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1 Gênero no Texto Visual: a (re)produção de ... - Fazendo Gênero

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Continuando a visita virtual pela sala da exposição, os trabalhos das alunas <strong>de</strong> Educação<br />

Artística ap<strong>re</strong>sentam outros elementos. O trabalho <strong>de</strong> Letícia Ribas “Povo em pé” ap<strong>re</strong>sentou<br />

plantas cultivadas em sapatos usados ou <strong>no</strong>vos. A p<strong>re</strong>sença dos sapatos suge<strong>re</strong> um corpo ausente, e,<br />

ao invés <strong>de</strong> surgir o corpo huma<strong>no</strong>, levanta-se o corpo vegetal: o natural que pe<strong>de</strong> espaco para<br />

c<strong>re</strong>scer <strong>de</strong>ntro da vestimenta, do cultural. Há duas possibilida<strong>de</strong>s: ou a planta rasga o sapato, ou o<br />

sapato sufoca a planta. As fotografias <strong>de</strong> Lin Égas mostraram poses clássicas <strong>de</strong> nus femini<strong>no</strong>s. A<br />

junção <strong>de</strong> dois corpos, os fragmentos do corpo industrial <strong>de</strong> uma manequim e corpo orgânico da<br />

aluna fingiam uma harmonia apa<strong>re</strong>nte nas posturas mo<strong>de</strong>ladas culturalmente. O corpo orgânico<br />

tenta se a<strong>de</strong>quar ao corpo construído e alcança quase perfeitamente o gesto com co<strong>no</strong>tações <strong>de</strong><br />

beleza, feminilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za do manequim, que <strong>re</strong>p<strong>re</strong>senta um padrão. Num segundo olhar,<br />

percebemos as irritações ent<strong>re</strong> ambos os corpos, imperfeições do natural e o <strong>de</strong>sgaste nas<br />

rachaduras e manchas da manequim. O vi<strong>de</strong>o <strong>de</strong> Patrícia Stuart trabalhou a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual que se<br />

nega a ser i<strong>de</strong>ntificada. Irritando o observador com imagens in<strong>de</strong>finíveis e ruídos enervantes, ela<br />

forçou o espectador a buscar soluções a partir do <strong>re</strong>conhecível, que pertence ao <strong>re</strong>pertório <strong>de</strong> cada<br />

um. A sensação <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r captar e comp<strong>re</strong>en<strong>de</strong>r o ví<strong>de</strong>o, que incorporou rápidas imagens <strong>de</strong><br />

d<strong>re</strong>ad-lock que se <strong>re</strong>portam à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual, causa frustração. Patrícia discutiu a imposição da<br />

imagem e o condicionamento do observador. Já And<strong>re</strong>ssa Schrö<strong>de</strong>r produziu centenas <strong>de</strong> balas <strong>de</strong><br />

esperma - <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter pedido doações a amigos - e ap<strong>re</strong>sentou “as balas do <strong>de</strong>sejo” num baleiro<br />

com a <strong>re</strong>ceita ao lado. Na abertura da exposição, que contou com a p<strong>re</strong>sença <strong>de</strong> 200 pessoas, este<br />

trabalho causou bastante polêmica, pois unia fluídos corporais à produtos comestíveis, elementos<br />

que pertencem a mundos dife<strong>re</strong>ntes, muito embora tal junção seja admissível quando do sexo oral.<br />

O trabalho se car<strong>re</strong>ga <strong>de</strong> simbologias da sexualida<strong>de</strong>, especificamente da virilida<strong>de</strong>, pois, não trata<br />

<strong>de</strong> qualquer líquido corporal, mas sim do produto ejaculado, que é sig<strong>no</strong> da força masculina.<br />

Ainda nas propostas dos alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Educação Artística em mostra <strong>no</strong> MUSA, a instalação <strong>de</strong><br />

Janis Regina Gonçalves “Venha <strong>de</strong>itar na minha cama” <strong>re</strong>latou a procura pelo espaco individual,<br />

on<strong>de</strong> existe bem-estar, confiança e intimida<strong>de</strong>. Janis escolheu a cama <strong>de</strong>la como este <strong>re</strong>fúgio, local<br />

on<strong>de</strong> se alinha na posição fetal. Convidou então pa<strong>re</strong>ntes e amigos, ou seja, o outro, para entrar<br />

neste espaço. Este processo é <strong>re</strong>gistrado por fotos tiradas por Janis e por cartas dos convidados que<br />

<strong>re</strong>latam esta vivência. Janis tirou a cama <strong>de</strong>la do quarto, um espaço íntimo e a levou para o Museu,<br />

abrindo o espaço privado para um espaco público. As esculturas amorfas <strong>de</strong> arame <strong>de</strong> Rafaela<br />

Travensolli Costa, buscaram a linha a partir da medida do corpo <strong>de</strong>la mesma, integrando arames<br />

galvanizados a oxidados que <strong>re</strong>p<strong>re</strong>sentam a mesma matéria em estados <strong>de</strong> permanência diversos,<br />

num corpo só, Rafaela discutiu tanto na materialida<strong>de</strong> como também na forma sua constituição<br />

(in)consciente, <strong>no</strong>rmalização e construção social. Esta acumulação da linha que virou matéria<br />

aponta também para um diálogo ent<strong>re</strong> as linguagens do <strong>de</strong>senho e da escultura, sendo que a sombra<br />

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