Outubro, 2011 - International Braz J Urol
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Artigo de Revisão<br />
<strong>International</strong> <strong>Braz</strong> J <strong>Urol</strong><br />
Vol. 37 (5): 3-16, Setembro - <strong>Outubro</strong>, <strong>2011</strong><br />
Técnicas de Recuperação de Espermatozóides para Reprodução<br />
Assistida<br />
Sandro C. Esteves, Ricardo Miyaoka, Ashok Agarwal<br />
ANDROFERT, Clínica de Andrologia e Reprodução Humana (SCE, RM), Campinas, São Paulo,<br />
Brasil, e “Center for Reproductive Medicine”, Glickman <strong>Urol</strong>ogical and Kidney Institute (AA),<br />
Cleveland Clinic, Cleveland, Ohio, EUA.<br />
RESUMO<br />
Diferentes métodos cirúrgicos foram desenvolvidos, como PESA, MESA, TESA, TESE e micro-TESE, para obter<br />
espermatozóides tanto dos epidídimos quanto dos testículos de acordo com o tipo de azoospermia, isto é, obstrutiva<br />
ou não obstrutiva. São utilizadas técnicas de laboratório para remover contaminantes, debris celulares e hemácias<br />
após a coleta do líquido epididimário ou do tecido testicular. Os espermatozóides colhidos através destas técnicas<br />
cirúrgicas podem ser utilizados para injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) e/ou criopreservação.<br />
Neste artigo, revisamos os procedimentos cirúrgicos para coleta de espermatozóides tanto dos epidídimos quanto dos<br />
testículos e apresentamos detalhes técnicos dos métodos habitualmente utilizados. Apresentamos análise crítica das<br />
vantagens e limitações dos métodos cirúrgicos atuais para recuperar espermatozóides de homens com azoospermia<br />
obstrutiva e não obstrutiva juntamente com revisão das técnicas laboratoriais rotineiramente empregadas para<br />
processar os espermatózides colhidos cirurgicamente. Por últimos, resumimos os resultados da literatura corrente<br />
quanto à recuperação de espermatozóides assim como os resultados clínicos de ICSI frente a casos de azoospermia<br />
obstrutiva e não obstrutiva.<br />
Palavras-chave: infertilidade; homem; azoospermia; recuperação de espermatozóides; técnicas de reprodução<br />
assistida; revisão<br />
INTRODUÇÃO<br />
Nas últimas décadas, houve duas grandes<br />
conquistas na área de infertilidade masculina (1-3).<br />
A primeira foi a introdução da injeção intracitoplasmática<br />
de espermatozóides (ICSI – intracytoplasmic<br />
sperm injection) para o tratamento da infertilidade<br />
masculina devido a alterações graves e anormais da<br />
qualidade seminal (1). A segunda foi a extensão da<br />
ICSI para os homens azoospérmicos e a demonstração<br />
de que os espermatozóides colhidos tanto<br />
dos epidídimos quanto dos testículos eram capazes<br />
de produzir fertilização e gravidez normais (2,3).<br />
Azoospermia, definida como a ausência completa de<br />
espermatozóides no ejaculado após centrifugação, é<br />
encontrada em 1-3% da população masculina e em<br />
aproximadamente 10% dos homens inférteis. Apesar<br />
da azoospermia estar associada à infertilidade, ela<br />
não implica necessariamente em esterilidade porque<br />
muitos homens azoospérmicos mantêm a produção<br />
de espermatozóides em níveis variados dentro<br />
dos testículos (4). Deste modo, inúmeros métodos<br />
de recuperação foram desenvolvidos para coletar<br />
espermatozóides dos epidídimos ou dos testículos<br />
em homens azoospérmicos. Espermatozóides colhidos<br />
cirurgicamente podem ser utilizados para obter<br />
gravidez através de técnicas de reprodução assistida<br />
(ART – assisted reproductive techniques), isto é, fertilização<br />
in vitro associada a ICSI (1-7).<br />
Neste artigo, revisamos os métodos de recuperação<br />
de espermatozóides epididimários e testiculares<br />
e suas taxas de sucesso em diferentes condições<br />
clínicas. Apresentamos análise crítica das<br />
vantagens e limitações dos métodos cirúrgicos atu-<br />
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