R evista da APM Janeiro/Fevereiro de 2007 - Associação Paulista ...
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encampa<strong>da</strong> pelo Cremesp como parte<br />
<strong>da</strong> avaliação continua<strong>da</strong> dos egressos<br />
<strong>da</strong>s escolas médicas”, acrescenta.<br />
Outra iniciativa que visa medir o nível<br />
<strong>de</strong> qualificação dos estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong><br />
medicina é o Exame <strong>de</strong> Avaliação do<br />
Cremesp, que consiste numa prova,<br />
aplica<strong>da</strong> em duas fases, aos alunos que<br />
concluem o curso. A prova não é obrigatória<br />
e o resultado é meramente ilustrativo;<br />
os médicos com notas baixas<br />
não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> tirar seu registro profissional.<br />
A primeira edição <strong>da</strong> prova<br />
foi em 2005 com participação <strong>de</strong> 1003<br />
estu<strong>da</strong>ntes do sexto ano. A segun<strong>da</strong><br />
prova foi realiza<strong>da</strong> em 2006 e os resultados<br />
ain<strong>da</strong> estão sendo analisados<br />
pelo Cremesp.<br />
“Vemos a formação dos médicos<br />
com muita cautela. Temos<br />
acompanhado as escolas e percebemos<br />
que menos <strong>de</strong> 60% têm<br />
condições <strong>de</strong> formar bons profissionais”,<br />
afirma o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />
Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Cardiologia do Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo (Socesp), Bráulio<br />
Luna Filho, conselheiro do<br />
Cremesp responsável por coor<strong>de</strong>nar<br />
o Exame <strong>de</strong> Avaliação.<br />
Exame <strong>de</strong> qualificação<br />
A discussão entre a aplicação <strong>de</strong> um<br />
teste progressivo ou <strong>de</strong> uma prova única,<br />
ao final do curso, é o principal ponto<br />
<strong>de</strong> divergência entre os médicos à<br />
frente <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate. Se, por um lado,<br />
profissionais ligados às facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m uma avaliação durante todo<br />
o processo <strong>de</strong> formação do aluno, por<br />
outro há quem seja mais radical e veja a<br />
prova <strong>de</strong> qualificação como uma saí<strong>da</strong><br />
para barrar os profissionais com <strong>de</strong>fasagem<br />
no aprendizado.<br />
“Não acho que um exame <strong>de</strong> qualificação,<br />
nos mesmos mol<strong>de</strong>s do aplicado<br />
pela Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil,<br />
seja a melhor solução. Esse é o mo<strong>de</strong>lo<br />
dos Estados Unidos, mas nem sempre<br />
o que é bom lá funciona aqui. Acredito<br />
numa solução mais criativa, com uma<br />
avaliação permanente do curso”, afirma<br />
Milton Martins. “O i<strong>de</strong>al seria forçar<br />
a avaliação ao longo do curso<br />
médico”, concor<strong>da</strong> Giovanni Cerri.<br />
Para o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>APM</strong>, Jorge Curi,<br />
o Teste <strong>de</strong> Progresso po<strong>de</strong> ser uma boa<br />
alternativa para acompanhar o an<strong>da</strong>mento<br />
do curso.<br />
Mas, para Bráulio Luna Filho, a<br />
medi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser mais drástica. “Acho<br />
que <strong>de</strong>veria haver prova <strong>de</strong> qualificação<br />
profissional em to<strong>da</strong>s as carreiras,<br />
inclusive na Medicina”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. “O<br />
Brasil é um dos poucos países em que o<br />
recém-formado po<strong>de</strong> ingressar direto<br />
no mercado <strong>de</strong> trabalho. Nossa legislação<br />
é ultrapassa<strong>da</strong>. Defendo que se<br />
acompanhe a tendência mundial <strong>de</strong> que<br />
o médico seja avaliado”, completa.<br />
Para Giovanni Cerri, no entanto,<br />
um exame <strong>de</strong> qualificação seria<br />
uma <strong>de</strong>cisão radical <strong>de</strong>mais e que<br />
não traria, necessariamente, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
espera<strong>da</strong>. “Veja o que aconteceu<br />
com o curso <strong>de</strong> Direito. A<br />
existência <strong>da</strong> prova <strong>da</strong> OAB não<br />
impediu a abertura <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong><br />
má quali<strong>da</strong><strong>de</strong>”, compara.<br />
Bráulio não <strong>de</strong>scarta a hipótese <strong>de</strong><br />
continuar existindo um Teste <strong>de</strong> Progresso,<br />
mas não acredita que ele seja<br />
suficiente. “Esse teste é feito pelas<br />
próprias escolas, ou seja, sem qualquer<br />
isenção. Precisaria minimamente<br />
comprovar que essa avaliação foi bem<br />
feita. Um exame final na<strong>da</strong> mais é do<br />
que verificar se o sujeito que terminou<br />
o curso tem condições <strong>de</strong> ser médico”,<br />
afirma. Atallah segue nessa<br />
mesma linha <strong>de</strong> raciocínio: “Sou a<br />
favor <strong>de</strong> haver um teste para conseguir<br />
o título <strong>de</strong> médico. Inteligência<br />
gera competência”, diz.<br />
A divergência mostra que há inúmeros<br />
pontos a serem acertados, mas existe<br />
a unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong> quando o assunto é<br />
buscar melhorias no ensino médico. �<br />
R<strong>evista</strong> <strong>da</strong> <strong>APM</strong> <strong>Janeiro</strong>/<strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2007</strong><br />
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