21.06.2013 Views

Boletim do NAT - Hospital Sírio Libanês

Boletim do NAT - Hospital Sírio Libanês

Boletim do NAT - Hospital Sírio Libanês

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Boletim</strong> <strong>do</strong> <strong>NAT</strong><br />

Publicação Trimestral <strong>do</strong> Núcleo Avança<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tórax <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>Sírio</strong>-<strong>Libanês</strong><br />

Hipertensão pulmonar<br />

Dr. Carlos Jardim,<br />

Intensivista e médico <strong>do</strong> Núcleo Avança<strong>do</strong> de Tórax <strong>do</strong> HSL<br />

Hipertensão pulmonar é a denominação dada a um conjunto<br />

de alterações que dificultam a passagem <strong>do</strong> sangue pelas<br />

artérias e veias pulmonares. Esse processo aumenta a pressão<br />

sanguínea nos vasos pulmonares, pode sobrecarregar o coração,<br />

causar cansaço, desmaios e, em casos muito graves, necessidade<br />

de internação e até transplante pulmonar.<br />

Quan<strong>do</strong> a hipertensão pulmonar se instala, o sangue não<br />

consegue fluir bem pelos pulmões e se acumula, sobrecarregan<strong>do</strong><br />

o coração que precisa fazer cada vez mais força para<br />

impulsioná-lo adiante.<br />

Existem vários mecanismos celulares e moleculares que<br />

causam a hipertensão pulmonar e eles não estão sempre presentes<br />

em todas as pessoas. Porta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>enças autoimunes<br />

(como a esclerodermia), HIV, esquistossomose, anemia<br />

falciforme, entre outros, tem mais chance de desenvolvê-la.<br />

Algumas pessoas que tem a <strong>do</strong>ença, mas sem causa identificável,<br />

podem receber o diagnóstico de hipertensão arterial<br />

pulmonar idiopática.<br />

O diagnóstico da hipertensão pulmonar não é fácil. Geralmente<br />

a pessoa apresenta um cansaço progressivo, que<br />

piora com o tempo e com esforços cada vez menores. Podem<br />

ocorrer desmaios. É comum o paciente contar que um ano antes<br />

cansava ao andar cinco quarteirões e agora cansa-se para<br />

subir dez degraus ou para tomar banho. O diagnóstico muitas<br />

vezes aparece quan<strong>do</strong> o médico está investigan<strong>do</strong> uma queixa<br />

de cansaço ou falta de ar.<br />

A hipertensão pulmonar pode causar alterações na radiografia<br />

de tórax, no eletrocardiograma e nos exames de sangue.<br />

Entretanto, grande parte <strong>do</strong>s diagnósticos surge da alteração<br />

presente no ecocardiograma. Nesse exame, o médico é capaz<br />

de estimar a pressão na artéria pulmonar. Quan<strong>do</strong> essa pressão<br />

estimada é maior que 35 mmHg, geralmente se faz uma<br />

Abril/Maio/Junho - 2011 14 ª edição<br />

investigação mais aprofundada, até mesmo com a necessidade<br />

de cateterismo da artéria pulmonar cateterismo de artéria<br />

pulmonar (exame em que um cateter, dispositivo com espessura<br />

menor <strong>do</strong> que um cadarço de sapato, é coloca<strong>do</strong> em uma<br />

veia <strong>do</strong> braço e é leva<strong>do</strong> até o pulmão para medir a pressão da<br />

artéria pulmonar).<br />

Muitas situações clínicas podem fazer com que a pressão<br />

<strong>do</strong> sangue dentro <strong>do</strong>s pulmões esteja aumentada. Felizmente,<br />

nem toda elevação da pressão significa uma <strong>do</strong>ença grave e<br />

muitas vezes não é necessário tomar remédios específicos para<br />

isso. No entanto, há situações em que existe a necessidade de<br />

tratamento com anticoagulantes, diuréticos, vasodilata<strong>do</strong>res e<br />

medicamentos que ajudem o coração a trabalhar melhor. Em<br />

casos extremos, que não respondem ao tratamento clínico,<br />

pode ser necessário um transplante de pulmão.<br />

Não existe uma recomendação específica para impedir<br />

o aparecimento da hipertensão pulmonar. Como regra geral,<br />

recomenda-se não fumar, evitar a obesidade e se manter ativo.<br />

No passa<strong>do</strong>, alguns anorexígenos (remédios para emagrecer),<br />

como a fenfluramina e a dexfenfluramina, estavam associa<strong>do</strong>s<br />

a uma maior incidência de hipertensão pulmonar – esses remédios<br />

foram bani<strong>do</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Porta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>enças<br />

crônicas, especialmente as autoimunes, pulmonares, cardíacas,<br />

renais e hepáticas, devem conversar com seus médicos<br />

a respeito da possibilidade da ocorrência de hipertensão pulmonar.<br />

Nesta Edição<br />

Tratamento en<strong>do</strong>scópico<br />

<strong>do</strong> enfisema pág. 2<br />

Ventilação mecânica<br />

não invasiva pág. 4


2<br />

Tratamento en<strong>do</strong>scópico<br />

<strong>do</strong> enfisema<br />

Dr. Daniel Deheinzelin, Pneumologista,<br />

e Dr. Paulo F. Guerreiro Car<strong>do</strong>so, Cirurgião Torácico <strong>do</strong> Núcleo Avança<strong>do</strong> de Tórax <strong>do</strong> HSL<br />

O enfisema pulmonar é uma <strong>do</strong>ença crônica, incurável<br />

e progressiva, caracterizada pela limitação ao fluxo<br />

de ar para dentro e para fora <strong>do</strong>s pulmões. Este ar aprisiona<strong>do</strong><br />

no interior <strong>do</strong>s pulmões resulta em um fenômeno<br />

conheci<strong>do</strong> como “hiperinsuflação”, principal responsável<br />

pela falta de ar e limitação da capacidade de exercício que<br />

comprometem a qualidade de vida <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res desta<br />

<strong>do</strong>ença. O hábito de fumar (tabagismo ativo) ou a exposição<br />

prolongada ao fumo quan<strong>do</strong> a pessoa convive com<br />

fumante (tabagismo passivo) situam-se entre as causas<br />

mais frequentes.<br />

A <strong>do</strong>ença é um problema de saúde que hoje afeta<br />

milhões de pessoas no Brasil e no mun<strong>do</strong>. O diagnóstico<br />

<strong>do</strong> enfisema pulmonar é feito por meio de exame médico<br />

<strong>do</strong> paciente, exame de raios-X (radiografia) <strong>do</strong>s pulmões<br />

e por um teste de sopro (espirometria) que mede a capacidade<br />

respiratória. Com base no exame médico e nos<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s demais exames, o médico pneumologista<br />

(especialista em <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> pulmão) fará o diagnóstico<br />

e determinará a gravidade <strong>do</strong> enfisema. A gravidade da<br />

<strong>do</strong>ença varia desde uma forma leve, sem limitação importante<br />

aos exercícios, até a mais grave, na qual a pessoa<br />

enfrenta grande limitação quan<strong>do</strong> tarefas simples, como<br />

caminhar, tomar banho ou subir escadas, passam a ser feitas<br />

com grande dificuldade devi<strong>do</strong> à falta de ar. Em casos<br />

mais severos há necessidade de se usar oxigênio para desempenhar<br />

as atividades.<br />

O tratamento atual <strong>do</strong> enfisema inclui parar de fumar,<br />

medicações, tratamento de infecções pulmonares, além<br />

de programa de exercícios físicos orienta<strong>do</strong>s por médico e<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>do</strong> <strong>NAT</strong><br />

fisioterapeuta, denomina<strong>do</strong> de “reabilitação pulmonar”. O<br />

tratamento <strong>do</strong> enfisema com cirurgia pode incluir desde a<br />

remoção das áreas mais afetadas pela <strong>do</strong>ença (cirurgia de<br />

redução de volume pulmonar) até a substituição completa<br />

de um ou de ambos os pulmões (transplante de pulmão).<br />

Embora estas cirurgias tenham se mostra<strong>do</strong> muito eficazes,<br />

seu uso é restrito a porta<strong>do</strong>res de determina<strong>do</strong>s tipos<br />

de enfisema, devi<strong>do</strong> a seus riscos.<br />

Mais recentemente foram desenvolvidas novas modalidades<br />

para se obter a redução da chamada “hiperinsuflação”<br />

<strong>do</strong> enfisema pulmonar, sem cirurgia e utilizan<strong>do</strong>-se<br />

novas técnicas realizadas por meio de um exame chama<strong>do</strong><br />

“broncoscopia”. Este exame é in<strong>do</strong>lor e consiste na passagem<br />

de um tubo fino e flexível pela boca ou nariz que<br />

permite ver o interior <strong>do</strong>s tubos por onde passa o ar antes<br />

de chegar aos pulmões (traqueia e brônquios). A broncoscopia<br />

é um exame comumente utiliza<strong>do</strong> para o diagnóstico<br />

e tratamento de várias <strong>do</strong>enças respiratórias.<br />

Por meio <strong>do</strong>s modernos equipamentos de broncoscopia,<br />

instalam-se pequenas válvulas no interior <strong>do</strong>s brônquios.<br />

Essas válvulas medem entre 4 e 5,5 milímetros de<br />

diâmetro, são de uma liga metálica e silicone médico e<br />

expansíveis.<br />

Com o paciente interna<strong>do</strong> em hospital, o procedimento<br />

é realiza<strong>do</strong> sob sedação (medicação que causa sonolência).<br />

Durante o exame as válvulas são colocadas no<br />

local deseja<strong>do</strong>, onde se fixam aos brônquios por simples<br />

pressão. Uma vez colocadas, essas válvulas têm como função<br />

dificultar a entrada ao mesmo tempo que facilitam a


www.hospitalsiriolibanes.org.br/torax<br />

Entre em contato com o <strong>NAT</strong> pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: nucleo.torax@hsl.org.br<br />

saída ao ar das áreas mais afetadas pelo enfisema. Desta<br />

forma, à medida que o paciente respira, as válvulas reduzem<br />

o volume de ar pulmonar nas áreas <strong>do</strong>entes, permitin<strong>do</strong><br />

que outras áreas menos <strong>do</strong>entes funcionem melhor,<br />

facilitan<strong>do</strong> a respiração. As válvulas são construídas para<br />

permanecerem no local onde são colocadas, porém, a<br />

critério médico, podem ser retiradas ou substituídas por<br />

meio de nova broncoscopia sem maiores dificuldades.<br />

Embora as válvulas não sejam capazes de reverter ou<br />

curar o enfisema, estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em pacientes porta<strong>do</strong>res<br />

de enfisema pulmonar grave concluíram que o procedimento<br />

é seguro e eficaz em casos muito bem seleciona<strong>do</strong>s.<br />

A forma de realizar a seleção, ou seja, de identificar<br />

quem se beneficiará <strong>do</strong> procedimento, passa por uma avaliação<br />

que inclui diversos exames médicos e radiografias.<br />

Ao término dessa avaliação, os pacientes são submeti<strong>do</strong>s<br />

a um programa de exercícios físicos (reabilitação pulmonar),<br />

após o qual serão submeti<strong>do</strong>s à instalação das válvulas<br />

cujo numero e local serão estabeleci<strong>do</strong>s pela equipe<br />

médica responsável pela sua instalação. Usualmente,<br />

de um a <strong>do</strong>is dias após o procedimento de instalação das<br />

válvulas os pacientes obtêm alta <strong>do</strong> hospital, para então<br />

serem acompanha<strong>do</strong>s e reavalia<strong>do</strong>s a intervalos regulares,<br />

com consultas e exames pelo médico assistente e pela<br />

equipe responsável pelo procedimento.<br />

Válvulas Unidirecionais<br />

Enfisema Pulmonar<br />

3


4<br />

Ventilação mecânica<br />

não Invasiva<br />

Dr. Guilherme de Paula Schettino,<br />

Gerente Médico de Pacientes Críticos <strong>do</strong> HSL<br />

Pacientes com insuficiência respiratória aguda ou<br />

crônica podem necessitar de suporte ventilatório mecânico<br />

– ventilação artificial ou ventilação com ajuda de aparelhos<br />

– como parte <strong>do</strong> seu tratamento. A ventilação mecânica permite<br />

correção da hipoxemia (queda da oxigenação <strong>do</strong> sangue)<br />

e diminuição <strong>do</strong> esforço para respirar. Até pouco tempo<br />

atrás, a única forma de oferecer suporte ventilatório consistia<br />

na colocação de um tubo que seguia da boca até a traqueia<br />

(intubação orotraqueal) para garantir a entrada e a saída <strong>do</strong><br />

ar <strong>do</strong>s pulmões. Por isso a técnica era classificada como ventilação<br />

mecânica invasiva.<br />

Hoje é possível também prover suporte ventilatório<br />

para pacientes em insuficiência respiratória com o uso de<br />

máscaras em substituição a esses tubos direciona<strong>do</strong>s até a<br />

traqueia. Essas máscaras, que podem ser nasais, oronasais, faciais<br />

ou mesmo capacetes, fazem a interface entre o sistema<br />

respiratório e o ventila<strong>do</strong>r mecânico. As máscaras são fixadas<br />

por fitas com velcro que permitem uma vedação total, impedin<strong>do</strong><br />

o vazamento de ar. Por dispensar a necessidade de<br />

um tubo na traqueia esta técnica é chamada de Ventilação<br />

Mecânica não Invasiva (VNI) e tem a vantagem de prevenir algumas<br />

complicações que podem estar associadas à presença<br />

<strong>do</strong> tubo traqueal, como, por exemplo, pneumonia.<br />

As máscaras utilizadas para a VNI estão cada vez melhores<br />

(figura), permitin<strong>do</strong> um suporte ventilatório efetivo e<br />

conforto para o paciente. O uso da VNI se mostrou particularmente<br />

benéfico para o tratamento da insuficiência respira-<br />

RF<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>do</strong> <strong>NAT</strong><br />

Entre em contato com o <strong>NAT</strong> pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: nucleo.torax@hsl.org.br<br />

tória de pacientes com <strong>do</strong>ença pulmonar obstrutiva crônica<br />

(DPOC) e edema agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pulmões (insuficiência cardíaca),<br />

situações em que a sua utilização melhora a falta de ar<br />

e, comprovadamente, diminuiu a necessidade de intubação<br />

traqueal e aumenta a chance de sobrevida. A VNI tem si<strong>do</strong><br />

empregada também como auxílio para a retirada da ventilação<br />

mecânica invasiva. Ou seja, aqueles pacientes que necessitaram<br />

de ventilação mecânica invasiva (com intubação<br />

traqueal) podem ser extuba<strong>do</strong>s mais precocemente com o<br />

auxílio da VNI.<br />

Outra indicação frequente desse tipo de ventilação é nos<br />

pós-operatórios, como técnica fisioterápica, com o objetivo<br />

de promover a expansão pulmonar nos pacientes acama<strong>do</strong>s,<br />

recém opera<strong>do</strong>s. Entretanto a VNI não pode ser empregada<br />

em to<strong>do</strong>s os casos. Insuficiência respiratória grave, diminuição<br />

da consciência, choque, distensão ab<strong>do</strong>minal e vômitos<br />

são contraindicações para esse tipo de ventilação.<br />

A ventilação mecânica não invasiva tem, ainda, a vantagem<br />

de poder ser utilizada em ambientes fora das unidades<br />

de terapia intensiva, ao contrário da ventilação mecânica tradicional<br />

que só deve ser realizada nas UTIs. A VNI pode ser<br />

feita em unidades semi-intensivas ou, até, em quartos normais,<br />

quan<strong>do</strong> o paciente estiver em fase final de recuperação.<br />

Alguns pacientes inclusive podem usá-la em casa, para o<br />

tratamento de <strong>do</strong>enças pulmonares crônicas ou mesmo <strong>do</strong>enças<br />

neuromusculares, além de seu uso já consagra<strong>do</strong> para<br />

o tratamento da apneia obstrutiva <strong>do</strong> sono.<br />

Expediente<br />

Editor: Dr. Daniel Deheinzelin e Dr. Ronal<strong>do</strong> Kairalla<br />

Gerência de Comunicação: Katia Camata Ribeiro<br />

Edição e Produção: Estela Ladner (Espaço 2 Comunicações) Tel: (11) 3815-3686<br />

Arte: Adriana Cassiano<br />

Jornalista Responsável: Simon Widman (Mtb. 15460)<br />

Endereço: Rua Dona Adma Jafet, 91 Cep 01308-050<br />

Tel: (11) 3155-8231 Fax: (11) 3155-1031<br />

E-mail: katia.ribeiro@hsl.org.br<br />

Tiragem: 14.000 exemplares

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!