REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA - Biblioteca do IBGE

194 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA
acompanhando o vale dum rio: primeiro vegetação pujante, devido à
"terra rossa" oriunda. da decomposição dos sais de ferro residuais no
calcâreo; logo a seguir temos uma vegetação de cactãceas onde se nota
a predominância de mandacarus. O xiquexique, a barriguda (Bombax
$p,) o imbiruçu (Bombax pubescens) são todos vegetais com adaptações
à sêca quando o rio desaparece em um sumidouro.
São muito freqüentes, nesta região, desabamentos que dão como
resultado as dolinas. t:stes desabamentos podem pôr em perigo até
vidashumanas, pois com o pêso do animal a capa externa desmorona-se
e lã se vai o cavaleiro. Isto ocorre muito nos arredores do Alegre e
até se aconselha aos viajantes novos aí que quando o animal tropeçar
e ameaçar cair, saltem imediatamente, pois pode ser um desabamento."'
Fig. 11 -
OaZcáreo daB reàondezaB de Água Suja, vendo-se
também a vegetar;lio Bub-xerófiZa.
(Fot. GILVANDRO S. PEREIRA)
Os rios, nos seus meandros encaixados, provocam devido à ação
erosiva escavações muito grandes, como na Volta do Padre no trecho do
no Corrente próximo a Santa Maria, podendo mesmo provocar posteriormente
desabamento como se observa no rio Carinhanha nas proximidades
da foz do Salobro.
Nas encostas dêstes morros calcâreos encontramos grutas muito
curiosas como na serra das Porteiras (próximo a Pôrto Novo), no vale
do Agua Quente,"' na serra do Ramalho sôbre a qual contam histórias
verdadeiramente fantãsticas. Esta serra é quase inteiramente inexplorada.
O homem, chegando a esta região, deu tipos diferentes conforme
as possibilidades condicionadas ao solo e à ãgua.
Nos campos gerais, isto é,. no chapadão arenítico, devido aos minguados
recursos existentes, não existe uma ocupação verdadeira; é
uma zona quase totalmente vazia. O indivíduo para viver aí precisa
ser talhado para tal; surge então um tipo- é o "geralista" ou manga-
• Observações fornecidas pelo Eng. • Gilvandro Simas Pereira.
Pág. 38 - Abril-Junho de 1947