REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA - Biblioteca do IBGE

228 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA
A depressão continua para o sul, mas é aí mais acidentada com
inúmeras montanhas paralelas que movimentam mais a paisagem.
Para explicar esta diferença na paisagem temos que procurar a estrutura
da rocha e as conseqüências do trabalho erosivo dos rios desta
área. Ao norte o rio Santo Onofre e afluentes trabalhando paralela-
. mente à direção das camadas, encontraram rochas mais tenras que
erodiram ativamente originando-se esta parte da depressão. Entretanto,
ao sul da depressão, os rios correm perpendicularmente à direção das
camadas, daí surgirem serras paralelas, e os rios as rompem por boqueirões
às vêzes bastante apertados sendo que o mais imponente é um
que se vê à distância onde o rio de Contas rompe aquêle outro ramo do
Espinhaço.
Fig. 60- Vista. panor4mioa dos arredoTes do Jaca'l'ac\. A 1legetaç4o é 1'W1'6Bet&­
tada pelo c81'1'ado que nas partes mais elevadas evolui para campinas nati1las.
(Fot. A. Do:MINGUIIIS)
Esta zona, devido ao regime de. chuvas de verão, está sujeita a um
período de sêca. O solo arenoso da parte elevada funciona como um
reservatório e fornece bastante água, de modo que ·os rios desta
parte são rios perenes. Entretanto olhando-se a depressão, verificamos
que esta é bastante sêca, em virtude dos ventos alísios que descem da
serra do Espinhaço. Tal diferença entre estas duas partes da zona
reflete-se na vegetação: assim na zona elevada encontramos uma formação
florística com muitas canelas-de-ema (Vellozia sp.), gramínea
do gênero Andropogon, Aristida, etc., cagaita, pau-de-terra (Qualea.
grandiflora), mangaba (Hancornia speciosa).
Verifica-se a predominância das velosiáceas e das gramíneas nas
partes mais elevadas, enquanto os arbustos se tornavam mais co-·
muns à proporção que se desce. Esta vegetação surgiu assim que
abandonamos o solo arqueano e penetramos em solo resultante do·
Pág. 72 -
Abril-.Tunbo de 1947.'