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reparacao45_Layout 1 - Reparação Automotiva

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eparacao45_<strong>Layout</strong> 1 23/02/2012 12:39 Page 34<br />

34 TÉCNICA<br />

FOTOS: DIVULGAÇ‹O<br />

| Fevereiro de 2012 - Edição 45 www.reparacaoautomotiva.com.br<br />

Oficinas de reparação e o custo da má<br />

qualidade das peças de reposição<br />

Texto: Hilário Ademar Scheid*<br />

Com o mercado de automóveis<br />

aquecido e o consequente<br />

aumento do<br />

número de fornecedores de autopeças<br />

no mercado brasileiro, a<br />

concorrência entre estes, para conseguir<br />

espaço no mercado, é cada vez<br />

mais acirrada. E, muitas vezes, para<br />

conseguir mais espaço no mercado,<br />

as empresas usam muitos artifícios<br />

para baixar o preço final de seus produtos,<br />

o que pode implicar na redução<br />

da qualidade dos mesmos.<br />

Embora a minha atividade principal<br />

não seja diretamente a de Reparação<br />

de Automóveis, convivo<br />

diariamente, há mais de 25 anos,<br />

com este segmento, ministrando<br />

cursos para o pessoal que “pega no<br />

pesado”. Eu mesmo comecei minha<br />

vida profissional em 1969 trabalhando<br />

numa oficina Auto-elétrica<br />

autorizada Bosch, na cidade de São<br />

Leopoldo/RS. Trabalhei durante<br />

quatro anos nesta empresa e durante<br />

este tempo fiz o curso técnico de<br />

Eletromecânica. Depois fui trabalhar<br />

na indústria e cursei Engenharia Eletrônica.<br />

Em 1985, voltei para o ramo<br />

automotivo como Instrutor Técnico<br />

na Bosch, onde fiquei por mais de<br />

três anos. Assim que sai desta empresa<br />

montei a minha e continuo até<br />

hoje ministrando cursos.<br />

Considero uma das minhas<br />

atribuições como instrutor a de<br />

ouvir as necessidades dos meus alunos<br />

e adequar o conteúdo programático<br />

dos meus cursos a estas<br />

necessidades. Para isto, dou muita<br />

ênfase à parte prática do que ensino,<br />

a ponto de facultar ao aluno (ou até<br />

ex-aluno) me consultar no caso de<br />

algum problema que acontece na<br />

oficina e que ele não consiga resolver<br />

sozinho, trazer o carro-problema<br />

para o local do curso ou até<br />

eu mesmo fazer serviços em veículos<br />

de minha propriedade, com o<br />

objetivo de procurar sempre a melhor<br />

solução para os problemas do<br />

dia-a-dia. E muitas vezes esta solução<br />

requer pesquisa e desenvolvimento<br />

de novos métodos de<br />

trabalho, soluções e até ferramentas<br />

especiais não muito convencionais.<br />

Uma das queixas que mais ouço<br />

o pessoal falar é com relação à qualidade<br />

das peças de reposição, principalmente<br />

as do mercado paralelo, as<br />

ditas não originais. Devido ao custo<br />

mais baixo, muitos clientes das oficinas<br />

preferem colocar estas peças<br />

em seus veículos. No entanto, conforme<br />

a peça e a quantidade de problemas<br />

que são criados em função<br />

da má qualidade das mesmas, como<br />

a perda de tempo, adaptações necessárias,<br />

stress com o cliente e fornecedor,<br />

devolução e processos de<br />

garantia, muitos mecânicos simplesmente<br />

se negam a fazer o serviço. E<br />

eu mesmo passei a dar mais razão a<br />

eles quando fui fazer um reparo no<br />

sistema de arrefecimento do meu<br />

próprio carro.<br />

Considero muito importante<br />

contar esta história (e não é “estória”<br />

não), porque nunca nos meus 42<br />

anos de trabalho havia encontrado<br />

em uma só peça de reposição tantos<br />

defeitos a ponto de levar mais de três<br />

dias fazendo um serviço que deveria<br />

levar no máximo 1 hora. Não vou<br />

citar o fornecedor da peça por questões<br />

de ética profissional.<br />

O veículo em questão é um Escort<br />

SW motor ZETEC 16V com<br />

um problema de “sumiço” misterioso<br />

de líquido de arrefecimento.<br />

Outros vazamentos já aconteceram<br />

anteriormente e o problema estava<br />

na carcaça da válvula termostática.<br />

Esta carcaça, além de conter esta válvula,<br />

tem quatro conexões de mangueiras<br />

do sistema de arrefecimento:<br />

uma de maior diâmetro que interliga<br />

a saída da válvula com a parte superior<br />

do radiador; duas conexões menores<br />

também ligadas ao radiador; e<br />

a quarta conexão que é a interligação<br />

com o reservatório de expansão do<br />

sistema de arrefecimento. Além<br />

disto, esta carcaça também suporta<br />

os dois sensores de temperatura do<br />

motor, o da Injeção Eletrônica (o superior)<br />

e o do marcador de temperatura,<br />

no painel de instrumentos (o<br />

inferior). A peça original é fabricada<br />

com uma resina especial parecida<br />

com Baquelite e é fixada ao cabeçote<br />

por meio de três parafusos.<br />

Nos casos anteriores de vazamento,<br />

devido ao alto preço da peça<br />

original e pelo fato de não ter encontrado<br />

no paralelo, usei meus<br />

“recursos técnicos” e consegui consertar<br />

a peça com relativa facilidade<br />

de forma a eliminar o vazamento<br />

com eficiência. Na minha última<br />

tentativa, o defeito era uma fissura<br />

na parede da carcaça, na parte onde<br />

o sensor de temperatura superior<br />

era parafusado, conforme posição A<br />

da foto 1 abaixo. Quando fiz o teste<br />

de estanqueidade após este último<br />

conserto, apareceu outro vazamento,<br />

agora no alojamento de um<br />

dos parafusos de fixação, conforme<br />

posição B da foto 2 abaixo. As fotos<br />

1 e 2 mostram como ficou a peça<br />

depois dos vários consertos.<br />

FOTO 1- PARTE SUPERIOR DA CARCAÇA<br />

FOTO 2 – VISTA DE FRENTE DA CARCAÇA<br />

A partir deste momento resolvi<br />

substituir a peça. Me dirigi à loja de<br />

autopeças onde costumo comprar e<br />

consegui encontrar finalmente uma<br />

peça similar em Alumínio, sendo que<br />

o balconista/vendedor me garantiu<br />

que já tinha vendido várias sem nenhuma<br />

reclamação de qualidade. O<br />

preço era um terço da original. Comprei<br />

a peça com a crença de que finalmente<br />

resolveria meu problema. Mal<br />

sabia o “calvário” que me esperava.<br />

Cheguei na oficina e a primeira<br />

providência era a de transferir os dois<br />

sensores de temperatura e a válvula<br />

termostática da carcaça velha para a<br />

nova. Ai começou o problema.<br />

De cara, verifiquei que a bitola da<br />

rosca do alojamento do sensor de<br />

temperatura superior (da injeção) era<br />

maior que o diâmetro da rosca do<br />

sensor, ou seja, no alojamento da peça<br />

nova a rosca era de 16,6 mm (3/8<br />

NPT) e a rosca do sensor era de 12<br />

mm. E isto, com certeza, é um erro<br />

de fabricação (que é pior que um defeito),<br />

já que esta dimensão da rosca<br />

está indicada inclusive na etiqueta que<br />

está colada na caixa que contém a<br />

peça. A não ser que meu carro fosse o<br />

único com rosca e sensor errados do<br />

mercado. Para solucionar este problema,<br />

o correto seria mandar fazer<br />

uma bucha de redução com a rosca<br />

externa adequada ao alojamento da<br />

carcaça, e a interna adequada à rosca<br />

do sensor. Não cheguei a consultar<br />

um torneiro, mas acho que este tra-

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