica pág. 4
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Tratamento atual
dos desmaios
Dra. Denise Hachul,
Médica do Centro de Cardiologia do HSL
O desmaio, ou síncope vasovagal, caracteriza-se pela perda
de consciência provocada por uma diminuição súbita da pressão
arterial e da frequência dos batimentos cardíacos, devido
a um desequilíbrio no sistema nervoso autônomo. É a forma
mais comum de perda de consciência. Apesar de considerado
normal, quando se torna frequente interfere de forma significativa
na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, episódios
repetitivos podem tornar essas pessoas vulneráveis a acidentes
e traumatismos físicos relacionados às quedas, o que leva à necessidade
de tratamento preventivo. As principais opções de
tratamento incluem orientações dietéticas e comportamentais,
manobras de contração muscular, treinamento postural (tilt
training) e exercícios de condicionamento físico. Esse conjunto
de medidas é denominado Reabilitação Autonômica.
A medida inicial de maior importância é esclarecer pacientes
e familiares sobre a não gravidade do problema. Os pacientes
são aconselhados a evitar fatores que podem provocar o desmaio,
como permanecerem em ambientes quentes e fechados,
ficarem por tempo prolongado em pé e a usarem medicamentos
sem orientação médica. É importante que o paciente fique
atento aos sintomas iniciais, a fim de adotar uma postura precavida
em relação às quedas. Alternativas como dormir com a
cabeceira da cama elevada e o uso de meias elásticas devem
ser estimulados. O aumento da ingestão diária de líquidos é
uma das medidas mais importantes para esses pacientes. Foi
demonstrado que a água é capaz de aumentar a pressão arterial
e prolongar a tolerância à postura ereta, por aumentar
o volume intravascular e melhorar da contração dos vasos
sanguíneos. Outra medida importante é o acréscimo de sal na
Boletim da CARDIO
comida, indicada somente para pacientes que não sofrem de
pressão arterial nem insuficiência cardíaca.
A contração muscular das pernas ou dos braços é capaz de elevar
a pressão sanguínea durante a fase de sintomas que antecedem o
desmaio, o que permite aos pacientes retardarem a perda da consciência
na maioria dos casos. São movimentos fáceis de realizar,
têm benefício clínico comprovado e não têm contraindicações.
O treinamento postural ou tilt training é bastante indicado para
o tratamento dos desmaios. O programa consiste na realização
de uma sessão diária de exposição em pé com o dorso apoiado
numa parede por 30 minutos ou pelo tempo máximo que o paciente
aguentar. O tempo do exercício deve aumentar progressivamente,
dia após dia, pois a exposição frequente à postura
ereta promove uma espécie de “condicionamento” dos reflexos
que controlam a pressão arterial.
O treinamento físico aeróbio e exercícios de musculação de intensidade
moderada também melhoram o controle da pressão
arterial. O aumento no volume sanguíneo e a maior disponibilidade
de oxigênio para o cérebro, promovidos pelo exercício
regular, estão entre os fatores de melhora. O aumento da massa
e do tônus muscular, particularmente das pernas, também é um
fator benéfico, pois eleva o retorno de sangue para o coração.
Por todas as razões citadas, a Reabilitação Autonômica é considerada
atualmente um tratamento efetivo para portadores de desmaios.
Essa estratégia vem sendo cada vez mais indicada pela sua
eficácia, facilidade de realização e ausência de contraindicações.

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Entre em contato com o Centro de Cardiologia pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: centro.cardiologia@hsl.org.br
Teste ergométrico:
falsos positivos e negativos
Dr. William Azem Chalela,
Médico do Centro de Cardiologia do HSL
O teste ergométrico, também denominado teste de esforço ou
de exercício, é um exame não-invasivo de baixo risco e o mais
indicado, entre os exames cardiológicos, depois do eletrocardiograma.
Nele, o paciente é submetido a um esforço físico programado
e personalizado, com a finalidade de verificar:
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Se existe obstrução das coronárias, ou seja, presença de
angina
Chance de vir a ter um infarto ou outro problema do
coração
Arritmia cardíaca ou qualquer alteração do batimento do
coração
Sintomas como falta de ar, cansaço ou qualquer outro que
possa se originar no coração
Comportamento da pressão arterial
Resultado dos tratamentos por medicamentos, por cirurgia
ou angioplastia (com ou sem STENT)
Capacidade física
A prescrição e a orientação de exercícios físicos
Por essas razões, o teste de esforço é amplamente recomendado.
O seu valor está na capacidade de identificar precocemente os
pacientes considerados de alto risco e, a partir das informações
colhidas, contribuir na indicação do tratamento específico, quando
necessário. Alem disso, serve de orientação para prevenir futuros
problemas cardiovasculares.
Assim como qualquer método diagnóstico complementar, o
teste de esforço também tem suas limitações. Em alguns casos,
existem controvérsias quanto a seu resultado, que pode ser falso
positivo ou falso negativo para doença coronariana. Quando a
doença for significativa, pode afetar a presença de oxigênio em
uma determinada região do coração e provocar o que denominamos
de isquemia miocárdica, causando sintoma de angina. O
teste de esforço reconhece muito bem a isquemia miocárdica,
porém ela está presente em outras condições, além da doença
coronariana.
Denomina-se resultado falso positivo quando a pessoa não tem
a doença, mas o exame é alterado. As principais condições que
podem gerar resultado falso positivo ao teste de esforço estão relacionadas
a outras doenças do coração, como insuficiência cardíaca,
prolapso de valva mitral, doença cardíaca congênita, mas
precisam de um diagnóstico mais acurado.
Em contrapartida, denomina-se resultado falso negativo quando
se tem a doença embora o resultado do exame seja normal. As
condições que podem gerar resultado falso negativo são obstruções
pouco significativas das artérias coronárias, exames realizados
em presença de medicamentos e metodologia inadequada.
Quando o resultado do teste de esforço é duvidoso, deve-se utilizar
outros exames mais específicos para o diagnóstico de doença
coronariana. São exames de imagem, como a Cintilografia de
Perfusão Miocárdica e o Ecocardiograma ao estresse, indicados
para confirmar ou não a presença de obstrução das artérias coronárias.
Esses exames têm duas fases: uma de repouso e outra
de estresse. A fase de estresse geralmente é realizada com o teste
ergométrico. Quando existe limitação ou contra-indicação para
realizar o exercício, realiza-se o estresse farmacológico, com a utilização
de medicamentos que substituem o teste ergométrico.
O teste de esforço convencional ou quando realizado conjuntamente
com os métodos de imagem deve ser compreendido
como um exame complementar que, associado ao quadro clínico
e aos fatores de risco, ajuda a definir a conduta clínica a ser adotada.
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Entre em contato com o Centro de Cardiologia pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: centro.cardiologia@hsl.org.br
Cintilografia de perfusão miocárdica
Dr. Allan O. Santos,
Médico do Serviço de Medicina Nuclear e PET/CT do HSL
A doença isquêmica do coração, segunda causa de morte no
Brasil, é resultado do acúmulo de gordura na parede das artérias
coronárias, estreitando-as e reduzindo, assim, o fornecimento de
sangue ao músculo cardíaco. Esta redução pode prejudicar o funcionamento
do coração e, algumas vezes, pode causar um ataque
cardíaco (infarto).
O fornecimento insuficiente de sangue ao músculo cardíaco frequentemente
causa dor no peito (angina). O teste de esforço (esteira
ou bicicleta) e a cintilografia são exames comuns para pesquisar
de forma não invasiva a presença de obstruções nas artérias coronárias
e avaliar a sua gravidade.
A cintilografia é um exame que usa pequenas quantidades de substâncias
radioativas, que são injetadas em veias dos braços e depois
captadas pelo músculo cardíaco para produzir imagens do coração.
Estas imagens são usadas para avaliar o fornecimento sanguíneo
do músculo cardíaco (perfusão miocárdica) em repouso e durante
o exercício, ou estresse induzido por medicamentos. Este procedimento
é conhecido como Cintilografia de perfusão miocárdica.
A cintilografia pode determinar se há deficiência da circulação do
sangue, sua extensão e intensidade, localizar a coronária obstruída
e avaliar a movimentação das paredes do coração. Por isso, sua
contribuição para o diagnóstico é superior ao teste ergométrico
(esteira) isoladamente e pode ajudar a identificar pacientes com
maior risco para infarto que podem ser candidatos a procedimentos
invasivos, como cateterismo cardíaco, angioplastia e cirurgias
cardíacas.
Este estudo é indicado mais frequentemente para pacientes com
dor no peito (angina) e suspeita de isquemia coronariana, para
avaliar se o coração pode suportar o estresse de uma cirurgia de
grande porte, para verificar o dano causado por infarto ou para observar
isquemia em pacientes que voltaram a apresentar sintomas
após tratamento com angioplastia coronariana, cirurgia de ponte
de safena ou com medicamentos.
Para realizar o exame, o paciente deve se submeter a um preparo
simples que inclui a suspensão temporária de alguns medicamentos
para o coração, de acordo com a orientação dos médicos, e de
alimentos, bebidas e remédios que contenham cafeína.
A fase de estresse é preferencialmente realizada com teste de esforço
em esteira ou bicicleta. Quando isto não é possível, os pacientes
recebem a injeção de substâncias que simulam os efeitos do exercício
sobre o coração (estresse farmacológico).
A cintilografia de perfusão miocárdica é um exame seguro. O radioisótopo
utilizado resulta em baixa exposição à radiação, em nível
bastante aceitável para exames diagnósticos.
Os riscos de ataque e arritmias cardíacas desencadeados pelo exercício
ou estresse farmacológico são muito baixos quando os pacientes
são avaliados adequadamente. Além do mais, um cardiologista
estará ao lado do paciente durante o procedimento, caso ele
venha a apresentar um evento cardíaco.
Imagens de cintilografia de perfusão miocárdica
com imagens após estresse na coluna superior e
em repouso, na coluna inferior. À esquerda, exame
normal e, à direita, exame alterado.
Expediente
Editor: Prof. Dr. Roberto Kalil Filho
Co-Editores: Dra. Maristela Monachini e Dr. Pedro Nunes
Gerência de Comunicação: Katia Camata Ribeiro
Coordenação de Comunicação: Marjorie Sapatel
Edição e Produção: Estela Ladner (Espaço 2 Comunicações) Tel: (11) 3815-3686
Arte: Adriana Cassiano
Jornalista Responsável: Simon Widman (Mtb. 15460)
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