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Performance e etnoestética: a montagem como ritual ou como ...

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acessório utilizado ali <strong>ou</strong> acolá no rosto <strong>como</strong> dentaduras que “deformam” a boca <strong>ou</strong> falsas verrugas<br />

que são coladas sobre a pele.<br />

A adornação da cabeça também se faz com perucas. Porém, estas nem sempre se<br />

mostram sozinhas sobre a cabeça. É comum a presença de objetos <strong>como</strong> chapéus extravagantes,<br />

plumas coloridas e <strong>ou</strong>tros em meio aos fios. Estes à diferença dos encontrados na maior parte das<br />

perucas utilizadas no estilo amapô, as quais apresentam cabelos naturais <strong>ou</strong> fios de materiais com<br />

aspectos semelhantes a cabelos, revelam fios que denotam o mais artificial possível. Em geral, nas<br />

montagens caricatas as perucas são de náilon, látex <strong>ou</strong> canecalon em cores flamenjantes.<br />

O revestimento dos membros ocorre do mesmo modo da <strong>montagem</strong> amapô na maioria<br />

dos aspectos. Ele, no entanto, apresenta duas particularidades. Primeira, não contém<br />

necessariamente uma preocupação em “trucar a neca”. Segunda, o corpo é montado de forma a<br />

mostrar membros desajeitados, extranhos e diformes.<br />

2.3. Montagem andrógena<br />

De todas as montagens drags a andrógena parece ser a mais complexa. Ela se<br />

fundamenta no que há de mais peculiar e criativo do artista que a efetua. Não há limites estéticos<br />

nessa qualidade de <strong>montagem</strong>. Aqui a androgenia pode ser conseguida através das mais variadas<br />

técnicas possíveis. A construção do rosto, a adornação da cabeça e o revestimento dos membros são<br />

levados a excentricidades jamais vistas em qualquer <strong>ou</strong>tro estilo de <strong>montagem</strong>.<br />

A variedade de materiais utilizados também não possui limites. Há drags que chegam ao<br />

requinte de se mostrarem com corpos obtidos com o uso de embalagens de preservativos, carnes e<br />

tripas cruas de animais.<br />

3.O tempo em que se aprende “montar”<br />

Seja para aprender adornar a cabeça,seja para elaborar uma nova rostidade <strong>ou</strong> mesmo para<br />

dominar as técnicas de revestimentos dos membros o neófito dificilmente necessita somente de uma<br />

lição. As drags sabem que iniciar uma futura filha nas “artes” da <strong>montagem</strong> leva um certo tempo.<br />

Este não é calculado mediante horas, minutos e segundos. Não trata-se de um tempo cronológico<br />

<strong>como</strong> que as drags estipulam para iniciar alguém que deseja aprender a “se montar” sem a intenção<br />

de torna-se sua filha. Leach (1974) ao repensar o próprio pensamento antropológico ressalt<strong>ou</strong> o fato<br />

do tempo adquirir conotação de acordo com cada contexto cultural. No contexto da iniciação na<br />

<strong>montagem</strong> existem duas possibilidades de tempo para viver esse <strong>ritual</strong>. Como “Cada <strong>ritual</strong> é um<br />

processo pautado em um tempo, cujas unidades são objetos simbólicos e aspectos serializadados da<br />

conduta simbólica” (TURNER, 2005:50, tradução minha) vejamos <strong>como</strong> interrelacionam-se<br />

objetos e ações nessas duas possibilidades.<br />

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