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Nº 28 - PDF - Instituto Politécnico de Castelo Branco

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Divulgação técnica<br />

35<br />

aprovado pelo Conselho da Educação da União Europeia<br />

(UE). No referido relatório preconiza-se o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do espírito empresarial no seio dos sistemas <strong>de</strong> educação e<br />

<strong>de</strong> formação (Comissão Europeia, 2004).<br />

O presente trabalho visa analisar e <strong>de</strong>screver a importância<br />

do conceito <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />

Posteriormente, no ponto 2, analisam-se os problemas associados<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um curriculum apropriado<br />

e as especificida<strong>de</strong>s do processo ensino/aprendizagem.<br />

Seguidamente, no ponto 3, proce<strong>de</strong>r-se-á a uma análise<br />

da situação atual nas universida<strong>de</strong>s dos Estados Unidos da<br />

América, da União Europeia e da China. No último ponto,<br />

relativo à conclusão, elaboram-se as consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

2. Ensino do Empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

A contribuição das universida<strong>de</strong>s para o fomento do<br />

empreen<strong>de</strong>dorismo po<strong>de</strong> ser feita por via direta, ou indireta.<br />

No primeiro caso, essa contribuição passa pela comercialização<br />

e/ou cedência <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong>senvolvidas em<br />

meio universitário que constituem o ponto <strong>de</strong> partida para<br />

as chamadas spin-offs, que geralmente têm a sua se<strong>de</strong> em<br />

centros <strong>de</strong> incubação <strong>de</strong> empresas, ou em centros <strong>de</strong> inovação<br />

inseridos ou não em parques tecnológicos. No segundo<br />

caso, por via indireta, a universida<strong>de</strong> contribui para<br />

o referido fomento através do ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

visando estimular o espírito empreen<strong>de</strong>dor dos alunos,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo as capacida<strong>de</strong>s e competências necessárias<br />

para a constituição <strong>de</strong> novas empresas. Neste trabalho<br />

analisaremos, exclusivamente, esta segunda vertente.<br />

O ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo po<strong>de</strong> ser abordado<br />

<strong>de</strong> duas formas distintas (Comissão Europeia, 2004; Rasmussen<br />

e Sorheim, 2005): uma primeira abordagem, mais<br />

específica, está orientada para a criação <strong>de</strong> empresas e,<br />

consequentemente nos curricula <strong>de</strong>stes cursos/disciplinas,<br />

são enfatizadas as matérias relevantes para a constituição<br />

e gestão <strong>de</strong> novas firmas; a segunda abordagem, é mais<br />

centrada no indivíduo e preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver atitu<strong>de</strong>s e<br />

competências empreen<strong>de</strong>doras no aluno. Enquanto que a<br />

primeira abordagem está orientada para a empresa, a segunda<br />

encontra-se direcionada para o empresário.<br />

Recentemente, alguns autores como Jones e English<br />

(2004) e Kirby (2002) têm <strong>de</strong>fendido que ambas as vertentes<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo,<br />

uma vez que empresa e empresário se completam. É<br />

necessário um empresário para criar uma empresa, mas o<br />

seu sucesso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos conhecimentos teóricos e práticos<br />

do empresário e não, apenas, das suas caraterísticas pessoais.<br />

Será esta a perspetiva teórica seguida na subsequente<br />

discussão sobre o <strong>de</strong>senvolvimento curricular e o processo<br />

<strong>de</strong> ensino/aprendizagem aplicado ao ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />

2.1. Desenvolvimento curricular<br />

Consi<strong>de</strong>rando que um dos objectivos do ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

consiste em incentivar o “<strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s pessoais relevantes para a iniciativa empresarial”<br />

(Comissão Europeia, 2004), torna-se necessário<br />

saber que qualida<strong>de</strong>s, atributos e atitu<strong>de</strong>s diferenciam um<br />

indivíduo empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> um não empreen<strong>de</strong>dor.<br />

Numa primeira fase, esta diferenciação baseava-se nas<br />

caraterísticas psicológicas dos indivíduos, que eram inatas e<br />

sendo assim, não podiam ser ensinadas. O conceito do ensino<br />

do empreen<strong>de</strong>dorismo resumia-se, pois, aos aspetos relacionados<br />

com a criação da empresa, uma vez que se consi<strong>de</strong>rava<br />

o sistema <strong>de</strong> ensino incapaz <strong>de</strong> formar empresários.<br />

Esta visão puramente psicológica foi abandonada e<br />

substituída por uma visão comportamental que consi<strong>de</strong>ra<br />

a criação <strong>de</strong> empresas como uma resposta a situações externas.<br />

Aspetos como a cultura, a educação, as condições<br />

económicas e sociais, os recursos disponíveis, as oportunida<strong>de</strong>s<br />

existentes e i<strong>de</strong>ntificadas, po<strong>de</strong>m contribuir para o<br />

empreen<strong>de</strong>dorismo e para a <strong>de</strong>cisão do indivíduo se tornar<br />

empresário.<br />

A mudança do paradigma psicológico para o comportamental<br />

teve como principal consequência a aceitação<br />

da tese, segundo a qual o empreen<strong>de</strong>dorismo po<strong>de</strong> ser estimulado<br />

através da educação e os comportamentos que<br />

um empresário <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong>ve ter são, todos eles, suscetíveis<br />

<strong>de</strong> serem aprendidos e ensinados. Este paradigma<br />

foi reforçado por estudos empíricos (Collins et al, 2004)<br />

que <strong>de</strong>monstraram que a taxa <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empresas era<br />

significativamente maior em alunos que tivessem seguido<br />

programas <strong>de</strong> ensino para o empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />

Assim, o conceito tradicional <strong>de</strong> ensino do empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

que enfatizava a criação e gestão <strong>de</strong> novas empresas<br />

e apresentava as matérias teóricas na área <strong>de</strong> gestão<br />

como predominantes nos curricula foi substituído por um<br />

outro conceito em que, paralelamente aos conhecimentos<br />

teóricos, são introduzidas novas matérias e métodos que<br />

preten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver nos alunos atitu<strong>de</strong>s e comportamentos<br />

empreen<strong>de</strong>dores.<br />

Kirby (2002) refere como fundamentais os seguintes<br />

comportamentos:<br />

Agroforum | n.º <strong>28</strong> Ano 20, 2012

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