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17 de Setembro - Post Milenio

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10 De <strong>17</strong> a 23 <strong>de</strong> <strong>Setembro</strong> <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho <strong>de</strong> si!<br />

A inter<strong>de</strong>pendência nacional!<br />

DR. LUIS BARREIRA<br />

Há já algum tempo que oiço<br />

alguns comentários, a<br />

propósito da difícil situação<br />

económica em que o País se<br />

encontra, que expressam a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> que, a única forma <strong>de</strong> sairmos<br />

da crise, é Bruxelas <strong>de</strong>signar um<br />

comissário europeu com plenos<br />

po<strong>de</strong>res para gerir a economia<br />

nacional.<br />

Naturalmente que sorrio com o atrevimento<br />

<strong>de</strong>sta proposta, mas evito contestála,<br />

quando penso no que na realida<strong>de</strong> se<br />

passa e no que se prepara para o futuro.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que, pese embora o facto <strong>de</strong><br />

pertencermos à União Europeia, somos um<br />

País in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e é da nossa competência<br />

gerir, bem ou mal, as nossas instituições.<br />

Mas também é verda<strong>de</strong> que somos um<br />

País economicamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ssa<br />

mesma União, quer pelas <strong>de</strong>cisões que <strong>de</strong>la<br />

emanam e subscrevemos, quer pela ajuda<br />

preciosa que recebemos.<br />

Se tivermos em consi<strong>de</strong>ração as negociações<br />

e o vaivém permanente, entre<br />

Bruxelas e Lisboa, do nosso responsável<br />

pelas finanças, aquando da aprovação do<br />

nosso Plano <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Crescimento<br />

(PEC), tentando convencer e fazer aceitar,<br />

pelos restantes países da UE, a justeza das<br />

medidas propostas para controlar as nossas<br />

contas públicas, interrogo-me sobre o nosso<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> impôr um PEC, que não fosse<br />

aceite pelos restantes pares europeus!?<br />

Quando verificamos hoje que, os países<br />

da União Europeia <strong>de</strong>cidiram que, no<br />

futuro, querem analisar previamente os<br />

orçamentos nacionais, antes dos governantes<br />

os submeterem aos respectivos parlamentos,<br />

interrogo-me sobre o po<strong>de</strong>r dos<br />

nossos <strong>de</strong>putados em propôr ou aprovar, o<br />

que quer que seja, que não tenha sido antecipadamente<br />

exposto e aceite pelos<br />

restantes países da União!?<br />

Se isto é uma realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>la não<br />

po<strong>de</strong>mos sair, o resultado óbvio é prescindirmos<br />

<strong>de</strong> um Ministro da Economia e<br />

outro das Finanças e <strong>de</strong>signarmos, no máximo,<br />

um gestor nacional <strong>de</strong>ssas áreas, ao<br />

serviço <strong>de</strong> um qualquer super-comissário<br />

europeu que zele pelo cumprimento das<br />

<strong>de</strong>cisões que nos são impostas.<br />

Levando esta análise simplista ao<br />

extremo e como a economia e as finanças<br />

não estão <strong>de</strong>sligadas da esfera política e<br />

social, com todas as implicações nas nossas<br />

instituições <strong>de</strong>mocráticas e seus agentes<br />

(para que serviriam os <strong>de</strong>putados nacionais,<br />

se nada po<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>cidir que tivesse implicações<br />

económicas e financeiras?!...), o<br />

resultado lógico seria elegermos apenas os<br />

nossos <strong>de</strong>putados europeus e prescindirmos<br />

dos nacionais.<br />

Tudo seria mais económico e, segundo<br />

alguns, mais eficaz!<br />

Naturalmente que as coisas não são tão<br />

simples, nem po<strong>de</strong>m ser assim, enquanto a<br />

Europa se constituir como uma associação<br />

<strong>de</strong> estados in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e não como<br />

Estados Unidos da Europa e, mesmo neste<br />

último caso, as representações nacionais<br />

não po<strong>de</strong>riam ser apenas figuras <strong>de</strong> estilo,<br />

como qualquer gestor <strong>de</strong> conta, <strong>de</strong> um<br />

banco com vários balcões.<br />

A crise financeira que atingiu o mundo<br />

e nomeadamente os países economicamente<br />

mais débeis como o nosso, associada<br />

à globalização dos mercados, que atinge<br />

profundamente a nossa fraca capacida<strong>de</strong><br />

concorrencial <strong>de</strong> exportação, colocou-nos<br />

numa situação <strong>de</strong> semi-<strong>de</strong>pendência da UE.<br />

Com a aceitação da moeda única, o<br />

euro, <strong>de</strong>ixámos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r utilizar os instrumentos<br />

da política cambial que, no passado,<br />

nos permitiam amortecer os “choques<br />

económicos”, mas obtivemos a segurança<br />

que ainda vamos tendo.<br />

De nada vale bramir agora o “estandarte<br />

da rebelião” contra a perca da soberania<br />

nacional, a não ser que <strong>de</strong>sejemos um<br />

regresso ao passado <strong>de</strong> “pobrezinhos,... mas<br />

felizes”!<br />

Só há uma solução... aceitar a inevitável<br />

<strong>de</strong>pendência transitória, mo<strong>de</strong>rnizar o<br />

nosso aparelho produtivo, os nossos hábitos<br />

<strong>de</strong> vida social e política e a forma como gerimos<br />

os nossos recursos materiais e<br />

humanos para, mais tar<strong>de</strong>, obtermos a in<strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong>finitiva!<br />

Deixemo-nos <strong>de</strong> discussões inúteis para<br />

alimentar o ego político-partidário ou envenenar<br />

possíveis e necessários consensos. É<br />

preciso que todas as instituições trabalhem<br />

para o bem colectivo!<br />

Não basta i<strong>de</strong>ntificar os problemas, é<br />

preciso resolvê-los!<br />

É preciso parar <strong>de</strong> “inventar” novas<br />

contradições, para justificar a nossa inércia<br />

em resolver os reais <strong>de</strong>safios!<br />

Se queremos honrar o velho País que<br />

somos, é preciso merecê-lo. Se não o merecemos,<br />

paremos <strong>de</strong> reclamar e esperemos a<br />

vinda <strong>de</strong> um qualquer D.Sebastião!<br />

Comunida<strong>de</strong>s<br />

Um terço dos reformados portugueses<br />

em França “abaixo do limiar da pobreza”<br />

Um terço dos reformados portugueses<br />

resi<strong>de</strong>ntes em França recebe “abaixo<br />

do limiar da pobreza”, afirmou à<br />

Agência Lusa o provedor da Santa Casa da<br />

Misericórdia <strong>de</strong> Paris (SCMP).<br />

“Sente-se uma gran<strong>de</strong> preocupação da comunida<strong>de</strong><br />

portuguesa no actual <strong>de</strong>bate sobre a ‘reforma das reformas’”,<br />

<strong>de</strong>clarou Aníbal <strong>de</strong> Almeida, provedor da SCMP<br />

e sociólogo, autor <strong>de</strong> um estudo pormenorizado sobre<br />

“Os Portugueses em França na Hora da Reforma”.<br />

A situação específica dos emigrantes portugueses,<br />

salientou, insere-se num quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração geral<br />

dos rendimentos num país em que “as reformas per<strong>de</strong>ram<br />

35 por cento do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra nos últimos 20<br />

anos”, sobretudo quando a alteração <strong>de</strong> regime em 1993<br />

passou a calcular as prestações <strong>de</strong> velhice com base nos<br />

25 melhores anos <strong>de</strong> salário e não, como até aí, nos <strong>de</strong>z<br />

melhores.<br />

Aníbal <strong>de</strong> Almeida constata “uma contradição entre<br />

os dados estatísticos e a imagem da emigração portuguesa,<br />

repetida pelas autorida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

trabalhadora, com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

poupança, bem integrada e que não recorre muito aos<br />

serviços <strong>de</strong> assistência, ou seja, que tem poucos problemas”.<br />

Os dados disponíveis da Caixa Nacional Francesa<br />

<strong>de</strong> Seguro <strong>de</strong> Velhice, explicou Lusa, mostram, pelo<br />

contrário, que “35 por cento dos emigrantes portugueses<br />

reformados resi<strong>de</strong>ntes em França recebem menos <strong>de</strong><br />

9 mil euros por ano, o que está abaixo do limiar da<br />

pobreza neste país”.<br />

No seu estudo <strong>de</strong> 2008, o sociólogo refere que “são<br />

muitos os que sofrem <strong>de</strong> envelhecimento precoce em<br />

consequência da dureza da vida e dos empregos exercidos,<br />

penosos para muitos, expostos às intempéries ou a<br />

produtos nocivos, com muitas horas diárias trabalhadas,<br />

incluindo, muitas vezes, os sábados e os domingos,<br />

sendo frequente a ocorrência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho,<br />

<strong>de</strong> doenças profissionais e <strong>de</strong> invali<strong>de</strong>z”.<br />

No entanto, este perfil não tem correspondência no<br />

nível médio <strong>de</strong> reformas.<br />

“O salário médio para base <strong>de</strong> cálculo das reformas<br />

será baixo e mesmo muito baixo, em certos casos”, sublinha.<br />

Uma amostra representativa da comunida<strong>de</strong> emigrante<br />

revela que o salário médio <strong>de</strong> um homem era <strong>de</strong><br />

13 mil euros por ano e o <strong>de</strong> uma mulher <strong>de</strong> 9 mil, “mas<br />

<strong>de</strong> apenas 4 mil euros/ano para os serviços domésticos”.<br />

“A média geral das reformas estatutárias, se fossem<br />

liquidadas segundo as normas actualmente em vigor, à<br />

taxa plena, sem revalorização dos salários, seria <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 570 euros para os homens (6.840 euros anuais),<br />

<strong>de</strong> 410 para as mulheres (4.920 euros anuais) mas<br />

somente <strong>17</strong>5 euros por mês para as empregadas <strong>de</strong> casa<br />

e outros serviços aos particulares (2.100 euros anuais)”,<br />

concluía o estudo, publicado em livro no ano passado.<br />

O estudo <strong>de</strong>tectou, para “gran<strong>de</strong> surpresa” do seu<br />

autor, que apenas 11 por cento dos emigrantes inquiridos<br />

preten<strong>de</strong> regressar a Portugal. Sabe-se também que<br />

cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos emigrantes reformados não tem<br />

casa própria. A conjugação dos diferentes dados indica<br />

que “os emigrantes não terão uma velhice muito folgada”,<br />

salienta o provedor da SCMP.<br />

Segundo Aníbal <strong>de</strong> Almeida, existem cerca <strong>de</strong> 600<br />

mil portugueses com “direitos abertos” nos diferentes<br />

regimes <strong>de</strong> segurança social em França. Os emigrantes<br />

seguem, “como os franceses”, o <strong>de</strong>bate actual da “reforma<br />

das reformas”, diz Aníbal <strong>de</strong> Almeida, mas,<br />

protestos à parte, “esperam o futuro resignadamente”.<br />

PRM.<br />

Emigrantes po<strong>de</strong>m<br />

passar a pagar IMI por<br />

transferência bancária<br />

Os portugueses resi<strong>de</strong>ntes no estrangeiro<br />

já po<strong>de</strong>m fazer o pagamento do Imposto<br />

Municipal sobre Imóveis (IMI) por transferência<br />

bancária, evitando assim a presença<br />

física numa repartição <strong>de</strong> finanças, disse o<br />

<strong>de</strong>putado do PS pela Emigração.<br />

“Neste momento, é possível fazer o pagamento (do IMI)<br />

através <strong>de</strong> transferência bancária”, disse Paulo Pisco à<br />

Agência Lusa.<br />

De acordo com o <strong>de</strong>putado socialista, os portugueses<br />

interessados têm apenas <strong>de</strong> contactar a Direcção Geral dos<br />

Impostos para que esta instituição lhes forneça um Número<br />

<strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação Bancária (NIB) para on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m fazer os<br />

pagamentos.<br />

“Esse é um procedimento que não está generalizado. É<br />

tratado caso a caso em função dos pedidos que forem sendo<br />

feitos”, acrescentou.<br />

Paulo Pisco falava na sequência da resposta que obteve<br />

a um requerimento que enviou em abril passado e no qual<br />

questionava o Governo acerca das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pagamento<br />

do IMI.<br />

“O requerimento que apresentei ao Governo <strong>de</strong>stinavase<br />

a saber quais os entraves que havia ao pagamento do IMI<br />

para os portugueses que vivem fora do país e se haveria ou<br />

não algumas formas <strong>de</strong> facilitar esse pagamento. Porque<br />

agora exige a presença física, o que é manifestamente<br />

impossível para muitos”, explicou.<br />

Da resposta que recebeu por parte do Ministério das<br />

Finanças, o <strong>de</strong>putado pela Emigração <strong>de</strong>stacou também o<br />

trabalho que está a ser <strong>de</strong>senvolvido para “criar condições<br />

para a existência <strong>de</strong> um espaço único europeu <strong>de</strong> pagamentos”.<br />

“Vai permitir pagamentos integrados em euros in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da sua origem e permite fazer com que haja<br />

relação directa entre a pessoa que paga imposto e a nota <strong>de</strong><br />

cobrança que tem <strong>de</strong> haver quando o imposto é pago”, afirmou.<br />

O <strong>de</strong>putado disse à Lusa que tem sido abordado em<br />

vários países europeus por portugueses que querem saber<br />

“se é possível facilitar o pagamento do IMI”, o que motivou<br />

o requerimento ao Governo.<br />

MCL.

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