Resumo: Aos Homens do meu Tempo A Universidade - Centro ...
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A projeção desse porvir em que cada qual é apenas<br />
parte de um grupo maior para, através da comunicação<br />
e expressão, preencher de senti<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> adquiriu<br />
formas mais claras à medida que dialogávamos com<br />
os alunos. Em agosto de 2005, iniciamos os trabalhos<br />
<strong>do</strong>s Conta<strong>do</strong>res de Histórias da FEI, que se estenderá,<br />
em quantidade de participantes e de tempo, até 2007.<br />
Apoia<strong>do</strong> pelo Programa de Bolsas de Ação Social <strong>do</strong><br />
<strong>Centro</strong> Universitário da FEI, esse núcleo, que teve<br />
quatro bolsistas e agora tem oito, já contou com a<br />
ajuda de mais de vinte voluntários para conseguir<br />
viabilizar o sonho, diurno e concreto, de narrar histórias<br />
para comunidades carentes.<br />
A dinâmica para a escolha e preparação <strong>do</strong> texto e<br />
<strong>do</strong> grupo é bastante árdua. Começamos com<br />
exercícios tradicionais de gesto e de voz, passamos por<br />
aprofundadas discussões sobre os nossos propósitos,<br />
das características das comunidades interna e externa,<br />
da leitura e discussão de textos teóricos, da pesquisa<br />
de histórias tradicionais ou não, de seminários, de<br />
dramatizações, de confecção de figurino, escolha de<br />
música, organização e divisão <strong>do</strong> trabalho... .... enfim, a<br />
apresentação. Depois, recomposição das experiências<br />
e tessitura da nossa vivência coletiva, <strong>do</strong> nosso tol<strong>do</strong><br />
ilumina<strong>do</strong>. A partir da pesquisa, leitura e discussão de<br />
textos funda<strong>do</strong>res da arte de contar histórias como “O<br />
narra<strong>do</strong>r”, de Walter Benjamin, da prática de técnicas<br />
como as respiratórias, falar diante <strong>do</strong> espelho, observar<br />
a natureza, participar de jogos, criar e contar textos<br />
impossíveis e <strong>do</strong> fortalecimento <strong>do</strong> vínculo de<br />
confiança entre os participantes, foi possível conceber<br />
a primeira apresentação <strong>do</strong> grupo: a narração da<br />
história “Flor de maio”, de Cristina Furta<strong>do</strong>, para quase<br />
quinhentas crianças <strong>do</strong> Hospital <strong>do</strong> Câncer de São<br />
Paulo.<br />
Os depoimentos que depois escreveram os alunos<br />
são comoventes. Porque transpiram humanidade ao<br />
revelarem os me<strong>do</strong>s e os anseios vivi<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is meses de preparação para os trinta minutos de<br />
performance no auditório da Faculdade. O tempo da<br />
colheita posterior é inestimável. Tão vibrante<br />
experiência fez sulcos profun<strong>do</strong>s na alma de cada<br />
integrante e forjou nossa alma coletiva. Foi possível<br />
vencer a timidez, ouvir as necessidades de crianças<br />
geralmente marginalizadas pela sociedade e comunicar<br />
nosso afeto pelo próximo. Foi possível desenvolver a<br />
consciência <strong>do</strong> grupo de como a linguagem atua no<br />
mun<strong>do</strong> e da nossa responsabilidade sobre ela. E era só<br />
o começo das atividades <strong>do</strong> grupo...<br />
A essa primeira experiência, seguiram-se outras:<br />
narramos histórias para os i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> asilo São José, para<br />
as crianças da Comunidade da Aclimação, para os<br />
calouros <strong>do</strong> campus Liberdade. A sucessão <strong>do</strong>s eventos<br />
trouxe as dificuldades. Os percalços não foram e não<br />
são poucos. Todavia, em qualquer projeto que envolva<br />
mais de uma pessoa os desencontros são necessários<br />
para afinar os instrumentos e procurar o acorde<br />
coletivo. Nesse movimento oscilatório, a um só tempo<br />
exaustivo e prazeroso, é que vamos amplian<strong>do</strong> as<br />
capacidades de comunicação e expressão <strong>do</strong>s<br />
discentes e de toda comunidade envolvida. Foi<br />
possível, assim, acompanhar o desenvolvimento de<br />
alunos que, em nossa primeira dinâmica em grupo, não<br />
conseguiam sequer fazer breves apresentações de seu<br />
próprio histórico. Hoje, quase to<strong>do</strong>s já assumem com<br />
plenitude a responsabilidade de estar em cena, com a<br />
mão na palavra oral, manipulan<strong>do</strong>-a e fazen<strong>do</strong>-a<br />
acontecer aos olhos de quem quiser ouvir.<br />
Sem dúvida, há que se fortalecer e muito os espaços<br />
extra-classes para que tais projetos avancem e<br />
aprofundem-se. Não para completar o trabalho discente<br />
como normalmente se pensa. Isso deve ser feito pelo<br />
próprio aluno em pesquisas, trabalhos em grupos,<br />
seminários, inseri<strong>do</strong>s na grade curricular oficial. Mas para<br />
fundar o verdadeiro espaço e tempo em que o Ensino<br />
Superior acontece: nas relações interpessoais, que se<br />
fundam na vivaz e solidária comunicação e expressão<br />
das idéias e <strong>do</strong>s anseios pessoais e sociais. ❑<br />
COMUNICAÇÃO<br />
E EXPRESSÃO<br />
E OS<br />
CONTADORES<br />
DE HISTÓRIA<br />
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