Auto da Ave Maria
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António Prestes <strong>Auto</strong> <strong>da</strong> <strong>Ave</strong> <strong>Maria</strong><br />
Hei-o por gosto dos gostos<br />
jamais lhe virarei rosto.<br />
Moço Bofé, que sois necessário 1865<br />
muito cá. Por arquitecto<br />
<strong>da</strong>reis trigo. Cá em secreto<br />
vos abrirei um almário<br />
cá dos meus. O mais discreto<br />
mais perfeito, mais supremo 1870<br />
sabei, Mestre<br />
que é o de fora, não se adestre<br />
mais aqui, tem graça extremo<br />
tudo o nosso acho silvestre<br />
muito grosseiro. O de lá 1875<br />
é mais d’arte, lustra mais<br />
no atilado.<br />
Mestre Somos tais<br />
que natureza nos dá<br />
estranhos por naturais.<br />
São tão certos os espritos 1880<br />
portugueses<br />
revezarem muitas vezes<br />
os gostos, os apetitos<br />
que di nacem tais reveses.<br />
Diabo La origen y juridición 1885<br />
del mejor de allá penetra.<br />
Puso allá lo vivo et cetra<br />
acá los treslados son<br />
no tan perfecta la letra.<br />
Bom Trabalho Eu não sei essas traquina<strong>da</strong>s 1890<br />
de lavores 19a<br />
mas há cá arquitectores<br />
que arquitectam lambuza<strong>da</strong>s.<br />
Vem picanços, vão açores.<br />
Dizem que farão de patos 1895<br />
gaviões, de melões trigo<br />
entanto repimpam o embigo<br />
quando olhais os poleatos<br />
fica o trigo papa-figo.<br />
Bom Serviço S’esses não achassem cá 1900<br />
intérpetes<br />
não seriam eles cá setes.<br />
Mestre Somos nós, sempre em nós há<br />
pôr por pilotos grumetes.<br />
http://www.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/centro-estudos-teatro.htm