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Um estudo de caso sobre as organizações que aprendem - SciELO

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COG132A.QXD 09-01-2008 10:23 Page 172<br />

Franco & Ferreira<br />

padrões <strong>de</strong> pensamento novos e abrangentes, on<strong>de</strong> a <strong>as</strong>piração colectiva ganha liberda<strong>de</strong> e on<strong>de</strong><br />

<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> apren<strong>de</strong>m continuamente a apren<strong>de</strong>r junt<strong>as</strong>.”<br />

De facto, o conceito <strong>de</strong> organização <strong>que</strong> apren<strong>de</strong> foi introduzido por Senge, no início da década<br />

<strong>de</strong> 1990, fundamentando-se em cinco disciplin<strong>as</strong>, premiss<strong>as</strong> com um corpo teórico e técnico <strong>que</strong>,<br />

quando colocad<strong>as</strong> em prática, po<strong>de</strong>m transformar uma organização qual<strong>que</strong>r numa ”organização <strong>que</strong><br />

apren<strong>de</strong>”: (1) domínio pessoal; (2) mo<strong>de</strong>los mentais; (3) visão compartilhada; (4) aprendizagem em<br />

equipa e (5) pensamento sistémico.<br />

O conceito <strong>de</strong> organizações <strong>que</strong> apren<strong>de</strong>m também foi apresentado por Garvin (1993). Este<br />

investigador <strong>de</strong>fine este termo como organizações <strong>que</strong> são capacitad<strong>as</strong> a criar, a adquirir e a transferir<br />

novos conhecimentos e, ainda, a modificar os seus comportamentos <strong>de</strong> modo a reflectir <strong>sobre</strong> os novos<br />

conhecimentos.<br />

Garvin et al. (1998: 58) compreen<strong>de</strong>m <strong>que</strong> “<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> possuem conhecimento organizacional,<br />

e este é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r executar taref<strong>as</strong> em conjunto <strong>que</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> não conseguem alcançar<br />

<strong>de</strong> forma isolada, visando ess<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> criar valor às partes interessad<strong>as</strong> na organização”. Assim,<br />

esta <strong>de</strong>finição apesar <strong>de</strong> atribuir ao colectivo humano o papel central na construção e aplicação do conhecimento,<br />

<strong>de</strong>staca-o como um potencial.<br />

De referir <strong>que</strong> Edmondson (1999) <strong>de</strong>screveu a aprendizagem como um processo interactivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>lineamento, <strong>de</strong>senvolvimento, reflexão e modificação <strong>de</strong> acções, diferentemente d<strong>as</strong> visões b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong><br />

em comportamento automático. Neste sentido, a aprendizagem n<strong>as</strong> organizações é um processo <strong>que</strong><br />

se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a três níveis: (1) a nível do indivíduo; (2) a nível do grupo e (3) a nível da organização.<br />

Alguns autores (Crossan et al., 1999; Popper & Lipshitz, 2000) compreen<strong>de</strong>m <strong>as</strong> organizações<br />

<strong>que</strong> apren<strong>de</strong>m como a aprendizagem individual <strong>que</strong> ocorre no contexto organizacional, uma vez <strong>que</strong><br />

é o indivíduo <strong>que</strong> possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir nesse contexto. <strong>Um</strong>a abordagem ligeiramente diferente<br />

sugere <strong>que</strong> a aprendizagem individual é um pré-requisito para a aprendizagem organizacional (Hedgerg,<br />

1981; Kim, 1993; Dogson, 1993; Senge, 1996). Dogson (1993: 377), por exemplo, sugere <strong>que</strong> a aprendizagem<br />

organizacional é o resultado da aprendizagem individual e <strong>que</strong> “os indivíduos são <strong>as</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

primári<strong>as</strong> <strong>de</strong> aprendizagem n<strong>as</strong> organizações e são os indivíduos <strong>que</strong> criam form<strong>as</strong> organizacionais<br />

<strong>que</strong> possibilitam a aprendizagem <strong>de</strong> tal forma <strong>que</strong> facilite a transformação organizacional”.<br />

A aprendizagem individual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da percepção, da inteligência, da experiência e d<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />

e motivações <strong>de</strong> cada um. Depen<strong>de</strong>, ainda, do ambiente <strong>de</strong> aprendizagem. Caracteriza-se por<br />

uma racionalida<strong>de</strong> e por uma especificida<strong>de</strong> individuais e resulta em mudanç<strong>as</strong> cognitiv<strong>as</strong> e/ou comportamento<br />

individual.<br />

Por outro lado, a aprendizagem <strong>de</strong> grupo caracteriza-se por uma racionalida<strong>de</strong> e um quadro <strong>de</strong><br />

referência colectivos. M<strong>as</strong>, como referem Probst et al. (1998), a criação e manutenção <strong>de</strong> construções<br />

sociais comuns à realida<strong>de</strong> da organização, só po<strong>de</strong> acontecer, se os membros aceitarem modificar <strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> representações e hipóteses individuais, comunicando-<strong>as</strong> e discutindo-<strong>as</strong> com os outros membros.<br />

Após uma análise a essa <strong>que</strong>stão, Popper e Lipshitz (2000) sugerem <strong>que</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> aprendizagem organizacional utilizada, esta será sempre mediatizada pela aprendizagem<br />

dos membros da organização (nível <strong>de</strong> grupo), uma vez <strong>que</strong> uma organização só po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

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