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Gênero e sexualidade nas práticas escolares ST ... - Fazendo Gênero

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Pensamos, em concordância com Bourdieu (1995), que é através do habitus e das <strong>práticas</strong><br />

que se repetem indefinidamente que acontece a perpetuação do passado, de forma estereotipada.<br />

Nesse sentido, referimo-nos também à atividade de soltar pipa, apontada como praticada só por<br />

meninos, mas relatada por dois meninos e três meni<strong>nas</strong> como realizada por ambos os sexos, em<br />

decorrência da experiência vivenciada pelas crianças no contexto sociocultural, junto às famílias.<br />

Considerações finais<br />

A partir dos resultados obtidos, pudemos elaborar nossas conclusões.<br />

O primeiro objetivo específico tratou de mapear os jogos e as atividades em geral que eram<br />

valorados pelos meninos e meni<strong>nas</strong>, na perspectiva das relações de gênero. Os dados obtidos<br />

permitiram concluir que as atividades e jogos preferidos pelas crianças se referiam aos seus<br />

universos sócio-culturais, às <strong>práticas</strong> aceitas pela sociedade como femini<strong>nas</strong> ou masculi<strong>nas</strong>.<br />

Quanto às preferências dos jogos <strong>nas</strong> aulas de Educação Física, percebemos a manutenção<br />

da escolha do queimado como um costume, um hábito, cuja repetição aprimorava o desempenho.<br />

Porém algumas meni<strong>nas</strong> aceitavam e abriam novas perspectivas, para além da unanimidade do<br />

queimado, também fazendo um movimento de aproximação dos “jogos de meninos”, como bola de<br />

gude, basquete, pião e pipa, mas ainda de maneira muito incipiente.<br />

Vimos os estereótipos de gênero reforçados quando as crianças apontaram atividades e jogos<br />

praticados só por meninos, só por meni<strong>nas</strong>, ou por ambos. Romper a barreira que separa a<br />

realização de atividades ditas masculi<strong>nas</strong> ou femini<strong>nas</strong> ainda permanece uma empreitada a ser<br />

conquistada.<br />

O segundo objetivo específico buscou articular os estudos teóricos sobre a relação de<br />

gênero, construída socialmente, e a prática no espaço escolar. Os resultados alcançados pela<br />

pesquisa ressaltaram a nossa necessidade de permear todo o processo de investigação pela<br />

articulação dos estudos teóricos de gênero com a prática dessas relações no contexto escolar. Dessa<br />

situação, inferimos que, se não se criam oportunidades de novas experiências, físicas e intelectuais,<br />

ocorrerá a manutenção da separação <strong>nas</strong> escolhas de atividades tipificadas pelos meninos e meni<strong>nas</strong>.<br />

No que concerne ao terceiro objetivo específico, este tratou de observar e identificar a<br />

articulação das relações de gênero e possíveis manifestações de poder. <strong>Gênero</strong> e poder pontificaram<br />

nos dois espaços observados, de maneiras diferentes, <strong>nas</strong> relações entre os meninos e as meni<strong>nas</strong>.<br />

Pudemos identificar as manifestações de poder articuladas às relações de gênero. Segundo<br />

Foucault (1996) essas manifestações são múltiplas e circulam através dos discursos.<br />

As meni<strong>nas</strong> dominavam o espaço interno da sala de aula, com valorização da organização,<br />

aplicação e envolvimento com as tarefas executadas.<br />

Já no espaço da Educação Física, a dominação era masculina, expressada pelas condutas e<br />

comportamentos motores, bem como pelos discursos, em confronto com a explícita resistência

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